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Inconstitucionalidade da Taxa de Calçamento e Pavimentação

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PARECER JURÍDICO
Carolina Ribeiro
Gabriela Gonçalves
Karla Aparecida
Michaela Francine
Vitor Prates
Ygor Leonardo
EMENTA: A impossibilidade da instituição de taxa de calçamento e pavimentação.
INTERESSADO: João
DATA: 15 de novembro de 2020.
RELATÓRIO: 
Trata-se de parecer sobre a cobrança de uma taxa, instituída pelo poder executivo do município A, que condiz em um tributo referente ao calçamento e pavimentação das ruas despavimentadas.
A cobrança tem com base de cálculo correspondente a 1% (um por cento) do valor de cada imóvel, sendo cobrada de todos os proprietários de imóveis do município.
É o relatório, passa-se ao parecer opinativo.
FUNDAMENTOS JURÍDICOS:
A cobrança feita pelo poder executivo municipal a todos os moradores foi intitulado como uma taxa, na Constituição Federal, há a previsão de quem pode instituir e do que vem a ser taxa, em seu art. 145, inciso II:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: 
(...)
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
A previsão da taxa também é estabelecida no art. 77 do Código Tributário Nacional, e assim como estabelecido em ambos os artigos, a taxa pode ser instituída por qualquer ente, desde que esteja dentro de sua competência, contudo, devem ser observados alguns requisitos para sua criação.
As taxas podem ser instituídas por lei, quando em razão do exercício do poder de polícia, uma questão de fiscalização do poder executivo do ente em questão, com por exemplo uma taxa cobrada pelo poder de polícia para autorizar algo.
Além da possibilidade de criação de taxas em razão do exercício de poder de polícia, também é possível a instituição do tributo em razão de utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua contribuição.
A utilização efetiva diz respeito a gozo do serviço pelo contribuinte de todas as formas, sendo de forma potencial, ou seja, quando for de utilização obrigatória pelo contribuinte, os serviços são postos a disposição do cidadão mediante uma atividade em perfeito funcionamento.
Essa atividade efetiva e potencial, deve ser especifica, quando pode ser destacada em unidade autônoma, e divisível, isto é, quando passível de utilização, esta deve ser de forma individual e com um custo definido para casa usuário.
 Após toda essa análise do que vem a ser taxa, previsão estabelecida pela CF/88, verifica-se que a cobrança do poder executo do município A, em razão do calçamento e da pavimentação, não pode ser considerada uma taxa, visto que não há requisito da divisibilidade previsto no tributo, sendo assim, inconstitucional.
O serviço de calçamento e pavimentação realizado pelo poder executivo é um benefício da população em geral, de forma indivisível, e devem ser cobradas por meio de impostos ou contribuições de melhoria.
Corrobora com a análise, o entendimento do STF (RE 656751 / SC):
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. TAXA DE CONSERVAÇÃO DE CALÇAMENTO. SERVIÇO GERAL E INDIVISÍVEL. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. A taxa cobrada pela realização de obra pública ou pela limpeza, manutenção ou conservação de bens ou logradouros públicos é inconstitucional, uma vez que esses serviços são realizados em benefício da população em geral (uti universi) e de forma geral e indivisível, cujo custeio deve ser realizado, em regra, por meio dos impostos ou contribuição de melhoria pública. Precedentes: RE 576.321-RG-QO, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, DJE 13/2/09, Súmula Vinculante 19 do STF, RE 140.779, Rel. Min. Ilmar Galvão, Tribunal Pleno, DJ 8/9/95, RE 116.147, Rel. Min. Célio Borja, 2ª Turma, DJ 8/5/92, RE 412.689-AgR, Rel. Min. Eros Grau, 1ª Turma, DJ 24/6/05, ARE 698.248-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, 2ª Turma, DJe 8/11/13, RE 540.951-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe 19/9/12, RE 337.349-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 22/11/02. 2. No caso dos autos, a taxa é cobrada pela Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 7293400. RE 656751 / SC conservação de calçamento, serviço público prestado em benefício da população em geral e de forma indivisível, impondo-se, dessa forma, o reconhecimento de sua inconstitucionalidade. 3. In casu, o acórdão recorrido assentou: “EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL – TAXA DE CONSERVAÇÃO DE VIAS E LOGRADOUROS PÚBLICOS – SERVIÇO PÚBLICO INDIVISÍVEL E NÃO PESPECÍFICO – ‘PREÇO PÚBILCO’ DE EMISSÃO E REMESSA DE CARNÊ PARA RECOLHIMENTO DE TRIBUTOS – COBRANÇA INDEVIDA. São inconstitucionais as leis que instituem ‘taxa de pavimentação’ e ‘taxa de limpeza e conservação’ referentes a calçamentos e demais pavimentos de vias públicas, eis que não correspondem a serviços ‘uti singuli’ e sim a serviços ‘uti universi’. É ilegal repassar aos contribuintes os encargos inerentes à atividade de recolhimento de tributos, através do chamado ‘preço público’ (ou taxa de expediente) relativo à confecção e à remessa dos respectivos carnês”. 4. Recurso DESPROVIDO.
Ou seja, diante da inconstitucionalidade da cobrança da taxa de calçamento e pavimentação pelo poder executivo no município A, como já destacado anteriormente, a melhor técnica jurídica orienta para que seja pleiteado o que é de direito, isto é, restituição do valor referente a cobrança.
Salvo melhor entendimento, é o parecer
Belo Horizonte, 15 de novembro de 2020.

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