Prévia do material em texto
Joel Câmara de Carvalho Filho Ranilson Carneiro Filho EletromagnetismoD I S C I P L I N A O potencial elétrico – parte 1 Autores aula 05 Carvalho Filho, Joel Câmara de. Eletromagnetismo / Joel Câmara de Carvalho, Ranilson Carneiro Filho. – Natal, RN: EDUFRN, 2009. 13 v. 284 p. ISBN: 978-85-7273-527-8 Conteúdo: Aula 01 – O eletromagnetismo; Aula 02 – Eletrostática; Aula 03 – O campo elétrico; Aula 04 – A Lei de Gauss; Aula 05 – O potencial elétrico (Parte 1); Aula 06 – O potencial elétrico (Parte 2); Aula 07 – Capacitância; Aula 08 – Corrente e resistência elétricas; Aula 09 – Circuitos de corrente contínua; Aula 10 – O campo magnético; Aula 11 – A Lei de Ampère; Aula 12 – A Lei de Faraday e as equações de Maxwell; Aula 13 – Aplicações do eletromagnetismo. 1. Física. 2. Eletricidade. 3. Magnetismo. I. Carneiro Filho, Ranilson. II. Título. CDD 530 RN/UF/BCZM 2009/48 CDU 53 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede” Coordenadora da Produção dos Materiais Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Projeto Gráfi co Ivana Lima Revisores de Estrutura e Linguagem Eugenio Tavares Borges Janio Gustavo Barbosa Thalyta Mabel Nobre Barbosa Revisora das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Revisores de Língua Portuguesa Flávia Angélica de Amorim Andrade Janaina Tomaz Capistrano Kaline Sampaio de Araújo Samuel Anderson de Oliveira Lima Revisoras Tipográfi cas Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Arte e Ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Hugenin Leonardo Feitoza Diagramadores Ivana Lima Johann Jean Evangelista de Melo José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Adaptação para Módulo Matemático Joacy Guilherme de A. F. Filho Governo Federal Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância – SEED Carlos Eduardo Bielschowsky Reitor José Ivonildo do Rêgo Vice-Reitora Ângela Maria Paiva Cruz Secretária de Educação a Distância Vera Lucia do Amaral Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Aula 05 Eletromagnetismo 1 1 2 3 4 Apresentação Nesta aula, defi niremos diferença de potencial elétrico, determinaremos a expressão para o potencial elétrico em um ponto qualquer do espaço, defi niremos o que são superfícies equipotenciais e apresentaremos as confi gurações dessas superfícies para diversas distribuições de cargas. Obteremos a relação entre potencial elétrico e campo elétrico. Aplicaremos essa relação para determinarmos o potencial elétrico entre dois pontos numa região com campo elétrico uniforme. Objetivos Introduzir o conceito de diferença de potencial elétrico e de potencial elétrico em um ponto. Introduzir o conceito de superfícies equipotenciais e aprender a visualizar tais superfícies para algumas distribuições de cargas. Determinar a expressão que permite determinar o potencial elétrico a partir do campo elétrico. Calcular a diferença de potencial elétrico entre dois pontos numa região com campo elétrico uniforme. Aula 05 Eletromagnetismo2 Defi nição de diferença de potencial elétrico e o potencial elétrico em um ponto Na Teoria de Campos, temos que o campo gravitacional descreve os efeitos produzidos por massas (gravitacionais), enquanto o campo elétrico descreve os efeitos produzidos por cargas elétricas. Existem duas grandezas alternativas para fazer essas descrições: diferença de potencial gravitacional e diferença de potencial elétrico. Por comodidade, usaremos o termo d.d.p. para representar diferença de potencial. As vantagens da utilização dessas grandezas é que elas são grandezas escalares. Podemos achar o campo conhecendo a diferença de potencial, e achar a diferença de potencial conhecendo o campo. A d.d.p. gravitacional não é muito usada, mas a d.d.p. elétrica é essencial no estudo do Eletromagnetismo, sendo especialmente útil no estudo dos circuitos elétricos. Constatamos fi sicamente que: 1) se existe uma d.d.p. elétrica entre dois pontos do espaço, então existe um campo elétrico na região entre esses pontos; 2) se existe um campo elétrico numa dada região do espaço, existe uma d.d.p. elétrica entre os pontos dessa região. No nosso estudo, representaremos