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FUNDAMENTOS DE GEODÉSIA Prof. Dr. Cézar Henrique Barra Rocha Contato: barra.rocha@engenharia.ufjf.br GEODÉSIA Ciência que estuda os métodos e procedimentos adotados para definir a forma e dimensão da Terra assim como seu campo gravitacional. Inclui também a variações temporais da superfície da Terra e seu campo de gravidade (TORGE, 2001). Histórico • Pitágoras (6• séc. A.C.) e Aristóteles (4• séc. A.C.) defendiam a Terra como sendo Esférica; • Newton (séc. XVII) - forma Elipsoidal; • Gauss (séc. XVIII) - forma Geoidal; • Dentro dos limites da Topografia (20 km2), a Terra é considerada plana. Para cálculos astronômicos, a Terra é considerada uma esfera. FORMA DA TERRA • Superfície física da Terra: Possui irregularidades que, são relativamente pequenas quando comparadas com a dimensão do planeta. • O maior desnível possível entre os pontos da superfície terrestre é pouco superior a 9 km. Isto é, apenas 0,14% do seu raio. • **Considerando uma outra superfície (geóide) muito mais regular, em relação à qual descrevemos as irregularidades do relevo. A definição dessa Superfície é feita com base no campo gravitacional da Terra FORMA DA TERRA • A massa da Terra produz uma força gravitacional que puxa os corpos para seu centro (força de atração). Juntamente com ela é sentida uma força centrífuga, resultante do movimento de rotação da Terra. Sendo assim, a força de gravidade não é a mesma em todos os pontos da Terra, variando com a latitude. • A resultante dessa duas ações é a força que sentimos à superfície da Terra (Força da Gravidade ou apenas Gravidade), definindo em cada local, a direção da vertical do lugar. Conseguimos materializá-la com um fio de prumo. Nos pólos a força de atração é máxima e a centrífuga é mínima, resultando gravidade máxima. No equador é o contrário: como as forças se opõem, a gravidade é mínima. GEÓIDE: ponto de vista prático Quando observamos um líquido, numa bacia por exemplo, podemos ver que sua superfície tem uma forma plana (aproximada devido suas dimensões) perpendicular à vertical do lugar, isto é, à direção da força da gravidade. Essa superfície é uma superfície equipotencial do campo gravitacional, sendo SEMPRE perpendicular à direção da força. Ao longo de cada superfície, a energia potencial gravitacional é constante. Qualquer deslocamento Ds sobre uma superfície de nível, como indicado na figura 1, não realiza trabalho Dw a favor ou contra a força gravitacional (Fg), pelo fato do produto escalar ser nulo. 0/ . cos(90 ) 0g gw F s F sD D D Ds Fg 90° GEÓIDE: matematicamente Se as águas dos oceanos estivesse numa situação estática, a sua superfície ajustar-se-ia a uma superfície de nível. • A água do mar não se mantém, no entanto estável devido às mares e à ondulação, mas a sua posição média estará aproximadamente naquelas condições. • A superfície que mais se aproxima do nível médio dos oceanos é aquela que define a forma da Terra, sendo denominada de Geóide. GEÓIDE: Nível Médio do Mar (NMM) GEÓIDE 1° Aproximação: A forma do geóide é esférica, tendo raio médio de 6371 km. Contudo, na região dos pólos é cerca de 21 km menor que o raio na região do equador. 