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Resenha crítica de Idade e solidão: a velhice das mulheres

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LINGUAGENS – DCHL
CURSO DE FARMÁCIA
DISCIPLINA: LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
DOCENTE: ISABEL SILVA SILVEIRA
DISCENTE: LARISSA JESUS BARRETO
Resenha Crítica
MOTTA, Alda Britto da. Idade e solidão: a velhice das mulheres. Revista Feminismos, Salvador, v. 6, n. 2, p. 88-96, maio./ago. 2018.
Alda Britto da Motta possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (1967), mestrado em Ciências Sociais (1977) e doutorado em Educação (1999). Atualmente é professora e pesquisadora da Universidade Federal da Bahia, atuando nos Programas de Pós-graduação em Ciências Sociais e em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo e Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM/UFBA), respectivamente. É autora de diversos livros e artigos e tem experiência na área de Sociologia, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, gerações, envelhecimento, velhice e família.
Em Idade e solidão: a velhice das mulheres, Alda Britto destaca a questão do envelhecimento social, principalmente o feminino, junto a um sentimento de solidão vivenciado por estas mulheres e homens também. Ela comenta sobre os idosos se resguardarem ao passo que ocorre uma diminuição na eficiência dos sentidos, levando-os a uma mais vida solitária. A autora expõe também o fato de que todo velho ou velha é marginalizado pela sociedade, direta ou indiretamente, e de como isso os atinge profundamente, impactando no seu modo de viver e de agir. 
 O artigo possui uma metodologia analítica e descritiva, no qual é apresentado o relato de experiências vividas pela autora, onde ela orientou trabalhos de pesquisa em “casas de repouso” e em asilos públicos. Além disso, há em seu texto fragmentos de teses de outros autores sobre o tema estudado, junto ao depoimento de alguns idosos moradores de abrigo e até mesmo casos encontrados em pesquisa nas páginas policiais dos jornais. Desta forma, pode-se notar o conhecimento aprofundado da autora sobre o assunto, gerando uma maior confiança e credibilidade do seu trabalho para quem lê.
	Motta evidencia que há variados tipos de solidão vividos pelos idosos e diversas são as suas causas, encontrando como principais razões para a sua ocorrência o preconceito e a discriminação, bem como o tratamento indiferente o qual são alvo direto no cotidiano. Segundo a autora, esta realidade é fruto de um comportamento social produzido pela ignorância, pelo individualismo e até mesmo pela disputa por poder e dominação entre as gerações, o que leva, consequentemente, a um retraimento por parte dos idosos e a uma crescente exclusão social vivida pelos mesmos.
	Em contrapartida, Alda Britto menciona a existência de situações em que ocorrem tentativas exageradas de cuidado da família para com os mais velhos, oriundas da pouca informação e reflexão sobre a importância da autonomia da pessoa idosa, assim como de relações menos hierárquicas entre as gerações. Ademais, a autora comenta também sobre a linguagem infantilizada largamente usada com os mais velhos e das vontades destes serem consideradas menos importantes do que a de adultos mais jovens, como seus filhos, por exemplo. Sendo que todas essas atitudes, segundo Motta, acabam por limitar tanto o cotidiano como a interação social de muitos idosos e idosas diariamente.
Alda ressalta ainda a questão da precariedade nas políticas públicas para o idoso, onde este sofre com a restrição de oportunidades e o tratamento desigual. Como tópico final na discussão do seu artigo, Motta assinala que a solidão e o envelhecimento estão ligados à condição de gênero, pois a maioria demográfica de pessoas mais velhas e de moradores de asilos é constituída por mulheres e, de acordo com os seus modos de vida, condição social, faixa etária, dentre outros fatores, elas são mais solitárias, ora por opção como um estilo de vida, ora por consequência dos acontecimentos da vida. 
Por fim, a autora conclui que a solidão é um fenômeno expressado como sentimento, concretizado por meio das expressões do corpo de formas variáveis e múltiplas tal como são as pessoas e as suas idades. Acrescenta ainda que cabe à sociedade, em suas diversas instâncias, buscar conhecer e preservar os idosos e idosas em sua total dignidade, reconhecendo a sua importância, e também, cabe ao Estado a obrigação de protegê-los e garantir os seus direitos legais.
Diante do que foi exposto, fica evidente o quão rico e aprofundado em exemplos e informações é o artigo em questão, trazendo a tona um tema pouco discutido nos tempos atuais, mas de extrema importância social e cultura, e realizando uma intensa reflexão. O texto possui uma linguagem clara, objetiva e acessível o que facilita a compreensão do estudo, sendo indicada a sua leitura para todos os públicos, dos mais jovens aos mais idosos, a fim de provocar um maior entendimento e consideração sobre o assunto.

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