a d.d.p. elétrica por ΔV. A d.d.p. elétrica é tão real quanto o campo elétrico �E . O potencial elétrico, representado pelo símbolo V, é uma construção matemática, que depende de uma escolha arbitrária (de maneira análoga ao que acontece com a energia potencial). No estudo de circuitos elétricos, é comum representar-se a diferença de potencial simplesmente por V, o que pode gerar alguma confusão. Atenção – Existe um campo elétrico �E para cada ponto do espaço. Existe um potencial elétrico V para cada ponto do espaço. Já a d.d.p. elétrica ΔV é defi nida entre dois pontos do espaço. São sinônimos de d.d.p. elétrica: tensão elétrica, tensão, voltagem. Aula 05 Eletromagnetismo 3 ds FE q E P Q Linhas de força do campo elétrico Trajetória da carga Diferença de energia potencial elétrica Imagine que, numa dada região do espaço, várias cargas ou corpos carregados tenham criado um campo elétrico �E . Se uma carga de prova q 0 , muito pequena, positiva, se move de um ponto P até um ponto Q, sob a ação do campo elétrico �E , então, a diferença de energia potencial elétrica, ΔU, entre esses dois pontos, é defi nida como segue: ΔU = U Q – U P = –W PQ . Eq. 1 Expresso em palavras, podemos afi rmar que a diferença de energia potencial elétrica da carga de prova entre os pontos P e Q é igual ao valor negativo do trabalho realizado pelo campo elétrico sobre a carga durante seu movimento (veja a Figura 1). É importante notar que a diferença de energia potencial elétrica independe do caminho feito pela carga para ir do ponto inicial ao ponto fi nal. Dizemos então que a força elétrica é uma força conservativa. A defi nição anterior se refere à diferença de energia potencial entre dois pontos. Se quisermos defi nir a energia potencial elétrica em apenas um ponto do espaço, devemos fazer duas escolhas arbitrárias: (i) escolha de um ponto de referência; (ii) escolha de um valor para a energia potencial nesse ponto de referência. Vamos escolher o ponto P para ser o ponto de referência. Usualmente, esse ponto é escolhido como sendo ou o infi nito ou a Terra. Também é possível escolher qualquer valor para a energia potencial no ponto de referência, U P , mas é mais usual escolher esse valor como sendo zero: U P = 0. Fazendo simplesmente U Q = U, da equação 1, teremos U = –W∞. Eq. 2 Isso signifi ca dizer que a energia potencial U de uma carga de prova q 0 em um ponto qualquer é igual ao trabalho W∞, com o sinal negativo, realizado pelo campo elétrico sobre a carga quando ela se desloca do infi nito ao ponto em questão. Figura 1 – Carga de prova em um campo elétrico Aula 05 Eletromagnetismo4 O potencial elétrico Como vemos da defi nição anterior sobre potencial, a energia potencial de uma carga depende do valor dessa carga, uma vez que o trabalho realizado pelo campo elétrico é proporcional a mesma. Vamos agora defi nir uma nova grandeza física, chamada potencial elétrico, que independe do valor da carga de prova e, portanto, caracteriza o campo elétrico num determinado ponto do espaço. Para tanto, basta dividirmos a diferença de energia potencial por q 0 . Teremos então a diferença de potencial elétrico entre os pontos P e Q, ou seja, ΔV = VQ − VP = ΔUPQ q0 = −WPQ q0 Eq. 3 Da mesma forma que no caso da energia potencial, a determinação da d.d.p. elétrica entre dois pontos depende de duas escolhas arbitrárias: um ponto de referênciae o valor para o potencial nesse ponto de referência. Podemos defi nir o potencial elétrico em cada ponto do espaço através da escolha arbitrária de um ponto de referência (R) e de um valor para o potencial nesse ponto de referência. Ou seja, a d.d.p. entre um ponto Q qualquer do espaço e o ponto de referência R será dada por: ΔV = VQ − VR = − WRQ q0 . Assim: VQ = VR − WRQ q0 , onde W RQ representa o trabalho realizado pela força elétrica sobre a carga de prova q 0 quando esta se move de R até Q. Como fi zemos para a energia potencial, tomamos V R = 0, e o potencial num ponto Q é dado por VQ = − WRQ q0 = UQ q0 . Eq. 4 A unidade de diferença de potencial elétrico no SI é o volt, representado por V, que, devido à sua defi nição, vale 1Joule /1Coulomb: 1V = 1J/1C. Atenção – Em