Buscar

Alfabetização e Letramento unidade 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
UNIDADE 1
TRILHA DE APRENDIZAGEM
E-book Slides vídeos Mapa
Conceitual
Conceitos e definições sobre Alfabetização e Letramento Histórico e evolução das práticas de alfabetização
A prática alfabetizadora e os processos de apropriação da língua escrita Estratégias da leitura- Parte I
 (
Conceitos
 
e
 
definições
 
sobre
 
Alfabetização
 
e
 
Letramento
)
Conceitos e definições sobre Alfabetização e Letramento
 (
0:00
 
/
 
2:32
)
 (
0:00
 
/
 
2:46
)
Qual a definição de fato sobre Alfabetização e Letramento? Existe alguma diferença entre os dois? Qual a importância nos dias de hoje quando falamos em alfabetização e letramento?
Ao longo desta aula iremos discorrer sobre todos esses questionamentos, as definições
baseadas nas teorias dos maiores teóricos do assunto. Caso tenha dúvidas, não se preocupe.
Recorra ao fórum de dúvidas e discussões para socializar o seu conhecimento e esclarecer
todas as suas dúvidas. Depois, desenvolva as atividades e questões sugeridas. Nós estamos a sua disposição em caso de dificuldades!
 (
Voltar
)
 (
A
 
Alfabetização
)
A Alfabetização
A alfabetização em sua principal definição é o processo de aquisição da leitura e escrita através do sistema alfabético e ortográfico. Entendemos que esse processo não é simples, pois inclui muitos fatores internos e externos. Felizmente, podemos afirmar que nos dias
atuais, esse processo vem sendo altamente discutido por profissionais da educação, pois há muito tempo professores enfrentam diariamente problemas relacionados à alfabetização como as dificuldades de aprendizagem, alto índice de reprovação nas séries iniciais e
também a evasão escolar.
O termo é amplo e não pode ser visto unicamente como um único processo, estamos
falando de etapas multifacetadas, de uma grande diversidade de fatores e não podemos nos limitar somente em uma única definição. É o que sugere Soares, 2003, p.16:
Não parece apropriado nem etimológica nem pedagogicamente que o termo alfabetização designe tanto o processo de aquisição da língua quanto em seu desenvolvimento: etimologicamente o termo alfabetização não ultrapassa o significado de “levar a aquisição do alfabeto” , ou seja, ensinar o código da língua escrita, ensinar as habilidades de ler e escrever; pedagogicamente, atribuir um significado muito amplo ao processo de alfabetização seria negarlhe a especificidade, com reflexos indesejáveis na caracterização da sua natureza, na configuração das habilidades básicas de leitura e escrita, na definição da competência em alfabetizar.
Figura 1: Alfabetização infantil Fonte: Andros1234/Pixabay
Vivemos na era da g lobalização. Há comunicação o tempo todo e de diversas maneiras diferentes. As pessoas têm acesso a informação de uma forma muito rápida. Em
contrapartida, ainda é muito comum vivenciarmos escolas com métodos de alfabetização antigos que não se adequam aos dias de hoje e também não são compatíveis com as
necessidades reais do dia a dia.
Sabemos que não existe uma metodologia perfeita, cada qual tem a sua característica
principal, porém também é certo afirmar que existem sim, muitos métodos de alfabetização que hoje funcionam e outros nem tanto. Infelizmente algumas escolas ainda tratam essa
questão de uma forma não muito articulada, com recursos empobrecidos e arcaicos. Essa defasagem conclui a incompetência da instituição quando ela empobrece as múltiplas
possibilidades de acesso na aquisição da fala, leitura e escrita. Segundo Cagliari, 1994, p.9:
Por fim, a falta de visão de muitos, associada à ausência de conhecimentos linguísticos, tem atribuído o fracasso escolar ora ao aluno visto como um ser incapaz, carente cheio de
deficiências, ora ao professor”. Para ampliarmos essa reflexão recorremos às reflexões de Soares (2003, p.15), que assim explica: Sem dúvida não há como fugir, em se tratando de um processo complexo, como a alfabetização, de uma multiplicidade de perspectivas, resultante da colaboração de diferentes áreas de conhecimento, e de uma pluralidade de enfoques, exigida pela natureza do fenômeno, que envolve atores (professores e alunos) e seus contextos culturais, métodos, material e meios. Entretanto, essa multiplicidade de
perspectivas e essa pluralidade de enfoques não trarão colaboração realmente efetiva enquanto não se articularem em uma teoria coerente de alfabetização que concilie resultados apenas aparentemente incompatíveis, que articule análises provenientes de diferentes áreas do conhecimento, que integre estruturadamente estudos sobre cada um
dos componentes do processo. Nesse sentido, é correto afirmar que o acesso ao processo de aquisição de leitura e escrita modificou-se e não mais atende às necessidades do passado. A leitura do mundo é outra. O que precisamos compreender é que o processo de alfabetização, na sua complexidade, interfere significativamente na vida educacional do indivíduo. “A alfabetização é, sem dúvida, o momento mais importante da formação escolar de uma pessoa...” (CAGLIARI, 1994, p.10).
É fato dizer que uma das principais etapas do processo de alfabetização é a representação de fonemas em grafemas e grafemas em fonemas, porém não podemos descartar a importância do código da escrita através da compreensão. Essa expressão de significados nos dá uma ideia mais ampla e diretiva, pois o processo não se destina exclusivamente no desenvolvimento dos códigos e fonemas da leitura e escrita, ele rege outras etapas que não podem ser descartadas.
Segundo Magda Soares, uma das maiores pesquisadoras do país sobre o tema, as etapas não são tão simples como podemos imaginar e requerem muito cuidado. Nesse processo de aquisição de leitura e escrita, o indivíduo deve participar ativamente e não somente como
um indivíduo que recebe as informações.
A Língua Falada e a Língua Escrita
Pense na sua língua mãe. Você acredita que a língua escrita tem as mesmas características da língua falada? Ou seja, você escreve exatamente como você fala? É óbvio que não!
O conceito de língua falada chega a ser até abstrato, pois existem tantas diversidades que a compõem e a cada dia, ela vem modificando. Podemos dizer que é uma língua viva, que modifica e se adequa de acordo com a sua necessidade.
A língua falada é viva e está em constante adaptação com o seu meio social. É o que explica com mais ênfase Bagno, (2001, p.09):
 Temos de fazer um grande esforço para não incorrer no erro milenar dos gramáticos
tradicionalistas de estudar a língua como uma coisa morta, sem levar em consideração as pessoas vivas que a falam.
Nesse pressuposto, é correto afirmar que a língua falada não se enquadra nas regras da língua escrita, pois o processo de aquisição dessa língua, também é outro.
Nossa intenção é que você possa compreender a complexidade de todo o processo, portanto quando falamos em língua escrita, não estamos falando apenas em regras gramaticais pois ela não deve ser vista apenas como um registro de fonemas da língua oral, há também a sua
importância sintática, semântica e morfológica. É o que explica Soares, “não se escreve como se fala, mesmo quando se escreve em conceitos informais.” (SOARES, 2003, p. 18)
Figura 3: Lingua Escrita
Fonte: StartUpStockPhotos/Pixabay
Embora muitos ainda acreditam que o processo de alfabetização é individual, não podemos esquecer que ele também é social. Pensamos em duas escolas em regiões completamente
diferentes uma da outra. Supondo que uma escola está situada em uma região rural e outra central, você acredita que os processos de alfabetização das duas escolas se dão da mesma maneira? Mesmo que ambas utilizem do mesmo método alfabetizador o desenvolvimento seria igual?
A sociedade tem um peso muito grande quando falamos sobre a alfabetização pois em algumas sociedades esse tema pode até parecer algo não muito constante. Em algumas regiões é muito comum as crianças serem alfabetizadas a partir dos 4 anos de idade, em outras a partir dos 7 anos, difere muito para cada região e sua cultura.
Como você pode notar, alfabetizar uma criança vai muito além do que transmitira informação à criança na aquisição de leitura e escrita. Depende de muitos fatores como por exemplo, culturais, econômicos e tecnológicos.
 (
Voltar
O
 
