Buscar

Conteúdo da Unidade-6

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

História da Educação
1ª edição
2017
História da Educação
3
6
Unidade 6
História da Educação Brasileira I. 
Da colonização catequisada à Era 
Pombalina. A organização da escola 
pública no século XIX.
Para iniciar seus estudos
Durante a disciplina abordamos os marcos importantes para conhecer-
mos melhor a Educação em seu caráter universal. Nesta unidade estu-
daremos um aspecto particular do curso: a História da Educação Brasi-
leira. Para isso, vamos conhecer a catequese e o início da colonização no 
Brasil. Mas relacionaremos ao contexto mundial, abordando a Educação 
no século XVII com a pedagogia realista, além de conhecer os pensadores 
que infl uenciaram o período. Além de compreender o Século das Luzes, 
com o ideal liberal de educação, e o pensamento iluminista com a peda-
gogia de Rousseau, trataremos de Kant e a pedagogia idealista. Concluí-
mos essa parte I da História da Educação Brasileira com a Era Pombalina e 
o Século XIX – positivismo e ciência. 
Objetivos de Aprendizagem
Objetivos gerais
• Ter uma visão da História da Educação Brasileira, em sua primeira 
parte, entre o século XVI e o século XIX.
Objetivos Específi cos:
• Identifi car o desenvolvimento educacional a partir da catequese e 
do início da colonização no Brasil.
• Detectar as principais transformações da sociedade a partir da 
Educação no século XVII com a pedagogia realista e seus pensa-
dores. 
• Compreender o Século das Luzes e o ideal liberal de educação, 
assim como o pensamento iluminista com a pedagogia de Rous-
seau, e a pedagogia idealista de Kant.
• Identifi car os aspectos da Era Pombalina e analisar o Século XIX – 
positivismo e ciência.
Tópicos de Estudo:
6
4
• Introdução: a catequese e o início da colonização no Brasil.
• Educação no século XVII: a pedagogia realista e seus pensadores.
• O Século das Luzes e o Ideal Liberal de Educação.
• A Pedagogia Iluminista de Rousseau e a Pedagogia Idealista de 
Kant.
• Era Pombalina e o Século XIX – Positivismo e Ciência.
5
História da Educação | Unidade 6 - História da Educação Brasileira I. Da colonização catequisada à 
Era Pombalina. A organização da escola pública no século XIX.
6.1 Introdução: a catequese e o início da colonização no Brasil
Começaremos os estudos desta unidade analisando como foi a chegada dos colonizadores e da Companhia de 
Jesus, que fundou a catequese, primeiro registro educacional do Brasil Colônia. 
Logo nesse primeiro tópico, vamos entender o que é a catequese, sua ascensão e as principais carac-
terísticas de sua estrutura no início da colonização brasileira, além de compreendermos esse trajeto 
até a expulsão da Companhia de Jesus (responsável pelo movimento da catequese), pelo Marquês de 
Pombal, no século XVIII.
Vamos iniciar apresentando o contexto histórico. Recordemo-nos da expansão burguesa com o surgimento do 
capitalismo, e uma das principais transformações foram as expansões marítimas. Foi a partir desse momento, 
no século XVI, que o Brasil foi descoberto pelos portugueses e se tornou uma colônia. Colônias signifi cavam a 
exploração de novos produtos para o comércio, uma ampliação do comércio, que gerava maiores riquezas para 
os países colonizadores. 
A catequese em 1570 já possuía um trabalho consolidado em diversas escolas em Porto 
Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo, São Paulo de Piratininga, Rio de Janeiro, Pernam-
buco e Bahia.
No Brasil, a partir de 1530 se deu o início da colonização, com a criação das capitanias hereditárias e a mono-
cultura da cana-de-açúcar. Logo, a economia e a estrutura social se desenvolviam a partir do engenho de açú-
car, pelo qual o patriarcado era constituído pela fi gura do senhor de engenho. A educação nesse período não 
recebia atenção, pois os lucros do que era gerado fi cavam na metrópole, e o tipo de economia, rural, não trazia 
necessidade de formação especializada. 
