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MESTRADO INTEGRADO 
EM MEDICINA DENTÁRIA 
2015-2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Histologia Oral 
Docente: Dr. Nélio Veiga 
 
 
 
Ana Sofia Belchior 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 1 
ÍNDICE 
 
Desenvolvimento pré-natal .................................................................................................... 2 
Odontogénese ........................................................................................................................ 5 
Esmalte .................................................................................................................................... 8 
Dentina ................................................................................................................................. 15 
Polpa dentária ...................................................................................................................... 25 
Cemento ............................................................................................................................... 28 
Ligamento periodontal ........................................................................................................ 30 
Osso alveolar ........................................................................................................................ 33 
Mucosa oral ......................................................................................................................... 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 2 
DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL 
 
O Desenvolvimento Pré-Natal compreende 3 fases: 
 1ª fase: desde a fertilização até às primeiras 4 semanas – caracteriza-se por 
proliferação e migração e é uma fase muito importante pois caso haja alguma 
anomalia o embrião morre. 
 2ª fase: da 4ª à 8ª semana. Fase da Morfogénese: há formação óssea e forma-
se a face; diferenciação de estruturas internas e externas. A fenda palatina é 
causada por uma não fusão nesta fase. 
 3ª fase: do final da 2ª fase até ao parto – crescimento e diferenciação. 
 
Arcos braquiais e boca primitiva 
Durante o desenvolvimento, por volta das 4-5 semanas uma serie de estruturas 
essenciais para o desenvolvimento da cabeça e do pescoço: arcos faríngeos ou 
braquiais. 
Estomodeu invaginação da ectoderme do embrião de que se forma a boca e a parte 
superior da faringe. 
 
Arco faríngeo centro de tecido mesenquimatoso coberto externamente por ectoderme 
e internamente por endoderme. Apresentam também um componente muscular, 
nervoso e sanguíneo. 
Cada arco braquial possui: 
- Arco aórtico (artéria que sai do tronco arterioso do coração primitivo); 
- Haste cartilaginosa (1ºarco tem a Cartilagem de Meckel e o 2º a de Heichert); 
- Componente muscular; 
- Nervo. 
Os arcos faríngeos: 
- contribuem para a aparência externa do embrião; 
- inicialmente consistem em segmentos de tecido mesenquimatoso separado pelas 
fendas braquiais; 
 
Simultaneamente desenvolvem-se nas paredes laterais do intestino faríngeo as 
bolsas faríngeas que penetram no mesenquima mas não estabelecem comunicação 
externa com as fendas. 
 
 
 
 
 
 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 3 
Arcos faríngeos derivados 
 
 
Formação da face 
Durante o desenvolvimento inicial da face ocorre proliferação e migração do 
esctomesenquima envolvido na formação das cavidades nasais primitivas. 
Com o espessamento da proeminência frontal -> placoides olfatórios, o que leva a 
um aumento das fossetas nasais. 
 
A fusão dos processos mediais deslocados para a linha média origina a linha média 
do nariz e a porção central do lábio inferior, os incisivos e o palato primário. 
 Os processos maxilares vão crescer medialmente (para dentro) e vão-se aproximar 
dos processos nasais laterais e mediais e formar os sulcos nasolacrimal e buconasal. 
 
 
Formação do palato 
3 proeminências originam a formação do septo nasal e 2 processos palatinos que se 
unem em direção à linha media e se fundem. 
Para que a fusão dos processos palatinos ocorra tem que haver eliminação do 
revestimento epitelial destes processos. 
 
Formação da língua 
As proeminências laterais e o tubérculo impar derivam do 1º arco. A proliferação 
local do mesenquima dá origem a uma série de protuberâncias no pavimento oral. 
1º arco -> proeminências linguais laterais 
2º arco -> cópula 
3º e 4º arco -> eminencia hipobranquial 
 
Desenvolvimento da mandíbula 
A mandibula deriva do 1ºarco. 
É a cartilagem de Meckel que vai orientar a formação da mandibula. 
Há a emergência do ramo trigémio (mandibular) que se divide em nervo lingual e 
nervo alveolar inferior que, por sua vez, se divide em nervo mentoniano e incisivo. 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 4 
 
6asemana condensação de mesenquima ao nível do angulo formado pela divisão do 
nervo alveolar inferior e os ramos mentoniano e incisivo. 
 
7asemana ossificação intramembranosa é iniciada, formando o 1º tecido ósseo da 
mandibula. 
O ramo da mandibula desenvolve-se por uma rápida propagação da ossificação para 
o interior do mesenquima do 1º arco braquial, afastando-se da cartilagem de Meckel. 
 
10asemana mandibula rudimentar está praticamente formada por ossificação 
intramembranosa . 
 
O que vai acontecer à cartilagem de Meckel? 
1.Na sua extremidade posterior vai originar-se o martelo e a bigorna; 
2.Do esfenoide à divisão do nervo mandibular nos seus 2 ramos vai haver uma perda de 
cartilagem mas mantem a capsula fibro-mandibular -> ligamento esfeno-mandibular; 
3.Pequena contribuição na formação da mandibula 
 
Cartilagem secundária 
Condilar 12ª semana; ossificação endocondral e ramo mandibula em desenvolvimento. 
Coronóide 4 meses; bordo anterior e superior do processo coronoide. 
Sínfise mandibular entre as 2 extremidades das cartilagens de Meckel. 
 
Desenvolvimento da maxila 
O desenvolvimento é idêntico ao da mandibula, a partir do 1ºarco braquial. 
 
Semelhanças no desenvolvimento da mandíbula e da maxila 
 
 
 
Histologia Oral 
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ODONTOGÉNESE 
 
Banda epitelial primária 
É uma faixa continua de epitélio espesso, com a forma de ferradura. 
 
Placoides dentários primeiro sinal de desenvolvimento dentário. 
 Lâmina dentária: dá origem do dente por várias fases – fase do botão, de capuz 
e de campânula 
 Lâmina vestibular (a partirda 6ª semana): dá origem ao vestíbulo através de 
dois modelos – Modelo de Campo e Modelo de Clone 
 
 
 
Lâmina dentária 
Na face anterior da lâmina dentária a atividade proliferativa continuada e 
localizada leva à formação de uma série de invaginações epiteliais para dentro do 
mesênquima em locais correspondentes às posições dos futuros dentes decíduos. 
 
Fase do botão 
- com a proliferação da lamina dentaria surge um aglomerado de células; 
- é representada pela 1ª invasão epitelial em direção ao ectomesenquima dos 
maxilares; 
- as células apresentam poucas ou nenhumas alterações no formato ou na função; 
 
Transição da fase do botao para a fase de capuz marca o inicio das diferenças 
morfológicas entre germens dentários que dao origem a diferentes tipos de dentes. 
 
Fase de capuz 
- órgão de esmalte encontra-se sobre a papila dentária como um “capuz” 
- à medida que o botao dentário cresce, arrasta consigo a lamina dentaria; 
- o dente em desenvolvimento continua preso à lamina dentaria pela lamina lateral; 
Histologia Oral 
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Invaginação epitelial que se assemelha a um capuz -> órgão esmalte -> ESMALTE 
Massa esférica de células ectomesenquimatosas condensadas -> papila dentaria -> 
DENTINA e POLPA 
Ectomesenquima condensado encapsula órgão de esmalte -> folículo dentário -> 
TECIDOS DE SUPORTE 
 
Fase de capuz tardia 
- células do órgão de esmalte 
(glicosaminoglicanos) atraem a agua -> formam 
um reticulo estrelado; 
- diferencia-se o epitélio interno do órgão de 
esmaltedo epitélio externo; 
 
 
 
 
 
Fase da campânula 
1.Morfodiferenciçao: gérmen dentário cresce em forma de sino e a coroa começa a 
ficar com a forma final 
2.Histodiferenciaçao: tecidos mineralizados da coroa do dente adquirem o seu 
fenótipo. 
Massa de células epiteliais que sofrem transformação morfológicas e funcionais. 
- papila dentaria é separada do órgão de esmalte por uma lamina basal. É percursor 
da polpa dentaria quando a 1ª matriz calcificada aparece na ponta da cúspide do 
gérmen. 
-determinação do formato da coroa -> epitélio interno do órgão de esmalte; termina 
o seu processo de dobra o que resulta do crescimento intrínseco causado por índices 
diferenciados de divisões mitóticas dentro do epitélio interno do órgão de esmalte. 
- células do estrato intermedio do órgão de esmalte -> vao-se diferenciar e acabm 
por se interpor e formar uma zona mais densa; 
- células do epitélio externo do órgão de esmalte -> forma 
cuboide; possuem alta proporção núcleo/citoplasma; 
- células do epitélio interno do órgão de esmalte -> elevado 
conteúdo de glicogénio; 
- células estreladas do reticulo estrelado -> unidas umas às 
outras, às células do epitélio externo do órgão de esmalte e ao 
estrato intermedio por desmossomas; 
- desintegração da lamina dentaria; lamina lateral é 
libertada. 
 
