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Escola de Chicago e Escola Funcionalista

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Prévia do material em texto

Teoria da Comunicação 
e Semiótica
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Denis Garcia Mandarino
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Escola de Chicago e Escola Funcionalista
• Breve Histórico da Escola de Chicago;
• Contextualização Histórica;
• Ecologia Humana;
• A Escola do Crime;
• Herança da Escola de Chicago;
• Escola Funcionalista;z
• A Escola Norte-Americana de Comunicação;
• Modelo Matemático-Informacional;
• Escola Funcionalista e o Mass Communication Research.
 · Oferecer ao aluno uma visão comparada da Escola de Chicago e da 
Escola funcionalista.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Escola de Chicago e Escola Funcionalista
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista
Breve Histórico da Escola de Chicago
A Universidade de Chicago é uma instituição com mais de um século de tradição 
(1890) e foi doada ao American Baptist Education Society por John Rockefeler. 
Ela abriga importantes pesquisadores cujas referências são mundiais. Entre 1915 
e 1940, a Escola de Chicago produziu um vasto e variado conjunto de Pesquisas 
Sociais direcionado à investigação dos fenômenos sociais que ocorriam especifica-
mente no meio urbano da grande metrópole norte-americana. 
Com a formação da Escola de Chicago, inaugura-se um novo campo de Pesqui-
sa Sociológica, centrado exclusivamente nos fenômenos urbanos, que dará origem 
a um novo tipo de estudo, conhecido como Sociologia Urbana. 
A primeira geração de sociólogos da Escola de Chicago foi composta por Albion 
W. Small; Robert Ezra Park (1864-1944); Ernest Watson Burgess (1886-1966); 
Roderick Duncan McKenzie (1885-1940) e William Thomas (1863-1947). 
Esses pesquisadores foram os responsáveis pelo primeiro Programa de Estudos 
de Sociologia Urbana. Nas décadas seguintes, outros colaboradores se destaca-
ram: Frederic Thrasher (1892-1970), Louis Wirth (1897-1952) e Everett Hughes 
(1897-1983).
Contextualização Histórica
O início do século XX marca o advento do Capitalismo, o desenvolvimento dos 
grandes centros urbanos e a migração maciça de famílias do campo para as cida-
des, em busca de trabalho. 
As cidades representavam a possibilidade de novos empregos e possibilidade 
de ascensão social e econômica para esses migrantes. Você conhece esse fenô-
meno, pois ele ainda ocorre nas grandes cidades e na cidade de São Paulo, con-
siderada a maior metrópole da América Latina; não é diferente. Essa migração 
descontrolada gera a formação de bolsões de pobreza, subempregos, criminali-
dade e violência urbana. 
O surgimento da Escola de Chicago está diretamente ligado ao processo de 
expansão urbana e ao crescimento demográfico da cidade de Chicago no início do 
século XX, provocado pelo acelerado desenvolvimento industrial das cidades do 
Meio-Oeste dos EUA. 
Veja o que diz Coulon (1995, p.11-2) sobre a Chicago dessa época:
[...] Na segunda metade do século XIX, migrantes rurais do Middle West 
chegaram em massa, bem como um número impressionante de imigran-
tes estrangeiros: alemães, escandinavos, irlandeses,italianos, poloneses, 
8
9
lituanos, checos e judeus. Em 1900, mais da metade de Chicago havia 
nascido fora da América. Chicago tornou-se uma cidade industrial, um 
centro comercial e uma próspera bolsa; o capitalismo selvagem desen-
volveu-se e a cidade assistiu vários tumultos (1886) e as greves operárias 
(1894). Era também a cidade da arte e da cultura, influenciada pela reli-
gião protestante, que tinha um grande respeito pelo ensino e pelos livros. 
Uma cidade moderna, reconstruída de aço e concreto após o incêndio 
de 1871. Nela foram construídos os primeiros arranha-céus dos Estados 
Unidos e desenvolveu-se um movimento arquitetônico modernista que 
também ficaria conhecido como Escola de Chicago.
Figura 1
Fonte: Wikimedia Commons
Diante de tanto desenvolvimento, a cidade de Chicago não ficou impune às 
questões sociais apontadas acima. Então, como nas grandes metrópoles brasileiras, 
a cidade de Chicago assistiu ao surgimento de graves problemas sociais. 
Em Chicago, no começo do século XX, houve aumento da criminalidade, da 
delinquência juvenil; o aparecimento de gangues de marginais; aumento de bolsões 
de pobreza e desemprego; a imigração e, com ela, a formação de várias comuni-
dades segregadas (os guetos urbanos, as favelas, os cortiços).
Todos esses problemas sociais (que na época, e ainda hoje, muitos sociólogos 
denominam “patologia social”) se converteram nos principais objetos de pesquisa 
para os sociólogos da Escola de Chicago. 
O mais importante a destacar é que os estudos dos problemas sociais estimula-
ram a elaboração de novas teorias e conceitos sociológicos, além de novos proce-
dimentos metodológicos na tentativa de compreender os porquês dessa desordem 
na sociedade. 
