Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Teoria da Comunicação e Semiótica Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Denis Garcia Mandarino Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Escola de Chicago e Escola Funcionalista • Breve Histórico da Escola de Chicago; • Contextualização Histórica; • Ecologia Humana; • A Escola do Crime; • Herança da Escola de Chicago; • Escola Funcionalista;z • A Escola Norte-Americana de Comunicação; • Modelo Matemático-Informacional; • Escola Funcionalista e o Mass Communication Research. · Oferecer ao aluno uma visão comparada da Escola de Chicago e da Escola funcionalista. OBJETIVO DE APRENDIZADO Escola de Chicago e Escola Funcionalista Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista Breve Histórico da Escola de Chicago A Universidade de Chicago é uma instituição com mais de um século de tradição (1890) e foi doada ao American Baptist Education Society por John Rockefeler. Ela abriga importantes pesquisadores cujas referências são mundiais. Entre 1915 e 1940, a Escola de Chicago produziu um vasto e variado conjunto de Pesquisas Sociais direcionado à investigação dos fenômenos sociais que ocorriam especifica- mente no meio urbano da grande metrópole norte-americana. Com a formação da Escola de Chicago, inaugura-se um novo campo de Pesqui- sa Sociológica, centrado exclusivamente nos fenômenos urbanos, que dará origem a um novo tipo de estudo, conhecido como Sociologia Urbana. A primeira geração de sociólogos da Escola de Chicago foi composta por Albion W. Small; Robert Ezra Park (1864-1944); Ernest Watson Burgess (1886-1966); Roderick Duncan McKenzie (1885-1940) e William Thomas (1863-1947). Esses pesquisadores foram os responsáveis pelo primeiro Programa de Estudos de Sociologia Urbana. Nas décadas seguintes, outros colaboradores se destaca- ram: Frederic Thrasher (1892-1970), Louis Wirth (1897-1952) e Everett Hughes (1897-1983). Contextualização Histórica O início do século XX marca o advento do Capitalismo, o desenvolvimento dos grandes centros urbanos e a migração maciça de famílias do campo para as cida- des, em busca de trabalho. As cidades representavam a possibilidade de novos empregos e possibilidade de ascensão social e econômica para esses migrantes. Você conhece esse fenô- meno, pois ele ainda ocorre nas grandes cidades e na cidade de São Paulo, con- siderada a maior metrópole da América Latina; não é diferente. Essa migração descontrolada gera a formação de bolsões de pobreza, subempregos, criminali- dade e violência urbana. O surgimento da Escola de Chicago está diretamente ligado ao processo de expansão urbana e ao crescimento demográfico da cidade de Chicago no início do século XX, provocado pelo acelerado desenvolvimento industrial das cidades do Meio-Oeste dos EUA. Veja o que diz Coulon (1995, p.11-2) sobre a Chicago dessa época: [...] Na segunda metade do século XIX, migrantes rurais do Middle West chegaram em massa, bem como um número impressionante de imigran- tes estrangeiros: alemães, escandinavos, irlandeses,italianos, poloneses, 8 9 lituanos, checos e judeus. Em 1900, mais da metade de Chicago havia nascido fora da América. Chicago tornou-se uma cidade industrial, um centro comercial e uma próspera bolsa; o capitalismo selvagem desen- volveu-se e a cidade assistiu vários tumultos (1886) e as greves operárias (1894). Era também a cidade da arte e da cultura, influenciada pela reli- gião protestante, que tinha um grande respeito pelo ensino e pelos livros. Uma cidade moderna, reconstruída de aço e concreto após o incêndio de 1871. Nela foram construídos os primeiros arranha-céus dos Estados Unidos e desenvolveu-se um movimento arquitetônico modernista que também ficaria conhecido como Escola de Chicago. Figura 1 Fonte: Wikimedia Commons Diante de tanto desenvolvimento, a cidade de Chicago não ficou impune às questões sociais apontadas acima. Então, como nas grandes metrópoles brasileiras, a cidade de Chicago assistiu ao surgimento de graves problemas sociais. Em Chicago, no começo do século XX, houve aumento da criminalidade, da delinquência juvenil; o aparecimento de gangues de marginais; aumento de bolsões de pobreza e desemprego; a imigração e, com ela, a formação de várias comuni- dades segregadas (os guetos urbanos, as favelas, os cortiços). Todos esses problemas sociais (que na época, e ainda hoje, muitos sociólogos denominam “patologia social”) se converteram nos principais objetos de pesquisa para os sociólogos da Escola de Chicago. O mais importante a destacar é que os estudos dos problemas sociais estimula- ram a elaboração de novas teorias e conceitos sociológicos, além de novos proce- dimentos metodológicos na tentativa de compreender os porquês dessa desordem na sociedade. Esse fenômeno é chamado de Anomia Social. 