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MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA 2015-2016 Histologia Oral Docente: Dr. Nélio Veiga Ana Sofia Belchior Histologia Oral Ana Sofia Belchior 1 ÍNDICE Desenvolvimento pré-natal .................................................................................................... 2 Odontogénese ........................................................................................................................ 5 Esmalte .................................................................................................................................... 8 Dentina ................................................................................................................................. 15 Polpa dentária ...................................................................................................................... 25 Cemento ............................................................................................................................... 28 Ligamento periodontal ........................................................................................................ 30 Osso alveolar ........................................................................................................................ 33 Mucosa oral ......................................................................................................................... 34 Histologia Oral Ana Sofia Belchior 2 DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL O Desenvolvimento Pré-Natal compreende 3 fases: 1ª fase: desde a fertilização até às primeiras 4 semanas – caracteriza-se por proliferação e migração e é uma fase muito importante pois caso haja alguma anomalia o embrião morre. 2ª fase: da 4ª à 8ª semana. Fase da Morfogénese: há formação óssea e forma- se a face; diferenciação de estruturas internas e externas. A fenda palatina é causada por uma não fusão nesta fase. 3ª fase: do final da 2ª fase até ao parto – crescimento e diferenciação. Arcos braquiais e boca primitiva Durante o desenvolvimento, por volta das 4-5 semanas uma serie de estruturas essenciais para o desenvolvimento da cabeça e do pescoço: arcos faríngeos ou braquiais. Estomodeu invaginação da ectoderme do embrião de que se forma a boca e a parte superior da faringe. Arco faríngeo centro de tecido mesenquimatoso coberto externamente por ectoderme e internamente por endoderme. Apresentam também um componente muscular, nervoso e sanguíneo. Cada arco braquial possui: - Arco aórtico (artéria que sai do tronco arterioso do coração primitivo); - Haste cartilaginosa (1ºarco tem a Cartilagem de Meckel e o 2º a de Heichert); - Componente muscular; - Nervo. Os arcos faríngeos: - contribuem para a aparência externa do embrião; - inicialmente consistem em segmentos de tecido mesenquimatoso separado pelas fendas braquiais; Simultaneamente desenvolvem-se nas paredes laterais do intestino faríngeo as bolsas faríngeas que penetram no mesenquima mas não estabelecem comunicação externa com as fendas. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 3 Arcos faríngeos derivados Formação da face Durante o desenvolvimento inicial da face ocorre proliferação e migração do esctomesenquima envolvido na formação das cavidades nasais primitivas. Com o espessamento da proeminência frontal -> placoides olfatórios, o que leva a um aumento das fossetas nasais. A fusão dos processos mediais deslocados para a linha média origina a linha média do nariz e a porção central do lábio inferior, os incisivos e o palato primário. Os processos maxilares vão crescer medialmente (para dentro) e vão-se aproximar dos processos nasais laterais e mediais e formar os sulcos nasolacrimal e buconasal. Formação do palato 3 proeminências originam a formação do septo nasal e 2 processos palatinos que se unem em direção à linha media e se fundem. Para que a fusão dos processos palatinos ocorra tem que haver eliminação do revestimento epitelial destes processos. Formação da língua As proeminências laterais e o tubérculo impar derivam do 1º arco. A proliferação local do mesenquima dá origem a uma série de protuberâncias no pavimento oral. 1º arco -> proeminências linguais laterais 2º arco -> cópula 3º e 4º arco -> eminencia hipobranquial Desenvolvimento da mandíbula A mandibula deriva do 1ºarco. É a cartilagem de Meckel que vai orientar a formação da mandibula. Há a emergência do ramo trigémio (mandibular) que se divide em nervo lingual e nervo alveolar inferior que, por sua vez, se divide em nervo mentoniano e incisivo. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 4 6asemana condensação de mesenquima ao nível do angulo formado pela divisão do nervo alveolar inferior e os ramos mentoniano e incisivo. 7asemana ossificação intramembranosa é iniciada, formando o 1º tecido ósseo da mandibula. O ramo da mandibula desenvolve-se por uma rápida propagação da ossificação para o interior do mesenquima do 1º arco braquial, afastando-se da cartilagem de Meckel. 10asemana mandibula rudimentar está praticamente formada por ossificação intramembranosa . O que vai acontecer à cartilagem de Meckel? 1.Na sua extremidade posterior vai originar-se o martelo e a bigorna; 2.Do esfenoide à divisão do nervo mandibular nos seus 2 ramos vai haver uma perda de cartilagem mas mantem a capsula fibro-mandibular -> ligamento esfeno-mandibular; 3.Pequena contribuição na formação da mandibula Cartilagem secundária Condilar 12ª semana; ossificação endocondral e ramo mandibula em desenvolvimento. Coronóide 4 meses; bordo anterior e superior do processo coronoide. Sínfise mandibular entre as 2 extremidades das cartilagens de Meckel. Desenvolvimento da maxila O desenvolvimento é idêntico ao da mandibula, a partir do 1ºarco braquial. Semelhanças no desenvolvimento da mandíbula e da maxila Histologia Oral Ana Sofia Belchior 5 ODONTOGÉNESE Banda epitelial primária É uma faixa continua de epitélio espesso, com a forma de ferradura. Placoides dentários primeiro sinal de desenvolvimento dentário. Lâmina dentária: dá origem do dente por várias fases – fase do botão, de capuz e de campânula Lâmina vestibular (a partirda 6ª semana): dá origem ao vestíbulo através de dois modelos – Modelo de Campo e Modelo de Clone Lâmina dentária Na face anterior da lâmina dentária a atividade proliferativa continuada e localizada leva à formação de uma série de invaginações epiteliais para dentro do mesênquima em locais correspondentes às posições dos futuros dentes decíduos. Fase do botão - com a proliferação da lamina dentaria surge um aglomerado de células; - é representada pela 1ª invasão epitelial em direção ao ectomesenquima dos maxilares; - as células apresentam poucas ou nenhumas alterações no formato ou na função; Transição da fase do botao para a fase de capuz marca o inicio das diferenças morfológicas entre germens dentários que dao origem a diferentes tipos de dentes. Fase de capuz - órgão de esmalte encontra-se sobre a papila dentária como um “capuz” - à medida que o botao dentário cresce, arrasta consigo a lamina dentaria; - o dente em desenvolvimento continua preso à lamina dentaria pela lamina lateral; Histologia Oral Ana Sofia Belchior 6 Invaginação epitelial que se assemelha a um capuz -> órgão esmalte -> ESMALTE Massa esférica de células ectomesenquimatosas condensadas -> papila dentaria -> DENTINA e POLPA Ectomesenquima condensado encapsula órgão de esmalte -> folículo dentário -> TECIDOS DE SUPORTE Fase de capuz tardia - células do órgão de esmalte (glicosaminoglicanos) atraem a agua -> formam um reticulo estrelado; - diferencia-se o epitélio interno do órgão de esmaltedo