Histologia Oral 
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Lâmina vestibular 
Por volta das 6 semanas de gestação ainda não temos vestíbulo, este forma-se 
como resultado da proliferação da lâmina vestibular para dentro do ectomesênquima, 
logo após a formação da lâmina dentária. 
As células da lamina vestibular vão rapidamente aumentar de tamanho e a seguir 
degeneram, formando uma fenda que se converte no vestíbulo entre a bochecha e a 
área de suporte dos dentes. 
 
Formação da dentição decídua e definitiva 
A formação da Dentição Decídua tem início entre a 6ª e a 8ª semana de 
desenvolvimento embrionário. 
Na Dentição Definitiva, os primeiros dentes ase formar são os Incisivos, os Caninos e 
os Pré -Molares, por volta da 20ª semana de desenvolvimento embrionário e o 10º mês 
após o nascimento. 
Ao contrário dos dentes anteriormente referidos, os molares não têm antecessores 
decíduos. Os gérmens dentários não têm a mesma origem dos incisivos, caninos ou Pré-
Molares. A sua formação inicia-se entre a 20ª semana de desenvolvimento embrionário 
e o 5º ano de vida. 
 
Quando os maxilares apresentarem tamanho suficiente, a lâmina dentaria penetra 
no tecido ectomesenquimatoso em direção posterior, abaixo do epitélio de 
revestimento da mucosa oral 
 
Formação dos tecidos mineralizados 
Alterações morfológicas levam à formação de: 
 Células ectomesenquimatosas indiferenciadas da papila dentária -> 
Odontoblastos são responsáveis pela matriz orgânica da DENTINA. Esta é 
composta por túbulos onde se encontram os prolongamentos dos 
odontoblastos. 
 Células do epitélio Interno do Órgão de Esmalte -> Ameloblastos que formam 
uma matriz que é calcificada e só depois é que temos ESMALTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Formação da raiz 
As células epiteliais internas da Bainha Radicular 
de Hertwing (formada pela fusão dos epitélios interno 
e externo do órgão de esmalte) induzem a 
diferenciação dos odontoblastos a partir da polpa 
radicular, produzindo a dentina da raiz. 
De seguida a Bainha Epitelial de Hertwing é 
desintegrada e podem ficar restos (Restos de 
Malassez) que podem originar quistos. Estes podem 
vir a ajudar a regenerar o ligamento periodontal. 
NOTA: bainha radicular de Hertwing encontra-se 
entre a polpa dentaria e o folículo primário 
 
Formação dos tecidos de suporte 
Os tecidos de suporte derivam do folículo dentário 
que se diferencia em cementoblastos. 
As células do folículo penetram nas fenestrações da bainha fragmentada, ficando 
justapostas à dentina radicular recém-formada. 
 
ESMALTE tecido biológico mais duro do organismo; cobre a coroa anatómica dos 
dentes. Apresenta uma complexa organização estrutural e elevado grau de 
mineralização. 
Os ameloblastos são as células responsáveis pela sua formação, através de um 
processo designado de amelogénese, que ocorre em três fases (fase de pré-secreção, 
secreção e maturação). Localizam-se na superfície do dente, desaparecendo sempre 
que este erupciona. No caso de haver uma lesão, não há regeneração por falta de 
amenoblastos. 
Como é um tecido muito duro, precisa de uma componente elástica para não partir 
que lhe é conferida pelo colagénio da dentina. 
 
Tipos de processamento 
 Cortes Mineralizados: Tecidos duros e mineralizados permanecem intactos, mas 
tecidos conjuntivos moles e epitélios perdem-se. 
 Cortes Desmineralizados: Tecidos conjuntivos moles e matriz orgânica dos tecidos 
mineralizados mantêm-se 
 
 
 
 
 
 
Histologia Oral 
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Características gerais 
- Cobre a coroa anatómica do dente 
- Tecido mais mineralizado do corpo humano 
- Mais espesso sobre as cúspides e bordos incisivos (2-2,5mm de espessura) e mais 
fino na margem cervical 
- Tecido biológico mais duro 
- Relativamente Inerte: acaba por permitir a troca iónica (ex flúor que aumenta a 
sua resistência) 
- Acelular: as células predominantes são os ameloblastos que são responsáveis pela 
regeneração mas desaparecem após erupção dentária (não sofre regeneração) 
 
Propriedades mecânicas 
- Resistente e protetor 
- Friável: fácil de fraturar; 
- Módulo de elasticidade elevado conferido pelo colagénio 
- Relativamente inerte; 
- Semipermeável (a fluor e a corantes como o café, o tabaco ou o chá; 
- Translucido: nos sítios onde é menos espesso (cervical), o dente é mais amarelado. 
 
Propriedades químicas 
Matéria inorgânica (96%) hidroxiapatita de cálcio 
Cristais de hidroxiapatita de cálcio o arranjo molecular consiste num grupo hidroxilo 
rodeado por 3 iões de cálcio uniformemente espaçados que por sua vez são rodeados 
por 3 iões fosfato. 6 ioes cálcio num hexágono uniforme fecham os ioes fosfato. 
O fluor pode substituir o grupo hidroxilo conferindo maior estabilidade e resistência 
à ação dos ácidos. 
 
Matéria orgânica e água (4%) 
 Amelogeninas: organização dos prismas de esmalte, contribuindo para a sua 
mineralização 
 Não amelogeninas: formação estável e crescimento dos cristais 
 Aminoácidos livres: glicina e ac glutâmico, pequenas moléculas e peptidos 
 
Estrutura do esmalte 
- Prismas de esmalte; 
- Substancia interprismática; 
- Bainha de esmalte – banda clara que rodeia os prismas e limita-os da região 
interprismática 
Em corte transversal, os prismas podem apresentar diferentes tipos de padrão, a 
distribuição destes tipos de padrão varia segundo as espécies. 
 
Histologia Oral 
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Organização interprismática estrutura complexa com grupos organizados por prismas, 
mas os cristais estão organizados circunferencialmente ao eixo dentário juntamente 
com 2 padrões sobrepostos. 
1.Circunferencialmente à volta do eixo dentário 
2.Direita-esquerda, cima-baixa 
3.Aos 2/3 mais profundos entrelaçam-se 
 
Zonas do esmalte prismático 
Zona externa prismas perpendiculares à superfície oclusal 
Zona média torção helicoidal 
Zona interna prismas perpendiculares à superfície da dentina 
 
Esmalte aprismático mais mineralizado, deve-se à ausência do processo de Tomes nas 
fases finais da formação do esmalte. 
Os cristalitos de esmalte encontra-se alinhados em ângulos retos e relação à superfície 
e paralelos entre si. 
-20 a 100 μm de esmalte externo em dentes decíduos recém erupcionados; 
-20 a 70 μm de esmalte externo em dentes definitivos recém erupcionados. 
NOTA: é mais duro que o esmalte prismático 
 
Esmalte de superfície 
- mais duro; 
- Menos poroso; 
- menos solúvel; 
- mais radiopaco; 
- mais rico em fluor. 
 
 Elevações – Cristas: deposição tardia de esmalte sobre detritos não 
mineralizadosDepressões – Sulcos: perda das elevações por atrito 
 
Cutícula de Esmalte entre a erupção dentária e a oclusão. Cobre a coroa do dente 
recém erupcionado e desaparece imediatamente com a mastigação. 
É semelhante a uma lamina basal típica que se encontram por baixo do epitélio. 
É responsável pela aderência do esmalte ao epitélio juncional. 
 