Mas em contrapartida mundialmente era o contexto das Reformas e da Contrarreforma, pelas quais a Igreja 
Católica enviou missionários para trabalho missionário e pedagógico dos novos fi éis de sua fé. A atividade mis-
sionária no Brasil foi simbolizada pela vinda da Companhia de Jesus, organizada por Loyola de Brandão e minis-
trada pelos jesuítas.
Os primeiros jesuítas estiveram em solo brasileiro em meados de março de 1549, ao lado do primeiro governador 
geral, Tomé de Sousa. Esses jesuítas vieram comandados pelo padre Manoel de Nóbrega e, duas semanas após 
sua chegada, fundaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador. O professor era Irmão Vicente 
Rodrigues. Sua didática era pautada no modelo europeu, lecionando por mais de 50 anos. Outra célebre lem-
brança é a de José de Anchieta, que foi professor do Colégio de Piratininga e missionário em São Vicente. 
6
História da Educação | Unidade 6 - História da Educação Brasileira I. Da colonização catequisada à 
Era Pombalina. A organização da escola pública no século XIX.
Além de professor, José de Anchieta era dramaturgo, gramático e poeta, tendo escrito a obra 
“De gestis Mendi de Saa” (“Os feitos de Mem de Sá”), impressa em Coimbra em 1563, e “Arte 
de Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil”, impressa em Coimbra em 1595. Foi 
beatifi cado em junho de 1980 e canonizado em Roma no ano de 2014.
A Companhia de Jesus, após sua chegada e início de desenvolvimento com criações de escolas e catequização 
dos fi lhos dos colonos e dos índios, deu origem à primeira fase da educação no Brasil Colônia: a Fase Heroica, 
caracterizada pelo ofício dos jesuítas no movimento conhecido como Catequese.
Quadro 6.1 – Cronologia da educação no Brasil Colônia
Cronologia da educação no Brasil Colônia
Fase heroica: de 1549 a 1570 – catequese.
Fase de consolidação: de 1570 a 1759 – expansão do ensino 
secundário nos colégios.
Reformas pombalinas: de 1749 a 1808 – instrução pública.
Período joanino: de 1808 a 1822
Fonte: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia – Geral e Brasil. 3. ed. São Paulo: 
Moderna, 2015, p. 138.
José de Anchieta foi o principal responsável por organizar uma gramática tupi que envolvesse os educandos. 
Segundo Aranha (2015)
[...] inicialmente os curumins aprendiam a ler e a escrever ao lado dos fi lhos dos colonos. Anchieta 
usava diversos recursos para atrair a atenção das crianças: teatro, música, poesia, diálogos em 
verso. Pelo teatro e dança, os meninos, aos poucos, aprendiam a moral e a religião cristã. (ARA-
NHA, p. 92-11) 
Você pode saber mais sobre o tema desse tópico assistindo ao vídeo “A conquista da Terra e 
da Gente” (https://www.youtube.com/watch?v=LG1-K3ltqS8).
7
História da Educação | Unidade 6 - História da Educação Brasileira I. Da colonização catequisada à 
Era Pombalina. A organização da escola pública no século XIX.
É importante alertar que as escolas jesuítas eram norteadas por um documento conhecido como Ratio Studio-
rum. Com o passar do tempo, os jesuítas avançaram para outros níveis educacionais, consolidando cursos nas 
áreas de Letras e Filosofi a (secundários) e o curso de Teologia e Ciências Sagradas (nível superior).
Com a caça aos índios para o regime de escravatura vigente na sociedade de engenho brasileira, os jesuítas deci-
diram afastá-los em outras áreas. Iniciaram-se as Missões.
Figura 6.1 – Brasão da Companhia de Jesus no Brasil.
Imagem: Marca Ofi cial da Companhia de Jesus no Brasil (2017). 