epitélio externo; Fase da campânula 1.Morfodiferenciçao: gérmen dentário cresce em forma de sino e a coroa começa a ficar com a forma final 2.Histodiferenciaçao: tecidos mineralizados da coroa do dente adquirem o seu fenótipo. Massa de células epiteliais que sofrem transformação morfológicas e funcionais. - papila dentaria é separada do órgão de esmalte por uma lamina basal. É percursor da polpa dentaria quando a 1ª matriz calcificada aparece na ponta da cúspide do gérmen. -determinação do formato da coroa -> epitélio interno do órgão de esmalte; termina o seu processo de dobra o que resulta do crescimento intrínseco causado por índices diferenciados de divisões mitóticas dentro do epitélio interno do órgão de esmalte. - células do estrato intermedio do órgão de esmalte -> vao-se diferenciar e acabm por se interpor e formar uma zona mais densa; - células do epitélio externo do órgão de esmalte -> forma cuboide; possuem alta proporção núcleo/citoplasma; - células do epitélio interno do órgão de esmalte -> elevado conteúdo de glicogénio; - células estreladas do reticulo estrelado -> unidas umas às outras, às células do epitélio externo do órgão de esmalte e ao estrato intermedio por desmossomas; - desintegração da lamina dentaria; lamina lateral é libertada. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 7 Lâmina vestibular Por volta das 6 semanas de gestação ainda não temos vestíbulo, este forma-se como resultado da proliferação da lâmina vestibular para dentro do ectomesênquima, logo após a formação da lâmina dentária. As células da lamina vestibular vão rapidamente aumentar de tamanho e a seguir degeneram, formando uma fenda que se converte no vestíbulo entre a bochecha e a área de suporte dos dentes. Formação da dentição decídua e definitiva A formação da Dentição Decídua tem início entre a 6ª e a 8ª semana de desenvolvimento embrionário. Na Dentição Definitiva, os primeiros dentes ase formar são os Incisivos, os Caninos e os Pré -Molares, por volta da 20ª semana de desenvolvimento embrionário e o 10º mês após o nascimento. Ao contrário dos dentes anteriormente referidos, os molares não têm antecessores decíduos. Os gérmens dentários não têm a mesma origem dos incisivos, caninos ou Pré- Molares. A sua formação inicia-se entre a 20ª semana de desenvolvimento embrionário e o 5º ano de vida. Quando os maxilares apresentarem tamanho suficiente, a lâmina dentaria penetra no tecido ectomesenquimatoso em direção posterior, abaixo do epitélio de revestimento da mucosa oral Formação dos tecidos mineralizados Alterações morfológicas levam à formação de: Células ectomesenquimatosas indiferenciadas da papila dentária -> Odontoblastos são responsáveis pela matriz orgânica da DENTINA. Esta é composta por túbulos onde se encontram os prolongamentos dos odontoblastos. Células do epitélio Interno do Órgão de Esmalte -> Ameloblastos que formam uma matriz que é calcificada e só depois é que temos ESMALTE Histologia Oral Ana Sofia Belchior 8 Formação da raiz As células epiteliais internas da Bainha Radicular de Hertwing (formada pela fusão dos epitélios interno e externo do órgão de esmalte) induzem a diferenciação dos odontoblastos a partir da polpa radicular, produzindo a dentina da raiz. De seguida a Bainha Epitelial de Hertwing é desintegrada e podem ficar restos (Restos de Malassez) que podem originar quistos. Estes podem vir a ajudar a regenerar o ligamento periodontal. NOTA: bainha radicular de Hertwing encontra-se entre a polpa dentaria e o folículo primário Formação dos tecidos de suporte Os tecidos de suporte derivam do folículo dentário que se diferencia em cementoblastos. As células do folículo penetram nas fenestrações da bainha fragmentada, ficando justapostas à dentina radicular recém-formada. ESMALTE tecido biológico mais duro do organismo; cobre a coroa anatómica dos dentes. Apresenta uma complexa organização estrutural e elevado grau de mineralização. Os ameloblastos são as células responsáveis pela sua formação, através de um processo designado de amelogénese, que ocorre em três fases (fase de pré-secreção, secreção e maturação). Localizam-se na superfície do dente, desaparecendo sempre que este erupciona. No caso de haver uma lesão, não há regeneração por falta de amenoblastos. Como é um tecido muito duro, precisa de uma componente elástica para não partir que lhe é conferida pelo colagénio da dentina. Tipos de processamento Cortes Mineralizados: Tecidos duros e mineralizados permanecem intactos, mas tecidos conjuntivos moles e epitélios perdem-se. Cortes Desmineralizados: Tecidos conjuntivos moles e matriz orgânica dos tecidos mineralizados mantêm-se Histologia Oral Ana Sofia Belchior 9 Características gerais - Cobre a coroa anatómica do dente - Tecido mais mineralizado do corpo humano - Mais espesso sobre as cúspides e bordos incisivos (2-2,5mm de espessura) e mais fino na margem cervical - Tecido biológico mais duro - Relativamente Inerte: acaba por permitir a troca iónica (ex flúor que aumenta a sua resistência) - Acelular: as células predominantes são os ameloblastos que são responsáveis pela regeneração mas desaparecem após erupção dentária (não sofre regeneração) Propriedades mecânicas - Resistente e protetor - Friável: fácil de fraturar; - Módulo de elasticidade elevado conferido pelo colagénio - Relativamente inerte; - Semipermeável (a fluor e a corantes como o café, o tabaco ou o chá; - Translucido: nos sítios onde é menos espesso (cervical), o dente é mais amarelado. Propriedades químicas Matéria inorgânica (96%) hidroxiapatita de cálcio Cristais de hidroxiapatita de cálcio o arranjo molecular consiste num grupo hidroxilo rodeado por 3 iões de cálcio uniformemente espaçados que por sua vez são rodeados por 3 iões fosfato. 6 ioes cálcio num hexágono uniforme fecham os ioes fosfato. O fluor pode substituir o grupo hidroxilo conferindo maior estabilidade e resistência à ação dos ácidos. Matéria orgânica e água (4%) Amelogeninas: organização dos prismas de esmalte, contribuindo para a sua mineralização Não amelogeninas: formação estável e crescimento dos cristais Aminoácidos livres: glicina e ac glutâmico, pequenas moléculas e peptidos Estrutura do esmalte - Prismas de esmalte; - Substancia interprismática; - Bainha de esmalte – banda clara que rodeia os prismas e limita-os da região interprismática Em corte transversal, os prismas podem apresentar diferentes tipos de padrão, a distribuição destes tipos de padrão varia segundo as espécies. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 10 Organização interprismática estrutura complexa com grupos organizados por prismas, mas os cristais estão organizados circunferencialmente ao eixo dentário juntamente com 2 padrões sobrepostos. 1.Circunferencialmente à volta do eixo dentário 2.Direita-esquerda, cima-baixa 3.Aos 2/3 mais profundos entrelaçam-se Zonas do esmalte prismático Zona externa prismas perpendiculares à superfície oclusal Zona média torção helicoidal Zona interna prismas perpendiculares à superfície da dentina Esmalte aprismático mais mineralizado, deve-se à ausência do processo de Tomes nas fases finais da formação do esmalte. Os cristalitos de esmalte encontra-se alinhados em ângulos retos e relação à superfície e paralelos entre si. -20 a 100 μm de esmalte externo em dentes decíduos recém erupcionados; -20 a 70 μm de esmalte externo em dentes definitivos recém erupcionados. NOTA: é mais duro que o esmalte prismático Esmalte de superfície - mais duro; - Menos poroso; - menos solúvel; - mais radiopaco; - mais rico em fluor. Elevações – Cristas: deposição tardia de esmalte sobre detritos não mineralizadosDepressões – Sulcos: perda das elevações por atrito Cutícula de Esmalte entre a erupção dentária e a oclusão. Cobre a coroa do dente recém erupcionado e desaparece imediatamente com a mastigação. É semelhante a uma lamina basal típica que se encontram por baixo do epitélio. É responsável pela aderência do esmalte ao epitélio juncional. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 11 Estrias ou linhas incrementais Estão associadas a alterações fisiológicas do indivíduo. Estrias cruzadas: período curto (variações regulares na largura da secreção dos ameloblastos ou mudanças subtis na composição da matriz e/ou na orientação dos cristalinos) o Laminações (12h) o Estrias transversais (diária) – entre as transversais existem 4µm, idêntico à lâminabasal, logo sabemos que por dia o esmalte cresceu 4µm o Linhas Intradianas (12h) Estrias do esmalte dos prismas: período longo o Periquimácias – com o desgaste tendem a desaparecer, mas permanecem em zonas protegidas como as áreas cervicais. o Linhas de Retzius – são marcações estruturais que resultam da alternância entre períodos de atividade ameloblástica e períodos de quiescência, marcam as posições das superfícies do esmalte em formação. Vão da linha amelocementaria até à superfície externa do esmalte, terminando em sulcos rasos. Permanecem em zonas protegidas como as áreas cervicais. Linha amelo-cementária odontoblastos ficam aprisionados aquando da formação do esmalte Separa a dentina do emalte; Tem um contorno irregular e recortado Evita forças de cisalhamento entre o esmalte e a dentina (aumento da adesão entre a dentina e o esmalte) Fusos de esmalte Prolongamentos de odontoblastos em desenvolvimento (projeções de dentina) que penetram na camada de ameloblastos e quando ocorre a formação completa do esmalte ficam retidos. Estas projeções ficam presas no esmalte (encontram-se ao nível das cúspides). Histologia Oral Ana Sofia Belchior 12 Tufos de esmalte Projetam-se a partir da linha amelo-dentinária para o esmalte. Estão orientados na mesma direção dos prismas. São ramificações com elevada concentração de proteinas do esmalte. Lamelas de esmalte Semelhantes a falhas estruturais do esmalte, percorrem toda a sua espessura. Relacionam-se com a maturação incompleta de grupos de prismas e com zonas hipomineralizadas. Alterações do esmalte com a idade Regeneração: não existe Facetas de desgaste: abrasão por forças mastigatórias; por vezes chega a ver-se a dentina Coloração: com o desgaste tendem a ficar amarelados – a cor é mais escura, sendo acentuada pela retenção de muitas substâncias Permeabilidade AMELOGÉNESE A amelogénese é a formação e mineralização do esmalte. Neste processo remove-se a matéria orgânica e a água e há a incorporação de iões de cálcio (principalmente), de flúor e de magnésio (este torna o esmalte mais frágil). Estes iões competem entre si e, assim, o que chegar primeiro assume a posição – se o cálcio for o primeiro a chegar, o esmalte irá ficar mais forte. Um dente menos mineralizado está mais suscetível a cárie – o primeiro passo da cárie chama-se desmineralização (não há conteúdo mineral suficiente), se houver mineralização o dente volta ao normal (através do cálcio, do flúor…). 30% do esmalte formado é mineralizado e 96% de mineralização é atingida, o que decorre aquando da degradação e remoção da matéria orgânica e água e através do crescimento dos cristais que se tornam mais espessos. Os ameloblastos são as células percursoras do esmalte e localizam-se na superfície do dente, desaparecendo sempre que este erupciona. NOTA: No caso de haver uma lesão, não há regeneração por falta de ameloblastos. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 13 I.Fase de pré-secreção As células do epitélio interno do órgão de esmalte vão-se diferenciarem ameloblastos, a célula vai-se preparar para a sua principal função: excreção de matriz de esmalte. Os ameloblastos diferenciam-se e adquirem o seu fenótipo, mudam a polaridade e desenvolvem um organizado sistema de síntese proteica e prepara-se para a secreção da matriz orgânica do esmalte. Fase morfogénica o Entre o epitélio interno do órgão de esmalte e a papila dentária encontra- se a lâmina basal. o A dentina é não mineralizada e com vesículas de matriz intactas Nesta fase as células do epitélio interno do órgão de esmalte ainda podem sofrer divisão mitótica, inicialmente por toda a campânula e finalmente nas porções mais cervicais do dente. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 14 Fase diferenciação o Células do epitélio interno do órgão de esmalte ameloblastos (têm corpo celular e processo de Tomes) o O Complexo de Golgi aumenta o seu volume e migra para distal da célula o Os ameloblastos são células polarizadas, ricas em organelos citoplasmáticos (distalmente ao núcleo) e sem capacidade de divisão (até à fase anterior era possível haver mitoses). o As mitocôndrias ocupam uma posição infranuclear. o Complexos Juncionais circundam as células nos seus perímetros proximal e distal (adjacente à zona do esmalte que vai ser formado). Têm um papel muito importante pois têm como função a adesão e junção, fazendo com que haja seletividade ao nível das moléculas que podem entrar ou sair do esmalte. Voltada para os odontoblastos em diferenciação, aparecendo um corpo e um extensão distal – Processo de Tomes. II.Fase de secreção A matriz vai ser mineralizada – vamos adquirir a espessura total do esmalte (muito elaborada). As proteínas da matriz de esmalte produzidas no Retículo Endoplasmático Rugoso são transportadas por vesículas transicionais para o Complexo de Golgi onde ocorrem reações de Glicosilação e Sulfatação antes de serem condensadas em Grânulos Secretores Electrodensos. São transportados ao longo de microtúbulos até ao polo secretor da célula (processo de Tomes), onde são libertados através de um processo merócrino (as vesículas saem por exocitose). Fala-se de Secreção constitutiva. Uma vez formada a camada inicial de esmalte os ameloblastos afastam-se. Quando a formação do esmalte se inicia -> porção proximal Processo de Tomes. O conteúdo dos grânulos de secreção é libertado sobre a superfície pré-dentina para formar uma camada que não tem prismas de esmalte. Os primeiros cristais de hidroxiapatite formados interdigitamse com os cristais da dentina. Quando a porção distal do processo de Tomes se estabelece, a secreção proteica, geralmente identificada pela presença de abundantes invaginações da membrana, vai ocorrer em 2 locais: 1º local: Na porção proximal do processo de Tomes, junto ao complexo juncional, ao redor da célula. Secreção no 1ºlocal + Secreções dos ameloblastos adjacentes -> divisórias de esmalte (Esmalte Interprismático). 2º local: Ao longo de uma superfície da porção distal do processo de Tomes. Proporciona a matriz que participa na formação do prisma de esmalte. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 15 O que é que acontece à porção distal do Processo de Tomes? À medida que o esmalte se forma, o processo de Tomes fica de tal forma alongado que fica fino entre o esmalte prismático e o interprismático: bainha de esmalte. III.Fase de maturação Ocorre pouco antes do dente erupcionar. O esmalte torna-se mais rígido devido ao crescimento dos cristais de esmalte – crescimento deve-se ao fortalecimento destes cristais de esmalte existentes e não à adição de novos cristais de esmalte. Após toda a camada de esmalte imatura ter sido formada, há uma breve fase de transição que, por não ser necessária mais secreção, há uma diminuição da altura e volume das células e diminuição dos organelos citoplasmáticos -> apoptose celular à medida que o esmalte amadurece. A remoção faseadade grande parte das proteínas da matriz durante o desenvolvimento permite uma configuração e tamanhos únicos dos cristalistos de esmalte. Amelogeninas (90%) – são as primeiras a ser removidas com a maturação do esmalte Não amelogeninas (10%) – enamelinae tuftelina, grande parte destas permanecem no tecido maduro Quando a maturação está completa os ameloblastos ficam achatados (exceto talvez no fundo de algumas fissuras onde poderão permanecer colunares). Uma camada proteica amorfa de 1µm de espessura chamada cutícula separa as células do esmalte – poderá ter resultado da extrusão proteica do esmalte durante a maturação ou então ser o último produto do ameloblasto fenescente. DENTINA é o tecido mineralizado que compõe a maior parte do dente, formada por múltiplos túbulos dentinários numa matriz calcificada. Dentro destes túbulos dentinários existem os prolongamentos citoplasmáticos dos odontoblastos, que são células formadoras da dentina. Como se mantem após a erupção dentária, há regeneração. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 16 Características gerais Cor: amarelo pálido (quando o esmalte é muito fino esta cor realça-se mais) Permeável: é permeável (a flúor, nutrientes,…) – através dos túbulos dentinários. Estacaraterística diminui com a idade (tal como as artérias, os túbulos dentinários também ficam com um lúmen reduzido) Dureza: é mais dura que o cemento e que o osso compacto mas menos que o esmalte. Elasticidade e limites Composição Água (10%) Matéria inorgânica (70%) hidroxiapatita de cálcio Cristalitos mais pobres em cálcio e carbonato (comparativamente com a de hidroxiapatite pura) Semelhante àdo esmalte (quanto à forma, mas são mais pequenos – pequenas placas) Os cristalitos estão entre as fibrilhas de colagénio Matéria orgânica (20%) Colagénio (90%) : Atua como uma estrutura base que acomoda 56% do mineral nos orifícios e poros das fibrilhas. Fibrilhas de Colagénio tipo I (preferencialmente) e tipo II e V (em menor quantidade). A maior parte das fibrilhas de colagénio dispõem-se paralelamente à superfície pulpar (não se encontram organizadas em feixes) Na dentina mineralizada as fibrilhas de colagénio têm maior diâmetro e encontram- se mais densamente agrupadas que na pré-dentina Lípidos da matriz (2%) Fosfolípidos ocupam as mesmas áreas que os proteoglicanos tissulares Na pré-dentina encontram-se mais densamente concentrados, junto à frente de mineralização Proteínas não colagénicas (8%): Ocupam o espaço entre as fibrilhas colagénicas e acumulam-se ao longo dos túbulos dentinários. São responsáveis por regular a mineralização como inibidoras, promotoras ou estabilizadoras. Proteína da matriz da Dentina 1 (DMP1) – juntamente com a DSP tem um papel essencial na inibição do crescimento da matriz, prevenindo a oclusão dos túbulos dentinários (detetadas na dentina peritubular) Osteonectina Osteocalcina Histologia Oral Ana Sofia Belchior 17 Proteoglicanos – em maior número ao nível da pré-dentina (inibidores de mineralização prematuta: para que a pré-dentina não se mineralize antes do tempo e possa haver reorganização das estruturas de colagénio) DSPP que é uma molécula que expressa 3 proteínas: Sialoproteína da dentina (DSP) Glicoproteína da dentina (DGP) Fosfoproteína da dentina (DPP) – tem afinidade pelos cálcios, liga-se ao colagénio e forma hidroxiapatite Mutações na DSPP, tem como consequências: aumento das câmaras pulpares, aumento da espessura da dentina, hipomineralização ou perda de cotrolo da dentina peritubular Tipos de dentina Dentina primária constitui a maior parte do dente Apresenta maior quantidade de túbulos dentinários organizados desde o início da formação da dentina até ao término do crescimento da raiz – crescimento rápido, a sua dentinogénese processa-se a grande velocidade. É a mais externa, a mais proxima do esmalte/cemento, pelo que pode também ser designada dentina do manto. Dentina secundária Inicia-se quando a formação da raiz está completa, associada à condição fisiológica e continuação com a primária; os odontoblastos vão depositar a dentina de forma mais lenta -> leva à diminuição do tamanho da câmara e canal pulpar; possui estrutura tubular menos regular (desorganizada) que a primária. Proporção entre componente mineral e material orgânico é igual à primária. A deposição sobre o teto e o pavimento da câmara pulpar não é feita uniformemente -> recessões pulpares (especialmente nos molares) É uma situação fisiológica que diminui com a idade e tem grande importância clínica (no caso das restaurações, é importante saber o quão próxima está a polpa para evitar exposições pulpares). Os túbulos dentinários têm tendência a acumular mais matéria (sofrer esclerose) e a dentina fica mais escura, acontece na dentina secundária, vantagem: não permite a entrada de bactérias (reduz permeabilidade global -> protege polpa) Histologia Oral Ana Sofia Belchior 18 Dentina terciária Associada a fatores externos (cárie, erosão, processos restauradores, …) e está em continuidade com a dentina secundária. Dentina reacionária: odontoblastos pré-existentes Dentina reparativa: Células recém-formadas semelhantes a odontoblastos (re- indução de células mesenquimais da polpa para se diferenciarem em células “odontoblast-like”) Histologia da dentina – componentes Túbulos de Dentina Os túbulos atravessam a polpa (“perfurações”) até à junção amelo-dentinária Os túbulos são preenchidos por fluidos e processos celulares (que se estendem da superfície pulpar até à junção amelo-dentinária e cimento-dentinária) Seguem um traçado de uma curva sigmóide – curvaturas primárias o A sua curvatura deve-se ao trajeto percorrido pelos odontoblastos ao produzir a dentina o A convexidade das curvas primárias mais próximas da polpaestão orientadas na direção da raiz o Na raiz ou sob as cúspides as curvaturas primárias são menos pronunciadas A capa da dentina que rodeia cada túbulo chama-se Bainha de Newman Cada túbulo tem entre 1 e 2,5µm de diâmetro: maior diâmetro e maior quantidade junto à polpa do que na periferia Zona externa de dentina mais resistente pois é a mais mineralizada Apresentam variações de direção de pequena amplitude – curvaturas secundárias (muitas coincidem com os túbulos – são linhas). Em determinadas regiões coincidem em vários túbulos adjacentes, podendo observar-se uma linha de contorno – Linha de Owen (geralmente mais evidente na junção entre a dentina primária e secundária). Prolongamentos de odontoblastos Os odontoblastos estão situados na periferia da polpa, e as suas projeções citoplasmáticas (prolongamentos) ocupam os túbulos dentinários; A sua espessura é maior quanto mais próxima do corpo do odontoblasto; Os prolongamentos odontoblásticos ramificam-se junto ao limite amelo-dentinário por toda a sua extensão – essas ramificações anastomosam-se com as vizinhas. As bactérias levam à apoptose dos prolongamentos odontoblásticos – Trato morto! Histologia Oral Ana Sofia Belchior 19 Dentina peritubular ou intratubular Dentina peritubular: dentina que reveste os túbulos Dentina intratubular: dentina que está dentro dos túbulos Envelhecimento fisiológico caracteriza-se pelos túbulos dentinários completamente ocluídos (principalmente na dentina radicular) – vantagem: não há entrada de bactérias. E com a maturação outro tipo de dentina é depositada nas paredes dos túbulos dentinários e o o lúmen dentinário vai diminuendo Constituida por 5% de matriz colagénica fibrosa, 15% mais mineralizada, mais radiodensa e mais electrodensa. Dentina intertubular consiste numa rede firmemente entrelaçada de fibrilhasde colagénio tipo I na qual os cristais de apatite são depositados. Dentina situada entre os túbulos da dentina É a