Letramento
)
O Letramento
Você aprendeu que a alfabetização é a aquisição da língua (seja ela oral e escrita) através de um sistema alfabético, ortográfico e também cultural. Também vimos que o processo de alfabetização é complexo e depende de muitos fatores. Não é somente ensinar a criança a
formar as palavras e depois partir para a leitura. O processo é lento, prático e exige habilidades tanto da parte do professor quanto do aluno.
Você também aprendeu a importância da comunicação de forma rápida e prática nos dias de hoje. O uso das tecnologias nos proporciona acesso rápido às informações e consequentemente nossa comunicação caminha no mesmo sentido. Aquele que hoje não
acompanha toda essa evolução tecnológica infelizmente não consegue ter o mesmo domínio de comunicação.
Figura 4: Leitura Infantil
Fonte: Victoria_Borodinova
Você, professor dentro da sala de aula, se depara com um aluno do 3º ano do Ensino Fundamental I com algumas dificuldades na atividade de compreensão de texto. Na
atividade, você pede para o aluno responder as perguntas simples sobre o texto que ele acabou de ler. O aluno faz a leitura diversas vezes e mesmo assim, não compreende
nenhuma das perguntas. Ele somente consegue responder aquelas óbvias como: Qual o nome do personagem principal? ou “Aonde se passa nossa história? Perguntas mais complexas ele simplesmente não consegue responder. O que você acha sobre isso?
Pense agora em uma outra situação: Na sala de aula do 5º ano do Ensino Fundamental I a professora pede para os alunos fazerem uma redação sobre o descobrimento do Brasil. No final da atividade, ela percebe em um aluno a dificuldade em fazer a atividade escrita. Ela
então vai até esse aluno e nota que sua redação é empobrecida, que o aluno não segue uma lógica textual e que existem erros gramaticais e ortográficos gritantes. Por que isso acontece?
Essas duas situações são muito comuns nos dias de hoje. Infelizmente, conforme anteriormente dito, ainda existem muitos problemas no processo de aquisição da leitura e escrita e aqueles que não atendem à demanda da rapidez tecnológica e da comunicação na era da Globalização, acabam sendo altamente prejudicados.
Segundo Soares, 2003, p.20,
“só recentemente passamos a enfrentar essa nova realidade social em que não basta apenas ler e escrever, é preciso também fazer o uso do ler e escrever, saber responder às exigências de leitura e escrita que a sociedade faz continuamente”.
O interlocutor deve ter o domínio não somente dos códigos como também uma visão ampliada, que seja capaz de compreender todo o discurso, na interpretação de elementos históricos, ideológicos e científicos. Ele deve dominar todos os elementos da textualidade que constituem o uso discursivo oral e escrito como os elementos de codificação (letras e sons).
Figura 5: Professora
Fonte: Jerrykimbrell/Pixabay
Definição de Letramento
Em meados do ano de 1980, a invenção de letramento se deu no Brasil assim como
simultaneamente em outros países. A ideia era compreender os problemas enfrentados na aquisição da língua escrita e a sua deficiência. Porque algumas crianças simplesmente não conseguiam fazer uma simples interpretação de um texto ou até mesmo escrever um texto comum? Nos países desenvolvidos foi constatada essa deficiência de sua população, que embora alfabetizadas, não eram competentes o suficiente para fazer uma simples redação ou leitura.
Segundo Soares(2000, p. 18): “Letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita”.
Para ampliar ainda mais essas ideias, citamos as reflexões de Klein (2000, p.11), que assim relata:
Não há dúvida que o letramento é, hoje, uma das condições para a formação do cidadão: ela o insere num círculo extremamente rico de informações, sem as quais, ele, inclusive nem
poderia exercer livre e conscientemente sua vontade (...) o homem contemporâneo é afetado por outros homens, fatos e processos por vezes tão distantes de seu cotidiano que somente uma rede muito complexa de informações pode dar conta de situá-lo, minimamente, na teia de relações em que se encontra inserido. Neste universo, tá mais
vasto e complexo, a escrita assume relevante função, registrando e colocando ao alcance das informações que podem esclarecê-lo melhor”
Nesse sentido, a definição de letramento é vasta e está intrinsecamente interligada à alfabetização, apesar de ocorrer distinções entre os dois temas. Quando falamos de
letramento, nos referimos às competências que o indivíduo deve possuir para construção
do entendimento de leitura e escrita. É uma visão mais ampla, mais minuciosa que exige do interlocutor um direcionamento mais preciso. Além de possuir competências linguísticas, ele deve também adquirir conhecimentos suficientes para a formação de novos conhecimentos, sejam eles culturais, históricos, ideológicos e científicos.
De nada adianta saber apenas ler e escrever e não ter domínio sobre a leitura e escrita. Não saber como escrever, como fazer uma interpretação. É o domínio do uso da língua no seu
sentido amplo, geral.
Alfabetizado Letrado
Alfabetizado letrado é aquele que conhece o sistema e as regras ortográficas e gramaticais e, ainda, se coloca como um efetivo usuário da língua em seu contexto social.De nada adianta saber apenas ler e escrever e não ter domínio sobre a leitura e escrita. Não saber como
escrever, como fazer uma interpretação. É o domínio do uso da língua no seu sentido amplo, geral.
Figura 6: Dúvida de leitura
Fonte: Victoria_Borodinova/Pixabay
Analfabetismo Funcional
Analfabeto funcional é aquele que não consegue fazer o bom uso da leitura e escrita nas atividades cotidianas. Ou seja, embora ele saiba ler e escrever, não consegue fazer uma interpretação de um texto porque não compreende toda a estrutura textual e também tem muitas dificuldades em escrever.
Lembramos do nosso aluno do 3º ano do Ensino Fundamental citado no início do tema. Ele não consegue fazer a interpretação do texto que apresenta complexidade. Ele lê, mas não compreende. No segundo exemplo, o outro aluno não consegue fazer a redação sobre o
descobrimento do Brasil porque não tem domínio sobre as palavras, simplesmente não consegue fazer o bom uso da língua escrita.
Faça uma reflexão prática sobre alfabetização e letramento. Como você, como professor, lidaria com alunos iletrados? Qual seria o maior desafio para você para lidar com uma
situação dessas?
Estudamos que as definições tanto de alfabetização como letramento são muito mais amplas, complexas e trabalhosa. Em síntese, podemos concluir que:
Alfabetização é o processo de aquisição da língua (oral e escrita) por meio do sistema alfabético, ortográfico e cultural;
Letramento é o processo de desenvolvimento da língua (oral e escrita). O
desenvolvimento de habilidades para uso da língua em diferentes contextos, como por exemplo no contexto atual que é digital (tecnológico).
 (
Voltar
Histórico
 