Fonte:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Jesus_no_Brasil#/media/File:Marca_Ofi cial_Jesu%C3%ADtas_Brasil.
png > 
As Missões aos poucos transformaram os índios em “cidadãos cristãos”, criando aldeias que reuniam diferentes 
etnias, o “gentio”. Os missionários pensavam prestar um serviço de fé, civilizatório, ao tirar o índio da “preguiça”, 
“ociosidade”, introduzindo regras de higiene, condenando a antropofagia, o adultério, a embriaguez (ARANHA, 
2015, p. 142). As Missões obtiveram resultado e prosperaram, mas o ambiente fragilizou a cultura e o pensar 
indígena, e com as expedições dos bandeirantes, como tempo, foram capturadas pelos colonos, que dizimavam 
tribos inteiras das Missões.
Quadro 6.2 – Os jesuítas montam a estrutura da educação formal.
Filosofi a e Ciência
Humanista, do fi lósofo e do teólogo.
Em grau médio, eram ensinados latim e gramática.
Em grau superior, artes e teologia. Terminado o curso de artes, o jovem encontrava dois caminhos: 
estudar teologia formando padres ou mestres.
Fonte: Autoria própria.
8
História da Educação | Unidade 6 - História da Educação Brasileira I. Da colonização catequisada à 
Era Pombalina. A organização da escola pública no século XIX.
Logo, como percebemos nesse tópico, os jesuítas foram os responsáveis pelo início do ensino 
e da Educação no Brasil. Porém, o contexto era de interesse em formar colonos submissos e 
“regenerados” pela fé católica. É também inegável que foram os jesuítas os responsáveis por 
parte da desintegração da cultura indígena, além de terem marcado de maneira essencial a 
sociedade do período com o ideário católico, que atualmente segue como uma das religiões 
mais praticadas no Brasil. 
Para que você conheça um pouco mais sobre como era o Brasil naquela época, apresentamos na sequência uma 
imagem da divisão geográfi ca do Brasil em 1709.
Figura 6.2 – Mapa do Brasil Colônia em 1709.
Imagem: Mapa do Brasil em 1709.
Fonte:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Coloniza%C3%A7%C3%A3o_do_Brasil#/media/File:Brazil_(1709).svg>
Depois de conhecer um pouco mais sobre como se iniciou a educação no Brasil no período colonial, na sequência 
vamos conhecer a pedagogia realista e seus pensadores.
9
História da Educação | Unidade 6 - História da Educação Brasileira I. Da colonização catequisada à 
Era Pombalina. A organização da escola pública no século XIX.
6.2 Educação no século XVII: a pedagogia realista e seus 
pensadores
Como vimos na introdução da unidade, vamos estudar a História da Educação no Brasil e seu avanço, refl etindo 
sobre o ideário que também se ampliava universalmente. Por isso, nesse tópico que se inicia, falaremos de um 
traço peculiar do século XVII: a pedagogia realista. Segundo Aranha (2015, p. 149): “Não por acaso, o século XVII 
é o ‘século do método’, que, ao fecundar a ciência e a fi losofi a, repercutiu nas teorias pedagógicas.” Analisare-
mos também, como a educação jesuítica no Brasil sofria defasagem em relação aos avanços desses métodos na 
Europa.
Com o passar da Idade Moderna (século XV – 1789), o reordenamento do modo de trabalho, dos crescimentos 
da manufatura, da nova ordem instaurada baseada no capital, das explicações começa a substituir uma visão 
teocêntrica por uma visão antropocêntrica – nominada autonomia da razão.
Conforme a burguesia se estruturava e se fortalecia, uma nova teoria se estabelecia, o liberalismo. No fi nal do 
século XVII, a Revolução Gloriosa (1688) terminou com o absolutismo antes vigente e instaurou a monarquia 
constitucional na Inglaterra (nos moldes que temos até hoje por lá). 