Esse fenômeno é chamado de Anomia Social.
9
UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista
Ecologia Humana
Robert Ezra Park é considerado um dos mais importantes representantes e 
precursores dos estudos urbanos; junto com Ernest Watson Burgess e Roderick 
Duncan McKenzie, elaborou o conceito de “ecologia humana”, a fim de sustentar 
teoricamente os estudos da Sociologia Urbana.
Por meio da observação entre o reino animal e o vegetal, Robert Park estabeleceu 
uma analogia entre ele e o mundo dos homens, criando a Teoria da Ecologia Humana. 
Por essa Teoria, a cidade é um grande campo de observação ou um grande 
laboratório social, porque é nela que se manifestam as contradições sociais visíveis 
e percebidas. 
O conceito de Ecologia Humana serviu de base para o estudo do comportamen-
to humano, tendo como modelo o lugar social em que os indivíduos vivem e cons-
troem suas histórias de vida, relacionam-se entre si e criam seu repertório de sig-
nificados e conhecimentos. A abordagem ecológica questiona se o habitat social 
(ou seja, o espaço físico e as relações sociais) determina ou influencia o modo e o 
estilo de vida dos indivíduos.
Nessa época, o pensamento que vigorava era o das Ciências Biológicas, e o uso 
da razão era visto apenas como um instrumento, isto é, a razão para existir teria 
de ter um fim a alcançar. 
O método de pesquisa usado era o da observação, ou seja,o empírico. Então, 
a comparação entre os seres humanos e os seres animais era inevitável, vez que, 
como já dissemos, prevaleciam os estudos das Ciências Biológicas. Nessa situação, 
o uso da palavra indivíduo servia tanto para designar gente como animal ou planta. 
Quando os pesquisadores da época compararam a sociedade com a natureza, 
tomaram como exemplo o equilíbrio dela e os resultados que disso provinha. 
Compreender essa relação entre o meio ambiente e os animais (estudo ecoló-
gico) era importante, e compará-la com a sociedade foi um passo pequeno. Dito 
de outra forma, a questão central era saber até que ponto os comportamentos 
desviantes, por exemplo, as várias formas de criminalidade são produtos do meio 
social, ou não, em que o indivíduo está inserido.
Park e Burgess se apropriaram do conceito de Ecologia criado por Ernest 
Haeckel (1859) que definia a Ciência como relações do organismo com o ambiente 
e estenderam o conceito para todas as condições da existência.
Segundo Mattelart & Mattelart (2004), são três os elementos que definem uma 
comunidade:
• População organizada em um território através de uma identidade cultural;
• Relação simbiótica entre os sujeitos, isto é, a interdependência mútua gerada 
por necessidades fisiológicas e sociais;
10
11
• Competição e a divisão de trabalho que não são planejadas e geram uma 
cooperação competitiva nascidas da formação da “web life” (rede de vida) 
ligadas por um eixo comum, e que dá sentido à vida e forma a comunidade 
orgânica. Para Park, esse modelo pode ser transferido para explicar o “ciclo 
das relações étnicas”, nas comunidades de imigrantes (competição, conflito, 
adaptação e assimilação). 
Ainda, de acordo com Mattelart & Mattelart (2004), no capítulo II – Teorias 
da Comunicação:
• Park entende que o biótico é uma superestrutura erguida a partir de uma 
subestrutura biótica e que a ela se impõe como instrumento de direção e con-
trole: o nível social ou cultural. Esse nível é assumido pela comunicação e pelo 
consenso, cuja função é regular a competição, permitir o compartilhamento 
de uma experiência e vincular-se à sociedade.
• A ecologia humana entende que a mudança adquire o caráter de equilíbrio diante 
da crise (equilíbrio social e balança biótica), e opera a transição de forma estável.
Sabe que até hoje há correntes de pensamentos semelhantes e que se alternam 
nos Estudos sobre esse tema? 
Basta você ver as discussões sobre a delinquência juvenil, marginalidade ou ou-
tros temas sobre violência urbana por intermédio dos meios de comunicação. 
Então, prosseguindo: o conceito de Ecologia Humana e a Concepção Ecológica 
da Sociedade foram muito influenciados pelas abordagens teóricas do “Evolucio-
nismo Social”. 
Voltando um pouco à época desses estudos, estavam em voga os estudos de Darwin 
sobre a evolução das espécies, que o Evolucionismo Social tomou como referência. 
Essa época é também a época do Positivismo, que preconizava uma lógica ra-
cional e de um mundo concebido de tal forma que uma coisa sucede à outra, de 
maneira precisa.
O melhor exemplo para você entender esse pensamento é o lema da bandeira 
brasileira “Ordem e Progresso”. Então, dentro dessa lógica, um país ordeiro é um 
país que progride e é natural que uma coisa puxe a outra, compreendeu? 
Você deve estar se perguntando: Darwin também formulou a Teoria da Evolu-
ção Social? 
Nós diríamos, não. 