geral, indicamos a força elétrica na forma F E , o trabalho realizado pelo campo elétrico na forma W E e a energia potencial elétrica na forma U E . Isso não se refere a um ponto E do espaço. Aula 05 Eletromagnetismo 5 Atividade 1 Exemplo 1 Mostre que quando a força elétrica, �FE , aplicada a uma carga qualquer q, for perpendicular ao vetor deslocamento, d�s , ao longo de toda a trajetória, o trabalho por ela realizado é nulo. Solução Da expressão que defi ne o trabalho, temos WE = ∫ f i �FE · d�s = ∫ f i FEds cosθ . Como a força é perpendicular ao deslocamento durante toda a trajetória, temos θ = 90°, resultando em cosθ = cos90° = 0. Assim, WE = ∫ f i FEds cos 90 ◦ = 0 . A diferença de potencial, tensão ou voltagem que é entregue aos usuários pelas companhias de energia do Nordeste brasileiro vale ΔV = 220V. Como foi dito, a Terra é usada como nível de referência e, nesse caso, o potencial da Terra é tomado igual a zero. Assim, ΔV = V C − V Terra = V C − 0 = V C = 220V, sendo V C o valor do potencial elétrico do consumidor. a) Qual seria o valor da d.d.p. se o potencial do nível de referência fosse tomado com o valor de V R = 100V ao invés de zero? b) Qual seria o valor da d.d.p. se o potencial do nível de referência fosse tomado com o valor de V R = −100V ao invés de zero? Aula 05 Eletromagnetismo6 Superfícies equipotenciais Superfícies equipotenciais são superfícies imaginárias cujos pontos estão todos a um mesmo potencial. Assim, se os pontos A e B estão sob uma superfície equipotencial, o potencial em A é igual ao potencial em B, ou seja, V A = V B . A d.d.p. entre A e B será: DV = V B − V A = V B − V B = V A − V A = 0. Além disso, o trabalho realizado pela força elétrica sobre uma carga quando ela se move entre dois pontos quaisquer de uma superfície equipotencial também é zero. Podemos verifi car esse resultado através da defi nição da diferença de potencial (3): ΔV = ΔUE q0 = −WE q0 . Como a carga se move entre dois pontos sobre uma superfície equipotencial, temos ΔV = 0, logo, W E = 0. Apresentamos a seguir algumas ilustrações de superfícies equipotenciais relacionadas a diferentes distribuições de carga. Na verdade, estão mostradas as interseções dessas superfícies com o plano da página. a) Cargas puntiformes – Para uma carga puntiforme e distribuições de cargas com simetria esférica, as superfícies equipotenciais são esferas concêntricas à carga ou ao centro da distribuição esfericamente simétrica. A Figura 2 mostra a confi guração das linhas de força do campo elétrico e a visualização da interseção das superfícies equipotenciais esféricas com a superfície da página para uma carga puntiforme positiva. Lembremos que as superfícies equipotenciais não são circulares, como ilustrado na fi gura, e sim esferas imaginárias em três dimensões. O desenho mostra um corte ou a interseção com a superfície da página, sendo, portanto, bidimensional. Aula 05 Eletromagnetismo 7 Superfícies Equipotenciais Linhas de Força do campo elétrico Superfícies Equipotenciais Linhas de Força do campo elétrico Figura 2 – Linhas de força do campo elétrico e superfícies equipotenciais de uma carga puntiforme positiva b) Planos Paralelos – Para duas placas planas infi nitas carregadas com cargas de sinais opostos, o campo elétrico é uniforme. Na prática, quando as placas possuem dimensões fi nitas, o campo deve ser considerado uniforme desde que a distância entre as placas seja pequena quando comparada com as dimensões destas. Nessa situação, as superfícies equipotenciais são planos paralelos às placas. Uma observação importante é que, para placas dielétricas, a carga fi ca distribuída no seu interior, enquanto nos condutores a carga fi ca distribuída na superfície externa deste. A Figura 3 mostra as linhas de força do campo elétrico e a visualização da interseção das superfícies equipotenciais, que são planos paralelos às placas, com a superfície da página, considerando duas placas planas infi nitas carregadas com cargas iguais e de sinais opostos. Figura 3 – Linhas de força do campo elétrico e superfícies equipotenciais de duas placas planas, infi nitas, carregadas com cargas iguais com sinais