e
 
evolução
 
das
 
práticas
 
de
 
alfabetização
)
Histórico e evolução das práticas de alfabetização
 (
0:00
 
/
 
2:23
)
Vamos iniciar, neste capítulo, uma reflexão profunda sobre o desenvolvimento histórico e sua influência nos dias atuais. Faremos uma análise sobre Comenius e a sistematização da aprendizagem por meio da cartilha e os pensamentos de autores que influenciaram
diretamente para essa evolução.
 (
Voltar
)
 (
A
 
Cartilha
 
de
 
Comenius
)
A Cartilha de Comenius
Tudo se iniciou por um pastor protestante, chamado por João Amós Comênio, mais conhecido por Comenius, no qual foi considerado o pai da pedagogia moderna. Em meados do século XVII, Comenius fundamentou a escola que conhecemos até hoje, foi o precursor da organização do trabalho pedagógico baseado em elementos manufatureiros, presentes na sociedadeda sua época.
Com a ideia de “ensinar tudo a todos”, Comenius deu ao professor a sua primeira definição e aderiu à ele, o material didático pedagógico como instrumento de trabalho. O livro
didático por sua vez, difere dos livros científicos. A ideia era que o livro didático não fosse tão aprofundado de fontes originais, mas que fosse um direcionador de conhecimentos.
Surge então um livro exclusivamente pedagógico que propõe o ensinamento de ler e escrever através de figuras ou ilustrações ao lado das palavras, das sílabas e do alfabeto. É o que conhecemos de Cartilha, que ainda hoje é utilizada em muitas instituições de ensino.
O objetivo era que as crianças pudessem fazer associação tanto visual quanto motora das palavras. Note que a cartilha que conhecemos a criança se depara com figuras referente às iniciais da letra que está sendo estudada. Por exemplo: Na letra I, existe a figura de um Ipê. Há essa associação da palavra com a letra e depois a intenção que a criança possa internalizar através de expressões motoras, como contorno da letra, fazer colagem sobre a letra, etc.
Outro fato bastante interessante é a classe heterogênea, ou mais conhecida como instrução simultânea. Os alunos aprendiam ao mesmo tempo em graus e atividades diferenciadas.
Isso facilitaria a aquisição do conhecimento e pouparia esforços. Colocaria em prática então, a ideia de ensinar “tudo a todos”.
Segundo A,2001,p.11: “Comenius está na origem da escola moderna. A ele, mais do que nenhum outro, coube o mérito de concebê-la. Nessa empreitada, foi impregnado pela
clareza de que o estabelecimento escolar deveria ser pensado como uma oficina de homens; foi tomado pela convicção de que a escola deveria fundar sua organização tendo como
parâmetro as artes.”
Para Comenius a didática deveria ser foco principal de experimento porque acreditava que o processo estava na prática e o ensinamento deveria fazer parte desse pensamento. Apesar da sua fervorosa religiosidade ter interferido consideravelmente suas teorias, ele enfatizava o ensino como algo que deveria ser atingido por todos e que as pessoas deviam se capacitar para um novo conhecimento.
Foi um dos primeiros a defender a ideia da educação para crianças pequenas, colocá-las em um ambiente em que elas fossem expostas a todo o tipo de conhecimento, podemos dizer
que surge a ideia do maternal. Ele acreditava que através do conhecimento, o ser humano poderia alcançar sabedorias divinas. Por esse motivo ele queria que todos tivessem uma educação, porque além dos conhecimentos terrenos, eles também podiam adquirir uma ascensão nos céus.
 (
Voltar
Emília
 
