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Fratura de fêmur O fêmur é o maior e mais forte osso do corpo e sua principal função é suportar a carga e a marcha. Geral- mente, as fraturas femorais são de indicação cirúrgica. FRATURA PROXIMAL: do quadril. • Fratura do colo do fêmur, transtrocantérica ou sub- trocantérica. FRATURA DIAFISÁRIA: do fêmur propriamente dita. FRATURA DISTAL: joelho. • Supracondiliana, condiliana e intercondiliana. FRATURA DE COLO DE FÊMUR Corresponde a 50% das fraturas do quadril. As mulheres idosas têm mais chance de fratura de colo durante a vida. • 15% é sem desvio. • 85% desviada: maioria em mulheres idosas. • Mecanismo mais comum: queda da própria altura. • Mortalidade de 25%. A cabeça e o colo do fêmur recebem o peso do corpo de forma angulada, o que propicia instabilidade ao foco de fratura. Além disso, a cabeça femoral tem vascularização precária. Os vasos que a nutrem são facilmente lesados no trauma, predispondo à necrose avascular da cabeça do fêmur. O hematoma local que se forma também causa isquemia na região. Instabilidade + isquemia ➜ pseudoartrose. Triângulo de Ward: local com menor concentração de trabéculas ósseas, portanto, com menos rigidez. Região do calcar: área mais densa. Epidemiologia DISTRIBUIÇÃO BIMODAL: homens jovens (fratura por trauma de alta energia) e idosos (queda). Risco de nova fratura de quadril em 2 anos: 10% em mulheres e 5% em homens. A segunda fratura é do mesmo tipo em 70% dos casos. Fatores de risco IMC baixo (< 18.5) Baixa exposição ao sol Baixo nível de atividade Tabagismo Osteoporose: principal fator predisponente Mãe com Hx de fratura do quadril Risco de queda Mecanismo Queda da própria altura: transmissão da força ao colo pelo trocânter maior ➜ principal causa. Queda em rotação externa ➜ tensão pela cápsula an- terior e iliofemoral Fratura por stress ou patológica: osteoporose, hiper- paratireoidismo, DRC, artrite reumatóide. Trauma de alta energia: pacientes jovens ➜ pode ha- ver fratura associada de diáfise femoral. A maioria é trauma isolado. Em pacientes idosos, que fazem fratura por queda da própria altura, pode haver também Fx de rádio distal e úmero proximal. No idoso, é raro lesão neurovascular, mas pode estar pre- sente em jovens. Quadro clínico FRATURAS DESVIADAS Impotência funcional. Dor à mobilização. Deformidade em rotação externa e encurtamento. Investigar punho e ombro em QPA. FRATURAS NÃO DESVIADAS: clínica pode não ser tão exuberante e o paciente pode conseguir deambular. • Alguns pacientes conseguem deambular com clau- dicação. • Dor na virilha ou no lado medial do joelho (nervo obturatório). • RX pode ser normal ➜ solicitar RNM. Diagnóstico RX AP e perfil de pelve, de preferência em rotação in- terna. Se dificuldade de identificar: cintilografia, TC ou RNM (atualmente o mais útil). CLASSIFICAÇÃO DE GARDEN: está relacionada ao ali- nhamento das trabéculas com a cabeça do acetábulo. I: lesão incompleta, sem desvio ou impactada em valgo. Na RX, perda do alinhamento das trabéculas. II: lesão completa, sem desvio. III: desvio parcial (em varo). IV: lesão com desvio total. Tratamento O tratamento é sempre cirúrgico e deve ser en- carado como emergência ortopédica nas fraturas des- viadas em pacientes jovens e ativos (adiamento por > 48h é fator preditivo de mortalidade 1 ano após a in- tervenção). Mesmo nas fraturas Garden I e II, embora a terapia conservadora possa ser feita, a chance de evoluir para desvio é grande. CONSERVADOR: uso de muletas. CIRÚRGICO: fixação interna, endoprótese tipo hemiar- troplastia ou endoprótese tipo artroplastia total. Fratura não desviada (Garden I e II): fixação interna com parafusos canulados. Fratura desviada: • Se jovem e ativo, redução fechada + fixação interna. A prótese não é uma boa escolha porque os