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Psicanálise e Epistemologia

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Faculdades Nordeste – Fanor
Artigo Epistemológico
RECALQUE: A PEDRA FUNDAMENTAL DA PSICANÁLISE
Larissa Monte
Orientador: Yuri Sales
Resumo: No presente trabalho será feita uma discussão epistemológica acerca do conceito de recalque, desenvolvido por Freud e até hoje utilizado por psicanalistas, como base para análises. Discorrerei sobre o inconsciente freudiano, o qual é pensado através do recalque originário.
Palavras chave: Recalque, epistemologia, Freud e inconsciente.
Fortaleza – Ce
2012
INTRODUÇÃO
Nesse trabalho, discorrerei sobre o conceito de recalque, o qual faz parte de um grupo de conceitos psicanalíticos, epistemologicamente, discutindo sobre sua origem, seu criador, contexto social no qual o conceito foi pensado e debatido, sua validade e utilidade. Também esclarecerei a distinção entre recalque originário, posterior e o retorno do recalcado. Vale ressaltar que a Psicanálise tem sua própria epistemologia e não se propõe a se encaixar na ciência. Tendo isso em vista, não procurarei pensar a validade desse conceito da Psicanálise através do viés científico e sim Psicanalítico.
Elaine Starosta relata que o epistemólogo francês Georges Canguilhem (1977) afirma que a história da ciência e a epistemologia, ao pesquisarem a formação de um conceito, devem diferenciar entre a definição do fenômeno, o esboço experimental e os ajuntamentos funcionais, a formulação do conceito, a generalização do conceito em uma teoria. (FOGUEL, ELAINE STAROSTA, 2006,p.50)
A psicanálise teria, nesse caso, operado uma ruptura com o saber existente e produzido o seu próprio lugar. Epistemologicamente, ela não se encontra em continuidade com saber algum(...) (ROZA, GARCIA,2009.p.22)
O QUE É O RECALQUE FREUDIANO?
De acordo com o dicionário Aurélio, recalcar significa: 
1. Calcar muitas vezes; tornar a calcar.
2. Insistir ou teimar numa ideia.
3. Não deixar manifestar.
4. Fazer o recalcamento de.
Para falar do recalque freudiano, desejo discorrer sobre o inconsciente, pois o recalque originário é responsável pela separação entre os sistemas inconsciente e pré-consciente/consciente. Isso será detalhado no decorrer do artigo.
De acordo com as teorias da Psicanálise, o inconsciente é um sistema psíquico, assim como o pré-consciente e consciente. Nesses sistemas há conteúdos diversos. Há uma censura ou barreira entre eles, ou seja, os conteúdos do inconsciente passam por uma censura para chegar ao pré-consciente e outra para o consciente, sendo a barreira para o pré-consciente mais rígida. Isso quer dizer que há uma maior dificuldade para que esse conteúdo se desloque. Nesse sistema não há noção de tempo, moral ou qualquer tipo de leis que rejam. Nele estão os desejos, pulsões. Pode acontecer de algo tentar passar pela barreira e ser recalcado, ou rejeitado, ou pode até mesmo se expressar e posteriormente, ser expulso do consciente. Isso será discutido com maior profundidade mais adiante, no tópico sobre recalque originário e recalque secundário.
Fernanda e Leopoldo relatam que Freud não inventou o inconsciente, porém esse sistema psíquico ficou conhecido, recebeu importância e foi utilizado para um método de tratamento através dele. (FEDATO, FERNANDA DE FREITAS & FUGÊNCIO, LEOPOLDO,2008,p.1) 
Vimos que o fato de Freud conceber o inconsciente como um “ lugar psíquico” não nos habilita a pensar esse lugar como sendo um lugar substancial, anatômico, corporificável, pois se ele o aponta como sendo um lugar, acentua ao mesmo tempo que se trata de um lugar psíquico.(ROZA,GARCIA, 2009, p.177)
Garcia Roza afirma que o inconsciente Freudiano não é uma substância espiritual, nem um lugar ou coisa. Dizer que uma representação está no inconsciente só quer dizer que ela está submetida a um sistema diferente da consciência. Quando se diz ”conteúdo do inconsciente” não se assemelha à frase: o copo tem água. ( Roza,2009 p.174)
Essas representações inconscientes estão sempre tentando se expressar de alguma forma. Seja em forma de chistes, que significa as palavras que dizemos ou algo que fazemos e posteriormente não sabemos explicar o porquê ou quando trocamos palavras. Isso tudo é o inconsciente tentando se expressar. No sonho, por exemplo, a censura é mais leve, por isso, os conteúdos inconscientes se expressam, porém quando o sonhador acorda, nem tudo do sonho pode-se lembrar, pois a censura voltou a agir de forma mais rígida. Quando uma pessoa ingere álcool, às vezes faz algo que não faz costumeiramente, como dançar em cima da mesa, falar alto, etc. Os que estão à sua volta não o reconhecem. Para Freud, isso é o inconsciente dele se expressando, já que a bebida alcoólica faz com que a censura falada acima não esteja tão rígida quando esse está sóbrio. Provavelmente, essa pessoa tem esses desejos inconscientes de subir na mesa, falar alto, porém na sobriedade, isso é recalcado, ou seja, impedido de se expressar.