opostos. Consideramos aqui uma carga de sinal positivo, mas as superfícies equipotenciais são as mesmas se a carga for negativa, muda somente o sentido das linhas de força do campo elétrico. No caso de distribuições de cargas com simetria esférica, a confi guração é a mesma da Figura 2, exceto que, ao invés da carga puntiforme, teremos uma distribuição de cargas esfericamente simétrica ocupando o seu lugar, como, por exemplo: esfera carregada, capacitor esférico etc. Aula 05 Eletromagnetismo8 Superfícies Equipotenciais Superfícies Equipotenciais Linhas de Força do campo elétrico Superfícies Equipotenciais Linhas de Força do campo elétrico c) A Figura 4 mostra um dipolo elétrico com a confi guração das linhas de força do campo elétrico e as superfícies equipotenciais. Figura 4 – Linhas de força do campo elétrico e superfícies equipotenciais de um dipolo elétrico d) Para duas placas planas fi nitas carregadas com cargas de sinais opostos, o campo elétrico não pode ser considerado uniforme, pois a distância entre as placas é da ordem das dimensões destas. As superfícies equipotenciais acompanham a distorção das linhas de força do campo elétrico na região próxima as bordas das placas, conforme ilustrado na Figura 5. Figura 5 – Linhas de força do campo elétrico e superfícies equipotenciais de duas placas planas, fi nitas, carregadas com cargas iguais com sinais opostos. Aula 05 Eletromagnetismo 9 ds A B q ETangente EPerpendicular E ds A B q EPerpendicular a b Uma importante observação é a de que as linhas de força e, portanto, os campos elétricos, são sempre perpendiculares às superfícies equipotenciais, o que pode ser visualizado nas situações mostradas anteriormente e também será discutido no exemplo 2. Exemplo 2 Mostre que o ângulo entre as superfícies equipotenciais e as linhas de força do campo elétrico é igual a 90°. Solução Para entender o porquê disso, veja a Figura 6a. Se o campo elétrico não fosse perpendicular à superfície equipotencial correspondente, ele teria uma componente tangencial, a qual exerceria uma força elétrica sobre uma carga quando essa carga se movesse entre dois pontos da superfície. Essa força realizaria trabalho sobre a carga, o que contrariaria o fato de que o trabalho realizado pela força elétrica é nulo quando uma carga se desloca sobre uma superfície equipotencial. A fi gura 6b mostra a situação correta, com o campo elétrico perpendicular à superfície equipotencial. Como a força elétrica possui a mesma direção do campo elétrico, teremos que em todos os pontos ao longo do deslocamento da carga, o ângulo entre a força elétrica e o vetor deslocamento será igual a 90° e o trabalho realizado pela força elétrica será igual a zero. Figura 6 – Campos Elétricos: (a) campo elétrico com componente tangencial; (b) campo elétrico sem componente tangencial. Aula 05 Eletromagnetismo10 Atividade 2 IV V V II III IV Um conjunto com quatro superfícies equipotenciais, com valores de potenciais iguais a V 1 , V 2 , V 3 e V 4 são apresentadas na Figura 7. Uma carga q é deslocada ao longo das quatro trajetórias designadas por I, II, III e IV. Designando por W 1 , W 2 , W 3 e W 4 , os trabalhos realizados pela força elétrica sobre a carga q, quando esta se move ao longo das quatro trajetórias, podemos afi rmar que: a) W 1 < W 2 , W 3 = W 4 . b) W 1 = 0, W 2 = W 3 . c) W 1 = W 2 = 0, W 3 = W 4 . d) W 1 = W 2 = 0, W 3 < W 4 . Figura 7 – Conjunto se superfícies equipotenciais Aula 05 Eletromagnetismo 11 Cálculo do potencial elétrico a partir do campo elétrico Existe uma relação geral que permite calcular a d.d.p. entre dois pontos quando conhecemos o campo na região entre esses pontos. Da defi nição de d.d.p., temos que ΔV = ΔUE q0 = −WE q0 . O trabalho realizado pela força elétrica será dado por: WE = ∫ f i �FE · d�s . Por outro lado, temos que a força elétrica sobre a carga de prova q0 vale �FE = q0 �E , assim WE = ∫ f i �FE · d�s = ∫ f i q0 �E · d�s = q0 ∫ f i �E · d�s . Substituindo esse resultado na d.d.p., vem: ΔV = −q0 q0 ∫ f i �E · d�s , resultando em ΔV = − ∫ f i �E · d�s . Eq. 5 Essa expressão considera qualquer tipo de geometria para a confi guração do campo elétrico, que