Ferreiro
)Figura 7: Alfabetização Fonte: Steveriot1/Pixabay
Emília Ferreiro
Nenhum nome teve mais influência no que se diz respeito de alfabetização do que Emília Ferreiro, uma psicolinguista argentina, aluna e companheira de trabalho de Jean Piaget, revolucionou a história da alfabetização. Em meados de 1980 seus livros começaram a ser divulgados no Brasil e causou um grande impacto na concepção de alfabetização.
Famosa pela obra: “Psicogênese da Língua escrita”, o livro não apresenta nenhuma metodologia pedagógica, apenas processos de aprendizados nas crianças, colocando em
questão até então, os métodos utilizados. Suas pesquisas revelam mecanismos relacionados à leitura e escrita e passa a curtir toda a sua teoria baseada em métodos construtivistas.
Para Emília, a criança tem um papel totalmente ativo no processo de alfabetização, pois ela constrói o próprio conhecimento. Calcada em teorias e práticas construtivistas, avalia o conhecimento através de experiências na prática. O aluno que é ativo no seu processo de
formação é mais exigente e também precisa ter o seu espaço único para que ocorra o
desenvolvimento. Por esse motivo, há uma grande preocupação pela escola, pois ela deixa de ser somente fonte de informações e passa ser cenário de um processo prático de
formação. Quando falamos em alfabetização, para Emília a criança deve apropriar-se de
todo o ambiente educacional, deve fazer parte de um todo e o professor é o facilitador deste processo.
Antes de sua chegada, havia apenas uma grande preocupação com a aprendizagem quando a criança não conseguia aprender, porém Emília nos trouxe uma visão contrária. A
preocupação deveria acontecer desde o início, de quais fatores levaram aquela criança aprender e como era esse processo. O importante era a trajetória e não o resultado que se esperava.
Piaget outrora já tinha citado que os princípios do processo de conhecimento deveriam ser graduais, pois cada conquista cognitiva depende de uma assimilação e acomodação desses processos e que levaria um tempo. As crianças não apenas repetem o que ouvem, mas internalizam o aprendizado baseado nas experiências sejam elas boas ou ruins.
Para a alfabetização isso foi processo, pois até então os erros eram vistos como algo a ser punido ou até mesmo escondido. Não havia nenhum benefício no ato de fazer algo de
errado. Para o construtivismo, nada mais desafiador para a mente do que os erros, pois eles tornam em evidência a releitura do indivíduo com o mundo. O erro faz parte no processo
de conhecimento e é ponte para os futuros acertos.
Nesse pressuposto, Emília sempre criticou a posição tradicional da alfabetização, porque
não dá condições para a real aquisição da leitura e escrita. Na prática tradicional a criança é exposta a escrita por meio de avaliação de percepção e de motricidade. Nesse sentido, a criança acaba por desenhar a letra, ao invés de apropriar-se da palavra. Os métodos
tradicionais propõem aos alunos leituras com palavras simples e sonoras, como por exemplo: bebê, papa etc. O contato da criança com a organização da escrita é colocado após esse processo. Segundo Ferreiro, a alfabetização é também uma maneira de se apropriar
das funções sociais da escrita. De acordo com suas reflexões, o acesso a textos lidos e escritos desde os primeiros anos de vida influenciam muito mais do que simples processos pedagógicos repetitivos.
Figura 8: Sala de aula rica em recursos visuais Fonte: Katrina_S / Pixabay
A sala de aula como ambiente de alfabetização
Um dos marcos de Emília Ferreiro em nossas salas de aula foi o extermínio do uso das cartilhas. Segundo ela, a compreensão social da escrita deve ser instigada com o uso de
livros e periódicos da atualidade e o uso da cartilha além de não desafiar a criança para o conhecimento do novo, também oferecem uma instrução desinteressante e artificial.
O ambiente se torna alfabetizador quando ele concede à criança todas as ferramentas que ela precisa para usufruir daquele espaço. Com o uso de livros e periódicos, a sala de aula passa ser ambiente real de alfabetização e estimula os alunos a conquistar novos conhecimentos. O processo deve ser utilizado por vários recursos e não somente um único recurso, como por exemplo, o uso da cartilha.
O papel do professor
Para Emília Ferreiro o papel do professor é fundamental, pois ele é o guia para que o aluno possa atingir seus conhecimentos. Ele deixa de ser ativo no processo e passa a ser o mediador, aquele que irá auxiliar a criança sem que a mesma perca a sua individualidade.
Ela também enfatiza em muitas entrevistas que o docente deve estar sempre em processo de construção de conhecimentos através da reciclagem. O novo se torna parte do
desenvolvimento do docente. Imagine que você tenha um professor que não está adaptado com os conhecimentos de hoje e ensinaria as crianças nos métodos antigos.
Nos dias de hoje seria muito difícil lidar com docentes que não estão atualizados, mesmo que tenha muitos conhecimentos e não consiga transmiti-los de maneira que todos consigam compreender, nada vale tais conhecimentos.
Pense em algumas situações e baseado em todo material estudado até o momento faça uma análise da situação. Sabemos que muitos são os fatores que desencadeiam os problemas da alfabetização e letramento, peço que você imagine dois cenários completamente distintos
um do outro:
1. Uma sala de aula com 32 alunos da 4ª sériedo Ensino Fundamental apresenta muitos problemas, porém o que mais preocupa a professora é que mais da metade dos seus alunos são incapazes de fazer uma leitura de um texto de maneira que consigam
compreendê-lo. Essa professora, com mais de 40 anos de magistério utiliza métodos antigos para instruí-los e os alunos para ela, devem ser receptores passivos. As atividades que ela realiza geralmente não mudam, toda a semana é sempre a mesma atividade.
A atividade de escrita ela realiza o ditado e também percebe que muitos alunos não
desenvolvem adequadamente. A gestão da sua sala de aula é caótica, não existe um padrão a ser seguido e utiliza do autoritarismo quando sempre acha que é necessário.
2. Na mesma escola, uma outra professora com a mesma experiência do que a primeira citada também tem problemas parecidos com os seus alunos, porém ela analisa caso a caso para que possa tentar diminuir tantos analfabetos funcionais. Ela tem conhecimento que os alunos possuem essa deficiência e quando está realizando alguma atividade, sempre foca nos alunos que mais precisam de atenção. Utiliza a
tecnologia em sala de aula sempre que pode e permite que seus alunos sejam ativos no seu processo de conhecimento através de debates, exercícios que estimulam outras
habilidades.
Você, como aluno, gostaria de ter a professora da primeira história ou a professora da segunda história? Por que? O docente deve ser parte integrante na sala de aula, porém
como papel de coadjuvante, pois o protagonista é o seu aluno. Não pense nele como alguém que recebe as informações apenas, e sim aquele que deve aprender a fazer
questionamentos, que pode errar e encontrar no seu erro uma resposta, porque através do erro o aluno é direcionado ao oculto, ou seja, errar também faz parte do processo. Quando ele erra, ele aprende outras habilidades e procura todos os recursos para encontrar um acerto. Ao contrário do aluno passivo, para ele, o erro é algo muito ruim e ele pode ser
punido por isso.
 (
Voltar
Ana
 