2° Aproximação: O geóide pode ser considerado como um elipsóide de revolução (esfera achatada nos pólos) resultado da rotação de uma elipse em torno do seu eixo menor (força centrífuga). GEÓIDE e ELIPSÓIDE ELIPSÓIDE Elipsóide de Revolução X O Z Yaa b a b f a Achatamento do elipsóideOnde: O – centro de massa da Terra; Oxy- plano do equador; Oz- eixo de rotação; a – semi-eixo maior ou raio equatorial; b – semi-eixo menor ou raio polar. Elipsóide de Revolução • A aproximação do geóide feita pelo elipsóide é melhor do que a esférica. • As distâncias entre o elipsóide e geóide tem valores da ordem de 100 metros. Atendendo a essa aproximação e à possibilidade de o elipsóide ser tratado matematicamente de uma forma mais simples que o geóide, este é substituído, para efeitos de cálculo, na Geodésia, pelo elipsóide. Elipsóide de Revolução • As irregularidades do geóide devem-se às irregularidades da distribuição de massas no interior da Terra. Ex.: nas proximidades de uma grande montanha, a sua massa produz uma atração gravitacional. • A força que de fato existe é a resultante dessa e da atração gravitacional feita pelo restante da Terra, como se observa na figura 2. Desloca-se, por isso, muito ligeiramente mas de forma sensível, a direção da vertical, produzindo uma elevação do geóide. Real x Geóide x Elipsóide Influência da distribuição irregular de massas sobre as superfícies de nível. Superfície Física Elipsóide Fig. 2. relacionamento das superfícies. Geóide AJUSTE DO ELIPSÓIDE COM GEÓIDE = DATUM REDE GRAVIMÉTRICA DO SGB Medidas de gravidade com gravímetros de alta precisão DATUM HORIZONTAL REDE PLANIMÉTRICA DO SGB Triangulação a partir dos vértices de primeira ordem Origem: Datum Córrego Alegre (Frutal/MG) Datum Chuá (Uberaba/MG) V501 – Grota dos Pintos – Juiz de Fora/MG Marco da Estação Meteorológica da UFJF • Marégrafo situado em Imbituba - Santa Catarina; • É o NMM para a nossa região; • Rede de Referências de Nível; • Transporte de altitudes por Nivelamento Geométrico. Obs.: Rodapé das cartas com indicação dos DATA HORIZONTAL e VERTICAL. DATUM VERTICAL REDE ALTIMÉTRICA DO SGB ORIGEM: MARÉGRAFO DE TORRES (RS) MARÉGRAFO DE IMBITUBA (SC) RN 115R – Praça Antônio Carlos - Juiz de Fora/MG Importância das informações contidas no rodapé DATUM TOPOCÊNTRICO DATUM GEOCÊNTRICO TÉCNICAS ESPACIAIS DE POSICIONAMENTO REDE SATÉLITES GPS E DOPPLER Tabela 1 – Elementos dos principais Elipsóides de Referência utilizados no Brasil e respectivo datum. ELIPSÓIDE SEMI-EIXO MAIOR a (m) SEMI-EIXO MENOR b (m) ACHATAMENTO 1/ Hayford -Datum Córrego Alegre 6378388 6366991.95 297.000745015 Astro Chuá Datum Chuá 6378388 6378160 297.000000000 SAD – 69 * Datum Chuá 6378160 6356774.719 298.250000000 WGS – 84 6378137 6356752.31425 298.257223563 GRS 80 SIRGAS 6378137 6356752.3141 298.257222101 * O SAD - 69 / 96 apresenta os mesmos elementos que o SAD-69. SISTEMA GEODÉSICO BRASILEIRO SGB htttp://www.ibge.gov.br/geociencias - Rede Planimétrica (Vertices de Triangulação); - Rede Altimétrica (Referências de Nível RNs); - Rede Gravimétrica (medidas de gravidade); - Rede GPS (Satélites GPS e DOPPLER); - Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC). Sistema Geodésico Brasileiro SGB Para o SGB (elipsóide e origem), os SIRGAS2000 poderá ser utilizado em concomitância com o sistema SAD69. Para o Sistema Cartográfico Nacional (SCN), o SIRGAS2000 também poderá ser utilizado em concomitância com os sistemas SAD69 e Córrego Alegre. A coexistência entre estes sistemas tem por finalidade oferecer à sociedade um período de transição