9 UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista Ecologia Humana Robert Ezra Park é considerado um dos mais importantes representantes e precursores dos estudos urbanos; junto com Ernest Watson Burgess e Roderick Duncan McKenzie, elaborou o conceito de “ecologia humana”, a fim de sustentar teoricamente os estudos da Sociologia Urbana. Por meio da observação entre o reino animal e o vegetal, Robert Park estabeleceu uma analogia entre ele e o mundo dos homens, criando a Teoria da Ecologia Humana. Por essa Teoria, a cidade é um grande campo de observação ou um grande laboratório social, porque é nela que se manifestam as contradições sociais visíveis e percebidas. O conceito de Ecologia Humana serviu de base para o estudo do comportamen- to humano, tendo como modelo o lugar social em que os indivíduos vivem e cons- troem suas histórias de vida, relacionam-se entre si e criam seu repertório de sig- nificados e conhecimentos. A abordagem ecológica questiona se o habitat social (ou seja, o espaço físico e as relações sociais) determina ou influencia o modo e o estilo de vida dos indivíduos. Nessa época, o pensamento que vigorava era o das Ciências Biológicas, e o uso da razão era visto apenas como um instrumento, isto é, a razão para existir teria de ter um fim a alcançar. O método de pesquisa usado era o da observação, ou seja,o empírico. Então, a comparação entre os seres humanos e os seres animais era inevitável, vez que, como já dissemos, prevaleciam os estudos das Ciências Biológicas. Nessa situação, o uso da palavra indivíduo servia tanto para designar gente como animal ou planta. Quando os pesquisadores da época compararam a sociedade com a natureza, tomaram como exemplo o equilíbrio dela e os resultados que disso provinha. Compreender essa relação entre o meio ambiente e os animais (estudo ecoló- gico) era importante, e compará-la com a sociedade foi um passo pequeno. Dito de outra forma, a questão central era saber até que ponto os comportamentos desviantes, por exemplo, as várias formas de criminalidade são produtos do meio social, ou não, em que o indivíduo está inserido. Park e Burgess se apropriaram do conceito de Ecologia criado por Ernest Haeckel (1859) que definia a Ciência como relações do organismo com o ambiente e estenderam o conceito para todas as condições da existência. Segundo Mattelart & Mattelart (2004), são três os elementos que definem uma comunidade: • População organizada em um território através de uma identidade cultural; • Relação simbiótica entre os sujeitos, isto é, a interdependência mútua gerada por necessidades fisiológicas e sociais; 10 11 • Competição e a divisão de trabalho que não são planejadas e geram uma cooperação competitiva nascidas da formação da “web life” (rede de vida) ligadas por um eixo comum, e que dá sentido à vida e forma a comunidade orgânica. Para Park, esse modelo pode ser transferido para explicar o “ciclo das relações étnicas”, nas comunidades de imigrantes (competição, conflito, adaptação e assimilação). Ainda, de acordo com Mattelart & Mattelart (2004), no capítulo II – Teorias da Comunicação: • Park entende que o biótico é uma superestrutura erguida a partir de uma subestrutura biótica e que a ela se impõe como instrumento de direção e con- trole: o nível social ou cultural. Esse nível é assumido pela comunicação e pelo consenso, cuja função é regular a competição, permitir o compartilhamento de uma experiência e vincular-se à sociedade. • A ecologia humana entende que a mudança adquire o caráter de equilíbrio diante da crise (equilíbrio social e balança biótica), e opera a transição de forma estável. Sabe que até hoje há correntes de pensamentos semelhantes e que se alternam nos Estudos sobre esse tema? Basta você ver as discussões sobre a delinquência juvenil, marginalidade ou ou- tros temas sobre violência urbana por intermédio dos meios de comunicação. Então, prosseguindo: o conceito de Ecologia Humana e a Concepção Ecológica da Sociedade foram muito influenciados pelas abordagens teóricas do “Evolucio- nismo Social”. Voltando um pouco à época desses estudos, estavam em voga os estudos de Darwin sobre a evolução das espécies, que o Evolucionismo Social tomou como referência. Essa época é também a época do Positivismo, que preconizava uma lógica ra- cional e de um mundo concebido de tal forma que uma coisa sucede à outra, de maneira precisa. O melhor exemplo para você entender esse pensamento é o lema da bandeira brasileira “Ordem e Progresso”. Então, dentro dessa lógica, um país ordeiro é um país que progride e é natural que uma coisa puxe a outra, compreendeu? Você