Teberosky
)
Ana Teberosky
Além de Emília Ferreiro, Ana Teberosky é uma das pesquisadoras mais conceituadas
quando falamos em alfabetização. Segundo Ana, a responsabilidade do fracasso escolar no que diz respeito à alfabetização é o próprio sistema e não apenas do professor. Quando a escola acredita que o processo de alfabetização se dá em etapas, ou seja, primeiro a junção das letras e palavras para depois a concepção de escrita, ela mina o poder do conhecimento. Se há a separação entre ler e escrever, fica complicado fazer a ligação desses termos.
A Psicogênese da Língua escrita
Na década de 70, Emília Ferreiro e Ana Teberosky desenvolveram através de experiência o livro “A Psicogênese da Língua Escrita”. O livro traz novos elementos para explicar o
processo vivenciado pelo aluno que está aprendendo a ler e escrever.
Passa a compreender a alfabetização não como um simples método, mas um processo complexo e multifacetado que ocorre quando a criança tem a apropriação do sistema da escrita alfabética. Não prescreve uma metodologia milagrosa. A criança internaliza e se apropria do seu próprio conhecimento, pois até então, o método tradicional impõe a criança técnicas e ritmos de aprendizagem. A ideia é que a criança internalize e tenha a sua escrita espontaneamente.
Para ambas teóricas, a criança passa por várias hipóteses em relação ao sistema da língua escrita antes mesmo de compreender de fato o sistema alfabético. Todo o processo tem um início, um caminho a ser seguido e que a criança passa a ser leitura antes mesmo de ter o
domínio da leitura. Em seu aspecto construtivista, o indivíduo passa a ser sujeito da história e não objeto em sua própria aprendizagem.
Outra característica muito importante é a ideia que a aprendizagem da escrita não tem vínculos com a fala e mesmo que a criança já tenha uma relação entre escrita e fala, não condiz a nenhuma ligação.
Figura 9: Leitura Fonte: Sasint/Pixabay
O analfabetismo
Tanto o analfabetismo como o fracasso escolar não são problemas individuais e sim sociais.
Enfatiza que a desigualdade social tem influência direta nesses problemas e que podem provocar ainda mais desigualdades educacionais.
Portanto, para as pesquisadoras, esses problemas podem ser melhorados através de outros métodos de ensino. A reprovação escolar é um exemplo desse fracasso e não deve ser analisada apenas em um contexto, mas em muitos. Existem soluções para o fracasso escolar e até mesmo a evasão, propõe uma nova reflexão e estudo sobre o assunto e mudanças de comportamentos.
Todos os indivíduos, independente de classe ou meio social possuem capacidades suficientes para aprender, é o que explica em Ferreiro, 1986, p.22:
Os filhos do analfabetismo são alfabetizáveis; não constituem uma população com uma patologia específica, que deve ser atendida por sistemas especializados de educação; eles têm o direito a serem respeitados, enquanto sujeitos capazes de aprender
Figura 10 – Alfabetização Infantil Fonte: Lourdesnique/Pixabay
Muitos outros fatores aconteceram durante todo o processo educativo e é claro, as contribuições de estudiosos são inúmeras, porém a ideia é que você tenha em mente que o processo evolutivo da alfabetização se deu ao longo dos anos, através de muitas teorias e
também de experiências vividas. Não estamos julgando aqui o certo ou o errado, apenas relatando marcos da história da alfabetização que nos influenciam até hoje.
Cada profissional se adequa com um método, nisso não há nenhuma discussão, o que você, como futuro professor não pode esquecer é que, segundo palavras de Magda Soares, a alfabetização é “multifacetada”, isto é, não existem apenas um conceito e sim diversos
dentro desse universo de conhecimentos tão rico e vasto.
 (
Voltar
A
 
prática
 
alfabetizadora
 
e
 
os
 
processos
 
de
 
apropriação
 
da
 
língua
 
escrita
)
A prática alfabetizadora e os processos de apropriação da língua escrita
 (
0:00
 