No campo das ideias, nesse contexto histórico apresentado, o principal pensador das ideais liberais foi o fi lósofo 
John Locke (1632-1704). Na teoria liberal defendia os anseios da burguesia, opondo-se ao absolutismo dos reis, 
fazendo diversas críticas e restrições à interferência do Estado, ou seja, o liberalismo é uma teoria que defende 
a lei do livre comércio e a iniciativa privada. O pensamento liberalista foi uma das infl uências para a Revolu-
ção Francesa e a luta pela emancipação das colônias nas Américas. O ideário liberalista foi fortifi cado no século 
seguinte, por Adam Smith e David Ricardo.
Em relação à Educação, aluno(a), a tendência antropocêntrica favorece a mentalidade crítica daquele período, 
pela qual se opunha ao dogmatismo e rejeitava o princípio da autoridade máxima da Igreja no exercício educa-
cional e fi losófi co. Como consequência, houve a laicização do saber. 
Com o passar do século XVII, a fi losofi a se desenvolveu em ideias de Descartes, Bacon, Locke, Hume e Espinosa, 
que discutiram a questão de método – uma discussão sobre procedimentos da razão antes de teorizar qualquer 
verdade. A ciência se ampliou como nunca antes. A principal característica desenvolvida no período foi a valo-
rização da técnica, privilegiando o método experimental, mérito de Galileu Galilei (1564-1642). O método 
de Galilei envolvia experimentação e matemática, e criou uma ruptura com a tradição. Houve então o que se 
conhece por renascimento científi co.
É importante salientar que a ciência se desenvolveu conforme a ordem burguesia sentia 
necessidade de fazer crescer as indústrias, para isso, necessitava de uma ciência investiga-
tiva, para usá-la em seu benefício. A ciência passa de contemplativa para servidora da nova 
classe. Na sua opinião, aluno(a), isso ainda acontece atualmente?
10
História da Educação | Unidade 6 - História da Educação Brasileira I. Da colonização catequisada à 
Era Pombalina. A organização da escola pública no século XIX.
Chama-se ideal baconiano a concepção do fi lósofo Francis Bacon (1561-1626) que defendia 
a interdependência entre ciência e técnica. Para Bacon “o conhecimento é poder” – a ciên-
cia, a partir desse movimento, exerce controle sobre a natureza. 
Houve também no período a crise da consciência europeia. As transformações da ciência desenvolveram 
desequilíbrio em outros setores, como a família, a ética, as questões de fé. A nova vivência de modo de produção 
se transformava e complexava a estrutura social. No Brasil, a Companhia de Jesus continuava atuante, entrando 
no século posterior com mais formação de novas escolas elementares e ampliando a outros graus de educação, 
como vimos no tópico anterior. 
Em alguns países da Europa, a educação pública surgia com força, como é o caso da França, que se destacou com 
Charles Démia (1636-1689). Autor de um livro sobre a educação popular, por sua infl uência foram fundadas 
diversas escolas gratuitas e um seminário para formação dos futuros mestres. Para o pedagogo francês Com-
payré (1843-1913), essas primeiras escolas gratuitas tinham por objetivo ser agências de informação ou lugares 
de mercado, de procura de trabalho.
Mas qual será mesmo a infl uência dessas ideias mais racionalistas em relação à Educação? Sabemos que um dos 
traços atuais foi herdado do período, que é a capacidade de trabalho com pressupostos fi losófi cos em que se 
pode predominar a tendência de que toda e qualquer verdade precisa ser analisada e racionalizada. 
A concepção da pedagogia realista, de ser realista (do latim res, “coisa”), tem como signifi cado valorizar e pri-
vilegiar a experiência, as coisas que nos rodeiam no mundo, dando suporte aos problemas contemporâneos. 
Como exemplo dessas mudanças, nas escolas a língua materna passou a se sobrepor ao latim. Outro traço é que 
a pedagogia realista era contra a educação antiga, vista como formal e retórica. Valorizava o rigor das ciências da 
natureza, com objetivo de superar a tendência literária e estética do humanismo renascentista. Ou seja, a educa-
ção na pedagogia realista era voltada para o entendimento das coisas, e não das palavras.
