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1) CARACTERIZAR DOENÇAS EXANTEMÁTICAS: a. SARAMPO -Epidemiologia: 21 estados apresentaram casos de sarampo em 2020. Sendo que Pará, RJ, SP e Amapá mantem o surto. Em 2018 houve registros após últimos casos terem ocorrido em 2015. Em 2019, foram 20.901 casos, em 2020 foram 8.448 casos, em 2021 até fevereiro foram 235 casos. -Fisiopatologia: Vírus pertence ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae, doença causada por um paramixovírus, doença sem reservatório animal, extremamente contagiosa. Dissemina-se por secreção nasal, da garganta e boca durante estágio prodrômico e inicial eruptivo. O contágio permanece alguns dias após aparecer exantema. Não é mais contagioso após escamação do exantema. As gotículas respiratórias carreiam o vírus à mucosa do trato respiratório dos hospedeiros, na incubação o vírus se replica e se espalho no organismo. Essa replicação se inicia nas células epiteliais do trato respiratório superior e o vírus dissemina para o tecido linfático local, seguida de viremia e disseminação para linfonodos, pele, rins, trato gastrointestinal e fígado, onde há replicação por células epiteliais e endoteliais e nos linfócitos, monócitos e macrófagos. Células dendríticas infectadas e linfonodos transferem o vírus para as células endoteliais do trato respiratório pelo receptor da nectina. A partir daí, o vírus brota pela superfície apical das células epiteliais ou é eliminado pelas células danificadas, gerando transmissão respiratória. Período de incubação 10 dias, da infecção ao aparecimento da febre, 14 dias para aparecer exantema. Sinais e sintomas ocorrem por resposta inflamatória. Resposta imunológica inata precoce na fase prodrômica. Nesse período há imunossupressão induzida pelo vírus, tornando suscetível a infecção bacteriana e viral secundária (pneumonia, diarreia) -Manifestações clínicas: febre alta acima de 38,5ºC, mal-estar, tosse, coriza e conjuntivite por 2 a 4 dias, após, exantema maculopapular inicialmente em região retroauricular e face, com duração de 3 a 7 dias com descamação fina. Manchas de Koplic são patognômicas da doença, vistas na mucosa oral durante fase prodrômica. Fase prodrômica (catarral): por 6 dias, febre, tosse produtiva, corrimento seromucoso do nariz, conjuntivite e fotofobia, no último dia desta fase surge Sinal de Koplic nos pré-molares. Fase Exantemática: acentua-se todos sintomas, com prostração e exantema maculopapular avermelhado. Fase de Covalescença (Descamação furfurácea): manchas escurem e descamam finamente. -Diagnóstico: clínica, epidemiologia e laboratoriais. Laboratoriais, por ELISA detecta-se anticorpos específicos IgM de 3 dias a 4 semanas do início dos sintomas. PCR em amostras (sangue, urina e secreção nasofaríngea) até 5º dia de início do exantema. Isolamento viral também pode ser utilizado e auxilia ao detectar padrão genético do vírus. -Tratamento: de suporte, com recomendação de vitamina A para crianças com sarampo, com duas doses no mesmo dia, sendo a primeira imediatamente na suspeita do diagnóstico, de 50.000 UI (menores de 6 meses), 100.000 UI (6 meses a 1 ano) e 200.000UI (acima de 1 ano). b. RÚBEOLA -Epidemiologia: último surto no Brasil ocorreram em 2006 e 2007 com mais de 6mil casos. Desde 2009 não foram mais confirmados casos da doença no Brasil, indicando interrupção da transmissão autóctone. -Fisiopatologia: vírus da rubéola o togavírus, do gênero Rubivírus e família Togaviridae, possui envoltório de glicoproteínas, composto de material genético de RNA unicatenar, com único tipo antigênico. Transmitido apenas em humanos, por secreções respiratórias contaminadas, mesmo em estágio subclínico. Período de incubação de 14 a 21 dias, sendo a maior transmissibilidade 7 dias antes e 7 dias após o surgimento do exantema. Transmissão vertical apresenta alta taxa de possibilidade. Através da glicoproteínas do envelope, o vírus se liga as células epiteliais respiratórias, liberando seu capsídeo no citoplasma para dar início da tradução do seu material genético, replicação viral e viremia. Em fetos acomete várias estruturas do organismo, principalmente coração, olhos e aparelho auditivo, gerando na maioria das vezes surdez. -Manifestações clínicas: de 5 a 10 dias, há febre baixa, linfoadenopatia cervical, occipital e retroauricular, após, exantema maculopapular e puntiforme difuso, iniciando na face, couro cabeludo e pescoço. Crianças podem ser assintomáticas. Jovens e adultos apresentam período