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QUESTÕES DO ENADE - DIREITO COMENTADAS 
 
 
 
Curso: Direito 
 
 
 
Organizador(es): Ma. Neire Divina Mendonça e Me. Alessandro Gonçalves da Paixão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
QUESTÃO Nº 11 
Autor: Me. Frederico Alves da Silva 
QUESTÃO Nº 12 
Autor: Es. Edson Lucas Viana 
QUESTÃO Nº 13 
Autor: Me. André Luiz Aidar Alves 
QUESTÃO Nº 14 
Autor(a): Ma Ana Flávia Borges e Ma. Ana Paula Félix Gualberto 
QUESTÃO Nº 15 
Autor(a): Me.Marcelo Bareato 
QUESTÃO Nº 16 
Autor(a): Dr. Luiz Carlos Falconi 
QUESTÃO Nº 17 
Autor(a): Me. Eurípedes Clementino Ribeiro Júnior 
QUESTÃO Nº 18 
Autor(a): Me. Guelber Caetano Chaves 
QUESTÃO Nº 19 
Autor: Me. José Cristiano Leão Tolini 
QUESTÃO Nº 20 
Autor(a): Es. Sergio Luis Oliveira dos Santos 
QUESTÃO Nº 21 
Autor(a): Me. Carlos Henrique Reis Rochael 
QUESTÃO Nº 22 
Autor(a): Ma. Claudia Glênia Silva de Freitas 
QUESTÃO Nº 23 
Autor(a): Ma. Marcia Pimenta de Paiva 
QUESTÃO Nº 24 
Autor(a): Es. Cassiano Antônio Lemos P Junior 
QUESTÃO Nº 25 
Autor(a): Ma. Roberta Cristina de M. Siqueira 
QUESTÃO Nº 26 
Autor(a): Es. Luiz Antônio de Paula 
QUESTÃO Nº 27 
Autor(a): Ma. Larissa Priscila Passos Bareato 
QUESTÃO Nº 28 
Autor(a): Me. Paulo Henrique Faria Nunes 
QUESTÃO Nº 29 
Autor(a): Dr. José Antônio Tietzmann e Silva 
QUESTÃO Nº 30 
Autor(a): Dr. Clodoaldo Moreira dos Santos Junior 
QUESTÃO Nº 31 
Autor(a): Me. Cleiton Ricardo das Neves 
QUESTÃO Nº 32 
Autor(a): Me. Otávio Alves Forte 
QUESTÃO Nº 33 
Autores: Ma. Lúcia de Fátima Lôbo C. Amado e Marisvaldo Cortez Amado 
QUESTÃO Nº 34 
Autor(a): Dr. Ari Ferreira de Queiroz 
QUESTÃO Nº 35 
Autor(a): Es. Juliana Lourenço de Oliveira 
QUESTÃO DISCURSIVA 03 
Autor(a): Me. Rodrigo de Oliveira Caldas 
QUESTÃO DISCURSIVA 04 
Autor(a): Dra Eliane Romeiro 
QUESTÃO DISCURSIVA 05 
Autores: Dra. Marina Rubia Mendonça Lôbo, Es. Benjamim de Souza Lôbo Neto e Es. 
Marina Santana de Lacerda 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO Nº 11 
 
DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS. O MARCO REFERENCIAL DA 
OCUPAÇÃO É A PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. 
NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DAS SALVAGUARDAS INSTITUCIONAIS. 
PRECEDENTES. 1. A configuração de terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, 
nos termos do art. 231, § 1º, da Constituição Federal, já foi pacificada pelo Supremo 
Tribunal Federal, com a edição da Súmula 650, que dispõe: os incisos I e XI do art. 20 
da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que 
ocupadas por indígenas em passado remoto. 2. A data da promulgação da 
Constituição Federal (5.10.2009) é referencial insubstituível do marco temporal para 
verificação da existência da comunidade indígena, bem como da efetiva e formal 
ocupação fundiária pelos índios (RE 219.983, DJ 17.9.1999; Pet. 3.388, DJe 
24.9.2009). 3. Processo demarcatório de terras indígenas deve observar as 
salvaguardas institucionais definidas pelo Supremo Tribunal Federal na Pet. 3.388 
(Raposa Serra do Sol). 4. No caso, laudo da FUNAI indica que, há mais de setenta 
anos, não existe comunidade indígena e, portanto, posse indígena na área 
contestada. Na hipótese de a União entender ser conveniente a desapropriação das 
terras em questão, deverá seguir procedimento específico, com o pagamento de justa 
e prévia indenização ao seu legítimo proprietário. 5. Recurso ordinário provido para 
conceder a segurança. 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RMS 29087. Julgamento: 16/09/2014. 
Disponível em: <www.stf.jus.br>. Acesso em: 15 set. 2015 (adaptado). 
 
Considerando essa ementa e o regime jurídico das terras indígenas, avalie as 
seguintes afirmações. 
I. No caso julgado pelo STF, considerou-se que as terras não eram “tradicionalmente 
ocupadas pelos índios”, em razão de nelas não haver comunidades em 1988. 
II. Conforme a decisão do STF, torna-se juridicamente inviável a União desapropriar 
as terras discutidas, por não serem reputadas indígenas. 
III. A propriedade de terras “tradicionalmente ocupadas pelos índios” é das aldeias, 
podendo, somente por elas, ser transferida a particulares ou ao Poder Público. 
IV. Compete à União proteger os bens indígenas bem como realizar a demarcação de 
suas terras. 
 
É correto apenas o que se afirma em 
A. I e II. 
B. I e IV. 
C. III e IV. 
D. I, II e III. 
E. II e III e IV. 
 
 
Gabarito: B 
 
Tipo de questão: fácil 
 
Conteúdo avaliado: Direito Constitucional, Direito Civil, Sociologia e Antropologia 
Jurídicas 
 
Autor(a): Me. Frederico Alves da Silva 
 
Comentário: 
 
 II. Conforme a decisão do STF, torna-se juridicamente inviável a União 
desapropriar as terras discutidas, por não serem reputadas indígenas. 
A viabilidade de desapropriação será analisada pelo poder público. A questão não 
controla o fato do Poder Executivo em realizar ou não a desapropriação, apenas 
conduz que será utilizado procedimento comum de desapropriação com a devida 
indenização ao proprietário. Assim, a alternativa está incorreta. 
 
 III. A propriedade de terras “tradicionalmente ocupadas pelos índios” é das 
aldeias, podendo, somente por elas, ser transferida a particulares ou ao Poder 
Público. 
 
 O índio não possui propriedade das terras indígenas, apenas usufruto vidual. 
Não será em nenhuma hipótese oportunizado aos índios a possibilidade de 
transferência de terras aos particulares ou ao Poder Público. Assim, a alternativa está 
totalmente incorreta. Ora, apesar de proprietária, a União não tem direitos de gozo e 
fruição sobre essas terras. Ao contrário, tais direitos cabem, exclusivamente, às 
comunidades indígenas, por meio do institutos da posse permanente e do usufruto 
exclusivo (art. 231, §2º). 
 Além disso, a propriedade atribuída à União é decorrente de enumeração 
constitucional. Porém, é a própria Constituição que atribui aos índios "direitos 
originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam" (art. 231, caput). 
 Só há uma forma adequada de conciliar essas duas disposições: a União é 
proprietária a título derivado, pois os direitos originários são de titularidade das 
populações indígenas. 
 
 
Referências: 
BRASIL. Ministério da Justiça. Fundação Nacional do Índio. Procedimentos para 
identificação de terras indígenas. Manual do Antropólogo-Coordenador, 1997. 
Disponível em: 
<http://www.funai.gov.br/quem/legislacao/pdf/Manual_Antropologo.pdf>. Acesso em: 
11 mar. 2011. [ Links ] 
BRASIL. Ministério da Justiça. Portaria nº 14, de 9 de janeiro de 1996. Estabelece 
regras sobre a elaboração do Relatório circunstanciado de identificação e delimitação 
de Terras Indígenas a que se refere o parágrafo 6º do artigo 2º, do Decreto nº 1.775, 
de 08 de janeiro de 1996. Disponível em: 
<http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/dpt/pdf/portaria14funai.pdf>. Acesso em: 
10 fev. 2015. [ Links ] 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acórdão da Petição nº 3.388 RR. Julgamento de 
19 mar. 2009. Diário da Justiça Eletrônico, n. 181/2009, de 25 set. 2009. Disponível 
em: <http://www.stf.jus.br/arquivo/djEletronico/DJE_20090924_181.pdf>. Acesso em: 
04 nov. 2013. [ Links ] 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acórdão do Agravo Regimental no Recurso 
Extraordinário com Agravo 803.462. Mato Grosso do Sul, 2014. [ Links ] 
http://www.funai.gov.br/quem/legislacao/pdf/Manual_Antropologo.pdf
javascript:void(0);
http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/dpt/pdf/portaria14funai.pdf
javascript:void(0);
http://www.stf.jus.br/arquivo/djEletronico/DJE_20090924_181.pdf
javascript:void(0);
javascript:void(0);
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela (org.). História dos índios no Brasil. 2 ed. São 
Paulo: Companhia das Letras; Secretaria Municipal de Cultura; FAPESP, 1998. 
 