 Para saber mais sobre o assunto, assista ao documentário “John Locke – Política e Infl uência 
na Atualidade” (https://www.youtube.com/watch?v=cnFJw4JEono).
Descartes (1596-1650) é considerado o Pai da Filosofi a Moderna, desenvolvendo uma concepção de mundo 
contrária à tradição escolástica. Duvidou de toda verdade imposta, do senso comum, das informações da cons-
ciência (“se duvido, penso”). Para Descartes, o pensamento metodicamente conduzido traz os elementos neces-
sários para estabelecer critérios a fi m de saber se algo é mesmo verdadeiro. Ou seja, o realismo de Descartes 
priorizava a razão sobre os fatos. 
11
História da Educação | Unidade 6 - História da Educação Brasileira I. Da colonização catequisada à 
Era Pombalina. A organização da escola pública no século XIX.
Figura 6.3 – Retrato de René Descartes 
Imagem: Retrato de René Descartes, por Frans Hals (1649-1700)
Fonte:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes#/media/File:Frans_Hals_-_Portret_van_Ren%C3%A9_Des-cartes.jpg> 
Outro grande pensador do período foi João Amós Comênio (1592-1670), considerado o Pai da Didática 
Moderna e o maior pedagogo do século XVII. Sua principal obra é “Didática magna”. Comênio tinha como obje-
tivo pedagógico tornar a aprendizagem mais atraente e organizada. Elaborava materiais como manuais e escre-
via sobre o procedimento do professor, a partir da capacidade dos(das) alunos(as). Valorizava a educação dos 
sentidos, da experiência sensível, para ele o ensino devia ser ação e estar voltado para ela.
Concluindo o tópico, podemos dizer que o século XVII trouxe muitos avanços no campo da fi losofi a, da 
ciência e da educação, pois a partir do realismo, do racionalismo, do liberalismo (apesar de toda crítica 
à servidão imposta pela burguesia, sedenta por mais lucro) a sociedade mudou e passou a racionalizar, 
a procurar e analisar o que é a verdade, o que pode ser descoberto, ou seja, denota uma postura que 
viria mais tarde a se qualifi car e realizar inúmeras descobertas para a sociedade.
12
História da Educação | Unidade 6 - História da Educação Brasileira I. Da colonização catequisada à 
Era Pombalina. A organização da escola pública no século XIX.
6.3 O Século das Luzes e o Ideal Liberal de Educação
A partir do século XVIII, com os avanços no campo das ideias do século XVII, inicia-se um tempo conhecido como 
“Século das Luzes”, que signifi cava uma contribuição de inúmeras ideias intelectuais e pensadores iluministas 
– “luzes”, “iluminação”. Estudaremos a seguir o contexto e as características do período que ocorreram na Edu-
cação.
Figura 6.4 – Iluminismo, Rafaello Sanzio (1881)
Imagem: Raff aello Sanzio
Fonte:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo#/media/File:Sanzio_01_cropped.png>
Para começar, ocorreram no período abalos políticos, e era chegado o tempo que acabaria em diversas revolu-
ções, entre as principais a Revolução Francesa e a luta pela independência das colônias das Américas. Em Por-
tugal, porém, permanecia uma ordem social de absolutismo, que acabou por orientar os novos caminhos que 
levariam marquês de Pombal a reformar o ensino brasileiro, como veremos logo mais. Ou seja, esse movimento, 
apesar do atraso português, faria ressonância no período.
O Iluminismo (também denominado na Unidade como Século das Luzes) é uma das mais importantes 
características do século XVIII. O significado do movimento é trazer o poder que a razão tem para iluminar e 
reorganizar a estrutura da ideia e do mundo. Era, portanto, um movimento que se distanciava dos movimentos 
religiosos.
Na Educação, houve a defesa de algumas ideias, segundo Aranha (2015, p. 174): “educação ao encargo do 
Estado; obrigatoriedade e gratuidade do ensino elementar; nacionalismo (recusa do jesuítico); ênfase nas lín-
guas vernáculas (em detrimento do latim) e orientação prática, voltada para as ciências técnicas e ofícios”.