Quando se fala em recalque na Psicanálise, quer dizer que esse conteúdo ou tentou se deslocar e foi impedido ou se deslocou para outro sistema psíquico e voltou, foi recalcado. De acordo com Freud, existem três fases para o recalcamento:fixação, o recalque e o retorno do recalque. (Roza, 2009, p.155)
Lina, em seu artigo de mestrado, traz alguns significados de recalque, ou Verdrängung, os quais são:
1. alguém recalca alguém/algo (de/de algo), alguém ocupa o lugar de alguém <alguém da sua posição, do seu lugar>, 
2. algo recalca algo (de/de algo), algo ocupa gradualmente o lugar ou função de algo: os grandes veleiros foram recalcados por navios a vapor, 
3. deixar algo desagradável psíquico desaparecer de sua consciência: ela recalcou (a lembrança) a vivência terrível.
(SCHLACHTER, LINA CARVALHO, 2005,p.50)
Por que esses conteúdos querem tanto se expressar e não se expressam? Porque há conteúdos que se forem expressos através de comportamentos não serão aceitos socialmente e causarão desprazer para o sujeito, ou até mesmo ter consciência de algo pode nos trazer angústia. Desde que nascemos já existe uma cultura a ser seguida e como somos seres sociais, precisamos ser aceitos por pessoas ao nosso redor.
É um conflito enorme no interior desse sujeito. Quando esses conteúdos inconscientes passam para o pré-consciente ou consciente, pode ser recalcado, ou seja, enviado de volta para o seu lugar, para o sistema psíquico anterior.
COMO SURGIU O CONCEITO DE RECALQUE OU VERDRÄNGUNG?
Para Freud, o recalque surgiu antes mesmo de se falar em divisão entre os sistemas. Quem primeiro empregou o termo Verdrängung (recalque) de uma forma que poderia ser aproximada à de Freud foi Johann Friedrich Herbart, cujas obras principais datam da primeira década do século XIX. Herbart é herdeiro das concepções de Leibniz e Kant, tendo ocupado em Königsberg a cátedra que pertenceu a este último. Crítico feroz do monismo spinozista, afirmava que o elemento constituinte da vida mental é a representação (Vorstellung), adquirida através dos sentidos. (...)Meynert, o qual teve influências de Herbart, foi professor de Freud, logo, indiretamente Herbart afetou Freud com sua teoria sobre recalque. (Roza, 2009. p. 151). Posteriormente Freud pensou muita coisa sobre recalque, inclusive a divisão do aparelho psíquico em inconsciente, pré-consciente e consciente. 
	Herbart afirma que acredita em representações conscientes e inconscientes e além disso as representações inconscientes não se contentam e querem passar para o inconsciente. Por maior que seja a semelhança entre a Verdrängung herbartiana e a freudiana, permanece o fato de que Herbart não fez do recalcamento o processo responsável pela clivagem da subjetividade em instâncias distintas — os sistemas Inc. e Prec./Consc. —, assim como não propôs estruturas e leis diferentes para cada uma delas. (Roza, 2009)
Freud se defrontou com a resistência quando trabalhou com a superação do trauma. A partir daí produziu o conceito de recalque. Percebeu que os neuróticos apresentavam comportamentos que provinham de um trauma psíquico sofrido na infância. Com isso, Freud utilizava a hipnose como recursopara que esse indivíduo revivesse a experiência traumática e a consequente ab-reação do afeto ligado a ela. Freud posteriormente abandona a hipnose e descobriu que os seus clientes passaram a resistir, ou seja, não se lembravam do que tinham falado antes ou se mostravam incapazes de falar sobre o assunto sugerido. Isso foi interpretado por Freud como uma defesa, pois se essas representações ultrapassassem a censura para o consciente causariam vergonha e dor. (ROZA,2009,p.152).