pode variar com a posição de diversas formas. Existem casos particulares, como o de um plano infi nito de cargas, que possui campo elétrico uniforme, como também as cargas puntiformes e distribuições de cargas com simetrias esférica e cilíndrica, que possuem simetria radial. Exemplo 3 Usando a equação 5, que estabelece a relação entre potencial e campo elétricos, obtenha a expressão para o caso em que o campo elétrico é uniforme, ou seja, não varia com posição, possuindo linhas de força paralelas e igualmente espaçadas. Solução Para o caso de uma região onde existe um campo elétrico uniforme, na equação 5 o vetor campo elétrico sai da integral, fi cando ΔV = − ∫ f i �E · d�s = − �E · ∫ f i d�s . Os limites da integral correspondem aos vetores posições inicial, �ri , e fi nal, �rf , ao longo da trajetória. A resolução da integral resulta em ∫ �r f �ri d�s = �s ∣∣∣∣ �r f �ri = �r f − �ri = Δ�r . Aula 05 Eletromagnetismo12 Atividade 3 Verifi camos que Δ�r é o vetor de deslocamento entre os pontos inicial e fi nal da trajetória. Assim, a d.d.p. fi ca ΔV = − �E · ∫ f i d�s = − �E ·Δ�r . Eq. 6 Temos que a expressão 6, obtida no exemplo 3, pode ser escrita como: ΔV = − �E ·Δ�r = −EΔr cos θ . Onde θ é o menor ângulo entre o vetor campo elétrico, �E , e o vetor deslocamento, Δ�r . Considere uma carga que foi deslocada a uma distância de valor Δr = 500m, sob a ação de um campo elétrico de módulo E = 150V/m. Determine a d.d.p. ΔV considerando os deslocamentos da carga para os seguintes ângulos entre o vetor campo elétrico e o vetor deslocamento. a) θ = 0° (vetores paralelos) b) θ = 180° (vetores antiparalelos) c) θ = 90° (vetores perpendiculares) d) Esboce numa fi gura exemplos mostrando a orientação entre os vetores campo elétrico, �E , e o vetor deslocamento, Δ�r , para as situações consideradas nos itens (a), (b) e (c). Aula 05 Eletromagnetismo 13 Δr B A F = q0 Eq0 E Cálculo da diferença de potencial elétrico entre dois pontos numa região com campo elétrico uniforme Para o caso de uma região onde existe um campo elétrico uniforme �E , como, por exemplo, o campo elétrico produzido por placas infi nitas carregadas colocadas próximas uma das outras, campos elétricos para pontos muito próximos da superfície de planos carregados e de outras distribuições de cargas com geometria qualquer, utilizaremos a expressão obtida no exemplo 3, ΔV = − �E ·Δ�r . Eq. 7 Vamos considerar que a carga de prova é levada do ponto A até o ponto B ao longo da trajetória mostrada na Figura 8. Figura 8 – Carga de prova movendo-se entre os pontos A e B A expressão da d.d.p. na equação 7 fi ca: ΔV = − �E ·Δ�r = −EΔr cos θ . Da Figura 8, vemos que o ângulo θ entre o campo elétrico, �E , e o deslocamento, Δ�r , possui o mesmo valor ao longo de toda a trajetória, e, pelas relações trigonométricas no triângulo retângulo, temos que Δr cosθ = d, em que d é a projeção do módulo do vetor deslocamento ao longo da reta suporte onde se situa a linha de força do campo elétrico, que, nesse caso, coincide com a reta suporte na qual se situa o vetor campo elétrico, conforme apresentado na Figura 9. Aula 05 Eletromagnetismo14 Δr B A d θ Δr α B A F = q0 Eq0 E θ Figura 9 – Relações geométricas em um triângulo retângulo Teremos então: ΔV = V B − V A = −Ed. Vamos calcular agora ΔV ′ = V A − V B . Nesse caso, o vetor deslocamento, embora tenha o mesmo módulo que no caso anterior, aponta no sentido oposto, pois vai de B para A, como mostrado na Figura 10. Dessa fi gura, vemos que o ângulo α entre o vetor campo elétrico, �E , e o vetor deslocamento, Δ�r ′ , é escrito em função de θ como: α = π − θ, Figura 10 – Carga de prova movendo-se entre os pontos B e A. A expressão da d.d.p. será dada por: ΔV ′ = VA − VB = − �E ·Δ�r ′ = −EΔr′ cos α = −EΔr cos (π − θ). Onde usamos o fato de que os módulos dos deslocamentos são iguais: Δr = Δr′. A expressão do cosseno da diferença entre dois ângulos fornece: cos (π − θ) = cosπcosθ + senπ senθ = (−1)cosθ + (0)senθ = −cosθ. Substituindo esse resultado na expressão para ΔV′, obtemos: Aula 05 Eletromagnetismo 15 B A C d q0 E ΔV ′ = V A − V B = EΔr ′cos(π − θ) = − EΔr(−cosθ) = EΔrcosθ. Mas, usando as relações