massa principal da dentina É altamente mineralizada, porém, mais de metade do seu volume está formado por matriz orgânica, com grande quantidade de colagénio (produtor primário de colagénio tipo I). Produto primário dos odontoblastos Fibrilhas desta dentina estão dispostas aleatoriamente num plano aproximadamente perpendicular em relação aos túbulos dentinários. Tipos de dentina – Localização Dentina do manto É a primeira camada de dentina produzida pelos odontoblastos (1ª mineralizada) Constituída por fibras pré-colagénio imaturas que se enrolam em espiral ao redor do prolongamento Camada mais externa da dentina da coroa Dentina circumpulpar Túbulos mais delgados e retos Onde a dentina apresenta a sua estrutura mais básica Forma a maior parte da dentina existente Tem estrutura uniforme básica Pré-dentina Camada mais interna da dentina (+ próxima da polpa) Fibrilhas de colagénio mais condensadas perto da transição entre a pré-dentina e a dentina Histologia Oral Ana Sofia Belchior 20 Dentina interglobular áreas que resultam de um defeito a nível da mineralização e não na formação da matriz Áreas não mineralizadas ou hipomineralizadas da dentina (logo abaixo da dentina do manto) Túbulos dentinários passam através das áreas interglobulares, mas dentina peritubular está ausente Camada granular de Tomes consiste num arranjo especial de proteinas colagénicas e não colagénicas da matriz da interface entre dentina e cemento Dentina na zona periférica da raiz (só existe na raiz e é mais concentrada no ápex, dentina radicular) Zona granular escura abaixo da superfície da dentina onde a raiz é coberta por cemento. Não observada na coroa Camada de hialiana Exteriormente à camada granular (geralmente incluída com uma das camadas de dentina) Serve de ligação entre o cemento e a dentina Camada de dentina não globular e relativamente desprovida de organização estrutural Faixa estreita – 20 µm de largura Linhas estruturais da dentina Refletem variações na estrutura e mineralização estabelecidas durante a formação de dentina. O curso das linhas corresponde aos períodos rítmicos de aposição de dentina. Linhas associadas às curvaturas primárias dos túbulos dentinários Em algumas secções longitudinais, os picos das curvaturas sigmóides coincidem e formam umalinha – Linha de Schreger Linhas associadas às curvaturas secundárias dos túbulos dentinários Em algumas secções longitudinais, os picos das curvaturas secundárias coincidem e também dão origem a um efeito óptico – Linha de Contorno de Owen Geralmente podemos encontrar estas linhas entre: >A dentina primária e a secundária Linhas associadas à deposição de matriz e à mineralização A dentina possui marcações regulares incrementais de período curto e de período longo. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 21 Período curto: Linha de Von Ebner – refletem o ritmo diurno de formação da dentina Período longo: Linha de Anderson – entre cada parde linhas de período longo, encontram-se 6 a 10 linhas de Von Ebner; têm a mesma periocidade que as linhas de Retzius do esmalte. DENTINOGÉNESE A Dentinogénese é a formação e calcificação da dentina e ocorre nas células ectomesenquimatosas. Começa na ponta das cúspides/bordos incisais e avança para o interior do dente. I.Diferenciação dos odontoblastos A diferenciação dos odontoblastos a partir de células ectomesenquimatosas da célula da papila dentária deve-se à expressão de moléculas de sinalização e fatores de crescimento presentes no epitélio interno do órgão de esmalte. As células da papila dentária são pequenas e indiferenciadas, têm núcleo central e poucos organelos (estes têm função de proteínas que levam à formação da matriz). Inicialmente estão separadas do epitélio interno do órgão de esmalte por uma zona acelular que contém fibras de colagénio. As células da camada interna do órgão de esmalte ganham polaridade ao mesmo tempo que ocorrem alterações da papila dentária adjacente. As células ectomesenquimatosas contíguas na zona acelular alongam-se rapidamente e tornam-se maiores formando os pré-odontoblastos (inicialmente) e os odontoblastos (mais tarde). Diretamente abaixo dos pré-odontoblastos encontram-se células ectomesenquimatosas. A zona acelular entre a papila dentária e o epitélio interno do órgão de esmalte é gradualmente eliminada. À medida que os odontoblastos se diferenciam, aumentam de tamanho e ocupam essa zona. Estas células recém diferenciadas caraterizam-se por serem altamente polarizadas e por terem o núcleo posicionado longe do epitélio interno de esmalte Histologia Oral Ana Sofia Belchior 22 Citodiferenciação dos odontoblastos - Hipertrofia - Núcleo migra - Complexo de Golgi pronunciado - Aumento do tamanho do Retículo Endoplasmático Rugoso - RER fica achatado e paralelo ao que será o longo eixo celular As alterações pontuais na composição da membrana basal do epitélio de esmalte interno são coincidentes com a formação dos odontoblastos. Há expressão e localização da laminina, proteoglicanos que contêm condroitina e proteínas de esmalte. A fibronectina também se acumula no pólo distal das células em diferenciação – ainda que não sejam componentes estritas da membrana basal. As junções intercelulares entre odontoblastos e também entre odontoblastos e células da camada sub - odontoblástica aumentam em número (tight juctions, gap junctions e desmossomas). É provável que alguns dos sinais que coordenam as atividades dos odontoblastos passem através das gap juctions, ainda que a sincronia celular possa também ser obtida em resposta a um sinal externo. A progressão da diferenciação pode ser devida quer à capacidade do epitélio interno do órgão de esmalte induzir alterações sequenciais, quer à capacidade do pré- odontoblasto atuar perante um determinado sinal. II.Deposição da matriz orgânica Depois da diferenciação dos odontoblastos, o próximo passo para produzir dentina é a formação de matriz orgânica: Colagénio tipo I: também há tipo II e III mas em menor quantidade. o Inicialmente é depositado perpendicularmente à futura junção amelo- dentinária o Quando a dentina de cobertura é formada – o restante é depositado com as suas fibras aproximadamente paralelas à fronteira entre a polpa e a dentina o O colagénio é libertado principalmente pelo corpo celular do odontoblasto – encontra-se sempre próximo da frente não mineralizada da pré-dentina Colagénio tipo III: o 1º sinal de formação da dentina é visível quando observamos fibras de colagénio com diâmetro elevado o Fibras de Von Korff: fibras reticulares dos odontoblastos o Colagénio tipo III é associado inicialmente com a fibronectina (proteína adesiva que ajuda as células a aderirem à matriz) Histologia Oral Ana Sofia Belchior 23 Fosfoproteína dentinária (DPP) o É o 2º constituinte mais abundante da matriz orgânica da dentina o Papel importante na mineralização da dentina o A DDP e a sialoproteína da dentina (DSP) são produzidas não só pelos odontoblastos, mas também pelos pré-ameloblastos do epitélio interno do esmalte Forforina dentinária o É libertada principalmente pelo processo odontoblástico (esta posição é consistente com o importante papel desta substância na sua mineralização) Muitas outras proteínas são adicionadas à matriz como glicoproteínas e proteinoglicanos Coincidente com a deposição de colagénio a membrana plasmática do odontoblasto adjacente do epitélio interno do órgão de esmalte forma processos que se estendem pela matriz extracelular. Por vezes esses processos podem penetrar a lâmina basal e interpor-se entre o epitélio interno do órgão de esmalte de modo a formar o que, posteriormente, se denomina fusos de esmalte. Ao mesmo tempo que os odontoblastos