Mas as suas ideias foram “emprestadas” pelos sociólogos, que acreditavam que 
as Sociedades evoluiriam para um estágio superior, acompanhando o desenvol-
vimento das espécies, explicando de certa forma o desaparecimento de algumas 
sociedades e o aparecimento de novas outras. 
Então, a cidade como um grande e complicado “laboratório social” que pode ser 
entendido por meio dos sinais de desorganização, de marginalidade, de aculturação, 
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UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista
de assimilação, é entendida como o lugar da mobilidade não só física geográfica, 
mas social.
As Pesquisas Sociológicas dessa época foram marcadas pelo uso sistemático dos 
métodos empíricos, o que permitiu elencar variadas formas de anomalias sociais. 
O que isso quer dizer? 
Ora, a coleta de dados e informações sobre as condições e os modos de vida ur-
banos passou a ser observada e estudada revelando as incongruências da Socieda-
de. A partir daí, os seus efeitos poderiam apontar para soluções viáveis, tornando 
a cidade mais humanizada.
O uso de métodos descritivos deu suporte aos estudos biográficos com base nas 
narrativas pessoais ou de grupos (histórias de vida), em primeira mão. 
A esse tipo de estudo chamamos de informações primárias e, em história, de 
história oral, já que o pesquisado e as pessoas que se relacionam entre si são os au-
tores de suas próprias histórias e as interpretam de acordo com as suas referências 
pessoais, sociais e culturais. 
A pesquisa é feita de forma participativa. O pesquisador ao mesmo tempo é 
pesquisador e participante dela e interage com o pesquisado (interacionismo). 
Veja o exemplo que de fato aconteceu, cujo relato completo está no livro The 
taxi dance hall, de Cressey (1932). O autor relata sobre os taxi dance halls, que 
eram lugares das dançarinas profissionais. Essa atividade apareceu em São Fran-
cisco/CA no início do século XX. 
Esses lugares, de má reputação, eram frequentados por homens, na maioria 
imigrantes proletários, que iam dançar, e as dançarinas eram pagas “por dança”, 
tendo de repartir seus ganhos com o dono do estabelecimento.
Como os donos dos estabelecimentos e os frequentadores não cooperavam, 
os observadores foram aos salões como clientes em busca de diversão e realiza-
ram a pesquisa. 
Segundo Coulon, (1995, p.106), a pesquisa tinha três objetivos:
• Dar uma visão íntima e sem viés ao mundo das taxi-dance hall e seus “clientes”;
• Traçar a história da taxi dance hall como instituição urbana, descobrir as con-
dições favoráveis a seu aparecimento e a seu desenvolvimento e analisar suas 
funções em termos de satisfação das necessidades de seus clientes;
• O terceiro era apresentar de modo mais imparcial possível as formas de contro-
le, suscetíveis de manter a ordem, criar códigos de conduta por parte de todos. 
Outros exemplos podem ser vistos, como, o investigador vai morar no bairro 
em que a criminalidade é muito grande, isto é, ele passará a conhecer o lugar, seus 
habitantes, recolher as informações sobre as pessoas, não se identificando como 
investigador, mas como igual, como um morador comum. A construção do self ou 
a construção da sua individualidade. 
12
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O indivíduo é capaz de uma experiência singular e única, que traduz sua história 
de vida, sendo ao mesmo tempo submetido às forças de nivelamento e homoge-
neização do comportamento.
Ainda por meio dos estudos biográficos, foi possível conhecer, em detalhes, as 
origens sociais dos sujeitos investigados, chegando ao cotidiano e às interações 
sociais que ocorrem no interior de grupos fechados. 
Esses grupos poderiam ser as gangues de rua, os guetos étnicos, os grupos de 
marginais ou criminosos comuns. O conhecimento da trajetória de vida desses 
grupos permitiu conhecê-los de forma aprofundada e entender o que os levava à 
exclusão social ou à marginalidade.
A Escola do Crime
Há filmes nacionais que mostram, de forma romanceada, esse tema. Um deles 
é o Ônibus 174 e o outro é Última Parada 174.
O estudo da grande metrópole norte-americana, por parte dos pesquisadores da 
Escola de Chicago, privilegiou algumas temáticas. As variadas formas de criminali-
dade e o fenômeno da imigração foram os temas que eles mais estudaram.
Essa preocupação estava vinculada aos vários problemas sociais que a cidade 
de Chicago enfrentava: a criminalidade, a marginalidade e a chegada de grandes 
ondas imigratórias de europeus, principalmente, os que buscavam refúgio nos Esta-
dos Unidos da América, decorrente da crise econômica provocada pela 1ª Guerra 
Mundial e pelo advento do Capitalismo industrialque carecia de mão de obra.
As pessoas que imigravam, na maioria, não tinham lugar para ficar e se fixavam 
nos locais mais distantes e baratos para morar. A cidade era estranha a elas... 
Os estudos da época apontavam que as áreas mais abandonadas da cidade 
pelo poder público, sem infraestrutura adequada, serviços essenciais como saúde e 
educação transformavam-se rapidamente em locais de moradia para essa leva de 
imigrantes e logo surge a ação das gangues de rua e dos bandos de delinquentes 
juvenis. Esses locais se tornaram rapidamente áreas nas quais as taxas de crimina-
lidade eram muito altas. 