 
QUESTÃO Nº 12 
 
O encaminhamento do menor para a guarda de terceiro encontra amparo 
principiológico na proteção integral e no melhor interesse da criança e do 
adolescente, previstos no art. 227, caput, da Constituição Federal de 1988, e também 
no Estatuto da Criançae do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069/1990. O artigo 19 do 
ECA dispõe que “é direito fundamental de toda criança e adolescente ser criado e 
educado no seio de sua família natural, e, excepcionalmente, em família substituta, 
assegurada a convivência familiar e comunitária”. Essa excepcionalidade estará 
configurada na hipótese de a família natural não ser adequada ou não atender aos 
direitos e garantias vinculados ao princípio da proteção integral. Nos termos do artigo 
28 do ECA, a colação da criança e/ou do adolescente em uma família substituta, por 
meio da utilização dos instrumentos legais da guarda, da tutela e da doação, leva 
sempre em conta melhor interesse do menor. Em março de 2015, o Supremo Tribunal 
Federal (STF) reconheceu o direito de adoção por casais homoafetivos, pelo 
entendimento de que “A Constituição Federal não faz a menor diferenciação entre a 
família formalmente constituída e aquela existente ao rés dos fatos. Como também 
não distingue entre a família que se forma por sujeitos heteroafetivos e a que se 
constitui por pessoas de inclinação homoafetiva”. 
 
(RE/615264, Relator Min. Marco Aurélio Mello, 19/03/2015) 
 
Tendo como base a matéria tratada, assinale a opção correta. 
A. O instituto da guarda – relacionado à obrigação de se prestar assistência material, 
moral e educacional à criança ou ao adolescente, visando ao seu melhor interesse – 
está vinculado à curatela, para o atendimento a situações de falta dos pais ou 
responsáveis. 
B. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, o 
que independe da situação jurídica da criança ou do adolescente, porém, em se 
tratando de colocação em família substituta estrangeira, a medida é excepcional e 
unicamente admissível na modalidade de acolhimento. 
C. A adoção de crianças e adolescentes por casal homoafetivo, autorizada pelo STF, 
que reconheceu como entidade familiar a decorrente da união estável composta por 
pessoas do mesmo sexo, confere ao adotando a condição filial e de dependente, para 
todos os fins de direito, exceto os sucessórios, dada a lógica vedação constitucional. 
D. Nos termos da legislação civil em vigor, a tutela será deferida somente nos casos 
em que a criança ou o adolescente, em razão de enfermidade ou deficiência mental, 
não apresentar o necessário discernimento para os atos da vida civil ou que, por outro 
motivo persistente, não tiver condições de exprimir livremente a sua vontade. 
E. Os ex-companheiros, os judicialmente separados e os divorciados podem adotar 
conjuntamente na medida em que o estágio de convivência com o adotando tenha 
sido iniciado na constância do período de convivência do casal, sendo necessária a 
comprovação da existência de vínculos de afinidade e afetividade como o não 
detentor da guarda que justifiquem a excepcionalidade da concessão. 
 
 
 
Gabarito: E 
 
Tipo de questão: 
 
Conteúdo avaliado: Direito Constitucional, Direito Civil 
 
Autor(a): Es. Edson Lucas Viana 
 
Comentário: 
 
 A assertiva (A) está errada, embora sua redação estaja parcialmente em 
consonância com o caput do art. 33, do ECA, seu texto está incorreto ao afirmar que 
o Instituto da guarda está vinculado à curatela. A guarda e a curatela não se 
confundem, a guarda, como uma das espécies de colocação em família substituta, 
está regulamentada do art. 33 ao 35, do ECA, como medida de proteção da criança e 
do adolescente. A curatela, em que pese alguns doutrinadores sustentarem sua 
aplicabilidade, também, às pessoas que não atingiram a maioridade, 18 anos, não se 
coaduna com a guarda estatutária, porque a curatela tem como premissa proteger a 
pessoa civilmente maior (art. 5º, CC), que encontra-se incapacitada para os atos da 
vida civil nas hipótese descritas no art. 1.767 do CC. Portanto, a guarda e a curatela 
não estão vinculadas uma à outra. São Institutos autônomos e independentes. 
 A disjuntiva (B) está incorreta. Inicialmente, faz-se necessário destacar que 
somente a frase “unicamente admissível na modalidade de acolhimento”, na 
redação da disjuntiva “B”, está incorreta. As demais são transcrições literais do caput 
do art. 28 e do art. 31 do ECA. A conferir: “A colocação em família substituta far-se-á 
mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da 
criança ou adolescente” (ECA, art. 28, caput). “A colocação em família substituta 
estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de 
adoção.” (ECA, art. 31). Logo, afirmar que é medida excepcional e unicamente 
admissível na modalidade “acolhimento”, está incorreta. 
 A assertiva (C) está incorreta. Vejamos: o ordenamento Jurídico pátrio proíbe 
qualquer discriminação no estado de filiação, seja por relação de casamento, ou por 
adoção, em qualquer arranjo familiar, hétero ou homoafetivo. A corroborar, dispõe o 
art. 227, § 6º, da CF/1988: “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou 
por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer 
designações discriminatórias relativas à filiação.” Nesse diapasão, assevera o caput 
do art. 41 do ECA: “A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos 
direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com 
pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.” Desse modo, a assertiva está 
em desacordo com os textos legais citados, portanto incorreta. 
 A disjuntiva (D) mostra-se incorreta ao contradizer o rol taxativo e não 
simplesmente exemplificativo, das hipótese de colocação de crianças e adolescentes 
sob as espécies de tutela descritas na legislação civil vigente, a saber: “Os filhos 
menores são postos em tutela: I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes 
julgados ausentes; II - em caso de os pais decaírem do poder familiar” (CC, art. 
1.728). Consequentemente, não há qualquer relação entre as hipóteses do instituto 
da tutela com as descritas na disjuntiva (D). 
 Por derradeiro, a assertiva (E) está correta, visto que, sua narrativa é uma 
transcrição, quase, literal do § 4º do artigo 42, do ECA. Mesmo omitindo a 
necessidade dos adotantes acordarem sobre a guarda e o regime de visitas, o texto 
da assertiva não macula a veracidade proposta pela questão. 
 
 
Referências: 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado: em 
busca da Constituição Federal das Crianças e dos Adolescentes. – 4ª. ed. rev., atual. 
e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2018. 
 
ROSSATO, Luciano Alves. Estatuto da criança e do adolescente : comentado artigo 
por artigo / Luciano Alves Rossato, Paulo Eduardo Lépore, Rogério Sanches Cunha. 
– 9ª. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017. 
 
DIAS, Maria Berenice, Manual de direito das famílias / Maria Berenice Dias. – 12ª. ed. 
rev. e atual. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017. 
 
 
 
QUESTÃO Nº 13 
Prezado (a) Cliente do Banco X, 
 
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Disponível em: <http://www.migalhas.com.br>. Acesso em: 15 jul. 2015 (adaptado). 
 
Considerando que entre os clientes e o Banco X, remetente da carta acima, há uma 
relação de consumo, protegida in totum pela Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 
1990, avalie as afirmações a seguir. 
I. A carta remetida configura pequeno “abuso de varejo”, tática empresarial dolosa 
de impingir pequenas perdas a centenas ou milhares de consumidores 
simultaneamente, que se enquadra na categoria dolus bônus, ou seja, dolo tolerável, 
que não torna anulável o negócio jurídico. 
II. Uma ação coletiva teria eficácia na resolução, in totum, do problema entre o 
Banco X e os clientes, conforme a legislação, doutrina e jurisprudência prevalentes, 
que consagram, em caso de procedência do pedido, que a condenação seja 
genérica, fixando a responsabilidade do Banco X pelos danos causados à clientela. 
III. As ações coletivas explicitadas pelo Código de Defesa do Consumidor não 
ensejam litispendência para ações individuais, mas o efeito da coisa julgada erga 
onmes ou utra partes, previsto no Sistema de Proteção ao Consumidor, não 
beneficiará os proponentes das ações individuais, se não for requerida a sua 
suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da 
ação coletiva. 
 
É correto o que se afirma em 
A. I, apenas. 
B. II, apenas. 
C. I e III, apenas. 
D. II e III, apenas. 
E. I, II e III. 
 
 
Gabarito: D 
 
Tipo de questão: 
 
Conteúdo avaliado: Direito Processual Civil, Direito Civil 
 
Autor(a): Me. André Luiz Aidar Alves 
 
Comentário: 
 
 É verdadeiro o que se afirma nas assertivas II e III, tornando correta a 
alternativa D na referida questão. 
 
 Cumpre destacar, inicialmente, que não há qualquer ilicitude no oferecimento, 
pelo Banco X, de seguro adicional de cartão a seus clientes, incluindo novas 
coberturas além daquelas já contratadas. Contudo, o Banco X jamais poderia impor 
aos clientes que NÃO querem contratar o referido serviço a obrigação de entrarem 
em contato com a instituição para requererem o cancelamento de contratação que por 
eles não foi solicitada. Assim, a prática claramente corresponde à hipótese de 
abusividade prevista no artigo 39, III, do Código de Defesa do Consumidor, não 
podendo ser considerada “pequeno abuso de varejo” e, portanto, isenta de anulação 
ou responsabilização. Incorreta, portanto, a assertiva I. 
 
 Quanto ao afirmado nos enunciados II e III, ambos estão absolutamente 
corretos. Tendo em vista que a prática abusiva atinge uma coletividade de clientes, 
uma ação coletiva, com posterior condenação genérica e liquidação individual dos 
respectivos danos, teria eficácia, desde que proposta pelos órgãos legitimados como 
Associações de Consumidores legalmente constituídas há pelo menos um ano, 
Ministério Público e a Defensoria Pública. 
 
 Referida ação também não prejudicaria a propositura ou prosseguimento de 
eventuais ações individuais intentadas por clientes do Banco X, contudo os efeitos da 
coisa julgada erga omnes ou ultra partes não beneficiariam os autores dessas ações, 
salvo se fosse requerida por eles a suspensão das demandas individuais no prazo de 
30 dias a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva, conforme 
disciplina o artigo 104 do CDC. 
 
 
 
Referências: 
 
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Direito do Consumidor. 4ª ed. São Paulo: 
Atlas, 2010. 
NUNES, Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005. 
 