formam estes processos, também um pequeno número de vesículas aparecem (vesículas da matriz) e depositam-se superficialmente junto à lâmina basal. III.Mineralização da matriz O elemento central na mineralização da dentina é o odontoblasto. Este seleciona quais os minerais que podem ou não entrar: se permitir a entrada de cálcio, a matriz vai ser mais mineralizada. O odontoblasto produz a matriz que se torna mineralizada, controla o transporte e a libertação de iões de cálcio e determina a presença e distribuição dos componentes da matriz que podem iniciar e modular o processo. No processo de transporte de iões de cálcio para a frente de mineralização, o cálcio sérico é absorvido pelo odontoblasto na porção distal do corpo celular e no processo celular (maioria ligado a organelos). Altas concentrações de cálcio podem ser tóxicas para outras células que não os odontoblastos, estes parecem imunes à sua presença. Apesar de algum cálcio chegar à frente de mineralização através da via extracelular, esta não é a mais importante. A via intracelular controla ativamente o nível na área de mineralização e mantém a concentração do ião em níveis que não se encontram em equilibro com as concentrações séricas. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 24 O cálcio transportado pelo odontoblasto toma a sua forma cristalina na dentina por deposição numa base colagénica formada por fibrilhas do tipo I e em grande medida controlada pelas proteínas não colagénicas (principalmente a DPP). Esta última é altamente aniónica (grande capacidade de se ligar ao ião cálcio) e alterações conformativas desta proteína permitem a ligação a quantidades crescentes de iões de cálcio permitindo a formação de um novo cristal. O papel da DPP na mineralização é: transporte de iões para a frente da mineralização; a localização da nucleação em regiões específicas da superfície fibrilhar do colagénio e a estabilização do cristal formado. Osteonectina: glicoproteína fosforilada produzida pelo odontoblasto -Presente na dentina humana - Capaz de inibir o crescimento de cristais de hidroxiapatite e promover a ligação do cálcio e do fosfato de colagénio Osteopontina: Proteína fosforilada capaz de promover a formação mineral da dentina Sialoproteina óssea (BSP) glicoproteina fosforilada - Pode ser encontrada na dentina em mineralização precoce e na dentina peritubular Padrões de mineralização Calcificação globular Calcificação linear Calcificação envolve a deposição de cristais em áreas descontínuas da matriz por captura heterogénea de colagénio Dentina de cobertura/manto (preferencialmente) Deposição descontínua -> aglomerado É uma mineralização muito rápida É uniforme Com aspeto de linhas Dentina circumpuplar (apesar de que nesta dentina é possível observar os dois padrões) Mineralização lenta O tamanho dos glóbulos depende da velocidade a que a dentina é depositada. Glóbulos maiores quando há deposição mais rápida de dentina Glóbulos menores quando há deposição lenta da dentina (a mineralização aparece mais uniforme: mineralização linear Histologia Oral Ana Sofia Belchior 25 Formação da dentina radicular As células de Hertwing iniciam a diferenciação em odontoblastos que formam a dentina radicular. Esta é cada vez mais reconhecida como sendo estruturalmente e composicionalmente diferente da dentina coronária. Dentina radicular vs dentina coronária Diferente orientação das fibras de colagénio da dentina de cobertura O conteúdo de fósforo é menor que na dentina coronária O grau de mineralização é ligeiramente menor POLPA A polpa dentária é formada por tecido conjuntivo laxo, localizando-se na câmara pulpar e canais radiculares. Os odontoblastos, fibroblastos, macrófagos, células ectomesenquimatosas indiferenciadas juntamente com outras células imunocompetentes são os principais células da polpa. A polpa dentária caracteriza-se por ser um tecido rico em tecido conjuntivo laxo. Histologicamente divide-se em quatro zonas: 1.Zona odontoblástica 2.Zona acelular de Weil 3.Zona rica em células 4.Zona interna da polpa (onde podemos encontrar vasos e nervos pulpares). A polpa dentária tem funções nutritivas, sensoriais, de proteção e de produção de dentina. Composição celular Células ectomesenquimais indiferenciadas o As células ectomesenquimais indiferenciadas estão junto aos vasos sanguíneos, na zona rica em células e na zona interna. o Responsáveis pela produção de fibroblastos ou odontoblastos – conforme o estímulo. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 26 Odontoblastos (células principais da polpa – maiores e em maior número na coroa que na raiz) o Localizam-se na parte mais periférica da polpa e possuem prolongamentos que se estendem para os túbulos dentinários, formando uma camada na parte mais periférica da polpa, estando os seus prolongamentos na dentina. o Variam anatomicamente, sendo colunares em oclusal, passando a cuboides na zona média e acabando achatadas em apical. o No dente maduro (quando estão todas as partes já diferenciadas), o número de odontoblastos iguala-se ao número de túbulos dentinários, variando apenas de dente para dente e com a localização dentro do espaço pulpar. o A sua morfologia reflete a sua atividade funcional (fase secreção, transição e de repouso). Na interface dentina/polpa coronária há mais túbulos dentinários/odontoblastos que na interface radicular. Para além disso, os odontoblastos que se encontram na porção coronal são maiores que os da porção radicular. Fibroblastos o Na polpa há um grande número número de fibroblastos (zona rica em células), principalmente na coroa o Função: formação de colagénio e substância fundamental (é a matriz que no início não é estimulada). Mas dependendo do estímulo, também podem ser responsáveis pela formação da matriz pular e ingestão e degradação do colagénio. Macrófagos o Na zona mais interna da polpa o Eliminam as células mortas, indicando renovação de fibroblastos da polpa. Outras células imunocompetentes o Linfócitos – pouco número em caso não patológico, respondem a uma situação de agressão Linfócitos T (+++) Linfócitos B A sua presença aumenta em caso de inflamação o Células dendríticas apresentadoras de antigénios Derivam da Medula óssea, tem grande afinidade com elementos vasculares e nervosos. Têm dois tipos de localização: Junto e na camada de odontoblastos – não erupcionado Abaixo da camada de odontoblastos – erupcionado Histologia Oral Ana Sofia Belchior 27 Matriz extracelular 2 componentes principais: o Substância fundamental Glicosaminoglicanos, Glicoproteínas e água Função: suporte de células e trocade nutrientes, proteção do equilíbrio do sistema, eliminação dos metabolitos o Fibras de colagénio Grande quantidade junto ao ápex Numa polpa jovem encontramos poucas fibrilhas de colagénio. Com o tempo observam-se feixes organizados de colagénio Suplemento vascular e linfático 1 ou 2 vasos sanguíneos e vasos sanguíneos. Plexo de Raschkow: plexo nervoso subodontoblástico, zona enervada na zona acelular de Weil, imediatamente abaixo dos corpos celulares dos odontoblasyos na porção coronal do dente. Alterações com a idade Adulto: a câmara pulpar fica mais estreita, há calcificação (deposição da dentina) – vasos ficam constritos e há, portanto, diminuição do suprimento vascular Idosos: o Diminuição do conteúdo células – diminuição da capacidade celularo Axónios: menos mineralizados o Mais estratos mortos (dentina obliterada – calcificada) o Menor sensibilidade dentária porque o número de fibras nervosas diminui o Cárie radicular mais incidente Complexo dentino-pulpar O complexo dentino-pulpar é formado pela dentina e pela polpa, tendo origem embrionária na papila dentária. Tem função protetora (através da sensibilidade perante um estimulo), de nutrição e de reparação (tecidos celulares com capacidade regenerativa). A dentina mantem a integridade da polpa e a polpa mantem a vitalidade da dentina. A inervação do complexo dentino-pulpar é feita pelo plexo subodontoblástico de Raschkow, localizado na zona acelular de Weil, imediatamente abaixo dos corpos celulares dos odontoblastos na porção coronal do dente. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 28 CEMENTO O cemento circunda a raiz do dente. Encontra-se entre a dentina e o ligamento periodontal. Origina-se a partir das células mesenquimatosas do folículo dentário. É um dos tecidos de suporte do dente. É altamente mineralizado e não é vascularizado, envolve a dentina da raiz anatómica. Função Integridade da raiz Ajuda a manter o dente na sua posição funcional Reparação/regeneração dentária Ancoragem de fibras de colagénio Propriedades físicas Cor: amarelo pálido e é uma superfície baça Em termos de dureza é semelhante ao osso compacto mas menos radiopaco Facilmente removido perante abrasão Mais permeável que a dentina (as toxinas/substâncias entram mais facilmente no cemento que na dentina) Componentes estruturais Cementoblastos o Localização: Encontram-se na superfície do cemento (junto ao ligamento periodontal) Quando a raiz está em desenvolvimento encontra-se ao longo de toda a raiz Quando a raiz já está formada: no ápex (+++) e no 1/3 médio -> capacidade de cementogénese Cementócitos o Cementoblastos que ficaram retidos nas lacunas da matriz – a produção de cemento é tão rápida que acabam por ficar lá aprisionados o Citoplasma acidófilo o Núcleo pequeno e picnótico o Poucos organelos o 10-20 prolongamentos citoplasmáticos direcionados para a superfície Semelhantes aos osteócitos mas os cementócitos estão mais dispersos e apresentam uma forma mais desordenada do que os osteócitos no osso. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 29 Matriz Extracelular Mineralizada o 46 a 50% de matéria orgânica (fosfato de cálcio) o 22% de matéria orgânica (colagénio tipo I) o 23% de água CEMENTOGÉNESE Durante a mineralização da pré-dentina há uma interrupção da fonte de nutrição das células epiteliais o que leva à fragmentação da Bainha Radicular de Hertwing e consequente formação de uma rede fenestrada: Degeneração da lâmina basal do lado cementário Começa a ser substituída por material amorfo e fibrilhas finas As células ectomesenquimáticas indiferenciadas provenientes do folículo do saco dentário vão migrar para se colocarem em estreita aposição com a camada de hialina (que cobre a superfície da dentina radicular). Estas células ectomesenquimáticas indiferenciadas aumentam de tamanho e aumentam os organelos citoplasmáticos, diferenciando-se em cementoblastos. Os cementoblastos depositam matriz orgânica que leva à mineralização da matriz Linha cemento-dentinária É a camada intermédia entre a dentina e o cemento Está envolvida na ancoragem das fibras periodontais à dentina (por vezes confundida com a camada de hialina da dentina) Espaços ramificados e irregulares Função: cementar firmemente o cemento e a dentina e barreira de difusão Dentes permanentes: a superfície da dentinas obre o qual se deposita o cemento é relativamente lisa Dentes decíduos: a superfície da dentina sobre o qual se deposita o cemento é relativamente festonada Histologicamente – 2 tipos de cemento Cemento Celular ou Primário Cemento Acelular ou Secundário Dente em Oclusão Rápido (contém cementócitos) Lacunas e canalículos que contem cementócitos e os seus processos Limite com a dentina é claramente visível Linhas incrementais mais afastadas uma das outras Camada de subtancia cementoide presente Antes da erupção do dente Lento Sem células Limite com a dentina não é visível Linhas incrementais perto umas das outras e mais finas Camada de substancia cementóide ausente Formação da camada de hialina (entre o cemento e a dentina) Histologia Oral Ana Sofia Belchior 30 Em comparação com o osso Assemelha-se: o Composição o Ambos crescem por aposição o Os cementoblastos quando aprisionados nas lacunas são cementócitos e os odontoblastos quando aprisionados nas lacunas são odontócitos Difere: o Resistência: o cemento é mais resistente que o osso, se tivesse a mesma resistência, desaparecia com a ortodontia o Não é vascularizado o Maior espessura no ápex o Com a idade aumenta a quantida LIGAMENTO PERIODONTAL O ligamento periodontal deriva do folículo dentário. É um tecido conjuntivo, denso e fibroso. Encontra-se entre o osso alveolar e o cemento. Em média, a espessura é de 0,02 mm na zona de estreitamento ou na zona média (estado funcional). É mais estreito nos definitivos que nos decíduos. A sobrecarga leva ao aumento da sua espessura. Espaço diminui com o passar da idade. O ligamento periodontal caracteriza-se por ser um tecido conjuntivo laxo não mineralizado, com alta quantidade de fibras de colagénio (locais opacos) e fibroblastos. O ligamento dentário ocupa o espaço entre alvéolo e o dente. É constituído por fibras, substância fundamental e células como fibroblastos, osteoblastos, cementoblastos, células de defesa, células mesenquimatosas indiferenciadas, osteoclastos e células epiteliais. Por ambas as extremidades, todos os feixes principais de fibras de fibras de colagénio estão embutidas em cemento ou em tecido ósseo. A porção embutida do feixe de fibras é chamada de fibra de Sharpey. Funções Resistência à força de remoção Proteção dos tecidos dentários e danos causados por cargas excessivas (é um amortecedor) Manutenção da posição inicial do dente Formação, manutenção e reparação do osso alveolar e cemento Controlo neurológico da mastigação Histologia Oral Ana Sofia Belchior 31 O ligamento periodontal e a erupção dentária O movimento dentário eruptivo e o estabelecimento da oclusão vão modificar a inserção inicial. Antes do dente erupcionar Crista do osso alveolar encontra-se acima da junção amelocementária e os feixes do LP em desenvolvimento estão direcionados obliquamente. Como o dente se movimenta durante a erupção O nível da crista alveolar vem a coincidir com a linha amelocementária e os feixes de fibras obliquas logo abaixo das fibras gengivais livres tornam-se horizontalmente alinhados. Quando o dente entra finalmente em função A crista alveolar fica mais proxima do ápex e as fibras horizontais denominadas de fibras da crista alveolar tornam-se obliquas uma vez mais, com a diferença de que agora a inserção alveolar está posicionada mais coronalmente, ao contrario da sua direção apical prévia. Resumindo, as fibras partem da linha amelocementária para fora e para cima( A), tornam-se horizontais (B e C) e, quando o dente está totalmente erupcionado (D) direcionam-se para fora e para baixo. Depois do dente erupcionado, a função está então completa e há um aumento da sua espessura. Os parâmetros que se seguem aumentam ou diminuem conforme a função estiver aumentada (aumentam) ou diminuída (diminuem): Espessura do Ligamento Periodontal Número e espessura dos feixes de fibras Número de trabéculas ósseas Componentes do ligamento periodontal Fibras Fibras elásticas (10%): o Oxitalano (Homem) – estrutura semelhante às fibras deelastina imaturas ligadas ao cemento e atravessam o ligamento periodontal mas não o osso; são mais frequentes na zona cervical e como são fibras elásticas respondem a grandes pressões o Reticulina, Elaunina, Elastina Histologia Oral Ana Sofia Belchior 32 Colagénio (90%) o Tipo I (70%) o Tipo II (20%) o Tipo V e VI o Tipo IV e VII 1.Grupo da crista alveolar: logo abaixo da junção amelocementária, do cemento para baixo e para fora inserindo-se na margem do alvéolo. 