Desse modo, os pesquisadores demonstraram que a cidade tinha áreas sociais 
que motivavam ação do crime: o espaço urbano degradado favorecia a quebra das 
regras e instituições sociais (escola, família) e, de certa forma, produzia comporta-
mentos desviantes.
Sobre comportamentos desviantes, veja o que Giddens (2008) diz:
O estudo do comportamento desviante é uma das áreas mais intrigantes e 
complexas da Sociologia, ensinando-nos que ninguém é tão normal quan-
to gosta de pensar. Ajuda-nos igualmente a perceber que aquelas pessoas 
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UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista
cujo comportamento pode parecer estranho ou incompreensível são seres 
racionais quando compreendemos a razão dos seus atos.
O estudo do desvio, tal como outros campos da Sociologia, centra-se no 
poder social, bem como na influência da classe social – as divisões entre 
ricos e pobres. Quando olhamos para o desvio ou para a conformidade 
às normas ou regras sociais, temos sempre que questionar: “as regras de 
quem?”. Como veremos, as normas sociais são fortemente influenciadas 
pelas divisões de classe e poder.
O que se entende por desvio?
O desvio pode ser definido como uma inconformidade em relação a de-
terminado conjunto de normas aceitas por um número significativo de 
pessoas de uma comunidade ou sociedade. Nenhuma sociedade, como 
já foi enfatizado, pode ser dividida de um modo linear entre os que se 
desviam das normas e aqueles que estão em conformidade com elas. 
A maior parte das pessoas transgride, em certas ocasiões, regras de com-
portamento geralmente aceitos. Quase toda a gente, por exemplo, em 
determinada altura já cometeu atos menores de roubo, como levar algu-
ma coisa de uma loja sem pagar ou apropriar-se de pequenos objetos do 
emprego – como papel de correspondência – e dar-lhe um uso privado. 
Sobre a imigração, os pesquisadores procuraram compreender as interações 
que ocorrem quando da chegada do imigrante na grande metrópole. Basicamente, 
identificaram quatro tipos básicos de interação social: competição, conflito, aco-
modação e assimilação.
Observe seus significados traduzidos de forma muito simples:
I. Todos somos movidos a competir e a competição faz parte do desen-
volvimento da sociedade. A competição está ligada ao controle social. 
A competição organiza de certa forma a sociedade, pois ela orienta 
novas formas de trabalho, introduz uma nova forma de relação social 
baseada nas relações econômicas. 
II. A existência do conflito permite que se busque respostas para ele. 
Todos temos conflitos de ordem pessoal ou social. O conflito social 
é derivado da competitividade e cria um sentimento de solidariedade 
pelos que o partilham.
III. A resolução desses conflitos permite com que o sujeito busque alter-
nativas, o que lhe confere equilíbrio.
IV. A acomodação ou adaptação sugere o esforço do grupo para ajustar-
-se às novas situações que lhe são impostas, nem sempre é pacífico, 
mas que tende à aceitação das diferenças. Uma vez resolvido o conflito, 
após um período de “calmaria”, o sujeito passa à fase de adaptação. 
V. A assimilação é o processo pelo qual o sujeito não despreza seus co-
nhecimentos anteriores (cultura), ao contrário, os valorizas, mas adota 
comportamentos que facilitem sua existência na sociedade.
14
15
Herança da Escola de Chicago
A orientação dos estudos elaborados sobre a Escola de Chicago dominou a So-
ciologia norte-americana até a metade da década de 1930, mas sua influência se 
estendeu nas décadas seguintes. 
A Escola de Chicago desempenhou papel relevante na institucionalização da 
Sociologia como Ciência Acadêmica, nos Estados Unidos, dando origem aos estu-
dos etnográficos ou aos estudos nos quais a observação participativa é fundamental 
para a pesquisa. 
Para Coulon (1995, p. 115):
[...] a Escola de Chicago pode ser considerada como o berço de uma 
grande variedade de abordagens empíricas, inclusive a da observação par-
ticipativa, que tem em comum o fato de se inserir em uma sociologia 
urbana prática e de ter inaugurado, em resumo a indagação sociológica 
direta junto aos indivíduos, deixando para trás a sociologia especulativa 
que marcara a época anterior. 
Ao centrar seus estudos nos problemas sociais, porém, ela foi criticada por 
negligenciar a elaboração de teorias sociológicas a partir da reflexão intelectual 
dissociada da Sociologia Aplicada. 
Até certo ponto, essa afirmação é verdadeira, mas as contribuições que a Escola 
de Chicago forneceu à Sociologia não podem ser desprezadas ou negadas. A com-
paração dos fatos a partir da vivência do Cientista Social no meio urbano e na vida 
das comunidades por meio da observação direta para coletar os dados é até hoje 
muito importante.
Há vários relatos de casos em que, por exemplo, o jornalista investigativo mer-
gulha na comunidade para coletar dados e fazer uma grande matéria. 