prodrômico com febre baixa, cefaleia, artralgia, mialgia, conjuntivite, tosse, coriza e leucopenia. -Diagnóstico: clínica e laboratorial, testes sorológicos (mais viável) ou isolamento viral. Sorologia se baseia em IgM e IgG principalmente em gestantes. Anticorpos IgG passam de mãe para filho (transplacentários), já IgM não passam e podem indicar em um recém- nascido síndrome da rubéola congênita. -Tratamento: não específico, apenas medicamentos para sintomas. Vacinação de mulher em idade fértil. Repouso, uso de antitérmico e analgésico. c. EXANTEMA SÚBITO -Epidemiologia: afeta principalmente crianças de 6 a 18 meses. A transmissão ocorre por secreção de algum membro familiar. 90% das crianças apresentam sorologia positiva aos 5 anos. -Fisiopatologia: causada pelo herpes-vírus (HHV), tipo 6 e 7, pertencentes à família Herpesviridae. HHV 6 (mais frequente) e HHV 7 são excretados pela saliva de adultos e são transmitidos as crianças por pequena gotículas, o vírus penetra através da mucosa nasal, oral ou conjuntiva, se ligando a receptores como as moléculas CD dos linfócitos T. Após viremia, as partículas tornam-se latentes nas células mononucleares, glândulas salivares, rins, pulmão e SNC. O HHV 6 provoca supressão de linhagens hematopoéticas da medula óssea, causando mielossupressão grave em pacientes pós- trabsplantados. A incubação do exantema ocorre por 10 dias em média. -Manifestações clínicas: febre alta de 3 a 7 dias, com posterior queda abrupta da temperatura com aparecimento de rusch maculopapular eritematoso não coalescente, iniciado no tronco, envolvendo levemente face e pernas, durando horas a dias. A partir do 2º dia de febre pode haver aumento de linfonodos cervicais e leucopenia. As lesões são pequenas manchas avermelhadas de 0,5 centímetros sendo planas ou possuem discreto relevo. -Diagnóstico: clínica, isolamento do vírus HHV 6, por sangue periférico ou LCR. Anticorpos para o vírus B19. -Tratamento: repouso, hidratação, analgésicos e antitérmicos, Paracetamol ou Dipirona. Há vacinação. d. VARICELA -Epidemiologia: maior incidência em menores de 1 ano, 21,88/100mil hab. desta faixa etária. De 1 a 4 anos é a segunda faixa etária com maior incidência. Sexo masculino apresenta ligeira maior taxa de incidência. No Brasil há em torno de 3 milhões de casos de varicela por ano, sendo que entre 2006 e 2016 houve variação de internação de 4.200 a 12.600 por ano. As regiões Sudeste e Nordeste apresentam maior taxa de internação. -Fisiopatologia: facilmente transmitida, o contágio ocorre pelo contato com o vírus pelo líquido da bolha, ou pela tosse, espirro, saliva ou por objetos contaminados. A incubação do vírus Varicela ocorre de 4 a 16 dias. O período de transmissão ocorre entre 1 e 2 dias antes do aparecimento das lesões de pele e até 6 dias após quando as lesões apresentarem crostas. A viremia primária ocorre de 4 a 6 dias após a infecção, a replicação inicial acontece nos linfonodos regionais, após há replicação no fígado, baço e outros tecidos. Já a viremia secundária acontece de 10 a 14 dias após a infecção e simultâneo surge exantema vesicular. Após o surgimento do exantema a replicação cessa em até 72h nos imunocompetentes. Quando há período prodrômico, ele é curto, e se manifesta com febre e mal-estar antes do aparecimento do exantema. Esse exantema temdistribuição central e apresenta-se como lesões pruriginosas, que surgem em grupos, evoluindo para máculas, pápulas, vesículas e por fim crostas. Geralmente desenvolvem cerca de 250 a 500 lesões, promovendo cicatriz apenas quando há infecção secundária. Na herpes zoster, as lesões são semelhantes as encontradas na varicela, como diferença, elas são mais localizadas e seguem trajeto de um ou mais nervos. Compreende-se que a imunidade celular mediada por CD4+ e CD8+ limitam a extensão da infecção primária e previnem reinfecção e disseminação, porém, há possibilidades de reinfecção, sendo raros os casos sintomáticos. -Manifestações clínicas: inicialmente há febre baixa, mal-estar e mialgia, após apresenta-se a erupção cutânea maculopapular, iniciada no couro cabeludo e face, seguindo para tronco e extremidades. Forma-se vesículas sobre base eritematosa que se tornam crostas após ressecamento. É observado vários estágios de evolução da lesão, estando presentes até mesmo nas mucosas. O herpes-zóster pode surgir após infecção primária da varicela, apresenta-se com dor intensa, prurido, formigamento e hiperestesia. Após ocorre erupção dolorosa de vesículas agrupadas