pacien- tes viverão tempo suficiente para que ela crie com- plicações (15-20 anos). • Pacientes > 65 anos: endoprótese. Endoprótese: deambulação mais precoce do que com a fixação interna. É hemiartroplastia quando substitui a cabeça e o colo femorais e artroplastia total quando substitui também o acetábulo. Necrose avascular da cabeça do fêmur Também chamada de osteonecrose, é uma com- plicação que ocorre pela lesão de pequenas artérias que nutrem o osso fraturado, seja pela própria fratura ou pela redução + fixação interna É mais comum em homens entre a 3ª e a 5ª década de vida. FATORES DE RISCO: etilismo, tabagismo, corticotera- pia sistêmica prolongada, gota, AR, LES, AIDS. QUADRO CLÍNICO: dor e limitação funcional. DIAGNÓSTICO: pelo RX é difícil – mostra uma imagem radiodensa na cabeça do fêmur. A RNM é a mais semsí- vel para detecção precoce. TRATAMENTO Terapia conservadora: analgesia, AINES, redução da carga com uso de muletas. Deve ser feita apenas em assintomáticos jovens com < 15% de necrose. Descompressão óssea: jovens em fase inicial de do- ença ou em pacientes com anemia falciforme (resul- tado ruim com prótese). Osteotomia: jovens com colapso parcial (estágio 3) ou com cistos ósseos. Endoprótese: prótese total de quadril nos idosos, na presença de colapso acentuado ou osteoartrose (está- gio 4) ou quando área de necrose > 30%. FRATURA INTERTROCANTERIANA (34%) É mais comum em idosos do sexo feminino e se relaciona à osteoporose. O principal mecanismo é a queda da própria altura. É uma fratura extracapsular, o que torno o risco de necrose avascular baixo. Diferente das fraturas de colo, as intertrocantéri- cas possuem alto poder de consolidação, porque a metáfise tem maior vascularização. Quadro clínico Dor no quadril, agravada pela sustentação do peso e pelo movimento. • Encurtamento e rotação externa mais pronuncia- dos que na fratura de colo femoral. • Aumento de volume do quadril ou da região proxi- mal do fêmur, por ser extracapsular. Tratamento A cirurgia é a terapia de escolha (idealmente nas primeiras 48h), apesar de o poder de consolidação in- tertrocantérico ser alto. Isso porque a imobilização em decúbito traz muitas complicações. • Redução fechada + fixação interna com placa late- ral e parafuso deslizante. Em fraturas instáveis, há risco de consolidação viciosa em varo. FRATURA SUBTROCANTÉRICA É a menos comum das fraturas proximais do fê- mur. Sua ocorrência deve levar à suspeita de uma fra- tura patológica. Traço de fratura localizado entre a linha transtrocan- térica e 5 cm abaixo dela. CLÍNICA: semelhante à transtrocantérica. TTO: cirúrgico redução fechada + fixação interna. FRATURA DA DIÁFISE FEMORAL Geralmente resulta de trauma de alta energia. Os pacientes com fratura diafisária de fêmur devem ser avaliados quanto a outros traumas. A artéria femoral se encontra mais próxima do osso no terço distal da diáfise, podendo ser lesada. Hematoma extrafraturário pode chegar a 2,4L. Pode ocorrer também lesão do nervo ciático e do nervo femoral. A diáfise femoral é recoberta por uma grande quantidade de tecido mole, permitindo boa consolida- ção. No entanto, essas fraturas são, via de regra, instá- veis, necessitante de fixação interna. QUADRO CLÍNICO: trauma de alta energia + deformi- dade angular ou rotacional + aumento do volume da coxa + impotência funcional. DIAGNÓSTICO: RX AP e perfil. Tratamento Cirúrgico, com redução preferencialmente fe- chada. A fixação interna é feita com haste intramedu- lar bloqueada (1ª escolha) ou com placas e parafusos. A principal vantagem da haste intramedular é evitar consolidação viciosa. • Fixação nas primeiras 48h. • Método conservador é exceção: tração esquelética por 6-12 semanas e depois imobilização gessada pelvipodálica.
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