 
QUESTÃO Nº 14 
 - Faz hoje dez anos que faleceu o pai desta menina, disse Anselmo apontando 
para Adelaide. Como sabem o Dr. Bento Varela foi o meu melhor amigo, eu tenho 
consciência de haver correspondido à sua afeição até aos últimos instantes. Sabem 
que ele era um gênio excêntrico; toda a sua vida foi uma grande originalidade. Ideava 
vinte projetos, qual mais grandioso, qual mais impossível, sem chegar ao cabo de 
nenhum, porque o seu espírito criador tão depressa compunha uma cousa como 
entrava a planear outra. 
 
- É verdade, interrompeu o major. 
 
- O Bento morreu nos meus braços, e como derradeira prova de sua amizade confio-
me um papel com a declaração de que eu só abrisse em presença dos seus parentes 
dez anos depois de sua morte. No caso de eu morrer, os meus herdeiros assumiriam 
esta obrigação; em falta deles, o major, a Sra. Adelaide, enfim qualquer pessoa que 
por laço de sangue estivesse ligada a ele. Enfim, se ninguém houvesse na classe 
mencionada, ficava incumbido de um tabelião. Tudo isto havia eu declarado em 
testamento, que vou reformar. O papel a que me refiro, tenho aqui no bolso. 
 
ASSIS, M. Contos Fluminenses. São Paulo: Martin Claret, 2006. 
Publicado originalmente pela Editora Garnier, 
Rio de Janeiro, em 1870 (adaptado). 
 
 O fragmento do texto apresentado faz referência a dois testamentos, dos 
personagens Bento e Anselmo. Com base na relação entre esse texto e o que dispõe 
o Código Civil de 2002, assinale a opção correta. 
 
A. O texto citado expõe o meio testamentário mais simples de ser implementado, 
considerado, todavia, um ato imperfeito em razão de sua forma hológrafa. 
B. O testamento de Bento poderia ter sido escrito de próprio punho ou mediante 
processo mecânico, mas somente teria validade se lido e assinado por quem o 
escreveu, na presença de, pelo menos, duas testemunhas herdeiras suas ou 
qualquer pessoa a ele ligada por laço de sangue. 
C. No caso de falecimento de Anselmo antes do prazo estabelecido por Bento para 
abertura de seu testamento, os herdeiros do primeiro estariam desincumbidos da 
obrigação, por se tratar de relação jurídica originalmente complexa, relativa a inter 
pars. 
D. A confirmação do testamento de Bento se daria mediante reconhecimento de sua 
autenticidade pelos herdeiros necessários – D. Adelaide e o major –, caso em que o 
juiz, ouvido o Ministério Público, procederia à confirmação. 
E. A modalidade de testamento de Bento e de Anselmo é a mais acessível forma de 
dispor, embora não seja a mais usual, em decorrência dos riscos que suscita. 
 
 
Gabarito:E 
 
Tipo de questão: média 
 
Conteúdo avaliado: Direito Civil 
 
Autoras: Ma. Ana Flavia Borges e Ma. Ana Paula Félix Gualberto 
 
Comentário: 
 
 O testamento constitui ato unilateral, personalíssimo e revogável, pelo qual 
alguém dispõe da totalidade ou de parte de seus bens para depois de sua morte, bem 
como faz disposições de caráter não patrimonial (reconhecimento de filhos, 
nomeação de tutor para filho menor, reabilitação do indigno, instituição de fundação, 
etc). 
 
 A questão 14 trata do testamento particular excepcional, forma simplificada de 
testar para situações excepcionais, em que o autor da herança redige o testamento, 
de próprio punho, sem a presença de testemunhas. 
 
 É o que dispõe o art. 1879 do Código Civil: Em circunstâncias excepcionais 
declaradas na cédula, o testamento particular de próprio punho e assinado pelo 
testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz. 
 
 Segue a análise das alternativas: 
 
 
• A letra “A” não está correta quando afirma que o testamento hológrafo (expressão 
que significa inteiramente escrito) é um ato imperfeito, pois o Código Civil prevê a 
possibilidade de o testamento ser escrito de próprio punho pelo testador. 
 
• A letra “B” não está correta, pois o Código Civil prevê no art. 1879 esta forma 
especial de testamento onde não há testemunhas. 
 
• A letra “C” não está correta porque, ao contrário do afirmado, houve a previsão 
expressa de falecimento de Anselmo antes de Bento e que neste caso os herdeiros 
de Anselmo assumiriam essa obrigação. 
 
• A letra “D” não está correta porque os herdeiros necessários de Bento não são D. 
Adelaide e o Major, mas apenas D. Adelaide, filha de Bento. O art. 1845 prevê quem 
são os herdeiros necessários (descendentes, ascendentese cônjuge). O juiz deveria, 
sim, confirmar o testamento, após ouvido o MP. O art. 1879 declara expressamente 
que a critério do juiz o testamento poderá ser confirmado. 
 
• A opção correta é a letra “E”, que diz: “a modalidade de testamento de Bento e de 
Anselmo é a mais acessível forma de dispor, posto que não demanda nenhum tipo de 
gasto ou formalização em cartório, embora não seja a mais usual, em decorrência dos 
riscos que suscita”. 
 
 
 
Referências: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 8. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2016. 
 
FARIAS, Cristiano Chaves e ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: 
Sucessões. São Paulo: Atlas, 2015, V.7. 
 
 
 
QUESTÃO Nº 15 
 O Ministro da Justiça e o Presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 
assinaram acordos de cooperação técnica para facilitar a implantação do projeto 
Audiência de Custódia em todo o Brasil. 
 Os acordos buscam incentivar o desenvolvimento da prática das penas 
alternativas e da política de monitoração eletrônica. As medidas previstas nos 
acordos buscam estimular e aproveitar o “potencial desencarcerador”, assegurando o 
uso dessas ferramentas com respeito aos direitos fundamentais. A assinatura dos 
documentos alinha-se a uma das principais diretrizes da atual gestão do CNJ, que é o 
combate à “cultura do encarceramento”. 
 Segundo o Ministro da Justiça, é necessário desnudar problemas típicos do 
sistema prisional brasileiro, a exemplo da superlotação carcerária e da falta de 
capacidades para a ressocialização de presos. “Precisamos aplicar as sanções 
penais devidas e efetivas. Ainda há a ideia de que apenas a pena restritiva de 
liberdade é eficaz, mas há medidas cautelares, como a monitoração eletrônica, que 
precisam ser aplicadas. Precisamos encontrar sanções penais duras, eficazes e que 
não prejudiquem a segurança pública nos estados”, defendeu o Ministro. 
 
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015>. 
Acesso em: 09 ago. 2015 (adaptado). 
 
Com base nesse texto, avalie as afirmações a seguir. 
 
 I. A realidade da superlotação no sistema carcerário brasileiro é tema de extrema 
importância e preocupação na seara dos Direitos Humanos. Assim, há de se 
priorizarem políticas públicas que tenham como metas de longo alcance o 
encarceramento. 
 II. O projeto Audiência de Custódia, cujo objetivo é incentivar a utilização das 
penas alternativas e da política de monitoração eletrônica, deverá ser implementado 
em todos os estados da Federação. 
 III. A necessidade de ressocialização dos presos constitui uma das grandes 
preocupações dentro do sistema prisional, que precisa ser revisto diante da nova 
proposta do Conselho Nacional de Justiça. 
 
É correto o que se afirma em 
A. I, apenas. 
B. II, apenas. 
C. I e III, apenas. 
D. II e III, apenas. 
E. I, II e III. 
 
 
 
Gabarito: D 
 
Tipo de questão: fácil 
 
Conteúdo avaliado: Direito Penal, Direitos Humanos 
 
Autor(a): Me.Marcelo Bareato 
 
Comentário: 
 
 No caso da questão em apreço, o item I, denota que a preocupação é apenas na 
seara dos Direitos Humanos, o que não é verdade; antes é um tema voltado a 
Segurança Pública. Ao depois, “políticas públicas que tenham como metas de longo 
alcance o encarceramento.”, não é e nem podem ser objeto de uma preocupação 
estatal sobre a realidade do sistema prisional brasileiro, antes estamos preocupados 
com a recolocação do encarcerado no ambiente social, de forma participativa e 
integrada com as expectativas do grupamento social atual. 
 Lado oposto, os itens II e III, refletem a preocupação em manter produtivo o 
indivíduo na sociedade, proporcionando-lhe a experiência do convívio monitorado, até 
que possa merecer novamente a confiança do Estado de que não vai mais se 
comportar contrário as normas postas. Ao completar o raciocínio, resta claro que a 
perspectiva de ressocializar é, mais do que nunca, uma preocupação do CNJ ao 
encontrar como desafio, o esvaziamento do sistema e a reinserção social do indivíduo 
que, por motivos outros, acaba sendo objeto de penas produzidas em escalas 
comerciais, desprovidas de finalidade social e jamais fiscalizadas no seu 
cumprimento, o que definitivamente propicia a aglomeração de presos e nichos de 
altíssima corrupção e descontrole social. 
 
 
 
Referências: 
 
BITENCOURT, Cezar Roberto. A falência da pena de prisão: causas e alternativas. 4. 
ed. São Paulo: Saraiva, 1995 
 
DOTTI, René Ariel. Bases e alternativas para o sistema de penas. São Paulo: RT, 
1998. 
 
QUESTÃO Nº 16 
 Um caso emblemático relacionado à Teoria da Perda de Uma Chance foi o 
episódio que envolveu a perda da chance do atleta brasileiro Vanderlei Cordeiro de 
Lima, o qual tinha uma vantagem de 28 segundos na liderança da prova de Maratona 
nas olimpíadas de Atenas, quando foi interceptado dolosamente por um terceiro, que 
o agarrou e o levou ao chão. Em decorrência dessa interceptação, o atleta veio a 
perder colocações na prova, acabando em terceiro lugar, sem êxito no alcance do 
mais elevado degrau do pódio e da medalha de ouro. 
 