deve estar se perguntando: Darwin também formulou a Teoria da Evolu- ção Social? Nós diríamos, não. Mas as suas ideias foram “emprestadas” pelos sociólogos, que acreditavam que as Sociedades evoluiriam para um estágio superior, acompanhando o desenvol- vimento das espécies, explicando de certa forma o desaparecimento de algumas sociedades e o aparecimento de novas outras. Então, a cidade como um grande e complicado “laboratório social” que pode ser entendido por meio dos sinais de desorganização, de marginalidade, de aculturação, 11 UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista de assimilação, é entendida como o lugar da mobilidade não só física geográfica, mas social. As Pesquisas Sociológicas dessa época foram marcadas pelo uso sistemático dos métodos empíricos, o que permitiu elencar variadas formas de anomalias sociais. O que isso quer dizer? Ora, a coleta de dados e informações sobre as condições e os modos de vida ur- banos passou a ser observada e estudada revelando as incongruências da Socieda- de. A partir daí, os seus efeitos poderiam apontar para soluções viáveis, tornando a cidade mais humanizada. O uso de métodos descritivos deu suporte aos estudos biográficos com base nas narrativas pessoais ou de grupos (histórias de vida), em primeira mão. A esse tipo de estudo chamamos de informações primárias e, em história, de história oral, já que o pesquisado e as pessoas que se relacionam entre si são os au- tores de suas próprias histórias e as interpretam de acordo com as suas referências pessoais, sociais e culturais. A pesquisa é feita de forma participativa. O pesquisador ao mesmo tempo é pesquisador e participante dela e interage com o pesquisado (interacionismo). Veja o exemplo que de fato aconteceu, cujo relato completo está no livro The taxi dance hall, de Cressey (1932). O autor relata sobre os taxi dance halls, que eram lugares das dançarinas profissionais. Essa atividade apareceu em São Fran- cisco/CA no início do século XX. Esses lugares, de má reputação, eram frequentados por homens, na maioria imigrantes proletários, que iam dançar, e as dançarinas eram pagas “por dança”, tendo de repartir seus ganhos com o dono do estabelecimento. Como os donos dos estabelecimentos e os frequentadores não cooperavam, os observadores foram aos salões como clientes em busca de diversão e realiza- ram a pesquisa. Segundo Coulon, (1995, p.106), a pesquisa tinha três objetivos: • Dar uma visão íntima e sem viés ao mundo das taxi-dance hall e seus “clientes”; • Traçar a história da taxi dance hall como instituição urbana, descobrir as con- dições favoráveis a seu aparecimento e a seu desenvolvimento e analisar suas funções em termos de satisfação das necessidades de seus clientes; • O terceiro era apresentar de modo mais imparcial possível as formas de contro- le, suscetíveis de manter a ordem, criar códigos de conduta por parte de todos. Outros exemplos podem ser vistos, como, o investigador vai morar no bairro em que a criminalidade é muito grande, isto é, ele passará a conhecer o lugar, seus habitantes, recolher as informações sobre as pessoas, não se identificando como investigador, mas como igual, como um morador comum. A construção do self ou a construção da sua individualidade. 12 13 O indivíduo é capaz de uma experiência singular e única, que traduz sua história de vida, sendo ao mesmo tempo submetido às forças de nivelamento e homoge- neização do comportamento. Ainda por meio dos estudos biográficos, foi possível conhecer, em detalhes, as origens sociais dos sujeitos investigados, chegando ao cotidiano e às interações sociais que ocorrem no interior de grupos fechados. Esses grupos poderiam ser as gangues de rua, os guetos étnicos, os grupos de marginais ou criminosos comuns. O conhecimento da trajetória de vida desses grupos permitiu conhecê-los de forma aprofundada e entender o que os levava à exclusão social ou à marginalidade. A Escola do Crime Há filmes nacionais que mostram, de forma romanceada, esse tema. Um deles é o Ônibus 174 e o outro é Última Parada 174. O estudo da grande metrópole norte-americana, por parte dos pesquisadores da Escola de Chicago, privilegiou algumas temáticas. As variadas formas de criminali- dade e o fenômeno da imigração foram os temas que eles mais estudaram. Essa preocupação estava vinculada aos vários problemas sociais que a cidade de Chicago enfrentava: a criminalidade, a marginalidade e a chegada de grandes ondas imigratórias de europeus, principalmente, os que buscavam refúgio nos Esta- dos Unidos da América, decorrente da crise econômica provocada pela 1ª Guerra Mundial e pelo advento do Capitalismo industrialque carecia de mão de obra. As pessoas que