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SINTAXE DO PORTUGUÊS II AULA 1 – REVISÃO DOS CONCEITOS DE FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO Revisitando Conceitos de Sintaxe Nesta primeira aula, trataremos de conceitos como frase, oração, período. Para que possamos entender a que cada um desses conceitos equivale, vamos começar lendo alguns parágrafos que tratam de variação linguística. ―Que as línguas naturais não são homogêneas todo mundo sabe. Elas variam segundo parâmetros bem conhecidos: variam no tempo (donde o português arcaico, médio, moderno e contemporâneo), no espaço geográfico (donde o português europeu, africano, brasileiro), no espaço social (donde o português padrão, ou culto, e o português vernacular), e até no espaço individual (donde o português espontâneo e o formal, o de idosos e o dos jovens). A pesquisa tem mostrado que qualquer um desses parâmetros pode ser detalhado. A dimensão geográfica do português brasileiro, por exemplo, compreende o português do Norte, do Nordeste e do Sul. Os pesquisadores ligados ao Projeto do Atlas Linguístico do Brasil têm comprovado isso. Basta consultar o sítio www.alib.ufba.br/. Curiosamente, persiste entre nós a ideia de que a variedade padrão, a norma culta, escapa a essa heterogeneidade. Não é o que as pesquisas têm demonstrado.‖ (Fonte: Adaptado de Revista Língua.) Bem, contar verbos é uma forma de sabermos quantas orações temos. Isso porque a existência da oração está obrigatoriamente vinculada à existência de um verbo: ―A oração se caracteriza por ter uma palavra fundamental que é o verbo (ou sintagma verbal) [...]‖. (Bechara: 2000, 408) Agora, reflita: se temos 19 verbos então temos 19 orações? A resposta é não! Estruturas como tem mostrado, pode ser detalhado, têm comprovado e têm demonstrado são locuções verbais e, por isso, embora tenhamos 2 ou 3 verbos, contamos uma única vez. Então, vamos analisar novamente? Quantas orações temos? Temos 14 orações. Vamos ver quais são essas 14 orações? 1. [Que as línguas naturais não são homogêneas]; 2. [todo mundo sabe]; 3. [Elas variam segundo parâmetros bem conhecidos:]; 4. [Variam no tempo (donde o português arcaico, médio, moderno e contemporâneo), no espaço geográfico (donde o português europeu, africano, brasileiro), no espaço social (donde o português padrão, ou culto, e o português vernacular), e até no espaço individual (donde o português espontâneo e o formal, o de idosos e o dos jovens)]; 5. [A pesquisa tem mostrado]; 6. [que qualquer um desses parâmetros pode ser detalhado]; 7. [A dimensão geográfica do português brasileiro, por exemplo, compreende o português do Norte, do Nordeste e do Sul]; 8. [Os pesquisadores ligados ao Projeto do Atlas Linguístico do Brasil têm comprovado isso]; 9. [Basta]; 10. [consultar o sítio www.alib.ufba.br/]; 11. [Curiosamente, persiste entre nós a ideia]; 12. [de que a variedade padrão, a norma culta, escapa a essa heterogeneidade]; 13. [Não é o]; 14. [que as pesquisas têm demonstrado]. Observe, no entanto, que, em alguns casos, uma forma semelhante ao particípio, mas que não forma locução verbal. Nesses casos, temos o que se chama de 'adjetivo participial'. Esse adjetivo concorda com seu referente em gênero e número. Vejamos os exemplos a seguir: Um integrante do grupo foi envolvido no escândalo. Uma integrante do grupo foi envolvida no escândalo. O Que é Período? Já conversamos sobre oração e já sabemos como encontrá-la. Vale lembrar que a oração pode, também, ser chamada de frase verbal. Considerando a oração, como saberíamos o que é um período? Bechara (2000:406) conceitua período ou enunciado como uma ―[...] unidade linguística que faz referência a uma experiência comunicada e que deve ser aceita cabalmente pelo nosso interlocutor [...]‖. Simplificando essa definição, podemos dizer que um período é formado por uma ou mais orações. Quais são os Tipos de Período? Período simples: formado por uma única oração, chamada de oração absoluta. Desse modo, um período simples só apresenta um verbo. Ex.: Nós compramos um carro. Período composto: é um período formado por mais de uma oração, que pode ser coordenada ou subordinada. Independentemente das orações serem ligadas por coordenação ou por subordinação, ao unirmos duas orações temos uma intenção em termos de significado. http://www.alib.ufba.br/ Período composto por coordenação: também chamado por Bechara (2000:48) de parataxe, reúne orações independentes, isto é, orações que não são função sintática uma da outra. Ex.: Nós compramos um carro e demos de presente Segundo a tradição gramatical, as orações coordenadas são independentes sintaticamente, porque possuem, internamente, todos os termos necessários à sua estrutura, uma não sendo função sintática da outra. Ex.: Nós compramos um carro. Nós demos o carro de presente. Período composto por subordinação: segundo a tradição gramatical, resulta em orações dependentes, isto é, em orações em que uma é função sintática da outra. Quando a oração tem um ou mais de seus termos sob a forma de oração subordinada é chamada de oração complexa. Em um período composto por subordinação, temos uma oração principal e uma oração subordinada a ela relacionada sintaticamente. Vejamos as palavras de Bechara (idem: 462) sobre o processo de subordinação: ―Uma oração independente do ponto de vista sintático, que sozinha, considerada como unidade material, constitui um texto se este nela se resumir como em A noite chegou, pode, pelo fenômeno de estruturação das camadas gramaticais conhecido por hipotaxe ou subordinação, passar a uma camada inferior e aí funcionar como pertença, como membro sintático de outra unidade; O caçador percebeu que a noite chegou. [...] Dizemos, então, que a unidade sintática que a noite chegou é uma oração subordinada. A gramática tradicional chama à unidade o caçador percebeu oração principal.‖ Na subordinação, as orações não existem separadamente, porque uma não possui os termos necessários a sua estrutura sintática; a outra não tem nexo isoladamente. Vejamos o exemplo: Ele sabe que você estuda muito. a) Ele sabe... (o quê?) é incompleta. b) que você estuda muito. — só tem sentido como objeto direto da oração anterior. Castilho cita Rojas Nieto (1970: 18-19) e afirma que ―a coordenação é um procedimento combinatório de termos equivalentes, insertos no mesmo nível da estrutura hierárquica, que opera seja por simples justaposição, seja por meio de um elemento conectivo.‖ Castilho (2010, 346) ainda acrescenta que ―Do ponto de vista semântico, um elemento coordenado não modifica o outro, visto que não lhe dá qualquer contribuição de sentido‖. Período composto por coordenação e subordinação: período composto por coordenação e subordinação. Combina os dois tipos de período: Desejo que ela compre um carro e não chegue mais atrasada. Nesse tipo de período, para classificar as orações é preciso que se considere uma oração em relação às outras. Assim, teríamos: Desejo: oração principal em relação à 2ª e à 3ª oração; que ela compre uma carro: subordinada à 1ª e coordenada à 3ª oração; e não chegue mais atrasada.: subordinada à 1ª e coordenada à 2ª oração. Como devemos proceder para dividir um parágrafo? Relembrando o que vimos em sintaxe do português I: 1.Observar a pontuação para saber quantos períodos temos: um período se inicia por letra maiúscula e um sinal de pontuação final que pode ser um ponto final, um ponto de exclamação, um ponto de interrogação ou reticências; 2. Separar os verbos para sabermos quantas orações compõem cada período e fazer a separação, observando questões como a presença de conectivos e a manutenção do significado; 3. Observar se há conjunções ou pronomes relativos. Dessa forma, se voltarmos ao exemplo com o qual trabalhamos separando orações, quantos períodos teríamos? Temos 6 períodos compostos por 2 orações cadaum e 2 períodos simples. Período composto. [Que as línguas naturais não são homogêneas] [todo mundo sabe]. [Elas variam segundo parâmetros bem conhecidos:] [variam no tempo (donde o português arcaico, médio, moderno e contemporâneo), no espaço geográfico (donde o português europeu, africano, brasileiro), no espaço social (donde o português padrão, ou culto, e o português vernacular), e até no espaço individual (donde o português espontâneo e o formal, o de idosos e o dos jovens). [A pesquisa tem mostrado] [que qualquer um desses parâmetros pode ser detalhado]. Período simples ou oração absoluta. [A dimensão geográfica do português brasileiro, por exemplo, compreende o português do Norte, do Nordeste e do Sul.] [Os pesquisadores ligados ao Projeto do Atlas Linguístico do Brasil têm comprovado isso.] Período composto. [basta] [consultar o sítio www.alib.ufba.br/.] [Curiosamente, persiste entre nós a ideia] [de que a variedade padrão, a norma culta, escapa a essa heterogeneidade.] http://www.alib.ufba.br/ [Não é o] [que as pesquisas têm demonstrado]. As Conjunções Segundo Bechara (2000:319), conjunções são unidades que têm por missão reunir orações em um mesmo enunciado. Esse autor afirma que as conjunções podem ser conectores e transpositores. Conectores: a conjunção coordenativa é um conector, pois reúne orações que possuem o mesmo nível sintático. Orações que possuem o mesmo nível sintático são independentes e podem aparecer separadas. Mais adiante, conversaremos sobre o processo de coordenação e veremos melhor essas conjunções. Transpositores: a conjunção subordinativa transpõe um enunciado à função de palavra passando a exercer uma das funções sintáticas próprias do substantivo, do adjetivo ou do advérbio. A oração transposta ou degradada ao nível de um substantivo exerce, na oração complexa, uma das funções sintáticas que têm por núcleo um substantivo. Orações Independentes A tradição gramatical considera que há dois tipos de orações independentes: as orações coordenadas e as orações intercaladas ou interferentes. Veremos agora as orações intercaladas e, mais adiante, as orações coordenadas. Oração Intercalada ou interferente Kury (1993), em suas Lições de análise sintática e Bechara (2000) consideram que essas orações são, na verdade, orações independentes, ―[...] visto que nenhuma função sintática exercem na frase a que se justapõem. Representam um comentário subjetivo, uma ressalva, um desabafo do autor, de valor antes expressivo, estilístico, mais do que sintático, gramatical.