Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pena privativa de liberdade Pena é uma sanção penal, imposta pelo Estado ao indivíduo que praticou uma conduta tipificada como crime. A finalidade da pena não tem um único objetivo, são três os fundamentos do direito de punir: a defesa social; o ideal de reforma do infrator; a intimidação geral e especial. Portanto, fazer com que o indivíduo pague por sua conduta ilícita e como forma de retribuição a fim de evitar que novos delitos sejam cometidos por outros membros da sociedade, bem como reinseri-lo convívio social. A privação da liberdade á a modalidade de sanção penal que consiste na obstrução do direito de ir e vir, recolhendo o condenado em estabelecimento prisional com a finalidade essencial a reforma e a readaptação social dos condenados, como prevenir a reincidência. Os tipos de pena privativa de liberdade previstos na legislação penal são: reclusão, detenção e prisão simples. Código Penal, Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. O artigo 33 prevê duas espécies de pena privativa de liberdade: a reclusão e detenção As penas privativas de liberdade previstas no Código Penal são as de reclusão e detenção. Mas deve ser ressaltado que a Lei das Contravenções Penais também prevê a pena de prisão simples. O artigo 1º da Lei de Introdução do Código Penal, assim distingue as infrações: Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente. PENA DE RECLUSÃO O regime inicial poderá ser fechado, semiaberto ou aberto. Situações específicas: -Reincidente: Início em regime fechado, independente do tempo de pena cominado. -Primário condenado a pena superior a 8 anos: Início em regime fechado. -Primário condenado a pena superior a 4 anos e inferior a 8 anos: Início em regime semiaberto. -Primário condenado a pena igual ou inferior a 4 anos: Início em regime aberto. OBS: De acordo com a súmula 269 do STJ, “é admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos, se favoráveis as circunstâncias judiciais”. PENA DE DETENÇÃO A pena terá seu cumprimento iniciado em regime semiaberto ou aberto. Detenção pode regredir para regime fechado, mas não pode tê-lo como inicial. Situações específicas -Reincidente: Início em regime semiaberto. -Primário condenado a pena superior a 4 anos: Início em regime semiaberto. -Primário condenado a pena igual ou inferior a 4 anos: Poderá ter início em regime aberto. A pena de detenção pode ocorrer no regime fechado quando houver regressão do regime nas hipóteses do art. 118 da LEP. Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: I – praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; II – sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (art. 111); §1º O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta. §2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido, previamente, o condenado. PRISÃO SIMPLES A prisão simples só pode regime inicial aberto ou semi-aberto. A prisão simples diz respeito somente as contravenções penais. Não pode haver a regressão devendo ser cumprida em local distinto dos demais apenados sem os rigores penitenciários. Decreto-lei nº 3.688/41: Art. 5º As penas principais são: I – prisão simples. II – multa. Essa modalidade de pena privativa de liberdade deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto. Isto é, não há previsão do regime fechado em nenhuma hipótese para a prisão simples. O condenado à pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados à pena de reclusão ou de detenção e nos casos em que a pena aplicada não excede a 15 dias o trabalho é facultativo. Prisão Simples Art. 6º - A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto. § 1º - O condenado à pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados à pena de reclusão ou de detenção. § 2º - O trabalho é facultativo, se a pena aplicada não excede a 15 (quinze) dias. O código penal possui um regime especial próprio para a prisão feminina. Regime especial feminino: art. 37, CP: Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo. Art. 5º, XLVIII, CF – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado. Art. 5, L, CF - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; OS REGIMES DE CUMPRIMENTO DA PENA O Código Penal prevê os regimes de cumprimento, definidos como fechado, semiaberto e aberto. Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado. O parágrafo 2º do artigo 33 do Código Penal traz os critérios de fixação dos regimes de cumprimento da pena que dependerá do tempo da sentença e dos antecedentes do agente. § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. Regime Fechado: Os condenados a pena superior a 8 anos iniciam o seu cumprimento nesse regime, podendo progredir ao regime semiaberto cumprindo os requisitos legais. Nesse instituto ocorre o trabalho diurno dentro do estabelecimento de acordo com as aptidões do preso e o isolamento no período de repouso noturno. Admite-se também o trabalho externo quando for voltado para serviços ou obras públicas. Por se tratar do regime aplicado às penas de crimes mais graves, o cumprimento é