com base eritematosa, com distribuição em um dermátomo. -Diagnóstico: não é realizado por exames laboratoriais, somente se necessário em casos graves. Então utiliza-se Ensaio Imunoenzimátco (ELISA) e PCR (padrão ouro). Pode ocorrer ainda isolamento viral das lesões durante o início da lesão ou identificando células gigantes multinucleadas. -Tratamento: maioria é autolimitada e por isso não requer tratamento específico, porém, pode se fazer uso de antipiréticos, anti-histamínicos e loções de calamina. Aciclovir, VO, diminui a duração e gravidade quando iniciado até 72h após infecção. A vacina é composta de vírus vivo atenuado. AAS é contraindicado. As indicações para o uso do aciclovir são: Crianças sem comprometimento imunológico – 20mg/kg/dose, via oral, 5 vezes ao dia, dose máxima de 800mg/dia, durante 5 dias. Crianças com comprometimento imunológico ou casos graves – deve-se fazer uso de aciclovir endovenoso na dosagem de 10mg/kg, a cada 8 horas, infundido durante uma hora, durante 7 a 14 dias. Adultos sem comprometimento imunológico – 800mg, via oral, 5 vezes ao dia, durante 7 dias. A maior efetividade ocorre quando iniciado nas primeiras 24 horas da doença, ficando a indicação a critério médico. Adultos com comprometimento imunológico – 10 a 15mg de aciclovir endovenoso, 3 vezes ao dia por no mínimo 7 dias. e. EXANTEMA INFECCIOSO -Epidemiologia: maior incidência entre pré-escolares e escolares. Transmissão por secreções respiratórias, sangue e transmissão vertical mãe-feto. -Fisiopatologia: Erotrovírus Humano, Parvovírus B19, constitui-se de DNA unicatenar não envelopado, só infecta humanos, maior transmissão por contato de secreções das vias aéreas, a saliva apresenta grande quantidade de vírus. Apesar que a maioria não apresenta sintomas respiratórios. O vírus é capaz de sobreviver muitas horas no ambiente. Tornando paciente contagioso de 5 a 10 dias após infecção, permanecendo por 5 dias, incubação pode durar de 4 a 14 dias dificultando isolamento no período em que há maior transmissão. Esse vírus se replica apenas em células eritróides da medula óssea, e sua infecção inicia-se quando o capsídeo liga-se ao antígeno P, que é um glicoesfingolipídeo da linhagem vermelha, presente em eritrócitos, megacariócitos, células endoteliais, placentárias, hepatócitos e coração fetal. Esse vírus é dependente do material genético do hospedeiro pra replicação, pois ele não codifica proteínas estimuladoras de síntese proteica. Nas “pontas” do seu DNA unicatenar, possuem grampos que iniciam a síntese proteica e replicação viral. Uma pequena parcela da população (1/200.00) não possuem o antígeno P, e por isso são imunes a infecção. O vírus bloqueia temporariamente a produção de eritrócitos, havendo recuperação da função em duas semanas, com necessidade de transfusão sanguínea. Por isso, reduz de forma abrupta a hemoglobina, reticulócitos (hemácias imatura), e precursores eritróides da medula óssea, apresentando ou não plaquetopenia e leucopenia. Essa redução de hemoglobina causa de forma rápida anemia aguda, que pode causar insuficiência cardíaca congestiva, AVC por hipofluxo cerebral, e sequestro esplênico agudo (retenção das hemácias no interior do baço, causando queda abrupta da hemoglobina e da volemia, podendo resultar em choque). -Manifestações clínicas: inicialmente febre, mal-estar, mialgia e cefaleia. Após 1 a 10 dias de infecção, surge o exantema, caracterizada por vermelhidão da região das bochechas, Sinal de face esbofeteada, o exantema pode acometer tronco e membros, gerando prurido. O exantema pode reaparecer após exposição solar, alteração de temperatura ou com estresse emocional. -Diagnóstico: clínica, principalmente a disseminação exantemática. Pode ser solicitado hemograma completo, contagem de reticulócitos para averiguar possível supressão hematopoiética e testes virais. Há anticorpos IgM na fase aguda tardia. PCR também pode auxiliar no diagnóstico, principalmente em pacientes com crise aplásica transitória. Rubéola pode ser afastada por exames sorológicos. -Tratamento: geralmente não requer tratamento específico, isolamento. Pacientes que apresentarem artralgia podem utilizar AINES. Pacientes com crise aplástica precisam de transfusão de hemácias. Hemoglobina deve ser mantida em níveis superiores a 10g/dL. Se não apresentarem anticorpos ou resposta imune ineficiente, e apresentar aplasia crônica de células vermelhas grave, realizar infusão de imunoglobulina.
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