 
 
 
 
 
Histologia Oral 
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Estrias ou linhas incrementais 
 Estão associadas a alterações fisiológicas do indivíduo. 
 Estrias cruzadas: período curto (variações regulares na largura da secreção dos 
ameloblastos ou mudanças subtis na composição da matriz e/ou na orientação dos 
cristalinos) 
o Laminações (12h) 
o Estrias transversais (diária) – entre as transversais existem 4µm, 
idêntico à lâminabasal, logo sabemos que por dia o esmalte cresceu 
4µm 
o Linhas Intradianas (12h) 
 Estrias do esmalte dos prismas: período longo 
o Periquimácias – com o desgaste tendem a desaparecer, mas 
permanecem em zonas protegidas como as áreas cervicais. 
o Linhas de Retzius – são marcações estruturais que resultam da 
alternância entre períodos de atividade ameloblástica e períodos de 
quiescência, marcam as posições das superfícies do esmalte em 
formação. Vão da linha amelocementaria até à superfície externa do 
esmalte, terminando em sulcos rasos. Permanecem em zonas 
protegidas como as áreas cervicais. 
 
Linha amelo-cementária odontoblastos ficam aprisionados aquando 
da formação do esmalte 
 Separa a dentina do emalte; 
 Tem um contorno irregular e recortado 
 Evita forças de cisalhamento entre o esmalte e a dentina 
(aumento da adesão entre a dentina e o esmalte) 
 
Fusos de esmalte 
Prolongamentos de odontoblastos em desenvolvimento (projeções de dentina) que 
penetram na camada de ameloblastos e quando ocorre a formação completa do 
esmalte ficam retidos. 
Estas projeções ficam presas no esmalte (encontram-se ao nível das cúspides). 
 
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Tufos de esmalte 
Projetam-se a partir da linha amelo-dentinária para o esmalte. 
Estão orientados na mesma direção dos prismas. 
São ramificações com elevada concentração de proteinas do esmalte. 
 
 
Lamelas de esmalte 
Semelhantes a falhas estruturais do esmalte, percorrem toda a sua espessura. 
Relacionam-se com a maturação incompleta de grupos de prismas e com zonas 
hipomineralizadas. 
 
Alterações do esmalte com a idade 
 Regeneração: não existe 
 Facetas de desgaste: abrasão por forças mastigatórias; por vezes chega a ver-se 
a dentina 
 Coloração: com o desgaste tendem a ficar amarelados – a cor é mais escura, 
sendo acentuada pela retenção de muitas substâncias 
 Permeabilidade 
 
AMELOGÉNESE 
A amelogénese é a formação e mineralização do esmalte. 
Neste processo remove-se a matéria orgânica e a água e há a incorporação de iões 
de cálcio (principalmente), de flúor e de magnésio (este torna o esmalte mais frágil). 
Estes iões competem entre si e, assim, o que chegar primeiro assume a posição – se o 
cálcio for o primeiro a chegar, o esmalte irá ficar mais forte. 
Um dente menos mineralizado está mais suscetível a cárie – o primeiro passo da cárie 
chama-se desmineralização (não há conteúdo mineral suficiente), se houver 
mineralização o dente volta ao normal (através do cálcio, do flúor…). 
30% do esmalte formado é mineralizado e 96% de mineralização é atingida, o que 
decorre aquando da degradação e remoção da matéria orgânica e água e através do 
crescimento dos cristais que se tornam mais espessos. 
Os ameloblastos são as células percursoras do esmalte e localizam-se na superfície 
do dente, desaparecendo sempre que este erupciona. 
NOTA: No caso de haver uma lesão, não há regeneração por falta de ameloblastos. 
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I.Fase de pré-secreção 
As células do epitélio interno do órgão de esmalte vão-se diferenciarem 
ameloblastos, a célula vai-se preparar para a sua principal função: excreção de matriz de 
esmalte. 
Os ameloblastos diferenciam-se e adquirem o seu fenótipo, mudam a polaridade 
e desenvolvem um organizado sistema de síntese proteica e prepara-se para a 
secreção da matriz orgânica do esmalte. 
 
Fase morfogénica 
o Entre o epitélio interno do órgão de esmalte e a papila dentária encontra-
se a lâmina basal. 
o A dentina é não mineralizada e com vesículas de matriz intactas 
Nesta fase as células do epitélio interno do órgão de esmalte ainda podem sofrer 
divisão mitótica, inicialmente por toda a campânula e finalmente nas porções mais 
cervicais do dente. 
 
 
Histologia Oral 
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Fase diferenciação 
o Células do epitélio interno do órgão de esmalte ameloblastos (têm corpo 
celular e processo de Tomes) 
o O Complexo de Golgi aumenta o seu volume e migra para distal da célula 
o Os ameloblastos são células polarizadas, ricas em organelos citoplasmáticos 
(distalmente ao núcleo) e sem capacidade de divisão (até à fase anterior era 
possível haver mitoses). 
o As mitocôndrias ocupam uma posição infranuclear. 
o Complexos Juncionais circundam as células nos seus perímetros proximal e 
distal (adjacente à zona do esmalte que vai ser formado). Têm um papel muito 
importante pois têm como função a adesão e junção, fazendo com que haja 
seletividade ao nível das moléculas que podem entrar ou sair do esmalte. 
Voltada para os odontoblastos em diferenciação, aparecendo um corpo e um 
extensão distal – Processo de Tomes. 
 
II.Fase de secreção 
A matriz vai ser mineralizada – vamos adquirir a espessura total do esmalte (muito 
elaborada). 
As proteínas da matriz de esmalte produzidas no Retículo Endoplasmático Rugoso 
são transportadas por vesículas transicionais para o Complexo de Golgi onde ocorrem 
reações de Glicosilação e Sulfatação antes de serem condensadas em Grânulos 
Secretores Electrodensos. 
São transportados ao longo de microtúbulos até ao polo secretor da célula (processo 
de Tomes), onde são libertados através de um processo merócrino (as vesículas saem 
por exocitose). Fala-se de Secreção constitutiva. 
Uma vez formada a camada inicial de esmalte os ameloblastos afastam-se. 
Quando a formação do esmalte se inicia -> porção proximal Processo de Tomes. 
O conteúdo dos grânulos de secreção é libertado sobre a superfície pré-dentina para 
formar uma camada que não tem prismas de esmalte. 
Os primeiros cristais de hidroxiapatite formados interdigitamse com os cristais da 
dentina. 
Quando a porção distal do processo de Tomes se estabelece, a secreção proteica, 
geralmente identificada pela presença de abundantes invaginações da membrana, vai 
ocorrer em 2 locais: 
 1º local: Na porção proximal do processo de Tomes, junto ao complexo 
juncional, ao redor da célula. Secreção no 1ºlocal + Secreções dos 
ameloblastos adjacentes -> divisórias de esmalte (Esmalte Interprismático). 
 2º local: Ao longo de uma superfície da porção distal do processo de Tomes. 
Proporciona a matriz que participa na formação do prisma de esmalte. 
 
 
Histologia Oral 
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O que é que acontece à porção distal do Processo de Tomes? À medida que o esmalte 
se forma, o processo de Tomes fica de tal forma alongado que fica fino entre o esmalte 
prismático e o interprismático: bainha de esmalte. 
 
III.Fase de maturação 
Ocorre pouco antes do dente erupcionar. O esmalte torna-se mais rígido devido ao 
crescimento dos cristais de esmalte – crescimento deve-se ao fortalecimento destes 
cristais de esmalte existentes e não à adição de novos cristais de esmalte. 
Após toda a camada de esmalte imatura ter sido formada, há uma breve fase de 
transição que, por não ser necessária mais secreção, há uma diminuição da altura e 
volume das células e diminuição dos organelos citoplasmáticos -> apoptose celular à 
medida que o esmalte amadurece. 
 
A remoção faseadade grande parte das proteínas da matriz durante o 
desenvolvimento permite uma configuração e tamanhos únicos dos cristalistos de 
esmalte. 
 Amelogeninas (90%) – são as primeiras a ser removidas com a maturação do 
esmalte 
 Não amelogeninas (10%) – enamelinae tuftelina, grande parte destas 
permanecem no tecido maduro 
Quando a maturação está completa os ameloblastos ficam achatados (exceto talvez 
no fundo de algumas fissuras onde poderão permanecer colunares). 
Uma camada proteica amorfa de 1µm de espessura chamada cutícula separa as 
células do esmalte – poderá ter resultado da extrusão proteica do esmalte durante a 
maturação ou então ser o último produto do ameloblasto fenescente. 
 