mais voltado à retribuição e possui possibilidades de remição da pena através de atividades de leitura, curso e trabalho, especificadas na Lei de Execução Penal. Regime Semiaberto: Por se tratar de regime mais brando, permite-se a realização de trabalho externo e a frequência em cursos profissionalizantes ou de instrução de segundo grau em diante. Tal liberdade procura cumprir o importante papel de reinserção do indivíduo na sociedade, uma vez que o torna mais próximo do mercado de trabalho. Regime Aberto: neste não existe a mesma rigidez e monitoramento dos demais. É aplicada para os condenados que cometeram crimes de menor lesividade e que apresentam menor perigo à sociedade.Quando ocorre a progressão para o regime aberto também existe a compreensão de que o condenado passou pelo processo de recuperação necessário para obter tal liberdade. Há realização de trabalho ou estudo em atividade autorizada. Vale ressaltar que pode ocorrer a transferência desse regime para outro mais rígido se o indivíduo cometer crime doloso e se não pagar multa quando puder fazer. Progressão de Regime Nosso ordenamento jurídico, adotou o sistema progressivo de cumprimento de pena privativa de liberdade, onde de acordo com o mérito do condenado, observado os pressupostos legais, possibilitará que condenado seja transferido de um regime mais rigoroso para outro menos rigoroso, no qual a restrição da liberdade, do condenado, vai diminuindo gradativamente. Para que ela possa ocorrer, são exigidos dois requisitos cumulativos, um objetivo e um subjetivo, ambos previstos no art. 112 da LEP - Lei de Execução Penal. Regressão de Regime Na regressão de regime, o condenado pode regredir do Regime Aberto diretamente para o regime fechado, já que a LEP, ao tratar da regressão em seu art. 118, admite a transferência para qualquer dos regimes. Tratado o art. 118, I, II e § 1º da LEP, a regressão consiste na imposição de transferência do condenado para um regime mais rigoroso, em virtude de seu demérito, o qual frustra os fins da execução penal. FIXAÇÃO DA PENA Após a condenação, é fixada a pena a ser cumprida. O Brasil adotou o sistema trifásico, previsto no art.68 do Código penal. A pena será calculada obedecendo o critério trifásico, onde primeiramente caberá ao magistrado efetuar a fixação da pena base, de acordo com os critérios do artigo 59, do CP (circunstâncias judiciais), em seguida aplicar as circunstâncias atenuantes e agravantes e, finalmente, as causas de diminuição e de aumento. Art. 68, CP - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. O artigo acima deixa claro que é um sistema dividido em 3 etapas. Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. Portanto para o cálculo da pena é seguido 3 etapas. Na primeira etapa o juiz aplica a pena base a partir das circunstâncias do delito. Onde, estudando o caso concreto, se analisará as características do crime e as aplicará, não podendo fugir do mínimo e do máximo de pena cominada pela lei àquele tipo penal. Na segunda etapa a pena intermediária parte da pena base. O juiz vai agravar (art. 61,62) ou atenuar (art.65) a pena. Cabe então ao magistrado reduzir a pena-base já fixada na fase anterior, e as circunstâncias agravantes, as quais, ao contrário das atenuantes, permitirão ao juiz aumentar a pena-base, ressaltando que nessa fase o magistrado não poderá ultrapassar os limites do mínimo e do máximo legal. As circunstâncias agravantes somente serão aplicadas quando não constituem elementar do crime ou os qualifiquem. Na terceira etapa, após fixada a pena base, as circunstâncias atenuantes e agravantes, é chegada a hora das causas especiais de diminuição ou aumento de pena, para finalizar a dosimetria. Conclusão A pena privativa de liberdade é a modalidade de sanção penal que retira do condenado o direito de locomoção por tempo determinado. Trata-se da forma mais severa de imposição da sanção penal. É um castigo que deve ser aplicado e suportado, observados os direitos e deveres do apenado, pela violação do ordenamento jurídico, na medida e proporcional à sua culpabilidade, diante do que o infrator livremente optou por realizar, restabelecendo-se a paz jurídica. A pena privativa de liberdade é uma sanção necessária, porém praticamente não cumpre sua finalidade descrita no código penal. Não é traçado um plano de reeducação ao condenado, mas o que acontece são prisões superlotadas, ambientes insalubres, os condenados ficam em pequenas celas superlotadas, sem acompanhamento psicológico e sem nenhum tipo de programa para recuperá-lo. FONTES: Pena privativa de liberdade x Pena restritiva de direitos — Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (tjdft.jus.br) https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&ved=2ahUKEwjigtnOg9nvAhWZJbkGHdXqChIQwqsBMAx6BAgtEAM&url=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DePPrFPHABjo&usg=AOvVaw1BxN8fWiYPLsYLQBgPpwTN Pena Privativa de Liberdade | Trilhante Revista44.pdf (tjrj.jus.br) Conteúdo Jurídico | A Pena Privativa de Liberdade e sua atual eficácia (conteudojuridico.com.br)
Compartilhar