‖ (Kury:70) Bechara (2000: 480) considera as orações intercaladas ou interferentes um tipo de justaposição, ou seja, um tipo de orações que ocorre sem conectores e sem transpositores. Vamos ver alguns exemplos de justaposição fornecidos por Bechara (2000:480): Citação: ―Quem é ele? – interrompeu o rapaz.‖ Advertência: ―Em 1945 – isto aconteceu no dia do meu aniversário – conheci um dos meus melhores amigos.‖ Opinião: ―D. Benta (malvada que era) dizia que sua doença impedia a brincadeira da garotada.‖ Desejo: ―O teu primo – raios que o partam! – pôs-me de cabelos brancos.‖ Ressalva: ―Ele, que eu saiba, nunca veio aqui.‖ O autor apresenta ainda a desculpa e a permissão como casos de justaposição. Fomos à festa – desculpem-me pelo comentário – e odiamos tudo! (desculpa) Ana – permita-me o exemplo – lembrava uma árvore de Natal. (permissão) Henriques (2010), acerca da pontuação, comenta que ―[...] o uso de vírgulas, travessões, parênteses e colchetes, a critério do autor, é uma característica desse tipo de construção.‖ (p. 106) AULA 2 – O PROCESSO DE COORDENAÇÃO O Processo de Coordenação Tarefa (Geir Campos) Morder o fruto amargo e não cuspir mas avisar aos outros quanto é amargo, cumprir o trato injusto e não falhar mas avisar aos outros quanto é injusto, sofrer o esquema falso e não ceder mas avisar aos outros quanto é falso; dizer também que são coisas mutáveis... E quando em muitos a noção pulsar — do amargo e injusto e falso por mudar — então confiar à gente exausta o plano de um mundo novo e muito mais humano. Analisando os períodos que compõem o poema Tarefa, podemos perceber que ele é formado por vários períodos compostos. Mas qual seria o tipo de processo que teríamos? Coordenação? Subordinação? ―Os três primeiros pares de versos do texto Tarefa reiteram uma mesma estrutura sintática. Fazem parte dessa estrutura sintática orações sintaticamente equivalentes, organizadas numa sequência fixa: a primeira oração apresenta um fato ao qual a segunda oração acrescenta outro fato; a esses dois fatos, a terceira oração contrapõe um terceiro. Essa estrutura é a própria base do movimento proposto pelo texto: num primeiro momento, passa-se por uma experiência penosa; no segundo momento, suporta-se essa experiência até o fim; no terceiro momento, expõe-se aos outros homens o conhecimento que se ganhou com essa experiência. Observe-se que cada momento desses tem sua própria importância realçada pela coordenação das orações: são momentos interligados, mas cada um deles é tão importante quanto os demais. A coordenação de orações permite relacionar fatos de importância equivalente.‖ (INFANTE, Ulisses. Curso de gramática aplicada aos textos. 5ª. ed. São Paulo: Scipione, 1999) Do ponto de vista tradicional, na coordenação, as orações são sintaticamente equivalentes e são consideradas independentes: nenhuma oração desempenha função sintática em relação. As conjunções coordenadas reúnem orações que pertencem ao mesmo nível sintático: dizem- se independentes. INDEPENDENTES nesse contexto significa que cada uma das orações apresenta sentido próprio. Segundo Rocha Lima (1972), em um período composto por coordenação temos "A comunicação de um pensamento em sua integridade, pela sucessão de orações gramaticalmente independentes [...]" (p. 260) Othon M. Garcia, no livro Comunicação em prosa moderna, considera que ―As conjunções coordenativas [...] relacionam ideias ou pensamentos com um grau de travamento sintático por assim dizer mais frouxo do que o das subordinativas.‖ (1997:17). Diferentemente da subordinação, em que se tem uma oração também chamada de complexa, na coordenação temos um grupo oracional, formado por orações coordenadas, independentes que podem ser usadas separadamente. Bechara (2000) apresenta 3 tipos de conjunções coordenativas: aditivas, alternativas e adversativas. Esse autor considera que as orações coordenadas explicativas e conclusivas não são introduzidas por conjunções coordenativas e sim por ‗unidades adverbiais‘. ―Levada pelo aspecto de certa proximidade de equivalência semântica, a tradição gramatical tem incluído entre as conjunções coordenativas, certos advérbios que estabelecem relações inter-oracionais ou intertextuais. Assim [...] teríamos as explicativas (pois, porquanto etc.) e conclusivas (pois [posposto], logo, portanto, então, assim, por conseguinte etc.), sem contar contudo, entretanto, todavia que se alinham junto com as adversativas. Não incluir tais palavras entre as conjunções coordenativas já era lição antiga na gramaticografia de língua portuguesa [...].‖ (p. 322) Vamos ler a análise de Henriques (2010:105) sobre esse fato. A NGB optou por considerar que existem, em português, 5 subtipos de conjunções coordenativas segundo a relação de sentido que estabelecem. [...] A diferença entre as ―conjunções-conjunções‖ e as ―conjunções-advérbios‖ reside na possibilidade que algumas têm de serem deslocadas na sua oração. Vejamos os exemplos fornecidos pelo autor: Todos estão surpresos, mas essa é a realidade. - Mas tem posição fixa: é conjunção. Sua tia é rica; (logo) ela (, logo,) pode (, logo,) viajar (, logo,) para qualquer lugar (, logo.) - Logo tem posição móvel: não é conjunção.‖ Orações Justapostas ou Assindéticas As orações podem aparecerem sequência, sem a presença de conectores e transpositores. As orações coordenadas justapostas são também chamadas assindéticas. Veremos agora os casos de justaposição com orações coordenadas e, ao tratarmos das orações subordinadas, veremos a justaposição com esse tipo de orações. As orações coordenadas assindéticas ocorrem, principalmente, nos seguintes casos: (a) orações iniciais da coordenação; (b) orações com a conjunção subentendida. Veja os exemplos a seguir: a) Orações iniciais da coordenação. Ela chegou cedo porque o serviço estava atrasado. b) Orações com a conjunção subentendida: Acorda, [ e ] almoça, [ e ] estuda. (de valor aditivo) Cheguei atrasado; [ mas ] Ana não prestou atenção: estava olhando para a noiva. (de valor adversativo) Fique longe do cachorro: [ pois ] ele está adoentado. Nesses casos, alguns autores consideram que a enumeração de ações é apenas exemplificativa, outras ações poderiam ser citadas. Conceitos Iniciais Orações com ligação clara, isto é, com a conjunção coordenativa explícita. 1. Aditivas. Servem para ligar dois termos ou orações de idêntica função (relacionam pensamentos similares). Somam informações de natureza semelhante e indicam normalmente fatos ou acontecimen-tos dispostos em sequência, sem lhes acrescentar outro matiz de significação. Garcia (1997) as chama de conjunções de aproximação, já que ―[...] sua função precípua é juntar ou aproximar palavras ou orações da mesma natureza e função.‖ (p. 17) Introduzidas por E e NEM ou pelas locuções NÃO SÓ... MAS (TAMBÉM), TANTO... COMO, e análogas. Essas locuções são chamadas por Azeredo (2008) em sua Gramática Houaiss da Língua Portuguesa como ‗adjuntos conjuntivos‘ e, segundo ele, ―[...] se empregam assinalando cada um dos sintagmas ou orações coordenados, a fim de dar realce a ambos‖ (p. 302) Orações Coordenadas Sindéticas Segundo Azeredo (2008:301), a conjunção nem tem valor equivalente a e não e pela característica de adição de ideias, as orações aditivas são tratadas como tendo valores equivalentes, tanto positivos quanto negativos. Exemplos: A mãe chegou do trabalho e foi cuidar das crianças. Não canta nem dança. Não só canta, mas também dança. Em ―Sintaxe: estudos descritivos da frase para o texto‖, Henriques (2010:101) afirma que ―a conjunção aditiva e tem como forma negativa nem.‖ Observemos o exemplo fornecido pelo autor: ―Nas horas difíceis, os falso amigos não ajudam nem aparecem.‖ (p. 101) Esse autor comenta também que quando nem equivale a NÃO, ele é advérbio e nos apresenta a oração ―Nem veio, nem telefonou.‖ Através desse exemplo, Henriques analisa que ―a 1ª oração é assindética; a 2ª é aditiva: o NEM da 1ª oração é advérbio.‖ (p. 101) Valores Não Aditivos Assumidos Pela Conjunção E Kury (1993) nos mostra que a conjunção E pode assumir outros valores que não somente o valor aditivo. Vejamos os exemplos apresentados pelo autor ambos na página 69: Valor adversativo: Ex: ―Todos fugiam da morte, e a morte os seguia, invisível e tenaz.‖ Quando o e tem valor adversativo, deve vir precedido de vírgula. Valor consecutivo: Ex: ―Cita Salamina, e tereis nomeado Temístocles.‖ 2. Adversativas. Antes de conversarmos propriamente sobre as coordenadas adversativas, vamos avaliar o sentido da conjunção MAS na tirinha a seguir. Orações Coordenadas Sindéticas Castilho (2010:351) nos diz que ―O que é dito no segundo termo contraria expectativas geradas no primeiro [...]‖. Por essa característica, as orações adversativas são tratadas como se tivéssemos uma ideia positiva e uma ideia negativa. Assim, as orações coordenadas sindéticas adversativas ligam dois termos ou duas orações de mesma função, acrescentando-lhes, porém, uma ideia de contraste, oposição (pensamentos contrastantes). Introduzidas pelas conjunções mas1, porém, contudo, todavia, no entanto, não obstante, senão etc. 1 Em Lições de Português pela Análise Sintática, Bechara (1992) nos mostra que ―A língua coloquial emprega MAS no início do período, sem nenhuma ideia de oposição, para chamar a atenção do ouvinte: ―Mas, meu amigo, o que você tem com isso?