 Considerando a teoria mencionada e o caso descrito, assinale a opção correta. 
 
A. A Teoria da Perda de Uma Chance é um instituto anômalo criado pela doutrina 
civilista estrangeira, para o qual não há respaldo legal no ordenamento jurídico 
brasileiro. 
B. A doutrina civilista admite, em casos como o relatado, a condenação por danos 
emergentes e lucros cessantes, mas exclui o dano moral, por tratar-se de 
responsabilidade subjetiva. 
C. A aplicação da responsabilidade subjetiva, segundo a Teoria da Perda de Uma 
Chance, é pacífica, o que torna a comprovação da culpa do agente do ato ilícito 
requisito fundamental e afasta, consequentemente, a responsabilidade objetiva. 
D. A Teoria da Perda de Uma Chance prevê a comprovação de evento certo e 
futuro para obtenção do ganho da causa, mediante a juntada de documento 
probatório e demais meios de provas que determinem a culpa do terceiro ou o agente 
causador do ato ilícito. 
E. A perda de uma chance se caracteriza quando, em virtude da conduta de 
outrem, desaparece a probabilidade de um evento que possibilitará um benefício 
futuro para a vítima, como deixar de recorrer de sentença desfavorável por falha do 
advogado. 
 
 
 
 
Gabarito: E 
 
Tipo de questão: difícil 
 
Conteúdo avaliado: Direito Civil, Direito Processual Civil 
 
Autor(a): Dr. Luiz Carlos Falconi 
 
Comentário: 
 
 No caso dado, o atleta brasileiro estava colocado em primeiro lugar na 
competição, 28 segundos na frente do segundo colocado, e a poucos metros da linha 
de chegada, quando foi dolosoamente interrompido e embaraçado em sua corrida por 
um terceiro, sem qualquer legitimidade para adentrar à pista, embaraço que custou ao 
referido atleta, perder duas posições na competição, ficando em terceiro lugar. 
 Em consequência, perdeu não só a posição, mas também a subida ao pódio, e 
também a perda do primeiro lugar e o melhor e mais valioso prêmio de campeão 
(vencedor) da prova. Como é sabido, referida prova implica em vários meses de 
preparação física e psicológica, resultando a perda da competição em prejuízos 
materiais e morais, pela dor psicológica de tão valiosa premiação (material e moral). 
 A probabilidade de ganho da prova e enorme tendo em vista encontrar-se há 
poucos metros da linha final. Tipificada, portanto, e induvidosamente, a figura da 
teoria da perda de uma chance 
 
 
Referências: 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze &PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil 
Civil, vol. III, - responsabilidade civil, São Paulo: Saraiva, 2008. 
DIAS, Sergio Novais. Responsabilidade civil do advogado pela perda de uma chance. 
São Paulo: Ltr, 1999. 
 
 
 
 
QUESTÃO Nº 17 
 Apesar de pretender se ocupar exclusivamente de condutas especialmente 
graves, a lei penal, em virtude de seu caráter abstratoe generalíssimo, pode 
alcançar condutas praticamente insignificantes, a deslegitimar a intervenção penal, 
motivo pelo qual a doutrina sistematizou o que hoje conhecemos por princípio da 
insignificância. 
 
QUEIROZ, P. S. Direito Penal: parte geral. 7. ed. 
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011 (adaptado). 
 
 A respeito do princípio da insignificância, mencionado no texto, assinale a 
opção correta. 
 
A. A adoção desse princípio, no caso concreto, constitui um excludente de ilicitude, 
pois, embora formalmente típica, a conduta não traduz uma lesão digna de tutela 
penal. 
B. A aplicação desse princípio produz fatos penalmente atípicos, desde que o 
comportamento resulte na ínfima lesão ao bem jurídico tutelado. 
C. O fato típico, com o reconhecimento de sua insignificância, constitui violação 
relevante ao bem jurídico tutelado, merecedora da tutela penal. 
D. A configuração da tipicidade, de acordo com esse princípio, requer uma análise 
formalmente valorativa das circunstâncias do caso concreto. 
E. O reconhecimento desse princípio constitui critério de interpretação restritivo, com 
base na concepção material do tipo penal. 
 
 
 
 
Gabarito: E 
 
Tipo de questão: média 
 
Conteúdo avaliado: Direito Penal 
 
Autor(a): Me. Eurípedes Clementino Ribeiro Júnior 
 
Comentário 
 
 A alternativa (A) mostra-se incorreta, uma vez que existem tipos denominados 
justificantes, que exigem do juiz uma apreciação da situação justificadora, bem 
como dos bens jurídicos em conflito. O Código Penal, em sua parte geral, menciona 
taxativamente os tipos permissivos que constituem excludentes de licitude, sendo: 
legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e 
exercício regular de direito. Assim, embora a conduta seja formalmente típica, essas 
excludentes garantem uma justificativa capaz de remover o aspecto ilícito da ação. 
 A alternativa (B) mostra-se incorreta uma vez que a aplicação do referido 
princípio não produz fatos penalmente atípicos, o que se reconhece é a insignificância 
da punição de um fato típico para uma conduta ínfima. 
 A alternativa (C) mostra-se incorreta porque se contrapõe ao preceito aceitável 
do princípio em tela, devendo-se entender contrariamente à assertiva, leia-se: o fato 
típico, com o reconhecimento de sua insignificância, NÃO constitui violação relevante 
ao bem jurídico tutelado, merecedor da tutela penal. 
 A alternativa (D) mostra-se incorreta, uma vez que a configuração da tipicidade 
ocorre quando a conduta do sujeito se adequa perfeitamente à letra da lei, e não 
apenas e tão somente das circunstâncias do caso concreto. Por se tratar de princípio 
que afasta a tipicidade material do delito, os Tribunais Superiores pacificaram o 
entendimento que para a correta aplicabilidade do princípio em tela, o julgador deve 
verificar os seguintes requisitos: 1) mínima ofensividade da conduta do agente; 2) 
nenhuma periculosidade social da ação; 3) reduzido grau de reprovabilidade do 
comportamento; 4) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
 A alternativa (E) mostra-se CORRETA. No que tange a aplicabilidade 
do princípio da insignificância no Direito Penal, faz-se necessário recorrermos a um 
outro tema: a tipicidade, conforme a sua concepção formal e concepção material. 
 Do ponto de vista formal, a tipicidade se define exatamente quando o criminoso 
se adequa à conduta ilícita, à conduta tipificada na lei penal, ou seja, é a mera 
correspondência entre uma conduta da vida real e o tipo legal do crime, que consta 
no ordenamento punitivo. 
 O tipo penal traz em si mesmo outra “variante” - o aspecto material da conduta. 
Sob esse prisma não basta apenas que a conduta humana esteja descrita 
formalmente na lei, tem-se que visualizar “algo mais”: se esse comportamento 
humano foi, verdadeiramente, lesivo a bens jurídicos, moral ou patrimonial. Com isso, 
considerar-se-iam atípicas condutas humanas que não lesem a vida em sociedade, 
por serem tão ínfimas e insignificantes, não merecendo qualquer apreciação da 
função judiciária. Na tipicidade material, incide o principio da insignificância, 
afastando-a, logo o fato não possui tipicidade material, de sorte que inexiste o 
primeiro elemento do crime (fato típico), e, por consequência, o próprio crime. 
 Nessa via, quando se reconhece a irrelevância penal da conduta ou de seu 
resultado, apesar de haver tipicidade formal, a tutela penal é afastada, uma vez que 
inexiste a tipicidade material. 
 A intervenção do Direito Penal apenas se justifica quando o bem jurídico 
tutelado tenha sido exposto a um dano de significativa lesividade, em assim sendo, 
não havendo a tipicidade material, mas apenas a formal, a conduta não possui 
relevância jurídica, afastando-se, por consequência, a intervenção da tutela penal, em 
face do postulado da intervenção mínima. 
 Assim, sob o enfoque hermenêutico, o princípio da insignificância pode ser visto 
como instrumento de interpretação restritiva do tipo penal, tendo em vista que 
restringe o âmbito de incidência da lei penal incriminadora e afasta a tipicidade 
material. 
 É de se destacar que o Supremo Tribunal Federal pontuou critérios para 
aplicação do principio em tela, vejamos: 
 
“E M E N T A: PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - IDENTIFICAÇÃO DOS 
VETORES CUJA PRESENÇA LEGITIMA O RECONHECIMENTO DESSE 
POSTULADO DE POLÍTICA CRIMINAL - CONSEQÜENTE 
DESCARACTERIZAÇÃO DA TIPICIDADE PENAL EM SEU ASPECTO 
MATERIAL - DELITO DE FURTO - CONDENAÇÃO IMPOSTA A JOVEM 
DESEMPREGADO, COM APENAS 19 ANOS DE IDADE - "RES FURTIVA" NO 
VALOR DE R$ 25,00 (EQUIVALENTE A 9,61% DO SALÁRIO MÍNIMO 
ATUALMENTE EM VIGOR) - DOUTRINA - CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA 
JURISPRUDÊNCIA DO STF - PEDIDO DEFERIDO. O PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA QUALIFICA-SE COMO FATOR DE DESCARACTERIZAÇÃO 
MATERIAL DA TIPICIDADE PENAL. 
O princípio da insignificância - que deve ser analisado em conexão com os 
postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria 
penal - tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, 
examinada na perspectiva de seu caráter material. Doutrina. Tal postulado - que 
considera necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, a 
presença de certos vetores, tais como (a) a mínima ofensividade da conduta do 
agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de 
reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica 
provocada - apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no 
reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, 
em função dos próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder 
Público. [...] O direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam 
resultado, cujo desvalor - por não importar em lesão significativa a bens jurídicos 
relevantes - não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular 
do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social.” (STF HC 
84412, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 
19/10/2004, DJ 19-11-2004 PP-00037 EMENT VOL-02173-02 PP-00229 RT v. 
94, n. 834, 2005, p. 477-481 RTJ VOL-00192-03 PP-00963) 
 
 
Referências: 
 
BITENCOURT, César Roberto. Tratado de Direito Penal. 8 ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2004, v.1. 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 
 
GOMES, Luiz Flávio. Princípio da insignificância. São Paulo: RT, 2009 
 
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal, 7 ed. São Paulo: Atlas, volume 
I, p. 171. 
 