antes da adoção do SIRGAS2000 em caráter exclusivo. Período de transição não superior à DEZ ANOS, os usuários deverão adequar e ajustar suas bases de dados, métodos e procedimentos ao novo sistema. Sistema Geodésico Brasileiro SGB Com o advento dos sistemas globais de navegação (i.e. posicionamento) por satélites (GNSS – Global Navigation Satellite Systems), tornou-se mandatória a adoção de um novo sistema de referência, geocêntrico, compatível com a precisão dos métodos de posicionamento correspondentes e também com os sistemas adotados no restante do globo terrestre. A partir de 25/02/2005 por resolução do presidente do IBGE ficou estabelecido o NOVO sistema de referência geodésico para o SGB e para o Sistema Cartográfico Nacional (SCN) o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS), em sua realização do ano de 2000. (SIRGAS2000). Sistema Geodésico Brasileiro SGB Sistema Geodésico de Referência: Sistema de Referência Terrestre Internacional – ITRS (Internationalterrestrial Reference System). Figura geométrica para a Terra: Elipsóide do Sistema Geodésico de Referência de 1980 (Geodetic Reference System 1980 – GRS80): a = 6.378.137,000 m f = 1/298,257222101 Origem: Centro de Massa da Terra Orientação Pólos e meridiano de referência consistentes em 0,005” com as direções definidas pelo BIH (Bureau International de L’Heure), em 1984,0. Sistema Geodésico Brasileiro SGB Estações de Referência: As 21 estações da rede continental SIRGAS2000, estabelecidas no Brasil, constituem a estrutura de referência a partir da qual o sistema SIRGAS2000 é materializado em território nacional. Época de Referência das coordenadas: 2000,4 Materialização: Estabelecida por intermédio de todas as estações que compõem a Rede Geodésica Brasileira, implantadas a partir das estações de referência. Campanha realizada entre 10 e 19 de maio de 2000. SIRGAS2000 contém 184 estações distribuídas pelas Américas (norte, centro, sul). Objetivo era vincular os sistemas de altitudes nacionais ao ITRF. COORDENADAS GEODÉSICAS Obs.: Latitude e Longitude Geográfica referem-se ao geocentro da Esfera. ESFERA x ELIPSÓIDE Sistemas de Coordenadas no elipsóide: coordenadas geodésicas ou elipsoidais. P P’ Equador Pólo Elipsóide de Referência Latitude Geodésica (F) é o ângulo que a normal forma com sua projeção sobre o plano do equador. Longitude (l) é o ângulo diedro formado pelo meridiano geodésico de Greenwich e pelo meridiano geodésico do ponto P. Altitude Geodésica ou elipsoidal (h) é a distância de P ao elipsóide, contada sobre a normal. h No Equador o comprimento de 1º é de aproximadamente 111195 m. À medida que se afasta para o Norte ou para o Sul do Equador, o comprimento do arco c é dado em metros, pela seguinte equação: C = 111195 * cos (latitude) Existe uma relação de equivalência entre os valores dos comprimentos dos arcos de 1º de meridiano e 1º de Paralelo a diferentes latitudes TAB. 1 - COMPRIMENTO DOS ARCOS DE 1O MERIDIANO E DE 1O PARALELO A DIFERENTES LATITUDES Grau (o) Comprimentos dos arcos de 1o de Meridiano (m) Paralelo (m) 0 * 111195 10 110602 20 110696 30 110843 40 111025 45 111122 50 111220 60 111405 70 111557 80 111659 90 111697 0 COORDENADAS GEODÉSICAS E X E M P L O 1 http://biblioteca.ibge.gov.br http://www.geoportal.eb.mil.br/mediador// Modelo de Ondulação Geoidal • Em 1828, C.F. Gauss introduziu um modelo aperfeiçoado da figura