2.Grupo horizontal: situado apicalmente ao grupo da crista alveolar, dirige-se perpendicularmente ao longo do eixo do dente, a partir do cemento. 3.Grupo oblíquo: segue do cemento numa direção obliqua para o tecido ósseo 4.Grupo apical: irradia do cemento ao redor do apex para o tecido ósseo, formando a base do alvéolo. 5.Grupo interradicular: dirige-se do cemento para o tecido ósseo, formando assim a crista do septo interradicular. Encontrado apenas entre raízes de dentes multiradiculares Fibras de Sharpey Em cada extremidade, todos os principais feixes de colagénio estão embebidos tanto por cemento como por tecido ósseo a essa extremidade. A porção inserida é referida como fibra de Sharpey: No cemento acelular são totalmente mineralizadas No cemento celular e tecido ósseo são parcialmente mineralizadas na sua periferia Fibras do Ligamento Periodontal Grupo dentogengival: fibras mais numerosas. Cemento cervical – lâmina própria tanto da gengiva aderida como da livre. Grupo alveologengival: fibras irradiam do tecido da crista alveolar – lamina própria da gengiva aderida e livre Grupo circular: faixa em torno do dente, entrelaçando-se como outros grupos de fibras na gengiva livre e auxiliando na união da gengiva livre com o dente Grupo dentoperiostal: cemento (em sentido apical sobre o periósteo das tabulas corticais externas do processo alveolar) Sistema de fibras transeptais dirigem-se em posição interdentária do cemento imediatamente apical à base do epitélio juncional do dente, passando sobre a crista alveolar e inserindo-se numa região equivalente à do cemento do dente adjacente. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 33 Substancia fundamental Água Glisosaminoglicanos (produzidos pelos fibroblastos -> em caso de inflamação vai haver uma produção exagerada destas substâncias) o Ondulina: organiza fibras de colagénio o Tenascina: orienta movimentos celulares o Fibronectina o Decorina – associada ao colagénio Células Fibroblastos Osteoblastos Cementoblastos Osteoclastos Células mesenquimatosas indiferenciadas Celulas de defesa Celulas epiteliais restos de Malassez Vascularização do ligamento periodontal Lingual e palatina que originam plexos nos sulcos gengivais Alveolar superior e inferior – tem percurso intraósseo (intra-alveolares) -> perfurantes (tendência a perfurar o osso e chegar ao ligamento periodontal), são mais comuns ao nível apical e médio OSSO ALVEOLAR É um tecido conjuntivo mineralizado. Camada delgada que circunda a raiz dos dentes, mantendo o dente fixo e estável devido também à inserção das fibras de colagénio do ligamento periodontal. Consiste no tecido ósseo, o qual dá sustentação as dentes. O osso alveolar pode ser considerado um tecido conjuntivo especializado mineralizado, composto basicamente por 33% de matriz orgânica e 67% de cristas de hidroxiapatite. Alem de manter a estrutura dentária no arco, o osso alveolar tem também a função de proteção, locomoção e reservatório. O osso alveolar desenvolve-se ao redor de cada folículo dentário durante a odontogénese. Durante a formação da raiz e o desenvolvimento e maturação dos tecidos envolventes, o osso alveolar funde-se com o osso basal, tornando-se numa estrutura óssea contínua. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 34 NOTA: osso alveolar e osso basal têm ambos origem ao nível da crista neural ectomesenquimatosa. Osso basal da mandibula inicia a sua mineralização na saída do nervo mentoniano Osso basal do maxilar superior inicia-se na saída do nervo infra-orbitário do foramen infra-orbitário. Os osteoblastos iniciam a produçao de vesiculas de matriz. Essas vesiculas contem enzimas (fosfatase alcalina) que iniciam o processo de enucleação de cristais de hidroxiapatite. Os cristais desenvolvem-se e formam nódulos ósseos coalescentes, os quais, com fibras de colagénio em rápido desenvolvimento, formam a subestrutura do osso lamelar (1º osso formado no alvéolo). Através da deposição óssea, remodelação e secreção de camadas de fibras de colagénio, o osso lamelar maduro é formado. Os cristais de hidroxiapatite estão alinhados com os seus longos eixos paralelos às fibras de colagénio, permitindo esta disposição a aplicação de pesadas forças mecânicas resultantes da mastigação. Células ósseas Osteoblastos célula osteóide Osteócitos comunicação por canalículos Osteoclatos localizam-se nas lacunas de Howship MUCOSA ORAL Funções Mecânicas: consegue resistir a forças compressivas e de cisalhamento Mobilidade: do bolo alimentar Barreira Imunológica: glândulas que produzem IgA As glândulas minor no interior da mucosa oral oferecem lubrificação e desempenham uma função tampão contra os ácidos orgânicos, bem como secreção de anticorpos Barreira física: impede a entrada de MO Função sensitiva: sabor, textura, dor, paladar É ricamente enervada fornecendo sensação de tato, propriocepção, dor e paladar. Histologia da mucosa oral Duas principais camadas de tecidos constituintes da mucosa oral: Camada externa epitélio estratificado pavimentoso (áreas sujeitas às forças mastigatórias, como gengiva, palato e dorso da língua é queratinizado. Camada interna tecido conjuntivo, abrangendo também a lamina própria. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 35 Epitélio é um dos principais grupos de tecidos celulares, sendo a sua principal função a de revestimento da superfície externa e das diversas cavidades internas do organismos. Os outros 3 tipos de tecidos básicos do organismo humano são tecido conjuntivo, muscular e nervoso. As células são mantidas unidas através de junções sendo as principais os desmossomas, hemidesmossomas, tight junctions e gap junctions que ligam as células epiteliais à lamina basal e entre si. O epitélio pode ser caracterizado de acordo com: Forma: escamoso ou pavimentoso, cubico, cilíndrico ou colunar e de transição. Estratificação: simples, estratificado (queratinizado ou não-queratinizado) e pseudoestratificado ciliado. Diversas camadas celulares de distintas morfologias podem ser reconhecidas no epitélio estratificado pavimentoso da mucosa oral: 1.Estrato germinativo (ou camada basal) 2.Estrato espinhoso (ou camada de células espinhosas) 3.Estrato granuloso (ou camada granular) 4.Estrato córneo (ou camada queratinizada ou córnea) Em células epiteliais, o citoesqueleto é composto de: - Microfilamentos; - Microtúbulos; - Filamentos intermediários (citoqueratinas -> no interior das células epiteliais, os filamentos de citoqueratinas funcionam como componentes do citoesqueleto e de contactos celulares (desmossomas e hemidesmossomas)) Lâmina própria tecido conjuntivo subjacente ao epitélio oral que possui 2 camadas distintas. Camada papilar superficial entre bordos epiteliais (fibras de colagénio finas e frouxamente organizadas). Camada mais profunda reticular com feixes espessos paralelos de fibras de colagénio. Células de Langerhans células dendríticas situadas nas camadas acima do estrato germinativo com função imunitária (reconhecem e processam antigénios) Células de Merkel situam-se ao nível do estrato germinativo epitelial com função recetora e derivam da crista neural. Histologia Oral Ana Sofia Belchior 36 Tipos de mucosaoral Mucosa mastigatória constituída por epitélio queratinizado ou para-queratinizado e lamina própria espessa. Recobre o palato duro e a superfície oral da gengiva. Mucosa de revestimento constituída por epitélio não queratinizada e lamina própria frouxa. Recobre a mucosa das bochechas, lábios alvéolos, região dentogengival, assoalho da boca, superfície ventral da língua e palato mole. Mucosa especializada Ex. mucosa gustativa -> dorso da língua