‖ (p. 110) Por essa característica de contrariedade, as orações adversativas são tratadas como se tivéssemos uma ideia positiva e uma ideia negativa. Exemplos: Fomos a um restaurante japonês, mas não havia sushi. Fiquei em casa todo o final de semana, mas não descansei. Acerca das conjunções alternativas, Kury (1993) nos fornece um interessante comentário. ―As adversativas (mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto) marcam oposição (às vezes com um matiz semântico de restrição ou ressalva). Por serem etimologiamente advérbios — traço já muito esmaecido em mas e porém, mas ainda vivo nas restantes — as adversativas, como também as explicativas e as conclusivas, são menos gramaticalizadas, quer dizer, menos despojadas de teor semântico do que e, nem e ou. Sua função de conjunção é, aliás, fato relativamente recente na língua portuguesa, fato de ocorrência posterior ao séc. XVIII. Ainda hoje, os dicionários registram entretanto, (no) entanto e todavia como advérbios, embora lhes anotem igualmente a função de conjunções. [...] Por isso, i.e., por serem essencial e etimologicamente advérbios, é que no entanto, entretanto, contudo e todavia vêm frequentemente precedidos pela conjunção e: ―Vive hoje na maior miséria e (,) no entanto(,) já possuiu uma das maiores fortunas desse país.‖ A ser no entanto simples conjunção, simples utensílio gramatical (conectivo), torna-se difícil a classificação da oração: coordenada aditiviva em função do e, ou adversativa, em função de no entanto? É evidente que não poderá ser uma coisa e outra. A ortodoxia gramatical aconselharia a supressão do e, em virtude de, modernamente, se atribuir a no entanto, valor de conjunção. Mas, se se aceita o agrupamento, a oração será aditiva, e no entanto, advérbios, caso em que costuma (ou deve vir) entre vírgulas. O que se diz para no entanto, serve para entretanto, todavia, não obstante. Também mas aparece às vezes junto a contudo e todavia, dando como resultado uma construção que os cânones gramaticais vigentes condenam por pleonástica, como o fazem com o exemplo clássico (ainda comum em certa camada social mas porém.‖ 3. Alternativas. Ligam dois termos ou orações de sentido distinto, indicando que, ao cumprir-se um fato, o outro não se cumpre (pensamentos que se excluem). Assim, tem-se que estabelecem uma relação de alternância (uma opção implica a recusa da outra). Introduzidas por ou e pelos adjuntos conjuntivos ou... ou, já.. já, ora... ora, quer... quer, seja... seja etc. Exemplos: a) Estou com fome ou isso é um biscoito? b) Ou você lê as placas ou pede informações. Bechara1 (2000:479) nos fala sobre 'Coordenação distributiva'. Segundo ele, orações compostas por itens de reiteração anafórica como ora... ora, já... já, quer... quer, um... outro, este... aquele, parte... parte, seja... seja. 1 Segundo o autor, essas estruturas "[...] assumem valores distributivos alternativos, e susidiariamente concessivos, temporais, condicionais. Do ponto de vista constitucional, essas unidades são integradas por várias classes de palavras: substantivo, pronome, advérbio e verno, e do ponto de cista funcional não se incluem entre os conectores que congregam orações coordenadas [...]". 4. Conclusivas. Servem para ligar a anterior uma oração que exprime conclusão, consequência, ou seja, interligam duas ideias, fazendo da segunda uma conclusão da primeira (relacionam pensamentos em que o segundo encerra a conclusão do enunciado do primeiro). Elas estabelecem uma relação em que um ato é conclusão de ou-tro, pressuposto. Introduzidas por logo, portanto, por isso, por conseguinte, consequentemente, então, pois (depois do verbo), assim, de modo que, em vista disso etc. Exemplos: a) Ontem,o dia amanheceu chuvoso; logo, as praias ficaram vazias. b) A tinta está no final, portanto, devemos comprar outra. 5. Explicativas. Ligam duas orações, a segunda das quais justifica a ideia contida na primeira, ou seja, estabelecem uma relação de explicação (uma confirmação da oração anterior ou argumentação em relação aos imperativos). Nesse caso, a segunda frase explica a razão de ser da primeira. Introduzidas por que, porque, pois (antes do verbo: começando oração), porquanto, em exemplos como: Não se lamente, porque tudo mudará. Em relação às explicativas e às conclusivas, vejamos o comentário de Garcia (1997:19): ―As explicativas e as conclusivas, mais até do que as adversativas, estabelecem tão estreitas relações de mútua dependência entre as orações por elas interligadas, que a estrutura sintática do período assume característica de verdadeira subordinação.‖ Bechara (2000:478) também apresenta uma opinião interessante sobre o tema. Veja, no PDF, o que ele nos diz sobre 'Enlaces adverbiais em grupos de orações'. Até agora, estudamos as orações coordenadas desenvolvidas. Veremos então, as orações reduzidas, ou seja, ―orações que apresentam seu verbo (principal ou auxiliar, este último nas locuções verbais), respectivamente, no infinitivo, gerúndio e particípio (reduzidas infinitivas, gerundiais e participiais).‖ (Bechara: 2000, 513). À medida que estudarmos as orações subordinadas, ficará mais clara a compreensão acerca do que é uma oração reduzida. Em relação às orações coordenadas, há uma polêmica. Rocha Lima (1998), Cunha e Cintra (1985) e Bechara (2000) não comentam sobre orações coordenadas reduzidas. Bechara (idem), por exemplo, afirma que ―As orações reduzidas são subordinadas e quase sempre se podem desdobrar em orações desenvolvidas.‖ Kury (1993) e Henriques (2010) falam sobre orações coordenadas reduzidas de gerúndio. Kury, por exemplo, afirma que já encontramos em Said Ali, subsídios para a classificação de coordenadas reduzidas1. 1 Se o acontecimento ocorrido em primeiro lugar for enunciado por uma oração explícita [=desenvolvida], o gerúndio, denotando fato imediato, equivalerá a uma oração coordenada sindética iniciada pela conjunção e: Recebeu a joia, entregando-a [= e entregou-a] depois à esposa. AULA 3 – ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS: PARTE I A complexidade da linguagem humana se reflete também na estrutura das línguas. Dessa forma, temos, por exemplo, o período simples e o período composto na construção dos diversos sentidos em português. A Noção de Subordinação Segundo Bechara (2000:462), uma oração pode passar de independente a dependente de outra, ou seja, pode atuar como membro sintático de outra unidade. A esse processo, ele denomina subordinação ou hipotaxe (hipo-/sub-, ‗abaixo de‘) e isso acontece porque, na subordinação, a parte da oração subordinada adquire uma função sintática em relação à oração principal. Já Carone (1999:91), em seu Morfossintaxe, afirma que: ―A oração subordinada não se articula com outra oração, considerada esta em sua totalidade; ela contrai uma relação de dependência com um termo de outra oração.‖ Tradicionalmente, consideramos subordinação a seguinte estrutura: ORAÇÃO PRINCIPAL + ORAÇÃO SUBORDINADA. Em outras palavras, as orações são sintática e semanticamente dependentes, vejamos este exemplo: ―É preciso que todos venham à reunião.‖ A presença de dois verbos, É e VENHAM nos garante que há duas orações, neste período e, por conta disso, trata-se de um período composto. Entretanto, se analisarmos as orações separadamente, verificaremos que a primeira oração está incompleta. Falta-lhe o sujeito, pois só é formada por verbo de ligação e predicativo do sujeito. Dessa forma, encontramos seu sujeito na oração a seguir: que todos venham à reunião. Viu como as orações se complementam? Por isso, temos a ideia de subordinação. Não há como as orações desse período serem consideradas uma sem a outra para que haja completude de sentido. Orações Subordinadas Substantivas Tradicionalmente, são orações que desempenham funções sintáticas características dos sintagmas nominais: Sujeito - oração subordinada substantiva subjetiva Objeto Direto - oração subordinada substantiva objetiva direta Objeto Indireto - oração subordinada substantiva objetiva indireta Predicativo - oração subordinada substantiva predicativa Completiva Nominal - oração subordinada substantiva completiva nominal Azeredo, em sua Gramática Houaiss da Língua Portuguesa, não fala de oração subordinada substantiva objetiva indireta e sim de oração subordinada substantiva completiva relativa. Uma boa estratégia para identificar uma oração substantiva é a substituição da oração pelo pronome ISSO — quando é possível fazer essa substituição, a oração será subordinada substantiva. Por exemplo, se dizemos: ―Ele sabe que comprou um bom carro‖ a regra nos diria para que substituíssemos a parte do período que vem depois da conjunção por ISSO: ―ELE SABE DISSO‖ para comprovar que temos uma oração subordinada do tipo substantiva. Mas, você deve se perguntar: por que isso é possível? Muito simples: os pronomes substituem ou acompanham um substantivo. Se a oração tem valor de substantivo, então podemos substituí-la por um pronome, nesse caso, isso. Só não podemos nos esquecer de que haverá casos em que precisaremos de preposição, como nos exemplos a seguir: Necessitamos de que todos cheguem no horário. (DISSO – de + isso) Temos carência de que trabalhem com afinco. (DISSO – de + isso) Se você observar o modo verbal presente nas orações subordinadas acima, verá que ambos os verbos estão no modo subjuntivo. Segundo Castilho (2010, p. 355): ―O subjuntivo é o modo de vários tipos de subordinadas‖. Ela afirma ainda que: As subordinadas dispõem de três processos de marcação gramatical: por operadores, que são as conjunções subordinativas; por morfemas do modo subjuntivo e das formas nominais do verbo; e pela gramaticalização de verbos evidenciais seguidos de conjunção QUE. Oração Principal e Orações Subordinadas Como já vimos, o período composto por subordinação é formado por uma oração principal a que se refere à oração subordinada. Agora, vamos entender o que elas são? Oração principal: é um tipo de oração1 que no período não exerce nenhuma função sintática e tem associada a si uma oração subordinada. 