 
DENTINA é o tecido mineralizado que 
compõe a maior parte do dente, formada por 
múltiplos túbulos dentinários numa matriz 
calcificada. Dentro destes túbulos dentinários 
existem os prolongamentos citoplasmáticos dos 
odontoblastos, que são células formadoras da 
dentina. 
Como se mantem após a erupção dentária, há 
regeneração. 
 
 
 
 
 
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Características gerais 
 Cor: amarelo pálido (quando o esmalte é muito fino esta cor realça-se mais) 
 Permeável: é permeável (a flúor, nutrientes,…) – através dos túbulos 
dentinários. Estacaraterística diminui com a idade (tal como as artérias, os 
túbulos dentinários também ficam com um lúmen reduzido) 
 Dureza: é mais dura que o cemento e que o osso compacto mas menos que o 
esmalte. 
 Elasticidade e limites 
 
Composição 
Água (10%) 
Matéria inorgânica (70%) hidroxiapatita de cálcio 
 Cristalitos mais pobres em cálcio e carbonato (comparativamente com a de 
hidroxiapatite pura) 
 Semelhante àdo esmalte (quanto à forma, mas são mais pequenos – 
pequenas placas) 
 Os cristalitos estão entre as fibrilhas de colagénio 
 
Matéria orgânica (20%) 
 Colagénio (90%) : Atua como uma estrutura base que acomoda 56% do mineral 
nos orifícios e poros das fibrilhas. 
 Fibrilhas de Colagénio tipo I (preferencialmente) e tipo II e V (em menor 
quantidade). 
 A maior parte das fibrilhas de colagénio dispõem-se paralelamente à 
superfície pulpar (não se encontram organizadas em feixes) 
 Na dentina mineralizada as fibrilhas de colagénio têm maior diâmetro 
e encontram- se mais densamente agrupadas que na pré-dentina 
 
 Lípidos da matriz (2%) 
 Fosfolípidos ocupam as mesmas áreas que os proteoglicanos tissulares 
 Na pré-dentina encontram-se mais densamente concentrados, junto à 
frente de mineralização 
 
 Proteínas não colagénicas (8%): Ocupam o espaço entre as fibrilhas colagénicas 
e acumulam-se ao longo dos túbulos dentinários. São responsáveis por regular 
a mineralização como inibidoras, promotoras ou estabilizadoras. 
 Proteína da matriz da Dentina 1 (DMP1) – juntamente com a DSP tem um 
papel essencial na inibição do crescimento da matriz, prevenindo a oclusão 
dos túbulos dentinários (detetadas na dentina peritubular) 
 Osteonectina 
 Osteocalcina 
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 Proteoglicanos – em maior número ao nível da pré-dentina (inibidores de 
mineralização prematuta: para que a pré-dentina não se mineralize antes 
do tempo e possa haver reorganização das estruturas de colagénio) 
 DSPP que é uma molécula que expressa 3 proteínas: 
 Sialoproteína da dentina (DSP) 
 Glicoproteína da dentina (DGP) 
 Fosfoproteína da dentina (DPP) – tem afinidade pelos cálcios, liga-se 
ao colagénio e forma hidroxiapatite 
 
Mutações na DSPP, tem como consequências: aumento das câmaras pulpares, 
aumento da espessura da dentina, hipomineralização ou perda de cotrolo da dentina 
peritubular 
 
Tipos de dentina 
Dentina primária constitui a maior parte do dente 
Apresenta maior quantidade de túbulos dentinários organizados desde o início da 
formação da dentina até ao término do crescimento da raiz – crescimento rápido, a 
sua dentinogénese processa-se a grande velocidade. 
É a mais externa, a mais proxima do esmalte/cemento, pelo que pode também ser 
designada dentina do manto. 
 
Dentina secundária 
Inicia-se quando a formação da raiz está completa, associada à condição fisiológica 
e continuação com a primária; os odontoblastos vão depositar a dentina de forma mais 
lenta -> leva à diminuição do tamanho da câmara e canal pulpar; possui estrutura 
tubular menos regular (desorganizada) que a primária. 
Proporção entre componente mineral e material orgânico é igual à primária. 
A deposição sobre o teto e o pavimento da câmara pulpar não é feita 
uniformemente -> recessões pulpares (especialmente nos molares) 
É uma situação fisiológica que diminui com a idade e tem grande importância clínica 
(no caso das restaurações, é importante saber o quão próxima está a polpa para evitar 
exposições pulpares). 
Os túbulos dentinários têm tendência a acumular mais matéria (sofrer esclerose) e 
a dentina fica mais escura, acontece na dentina secundária, vantagem: não permite a 
entrada de bactérias (reduz permeabilidade global -> protege polpa) 
 
 
 
 
 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 18 
Dentina terciária 
Associada a fatores externos (cárie, erosão, processos restauradores, …) e está em 
continuidade com a dentina secundária. 
 Dentina reacionária: odontoblastos pré-existentes 
 Dentina reparativa: Células recém-formadas semelhantes a odontoblastos (re-
indução de células mesenquimais da polpa para se diferenciarem em células 
“odontoblast-like”) 
 
Histologia da dentina – componentes 
Túbulos de Dentina 
 Os túbulos atravessam a polpa (“perfurações”) até à junção amelo-dentinária 
 Os túbulos são preenchidos por fluidos e processos celulares (que se estendem 
da superfície pulpar até à junção amelo-dentinária e cimento-dentinária) 
 Seguem um traçado de uma curva sigmóide – curvaturas primárias 
o A sua curvatura deve-se ao trajeto percorrido pelos odontoblastos ao 
produzir a dentina 
o A convexidade das curvas primárias mais próximas da polpaestão 
orientadas na direção da raiz 
o Na raiz ou sob as cúspides as curvaturas primárias são menos 
pronunciadas 
 A capa da dentina que rodeia cada túbulo chama-se Bainha de Newman 
 Cada túbulo tem entre 1 e 2,5µm de diâmetro: maior diâmetro e maior 
quantidade junto à polpa do que na periferia 
 Zona externa de dentina mais resistente pois é a mais mineralizada 
 Apresentam variações de direção de pequena amplitude – curvaturas 
secundárias (muitas coincidem com os túbulos – são linhas). Em determinadas 
regiões coincidem em vários túbulos adjacentes, podendo observar-se uma 
linha de contorno – Linha de Owen (geralmente mais evidente na junção entre 
a dentina primária e secundária). 
 
Prolongamentos de odontoblastos 
Os odontoblastos estão situados na periferia da polpa, e as suas projeções 
citoplasmáticas (prolongamentos) ocupam os túbulos dentinários; 
A sua espessura é maior quanto mais próxima do corpo do odontoblasto; 
 
Os prolongamentos odontoblásticos ramificam-se junto ao limite amelo-dentinário 
por toda a sua extensão – essas ramificações anastomosam-se com as vizinhas. 
As bactérias levam à apoptose dos prolongamentos odontoblásticos – Trato morto! 
 
 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 19 
Dentina peritubular ou intratubular 
 Dentina peritubular: dentina que reveste os túbulos 
 Dentina intratubular: dentina que está dentro dos túbulos 
 Envelhecimento fisiológico caracteriza-se pelos túbulos dentinários 
completamente ocluídos (principalmente na dentina radicular) – vantagem: não há 
entrada de bactérias. E com a maturação outro tipo de dentina é depositada nas 
paredes dos túbulos dentinários e o o lúmen dentinário vai diminuendo 
 Constituida por 5% de matriz colagénica fibrosa, 15% mais mineralizada, mais 
radiodensa e mais electrodensa. 
 
Dentina intertubular consiste numa rede firmemente entrelaçada de fibrilhasde 
colagénio tipo I na qual os cristais de apatite são depositados. 
 Dentina situada entre os túbulos da dentina 
 É a massa principal da dentina 
 É altamente mineralizada, porém, mais de metade do seu volume está formado 
por matriz orgânica, com grande quantidade de colagénio (produtor primário 
de colagénio tipo I). 
 Produto primário dos odontoblastos 
 Fibrilhas desta dentina estão dispostas aleatoriamente num plano 
aproximadamente perpendicular em relação aos túbulos dentinários. 
 