Foi o caso do jornalista Tim Lopes, que foi assassinado durante a realização 
de uma reportagem sobre bailes funks nos subúrbios do Rio de Janeiro. Essas 
contribuições são importantes para o estudo da comunicação, para ampliação do 
repertório intelectual e para as práticas comunicacionais. 
A partir de 1940, inaugura-se um novo período de estudos decorrentes, sobre-
tudo, das mudanças que o mundo assistia. 
Com o término da 2ª Guerra Mundial, há aumento do consumo dos bens indus-
trializados, fortalecimento do Capitalismo e dos Meios de Comunicação.
Os pesquisadores sociais abandonam as técnicas qualitativas marcadas pela Escola 
de Chicago no seu início e introduzem a pesquisa de modelo quantitativo na Univer-
sidade de Columbia, sendo Robert Merton e Paul Lazarfeld seus representantes.
15
UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista
Escola Funcionalista
A partir do século XVI, até meados do século XX, houve muitas mudanças de 
paradigmas, baseados em três núcleos de significação, segundo Polistchuck e Trin-
ta (2003). 
Essas mudanças foram ampliadas a partir do século XX e caminharam em dire-
ção ao século XXI.
Esses núcleos são:
a) Significação Cultural, Cognitiva e Ética: Filosofia Humanista, Evo-
lucionismo de Charles Darwin, Positivismo de Auguste Comte, Ideal 
Democrático, Materialismo Histórico de Karl Marx;
b) Significação Econômica Social: Industrialização e Urbanização – 
Capitalismo;
c) “Significação Política: formação dos Estados Nacionais, que constru-
íram o ‘tipo ideal de Governo” tendo como base, na sua maioria, o 
Sistema Democrático. 
Nesse período, com o desenvolvimento do Capitalismo, surgem contradições 
sociais e seria inevitável surgir, com elas, as manifestações sociais: movimentos 
de massa. 
Essas manifestações obtiveram visibilidade por intermédio dos Meios de Comuni-
cação que surgiram nesse período. Mas, quais são as características desse período?:
• A sociedade é denominada “da Informação”, baseada nos Meios de Comunicação;
• Afirma-se a autonomia humana;
• Há o fortalecimento da burguesia;
• Aumento do consumo (Fordismo e Taylorismo);
• Crítica ao consumo: Karl Marx sinaliza a alienação das massas;
• Desterritorização: redução do espaço geográfico; novas fronteiras imagi-
nárias, o mundo passa a ser mediado pelos Meios de Comunicação que 
encurtam distâncias;
• Meios de Comunicação: crescem as cadeias de Rádio, Cinema, Jornais, Re-
vistas, Redes de Televisão, Internet etc.;
• A “Cultura da Sociedade Midiática” sob influência dosMedia;
• Sistema Midiático: poder da Mídia relaciona-se à Sociedade de Massa;
• A Mídia se torna cada vez mais persuasiva e advoga em causa própria.
16
17
A Escola Norte-Americana de Comunicação
A principal característica foi buscar um maior grau de cientificidade nos estudos 
comunicacionais (David K. Berlo e Wilbur Schramm). 
Esse modelo sofreu influências da psicologia com John Watson (1878-1958) e 
do Behaviorismo (Ciência do Comportamento) que pregava, entre outras coisas, os 
automatismos comportamentais. 
No mesmo ano em que os estudos de Shannon foram divulgados, seu ex-
-professor Norbert Wiener (1894-1965) publicou Cybernetics or Control and 
Commmunication in the Animal and Machine, no qual ele profetiza o uso da 
Informação (Mattelart; Mattelart, 2000), mas faz um alerta ao seu excesso. 
Para ele, isso significaria a “[...] entropia, que é a tendência que tem a natureza 
de destruir o ordenado e precipitar a degradação biológica e a desordem social [...]” 
(Ibid., p. 66).
Modelo Matemático-Informacional
Os responsáveis por esse modelo foram Claude Shannon e Warren Weaver, En-
genheiros da Companhia Telefônica dos EUA. Esse modelo é também conhecido 
por Teoria da Informação. 
A comunicação é feita por meio de uma fonte de informação que seleciona uma 
mensagem desejada a partir de um conjunto de mensagens possíveis. Em outras 
palavras, a comunicação é realizada a partir de uma mensagem, por meio de um 
canal, e levada ou entregue ao destinatário. 
Observe como esse modelo se assemelha às nossas práticas diárias. Para enviar 
um e-mail., o que você faz? Escreve o e-mail, depois o envia, alguém o recebe e o lê. 
Quando a mensagem não for assimilada ou entendida pelo receptor, admite-se 
que houve falha na emissão da mensagem e esse fato se dá em função de um ruído 
(elemento interno ou externo que interfere na transmissão de uma mensagem).
Esse modelo não está preocupado com a comunicação social ou seus desdobra-
mentos, mas com o processo mecânico, matemático. Ele é conhecido como Mass 
Comunication Research (ARAÚJO, 2008). 