no triângulo retângulo, conforme mostra a Figura 9, temos: Δr cosθ = d. Logo, a expressão para ΔV ′ fi ca: ΔV ′ = V A − V B = Ed. Podemos então resumir dizendo que a d.d.p. entre dois pontos de um campo elétrico uniforme de módulo E vale: ΔV = ± Ed. Eq. 8 Onde d é a distância entre os dois pontos ao longo da reta suporte das linhas de força do campo elétrico, conforme mostrado na Figura 11. Figura 11 – Linhas de força do campo elétrico e distância entre os pontos A e B Dessa expressão, obtemos também que o campo elétrico aponta no sentido em que o potencial elétrico diminui. Embora tenhamos mostrado isso apenas para o caso de um campo uniforme, esse resultado é completamente geral. Como a força elétrica, �FE = q �E , aponta no mesmo sentido do campo se q > 0, e no sentido oposto ao campo se q < 0, concluímos também que: cargas positivas tendem a se mover para as regiões de menor potencial; cargas negativas tendem a se mover para as regiões de maior potencial. Da relação ΔV = ± Ed, podemos concluir que a unidade da intensidade de campo elétrico tanto pode ser fornecida em N/C, como em V/m. Assim, como o valor do campo elétrico em um ponto não depende da carga usada para medi-lo, a d.d.p. entre dois pontos não depende da carga de prova que se moveu entre esses dois pontos: depende apenas dos dois pontos. Aula 05 Eletromagnetismo16 Atividade 4 Exemplo 4 Um canhão eletrônico de um tubo de imagem de televisor consiste, basicamente, de duas placas metálicas paralelas separadas por uma distância d = 2,0 cm e mantidas a uma diferença de potencial ΔV. Elétrons livres (carga q = − |e| = − 1,6 × 10−19 C), em repouso, nas proximidades de uma das placas, são acelerados pelo campo elétrico uniforme existente entre elas, atingindo, cada elétron, a posição da outra placa com uma energia cinética E C = 3,2 × 10−15 J. Determine: a) a diferença de potencial ΔV entre as placas; b) o módulo do campo elétrico E entre as placas. Solução a) O trabalho realizado pela força elétrica transforma-se na energia cinética da partícula. Da defi nição de d.d.p., temos: ΔV = −WE q0 = − EC (−|e|) = EC |e| = 3, 2× 10−15J 1, 6× 10−19C = 2, 0× 10 4V . b) Da expressão que relaciona d.d.p. e campo elétrico uniforme, temos ΔV = ± Ed. Como o elétron é uma carga negativa, se deslocará no sentidodo potencial maior (ele é atraído pela placa carregada positivamente), a relação a ser usada é ΔV = Ed. Logo, E = ΔV d = 2, 0× 104V 2, 0× 10−2m = 1, 0× 10 6V/m . Numa certa região do espaço, existe uma distribuição de cargas com as superfícies equipotenciais e linhas de força do campo elétrico cuja geometria é mostrada na Figura 12. Um elétron (carga q = − |e| = − 1,6 × 10−19 C ) se desloca do ponto A até o ponto B ao longo da linha de força do campo elétrico. Nessas condições, o campo elétrico realiza um trabalho sobre o elétron de valor W = 3,94 × 10−19 J. Aula 05 Eletromagnetismo 17 su a r e sp o st a B Superfícies equipotenciais Linhas de força do campo elétrico A C Figura 12 – Linhas de força do campo elétrico e superfícies equipotenciais Com base nessas informações, determine as diferenças de potenciais entre os pontos: a) A e B; b) A e C ; c) B e C ; d) C e A. Aula 05 Eletromagnetismo18 Resumo 1 2 Autoavaliação Suponha que um elétron seja liberado do repouso em uma região onde existe um campo elétrico. Podemos afi rmar que (marque a letra correspondente à afi rmativa correta): a) a energia potencial do sistema campo elétrico – carga aumenta. b) a energia potencial do sistema campo elétrico – carga diminui. c) a energia potencial do sistema campo elétrico – carga permanece a mesma. d) não há informações sufi cientes para dizer o que acontece com a energia potencial do sistema campo elétrico – carga. Justifi que sua resposta. Analisando as afi rmativas a seguir, marque a letra correspondente à alternativa falsa: a) Uma carga negativa abandonada em repouso num campo eletrostático fi ca sujeita a uma força que realiza sobre ela um trabalho negativo. b) Uma carga positiva abandonada em repouso num campo eletrostático fi ca sujeita a uma força que realiza sobre ela um trabalho positivo. c) Cargas negativas abandonadas em repouso