Para ampliar nosso estudo sobre o tema, no tópico a seguir vamos conhecer a pedagogia iluminista e a pedago-
gia idealista.
13
História da Educação | Unidade 6 - História da Educação Brasileira I. Da colonização catequisada à 
Era Pombalina. A organização da escola pública no século XIX.
6.3.1 A Pedagogia Iluminista de Rousseau e a Pedagogia Idealista de Kant
As principais ideais pedagógicas do movimento iluminista se encontram na pedagogia iluminista de Rousseau e 
na pedagogia idealista de Kant, como estudaremos agora.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) divergia sobre a visão enciclopédica de amigos como Diderot e tinha 
desavenças por isso com Voltaire. De suas obras as mais famosas são “Discurso sobre a origem da desigual-
dade entre os homens”, “Do contrato social” e “Emílio ou da educação” (1762). Em suas ideias criticou o 
absolutismo e desenvolveu uma estrutura que fundamentava a doutrina liberal. Para ele, o indivíduo nasce bom, 
mas é corrompido pela sociedade, destruidora de sua liberdade. Uma famosa citação dele é “O homem nasce 
livre e por toda parte encontram-se ferros’’. Portanto, para Rousseau, liberdade e obediência eram polos essen-
ciais da pessoa em sociedade. Centralizou os métodos e interesses da pedagogia no aluno e não no professor, 
como era antigamente. Valoriza em seu modo de defender a educação, a experiência, a educação voltada para a 
vivência e a curiosidade sobre as coisas.
Por outro lado, Immanuel Kant (1724-1804) construiu outro importante sistema fi losófi co. Em obras como 
“Sobre pedagogia”, “Crítica da razão pura” e “Crítica da razão prática”, desenvolve crítica sobre o conheci-
mento e sobre a moralidade. Kant defende que há insufi ciência dos modelos fi losófi cos dos racionalistas (Des-
cartes) e empiristas (Bacon e Locke). Em sua teoria, investiga o valor do conhecimento a partir das possibilidades 
e limites da razão, em que o conhecimento humano é a soma de diversos conteúdos particulares trazidos pela 
experiência e pela estrutura da razão. Para Kant, cabe à educação possibilitar o desenvolvimento da razão, que 
forma a moral. O saber, nesse sentido, é um ato de liberdade – sendo que a verdade é construída por cada indi-
víduo.
Para saber mais sobre o tópico, do conceito de atividade pedagógica do período, ler “O Ilumi-
nismo e a sociedade’’ (https://www.youtube.com/watch?v=T5QuZWpSFVY).
14
História da Educação | Unidade 6 - História da Educação Brasileira I. Da colonização catequisada à 
Era Pombalina. A organização da escola pública no século XIX.
6.4 Era pombalina e o Século XIX – Positivismo e Ciência
Recordando os tópicos anteriores, compreendemos como ocorreu a transição dos séculos XVII e XVIII, pelos quais, 
universalmente, novas ideias pedagógicas ganharam força e vez com filósofos como Descartes, Locke, Comênio, 
Bacon, Rousseau e Kant. 
Em meio a isso, no Brasil a Companhia de Jesus, que dominara a estrutura educacional, foi expulsa do país pelo 
Marquês de Pombal, que implantou a reforma pombalina no século XVIII. Isso contribuiu para a vinda dessas 
novas ideias ao país. Aranha (2015) afirma que com a expulsão dos jesuítas:
[...] os bens dos padres foram confiscados, muitos livros e manuscritos importantes destruídos [...]. 
Várias medidas antecederam as primeiras providências mais efetivas, levadas a efeito só a partir 
de 1772, quando teria sido implantado o ensino público oficial. A Coroa nomeou professores, 
estabeleceu planos de estudo e inspeção e modificou o curso de humanidades para o sistema de 
aulas régias de disciplinas isoladas, como ocorrera na metrópole. (ARANHA, 2015, p. 125)
Figura 6.5 – Retrato do Marquês de Pombal no Período Pombalino.