17
UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista
Escola Funcionalista e o Mass 
Communication Research
Como já vimos, no início do século XX, as mudanças de paradigmas sociais, 
econômicos e políticos influenciaram os estudos sobre a Sociedade. No primeiro 
quartel do século XX, as mudanças já eram conhecidas, estudadas e a corrente 
norte-americana de pensamento sociológico, a Escola de Chicago, realizava pes-
quisas para compreender melhor essas alterações.
Na década de 1940, também nos EUA e, mais precisamente, na Universidade 
de Harvard, em Colúmbia, surge a Escola Funcionalista que tem, entre seus repre-
sentantes, Robert Merton, Paul Lazarsfeld e Talcot Parsons. 
A origem do Funcionalismo inicia-se com o pensamento do sociólogo inglês 
Herbert Spencer (1882-1903) e a do francês Emile Durkheim (1855-1917). 
Agora, vamos lembrar um pouco do que já dissemos sobre a Escola de Chicago. 
Naquela época, viveu-se a experiência e o desenvolvimento das Ciências Naturais 
e o mundo era regido por elas. Tanto assim, que a Ecologia Humana comparou as 
Sociedades aos organismos vivos. 
Dessa forma, Sociedade e tudo que era organismo vivo se relacionavam entre si 
e tanto um como outro acabavam interdependentes. Essas partes eram os subsiste-
mas (estruturas), que funcionavam de maneira independente, mas que dependiam 
também do todo. 
Grosseiramente, podemos dizer que cada parte era como um pedaço, uma peça 
de alguma coisa. Mas o que isso tinha a ver com a Sociedade?
 Cada “pedaço” da Sociedade desempenha um papel ou papéis sociais que con-
tribuem para torná-la estável e, de forma organizada, formar o todo social. A essa 
Teoria damos o nome de Funcionalista-estrutural. 
Dessa maneira, tudo se inter-relaciona na Sociedade: a Economia, a Política, a 
família, a Educação... todos são interdependentes e atuam simultaneamente, isto 
é, interagem entre si para garantir funcionamento do todo. Se uma das partes não 
funcionar corretamente, o Sistema torna-se instável. 
Eles imaginaram essa interpelação a partir do que conheciam das ciências físico-
-biológicas. Imagine o corpo humano e todos os órgãos que têm dentro dele. Se o 
rim não funciona, aumenta a pressão arterial; se aumenta a pressão arterial, o 
coração sofre sobrecarga e por aí vai, entendeu?
“Transportaram” essa ideia para a compreensão da sociedade... 
Ficou mais claro? 
Bem, então, quando a sociedade tem algum problema, Robert Merton chamou 
essa instabilidade de Disfunção Social.
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Várias áreas de conhecimento utilizaram essa teoria: a Psicologia, a Econo-
mia, a Comunicação. Na Comunicação, esses estudos foram chamados de Mass 
Comunication Research. 
Mas, o que The Mass Comunication Research tem em comum com as outras 
áreas de conhecimento?
Segundo Araújo (2008), são quatro características em comum: 
1. Orientação empiricista de estudo, privilegiando os estudos quantitativos;
2. Orientação pragmática, mais política do que científi ca que determinou a 
problemática dos estudos. Orientou-se, inicialmente, em pesquisas para o 
Estado americano, Forças Armadas, ou grandes conglomerados de área 
de comunicação com o objetivo de otimizar os resultados; 
3. Objeto de estudo voltado para a Comunicação mediática;
4. Modelo comunicativo que fundamenta os estudos (ARAÚJO, 2008, p.120).
O estudo da Mass Comunication Research inicia-se com a Teoria Matemáti-
ca de Comunicação ou Teoria da Informação, elaborada por Shannon e Weaver 
(1949), que sistematizaram o processo comunicativo da seguinte maneira:
FONTE TRANSMISSOR RECEPTOR DESTINO
SINAL SINAL RECEBIDO
FONTE DE INTERFERÊNCIA
Figura 2
A referência dos estudos empíricos é de Laswell com a obra Propaganda 
Techniques in the World War (1927) sobre as lições aprendidas acerca da I Gran-
de Guerra Mundial.
Segundo Mattelart e Mattelart (2000):
Os meios de difusão surgiram como instrumentos para a “gestão governa-
mental das opiniões”, tanto de populações aliadas como de inimigas, e de 
maneira mais geral, partindo das técnicas de comunicação, do telégrafo e 
do telefone, para o cinema, passando pela radiocomunicação, deram um 
salto considerável (...) A propaganda constitui o único meio de suscitar a 
adesão das massas; além disso, é mais econômica que a violência, a cor-
rupção e outras técnicas de governo desse gênero (...) Pode ser utilizada 
para bons ou maus fins. 
Essa visão instrumental consagra uma representação da onipotência da 
mídia, considerada como ferramenta de circulação “eficaz dos símbolos” 
(MATTELART; MATTELART, 2000, p. 37).
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UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista
Segundo esses autores, a audiência é vista como algo amorfo ou informe e que 
obedece sem questionar aos estímulos recebidos. Surge desse pensamento a teoria 
da bala mágica ou bullet magic, ou da agulha hipodérmica que pode ser traduzida 
como o efeito que os Meios de Comunicação têm sobre a Sociedade. 