imigravam, na maioria, não tinham lugar para ficar e se fixavam nos locais mais distantes e baratos para morar. A cidade era estranha a elas... Os estudos da época apontavam que as áreas mais abandonadas da cidade pelo poder público, sem infraestrutura adequada, serviços essenciais como saúde e educação transformavam-se rapidamente em locais de moradia para essa leva de imigrantes e logo surge a ação das gangues de rua e dos bandos de delinquentes juvenis. Esses locais se tornaram rapidamente áreas nas quais as taxas de crimina- lidade eram muito altas. Desse modo, os pesquisadores demonstraram que a cidade tinha áreas sociais que motivavam ação do crime: o espaço urbano degradado favorecia a quebra das regras e instituições sociais (escola, família) e, de certa forma, produzia comporta- mentos desviantes. Sobre comportamentos desviantes, veja o que Giddens (2008) diz: O estudo do comportamento desviante é uma das áreas mais intrigantes e complexas da Sociologia, ensinando-nos que ninguém é tão normal quan- to gosta de pensar. Ajuda-nos igualmente a perceber que aquelas pessoas 13 UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista cujo comportamento pode parecer estranho ou incompreensível são seres racionais quando compreendemos a razão dos seus atos. O estudo do desvio, tal como outros campos da Sociologia, centra-se no poder social, bem como na influência da classe social – as divisões entre ricos e pobres. Quando olhamos para o desvio ou para a conformidade às normas ou regras sociais, temos sempre que questionar: “as regras de quem?”. Como veremos, as normas sociais são fortemente influenciadas pelas divisões de classe e poder. O que se entende por desvio? O desvio pode ser definido como uma inconformidade em relação a de- terminado conjunto de normas aceitas por um número significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade. Nenhuma sociedade, como já foi enfatizado, pode ser dividida de um modo linear entre os que se desviam das normas e aqueles que estão em conformidade com elas. A maior parte das pessoas transgride, em certas ocasiões, regras de com- portamento geralmente aceitos. Quase toda a gente, por exemplo, em determinada altura já cometeu atos menores de roubo, como levar algu- ma coisa de uma loja sem pagar ou apropriar-se de pequenos objetos do emprego – como papel de correspondência – e dar-lhe um uso privado. Sobre a imigração, os pesquisadores procuraram compreender as interações que ocorrem quando da chegada do imigrante na grande metrópole. Basicamente, identificaram quatro tipos básicos de interação social: competição, conflito, aco- modação e assimilação. Observe seus significados traduzidos de forma muito simples: I. Todos somos movidos a competir e a competição faz parte do desen- volvimento da sociedade. A competição está ligada ao controle social. A competição organiza de certa forma a sociedade, pois ela orienta novas formas de trabalho, introduz uma nova forma de relação social baseada nas relações econômicas. II. A existência do conflito permite que se busque respostas para ele. Todos temos conflitos de ordem pessoal ou social. O conflito social é derivado da competitividade e cria um sentimento de solidariedade pelos que o partilham. III. A resolução desses conflitos permite com que o sujeito busque alter- nativas, o que lhe confere equilíbrio. IV. A acomodação ou adaptação sugere o esforço do grupo para ajustar- -se às novas situações que lhe são impostas, nem sempre é pacífico, mas que tende à aceitação das diferenças. Uma vez resolvido o conflito, após um período de “calmaria”, o sujeito passa à fase de adaptação. V. A assimilação é o processo pelo qual o sujeito não despreza seus co- nhecimentos anteriores (cultura), ao contrário, os valorizas, mas adota comportamentos que facilitem sua existência na sociedade. 14 15 Herança da Escola de Chicago A orientação dos estudos elaborados sobre a Escola de Chicago dominou a So- ciologia norte-americana até a metade da década de 1930, mas sua influência se estendeu nas décadas seguintes. A Escola de Chicago desempenhou papel relevante na institucionalização da Sociologia como Ciência Acadêmica, nos Estados Unidos, dando origem aos estu- dos etnográficos ou aos estudos nos quais a observação participativa é fundamental para a pesquisa. Para Coulon (1995, p. 115): [...] a Escola de Chicago pode ser considerada como o berço de uma grande variedade de abordagens empíricas, inclusive a da observação par- ticipativa, que tem em comum o fato de se inserir em uma sociologia urbana prática e de ter inaugurado, em resumo a indagação sociológica direta junto aos indivíduos, deixando para trás a sociologia especulativa que marcara a época