Tipos de dentina – Localização 
Dentina do manto 
 É a primeira camada de dentina produzida pelos odontoblastos (1ª 
mineralizada) 
 Constituída por fibras pré-colagénio imaturas que se enrolam em espiral ao 
redor do prolongamento 
 Camada mais externa da dentina da coroa 
 
Dentina circumpulpar 
 Túbulos mais delgados e retos 
 Onde a dentina apresenta a sua estrutura mais básica 
 Forma a maior parte da dentina existente 
 Tem estrutura uniforme básica 
 
Pré-dentina 
 Camada mais interna da dentina (+ próxima da polpa) 
 Fibrilhas de colagénio mais condensadas perto da 
transição entre a pré-dentina e a dentina 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 20 
Dentina interglobular áreas que resultam de um defeito a nível da mineralização e não 
na formação da matriz 
 Áreas não mineralizadas ou hipomineralizadas da dentina (logo abaixo da 
dentina do manto) 
 Túbulos dentinários passam através das áreas interglobulares, mas dentina 
peritubular está ausente 
 
Camada granular de Tomes consiste num arranjo especial de proteinas colagénicas e 
não colagénicas da matriz da interface entre dentina e cemento 
 Dentina na zona periférica da raiz (só existe na raiz e é mais concentrada no 
ápex, dentina radicular) 
 Zona granular escura abaixo da superfície da dentina onde a raiz é coberta por 
cemento. 
 Não observada na coroa 
 
Camada de hialiana 
 Exteriormente à camada granular (geralmente incluída com uma das camadas 
de dentina) 
 Serve de ligação entre o cemento e a dentina 
 Camada de dentina não globular e relativamente desprovida de organização 
estrutural 
 Faixa estreita – 20 µm de largura 
 
Linhas estruturais da dentina 
Refletem variações na estrutura e mineralização estabelecidas durante a formação 
de dentina. O curso das linhas corresponde aos períodos rítmicos de aposição de 
dentina. 
 
Linhas associadas às curvaturas primárias dos túbulos dentinários 
Em algumas secções longitudinais, os picos das curvaturas sigmóides coincidem e 
formam umalinha – Linha de Schreger 
 
Linhas associadas às curvaturas secundárias dos túbulos dentinários 
Em algumas secções longitudinais, os picos das curvaturas secundárias coincidem e 
também dão origem a um efeito óptico – Linha de Contorno de Owen 
Geralmente podemos encontrar estas linhas entre: 
>A dentina primária e a secundária 
 
Linhas associadas à deposição de matriz e à mineralização 
A dentina possui marcações regulares incrementais de período curto e de período 
longo. 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 21 
 
 Período curto: Linha de Von Ebner – refletem o ritmo diurno de formação da 
dentina 
 Período longo: Linha de Anderson – entre cada parde linhas de período longo, 
encontram-se 6 a 10 linhas de Von Ebner; têm a mesma periocidade que as 
linhas de Retzius do esmalte. 
 
DENTINOGÉNESE 
A Dentinogénese é a formação e calcificação da dentina e ocorre nas células 
ectomesenquimatosas. Começa na ponta das cúspides/bordos incisais e avança para o 
interior do dente. 
 
I.Diferenciação dos odontoblastos 
A diferenciação dos odontoblastos a partir de células ectomesenquimatosas da 
célula da papila dentária deve-se à expressão de moléculas de sinalização e fatores 
de crescimento presentes no epitélio interno do órgão de esmalte. 
As células da papila dentária são pequenas e indiferenciadas, têm núcleo central e 
poucos organelos (estes têm função de proteínas que levam à formação da matriz). 
Inicialmente estão separadas do epitélio interno do órgão de esmalte por uma zona 
acelular que contém fibras de colagénio. 
 
As células da camada interna do órgão de esmalte ganham polaridade ao mesmo 
tempo que ocorrem alterações da papila dentária adjacente. 
 
As células ectomesenquimatosas contíguas na zona acelular alongam-se 
rapidamente e tornam-se maiores formando os pré-odontoblastos (inicialmente) e os 
odontoblastos (mais tarde). 
 
Diretamente abaixo dos pré-odontoblastos encontram-se células 
ectomesenquimatosas. 
 
A zona acelular entre a papila dentária e o epitélio interno do órgão de esmalte é 
gradualmente eliminada. À medida que os odontoblastos se diferenciam, aumentam 
de tamanho e ocupam essa zona. Estas células recém diferenciadas caraterizam-se por 
serem altamente polarizadas e por terem o núcleo posicionado longe do epitélio 
interno de esmalte 
 
 
 
 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 22 
Citodiferenciação dos odontoblastos 
- Hipertrofia 
- Núcleo migra 
- Complexo de Golgi pronunciado 
- Aumento do tamanho do Retículo Endoplasmático Rugoso 
- RER fica achatado e paralelo ao que será o longo eixo celular 
As alterações pontuais na composição da membrana basal do epitélio de esmalte 
interno são coincidentes com a formação dos odontoblastos. 
 
Há expressão e localização da laminina, proteoglicanos que contêm condroitina e 
proteínas de esmalte. A fibronectina também se acumula no pólo distal das células em 
diferenciação – ainda que não sejam componentes estritas da membrana basal. 
 
As junções intercelulares entre odontoblastos e também entre odontoblastos e 
células da camada sub - odontoblástica aumentam em número (tight juctions, gap 
junctions e desmossomas). 
É provável que alguns dos sinais que coordenam as atividades dos odontoblastos 
passem através das gap juctions, ainda que a sincronia celular possa também ser 
obtida em resposta a um sinal externo. 
 
A progressão da diferenciação pode ser devida quer à capacidade do epitélio 
interno do órgão de esmalte induzir alterações sequenciais, quer à capacidade do pré-
odontoblasto atuar perante um determinado sinal. 
 
II.Deposição da matriz orgânica 
Depois da diferenciação dos odontoblastos, o próximo passo para produzir dentina 
é a formação de matriz orgânica: 
 Colagénio tipo I: também há tipo II e III mas em menor quantidade. 
o Inicialmente é depositado perpendicularmente à futura junção amelo-
dentinária 
o Quando a dentina de cobertura é formada – o restante é depositado com as 
suas fibras aproximadamente paralelas à fronteira entre a polpa e a dentina 
o O colagénio é libertado principalmente pelo corpo celular do odontoblasto – 
encontra-se sempre próximo da frente não mineralizada da pré-dentina 
 Colagénio tipo III: 
o 1º sinal de formação da dentina é visível quando observamos fibras de 
colagénio com diâmetro elevado 
o Fibras de Von Korff: fibras reticulares dos odontoblastos 
o Colagénio tipo III é associado inicialmente com a fibronectina (proteína 
adesiva que ajuda as células a aderirem à matriz) 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 23 
 Fosfoproteína dentinária (DPP) 
o É o 2º constituinte mais abundante da matriz orgânica da dentina 
o Papel importante na mineralização da dentina 
o A DDP e a sialoproteína da dentina (DSP) são produzidas não só pelos 
odontoblastos, mas também pelos pré-ameloblastos do epitélio interno do 
esmalte 
 Forforina dentinária 
o É libertada principalmente pelo processo odontoblástico (esta posição é 
consistente com o importante papel desta substância na sua mineralização) 
 Muitas outras proteínas são adicionadas à matriz como glicoproteínas e 
proteinoglicanos 
 
Coincidente com a deposição de colagénio a membrana plasmática do odontoblasto 
adjacente do epitélio interno do órgão de esmalte forma processos que se estendem 
pela matriz extracelular. Por vezes esses processos podem penetrar a lâmina basal e 
interpor-se entre o epitélio interno do órgão de esmalte de modo a formar o que, 
posteriormente, se denomina fusos de esmalte. 
 
Ao mesmo tempo que os odontoblastos formam estes processos, também um 
pequeno número de vesículas aparecem (vesículas da matriz) e depositam-se 
superficialmente junto à lâmina basal. 
 
III.Mineralização da matriz 
O elemento central na mineralização da dentina é o odontoblasto. Este seleciona 
quais os minerais que podem ou não entrar: se permitir a entrada de cálcio, a matriz 
vai ser mais mineralizada. 
O odontoblasto produz a matriz que se torna mineralizada, controla o transporte e 
a libertação de iões de cálcio e determina a presença e distribuição dos componentes 
da matriz que podem iniciar e modular o processo. 
 