/
 
2:20
)
Agora abordaremos práticas alfabetizadoras e os processos que norteiam a aquisição da língua escrita. Iniciaremos com o pressuposto da importância e complexidade da
alfabetização, fatores e circunstâncias que permeiam todo o desenvolvimento de linguagem escrita.
Já vimos que a aquisição da língua escrita se dá por diversos conhecimentos, sejam eles internos ou externos.
 (
Voltar
)Figura 11 – Processo de escrita Fonte: Freepik
 (
A
 
prática
 
pedagógica
 
do
 
ensino
 
da
 
língua
 
escrita
)
A prática pedagógica do ensino da língua escrita
No tema anterior estudamos sobre alguns teóricos da área e também algumas ressalvas que fizeram ao longo de anos de estudos e de experiência. Quando falamos em prática, nos referimos a toda instrumentação utilizada para se obter um resultado final. Vimos que a
primeira prática pedagógica no processo de alfabetização foi o uso da cartilha. O uso da cartilha por sua vez foi considerado por muitos um processo limitador, pois exclui o ensino da língua escrita e as produções textuais, ou seja, existe uma separação entre a metodologia utilizada pela cartilha do ensino da língua escrita e consequentemente a sua produção.
Segundo estudos de Emília Ferreiro, a criança aprende de fato com a interação com o real e não com o subjetivo. É um processo de ação com a língua escrita na construção da fala e escrita. Em SOARES, 1999.p.52, a autora nos traz a seguinte reflexão:
Consideremos a interferência desses dois fatores – a influência da psicolinguística e a concepção psicogenética da aprendizagem da escrita- em duas faces do processo ensino e aprendizagem da língua escrita, aqui destacada para fins de melhor clareza da exposição, já que não representam momentos sucessivos , mas contemporâneos, não são processos independentes, mas inseparáveis: uma face é a aquisição do sistema da escrita (...); a outra
face é a utilização do sistema de escrita para a interação social, isto é, o desenvolvimento de habilidades de produzir textos.
Nesse sentido, a alfabetização é um processo estritamente histórico social e multidisciplinar. Nãopodemos menosprezar as ciências linguísticas da aquisição, pois também faz parte.
A aquisição de leitura e escrita é ampla e esse processo deve caminhar com ambas as especificidades.
Lev Semyonovich Vygotsky
Vygotsky foi um psicólogo russo, protagonista do conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças se dá pelo seu meio social, através das interações sociais e condições de vida.
Segundo seus estudos, as funções patológicas são bastantes complexas, por exemplo: a ato de respirar passa por muitos mecanismos e adequações dependendo de sua situação real, quem dirá quando falamos sobre o desenvolvimento psicológico, no qual seria muito mais complexo ainda em pensarmos no homem em seu meio sociocultural.
Quando se trata no processo da aquisição da língua escrita, Vygotsky afirma que é um fator social, de caráter histórico e que deve envolver muita interatividade. A aprendizagem da escrita dá-se por um conjunto de signos que são utilizados como instrumentos das
necessidades socioculturais. A escrita então, deve ser considerada um produto cultural e não somente um instrumento de aprendizagem escolar
Sabemos que em alguns casos não é bem isso que acontece. Algumas escolas ainda estão muito distantes dessa realidade, simplesmente não existe a funcionalidade da escrita.
Vygotsky cita que:
Até agora a escrita ocupou um lugar muito estreito na prática escolar, em relação ao papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural na criança. Ensina-se as crianças a desenhar letras e a construir palavras com elas, mas não se ensina a linguagem escrita. Enfatiza-se de tal forma a mecânica de ler o que está escrito que acaba-se obscurecendo a linguagem como tal. (1998, p139)
A escola, no entanto, precisa pensar o processo de alfabetização como um processo
dinâmico. Pode-se perceber que o desenvolvimento da escrita na criança está relacionado as suas práticas do dia a dia. Oliveira nos dá uma melhor posição sobre o assunto:
Por isso, é de fundamental importância que, desde o início, a alfabetização se dê num contexto de interação pela escrita. Por razões idênticas, deveria ser banido da prática alfabetizadora todo e qualquer discurso (texto, frase, palavra, “exercício”) que não esteja relacionado com a vida real ou o imaginário das crianças, ou em outras palavras, que não esteja por elas carregado de sentido. (OLIVEIRA, 1998. pp.70-71)
Segundo Vygotsky, algumas escolas não ensinam de fato a criança a “ linguagem escrita”, o que elas fazem é simplesmente ensinar as crianças a desenhar as letras e na construção das palavras, mas, não ensinam a sua real funcionalidade.
Você teve alguma experiência parecida ou conheceu alguma instituição que promovesse essa prática?
 (
Voltar
O
 
papel
 
do
 
professor
 
e
 
do
 
ambiente
 
familiar
 
na
 
aquisição
 
da
 
língua
 
escrita
)
O papel do professor e do ambiente familiar na aquisição da língua escrita
Você já estudou a importância do papel do docente em todo o processo educacional, porém não falamos ainda sobre outro fator muito importante, que é a participação do ambiente
familiar.
Há alguns anos, quando falávamos de fracasso escolar, o problema estava praticamente todo relacionado ao professor, ou seja, ela era o grande responsável pelo bom ou mau
andamento dos seus alunos. Com o passar do tempo, vimos que são inúmeros os problemas que norteiam essa situação e não somente o despreparo ou incompetência de um professor. Sabemos que o docente pode ser um forte influenciador no desenvolvimento da criança, mas não é o único norteador.
O professor é a peça principal nesse processo, cabe a ele ser o norteador do ambiente de alfabetização, porém não podemos esquecer do ambiente familiar, que é tão importante
quanto o ambiente educacional. Já foi a época em que se acreditava que a criança adquire conhecimentos somente através da escola. O ambiente familiar também tem caráter social e se dá também pela interação, por isso a família também é responsável para o melhor
desenvolvimento educacional da criança. Dentro do contexto social e na família da criança podem ocorrer práticas da língua escrita de forma natural e espontânea.
Figura 11– Leitura na infância Fonte: 2081671/Pixabay
Quando fazemos uma simples leitura de uma história para nossos filhos antes de dormir, não somente estamos estimulando o desenvolvimento como direcionando a criança ao seu aprendizado natural. Lembra quando Emília Ferreiro disse que a criança se torna leitora antes mesmo de ser? Isso mesmo, a leitura dentro do ambiente familiar impulsiona a criança a ser um leitor antes de ser alfabetizado.
Outro fator importante no ambiente familiar é o estímulo aos desenhos e suas representações ou até mesmo ensinar as crianças a escreverem seus próprios nomes, e
também o conceito de numerais. Todo esse conhecimento adquirido dentro de casa pode ser o reflexo do que a criança irá aprender no ambiente escolar.
 (
Voltar
O
 