 
 
QUESTÃO Nº 18 
 
 Embasada em estudos da estrutura do sistema de controle social, que envolve o 
surgimento das normas penais e o funcionamento do aparato repressivo do Estado 
em todos os níveis, a Criminologia de nosso tempo evidencia as estratégias 
ideológicas desse sistema, que produz e oferece uma representação que estão muito 
longe da realidade.Durante muito tempo, a Criminologia se ocupou com a tarefa de 
buscar explicação causal do comportamento delituoso, para prevenir o crime e 
readaptar socialmente o delinquente, tarefa na qual falhou por completo, servindo ao 
sistema sociopolítico e econômico dominante, sem questioná-lo. Por outro lado, os 
juristas se dedicaram à elaboração técnica do ordenamento jurídico, em suposta 
neutralidade diante da realidade social, contribuindo para a manutenção de uma 
ordem social profundamente injusta, desigual e opressiva, que se esconde em 
princípios de garantia, de liberdade e de justiça. Trata-se agora de ir ao fundo dos 
problemas. Criminólogos e juristas repelem o papel que o sistema lhes atribui. A 
postura moderna do jurista diante do ordenamento jurídico é essencialmente crítica, 
cumprindo-lhe denunciar a falsidade da ideologia que o sistema projeta. Ensinam os 
juristas que o sistema punitivo do Estado visa prevenir a criminalidade, protegendo 
certos valores essenciais da vida social, sem esquecer nunca as exigências 
fundamentais de respeito à dignidade da pessoa humana. O processo penal visa 
realizar a pretensão punitiva em face da ocorrência de um crime, mas, também 
garantir o direito de liberdade, protegendo o cidadão contra a ação arbitrária da 
autoridade e assegurando amplamente ao suspeito e ao acusado do direito de 
defesa. Os direitos de liberdade são direitos humanos. O processo penal, em 
consequência, é um instrumento de defesa de direitos humanos. 
 
FRAGOSO, H. Direitos Humanos e Justiça Criminal. Disponível em: 
<http://www.iabnacional.org.br>.Acesso em: 5 ago.2015. 
 
 Considerando o texto e as normas que disciplinam o sistema penal e processual 
penal no Brasil, avalie as afirmações a seguir. 
 
I. A realização do Direitos Humanos não deve ser preocupação do Direito Penal, cujo 
objetivo é prevenir a criminalidade e garantir a segurança social. 
II. A prisão preventiva não viola os Direitos Humanos, uma vez que não afronta o 
princípio da presunção de inocência. 
III. A paridade de armas no processo penal não impede que seja dada ao direito de 
defesa a tutela diferenciada em relação às prerrogativas da acusação. 
IV. O sistema acusatório tem como uma de suas características de destaque a 
iniciativa probatória nas mãos das partes, ou seja, a prevalência da inércia do juiz no 
campo da prova. 
 
É correto apenas o que se afirma em 
A. I e II. 
B. I e IV. 
C. III e IV 
D. I, II e III. 
E. II, III e IV. 
 
 
Gabarito: C 
 
Tipo de questão: fácil 
 
Conteúdo avaliado: Direito Penal, Direito Processual Penal, Direitos Humanos 
 
Autor(a): Me. Guelber Caetano Chaves 
 
Comentário: 
 
 A questão em foco evidencia a relevância do texto constante de seu enunciado 
para a resposta correta. No Direito Penal e Processual Penal, assim como em todos 
os demais ramos do Direito, há uma série de entendimentos doutrinários e 
jurisprudenciais divergentes. Portanto, para se chegar à resposta correta, 
imprescindível perscrutar qual a orientação doutrinária a ser observada. Na presente 
questão, o texto “Direitos Humanos e Justiça Criminal”, publicado no site do Instituto 
dos Advogados do Brasil, apresentado no enunciado, esclarece que a resposta 
deverá ser orientada por um posicionamento doutrinário garantista. Essa observação 
é imprescindível para se chegar a resposta correta, especialmente, quanto à assertiva 
número II. 
 O gabarito apresenta como alternativa correta a letra “C”, ou seja, as assertivas 
I e II estão erradas e as assertivas III e IV estão certas. 
 Com referência a assertiva I não há nenhuma dificuldade, a doutrina é uníssona 
no sentido de que a realização dos Direitos Humanos é umas das preocupações do 
Direito Penal. A evolução histórica do Direito Penal, desde de a obra “Dos delitos e 
das Penas”, de Beccaria, até os dias atuais, evidencia uma crescente preocupação do 
Direito Penal com a realização dos Direitos Humanos. Essa preocupação é revelada 
pelos princípios basilares do Direito Penal, próprios do Estado de Direito democrático, 
que impõem limitação infranqueável ao jus puniendi estatal. Dentre eles, merece 
especial atenção o princípio da legalidade, da irretroatividade da lei penal e sua 
exceção, da personalidade, da individualização da pena. Inclusive, este é o 
entendimento apresentado no texto constante do enunciado. 
 A assertiva II é a que apresenta o maior grau de dificuldade, pois, ao considerá-la 
errada, a banca examinadora adota entendimento doutrinário minoritário. 
 Renato Brasileiro de Lima ensina que em um Estado que consagra o princípio de 
não culpabilidade (presunção de inocência), o ideal seria que a privação da liberdade 
de locomoção do imputado somente fosse possível por força de uma prisão penal, ou 
seja, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatório. Todavia, o risco de 
ocorrência de certas situações que comprometam a atuação jurisdicional ou afetem 
profundamente a eficácia e utilidade do julgado autorizam a adoção de medidas 
cautelares, a fim de se atenuar esse risco. Nesse sentido, a doutrina e a 
jurisprudência majoritárias entendem que a prisão preventiva, espécie de prisão 
cautelar, ou seja, comprometida com a instrumentalização do processo criminal, de 
natureza excepcional, é constitucional, não contrariando o princípio da presunção de 
inocência ou não culpabilidade. 
 Porém, conforme já mencionado, a resposta correta fundou-se em orientação 
doutrinária minoritária, segundo a qual a prisão preventiva foi inserida na dinâmica da 
urgência, desempenhando um relevantíssimo efeito sedante da opinião pública pela 
ilusão de justiça instantânea. Nesse sentido, a prisão preventiva é utilizada com uma 
função de prevenção geral, na medida em que pretende contribuir à segurança da 
sociedade assumindo contornos de verdadeira pena antecipada, violando o devido 
processo legal e a presunção de inocência. Ressalte-se que, esse entendimento 
doutrinário minoritário está em consonância com o texto apresentado no enunciado 
da questão. 
 A assertiva III está correta. A doutrina moderna inclui no princípio do contraditório 
o princípio da par conditio ou da paridade de armas, na busca de uma efetiva 
igualdade processual. Assim, o princípio do contraditório garante o direito à 
informação de qualquer fato ou alegação contrária ao interesse das partes e o direito 
à reação a ambos (garantia de participação), bem como, a oportunidade da resposta 
na mesma intensidade e extensão (paridade de armas). No entanto, por força da 
ampla defesa, admite-se que o acusado seja formalmente tratado de maneira 
desigual em relação à acusação, delineando o viés material do princípio da igualdade. 
Por consequência, ao acusado são outorgados diversos privilégios em detrimento da 
acusação, como a existência de recursos privativos da defesa, a proibição da 
reformatio in pejus, a regra do in dubio pro reo, a previsão de revisão criminal 
exclusivamente pro reo, etc. Esse entendimento encontra fundamento na dignidade 
da pessoa humana e na prevalências dos direitos humanos, ressaltados no texto 
apresentado no enunciado. 
 A assertiva IV também está correta. O sistema acusatório caracteriza-se pela 
clara distinção entre as atividades de acusar e julgar; pela a iniciativa probatória 
exclusiva das partes; pela existência de juiz imparcial, alheio ao labor de investigação 
e passivo no que se refere à coleta da prova, tanto de imputação como de descargo. 
A principal crítica que se faz ao sistema acusatório é exatamente em relação à inércia 
do juiz, pois este deve resignar-se com as consequências de uma atividade probatória 
incompleta das partes, tendo que decidir com base em um material defeituoso que lhe 
foi proporcionado. Esse sempre foi o fundamento histórico que conduziu à atribuições 
de poderes instrutórios ao juiz e leva a doutrina majoritária a afastar a existência de 
um sistema acusatório puro e classificar o Processo Penal brasileiro comopredominante acusatório. 
 
 
Referências: 
 
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume único. Salvador: 
JusPodivm, 2016. 
JESUS, Damásio Evangelista de. Direito penal, volume 1: parte geral. São Paulo: 
Saraiva, 2009. 
LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva, 2012. 
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. São Paulo: Atlas, 2012. 
PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro, volume 1: parte geral, arts. 1º a 
120. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. 
ROXIN, Claus. Política Criminal y sistema del Derecho Penal, 2002. 
ZAFFARONI, Eugenio Raul; PIERANGELI, José Henriuqe. Manual de direito penal 
brasileiro, volume I: parte geral. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. 
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal, 3º volume. São Paulo: 
Saraiva, 2009. 
 