Dessa maneira, os Meios de Comunicação atuam de maneira uniforme, direta, 
indiscreta, indeterminada e afeta a todos indiscriminadamente:
FONTE CANAL
CANAL MENSAGEM
EMISSOR
RECEPTOR
Figura 3
Por essa teoria, o receptor da mensagem é passivo e a Sociedade é vista como 
massa que reage mecanicamente aos estímulos recebidos.
Esse pensamento tem suas raízes nas Teorias da Psicologia que estavam na moda. 
Resumidamente, são elas:
1. A psicologia das massas de Le Bon que dizia que as multidões são 
conduzidas por alguém. Há um condutor e um conduzido;
2. O Behaviorismo (1914), que trata do comportamento;
3. As Teorias de Ivan Pavlov, que fala do condicionamento;
4. Os estudos de MacDougall, pioneiro da Psicologia Social, que levantava a 
influência dos impulsos/instintos sobre os homens e animais.
Essas teorias ajudavam a explicar a influência das Mídias sobre as pessoas. 
Há um fato que demonstra essa influência. É a novela A Guerra dos Mundos, 
cuja refilmagem com o nome de Marte ataca, originou umaonda de pânico na 
cidade de Nova Iorque. 
O fato é que essa teoria inaugurou a chamada pesquisa de opinião, que é quanti-
tativa, e foi usada por várias agências de pesquisa, entre elas, a Gallup, para traçar 
o perfil de leitores, eleitores e tendências americanas.
A Sociologia Funcionalista da mídia elaborou a fórmula clássica:
1. Quem diz o quê?
2. Por qual canal?
3. Com que efeito?
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Essa mesma fórmula foi ampliada para:
1. Quem diz o quê?
2. Quando-Período?
3. Onde – Qual o meio?
4. Por que – Qual a intenção?
5. Para quem – Público alvo?
Dessa fórmula, originaram-se as análises de conteúdo, das mídias, de audiência 
e de efeitos. 
Por exemplo: quando uma Empresa lança um determinado produto no Merca-
do, ela precisa saber o que ele representou para os seus consumidores, ou quando 
se lança uma campanha sobre um determinado produto e quer saber qual foi o 
impacto gerado na Sociedade, então, pesquisam-se os efeitos da mídia. 
A fórmula para medir é simples:
EFEITOSMENSAGEM RECEPTOR
Figura 4
Um pouco mais tarde, a esse modelo foram adicionados outros fatores: idade, 
sexo, classe econômica etc. que visam a “fechar” a pesquisa, ou seja, dirigi-la aos 
públicos-alvo adequados. 
Segundo Laswell, o Processo de Comunicação cumpre três funções principais 
na Sociedade: 
1. Vigilância do meio, revelando tudo o que poderia ameaçar ou afetar os 
sistemas de valores de uma Comunidade ou das partes que a compõem;
2. Estabelecimento de relações entre os componentes da sociedade para 
produzir uma resposta ao meio; 
3. Transmissão da herança social” (LASWELL,1948 In MATTELART; 
MATTELART, 2000, p. 41).
Um pouco mais tarde, dois outros sociólogos, Paul F. Lazarsfeld e Robert K. 
Merton acrescentaram uma quarta função ao Processo Comunicacional, a de 
entretenimento ou diversão. Para eles, “as funções da comunicação impedem que 
as disfunções precipitem a crise no sistema”. (Ibid., 42)
O duplo flow step da Comunicação (Lazarfeld e Elihu Katz) iniciou-se com o 
estudo sobre o comportamento dos consumidores de moda e lazer e “permitiu 
compreender o papel dos ‘líderes de opinião’”. (Ibid., 48)
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UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista
No primeiro degrau, estão as pessoas bem informadas sobre determinado as-
sunto e as expostas à Mídia; no segundo degrau, estão as pessoas com pouca ou 
nenhuma informação sobre o tema. 
Então, quantas vezes você assistiu a um programa de televisão cujo tema desco-
nhecia? Muitas vezes, não é? Mas você observou que nesses programas há sempre 
alguém para explicar ou opinar sobre o tema tratado?
Pois é, olha aí o duplo flow step. Por esses programas, a gente pode adotar 
como verdade o tema, pode descartá-lo, pode questioná-lo. 
Aí, os especialistas de marketing elaboraram o modelo AINDA, cujo significado é:
TENÇÃOA
D
A A
INTERESSE
ESEJO
QUISIÇÃO OU ÇÃO
Figura 5
Por esse modelo, é possível verificar as diferentes impressões sobre determina-
dos produtos. Por exemplo, por que comprar um determinado sabão, uma marca 
de café, uma margarina etc.
Mas ainda assim faltava alguma coisa. Era preciso verificar o que mais poderia 
ser feito para saber sobre o receptor de mensagens. 
Nessa época, surge Kurt Lewin, que era do Massachusetts Institute of Technology 
(MIT), com seus estudos sobre “decisão do grupo”. Essa decisão permite estudar, por 
meio da mensagem emitida, as reações de cada membro do grupo. 