letramento
 
na
 
aquisição
 
da
 
escrita
)
O letramento na aquisição da escrita
Se a prática da língua escrita é influenciada por diversos fatores, é fato que o letramento decorre dessa participação, das práticas cotidianas, das vivências e situações reais de
leitura e escrita. Atos costumeiros como ler revistas ou jornais, escrever um bilhete, ler um livro, contribuem para que as crianças possam aprender as diferentes formas do texto escrito. Kleiman afirma que:
Assim, nesse contexto, o letramento é desenvolvido mediante a participação da criança em eventos que pressupõem o conhecimento da escrita e o valor do livro como fonte fidedigna de informação e transmissão de valores, aspectos esses que subjazem ao processo de escolarização com vistas ao letramento acadêmico. Note-se que para a criança cujo
letramento se inicia no lar, no processo de socialização primária, não procede a
preocupação sobre se ela aprenderá ou não, muito presente, entretanto, nos pais de grupos marginalizados. (KLEIMAN, 1998.p 183)
Quando fazemos uma reflexão sobre o letramento na língua escrita, podemos mencionar alguns fatores muito importantes que possam contribuir para que a criança tenha o
domínio do conteúdo e da informação. Muitos pesquisadores sobre o assunto são unânimes em dizer que quando se trata da linguagem escrita, há ainda mais um empobrecimento nos dias atuais. Isso devido também ao uso abusivo da tecnologia, muitos jovens são incapazes de redigir um texto porque não possuem mais bases gramaticais suficientes para tal. A
linguagem escrita entre eles é escassa e muitas crianças não conseguem nem ao menos
fazer uma simples redação. O problema é tão grande que muitas crianças não conseguem
fazer a leitura de um livro, mas conseguem ler um texto pequeno de uma revista de fofocas.
Práticas para o letramento da língua escrita
É claro que existem muitas práticas que favorecem a boa utilização da língua escrita. Segundos alguns pesquisadores, as práticas mais estimulantes são:
1. - Leitura de um livro: embora essa prática infelizmente não esteja enraizada em nossa cultura, essa é, sem dúvida a melhor maneira de aquisição de escrita, ou seja, quando lemos um livro, apropriamos de novas palavras, novos vocabulários e até mesmo de regras ortográficas e gramaticais;
2. Leitura de periódicos: os jornais e revistas também são fontes de muito conhecimento;
3. Escrever um e-mail: antigamente as pessoas passavam horas escrevendo cartas umas para as outras. Todo o processo era muito prazeroso, pois criava-se uma expectativa desde o início. Era muito comum as pessoas escreverem várias páginas. Hoje em dia, sabemos que não é bem isso que acontece e a comunicação para quem está distante é por e-mail. Escrever um e-mail pode sim, estimular o desenvolvimento da língua escrita;
4. Escrever um bilhete: muitos professores ainda praticam com seus alunos o uso do bilhete na sala de aula, porque além da interação que ele propõe entre os alunos, as crianças podem treinar técnicas e vivenciar sua língua. Os bilhetes geralmente são mais objetivos e por isso facilita o desenvolvimento daescrita
Em Nova York é muito comum as crianças passarem suas férias dentro de uma biblioteca. A leitura é muito estimulada em países desenvolvidos, por isso é muito comum espaços
destinados a públicos diferentes. No Reino Unido e em alguns países da Europa mais da metade da população fazem o uso da leitura e leem mais de um livro por mês.
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: “Prática pedagógica alfabetizadora: aquisição da língua escrita como processo sociocultural” (BRITO, A.E). Acessível pelo
link:https://docplayer.com.br/1043960- Pratica-pedagogica-alfabetizadora-a-aquisicao- dalingua-escrita-como-processo-sociocultural.html.(Acesso 21/01/19)
 (
Voltar
Estratégias
 
da
 
leitura-
 
Parte
 
I
)
Estratégias da leitura- Parte I
 (
0:00
 
/
 
5:09
)
Vamos dar início a algumas técnicas ou regras que podem ser usadas no uso da leitura
dentro e fora da sala de aula ou até mesmo atividades sugeridas que facilitarão no processo de formação. Vimos que a leitura é tão importante para a formação do indivíduo e estimula também outros conhecimentos. O bom leitor dispõe de muitos recursos e tem domínio
sobre algumas regras e normas que só a leitura pode proporcionar.
Mesmo que nossa cultura não estimule o uso da leitura, todos sabem quão importante é para nosso crescimento. Nesse pressuposto, você se considera um leitor assíduo? Reflita sobre isso.
 (
Voltar
)
 (
A
 