 
QUESTÃO Nº 19 
 De acordo com André de Carvalho Ramos, o termo vulneráveis refere-se a 
vítimas de desigualdades, já o termo minorias, a vítimas de uma diferença cultural, 
religiosa ou étnica. Como os direitos das minorias e dos grupos vulneráveis 
constituem-se em espécie de Direitos Humanos que, por tal, reclama a tutela penal, 
no plano internacional, o sistema de proteção desses direitos ordena aos Estados que 
tipifiquem e punam criminalmente os autores de violações de direitos humanos. 
 
RAMOS, A.C. Processo Internacional de direitos humanos. 
2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012 (adaptado). 
 
 Nesse sentido, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a 
Violência contra a Mulher, ratificada pelo Brasil, em 27 de novembro de 1995, e 
promulgada pelo Decreto nº 1.973/1996, estabelece: 
 
Art. 7º: 
 
Os Estados Membros condenam todas as formas de violência 
contra a mulher e concordam em adotar, por todos os meios 
apropriados e sem demora, políticas orientadas e prevenir, punir 
e erradicar a dita violência e empenhar-se em: 
[...] 
§ 3º Incluir em sua legislação interna normas penais, civis e 
administrativas, assim como as de outra natureza que sejam 
necessárias para prevenir, punir e erradicar a violência contra a 
mulher e adotar as medidas administrativas apropriadas que 
venham ao caso. 
 
 Assim, para cumprir ao contido no §3º da norma supracitada, foi sancionada, no 
Brasil, a Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha. 
 
Considerando os textos apresentados, avalie as afirmações a seguir. 
I. Nos casos de lesão corporal, são vedadas, aos crimes abrangidos pela Lei Maria da 
Penha, a transação penal prevista na Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais Cíveis e 
Criminais) e a suspensão condicional do processo. 
II. A prisão preventiva não poderá ser deferida em caso de violência doméstica ou 
familiar contra a mulher, caso o crime praticado pelo agressor tenha pena máxima em 
abstrato a ele cominada inferior a 4 (quatro) anos. 
III. As mulheres não podem ser consideradas pertencentes ao grupo de vulneráveis 
em sentido estrito porque não possuem os requisitos de natureza objetiva e subjetiva 
de tal grupo. 
IV. A violência doméstica ou familiar contra a mulher não tipificada como crime, mas 
pode configurar uma agravante genérica ou uma qualificadora. 
 
É correto apenas o que se afirma em 
 
A. I e II. 
B. I e IV. 
C. III e IV. 
D. I, II e III. 
E. II, III e IV 
 
 
Gabarito: B 
 
Tipo de questão: Média 
 
Conteúdo avaliado: Direito Penal, Direito Processual Penal 
 
Autor(a): Me. José Cristiano Leão Tolini 
 
Comentário: 
 Em primeiro lugar é preciso enfatizar que a Lei Maria da Penha (Lei 
11.340/06), visa proteger quem precisa de proteção, no caso, a mulher. 
 De outro turno, importante frisar que a violência doméstica não é apenas a 
física, mas também, a psicológica, sexual, patrimonial e moral (art. 7º, Lei 11.340/06). 
 
 O item I está correto porque está previsto no artigo 41 da Lei dos Juizados 
Especiais Criminais, que diz: “Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica 
e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 
no 9.099, de 26 de setembro de 1995”. 
 Desse modo, em casos de violência doméstica ou familiar são vedados os 
institutos despenalizadores, como a transação penal e a suspensão condicional do 
processo (art. 89, 9.099/95). 
 Ou seja, o rito dos juizados especiais foi instituído para as infrações de menor 
potencial ofensivo, o que não se aplica em razão da complexidade e gravidade dos 
crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 Por fim, importante frisar que o Superior Tribunal de Justiça firmou 
posicionamento de que não se aplicam os institutos acima nos casos em que incide a 
Lei Maria da Penha: Dispõe a Súmula 536: “A suspensão condicional do processo e a 
transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da 
Penha”. 
 
 O item II é incorreto por força do disposto no artigo 20 da Lei Maria da 
Penha, que diz: “Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução 
criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a 
requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. 
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, 
verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se 
sobrevierem razões que a justifiquem.” 
 A previsão se dá em virtude da aplicação de medidas protetivas previstas na 
Lei Maria da Penha, para evitar que a vítima de violência doméstica e familiar, cujo 
caráter normalmente é cíclico e sistemático, continue sofrendo violências baseadas 
na desigualdade de gênero. 
 
 O item III é incorreto pela própria concepção exposta inicialmente no 
enunciado da questão em comento: “o termo vulneráveis refere-se a vítimas de 
desigualdades”. 
 Assim, as diferenças (de classe, de gênero, de geração, de raça/etnia) entre 
os sujeitos foram apropriadas de um modo que o outro, o diferente da norma tornada 
hegemônica deve ser inviabilizado ou inferiorizado, tornando-se, desse modo, alvo 
preferencial de diferentes tipos de violências. 
 No caso da violência contra as mulheres a relação afetivo-conjugal e a 
habitualidade das situações de violências tornam as mulheres ainda mais vulneráveis 
dentro sistema das desigualdades de gênero. 
 
 O item IV está correto já que não há previsão expressa trazida pela Lei 
11.340/2006. Não existe crime de violência doméstica. O que existe são os crimes do 
Código Penal que recebem o carimbo de ‘violência doméstica’. 
 Assim, a alínea f do inciso II do artigo 61 do Código Penal dispõe sobre as 
circunstâncias genéricas que agravam a pena quando o crime for cometido “com 
abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou 
de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica”. 
 Portanto, não há previsão específica de tipicidade da conduta de violência 
doméstica ou familiar contra a mulher, mas sim a agravante genérica do Código 
Penal. 
 
 
Referências: 
 
ACHUTTI, Daniel Silva. Justiça restaurativa e abolicionismo penal. São Paulo: 
Saraiva, 2014. 
CAMPOS, Carmem Hein de (Org.). Lei Maria da Penha: comentada em uma 
perspectiva jurídico-feminista. Rio de Janeiro: Lumen, 2011. 
 
 
QUESTÃO Nº 20 
 O artigo 37, § 4º, da Constituição Federal estabelece que “os atos de 
improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da 
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e 
gradação previstas em lei, em prejuízo da ação penal cabível. ” 
 
 A respeito desse tema, avalie as afirmações a seguir. 
 
I. O servidor público condenado por improbidade administrativa porque beneficiou um 
amigo, tendo 
deixado, indevidamente, de praticar ato de ofício, deverá ressarcir o erário público, 
qualquer que 
tenha sido o ato. 
II. A ocorrência de lesão ao erárioem virtude de ação ou omissão culposa é pré-
requisito para que 
seja caracterizada a ocorrência de ato de improbidade administrativa. 
III. A responsabilidade do agente por ato de improbidade não afasta a 
responsabilidade criminal 
eventualmente cabível pelo mesmo fato. 
IV. A ação penal cabível aos atos de improbidade administrativa é a pública 
condicionada à representação. 
 
É correto apenas o que se afirma em 
A. III. 
B. I e II. 
C. I, II e IV. 
D. I, III e IV. 
E. II, III e IV. 
 
 
Gabarito: A 
 
Tipo de questão: média 
 
Conteúdo avaliado: Direito Administrativo, Direito Penal, Direito Processual Penal 
 
Autor(a): Es. Sergio Luis Oliveira dos Santos 
 
Comentário: 
 A questão exige essencialmente o conhecimento do tema “Improbidade 
Administrativa” e algumas questões de natureza penal, bem como processual penal, e 
para responder cada item são necessárias algumas informações iniciais. 
 Comportamento improbo é aquele eivado de má-fé, é o atuar ou omitir-se 
desonestamente com finalidades espúrias, e, quando praticado no contexto público, 
acarretará responsabilização para seu agente. 
Nas palavras de FILHO, ROSA e JÚNIOR: 
Numa primeira aproximação, improbidade administrativa é o 
designativo técnico para a chamada corrupção administrativa, que, 
sob diversas formas, promove o desvirtuamento da Administração 
Pública e afronta os princípios nucleares da ordem jurídica (Estado 
de Direito, Democrático e Republicano), revelando-se pela obtenção 
de vantagens patrimoniais indevidas às expensas do erário, pelo 
exercício nocivo das funções e empregos públicos, pelo tráfico de 
influência nas esferas da Administração Pública e pelo favorecimento 
de poucos em detrimento dos interesses da sociedade, mediante a 
concessão de obséquios e privilégios ilícitos.
1 
 
 A Constituição da República no art.37, §4º, conforme o enunciado, prevê 
aplicação de sanções de natureza política e civil para o agente que praticar ato de 
improbidade administrativa, deslocando para legislação infraconstitucional a 
formatação das condutas, procedimento, gradação e demais necessidades correlatas. 
 No ano de 1992 foi edita a lei 8.492 (Lei de Improbidade Administrativa – L.I.A.) 
para concretizar a “vontade” constitucional. Assim a norma pretende consolidar o 
combate aos atos ímprobos que visam prejudicar a Administração Pública nacional 
mediante condutas perpetradas por agentes públicos e/ou particulares. 
 A probidade, segundo Neves e Oliveira (2014, p.190)2 para efeito da legislação 
deverá abranger qualquer ato ilícito em detrimento das entidades previstas no 
artigo 1º, e §único com a potencialidade de causar enriquecimento ilícito, lesão ao 
erário ou violação aos princípios constitucionais e legais que regem a 
Administração Pública. 
 Os atos de improbidade administrativa são de quatro espécies: 
a) Acarretam enriquecimento ilícito (art. 9º) – somente se 
configura através de conduta DOLOSA. 
b) Provocam prejuízo ao erário (art. 10) – admitem a prática 
mediante AÇÃO ou OMISSÃO, DOLOSA ou CULPOSA. 
 
c) Atos de improbidade decorrentes de concessão ou 
aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o 
caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003 (art. 
10-A) 
 Em suma será considerado ato de improbidade quando o agente público fixar 
alíquota de mínima de ISS (Imposto Sobre Serviços) abaixo de 2%, bem como se 
conceder isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros relativos ao ISS, 
que resultem em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota 
mínima de 2%. 
d) Atentam contra os princípios da Administração (art. 11) –
apenas mediante DOLO. 
 Insta destacar que o legislador utilizou da mesma técnica legislativa nos artigos 
9º, 10 e 11, ou seja, previu no “caput” uma conceituação aberta e nos incisos um rol 
exemplificativo de condutas.3 
 Na esteia legal poderão ser sujeitos ativos agentes públicos e terceiros que 
participem da conduta improba, abrangendo todos que diretamente praticam o ato, 
bem como aqueles que participam concorrendo ou recebendo alguma vantagem. 
 Extraindo o conceito do art. 2º da lei 8.429/1992, entende-se como agente 
público, 
Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que 
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por 
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma 
de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas 
entidades mencionadas no artigo anterior. 
 