num campo eletrostático dirigem-se para pontos de potencial mais elevado. Nesta aula, estudamos o conceito de diferença de potencial elétrico e de potencial elétrico em um ponto. Aprendemos sobre o conceito de superfícies equipotenciais e como visualizar essas superfícies para algumas distribuições de cargas mais usadas. Obtemos a expressão geral que permite determinar o potencial elétrico a partir do campo elétrico. Usando essa relação, determinamos a expressão para a diferença de potencial elétrico entre dois pontos na situação em que o campo elétrico é uniforme. Aula 05 Eletromagnetismo 19 3 4 A B C E d) Cargas positivas abandonadas em repouso num campo eletrostático dirigem-se para pontos de menor potencial. e) O trabalho realizado pelas forças eletrostáticas ao longo de uma curva fechada é nulo. Justifi que sua resposta. Uma unidade de energia muito usada em química e em física nuclear é o elétron-volt, simbolizado por eV. Um elétron-volt é uma energia igual ao trabalho necessário para deslocar uma carga elementar entre dois pontos entre os quais existe uma d.d.p. de valor igual a 1V, isto é, 1eV = |e|(1V ) = (1, 6× 10−19C) ( 1J 1C ) = 1, 6× 10−19J . Determine qual o valor das seguintes quantidades de energia em eV. a) E 1 = 8,0 × 104J. b) E 1 = 3,2 × 10–4J. Figura 13 mostra três pontos, A, B e C, posicionados numa região onde existe um campo elétrico uniforme, �E , cujas linhas de força são apresentadas conforme ilustração. Os potencias elétricos nesses pontos são respectivamente iguais a V A , V B e V C . Figura 13 – Linhas de força do campo elétrico Aula 05 Eletromagnetismo20 6 Com relação a esses potenciais, podemos afi rmar que: a) V A = V B > V C b) V A − V B = V A − V C e, V B > V A c) V A − V B = V C − V A , e, V A > V B d) V A − V C = V B − V C Justifi que sua resposta. A Figura 14 ilustra um campo elétrico uniforme, �E , de módulo E = 150V/m, direção horizontal, com sentido da esquerda para a direita, estabelecido entre duas placas extensas, carregadas com cargas iguais e de sinais opostos, separadas por uma distância d = 15,0 cm. Observação – as dimensões das placas são bem maiores do que a distância entre elas, por isso o campo elétrico é uniforme (aproximação de plano infi nito). Com base nesses dados, determine: a) a d.d.p. entre a placa carregada positivamente e a placa com carga negativa; b) a d.d.p. entre a placa carregada negativamente e a placa com carga positiva; c) a d.d.p. entre a placa carregada positivamente e o ponto P, situado a meia distância entre as placas; d) a d.d.p. entre a placa carregada negativamente e o ponto P, situado a meia distância entre as placas; e) a força elétrica que atua em uma carga q = 3,2 × 10�6C colocada entre as placas; f) o trabalho que a força elétrica realiza sobre uma carga q = 3,2 × 10�6C, para levá-la do ponto P até a placa positivamente carregada; g) o trabalho que a força elétrica realiza sobre uma carga q = 3,2 × 10�6C para levá-la do ponto P até a placa negativamente carregada. Aula 05 Eletromagnetismo 21 Linhas de Força do campo elétrico E P d d/2 Figura 14 – Linhas de força do campo elétrico entre duas placas carregadas Referências GRUPO DE REELABORAÇÃO DO ENSINO DE FÍSICA – GREF. Física 3: eletromagnetismo. 3. ed. São Paulo: Ed. USP, 1998. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. 10. ed. São Paulo: John Wiley & Sons, 2001. (Eletromagnetismo, 3). NUSSENZVEIGG, Herch Moysés. Curso de física básica: eletromagnetismo. São Paulo: Edgard Blücher, 1997. SERWAY, Raymond A.; JEWET JÚNIOR, John W. Princípios de física. São Paulo: Cengage Learning, 2008. (Eletromagnetismo, 3). Aula 05 Eletromagnetismo22 Anotações Aula 05 Eletromagnetismo 23 Anotações Aula 05 Eletromagnetismo24 Anotações EMENTA > Joel Câmara de Carvalho Filho > Ranilson Carneiro Filho Dispositivos eletro-eletrônicos e suas características. Conceitos básicos: voltagem, corrente, resistência e potência. Fiação doméstica e outras aplicações. Carga elétrica e campo elétrico. Lei de Gauss. Potencial elétrico. Capacitância e dielétricos. Corrente, resistência e força eletromotriz. Circuitos de corrente contínua (cc). Campos magnéticos: forças e fontes. Lei