No processo de transporte de iões de cálcio para a frente de mineralização, o cálcio 
sérico é absorvido pelo odontoblasto na porção distal do corpo celular e no processo 
celular (maioria ligado a organelos). Altas concentrações de cálcio podem ser tóxicas 
para outras células que não os odontoblastos, estes parecem imunes à sua presença. 
 
Apesar de algum cálcio chegar à frente de mineralização através da via extracelular, 
esta não é a mais importante. A via intracelular controla ativamente o nível na área de 
mineralização e mantém a concentração do ião em níveis que não se encontram em 
equilibro com as concentrações séricas. 
 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 24 
O cálcio transportado pelo odontoblasto toma a sua forma cristalina na dentina por 
deposição numa base colagénica formada por fibrilhas do tipo I e em grande medida 
controlada pelas proteínas não colagénicas (principalmente a DPP). Esta última é 
altamente aniónica (grande capacidade de se ligar ao ião cálcio) e alterações 
conformativas desta proteína permitem a ligação a quantidades crescentes de iões de 
cálcio permitindo a formação de um novo cristal. 
O papel da DPP na mineralização é: transporte de iões para a frente da 
mineralização; a localização da nucleação em regiões específicas da superfície fibrilhar 
do colagénio e a estabilização do cristal formado. 
 
 Osteonectina: glicoproteína fosforilada produzida pelo odontoblasto 
-Presente na dentina humana 
- Capaz de inibir o crescimento de cristais de hidroxiapatite e promover a ligação do 
cálcio e do fosfato de colagénio 
 
 Osteopontina: Proteína fosforilada capaz de promover a formação mineral da 
dentina 
 
 Sialoproteina óssea (BSP) glicoproteina fosforilada 
- Pode ser encontrada na dentina em mineralização precoce e na dentina 
peritubular 
 
Padrões de mineralização 
Calcificação globular Calcificação linear 
 Calcificação envolve a deposição de cristais em 
áreas descontínuas da matriz por captura 
heterogénea de colagénio 
 Dentina de cobertura/manto 
(preferencialmente) 
 Deposição descontínua -> aglomerado 
 É uma mineralização muito rápida 
 É uniforme 
 Com aspeto de linhas 
 Dentina circumpuplar (apesar de que 
nesta dentina é possível observar os dois 
padrões) 
 Mineralização lenta 
 
O tamanho dos glóbulos depende da velocidade a que a dentina é depositada. 
Glóbulos maiores quando há deposição mais rápida de dentina 
Glóbulos menores quando há deposição lenta da dentina (a mineralização aparece 
mais uniforme: mineralização linear 
 
 
 
 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 25 
Formação da dentina radicular 
As células de Hertwing iniciam a diferenciação em odontoblastos que formam a 
dentina radicular. 
Esta é cada vez mais reconhecida como sendo estruturalmente e 
composicionalmente diferente da dentina coronária. 
 
Dentina radicular vs dentina coronária 
 Diferente orientação das fibras de colagénio da dentina de cobertura 
 O conteúdo de fósforo é menor que na dentina coronária 
 O grau de mineralização é ligeiramente menor 
 
POLPA 
A polpa dentária é formada por tecido conjuntivo laxo, localizando-se na câmara 
pulpar e canais radiculares. 
Os odontoblastos, fibroblastos, macrófagos, células ectomesenquimatosas 
indiferenciadas juntamente com outras células imunocompetentes são os principais 
células da polpa. 
A polpa dentária caracteriza-se por ser um tecido rico em tecido conjuntivo laxo. 
 
Histologicamente divide-se em quatro zonas: 
1.Zona odontoblástica 
2.Zona acelular de Weil 
3.Zona rica em células 
4.Zona interna da polpa (onde podemos encontrar vasos e 
nervos pulpares). 
 
A polpa dentária tem funções nutritivas, sensoriais, de 
proteção e de produção de dentina. 
 
 
Composição celular 
 Células ectomesenquimais indiferenciadas 
o As células ectomesenquimais indiferenciadas estão junto aos vasos 
sanguíneos, na zona rica em células e na zona interna. 
o Responsáveis pela produção de fibroblastos ou odontoblastos – 
conforme o estímulo. 
 
 
 
 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 26 
 Odontoblastos (células principais da polpa – maiores e em maior número na 
coroa que na raiz) 
o Localizam-se na parte mais periférica da polpa e possuem 
prolongamentos que se estendem para os túbulos dentinários, 
formando uma camada na parte mais periférica da polpa, estando os 
seus prolongamentos na dentina. 
o Variam anatomicamente, sendo colunares em oclusal, passando a 
cuboides na zona média e acabando achatadas em apical. 
o No dente maduro (quando estão todas as partes já diferenciadas), o 
número de odontoblastos iguala-se ao número de túbulos dentinários, 
variando apenas de dente para dente e com a localização dentro do 
espaço pulpar. 
o A sua morfologia reflete a sua atividade funcional (fase secreção, 
transição e de repouso). 
Na interface dentina/polpa coronária há mais túbulos dentinários/odontoblastos 
que na interface radicular. Para além disso, os odontoblastos que se encontram na 
porção coronal são maiores que os da porção radicular. 
 
 Fibroblastos 
o Na polpa há um grande número número de fibroblastos (zona rica em 
células), principalmente na coroa 
o Função: formação de colagénio e substância fundamental (é a matriz 
que no início não é estimulada). Mas dependendo do estímulo, 
também podem ser responsáveis pela formação da matriz pular e ingestão 
e degradação do colagénio. 
 Macrófagos 
o Na zona mais interna da polpa 
o Eliminam as células mortas, indicando renovação de fibroblastos da 
polpa. 
 Outras células imunocompetentes 
o Linfócitos – pouco número em caso não patológico, respondem a uma 
situação de agressão 
 Linfócitos T (+++) 
 Linfócitos B 
 A sua presença aumenta em caso de inflamação 
o Células dendríticas apresentadoras de antigénios 
 Derivam da Medula óssea, tem grande afinidade com elementos 
vasculares e nervosos. 
 Têm dois tipos de localização: 
 Junto e na camada de odontoblastos – não erupcionado 
 Abaixo da camada de odontoblastos – erupcionado 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 27 
Matriz extracelular 
2 componentes principais: 
o Substância fundamental 
 Glicosaminoglicanos, Glicoproteínas e água 
 Função: suporte de células e trocade nutrientes, proteção do 
equilíbrio do sistema, eliminação dos metabolitos 
o Fibras de colagénio 
 Grande quantidade junto ao ápex 
 Numa polpa jovem encontramos poucas fibrilhas de colagénio. 
Com o tempo observam-se feixes organizados de colagénio 
 
Suplemento vascular e linfático 
1 ou 2 vasos sanguíneos e vasos sanguíneos. 
 Plexo de Raschkow: plexo nervoso subodontoblástico, zona enervada na zona 
acelular de Weil, imediatamente abaixo dos corpos celulares dos odontoblasyos 
na porção coronal do dente. 
 
Alterações com a idade 
 Adulto: a câmara pulpar fica mais estreita, há calcificação (deposição da 
dentina) – vasos ficam constritos e há, portanto, diminuição do suprimento 
vascular 
 Idosos: 
o Diminuição do conteúdo células – diminuição da capacidade celularo Axónios: menos mineralizados 
o Mais estratos mortos (dentina obliterada – calcificada) 
o Menor sensibilidade dentária porque o número de fibras nervosas 
diminui 
o Cárie radicular mais incidente 
 
Complexo dentino-pulpar 
O complexo dentino-pulpar é formado pela dentina e pela polpa, tendo origem 
embrionária na papila dentária. 
Tem função protetora (através da sensibilidade perante um estimulo), de nutrição e 
de reparação (tecidos celulares com capacidade regenerativa). 
A dentina mantem a integridade da polpa e a polpa mantem a vitalidade da dentina. 
A inervação do complexo dentino-pulpar é feita pelo plexo subodontoblástico de 
Raschkow, localizado na zona acelular de Weil, imediatamente abaixo dos corpos 
celulares dos odontoblastos na porção coronal do dente. 
 
