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Física Experimental III Roteiros Instituto de Física – UFG 1 CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE OBJETIVOS • Medir a componente horizontal do campo magnético terrestre. • Medir a inclinação magnética. • Calcular o módulo da indução magnética terrestre. INTRODUÇÃO A corrente elétrica i que percorre um fio condutor longo e retilíneo produz uma indução magnética B a uma distância r do centro do fio. As linhas de indução magnética são circulares e concêntricas em relação ao fio. O módulo da indução magnética B pode ser calculada com a lei de Ampère, resultando em B = oi/2r (1) onde o é a constante de permeabilidade, igual a 4 x10-7 Tm/A. A unidade de medida de B é o tesla (T). Uma carga de 1 C, movendo-se com uma velocidade de 1 m/s perpendicularmente ao campo magnético de 1 T sofre a ação de uma força de 1 N. 1 T = 1 N.s/C.m = 1 N/A.m (2) Sendo o tesla uma unidade muito grande, utiliza-se frequentemente o gauss (G), com a seguinte relação: 1 T = 104 G. O tesla também é igual a weber/metro quadrado (Wb/m2). Se o fio condutor formar uma espira circular de raio R, o módulo da indução magnética B no centro do fio será calculada por B = oi/2R (3) Se houver N espiras, resultando numa bobina, o valor de B é dado por: B = oiN/2R (4) Uma regra prática para se determinar o sentido de B é a da mão direita: os dedos indicam o sentido da corrente nas espiras e o polegar indica o sentido de B na parte central da bobina, que também indica o polo Norte do campo magnético gerado pela corrente na bobina. Nesta experiência, uma bobina de geometria conhecida (dados N e R) vai ser utilizada para medir a componente horizontal do campo magnético terrestre, como será explicado a seguir. O campo magnético terrestre pode ser imaginado como um imenso ímã permanente localizado numa direção que forma 11,5o com o eixo de rotação do planeta. Na Figura 1 representa-se, por motivo de clareza, apenas duas linhas de indução BT (indução magnética terrestre total ) saindo do polo magnético N (próximo do polo geográfico sul) e entrando no polo magnético S. Uma linha de indução magnética, não representadas em escala, constitui um meridiano magnético local, análogo ao meridiano geográfico, não necessariamente coincidentes, devido ao citado ângulo de 11,5o. Figura 1. Meridiano magnético. EM equador magnético; EG equador geográfico; GO Goiânia; NG polo geográfico norte; S polo sul magnético, N pólo norte magnético. A agulha de uma bússola, que possa girar no plano horizontal, alinha-se segundo a projeção do meridiano magnético sobre um eixo horizontal ou, de forma equivalente, segundo a componente Bh do campo magnético terrestre BT (Figura 2). Física Experimental III Roteiros Instituto de Física – UFG 2 Figura 2. Vetor indução magnética terrestre BT decomposto em duas componentes, horizontal e vertical. GO Goiânia; N polo norte magnético. Esta é a maneira convencional de utilizar uma bússola. No entanto, se ela puder girar num plano vertical, alinhar-se-á segundo BT. Nesta condição, a bússola é conhecida como bússola de inclinação, e o ângulo formado com o plano horizontal determina a inclinação magnética, um valor característico do local. Caso seja possível medir Bh e , o módulo da indução magnética local é calculado por: BT = Bh/cos (5) No laboratório, uma bússola previamente alinhada com o meridiano magnético, será colocada no centro de uma bobina de geometria fornecida, perpendicularmente ao campo magnético gerado na bobina por uma corrente elétrica controlada. A agulha da bússola vai alinhar-se segundo a direção da resultante BR originada da interação entre a componente horizontal campo magnético terrestre Bh e o campo magnético da bobina B. Esta resultante formará um ângulo com o meridiano magnético, que dependerá do valor da corrente aplicada (Figura 3). Figura 3. Deflexão de uma agulha imantada sob influência de B e de Bh. A linha tracejada indica a projeção do meridiano magnético local no plano horizontal. Verifica-se que: B = Bh tg (6) Substituindo na equação (6) o valor de B dado pela equação (4), resulta: Bh tg = (oNi)(/(2R) (7) Uma fonte de tensão fornecerá uma corrente variável à bobina e a deflexão da agulha será medida para cada valor de corrente. Através de um gráfico de tg em função de i, o coeficiente angular k permitirá calcular o valor de Bh , sendo fornecidos N = 26 voltas e diâmetro de 20,0 cm (ou 0,20 m). Bh = (oN)/(2R k) (8) Como decorrência da não coincidência entre os eixos geográfico e magnético, os meridianos geográfico e magnético formam um ângulo , chamado declinação magnética, que depende do lugar no planeta. Existem mapas de declinação magnética, essencial para o processo de orientação com o emprego de uma bússola. Para Goiânia, a declinação magnética é na ordem de -19o, onde o sinal negativo significa que o meridiano magnético está a oeste do geográfico. Assim, uma viagem de 100 km para o norte geográfico, mas seguindo a indicação da bússola, sem a tal