1 Mas… como identificar a oração principal? Vão duas dicas: A oração principal não possui o conectivo QUE ou SE; A oração principal é aquela a que falta algum termo sintático a ser provido pela oração subordinada. Oração subordinada: quando desenvolvida, será a oração que possui o conectivo QUE ou SE, chamados conjunção integrante. O que é conjunção integrante? Segundo Azeredo (2002, p. 212), as conjunções integrantes podem ser consideradas nominalizadores, uma vez que são usadas para formar sintagmas nominais — as orações substantivas. Nessa mesma perspectiva, Bechara (2000, p. 464) declara que essas conjunções não possuem função de conectivo, mas de marcar a transposição de uma unidade superior (oração independente) a uma unidade inferior (oração dependente). Vamos, agora, iniciar nossos estudos sobre as orações subordinadas substantivas? Nesta primeira aula sobre as orações subordinadas substantivas, vamos estudar dois tipos de orações subordinadas substantivas desenvolvidas: 1. Subjetivas: As orações subjetivas exercem função de sujeito do verbo da oração principal e aparecem com certas estruturas como: Verbo de ligação + predicativo: é bom..., é conveniente..., é claro..., está comprovado..., parece certo... etc. Exs.: É bom que todos venham. /Parece certo que eles fecharão o negócio. Veja que se perguntarmos ao verbo da oração principal qual é o sujeito, teremos como resposta a oração subordinada em ambos os casos. Ex.: O que é bom?Resposta: que todos venham. O que parece certo? Resposta: que eles fecharão negócio. Verbo na voz passiva sintética ou analítica: sabe-se..., soube-se..., foi anunciado... etc. Exs.: Sabe-se que ele foi promovido. /Foi anunciado que ele seria promovido. Verbos unipessoais (só se conjugam na 3ª pessoa) como: convir, bastar, cumprir, constar, parecer, urgir etc. Exs.: Convém que nos preparemos para as provas. /Parece que ele não virá. Segundo Azeredo (2002, p. 214), temos outro tipo de estrutura para a oração substantiva subjetiva, a saber: ―desenvolvidas, introduzidas por pronomes indefinidos ou advérbios interrogativos‖, vejamos exemplos dados pelo professor: Quem gosta de cinema não pode perder esse filme. Já está decidido quando serão as próximas eleições para prefeito. 2. Objetivas diretas: As orações subordinadas substantivas objetivas diretas desenvolvidas são aquelas que funcionam como objeto direto do verbo da oração principal. Exemplos: Ela pediu que nós viéssemos à festa. /Ela perguntou se você vai à festa. Objeto Direto: o termo da oração que completa o verbo transitivo direto (VTD) sem mediação de uma preposição. Trata-se, no período simples, de um sintagma nominal que funciona como argumento do verbo transitivo direto. Ex.: Ela pediu um convite da festa./ Ele disse tudo sobre você. Na maior parte das vezes, as objetivas diretas são introduzidas por conjunção integrante QUE ou SE, mas podem vir introduzidas por: Pronomes que, quem, qual, quanto (às vezes, regidos de preposição), nas interrogações indiretas; Ex.: Não sei quem veio à aula ontem. Quero saber que barulho é esse. Ela disse qual seriam as consequências de nossa atitude. Ele revelou quantas vezes foi à cena do crime. Advérbios como, quando, onde, por que, quão (acompanhados ou não por preposição), nas interrogações indiretas. Ex.: Eu não sei quando ela virá. Nós não sabemos por onde começar o serviço. Ela perguntou por que não chegamos no horário. Minha mulher sabe quão apaixonado eu sou por ela. Azeredo (2002, p. 214-215) advoga ainda as orações objetivas diretas que funcionam como complementos de verbos transitivos que expressam percepção intuitiva, sensorial ou intelectual e dá como exemplos os verbos saber, supor, perceber, descobrir, verificar e imaginar. Ex.: Nós percebemos que ela não virá. Observamos que todos estão contra nós. Os professores não sabiam se liam o livro ou o caderno. Além disso, o mesmo autor inclui os verbos que expressam vontade, a saber: desejar, querer e esperar. Ex.: Esperamos que ela venha. Desejamos que todos passem no vestibular. Ela quer que seus pais a perdoem. AULA 4 – ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS: PARTE II Além do que já citamos, nessa aula vamos discutir a existência da oração subordinada agente da passiva, que aparece em Bechara (2000), mas não na NGB. Além dessa oração, outra classificação polêmica é a da oração subordinada completiva relativa citada por Azeredo (2002), Rocha Lima (1998) e Bechara (2000), entre outros. O curioso é que Azeredo (idem) e Rocha Lima (idem) utilizam essa classificação e omitem a objetiva indireta, enquanto Bechara apresenta tanto a completiva relativa, quanto a objetiva indireta Continuando a reconhecer as orações substantivas, vamos tratar das orações não estudadas em nossa aula 3. São elas: objetivas indiretas, completivas nominais, predicativas, apositivas e agente da passiva. Objetivas Indiretas Aparecem acompanhadas por preposição e completam o sentido de um verbo transitivo indireto da oração principal. Por isso, funcionam como objeto indireto do verbo transitivo indireto da oração principal. Objeto indireto: é o complemento do verbo transitivo indireto (VTI) com mediação de uma preposição. Vejamos estes exemplos: O professor escreveu o bilhete aos pais. O professor distribuiu boas notas aos alunos. Bechara (2000) não nos fornece particularidade alguma a respeito desse tipo de oração, mas Azeredo (2002, p. 215) advoga outra nomenclatura, a das orações completivas relativas. Segundo Azeredo, as orações chamadas completivas relativas servem de complemento a verbos que necessariamente são seguidos de preposição. Vamos aos exemplos? Não me oponho a que você fique em minha casa. Daremos a nota a quem merecer. Lembre-se de que você precisa de uma boa nota. Azeredo1 (2002, p. 215) acrescenta observação relevante a respeito das objetivas indiretas (completivas relativas). Segundo o autor, se este complemento for uma oração precedida do nominalizador QUE, podem ocorrer três situações distintas: 1 Vejamos o exemplo dado pelo próprio autor, a fim de entendermos sua argumentação: ―O defeito desse projeto está (reside, consiste etc.) em que ele só beneficia os grandes latifundiários.‖ 1. As preposições DE e EM são opcionais no registro formal, e não ocorrem no uso coloquial. Vejamos alguns exemplos: Duvido (de) que ele faça as tarefas. Os professores insistem (em) que os alunos façam suas tarefas em dia. Entretanto, Azeredo afirma que a preposição em será obrigatória em verbos cujo complemento significa algo como atributo de um sujeito, o que a gramática tradicional vai tratar como predicativo do sujeito, quando este verbo for de ligação. 2. Outras observação do autor se refere à obrigatoriedade da preposição a quando o verbo da oração principal for pronominal. Seu exemplo é: O treinador opôs-se a que o repórter entrevistasse os jogadores. Mas, essa preposição pode ser suprimida nos demais casos. 3. Quanto às demais preposições, ele afirma que desaparecem diante do QUE. O verbo sonhar nos serve de exemplo: Ela sonhou que seu príncipe encantado chegaria. (sonhar com). Completivas Nominais Assim como as objetivas indiretas, as completivas nominais são acompanhadas por preposição. No entanto, completam o sentido de um nome transitivo da oração principal. Mais uma vez, ressaltamos a importância de se dominar as funções sintáticas no período simples, a fim de que se consiga estabelecer classificações como esta no período composto. Azeredo (2002, p. 216) sustenta ainda que ―A preposição mantém-se no registro formal, mas é omitida no uso coloquial‖, no que tange às orações completivas nominais. Vamos aos exemplos: Tenho certeza (de) que ela largou o marido. Estamos desconfiados (de) que sua atitude fora grosseira. Sabemos da necessidade (de) que todos estudem. Ainda de acordo com Azeredo, há substantivos que servem para modalizar o conteúdo das orações completivas nominais, tais como ideia, fato, hipótese, boato: Trabalhamos com a hipótese de que a prova não seja adiada. Corre um boato de que Maria está de namorado novo. Fique atento! Outra observação importante a se fazer, no que concerne às orações completivas nominais, é de que elas não devem ser confundidas com as objetivas indiretas. Vale salientar que as completivas nominais servem de complemento a um nome da oração principal, enquanto as objetivas indiretas complementam o verbo transitivo indireto da oração principal. Isso parece óbvio, mas muitos confundem. Vejamos: Temos necessidade de que todos colaborem. necessidade = nome Necessitamos de que todos colaborem. necessitamos = verbo transitivo indireto Apesar de ambas as orações grifadas serem idênticas, exercem funções sintáticas diferentes nos dois exemplos. Predicativas Funcionam como predicativo do sujeito da oração principal. Dessa forma, é preciso observar que a oração principal terá a estrutura sujeito + verbo de ligação, quando o sujeito não for oculto ou indeterminado. Vamos aos exemplos: Minha certeza é que eu amo minha família. A previsão era que todos fizessem a prova. Azeredo (2002, p. 217) aponta-nos que há casos em que a