leitura
 
como
 
instrumentação
 
cultural
)
A leitura como instrumentação cultural
Sabemos que o ato de ler é um ato extremamente cultural. Quanto mais somos motivados a leitura, maiores são as chances de nos tornarmos leitores fervorosos. Infelizmente, a grande maioria dos brasileiros não possuem o hábito da leitura e os que possuem, muitas vezes não tem acesso aos materiais, sejam livros ou periódicos. A leitura é um processo ativo e
dinâmico, quem faz o bom uso da leitura está sujeito a muitas possibilidades e tem a maior capacidade de criação. Quanto menos o indivíduo lê, menos ele é integrado no mundo
letrado.
A compreensão da leitura é um processo que se inicia desde o nascimento, como as leituras de histórias que nossos pais nos contam antes de dormir. Esse processo não é automático e precisa ser ensinado e praticado desde cedo. Ao longo de muitos anos, diversos
pesquisadores da área persistiram em dizer que a leitura era um processo individual,
porém quando fazemos o uso da leitura em conjunto, o desenvolvimento pode ser ainda maior.
Figura 13: Prazer de ler
Fonte: Pezibear, Pixabay, 2019.
Existem estratégias que podem facilitar a compreensão de textos nas crianças e também em alunos mais velhos. É válido pensar que todas as abordagens de leitura são utilizáveis e que podemos, como professores, fazer uma adaptação a cada uma delas de acordo com a nossa turma.
Baseadas no texto da Universidade de Londres, e Roger Beard, faremos uma análise de algumas estratégias a seguir:
Aprendizagem cooperativa
Todos os alunos fazem uma leitura coletiva e depois discutem sobre a compreensão do texto. Nessa abordagem, os alunos participam desde o início da leitura no seu modo coletivo.
Trabalhei em uma escola construtivista em que era muito comum essa abordagem. Sentávamos todos no chão em círculo e cada aluna fazia a leitura de uma parte do texto. Após o término do capítulo, discutimos sobre a compreensão da história e dávamos inicio novamente a leitura. Desta maneira, os alunos participavam ativamente da história e não havia tempo nenhum tipo de distração. A aprendizagem coletiva pode ser feita .
Monitorar a compreensão
O leitor deve fazer uma compreensão do texto enquanto realiza a leitura, ele pode fazer uma releitura para melhorar a compreensão do texto. No processo de monitoramento, o leitor faz uma analise central do texto para depois usufruir de fato desse processo.
Estrutura do enredo
Nessa estratégia o leitor é colocado em alguns posicionamentos nos quais deve responder ou perguntar: a quem; o quê; onde; quando; por quê.
Após o leitor fazer a leitura do texto, ele usufrui desse processo de forma mais regrada, ou seja, para a sua compreensão, ele deve de fato responder as perguntas que ele mesmo indagou.
Não é muito comum essa abordagem nos dias de hoje porque demanda muito tempo de compreensão.
Organizadores semânticos e gráficos
O professor pede ao aluno a representar o texto em forma de figuras, sejam gráficos ou desenhos.
Todas as formas de expressão são consideradas texto, até mesmo figuras ou desenhos. Nessa abordagem, o aluno deve criar dentro do contexto proposto o texto através da imagem que
tiver em mente, ou seja, ele irá fazer uma representação do texto através de figuras. É um texto em outra forma.
Responder Perguntas
Essa é a prática mais comum utilizada nas escolas. O aluno deve responder as perguntas baseadas na compreensão do texto.
Muitas escolas ainda adotam esse único método de leitura. Geralmente as perguntas são de fácil compreensão dentro do texto ou muito óbvias.
Caso você queira também utilizar esse método com seus alunos, faça perguntas que instiguem uma reflexão e que o aluno tenha que fazer uma releitura do texto.
Muitas universidades utilizam essa forma de interpretação, porém a resposta está intrínseca no texto e não exposta.
Resumo
Muito usual também nas escolas. Após a leitura o leitor deve colocar no papel as principais ideias contidas no texto.
O resumo serve para que o aluno faça uma releitura e aponte os pontos principais do texto.
Pode ser muito útil em muitos casos, porém não podemos esquecer que muitos alunos se
sentem desmotivados com essa prática. Deve haver uma proposta diferente, uma inovação, só assim haverá estímulo.
Dentre as abordagens de leitura, qual você aplicaria mais vezes em sala de aula?
O uso da metodologia se dá pela forma como o docente passa a informação ou atividade,
portanto vale ressaltar que o que pode dar certo em uma sala, pode não dar certo em outra. Você, como professor, deverá conhecer seus alunos e só assim poderá fazer uma separação de abordagem. Algumas abordagens podem estimular alguns alunos enquanto outras
podem simplesmente criar um pânico de leitura para eles.
Faça uma analise da turma, converse com eles, conte quais são seus objetivos para tal posicionamento. Procure entendê-los e fazer com que eles falem a “mesma língua” que você. Não adianta você escolher uma abordagem muito criativa, se os alunos não entenderem qual o verdadeiro objetivo dessa abordagem.
Lembre-se que você é aquela pessoa que irá dar o leme para eles remarem, você não pode remar por eles, deixe os fazer isso sozinhos, cada um a seu tempo e sua individualidade.
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: “Como estimular a leitura na alfabetização” (MANSANI,MARA). Acessível pelo link:https://novaescola. org.br/conteudo/12674/blog-de-alfabetizacao- comoestimular-a-leitura-na-alfabetizacao-com-diferentes-textos (Acesso em 21/01/19)
 (
Voltar
)
e-book
Página 1
Página 2
Página 3
Página 4
Página 5
Página 6
Página 7
Página 8
Página 9
Página 10
Página 11
Página 12
Página 13
Página 14
Página 15
Página 16
Página 17
Página 18
Página 19
Página 20
Página 21
Página 22
Página 23
Página 24
Página 25
Página 26
Página 27
Página 28
Página 29
Página 30
Página 31
Página 32
Página 33
Página 34
Página 35
Página 36
Página 37
Página 38
Página 39
Página 40
Página 41
Página 42
Página 43
Página 44
Página 45
Slides
Slide 1
Slide 2
Slide 3
Slide 4
Slide 5
Slide 6
Slide 7
Slide 8
Slide 9
Slide 10
Slide 11
Slide 12
Slide 13
Slide 14
Slide 15
Slide 16
Slide 17
Slide 18
Slide 19
Slide 20
Slide 21
Slide 22
Slide 23
Slide 24
Slide 25
Slide 26
Slide 27
Slide 28
Slide 29
Slide 30
Slide 31
Vídeos
Apresentação
 (
0:00
 
/
 
2:32
)
Conceitos e definições sobre Alfabetização e Letramento
 (
0:00
 
/
 
2:46
)
Histórico e evolução das práticas de alfabetização
 (
0:00
 
/
 
2:23
)
A prática alfabetizadora e os processos de apropriaçãoda língua escrita
 (
0:00
 
/
 
2:20
)
Estratégias da leitura- Parte I
 (
0:00
 
/
 
5:09
)
Mapa Conceitual

Continue navegando