de Faraday-Lenz. Equações de Maxwell nas formas integral e diferencial. Indutância. Circuitos de corrente alternante (ca). Ondas eletromagnéticas. Equação de onda. Radiação de uma carga acelerada. Eletromagnetismo – FÍSICA AUTORES AULAS 01 O eletromagnetismo 02 Eletrostática 03 O campo elétrico 04 A lei de Gauss 05 O potencial elétrico – Parte 1 06 O potencial elétrico – Parte 2 07 Capacitância 08 Corrente e Resistência Elétricas 09 Circuitos de corrente contínua 10 O campo magnético 11 A lei de Ampère 12 A lei de Faraday e as equações de Maxwell 13 Aplicações do eletromagnetismo << /ASCII85EncodePages false /AllowTransparency false /AutoPositionEPSFiles false /AutoRotatePages /None /Binding /Left /CalGrayProfile (None) /CalRGBProfile (Apple RGB) /CalCMYKProfile (None) /sRGBProfile (sRGB IEC61966-2.1) /CannotEmbedFontPolicy /Error /CompatibilityLevel 1.3 /CompressObjects /Off /CompressPages true /ConvertImagesToIndexed true /PassThroughJPEGImages true /CreateJobTicket true /DefaultRenderingIntent /Default /DetectBlends false /DetectCurves 0.0000 /ColorConversionStrategy /LeaveColorUnchanged /DoThumbnails false /EmbedAllFonts true /EmbedOpenType false /ParseICCProfilesInComments true /EmbedJobOptions true /DSCReportingLevel 0 /EmitDSCWarnings false /EndPage -1 /ImageMemory 524288 /LockDistillerParams true /MaxSubsetPct 5 /Optimize false /OPM 1 /ParseDSCComments true /ParseDSCCommentsForDocInfo false /PreserveCopyPage true /PreserveDICMYKValues true /PreserveEPSInfo true /PreserveFlatness true /PreserveHalftoneInfo false /PreserveOPIComments false /PreserveOverprintSettings true /StartPage 1 /SubsetFonts true /TransferFunctionInfo /Remove/UCRandBGInfo /Remove /UsePrologue false /ColorSettingsFile (None) /AlwaysEmbed [ true ] /NeverEmbed [ true ] /AntiAliasColorImages false /CropColorImages true /ColorImageMinResolution 150 /ColorImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleColorImages true /ColorImageDownsampleType /Bicubic /ColorImageResolution 160 /ColorImageDepth -1 /ColorImageMinDownsampleDepth 1 /ColorImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeColorImages true /ColorImageFilter /DCTEncode /AutoFilterColorImages true /ColorImageAutoFilterStrategy /JPEG /ColorACSImageDict << /QFactor 0.76 /HSamples [2 1 1 2] /VSamples [2 1 1 2] >> /ColorImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /JPEG2000ColorACSImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /JPEG2000ColorImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /AntiAliasGrayImages false /CropGrayImages true /GrayImageMinResolution 150 /GrayImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleGrayImages true /GrayImageDownsampleType /Bicubic /GrayImageResolution 160 /GrayImageDepth -1 /GrayImageMinDownsampleDepth 2 /GrayImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeGrayImages true /GrayImageFilter /DCTEncode /AutoFilterGrayImages true /GrayImageAutoFilterStrategy /JPEG /GrayACSImageDict << /QFactor 0.76 /HSamples [2 1 1 2] /VSamples [2 1 1 2] >> /GrayImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /JPEG2000GrayACSImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /JPEG2000GrayImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /AntiAliasMonoImages false /CropMonoImages true /MonoImageMinResolution 1200 /MonoImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleMonoImages true /MonoImageDownsampleType /Bicubic /MonoImageResolution 1200 /MonoImageDepth -1 /MonoImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeMonoImages true /MonoImageFilter /CCITTFaxEncode /MonoImageDict << /K -1 >> /AllowPSXObjects false /CheckCompliance [ /None ] /PDFX1aCheck false /PDFX3Check false /PDFXCompliantPDFOnly true /PDFXNoTrimBoxError false /PDFXTrimBoxToMediaBoxOffset [ 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 ] /PDFXSetBleedBoxToMediaBox true /PDFXBleedBoxToTrimBoxOffset [ 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 ] /PDFXOutputIntentProfile (None) /PDFXOutputConditionIdentifier () /PDFXOutputCondition () /PDFXRegistryName () /PDFXTrapped /False >> setdistillerparams << /HWResolution [1800 1800] /PageSize [1700.700 1133.800] >> setpagedevice