Imagem: Imagem do Marquês de Pombal (Século XVIII)
Fonte:<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c1/O_marques_de_pombal%2C_conde_de_Oeiras.jpg>
Pesquisas atuais apontam que o pensamento iluminista se inseriu no período. Ideias que circulavam em Portugal 
passaram para a então colônia. A expansão dessas ideias ultrapassou o século XVIII e adentrou o início do XIX. É 
importante salientar que as estruturas de organização escolar ainda eram muito defasadas – o ensino era feito 
geralmente em casa, por preceptores, ou em lugares de estudo improvisados.
Portanto, nesses primeiros séculos de colônia o que podemos analisar é que permanecia o contraste entre a socie-
dade de engenho brasileira e as ideias racionalistas, iluministas, empíricas de desenvolvimento das metrópoles 
europeias. O Brasil continuava também com o regime de escravatura, com economia agroexportadora depen-
dente. Persistiam também o analfabetismo e um ensino precário, em que somente meninos da aristocracia é que 
geralmente eram educados, criando um ranço entre os letrados e a maioria da população, que era analfabeta.
15
História da Educação | Unidade 6 - História da Educação Brasileira I. Da colonização catequisada à 
Era Pombalina. A organização da escola pública no século XIX.
Você pode saber mais sobre a Era Pombalina assistindo à série “Marquês De Pombal – O grande 
maçom, 1755”, disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=UBSg2FdcsFo>.No início do século XIX, o Brasil passava a sua segunda metade, de Colônia a Império, enfrentando problemas na 
escolarização, com uma maior parte da população formada por escravos e pessoas do campo, o que elevava a 
taxa de analfabetismo. A partir do Império, o Estado tomou ainda mais medidas para oferecer escola gratuita 
para os pobres. Com a urbanização e industrialização houve o surgimento de crianças na rua, e pregava-se pelo 
controle do corpo infantil. A educação nesse contexto era laica, com separação entre os pedagogos e os educado-
res que ministravam as aulas. No ensino universitário permanecia a dicotomia entre formação clássica (destinada 
à elite) e instrução técnica (destinada aos trabalhadores). Surgiram os “jardins da infância” (termo de Froebel) e 
escolas normais passaram a oferecer cursos que preparavam para o magistério.
Portanto, no Brasil do século XIX houve um avanço da rede escolar, objetivando formar a consciência nacional, 
com ênfase à formação cívica, com infl uência da pedagogia alemã, do movimento romântico – movimento 
estético que se espalhou pela Europa exaltando os sentimentos, a individualidade e a espiritualidade. Os prin-
cipais pedagogos do período foram Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), Friedrich Froebel (1782-1852) e 
Johann F. Herbart (1776-1841). 
Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) era um estudioso de Rousseau, e seu interesse principal era educa-
ção elementar. Em 1774, fundou uma escola para órfãos, mendigos e ladrões. É um dos maiores defensores da 
educação e da escola popular e pública para todos. Para ele, o indivíduo é um total, mas dividido em partes, que 
precisam ser trabalhadas e cultivadas. A criança é criatura inata, mas tem características que vão ser desenvolvi-
das até a maturidade, com a família constituindo a base de toda educação.
Friedrich Froebel (1782-1852) era alemão e seguia no campo da pedagogia as ideias de Pestalozzi. Sua obra é 
marcada por uma ideia mística educacional. Defendia a atenção às crianças na fase anterior ao ensino básico (a 
proposta eram os Kindergarten, em português “jardins da infância’’). Valorizava os impulsos criadores na ati-
vidade lúdica, com materiais que propunham movimento da matéria, da cor, da forma – incentivava a prática de 
tecelagem, a dobradura e o recorte, além do canto e da poesia.