preposição pode ser usada opcionalmente entre o verboser e a oração predicativa: Minha impressão era (de) que as pessoas estavam satisfeitas. Nossa conclusão é (de) que ela não mais virá. Por ser opcional, acreditamos que essa preposição ocorra por uma razão de estilo, e não de erro ou acerto. Apositivas As orações apositivas funcionam como o aposto de um termo da oração principal. SUJEITO VL ORAÇÃO PREDICATIVA SUJEITO VL ORAÇÃO PREDICATIVA As orações subordinadas substantivas apositivas são sempre justapostas e vêm, normalmente, separadas por dois-pontos, travessão ou ponto e vírgula, assim como ocorre com o aposto no período simples. Vejamos alguns exemplos: Só sei de uma coisa: eu a amo intensamente. (a oração em destaque serve como aposto do substantivo coisa). A turma só me pediu isto: que as provas sejam corrigidas a tempo. (a oração em destaque serve como aposto do pronome substantivo isto). Fique atento! As orações apositivas podem ou não vir introduzidas por conectivo, como se vê nos exemplos anteriores. Agente da Passiva É uma oração substantiva que a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) não contemplou, mas cuja classificação aparece nas gramáticas normativas, já que são frequentes na língua culta. Aparecem justapostas, iniciadas por preposição DE ou POR, seguidas por pronome indefinido. Vejamos os exemplos: O quadro foi comprado por quem o pintou. (= pelo pintor) A obra foi apreciada por quantos a viram. Orações Reduzidas Diferentemente das orações desenvolvidas que vimos até agora, por fim, podemos perceber que as orações subordinadas podem aparecer com verbos em suas formas nominais, a saber: infinitivo, particípio ou gerúndio. Quando isso acontece, dizemos que a oração subordinada é reduzida. Bechara (2000) afirma que as chamadas orações reduzidas se apresentam sem o conectivo e com o verbo em uma das formas nominais. E, além disso, podem, em geral, ser desenvolvidas. Essas formas se chamam nominais porque podem exercer funções que são típicas de adjetivos. Vamos aos exemplos para entendermos melhor? Penso estar pronto. x Penso que estou pronto. Você consegue reconhecer 2 orações? Penso + estar pronto, no primeiro exemplo. Penso + que estou pronto, no segundo exemplo. Analisando o primeiro exemplo, veremos que PENSO seria a oração principal com sujeito oculto e estar pronto seria o objeto direto desse verbo PENSO da oração principal. Dessa forma, teríamos uma oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo. O segundo exemplo nos mostra a mesma oração, mas desenvolvida, ou seja, com o verbo em sua forma flexionada estou, por isso sua classificação para em oração subordinada substantiva objetiva direta, tão somente! No caso das orações substantivas, quando reduzidas, são, de modo geral, reduzidas de infinitivo. Não fica difícil entendermos isso, uma vez que o infinitivo é a forma substantivada do verbo, pois é responsável pelo ―nome‖ do verbo. Por que oração? Porque é formada em torno de um verbo. Por que subordinada? Porque efetua relação de dependência sintático-semântica em relação à outra oração. Por que substantiva? Porque a função sintática exercida pela subordinada é de natureza substantiva. Por que objetiva direta? Porque a função sintática exercida pela subordinada é de objeto direto. Por que reduzida de infinitivo? Porque o verbo está na forma nominal infinitivo. Vamos a mais alguns exemplos? Custou-lhe muito abrir o pacote. (Oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo) Custou-lhe muito que abrisse o pacote. (Oração subordinada substantiva subjetiva) O preso não aceitava viver sem liberdade. (Oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo) O preso não aceitava que vivesse sem liberdade. (Oração subordinada objetiva direta) AULA 5 – ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS E FUNÇÃO SINTÁTICA DO PRONOME RELATIVO Um aspecto interessante das orações adjetivas é que elas são introduzidas por pronomes relativos que assumem funções sintáticas. Oração Subordinada Adjetiva Uma oração subordinada adjetiva é aquela que exerce a função de adjunto adnominal do antecedente, ou seja, possui valor e função de adjetivo. As orações subordinadas adjetivas aparecem com um pronome relativo como antecedente. Ex.: Roberto é um professor que se dedica aos alunos. Nas palavras1 de Bechara (2000, p. 486): As orações adjetivas iniciam-se por pronome relativo que, além de marcar a subordinação, exerce uma função sintática da oração a que pertence. 1 Essa afirmação aponta para a importância sintática do pronome relativo na oração adjetiva. Vejamos o exemplo: A menina que não veio à aula está doente. A oração em destaque, introduzida pelo relativo QUE, caracteriza a menina da oração principal como aquela que não veio à aula, ou seja, essa oração tem função adjetiva. Se analisarmos a oração adjetiva em separado, veremos que o sujeito do verbo veio é exatamente aquilo que o pronome que substituiu, representa, ou seja, a menina. Então, percebemos que o pronome relativo exerce um duplo papel de conector e de termo sintático da oração a que pertence. Poderíamos acrescentar um terceiro papel: o de termo anafórico, ou seja, que retoma outro termo antecedente. Mas vamos ver isso mais adiante. Qual a diferença entre uma oração substantiva e uma oração adjetiva? Diferentemente da oração substantiva, que, em sua forma desenvolvida, é introduzida por conjunção, as orações adjetivas são introduzidas por pronome relativo, itens que assumem função sintática, como veremos a seguir. Afinal, O Que é um Pronome Relativo? Para situarmos nossos estudos, vejamos o que diz Castilho (2010, p. 366): As adjetivas são introduzidas por pronomes relativos, que integram uma classe fechada, a saber: que, qual, cujo, quanto, onde. Na língua falada, que é uma espécie de pronome relativo universal, que está ocupando os espaços dos outros. Adiante, vamos analisar minuciosamente cada um desses pronomes. Primeiro, precisamos entender o papel sintático-semântico das orações adjetivas. Vamos ver? Veja a seguir, como de acordo com a gramática tradicional, as orações adjetivas são classificadas.‖ Afinal, o que é um pronome relativo? Oração subordinada adjetiva restritiva: Individualiza o sentido do termo a que se refere, não havendo marcação por vírgula. É aquela que restringe o sentido do termo a que se referem, ou seja, fornecemos uma informação às pessoas que elas desconhecem. Vejamos: Ex.: A casa que caiu era da minha irmã. O livro que eu li foi escrito pelo Pessoa. Em ambos os exemplos, verificamos que as orações adjetivas em destaque estão restringindo, delimitando, individualizando os substantivos a que se refere – casa e livro, respectivamente. Conforme Azeredo (2002, p. 220), as orações restritivas delimitam a parte de um conjunto, [...] restringindo a essa parte a referência do sintagma nominal antecedente. Segundo o autor, o conteúdo da oração adjetiva restritiva é importante para o antecedente a que o pronome relativo se refere. Explicando: ao dizermos... (a) A casa que caiu, falamos de um grupo de casas e especificamos para quem nos ouve que justamente a que caiu era da minha irmã; (b) O livro que eu li significa que conversamos sobre vários livros e eu especifico sobre o livro que eu li. Nos dois casos, nosso interlocutor não tem conhecimento das informações que fornecemos sob a forma de orações adjetivas. Castilho (2010, p. 371) introduz duas subcategorias de orações restritivas, a saber: 1. Restritivas finais: quando agregam uma noção de finalidade à adjetiva, trazendo o verbo no subjuntivo. Ex.: Mandou retirarem seus sapatos enlameados, que não sujassem sua sala. É curioso perceber que a oração chamada de restritiva está separada da principal por vírgulas, o que é característica da explicativa. Entretanto, semanticamente,percebemos que essa oração é relevante para o sentido do termo sapatos, uma vez que, enlameados, poderiam sujar a sala. Além disso, a oração indica a finalidade de se retirarem os sapatos, apesar de ser, sintaticamente, uma oração adjetiva, uma vez que se inicia por pronome relativo (QUE) e se refere ao substantivo sapatos e exerce a função de adjunto adnominal. 2. Restritivas causais: que agregam uma noção de causalidade à adjetiva. Ainda com o exemplo dado pelo autor, temos: Ex.: O cão, que é amigo fiel, vigiou a casa durante toda a noite. Novamente, percebemos o uso da vírgula separando as orações; entretanto, a oração adjetiva apresenta-se, novamente, relevante para o estabelecimento de sentido da oração principal, uma vez que indica a razão pela qual o cão vigiou a casa durante toda a noite: ser um amigo fiel. Oração subordinada adjetiva explicativa: Enquanto a oração adjetiva restritiva individualiza o substantivo da oração principal, a oração adjetiva explicativa amplia o valor de um substantivo a que a oração adjetiva se refere. De acordo com Bechara (2000, p. 467), a adjetiva explicativa alude a uma particularidade que não modifica a referência do antecedente [...]. Quando usamos uma oração subordinada adjetiva explicativa, a informação veiculada já é conhecida por nosso interlocutor. Ex.: Para Azeredo (2008, p. 320), a oração explicativa é irrelevante para identificarmos a referência do substantivo ou pronome a que se refere à oração adjetiva. Minha filha, que gosta muito de ler, ganhou dois novos livros ontem. A Grécia, cuja população está desacreditada, está numa grave crise financeira. Os motoristas de ônibus, que estavam em greve, voltaram ao trabalho ontem. Veja que as orações em destaque possuem as seguintes características: 1. São iniciadas por pronome relativo (QUE, CUJA). 