Na realidade, ele estudou como as pessoas são persuadidas ou convencidas a 
adotar um determinado comportamento, ou comprar um determinado produto. 
Na pesquisa, existirá alguém que terá a função de controlar o andamento das in-
formações que são repassadas, garantindo que se construa o formador de opinião 
informal a que se dá o nome gatekeeper. 
Quando um determinado produto ainda não foi lançado, há nas agências de pu-
blicidade, ou de pesquisa de opinião, uma lista de possíveis pesquisados (mail list).
Então, de posse dessa lista, a agência convida pessoas com um determinado 
perfil de consumidor para participar de uma pesquisa num determinado local. Nele, 
outras pessoas que também participarão do mesmo processo formam a opinião do 
produto que entrará no Mercado. 
Então, o produto pode ser modificado, ou mantido do jeito que está, e ir direto 
para as prateleiras do consumidor. 
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A partir da década de 1960, surge outra corrente de pensamento, que é a dos 
“Usos e Gratificações” e pela qual é possível pensar Comunicação e Meios de 
Comunicação de forma integrada e pela qual se estudam as interpretações e as 
satisfações do receptor em relação à recepção das mensagens.
Nessa situação, o receptor, que vinha sendo visto como massa passiva, passa a 
ser agente capaz de interpretar e satisfazer suas necessidades (Araújo, 2008). 
Surge, no mesmo período, a Teoria dos Efeitos em Longo Prazo, que introduz a 
hipótese da Agenda setting e que pensa nos Meios de Comunicação. 
Wolf (2003) utiliza Shaw para esclarecer essa teoria:
Essa hipótese defende que “em consequência da ação dos jornais, da 
televisão e dos outros meios de informação, o público sabe ou ignora, 
presta atenção ou descura, realça ou negligencia elementos específicos 
dos cenários públicos. As pessoas têm tendência para incluir ou excluir 
dos seus próprios conhecimentos aquilo que os mass media incluem ou 
excluem do seu próprio conteúdo. Além disso, o público tende a atribuir 
àquilo que esse conteúdo inclui uma importância que reflecte de perto a 
ênfase atribuída pelos mass media aos acontecimentos, aos problemas, 
às pessoas. (Shaw, 1979 apud Wolf 2003, p. 96)
Esta formulação clássica da hipótese inscreve-se na linha que vai de 
Lippmann aos Lang e a Noelle Neumann: «a hipótese do agenda-setting 
não defende que os mass media pretendam persuadir (...). Os mass media, 
descrevendo e precisando a realidade exterior, apresentam ao públi-
co uma lista daquilo sobre que é necessário ter uma opinião e discutir. 
O pressuposto fundamental do agenda-setting é que a compreensão que 
as pessoas têm de grande parte da realidade social lhes é fornecida, por 
empréstimo, pelos mass media (Shaw, 1979 apud Wolf 2003, p.101).
Como afirma Cohen, se é certo que a imprensa «pode, na maior parte das 
vezes, não conseguir dizer às pessoas como pensar, tem, no entanto, uma 
capacidade espantosa para dizer aos seus próprios leitores sobre que temas 
devem pensar qualquer coisa. (Shaw, 1979 apud Wolf 2003, p.114)
Então, o que essa citação nos conta? 
Ela nos conta que, por essa hipótese, as pessoas usam os assuntos veiculados 
em suas conversas. Então, a Mídia pauta a conversa cotidiana. 
Como isso acontece? 
Por exemplo, um crime de repercussão nacional é explorado como notícia na 
mídia e se torna tema recorrente nas conversas cotidianas, inclusive, criando opi-
nião pública parcial sobre ele.
Na realidade, apesar da escola norte americana ser criticada pelo seu pragmatis-
mo e hoje ter cedido a outras correntes, ela indubitavelmente foi muito importante 
por ter introduzido os estudos e pesquisas quantitativas, pela preocupação das cau-
sas e efeitos e pela preocupação demonstrada com os Estudos da Comunicação.
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UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Uol Educação
Biografia de Herbert Spencer (Educação UOL);
https://goo.gl/paUXtp
Cultura Mix – R7
Escola Funcionalista
https://goo.gl/nsCcNu
 Leitura
A Escola de Chicago
https://goo.gl/hzDeUk
Talcott Parsons e o funcionalismo estrutural - As partes e o todo
https://goo.gl/CdEDXD
Algumas questões de método em sociologia
https://goo.gl/CXFc84
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Referências
COHN, G. Comunicação e Indústria Cultural. 2.ed. São Paulo: Companhia 
Editora Nacional, 1975.
HOHLFELDT, A. Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. 4. 
ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.
MATTELART, A.; MATTELART, M. História das teorias da comunicação. 7.ed. 
São Paulo: Loyola, 2004.
POLISTCHUCK, I.; TRINTA, A. R. Teoriasda comunicação. Rio de Janeiro: 
Campus, 2003.
WOLF, M. Teorias da comunicação. 8.ed. Lisboa: Presença, 2003.
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Outros materiais