Segundo o editor ingles James Strachey, na Nota 1 da Parte II desse artigo, no trecho acima, o vocábulo é utilizado no sentido psicanalítico pela primeira vez. Neste contexto, o termo indica um mecanismo psíquico central na teoria do trauma. Ainda segundo o editor: “Neste período a repressão [recalque] foi utilizada como equivalente de defesa” (STRACHEY, 1974, v.2, p,51). Em outras palavras, pode-se dizer que nesta passagem nasce o conceito. (STAROSTA, ELAINE, 2007, p. 12)
RECALQUE ORIGINÁRIO
O recalque originário é o impedimento que as representações do inconsciente se desloquem para o pré-consciente ou para o consciente. Essa censura que barra esses conteúdos são construídas a partir de uma cultura, tradições, conjunto de leis, etc. Isso faz com que se determinados conteúdos se expressarem causarão dor. Por exemplo, no caso do complexo de Édipo, muito falado por Freud. Quando a criança se apaixona pela mãe, ela tem o desejo de ter relações sexuais com ela e isso não é permitido em cultura alguma, então esse desejo quer se expressar, porém não pode, porque se isso acontecer, a pessoa que deseja a própria mãe, não será aceita socialmente ou sofrerá por saber que deseja tal aberração. 
O recalque inicial consiste na primeira fase do recalcamento, a inscrição. Nessa fase, a entrada do representante psíquico no consciente é negada. Freud também chama esse período de fixação. (ROZA, 2009, p. 155).
Antes de serem formados os sistemas Inc. e Prec./Consc., certas experiências cuja significação inexiste para o sujeito são inscritas no inconsciente e têm seu acesso à consciência vedado a partir de então. Essas inscrições vão funcionar como o “ recalcado” original que servirá de polo de atração para o recalcamento propriamente dito. (Roza, 2009,p. 159)
O autor ainda falando sobre recalque originário nos diz que:
Sobre a natureza do conteúdo do recalque originário, Freud nos revela que ele é constituído de representantes da pulsão. Esses representantes são imagens de objetos ou de algo do objeto que se inscrevem nos sistemas mnêmicos; reduzem-se ao imaginário e sobretudo ao imaginário visual, por oposição à representação de palavras que é característica do sistema pré-consciente-consciente.
Garcia Roza relata sobre o caso do homem dos lobos, analisado por Freud, para que os leitores entendam melhor o conceito de recalque originário. Para isso, nos traz o sonho do homem dos lobos e a interpretação de Freud. Eis aqui o sonho: O paciente sonhou que era noite e que estava deitado na cama, que ficava perto da janela do quarto. A janela abriu-se sozinha e lá fora estavam alguns lobos muito brancos. Com grande temor de ser comido pelos lobos, o paciente gritou e acordou. Sua babá, ouvindo os gritos veio ver o que havia acontecido. Levou algum tempo para que a babá o convencesse que não passara de um sonho. Depois, mais calmo, ele dormiu novamente. Na época do sonho, ele tinha no máximo cinco anos de idade e até os doze teve medo de ver algo terrível nos sonhos. O paciente, quando procurou Freud, associava esse sonho a um livro infantil, no qual havia uma figura de lobo, com o qual sua irmã o amedrontava, porém Freud relacionou o sonho a uma cena vista pelo paciente, quando este tinha muito menos que três ou quatro anos de idade. Ele viu os pais numa relação sexual, onde o pai estava por detrás da mãe ela voltada para frente, como um animal, semelhante aos lobos na cópula. (ROZA, 2009, p.157).
Para Freud, a angústia sentida pelo medo dos lobos nada mais era que o desejo de ser copulado pelo pai, ou seja, sentir prazer, assim como sua mãe. Mas só a partir do sonho que o menino entendeu o que significava a cena vista por ele e essa lembrança se tornou traumática. Por que antes, quando o menino presenciou a cena, não compreendeu como algo traumático? Porque primeiro foi feita a sua inscrição num inconsciente não recalcado. Essa inscrição, Freud chama de recalque originário. ( Roza, 2009, p. 158). Roza afirma: Essas inscrições vão funcionar como o“ recalcado” original que servirá de meio de condução para o recalcamento propriamente dito.(ROZA, 2009, p. 159).
Como foi dito acima, Freud afirma que o recalque é responsável pela clivagem da subjetividade entre os sistemas psíquicos, inconsciente e prec/consc. Sobre isso, Garcia Roza levanta o seguinte questionamento:
Que inconsciente é esse no qual se dá a inscrição? Por que seria vedado à criança uma significação, ainda que extremamente simples, dessa experiência? Por que exatamente esta cena (a do coito entre os pais) foi “ fixada” e não uma outra cena qualquer do cotidiano de um casal? Se os sistemas inconsciente e pré-consciente ainda não estão formados na época do recalcamento originário, de onde provém sua energia de investimento? (...) Freud, em 1926 declara que pouco se sabe até agora sobre o que antecede o recalcamento. (ROZA, 2009, p. 159)
Sabendo que quando se falou em recalque originário não havia a separação entre inconsciente e prec/cosc, não poderia haver investimento por parte de nenhum sistema psíquico.