2. Referem-se a um substantivo da oração principal, ampliando-lhe o sentido (filha; Grécia; motoristas) e funcionando como adjunto adnominal. A partir dessas informações, conseguimos identificar as orações subordinadas adjetivas. Todavia, verificamos que essas orações em destaque não são relevantes para a identificação de filha, Grécia e motoristas. Elas simplesmente ampliam o sentido desses substantivos. São quase que dispensáveis ao discurso, pois poderíamos proferir: Minha filha ganhou dois livros ontem. A Grécia está numa grave crise financeira. Os motoristas de ônibus voltaram ao trabalho ontem. Bechara (2000, p. 467) advoga, ainda, que a oração explicativa é assinalada entre vírgulas na língua escrita, posição tradicionalmente defendida nas gramáticas de modo geral. Dessa forma, vamos propor um desafio: Qual seria a diferença de sentido entre as seguintes frases? I. Os motoristas de ônibus que estavam em greve voltaram ao trabalho ontem. II. Os motoristas de ônibus, que estavam em greve, voltaram ao trabalho ontem. As frases se parecem, mas são completamente opostas no que diz respeito ao sentido. Se verificarmos a oração adjetiva que estavam em greve, veremos que em (I), não está entre vírgulas, o que configura uma oração subordinada adjetiva restritiva. Desse modo, podemos afirmar que nem todos os motoristas estavam em greve, pois estou limitando o grupo de motoristas ao usar uma oração restritiva. Por isso, somente os que estavam em greve retornaram ao trabalho. Já em (II), a oração adjetiva é explicativa, por conta do uso das vírgulas. Desta forma, podemos afirmar que se trata de uma informação extra a respeito dos motoristas, uma vez que eles já estão identificados no discurso, ou seja, fora do texto (referência exofórica). As Funções Sintáticas dos Pronomes Relativos Os pronomes constituem uma classe fechada, porém variável, da língua. Por se tratar de uma aula de orações adjetivas, vamos tratar especificamente dos pronomes relativos, como nos mostra este quadro: De acordo com Castilho (2010, p. 366), ―Na língua falada, que é uma espécie de pronome relativo universal, que está ocupando os espaços dos outros‖. Entretanto, vejam que isso é na língua falada não culta, ou seja, em contextos de informalidade. Você, futuro professor de Língua Portuguesa, ou qualquer que seja sua atuação no campo das Letras, deve prezar sempre pelo padrão culto da língua em situações que assim exigirem. Isso, certamente, vale para os pronomes relativos. Vamos aos seus usos, enfim? Emprego e Função dos Pronomes Relativos Os pronomes relativos assumem funções sintáticas. Uma vez que substituem um termo antecedente, este mesmo termo, representado pelo pronome relativo, exerce função sintática na oração adjetiva a que pertence. Pronome relativo QUE Pode funcionar como sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito, agente da passiva, adjunto adverbial. Exemplos: O menino pegou os brinquedos que chegaram de Paris. (sujeito do verbo chegaram) Os livros que comprei são muito bons. (objeto direto do verbo comprei) Ainda não vi todas as pessoas de que gosto. (objeto indireto do verbo gosto) A loja com que fiz o primeiro contato já mudou os valores do produto. (complemento nominal do substantivo contato) Ninguém se esquece do professor maravilhoso que foi João. (predicativo de João) A sala em que ela havia colocado a mudança estava trancada. (adjunto adverbial de lugar) Pronome relativo QUEM Refere-se sempre a pessoas ou a coisas personificadas. Além disso, será sempre precedido de preposição. Pode funcionar como objeto direto preposicionado, objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva, adjunto adverbial. Exemplos: Essa é a garota a quem hospedei em minha casa. (objeto direto preposicionado do verbo hospedei) Este é o médico a quem me referi há pouco. (objeto indireto de me referi) O atendente com quem fiz contato já se foi. (complemento nominal de contato) O vendedor por quem fomos enganados já foi demitido. (função de agente da passiva) As pessoas com quem você divide o apartamento são, ao menos, mesquinhas. (adjunto adverbial de companhia) Pronome relativo CUJO(s), CUJA(s) Estabelecem relação de posse e funcionam, na maior parte das vezes, como adjunto adnominal, embora apareça como complemento nominal. Entretanto, de acordo com Bechara (2000, p. 487), O sintagma a que cujo pertence exercerá a função que determinar sua relação com o núcleo verbal. Exemplos: Os alunos cujos pais vieram à reunião foram bem orientados quanto à atividade de recuperação. A casa cuja dona é minha amiga está à venda. Curiosidades sobre o uso de cujo Observe que em todos os exemplos a noção de posse está evidente. Dessa forma, é preciso reconhecer o ―possuidor‖ e ―a posse‖. Conforme nossos exemplos, teríamos: Os alunos cujos pais vieram à reunião foram bem orientados quanto à atividade de recuperação. A casa cuja dona é minha amiga está à venda. Possuidores: Os alunos e A casa. As posses: pais e dona. Outra observação relevante e, infelizmente, algo de certa forma comum na oralidade é o uso de artigo após o relativo cujo e seus derivados. Isso é um erro; não se deve usar artigo, uma vez que o próprio pronome já dá conta desse papel determinativo. A menina cujos os pais… (errado) A menina cujos pais… (certo) Além disso, esse pronome apresenta-se como exceção à regra, uma vez que possui referência anafórica e catafórica ao mesmo tempo. Gramaticalmente, o pronome concorda com o termo posterior, mas, semanticamente, observa-se a relação, como já vista, entre possuidor (termo antecedente) e posse (termo posterior). Pronome relativo O QUAL, OS QUAIS, A QUAL, AS QUAIS Usados com referência a pessoa ou coisa, desempenham as mesmas funções que o pronome que. Seu uso, entretanto, é bem menos frequente e tem se limitado aos casos em que é necessário para evitar ambiguidade. Por serem pronomes variáveis, concordamem gênero e em número com o termo a que se referem. Exemplos: Comprei dois livros sem os quais não consigo fazer o trabalho de Sintaxe. Ela recebeu duas tarefas com as quais poderá manter seu emprego. Veja que, se trocarmos livros e tarefas por livro e tarefa, respectivamente, teremos o qual e a qual, uma vez haver variação de número. Além disso, por se tratar de um pronome precedido de artigo, quando usado com a preposição a, usa-se o acento grave para se marcar a crase. Exemplo: A televisão à qual me refiro está em promoção. Pronome relativo ONDE Conforme Bechara (2000:487), em lugar de EM QUE, DE QUE, A QUE, nas referências a lugar, empregam-se, respectivamente, onde, donde, aonde (que funcionam como adjunto adverbial ou complemento relativo). Exemplos: A casa onde (=em que) moro é muito velha. A escola donde (=de que) ela vem era muito competente. O lugar aonde (=a que) vou é extremamente ermo. Curiosidades sobre o uso de onde e aonde Geralmente, as pessoas têm dúvidas quanto ao uso desses termos. Na verdade, trata-se de um único relativo: onde. Aonde nada mais é do que o relativo onde, acrescido de uma preposição. Dessa forma, deve haver algo na oração adjetiva que justifique o uso da preposição, como um verbo transitivo indireto, por exemplo. Vejamos: O lugar onde moro é valorizado. O lugar aonde vou é valorizado. Em (i), o verbo morar não pede preposição, o que não ocorre com o verbo ir em (ii). Quem vai, vai a algum lugar. Além disso, temos a questão do movimento. Aonde ocorre com verbos que indicam movimento, enquanto onde indica lugar estático. Bechara (2000, p. 487) advoga que onde é para ideia de repouso, e aonde para ideia de movimento. Pronome relativo QUANTO, COMO, QUANDO Atuam principalmente como sujeito e objeto direto. Exemplos: Traga tudo quanto for necessário. Sábado quando fomos à praia estava calor. O modo como a reunião foi conduzida não me agradou. Bechara (2000, p. 172) advoga que QUANTO(S) e QUANTAS(S) serão relativos quando precedidos de um pronome indefinido. Conteúdos Circunstanciais das Orações Adjetivas Esses últimos exemplos já apontam para um uso mais circunstancial e menos referencial do pronome relativo. Azeredo (2002, p. 221; 2008, p. 321) mostra-nos que: As orações adjetivas podem apresentar cumulativamente um conteúdo circunstancial de causa, concessão, condição, finalidade, resultado. Segundo o autor, essas orações adjetivas, muitas vezes, não contribuem para a identificação dos referentes, mas são discursivamente importantes como respaldo para o conteúdo dos predicados que se seguem. Em outras palavras, são orações que expressam determinado valor semântico e que só são assim classificadas em razão de sua estrutura sintática. Vamos a alguns exemplos? Valor de concessão: Não sei como eles, que se gostavam tanto, se separaram. (=embora se gostassem tanto) Valor de condição: Eles demitiam qualquer pessoa que fosse incompetente. (=desde que fosse incompetente) Valor de finalidade: Quando assumiu o cargo, o rapaz pensou em estratégias com que aumentasse as vendas da empresa. (= a fim de aumentar) Valor de resultado: Ela precisa tomar atitudes que não nos comprometam. (=atitudes tais que não nos comprometam) Valor de causa: Meu irmão, que sabe muito sintaxe, pode nos ajudar com os estudos. (=já que conhece muito sintaxe) Você vai encontrar esses valores circunstancias ao estudar as orações subordinadas adverbiais. Entretanto, as orações aqui apresentadas, são introduzidas por pronome relativo QUE retomam um termo antecedente função de sujeito. AULA 6 – ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS DESENVOLVIDAS: PARTE I Vamos começar nossa aula sobre as adverbiais com a fala de Ataliba de Castilho e sua Nova Gramática do Português Brasileiro (p. 371). Ao introduzir a temática das orações subordinadas adverbiais, ele nos diz: Imagine a cena: você pretende ficar em dado lugar, porém a situação discursiva em que se encontra exige algo mais do que simplesmente FICAREI. Por qualquer razão, não cairá bem se você for tão telegráfico, tão econômico em seus meios verbais. Você, definitivamente, precisará acrescentar informações adicionais a isso. Ah, meu amigo, nessa hora você caiu em cheio nos braços das sentenças adverbiais! Elas existem precisamente para fornecer informações desse tipo. Eis aqui algumas de suas alternativas: a) Ficarei porque Maria vem. b) Se Maria vier eu fico. c) Ficarei quando Maria vier. E o autor continua nos dando mais e mais exemplos de orações adverbiais que servem para dar informações adicionais acerca das razões pelas quais se deve ficar. Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. Vamos avaliar alguns períodos: a) Ana estudou nesse colégio na adolescência. b) Meus pais vão ao médico por prazer; meus avós, por necessidade. Em (a), temos um adjunto adverbial de tempo e em (b) temos um adjunto adverbial de causa. Vamos transformar esses advérbios em orações? (a1) Ana estudou nesse colégio quando era adolescente. (b1) Meus pais vão ao médio porque sentem prazer; meus avós, porque sentem necessidade. Isso feito, temos em (a1) uma oração subordinada adverbial temporal e em (b1) uma oração subordinada adverbial causal. Uma oração subordinada adverbial pode exprimir circunstância1. Quando desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções subordinativas (com exclusão das integrantes). 1 ―Chama-se circunstância (do lat. Circum, em redor, stare, estar; o que está em redor ou em torno) a condição particular que acompanha um fato, o acidente que o atenua ou agrava.‖ (p.53) GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 17ª ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1997. As orações subordinadas adverbiais são aquelas que indicam circunstâncias em que ocorrem os fatos expressos pelo verbo, exercendo funções semelhantes às exercidas pelos advérbios. Como essas orações são, em geral, adjuntos de outras orações, ―[...] apresentam a mesma mobilidade posicional de certos adjuntos adverbiais." (Azeredo: 2002, 222) Assim como temos os adjuntos adverbiais, termos da oração que indicam as circunstâncias em que ocorre o fato expresso pelo verbo e que são determinantes do verbo, temos a possibilidade de expressar circunstâncias que podem ser também expressas por orações — são as orações subordinadas adverbiais. Embora seja hábito, nas escolas, que se decore uma lista de conjunções de modo a classificar as orações, acredita-se, atualmente, que a classificação de uma oração adverbial deve acontecer de acordo com o valor semântico que expressam. As Orações Subordinadas Adverbiais Bechara (2000, p. 471) separa as adverbiais em dois grupos, ficando no segundo grupo somente as adverbiais comparativas e consecutivas. Veremos primeiro as adverbiais do primeiro grupo; ao tratarmos das adverbiais do segundo grupo justificaremos o porquê da separação proposta pelo autor. Importante: O período pode começar tanto pela oração principal quanto pela oração subordinada adverbial. O que determina a posição é o efeito que se quer transmitir, aquilo que se quer que seja colocado em relevância. Observe: O bebê sorriu, já que a mãe chegou. Já que a mãe chegou, o bebê sorriu. Causais: as orações subordinadas adverbais causais exprimem a causa, o motivo do pensamento expresso na oração principal. Conjunções: Porque, que (quando significa ‗porque‘), pois, como (quando significa ‗porque‘), já que, visto que, visto como, uma vez que, dado que, porquanto etc.: a) ‗porque‘ e ‗pois‘ introduzem a oração causal que vem após a principal; b) ―porque‘ pode vir precedido de um vocábulo de realce (só, até, mesmo, justamente etc.); c) ‗como‘ vem sempre introduzido na oração anteposta à oração principal. Exemplos: O bebê sorriu porque a mãe chegou. Como a mãe chegou,o bebê sorriu. O bebê sorriu, já que a mãe chegou. Em uma oração subordinada adverbial causal, temos a relação de causa e consequência expressa da seguinte maneira: a causa está na oração subordinada adverbial e a consequência na oração principal. Consecutivas: a oração subordinada adverbial consecutiva é introduzida pelo transpositor QUE e indica, na oração principal, uma expressão de natureza intensiva como tal, tanto, tão, tamanho (termos que podem ser subentendidos). Exemplos: Ele comeu tanto que não conseguiu dormir. Ela era tão chata que ninguém a aturava. Diferentemente da oração subordinada adverbial causal, na oração subordinada adverbial consecutiva temos a relação de causa e consequência expressa da seguinte maneira: a causa está na oração principal e a consequência na oração subordinada adverbial. Segundo Bechara (2000, p. 499), a oração consecutiva indica que a consequência expressa pela oração principal se deve à forma como a ação foi praticada pela oração principal e ―[...] servimo-nos, na oração principal, das unidades complexas de tal maneira, de tal sorte, de tal forma, de tal modo.‖ Exemplos: • Ele falou de tal maneira que aborreceu os pais. • Tamanha era sua vontade de casar que fez várias promessas a Santo Antônio. Condicionais: as orações subordinadas adverbiais condicionais introduzem uma oração que pode expressar a condição necessária para que se realize ou se deixe de realizar o que se declara na oração principal. Conjunções: se, caso, sem que, uma vez que (com o verbo no subjuntivo), desde que (com o verbo no subjuntivo), dado que, contanto que etc. Exemplos: Se ele chegar cedo, fará o lanche para todos nós. Caso haja boa organização, o congresso será um sucesso. Azeredo (2008, p. 325), na sua Gramática Houaiss da Língua Portuguesa, comenta sobre as orações subordinadas adverbiais causais e as orações subordinadas adverbiais condicionais, que: ―A diferença entre a causa propriamente dita e a condição baseia-se em uma distinção de atitudes do enunciador em relação à ‗realidade‘ da informação contida na oração adverbial: a atitude de certeza se expressa com os conectivos causais (porque, como, visto que, dado que) e normalmente com verbos no modo indicativo; a atitude de incerteza, de suspeita, de suposição se expressa com os conectivos de condição (se, caso, desde que, contanto que, a menos que) e com verbos em geral no modo subjuntivo; o modo indicativo ocorre em uma subclasse de orações iniciadas por se.‖ Vejamos os exemplos a seguir: Ele fará o lanche para todos nós porque chegou cedo. Se ele chegar cedo, fará o lanche para todos nós. Concessivas: segundo Bechara (2000, p. 498-99), as orações subordinadas adverbiais concessivas introduzem oração que exprime que um obstáculo — real ou suposto — que não impedirá ou modificará a declaração da oração principal. Conforme Azeredo (2000), a oração concessiva expressa um dado que não afeta o restante do enunciado apresentando uma relação de contraste. Rocha Lima (1998, p. 277) afirma que, quando a oração subordinada adverbial concessiva vem desenvolvida, o verbo aparece no subjuntivo. Ele diz também que a oração concessiva pode parecer antes ou depois da oração principal: A anteposição parece que lhe dá maior relevo, e permite o uso, na oração principal, de uma palavra ou expressão que realce o contraste de ideias, tais como ainda assim, mesmo assim, contudo, entretanto, sempre, todavia e outras: Embora se esforce muito, / (ainda assim, mesmo assim, entretanto) não progride na vida. Algumas conjunções concessivas: ainda que, embora, posto que, se bem que, conquanto. Bechara (2000, p. 497) elenca conjunções que ele nomeia ‗concessivas intensivas‘: por mais ... que; por menos ... que; por muito ... que (É possível a eliminação dos advérbios mais, menos, muito). Exemplos: Vamos permitir que eles saiam, embora sejamos contra o namoro. A maior parte dos funcionários ganhou aumento, ainda que a empresa tenha perdido o contrato. AULA 7 – ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS DESENVOLVIDAS: PARTE II Agora, vamos conhecer outros tipos de orações subordinadas adverbiais. Conformativas: introduzem orações que exprimem um fato em conformidade com outro expresso na oração principal. Ou seja, o valor assimilativo da conjunção permite estabelecer uma comparação entre dois fatos, indicando que o conteúdo de uma das orações confirma o conteúdo da outra. Conjunções: conforme, como, segundo, consoante (as três últimas com valor de ‗conforme‘). Exemplos: Nossa filha não tem estudado conforme havia prometido. Como se costuma proceder, a aluna foi suspensa por 10 dias. Finais: introduzem orações que exprimem a intenção, o objetivo, a finalidade da declaração expressa na oração principal. Algumas conjunções finais: para que, a fim de que, que (= para que), porque (= para que). Exemplos: Você fez de tudo para que ele não chegasse a tempo. A fim de que chegasse rápido, pegou um táxi. Proporcionais: introduzem orações que exprimem um fato que ocorre, aumenta ou diminui na mesma proporção daquilo que se declara na oração principal. As conjunções proporcionais apresentam dois fatos que ocorrem paralelamente, havendo uma relação de causa e efeito entre eles. Algumas conjunções proporcionais: à medida que, na medida em que, à proporção que, ao passo que. Também são usadas as estruturas correlativas: quanto mais/menos ... mais/menos,... tanto mais/menos ... Exemplos: Ao passo que envelhece, fica cada vez mais bonita. Quanto mais estudamos, mais aprendemos. Temporais: introduzem orações que exprimem o tempo da realização do fato expresso na oração principal. Ou seja, definimos a posição, no tempo, do que está expresso na oração principal. Algumas conjunções e locuções temporais: antes que, primeiro que, depois que, quando, logo que, tanto que, assim que, desde que, apenas, mal, eis que, senão, todas as vezes