correção, causaria um desvio de rota de 34 km a oeste do ponto desejado. Física Experimental III Roteiros Instituto de Física – UFG 3 O campo magnético terrestre pode ser descrito por sete parâmetros, representados na Figura 4: declinação (), inclinação (), componente horizontal (Bh), componente vertical (Bv ou Bz), indução magnética total (BT), componente norte (Bx) e componente leste (By). Estes parâmetros podem ser visualizados numa representação vetorial sobre um sistema de eixos XYZ, onde a direção X coincide com o meridiano geográfico, apontando para o norte geográfico, a direção Y coincide com os paralelos geográficos, apontando para o leste geográfico e a direção Z tem a direção da vertical do lugar, porém o seu sentido positivo aponta para o centro da Terra. Como decorrência destas definições, a inclinação magnética (), formada entre o vetor indução magnética total e o plano horizontal, é considerada positiva quando apontar para baixo; a declinação magnética () é positiva quando estiver a leste do meridiano geográfico. Figura 4. Representação vetorial do campo magnético terrestre e seus sete parâmetros. A linha tracejada corresponde à projeção do meridiano terrestre no plano horizontal. De acordo com as convenções acima, conhecendo-se os três primeiros parâmetros, BT é calculado com a equação (5) e os outros três podem ser calculados com as expressões: Bv = Bz = BT sen (9) Bx = Bh cos (10) By = Bh sen (11) ESQUEMA EXPERIMENTAL MATERIAL UTILIZADO 1. 01 fonte de tensão Phywe ou outra fonte adequada. 2. 01 multímetro digital (ou amperímetro analógico) 3. 01 reostato de 10 , 5 A. 4. 04 cabos para conexão elétrica. Física Experimental III Roteiros Instituto de Física – UFG 4 5. 01 bobina com diâmetro de 20 cm e 26 espiras. 6. 01 bússola de inclinação. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 1. Confira se as conexões elétricas estão de acordo com o esquema. 2. Anote os valores de N (no de voltas na bobina) e da medida R (raio da espira). 3. Posicione a bobina de tal forma que a agulha da bússola se oriente na direção do meridiano magnético terrestre e o ponteiro de referência, que é perpendicular à agulha, seja também perpendicular ao plano da bobina. 4. Verifique se o seletor de tensões se encontra no mínimo. Ligue a fonte de tensão e aplique um valor tal que a deflexão da agulha seja =20º. Anote o valor da corrente elétrica na bobina na tabela de dados. A deflexão é determinada pelo campo magnético resultante, devido ao campo magnético terrestre e ao campo magnético no centro da bobina. 5. Varie a corrente elétrica de modo a obter as demais deflexões indicadas na tabela, até alcançar o valor máximo de 70º, sempre anotando os respectivos valores da corrente elétrica. 6. Reduza a tensão a zero. Inverta as conexões elétricas na fonte de tensão, para que o sentido da corrente na bobina seja invertido. Procedacomo no item precedente. 7. Calcule o valor médio entre os módulos das correntes I1 e I2 e a tangente das deflexões . 8. Utilize a bússola especial (bússola de inclinação) para medir o ângulo de inclinação magnética. Inicialmente faça a bússola oscilar no plano horizontal para definir o meridiano magnético terrestre. Depois utilize o dispositivo adequado para girar a bússola de 90 graus e fazê-la oscilar no plano vertical. Anote o ângulo de inclinação magnética. Observe que, no hemisfério Sul, ele é negativo. BIBLIOGRAFIA • Halliday, Resnick e Walker. Fundamentos da Física. Cap. 30 – items 1 a 2; Cap. 31 – items 1 e 2; Cap. 34 - item 5 Física Experimental III Roteiros Instituto de Física – UFG 5 COLETA DE DADOS - CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE Data:____/____/_______ Alunos: a)______________________ b)______________________ c)______________________ N =___________voltas; R =_____________m 1 = - 2 (o) I1 (mA) I2 (mA) IMÉDIA (mA) tg 1 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Medida da inclinação magnética (): - 20o ATIVIDADES 1. a) Faça o gráfico de tg em função de i. b) Determine o coeficiente angular do gráfico acima. c) Calcule Bh com a equação (8). Como referência, Bh em São Paulo é 23 T, na Antártida, 67T. 2. Empregando o valor medido da inclinação magnética, calcule o módulo de BT com a equação (5). 3. a) Calcule o valor da componente vertical do campo magnético terrestre com a equação (9). b) Calcule as componentes Bx e By. 4. Faça um esboço para explicar como foi identificado o polo norte da bobina com a utilização da regra da mão direita. 5. Vá ao sítio do Observatório Nacional (www.on.br), que é um instituto de pesquisa vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e obtenha os dados da declinação magnética, da inclinação magnética, das componentes horizontal, vertical (Z), norte (X), leste (Y) e do módulo do campo magnético terrestre em Goiânia. Compare com os valores experimentais obtidos. www.on.br → Serviços → Geofísica → Cálculo da Declinação Magnética http://www.on.br/ http://www.on.br/ http://www.on.br/
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