da Terra, mas o termo geoide foi criado em 1873 por J.F. Listing; • Pode-se imaginar a superfície geoidal prolongada através dos continentes. Ela tem um formato ondulatório levemente irregular que acompanha as variações da estrutura de distribuição de massa da Terra. Essa ondulação é suave e fica em torno ±30 m, sendo o valor máximo de ±100m, em relação ao elipsóide de referência. Altitude elipsoidal / ondulação geoidal. • A altitude determinada utilizando um receptor GNSS não está relacionada ao nível médio do mar, mas a um elipsóide de referência com dimensões específicas. Portanto, torna-se necessário conhecer a ondulação geoidal (diferença entre as superfícies do geóide e elipsóide) para que a altitude acima do nível médio do mar possa ser obtida. • IBGE, em convênio de cooperação científica com a Escola Politécnica da USP, mantém um projeto cujo objetivo é a determinação e constante refinamento do mapa de ondulações geoidais brasileiro. Conversão de altitude elipsoidal em ortométrica Para converter a altitude elipsoidal (h), obtida através de GPS, em altitude ortométrica (H), utiliza-se a equação: Onde: N é a altura (ou ondulação) geoidal fornecida pelo programa MAPGEO 2015, dentro da convenção que considera o geóide acima do elipsóide se a altura geoidal tiver valor positivo e abaixo em caso contrário. ALTITUDES H = h – N ou h = H + N COORDENADAS CARTESIANAS Coordenadas Geodésicas (f,l,h) e Cartesianas (X,Y,Z) Y Z=CTP x P xp yp zp lp fp hp Meridiano geodésico que passa pelo ponto.P’ P” P”’ P’P”’= Grande Normal P’P”= Pequena Normal Ponto na superfície terrestre. Conversão de Coord. geodésicas (f,l,h) em Cartesianas (x,y,z) 55 ( )cos cosX GN h l ( )cosY GN h sen l ( )Z PN h sen ( ) 1 2 2 21 a GN e sen ( ) 2 1 2 2 2 (1 ) 1 a e PN e sen 2 2 2 2 a b e a Grande Normal (raio de curvatura da seção primeiro vertical). Pequena Normal 2 22e f f a b f a Achatamento ou Coordenadas fornecidas pelo GPS h Altitude Elipsoidal Primeira Excentricidade ao quadrado Exemplo: • Converter as coordenadas geodésicas em cartesianas. Datum SIRGAS2000 0 ``22 49 0̀4,2399 S 0 ``43 18 2̀2,5958 Wl 8,63h m Dados: Resultado: 4.280.294,879 4.034.431,225 2.458.141,380 X m Y m Z m Conversão de Coord. Cartesianas (x,y,z) em Geodésicas (f,l,h) ( ) ( ) 32 32 ` arctan cos Z e b sen p e a arctan Y X l arctan Za pb ( )2 2 2 2 ` a b e b Segunda excentricidade ao quadrado ( )cos p h GN Solução direta: Latitude Geodésica Longitude Geodésica Altitude Geométrica ou Elipsoidal Valor auxiliar Raio do paralelo 2 2p X Y Exemplo • Converter as coordenadas cartesianas em geodésicas. Datum SIRGAS2000 • Calcular a altitude ortométrica (H) sabendo-se que a altura geoidal desse ponto (N) é igual a - 6,05 m • R.:14,68 m 58 0 ``22 49 0̀4,2399 S 0 ``43 18 2̀2,5958 Wl 8,63h m Resultado: 4.280.294,879 4.034.431,225 2.458.141,380 X m Y m Z m Dados: Tabela 2 – Parâmetros de Transformação entre Sistemas Geodésicos. ELIPSÓIDE 1 ELIPSÓIDE 2 DELTA X (m) DELTA Y (m) DELTA Z (m) SIRGAS 2000 SAD - 69 +67,35 -3,88 +38,22 WGS - 84 SAD - 69 +66,87 -4,37 +38,52 SAD - 69 WGS - 84 -66,87 +4,37 -38,52 WGS - 84 Hayford +205,57 -168,77 +4,12 SAD - 69 Hayford +138,70 -164,40 -34,40 SAD - 69 Astro Chuá +77,00 -239,00 -5,00 Obs.: toda conversão entre “data” é feito em Coordenadas Cartesianas, com posterior cálculo da Coordenada Geodésica.
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