Johann F. Herbart (1776-1841) foi outro importante pensador do século XIX. Era alemão e buscava maior rigor do 
método da pedagogia como ciência. Foi precursor de uma pedagogia que era na verdade psicologia experimental 
aplicada à educação. A nominada psicologia herbartiana tinha como objetivo formar a moral com esclarecimento 
da vontade, a partir da instrução. Compreendia a vida psíquica como unitária em suas operações de saber, sentir e 
desejar. Era o chamado “círculo de pensamento”. Segundo ele, a conduta pedagógica segue três períodos: 
a. O governo – forma de controlar a agilidade infantil;
b. A instrução – desenvolvimento dos interesses;
c. A disciplina – orientação do educando para a virtude;
Logo, vimos no estudo desta unidade o início da História da Educação Brasileira durante o Brasil Colônia e Império, 
também observando o desenvolvimento das ideias de diferentes teorias pedagógicas que circularam pela Europa 
nos séculos XVII, XVIII e XIX. Esperamos ter contribuído para sua refl exão sobre a profi ssionalização, expansão e 
desenvolvimento da Educação no Brasil, a partir do século XX e XXI, em nossa contemporaneidade. 
Até a próxima!
16
Considerações fi nais
Diante do que estudamos ao longo da unidade, destacamos como síntese 
dos conteúdos os seguintes tópicos: 
A Companhia de Jesus criou escolas, catequizou os fi lhos dos colonos e 
dos índios, e deu origem à primeira fase da educação no Brasil Colônia: a 
Fase Heroica, caracterizada pelo ofício dos jesuítas no movimento conhe-
cido como Catequese.
Com o passar do século XVII, a fi losofi a se desenvolveu nas ideias de 
Descartes, Bacon, Locke, Hume e Espinosa, que discutiram a questão de 
método – uma discussão sobre procedimentos da razão antes de teorizar 
qualquer verdade. 
A concepção da pedagogia realista, de ser realista (do latim res, “coisa”), 
tem como signifi cado valorizar e privilegiar a experiência, as coisas que 
nos rodeiam no mundo, dando suporte aos problemas contemporâneos. 
Valorizava o rigor das ciências da natureza, com objetivo de superar a ten-
dência literária e estética do humanismo renascentista. 
O Iluminismo é uma das mais importantes características do século XVIII, 
também conhecido como Século das Luzes. O signifi cado do movimento é 
trazer o poder que a razão tem para iluminar e reorganizar a estrutura da 
ideia e do mundo. Era, portanto, um movimento que se distanciava dos 
movimentos religiosos. 
Na Educação, houve a defesa de algumas ideias iluministas, segundo 
Aranha 92015, p. 174): “educação ao encargo do Estado; obrigatoriedade 
e gratuidade do ensino elementar; nacionalismo (recusa do jesuítico); 
ênfase nas línguas vernáculas (em detrimento do latim) e orientação prá-
tica, voltada para as ciências técnicas e ofícios”.
As principais ideais pedagógicas do movimento iluminista se encontram 
na pedagogia iluminista de Rousseau e na pedagogia idealista de Kant.
No Brasil do século XIX houve um avanço da rede escolar, objetivando for-
mar a consciência nacional, com ênfase à formação cívica, com infl uência 
da pedagogia alemã, do movimento romântico – movimento estético que 
se espalhou pela Europa exaltando os sentimentos, a individualidade e a 
espiritualidade. Os principais pedagogos do período foram Johann Hein-
rich Pestalozzi (1746-1827), Friedrich Froebel (1782-1852) e Johann F. 
Herbart (1776-1841). 
Referências bibliográfi cas
17
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. 3. ed. São Paulo: 
Moderna, 2006.
LUCAS, Robert E., Jr. (2002).  Lectures on Economic Growth  (em 
inglês). Cambridge: Harvard University Press. p. 109-110. 
MANACORDA, Mario A. História da Educação. 10. ed. São Paulo: Cortez, 
2002.
MARX, Karl. O Capital. v. 2. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
ROMANELLI, Otaíza O. História da Educação no Brasil: (1930-1973). 
36. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
SAVIANI, Dermeval. História das Ideias Pedagógicas no Brasil. 3. ed. rev. 
Campinas: Autores Associados, 2010.

Continue navegando