 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 28 
CEMENTO 
O cemento circunda a raiz do dente. Encontra-se entre a dentina e o ligamento 
periodontal. Origina-se a partir das células mesenquimatosas do folículo dentário. 
É um dos tecidos de suporte do dente. É altamente mineralizado e não é 
vascularizado, envolve a dentina da raiz anatómica. 
 
Função 
 Integridade da raiz 
 Ajuda a manter o dente na sua posição funcional 
 Reparação/regeneração dentária 
 Ancoragem de fibras de colagénio 
 
Propriedades físicas 
 Cor: amarelo pálido e é uma superfície baça 
 Em termos de dureza é semelhante ao osso compacto mas menos radiopaco 
 Facilmente removido perante abrasão 
 Mais permeável que a dentina (as toxinas/substâncias entram mais facilmente 
no cemento que na dentina) 
 
Componentes estruturais 
 Cementoblastos 
o Localização: 
 Encontram-se na superfície do cemento (junto ao ligamento 
periodontal) 
 Quando a raiz está em desenvolvimento encontra-se ao longo de 
toda a raiz 
 Quando a raiz já está formada: no ápex (+++) e no 1/3 médio -> 
capacidade de cementogénese 
 Cementócitos 
o Cementoblastos que ficaram retidos nas lacunas da matriz – a produção 
de cemento é tão rápida que acabam por ficar lá aprisionados 
o Citoplasma acidófilo 
o Núcleo pequeno e picnótico 
o Poucos organelos 
o 10-20 prolongamentos citoplasmáticos direcionados para a superfície 
 
Semelhantes aos osteócitos mas os cementócitos estão mais dispersos e apresentam 
uma forma mais desordenada do que os osteócitos no osso. 
 
 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 29 
 Matriz Extracelular Mineralizada 
o 46 a 50% de matéria orgânica (fosfato de cálcio) 
o 22% de matéria orgânica (colagénio tipo I) 
o 23% de água 
 
CEMENTOGÉNESE 
Durante a mineralização da pré-dentina há uma interrupção da fonte de nutrição 
das células epiteliais o que leva à fragmentação da Bainha Radicular de Hertwing e 
consequente formação de uma rede fenestrada: 
 Degeneração da lâmina basal do lado cementário 
 Começa a ser substituída por material amorfo e fibrilhas finas 
 
As células ectomesenquimáticas indiferenciadas provenientes do folículo do saco 
dentário vão migrar para se colocarem em estreita aposição com a camada de hialina 
(que cobre a superfície da dentina radicular). 
Estas células ectomesenquimáticas indiferenciadas aumentam de tamanho e 
aumentam os organelos citoplasmáticos, diferenciando-se em cementoblastos. 
Os cementoblastos depositam matriz orgânica que leva à mineralização da matriz 
 
Linha cemento-dentinária 
 É a camada intermédia entre a dentina e o cemento 
 Está envolvida na ancoragem das fibras periodontais à dentina (por vezes 
confundida com a camada de hialina da dentina) 
 Espaços ramificados e irregulares 
 Função: cementar firmemente o cemento e a dentina e barreira de difusão 
 
Dentes permanentes: a superfície da dentinas obre o qual se deposita o cemento é 
relativamente lisa 
 
Dentes decíduos: a superfície da dentina sobre o qual se deposita o cemento é 
relativamente festonada 
 
Histologicamente – 2 tipos de cemento 
Cemento Celular ou Primário Cemento Acelular ou Secundário 
 Dente em Oclusão 
 Rápido (contém cementócitos) 
 Lacunas e canalículos que contem 
cementócitos e os seus processos 
 Limite com a dentina é claramente visível 
 Linhas incrementais mais afastadas uma 
das outras 
 Camada de subtancia cementoide 
presente 
 
 Antes da erupção do dente 
 Lento 
 Sem células 
 Limite com a dentina não é visível 
 Linhas incrementais perto umas das outras 
e mais finas 
 Camada de substancia cementóide 
ausente 
 
 Formação da camada de hialina 
(entre o cemento e a dentina) 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 30 
Em comparação com o osso 
 Assemelha-se: 
o Composição 
o Ambos crescem por aposição 
o Os cementoblastos quando aprisionados nas lacunas são cementócitos 
e os odontoblastos quando aprisionados nas lacunas são odontócitos 
 Difere: 
o Resistência: o cemento é mais resistente que o osso, se tivesse a 
mesma resistência, desaparecia com a ortodontia 
o Não é vascularizado 
o Maior espessura no ápex 
o Com a idade aumenta a quantida 
 
LIGAMENTO PERIODONTAL 
O ligamento periodontal deriva do folículo dentário. É um tecido conjuntivo, denso 
e fibroso. Encontra-se entre o osso alveolar e o cemento. 
 
Em média, a espessura é de 0,02 mm na zona de estreitamento ou na zona média 
(estado funcional). 
É mais estreito nos definitivos que nos decíduos. A sobrecarga leva ao aumento da 
sua espessura. Espaço diminui com o passar da idade. 
 
O ligamento periodontal caracteriza-se por ser um tecido conjuntivo laxo não 
mineralizado, com alta quantidade de fibras de colagénio (locais opacos) e fibroblastos. 
 
O ligamento dentário ocupa o espaço entre alvéolo e o dente. É constituído por 
fibras, substância fundamental e células como fibroblastos, osteoblastos, 
cementoblastos, células de defesa, células mesenquimatosas indiferenciadas, 
osteoclastos e células epiteliais. 
Por ambas as extremidades, todos os feixes principais de fibras de fibras de colagénio 
estão embutidas em cemento ou em tecido ósseo. A porção embutida do feixe de fibras 
é chamada de fibra de Sharpey. 
 
Funções 
 Resistência à força de remoção 
 Proteção dos tecidos dentários e danos causados por cargas excessivas (é um 
amortecedor) 
 Manutenção da posição inicial do dente 
 Formação, manutenção e reparação do osso alveolar e cemento 
 Controlo neurológico da mastigação 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 31 
O ligamento periodontal e a erupção dentária 
O movimento dentário eruptivo e o estabelecimento da oclusão vão modificar a 
inserção inicial. 
Antes do dente erupcionar 
Crista do osso alveolar encontra-se acima da junção amelocementária e os feixes do 
LP em desenvolvimento estão direcionados obliquamente. 
 
Como o dente se movimenta durante a erupção 
O nível da crista alveolar vem a coincidir com a linha amelocementária e os feixes de 
fibras obliquas logo abaixo das fibras gengivais livres tornam-se horizontalmente 
alinhados. 
 
Quando o dente entra finalmente em função 
A crista alveolar fica mais proxima do ápex e as fibras horizontais denominadas de 
fibras da crista alveolar tornam-se obliquas uma vez mais, com a diferença de que agora 
a inserção alveolar está posicionada mais coronalmente, ao contrario da sua direção 
apical prévia. 
 
Resumindo, as fibras partem da linha amelocementária para fora e para cima( A), 
tornam-se horizontais (B e C) e, quando o dente está totalmente erupcionado (D) 
direcionam-se para fora e para baixo. 
Depois do dente erupcionado, a função está então completa e há um aumento da 
sua espessura. 
Os parâmetros que se seguem aumentam ou diminuem conforme a função estiver 
aumentada (aumentam) ou diminuída (diminuem): 
 Espessura do Ligamento Periodontal 
 Número e espessura dos feixes de fibras 
 Número de trabéculas ósseas 
 
Componentes do ligamento periodontal 
Fibras 
Fibras elásticas (10%): 
o Oxitalano (Homem) – estrutura semelhante às fibras deelastina imaturas 
ligadas ao cemento e atravessam o ligamento periodontal mas não o osso; são 
mais frequentes na zona cervical e como são fibras elásticas respondem a 
grandes pressões 
o Reticulina, Elaunina, Elastina 
 
 
 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 32 
 Colagénio (90%) 
o Tipo I (70%) 
o Tipo II (20%) 
o Tipo V e VI 
o Tipo IV e VII 
1.Grupo da crista alveolar: logo abaixo da junção amelocementária, do cemento para 
baixo e para fora inserindo-se na margem do alvéolo. 
2.Grupo horizontal: situado apicalmente ao grupo da crista alveolar, dirige-se 
perpendicularmente ao longo do eixo do dente, a partir do cemento. 
3.Grupo oblíquo: segue do cemento numa direção obliqua para o tecido ósseo 
4.Grupo apical: irradia do cemento ao redor do apex para o tecido ósseo, formando 
a base do alvéolo. 
5.Grupo interradicular: dirige-se do cemento para o tecido ósseo, formando assim a 
crista do septo interradicular. Encontrado apenas entre raízes de dentes 
multiradiculares 
 