 Nesta categoria estão os agentes que possuem algum vínculo formal com a 
Administração Pública seja pelo exercício transitório ou permanente, com ou sem 
remuneração, por exemplo: 
 
O estagiário que atua no serviço público, ainda que transitoriamente, 
remunerado ou não, está sujeito a responsabilização por ato de 
improbidade administrativa (Lei 8.429/1992).
4
 
 Assim a norma alcança: 
a) Detentores de cargos eletivos, ou seja, agentes políticos 
eleitos para o exercício de mandatos transitórios, como integrantes do topo 
hierárquico da cadeira Executiva, juntamente com seus auxiliares Ministros de Estado 
e Secretários, incluindo integrantes do Poder Legislativo. 
 Neste ponto surge uma indagação. Certos agentes políticos estão submetidos à 
sistemática específica de infrações político-administrativas própria dos Crimes de 
Responsabilidade, assim estariam também sujeitos à lei de improbidade 
administrativo? 
 Renuindo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça5 temos o seguinte 
cenário: 
 1 - Os Agentes Políticos sujeitos a crime de responsabilidade, ressalvados os 
atos ímprobos cometidos pelo Presidente da República (art. 86 da CF) e pelos 
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não são imunes às sanções por ato de 
improbidade previstas no art. 37, § 4º, da CF. (AREsp 330094/MT,PRIMEIRA 
TURMA,Julgado em 03/12/2014,Publicado em 05/12/2014) 
 2 - Os agentes políticos municipais se submetem aos ditames da Lei de 
Improbidade Administrativa - LIA, sem prejuízo da responsabilização política e 
criminal estabelecida no Decreto-Lei n. 201/1967. (Informativo de Jurisprudência n. 
0436, publicado em 28 de maio de 2010.) 
 3 - A ação de improbidade administrativa deve ser processada e julgada nas 
instâncias ordinárias, ainda que proposta contra agente político que tenha foro 
privilegiado. ( Informativo de Jurisprudência n. 0527, publicado em 09 de outubro de 
2013.) 
b) Servidores públicos exercentes de cargo público tido como “o 
lugar instituído na organização do serviço público, com denominação própria, 
atribuições específicas e estipêndio correspondente, para ser provido e exercido por 
um titular, na forma estabelecida em Lei" 6 
c) Empregado público é aquele que no exercício de emprego 
público são contratos sob o regime da Consolidação das leis Trabalhistas. 
d) Por fim, qualquer outro que atue nos auspícios da Função 
Pública sendo cláusula genérica para abranger diversas atividades. 
 Ingressam ainda como possíveis sujeitos ativos os pela lei denominados 
TERCEIROS (art. 3º da L.I.A). São particulares que induzem, concorrem ou de 
alguma forma auferem benefícios de maneira direta ou indireta pelo ato de 
improbidade, estando sujeito também as sanções, no que for cabível. 
 Após esta introdução vamos analisar os itens: 
 I - O servidor público condenado por improbidade administrativa porque 
beneficiou um amigo, tendo deixado, indevidamente, de praticar ato de ofício, 
deverá ressarcir o erário público, qualquer que tenha sido o ato. 
 O Servidor Público, integrante do conceito de “agente público”, poderá ser 
responsabilizado por atos de improbidade (art. 2º), sendo a conduta descrita 
expressamente prevista no art. 11, II da L.I.A 
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra 
os princípios da administração públicaqualquer ação ou omissão 
que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e 
lealdade às instituições, e notadamente: 
II - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; 
 
 As sanções aplicáveis às condutas do art. 11 da L.I.A. constituem em (art. 12, III 
da L.I.A.) 
 Perda da função pública; 
 Suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos; 
 Pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da 
remuneração percebida pelo agente; 
 Proibição de contratar com o Poder Público ou receber 
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por 
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos. 
 Ressarcimento integral do dano, SE HOUVER; 
 Para resolver a questão o leitor deverá considerar dois pontos: 
 1º) O magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas 
previstas no art. 12 da Lei n. 8.429/92 sendo possível, mediante adequada 
fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a natureza, a gravidade e as 
consequências da infração. (Informativo de Jurisprudência 560 do STJ) 
 2º) O ressarcimento integral do dano só ocorrerá se obviamente existir algum 
dano. 
 Ao considerar os pontos descritos temos que o item é falso porque não são 
todos os atos que causarão prejuízo ao erário e ainda o magistrado deverá analisar 
cada evento para aplicar a(s) sanção (ões) ideais para o agente. 
 
RESPOSTA: falso 
 
OBSERVAÇÃO COMPLEMENTAR 1: Na ação de improbidade 
narrada é desnecessária a formação de litisconsórcio passivo entre o agente 
público e o particular (Informativo de Jurisprudência 447 do STJ). 
 
 
OBSERVAÇÃO COMPLEMENTAR 2: As demais sanções previstas 
para os atos ímprobos são: 
 Para o enriquecimento ilícito (art. 9º) 
 perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao 
patrimônio; 
 ressarcimento integral do dano, quando houver; 
 perda da função pública; 
 suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos; 
 pagamento de multa civil de até três vezes o valor do 
acréscimo patrimonial; 
 proibição de contratar com o Poder Público ou receber 
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda 
que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo 
prazo de dez anos; 
 Na hipótese de lesão ao erário (Art. 10) 
 ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou 
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta 
circunstância; 
 perda da função pública; 
 suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos; 
 pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do 
dano; 
 proibição de contratar com o Poder Público ou receber 
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda 
que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo 
prazo de cinco anos; 
 E no caso do artigo 10-A 
 perda da função pública; 
 suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) 
anos; 
 multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício 
financeiro ou tributário concedido. 
 
 
 II. A ocorrência de lesão ao erário em virtude de ação ou omissão culposa 
é pré-requisito para que seja caracterizada a ocorrência de ato de improbidade 
administrativa. 
 A lei de improbidade nos artigos 9º, 10 e 11 descreve de maneira abrangente no 
“caput” as situações de improbidade e nos incisos condutas exemplificativas. 
 Resumindo os atos de improbidade são: 
 Art. 9º - Enriquecimento ilícito. 
 Art. 10 – Prejuízo ao erário. 
 Art. 11 – Violação dos Princípios que regem a 
Administração Pública. 
 No artigo 21, I da L.I.A é ressaltado que as sanções previstas INDEPENDEM de 
efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público. Entretanto, na esfera doutrinária e 
jurisprudencial o tema ainda é controvertido com posições em sentidos diversos. 
 Optamos para responder o item utilizando a letra da lei e julgados recentes 
proferidos pelo STJ que consideram o dano provocado à Administração Pública como 
de natureza presumida, ou seja, “in re ipsa”. 
 Conclusão: é desnecessária a ocorrência de lesão ao erário como no exemplo 
de tortura praticada por agente de polícia em custodiado (Informativo de 
Jurisprudência 577 do STJ) 
Resposta: falso 
 
OBSERVAÇÃO COMPLEMENTAR 1: 
Importante salientar que este entendimento não pode ser 
pacificamente ampliado para a esfera de responsabilização penal. 
A lei 8.666/93, no artigo 89 prevê como delito a dispensa ou 
inexigibilidade de licitação fora das hipóteses legais ou sem a observância das 
formalidades. 
Uma primeira corrente se posiciona no sentido de exigir a ocorrência 
de evento danoso ao erário para a consumação do tipo - STJ e 2ª Turma do STF. 
Já numa segunda corrente prevalecente na 1ª Turma do STF é 
dispensada a demonstração do prejuízo. 
 
 
OBSERVAÇÃO COMPLEMENTAR 2: 
O Supremo Tribunal Federal recentemente decidiu sobre a 
PRESCRITIBILIDADE – (Recurso Extraordinário nº 669.069) da ação de reparação 
de danos à Fazenda Pública por ato ilícito, mas não modificou o caráter 
imprescritível dos danos oriundos de atos de improbidade. Entretanto, no que tange 
a improbidade, esse entendimento poderá no julgamento do Recurso Extraordinário 
nº 852.475 pendente de julgamento. O estudioso deverá acompanhar o desenrolar 
do debate. 
 