Há, pois, aqui uma certa confusão. Ou bem o recalcamento é um mecanismo do sistema pré-consciente ou bem ele é o responsável pela cisão do psiquismo e, portanto, constituinte de cada um dos sistemas. (ROZA,2009,p.155)
Em resposta a isso, Freud afirma que no recalque originário acontece um contrainvestimento, o qual é uma defesa contra um excesso de excitação que vem do meio externo que pode romper a barreira protetora contra os estímulos. Mas de onde provem esse contrainvestimento? Freud afirma que deriva de experiências fortes. Sobre isso Garcia Roza questiona: Como uma criança, de menos de dois anos de idade, como no caso do homem dos lobos, pode considerar a cena dos pais uma experiência forte, já que ainda não pode simbolizar aquilo e ainda foi feita somente a sua inscrição? Para esse questionamento, Freud traz a seguinte afirmativa: Há uma semelhança entre o recalque originário, onde não há simbolização com o instinto. (ROZA, 2009, p.161)
É esse “ quase-instinto” ou “quase-pulsão” , entidade mítica perigosamente próxima dos arquétipos junguianos, que vai constituir o núcleo embrionário do futuro sistema inconsciente, dotá-lo de significantes elementares que funcionarão como polos de atração para o recalque secundário. (ROZA, 2009,p. 161).
Resumindo, o recalque originário é a inscrição que se faz no inconsciente, para que posteriormente aconteça o recalque propriamente dito. Antes disso, não havia sido criado o conceito de sistema inconsciente e prec/cosc, portanto haveria um contrainvestimento, que provem de experiências excessivamente fortes.
 
RECALQUE POSTERIOR
Como já foi, o recalque posterior depende do recalque originário, pois para que haja uma rejeição de um representante, para que este não chegue ao consciente, inicialmente ele deve estar inscrito no inconsciente. O recalque secundário é a segunda fase do recalque.
Na realidade o recalcamento propriamente dito é uma pressão posterior (Nachdrängen). Além disso é errado dar ênfase apenas à repulsão que atua a partir da direção do consciente sobre o que deve ser recalcado; igualmente importante é a atração exercida por aquilo que foi primeiramente repelido sobre tudo aquilo com que ele possa estabelecer uma ligação. Provavelmente a tendência no sentido do recalcamento falharia em seu propósito, caso essas duas forças não cooperassem, caso não existisse algo previamente recalcado pronto para receber aquilo que é repelido pelo consciente. (ROZA, 2009,p. 162)
Enquanto o recalcamento originário é responsávelpela clivagem do psiquismo, denotando suas diferenças, o recalque posterior pressupõe a clivagem. Ele é exercido a partir do sistemaprec/cosc. (Roza, 2009,p.162).A imagem que Garcia Roza utiliza é a de uma pessoa preocupada em esconder um objeto de cortiça no fundo de um poço cheio de água. Se ela não continuar segurando o objeto debaixo d’água, ele aparecerá. (Roza,2009,p. 164)
É evidente que, se o recalcamento é uma defesa do sistema pré-consciente, ele vai afetar não só o representante ideativo da pulsão mas também seus derivados, e estes serão tanto mais afetados quanto mais próximos se encontrarem do representante em questão. No entanto, por um raciocínio inverso, podemos admitir que, se alguns desses derivados se encontram suficientemente afastados do representante original, eles conseguem escapar à censura e ter acesso à consciência. (Roza,2009,p. 163)
RETORNO DO RECALCADO
	No artigo de 1915, Freud afirma que no retorno do recalque, o recalcado voltaria utilizando os mesmos recursos do recalcamento. (Roza,2009, p. 166).
Quais as causas do recalque retornar? Garcia Roza diz que se dá por três fatores, os quais são um enfraquecimento do contrainvestimento, esforço da pressão pulsional, e se uma experiência recente, por sua semelhança com o material recalcado, desperta a pressão pulsional. (Roza, 2009, p. 166).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	O conceito de recalque se sustenta até hoje na Psicanálise, pois pode-se perceber através de análise, as representações inconscientes virem à tona. Quando os psicanalistas interpretam os sonhos, têm acesso ao conteúdo que foi recalcado, ou seja, foi barrado e por isso o sonhador não tem consciência de tal representação. A descoberta do recalque por Freud possibilita aos psicanalistas de hoje o uso desse conceito como recurso fundamental para que se explique muitos comportamentos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ROZA, Luiz A. G. Freud e o inconsciente. 23ª ed.,Rio de Janeiro, 2009.
FOGUEL, Elaine S. A formação do conceito de recalque em Freud. Porto Alegre, 2006.
Fedato, Fernanda de F. , Fulgencio, Leopoldo. Notas para a compreensão do conceito de inconsciente na psicanálise de Sigmund Freud. Campinas,2008.
SCHLACHTER, LINA C. A verdrängung, a verwerfung e a verleugnung: um estudo psicanalítico a partir das modalidades semióticas ,Rio de Janeiro, 2005.

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