que, (de) cada vez que, sempre que, enquanto, até que. Exemplos: Ele já tinha nascido quando comprei o carro. Enquanto caminhávamos, pensava em tudo o que vi. Comparativas: associa duas ideias ou fatos em relação a um aspecto de referência comum. A comparação pode vir implícita no texto. Conjunções: tão... como (quanto), mais (do) que, menos (do) que. Exemplos: As brasileiras dançam mais do que as europeias. A coragem dele é tão grande quanto a inteligência dele (é). [Neste caso, a comparação está implícita.] Comparação intensiva: construção sintática utilizada para quantificar uma propriedade comum a dois ou mais objetos. Nesse caso, tanto se pode destacar a igualdade da quantificação expressa por meio de tanto/tão ... quanto – como a diferença – expressa por meio de mais/menos ... do que. Por isso, a comparação pode ser: De igualdade – O menino é tão esperto quanto a menina. De superioridade – O menino é mais esperto do que a menina. De inferioridade – O menino é menos esperto do que a menina. Comparação assimilativa: ocorre quando a comparação se refere à semelhança existente entre os conteúdos comparados. Essa forma de comparação é construída geralmente com a conjunção como, precedida ou não do advérbio assim, e expressa uma relação semântica e sintática muito próxima da coordenação aditiva. Pode ocorrer também essa relação com as conjunções da mesma forma que e tanto quanto. Orações subordinadas adverbiais que não figuram na NGB. Locativas: aparecem sempre sob a forma desenvolvida, sem conjunção e introduzidas por onde. Exemplos: Ela mora onde meu pai morava. Nós gostaríamos de viajar para onde nossos irmãos foram. Modais: introduzem uma oração que exprime o modo, a maneira pela qual se executou o fato expresso na oração principal. Rocha Lima (1998, p. 283) afirma que: O modo (juntamente com o tempo e o lugar) é a mais fundamental das circunstâncias.Mas, em português, assim como não existem conjunções locativas, assim também não existem conjunções modais. Esse autor afirma que não há orações subordinadas adverbiais modais desenvolvidas, fato debatido por outros autores, conforme os exemplos a seguir. Algumas conjunções modais: sem que, como. Exemplos: Chegou atrasado sem que ninguém percebesse. Quero viajar nas férias sem que nada me aborreça. AULA 8 – AS ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS REDUZIDAS Oração Subordinada Adverbial Causal e Oração Coordenada Sindética Explicativa Primeiro, vamos refletir sobre a causal e a explicativa: por que é tão comum confundir essas duas orações? Porque há conjunções de ligação comuns: que, porque, pois, porquanto. Alguns autores como Henriques (2010) falam da questão do tempo e afirmam que, em uma oração causal, a oração adverbial tem anterioridade temporal, ou seja, o fato, nela expresso, aconteceu antes do que o fato que temos na oração principal. Exemplo: Ele estava feliz porque seu filho tinha passado no Vestibular. Kury nos fornece outras dicas para distingui-las. Se você puder ―[...] substituir a oração desenvolvida iniciada com que, pois, porque por outra equivalente, reduzida de infinito, iniciada pela preposição por [...]‖ (Kury: 1993, p. 90) a oração é subordinada adverbial causal. Exemplos: a) A professora está cansada porque não dormiu ontem. A professora está cansada por não dormir ontem. Neste caso, a oração é subordinada adverbial causal. b) A professora está cansada porque não para de bocejar. Como a substituição não é possível, a oração é coordenada explicativa. Entre as orações coordenadas assindéticas e as orações coordenadas sindéticas explicativas pode existir uma vírgula, dois-pontos e ponto e vírgula: isso não ocorre nas orações adverbiais causais. Quando temos uma oração coordenada explicativa podemos retirar a conjunção e usar dois-pontos sem que haja perda de significado. Exemplo: A professora está cansada porque não para de bocejar. A professora está cansada: não para de bocejar. Segundo Kury (idem) as orações causais com que, pois, porque, na maior parte dos casos, ―[...] podem substituir-se por equivalentes com os conectivos como (no início do período), uma vez que e análogos, que não é possível com as explicativas.‖ (p. 90) Exemplo: Como a professora está cansada, não para de bocejar. Exemplos de orações subordinadas causais: 1) Não almoço, porque não tenho fome. = Como não tenho fome, não almoço. O fato de não ter fome é a causa, o motivo que leva a pessoa a não almoçar. 2) O Vítor domina o vocabulário, porque lê muito. = Como o Vítor lê muito, domina o vocabulário. O fato de o Vítor ler muito é a causa, o motivo, que o leva a dominar o vocabulário. Exemplos de orações coordenadas explicativas: 1) Sobe, que te quero mostrar uns livros. = Sobe, pois quero mostrar-te uns livros. A ação de querer mostrar os livros não é a causa da ação de subir; é a causa do pedido de que suba. Quem fala quer mostrar os livros, quer o outro suba, quer não. A oração "que te quero mostrar os livros" justifica o fato de o emissor ter feito o pedido, justifica algo que não está sintaticamente expresso. Assim, estas duas orações são independentes entre si e poderiam formar dois períodos: ―Sobe. Quero mostrar-te uns livros‖. 2) Peço-te que subas, porque te quero mostrar uns livros (causal) Neste período, a oração "porque te quero mostrar uns livros" é subordinada à oração "peço- te", exprimindo a causa desse pedido. Oração Coordenada Adversativa X Oração Subordinada Adverbial Concessiva Há duas possibilidades de articulação de oposição: uma por coordenação e outra por subordinação. Quando se faz uso da coordenação adversativa tem-se um encaminhamento argumentativo contrário à oração anterior, frustrando a expectativa do destinatário. A articulação sintática de oposição, utilizando a oração subordinada adverbial concessiva, tem um efeito modalizador do discurso, uma vez que prepara o destinatário para uma conclusão contrária ao inicialmente esperado. Exemplos: Fizemos o possível para conseguir suas férias, portanto, você poderá entrar em férias a partir do dia 13. Embora tenhamos feito o possível para conseguir suas férias, isso não será possível. Orações Reduzidas É importante observar que as orações reduzidas, quando desenvolvidas, podem apresentar mais de uma classificação, principalmente, quando o contexto não nos ajuda a esclarecer o significado envolvido. Vejamos os exemplos a seguir: 1. Orações Reduzidas de Infinitivo. Quando uma oração reduzida de infinitivo é adverbial ela pode ser classificada como causal, concessiva, consecutiva, condicional, final e temporal. Quando temos uma oração reduzida de infinitivo, o verbo pode ou não ser acompanhado de preposição. Exemplos: Ele pagou o preço [por falar demais.] = porque falou demais. Oração subordinada adverbial causal reduzida de infinitivo Ele não irá à festa [sem vestir o terno do irmão.] = sem que vista o terno do irmão Oração subordinada adverbial condicional reduzida de infinitivo [Apesar de estar aborrecida com ele], irei à festa. = Ainda que esteja aborrecida com ele Oração subordinada adverbial concessiva reduzida de infinitivo Ele foi embora da sala [a fim de parar a discussão.] = a fim de que a discussão parasse Oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo. Segundo Kury (1993) e Bechara (2000), entre outros autores, a oração adverbial final só aparece reduzida de verbo no infinitivo. 2. Orações reduzidas de particípio Bechara (2000, p. 525) apresenta apenas três tipos de orações subordinadas adverbiais que podem aparecer reduzidas de particípio: as causais, as condicionais e as temporais. Exemplos: [Encontrado o livro], foi estudar para a prova final. = Porque o livro tinha sido encontrado Oração subordinada adverbial causal reduzida de particípio [Comprovada sua ideia], você poderá sair à noite. = Caso seja comprovada Oração subordinada adverbial condicional reduzida de particípio [Terminada a aula], os alunos saíram correndo para a cantina. = [Quando a aula terminou] Oração subordinada adverbial temporal Henriques (2010, p. 143) nos apresenta um exemplo de oração subordinada adverbial concessiva reduzida de particípio: ―A borá mostrou solidez, mesmo construída na praia.‖ 3. Orações reduzidas de gerúndio Podem ser orações subordinadas adverbiais temporal, causal, consecutiva, concessiva, condicional. Exemplos: Falou sobre o crime, [lendo o jornal da manhã.] = quando lia o jornal da manhã Oração subordinada adverbial temporal reduzida de gerúndio Errou todo o exercício, [mesmo estudando muito]. = mesmo que estudasse muito Oração subordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio [Comprando um presente para ela], serei perdoado pelo que fiz. = Se eu comprar um presente para ela Oração subordinada adverbial condicional reduzida de gerúndio Kury (1993, p.102) comenta sobre a existência da oração subordinada adverbial modal reduzida de gerúndio. Veja um exemplo: Saiu da sala cuspindo maribondos. Orações Justapostas de Valor Contextual Adverbial Concessivas: orações tendo o verbo, no subjuntivo, anteposto ao sujeito ou caracterizadas por expressões do tipo: digam o que quiserem, custe o que custar, dê onde der, seja o que for, aconteça o que acontecer, venha donde vier, seja como for etc. Exemplo: Custe o que custar, viajarei nas férias. Condicionais: orações tendo o verbo no tempo passado (mais-que-perfeito do indicativo ou imperfeito do subjuntivo) anteposto ao sujeito. Temporais: Apresentam uma ideia de tempo, sem a presença do conectivo. Exemplo: Há muito tempo não viajamos ao Nordeste. Neste caso, Kury (1993) comenta que ―Certos autores preferem ver nas expressões ‗há muito tempo‘ ou ‗ faz muito tempo‘, sem embargo da presença
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