Fibras de Sharpey 
Em cada extremidade, todos os principais feixes de colagénio estão embebidos tanto 
por cemento como por tecido ósseo a essa extremidade. 
A porção inserida é referida como fibra de Sharpey: 
No cemento acelular são totalmente mineralizadas 
No cemento celular e tecido ósseo são parcialmente mineralizadas na sua periferia 
 
Fibras do Ligamento Periodontal 
Grupo dentogengival: fibras mais numerosas. Cemento cervical – lâmina própria 
tanto da gengiva aderida como da livre. 
Grupo alveologengival: fibras irradiam do tecido da crista alveolar – lamina própria 
da gengiva aderida e livre 
Grupo circular: faixa em torno do dente, entrelaçando-se como outros grupos de 
fibras na gengiva livre e auxiliando na união da gengiva livre com o dente 
Grupo dentoperiostal: cemento (em sentido apical sobre o periósteo das tabulas 
corticais externas do processo alveolar) 
 
Sistema de fibras transeptais dirigem-se em posição interdentária do cemento 
imediatamente apical à base do epitélio juncional do dente, passando sobre a crista 
alveolar e inserindo-se numa região equivalente à do cemento do dente adjacente. 
 
 
 
 
 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 33 
Substancia fundamental 
 Água 
 Glisosaminoglicanos (produzidos pelos fibroblastos -> em caso de inflamação 
vai haver uma produção exagerada destas substâncias) 
o Ondulina: organiza fibras de colagénio 
o Tenascina: orienta movimentos celulares 
o Fibronectina 
o Decorina – associada ao colagénio 
Células 
 Fibroblastos 
 Osteoblastos 
 Cementoblastos 
 Osteoclastos 
 Células mesenquimatosas indiferenciadas 
 Celulas de defesa 
 Celulas epiteliais restos de Malassez 
 
Vascularização do ligamento periodontal 
 Lingual e palatina que originam plexos nos sulcos gengivais 
 Alveolar superior e inferior – tem percurso intraósseo (intra-alveolares) -> 
perfurantes (tendência a perfurar o osso e chegar ao ligamento 
periodontal), são mais comuns ao nível apical e médio 
 
OSSO ALVEOLAR 
É um tecido conjuntivo mineralizado. Camada delgada que circunda a raiz dos 
dentes, mantendo o dente fixo e estável devido também à inserção das fibras de 
colagénio do ligamento periodontal. 
Consiste no tecido ósseo, o qual dá sustentação as dentes. 
O osso alveolar pode ser considerado um tecido conjuntivo especializado 
mineralizado, composto basicamente por 33% de matriz orgânica e 67% de cristas de 
hidroxiapatite. 
 
Alem de manter a estrutura dentária no arco, o osso alveolar tem também a função 
de proteção, locomoção e reservatório. 
 
O osso alveolar desenvolve-se ao redor de cada folículo dentário durante a 
odontogénese. 
Durante a formação da raiz e o desenvolvimento e maturação dos tecidos 
envolventes, o osso alveolar funde-se com o osso basal, tornando-se numa estrutura 
óssea contínua. 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 34 
NOTA: osso alveolar e osso basal têm ambos origem ao nível da crista neural 
ectomesenquimatosa. 
 
Osso basal da mandibula inicia a sua mineralização na saída do nervo mentoniano 
Osso basal do maxilar superior inicia-se na saída do nervo infra-orbitário do foramen 
infra-orbitário. 
 
Os osteoblastos iniciam a produçao de vesiculas de matriz. Essas vesiculas contem 
enzimas (fosfatase alcalina) que iniciam o processo de enucleação de cristais de 
hidroxiapatite. 
Os cristais desenvolvem-se e formam nódulos ósseos coalescentes, os quais, com 
fibras de colagénio em rápido desenvolvimento, formam a subestrutura do osso lamelar 
(1º osso formado no alvéolo). 
Através da deposição óssea, remodelação e secreção de camadas de fibras de 
colagénio, o osso lamelar maduro é formado. 
Os cristais de hidroxiapatite estão alinhados com os seus longos eixos paralelos às 
fibras de colagénio, permitindo esta disposição a aplicação de pesadas forças mecânicas 
resultantes da mastigação. 
 
Células ósseas 
 Osteoblastos célula osteóide 
 Osteócitos comunicação por canalículos 
 Osteoclatos localizam-se nas lacunas de Howship 
 
MUCOSA ORAL 
 
Funções 
 Mecânicas: consegue resistir a forças compressivas e de cisalhamento 
 Mobilidade: do bolo alimentar 
 Barreira Imunológica: glândulas que produzem IgA 
As glândulas minor no interior da mucosa oral oferecem lubrificação e desempenham 
uma função tampão contra os ácidos orgânicos, bem como secreção de anticorpos 
 Barreira física: impede a entrada de MO 
 Função sensitiva: sabor, textura, dor, paladar 
 
É ricamente enervada fornecendo sensação de tato, propriocepção, dor e paladar. 
 
Histologia da mucosa oral 
Duas principais camadas de tecidos constituintes da mucosa oral: 
Camada externa epitélio estratificado pavimentoso (áreas sujeitas às forças 
mastigatórias, como gengiva, palato e dorso da língua é queratinizado. 
Camada interna tecido conjuntivo, abrangendo também a lamina própria. 
Histologia Oral 
Ana Sofia Belchior 35 
Epitélio é um dos principais grupos de tecidos celulares, sendo a sua principal função a 
de revestimento da superfície externa e das diversas cavidades internas do organismos. 
Os outros 3 tipos de tecidos básicos do organismo humano são tecido conjuntivo, 
muscular e nervoso. 
 
As células são mantidas unidas através de junções sendo as principais os desmossomas, 
hemidesmossomas, tight junctions e gap junctions que ligam as células epiteliais à 
lamina basal e entre si. 
 
O epitélio pode ser caracterizado de acordo com: 
 Forma: escamoso ou pavimentoso, cubico, cilíndrico ou colunar e de transição. 
 Estratificação: simples, estratificado (queratinizado ou não-queratinizado) e 
pseudoestratificado ciliado. 
 
Diversas camadas celulares de distintas morfologias podem ser reconhecidas no epitélio 
estratificado pavimentoso da mucosa oral: 
1.Estrato germinativo (ou camada basal) 
2.Estrato espinhoso (ou camada de células espinhosas) 
3.Estrato granuloso (ou camada granular) 
4.Estrato córneo (ou camada queratinizada ou córnea) 
 
Em células epiteliais, o citoesqueleto é composto de: 
- Microfilamentos; 
- Microtúbulos; 
- Filamentos intermediários (citoqueratinas -> no interior das células epiteliais, os 
filamentos de citoqueratinas funcionam como componentes do citoesqueleto e de 
contactos celulares (desmossomas e hemidesmossomas)) 
 
Lâmina própria tecido conjuntivo subjacente ao epitélio oral que possui 2 camadas 
distintas. 
Camada papilar superficial entre bordos epiteliais (fibras de colagénio finas e 
frouxamente organizadas). 
Camada mais profunda reticular com feixes espessos paralelos de fibras de colagénio. 
 
 Células de Langerhans células dendríticas situadas nas camadas acima do estrato 
germinativo com função imunitária (reconhecem e processam antigénios) 
 Células de Merkel situam-se ao nível do estrato germinativo epitelial com função 
recetora e derivam da crista neural. 
 
 
 
Histologia Oral 
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Tipos de mucosaoral 
Mucosa mastigatória constituída por epitélio queratinizado ou para-queratinizado e 
lamina própria espessa. 
Recobre o palato duro e a superfície oral da gengiva. 
 
Mucosa de revestimento constituída por epitélio não queratinizada e lamina própria 
frouxa. 
Recobre a mucosa das bochechas, lábios alvéolos, região dentogengival, assoalho da 
boca, superfície ventral da língua e palato mole. 
 
Mucosa especializada 
Ex. mucosa gustativa -> dorso da língua

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