 
 III. A responsabilidade do agente por ato de improbidade não afasta a 
responsabilidade criminal eventualmente cabível pelo mesmo fato. 
 O sujeito ativo ímprobo poderá ser responsabilizado na esfera criminal, civil, 
política e administrativa, inclusive na redação do art. 37, §4º da Constituição da 
República está expressa a independência das instâncias: 
Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos 
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos 
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em 
lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
 
 Confirmando a norma constitucional a Lei 8.429/1992 regulamentado o 
dispositivo, prevê a cominação de sanções “independentemente das sanções penais, 
civis e administrativas” (art. 12), corroborando a autonomia das ações. 
 Assim, por serem de natureza diversas não restará configurado o “bis in idem”. 
Resposta: Verdadeiro 
 
 IV. A ação penal cabível aos atos de improbidade administrativa é a pública 
condicionada à representação. 
 Ação penal segundo Borges da Rosa7 é o “direito do Estado-acusação ou da 
vítima de ingressar em juízo, solicitando a prestação jurisdicional, representada pela 
aplicação das normas de direito penal ao caso concreto.” 
 A titularidade para o ajuizamento poderá ser da vítima ou de seus representantes 
e sucessores (Ação Penal Privada) em situações excepcionais e expressas, ou do 
Ministério Público (Ação Penal Pública). 
 A Constituição da República estabelece como função institucional deste órgão a 
promoção privativa da ação penal pública, na forma da lei (art. 129, I da CRFB) que 
poderá ocorrer de maneira incondicionada ou condicionada à representação ou 
requisição do Ministro da Justiça. 
 Os atos de improbidade administrativa não necessariamente acarretarão a 
deflagração de Ação de natureza criminal, pois nem todo ato de improbidade 
corresponderá a um delito. 
 Tomando como exemplo os crimes funcionais – arts. 312 ao 326 do Código Penal 
todas estas infrações corresponderão a algum enriquecimento ilícito (art. 9º), prejuízo 
ao erário (art. 10)e/ou violação aos princípios da Administração Pública (art. 11) todos 
da Lei 8.429/92, mas o raciocínio inverso não é correto. 
 Conforme explanado nas explicações introdutórias o prejuízo ao erário - art. 10, 
da L.I.A. poderá ser produzido mediante atos dolosos e/ou culposos. Comparando 
com os delitos funcionais apenas um admite a modalidade culposa, qual seja, 
peculato (art.312, §2º do CP). Os demais crimes não têm previsão desta modalidade, 
assim o ato ímprobo culposo corresponderá ao máximo a um peculato. 
 As demais hipóteses culposas da lei de Improbidade Administrativa não 
encontram correspondentes criminais. 
 De qualquer maneira, grande parte dos delitos contra a Administração Pública 
está definida no TÍTULO XI do CÓDIGO PENAL (arts.312 ao 359-H.) 
 Segundo Mirabete a objetividade jurídica (bens jurídicos protegidos) nestes 
delitos é “o interesse da normalidade funcional, probidade, prestígio, incolumidade e 
decoro”,8 assim, pela indisponibilidade dos bens em jogo não há que se falar em 
representação para ação penal. 
 Ademais segundo o que estatui o art. 100 do CP, na omissão legislativa a ação 
penal será pública incondicionada fato este constatado nos delitos acima. 
 Conclusão: na hipótese de correspondente criminal aos atos de improbidade a 
ação será pública incondicionada. 
Resposta: falsa. 
 
 
Referências: 
1. FILHO, Marino Pazzaglini; ROSA, Márcio Fernando Elias; JÚNIOR, Waldo Fazzo. 
Improbidade Administrativa: Aspectos Jurídicos da defesa do patrimônio Público. São 
Paulo: Atlas, 1999, p. 39. 
2. NEVES, Daniel Amorim Assumpção; OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Manual 
de improbidade administrativa. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Método, 2014. 
3. Marino Pazzaglini Filho, Lei de improbidade administrativa comentada, 2ª edição, 
São Paulo: Atlas, 2005. p. 110. 
4. REsp 1.352.035-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/8/2015, DJe 
8/9/2015. 
5. http://www.stj.jus.br/SCON/jt/toc.jsp - ACESSO 13/06/2018 
6. MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, ed. Revistas dos 
Tribunais, 1990, SP, págs. p. 356) 
7. Apud. NUCCI, Guilherme de Souza. Código de processo penal comentado. 4. ed. 
revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 121/122. 
8. MIRABETE, Júlio Fabbrini,Manual de Direito Penal III, 19ª edição, página 295. 
 
QUESTÃO Nº 21 
http://www.stj.jus.br/SCON/jt/toc.jsp
 A Administração Pública contratou, por meio de licitação pública, determinada 
empresa para a execução de uma obra de engenharia. Em virtude de sucessivos 
atrasos no pagamento, tornou-se inviável a conclusão da obra pela resilição do 
contrato. Nova empresa foi contratada para a conclusão dos serviços, com dispensa 
de licitação. 
 
Com base na situação apresentada, avalie as asserções a seguir e a relação 
proposta entre elas. 
 
I. A Administração Pública agiu equivocadamente, pois estaria obrigada, por 
força de lei, a proceder a nova licitação para conclusão da obra. 
 
 PORQUE 
 
II. A dispensa de licitação requer que seja observada a ordem de classificação da 
licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, 
inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido. 
 
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. 
 
A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da 
I. 
B. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa 
correta da I. 
C. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. 
D. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
E. As asserções I e II são proposições falsas. 
 
 
Gabarito: D 
 
Tipo de questão: difícil 
 
Conteúdo avaliado: Direito Administrativo 
 
Autor(a): Me. Carlos Henrique Reis Rochael 
 
Comentário: 
 
 A questão 21 possui como questionamento a possibilidade de a Administração 
Pública poder contratar nova empresa para continuar a execução de uma obra de 
engenharia, pelo fato de a empresa vencedora da licitação ter resilido amigavelmente 
o contrato, em razão de sucessivos atrasos no pagamento por parte da Administração 
Pública, tornando-se inviável a conclusão da obra. 
 
 Foram apresentadas 2 assertivas para que o aluno as avaliassem: 
 
 A assertiva I, afirma que a Administração agiu equivocadamente, pois estaria 
obrigada, por força de lei, a proceder a nova licitação para conclusão da obra. 
 
 A assertiva II, de maneira contrária, afirma que a Administração poderia se utilizar 
do instituto da dispensa da licitação e firmar contrato com a próxima empresa 
classificada, desde que aceitas as aceitas as mesmas condições oferecidas pelo 
licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido. 
 
 O gabarito considera a assertiva I falsa e a II verdadeira. 
 
 O ponto crucial da questão é entender que os examinadores utilizaram a 
expressão RESILIÇÂO como sinônimo da expressão RESCISÃO contratual. 
 
 A Lei 8.666/93, ao tratar das situações que ensejam dispensa de licitação, prevê 
em seu art. 24, inc. XI, que: 
 
Art. 24. É dispensável a licitação: 
[...] 
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou 
fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que 
atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as 
mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive 
quanto ao preço, devidamente corrigido; (grifo nosso). 
 
 Por sua vez, o art. 78 da lei de licitações estabelece as causas de rescisão 
contratual, por inadimplemento de uma das partes, dentre elas (inc. II) o cumprimento 
irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos e prazos. 
 
 Já no art. 79 da referida norma, estabelece que a RESCISÂO do contrato poderá 
ser amigável (inc. II), por acordo entre as partes, reduzida a termo no processo da 
licitação, desde que haja conveniência para a Administração. 
 
 Em termos jurídicos, RESILIÇÂO é o desfazimento (extinção) de um contrato, 
por simples manifestação de vontade de uma ou de ambas as partes. 
 
 Já RESCISÂO é uma expressão com plurissignificados, podendo inclusive ter o 
significado de RESOLUÇÂO, em caso de inadimplemento, ou de RESILIÇÂO, em 
caso de distrato amigável. 
 
 No caso da questão 21, a banca utilizou-se de preciosismo (excesso de técnica 
jurídica) ao utilizar a expressão “RESILIDO” amigavelmente, quando a lei utiliza a 
expressão RESCISÂO amigável (art. 79). 
 
 Marçal Justen Filho (Curso de Direito Administrativo, Ed. Rev. dos Tribunais, 11ª 
ed., p. 546) é o doutrinador que abordou tal diferença semântica, ao mencionar que “o 
art. 78 prevê casos, que melhor de rescisão por inadimplemento de uma das partes, 
que melhor seriam qualificadas como causas de resilição. 
 
 
Referências: 
 
DICIONÁRIO JURÍDICO: https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/973/Resilicao 
 
MARÇAL, Justen Filho. Curso de Direito Administrativo. 11 ed., São Paulo: Revista dos 
tribunais, p. 546 
 
 
 
QUESTÃO Nº 22 
 A.S.C propôs reclamação trabalhista, com base no artigo 7º da Constituição 
Federal, em face das reclamadas, Alfa S.A e Banco Beta S.A. Alegou que fora 
contratado pela atividade empresária Alfa S.A. para laborar na limpeza em benefício 
do Banco Beta S.A, tendo sido dispensado, sem justa causa, após três anos de 
prestação contínua de serviços. Alegou, ainda, que, passados onze meses da data da 
rescisão, não receberá qualquer verba rescisória, sequer o adicional noturno e 
plantões extras. 
 Na audiência de instrução e julgamento, a atividade empresária Banco Beta 
S.A. alegou ilegitimidade passiva por jamais ter havido qualquer relação empregatícia 
entre ela e o reclamante. Alfa S.A., regularmente citada, não foi representada na 
audiência, não tendo comparecido pessoa responsável pela atividade empresária. 
 
Com base na situação descrita, avalie as afirmações a seguir. 
 
I. Não há relação de trabalho entre o Reclamante e o Banco Beta S.A. e, por 
conseguinte este não deve responder pela rescisão contratual. 
II. Deve ser declarada à revelia da atividade Alfa S.A., razão pela qual não poderá 
mais constar nos autos como Reclamada. 
III. As atividades empresárias Alfa S.A. e Banco Beta S.A. respondem

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