anterior. Ao centrar seus estudos nos problemas sociais, porém, ela foi criticada por negligenciar a elaboração de teorias sociológicas a partir da reflexão intelectual dissociada da Sociologia Aplicada. Até certo ponto, essa afirmação é verdadeira, mas as contribuições que a Escola de Chicago forneceu à Sociologia não podem ser desprezadas ou negadas. A com- paração dos fatos a partir da vivência do Cientista Social no meio urbano e na vida das comunidades por meio da observação direta para coletar os dados é até hoje muito importante. Há vários relatos de casos em que, por exemplo, o jornalista investigativo mer- gulha na comunidade para coletar dados e fazer uma grande matéria. Foi o caso do jornalista Tim Lopes, que foi assassinado durante a realização de uma reportagem sobre bailes funks nos subúrbios do Rio de Janeiro. Essas contribuições são importantes para o estudo da comunicação, para ampliação do repertório intelectual e para as práticas comunicacionais. A partir de 1940, inaugura-se um novo período de estudos decorrentes, sobre- tudo, das mudanças que o mundo assistia. Com o término da 2ª Guerra Mundial, há aumento do consumo dos bens indus- trializados, fortalecimento do Capitalismo e dos Meios de Comunicação. Os pesquisadores sociais abandonam as técnicas qualitativas marcadas pela Escola de Chicago no seu início e introduzem a pesquisa de modelo quantitativo na Univer- sidade de Columbia, sendo Robert Merton e Paul Lazarfeld seus representantes. 15 UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista Escola Funcionalista A partir do século XVI, até meados do século XX, houve muitas mudanças de paradigmas, baseados em três núcleos de significação, segundo Polistchuck e Trin- ta (2003). Essas mudanças foram ampliadas a partir do século XX e caminharam em dire- ção ao século XXI. Esses núcleos são: a) Significação Cultural, Cognitiva e Ética: Filosofia Humanista, Evo- lucionismo de Charles Darwin, Positivismo de Auguste Comte, Ideal Democrático, Materialismo Histórico de Karl Marx; b) Significação Econômica Social: Industrialização e Urbanização – Capitalismo; c) “Significação Política: formação dos Estados Nacionais, que constru- íram o ‘tipo ideal de Governo” tendo como base, na sua maioria, o Sistema Democrático. Nesse período, com o desenvolvimento do Capitalismo, surgem contradições sociais e seria inevitável surgir, com elas, as manifestações sociais: movimentos de massa. Essas manifestações obtiveram visibilidade por intermédio dos Meios de Comuni- cação que surgiram nesse período. Mas, quais são as características desse período?: • A sociedade é denominada “da Informação”, baseada nos Meios de Comunicação; • Afirma-se a autonomia humana; • Há o fortalecimento da burguesia; • Aumento do consumo (Fordismo e Taylorismo); • Crítica ao consumo: Karl Marx sinaliza a alienação das massas; • Desterritorização: redução do espaço geográfico; novas fronteiras imagi- nárias, o mundo passa a ser mediado pelos Meios de Comunicação que encurtam distâncias; • Meios de Comunicação: crescem as cadeias de Rádio, Cinema, Jornais, Re- vistas, Redes de Televisão, Internet etc.; • A “Cultura da Sociedade Midiática” sob influência dosMedia; • Sistema Midiático: poder da Mídia relaciona-se à Sociedade de Massa; • A Mídia se torna cada vez mais persuasiva e advoga em causa própria. 16 17 A Escola Norte-Americana de Comunicação A principal característica foi buscar um maior grau de cientificidade nos estudos comunicacionais (David K. Berlo e Wilbur Schramm). Esse modelo sofreu influências da psicologia com John Watson (1878-1958) e do Behaviorismo (Ciência do Comportamento) que pregava, entre outras coisas, os automatismos comportamentais. No mesmo ano em que os estudos de Shannon foram divulgados, seu ex- -professor Norbert Wiener (1894-1965) publicou Cybernetics or Control and Commmunication in the Animal and Machine, no qual ele profetiza o uso da Informação (Mattelart; Mattelart, 2000), mas faz um alerta ao seu excesso. Para ele, isso significaria a “[...] entropia, que é a tendência que tem a natureza de destruir o ordenado e precipitar a degradação biológica e a desordem social [...]” (Ibid., p. 66). Modelo Matemático-Informacional Os responsáveis por esse modelo foram Claude Shannon e Warren Weaver, En- genheiros da Companhia Telefônica dos EUA. Esse modelo é também conhecido por Teoria da Informação. A comunicação é feita por meio de uma fonte de informação que seleciona uma mensagem desejada a partir de um conjunto de mensagens possíveis. Em outras palavras, a comunicação é realizada a partir de uma mensagem, por meio de um canal, e levada ou entregue ao destinatário. Observe como esse modelo se assemelha às nossas práticas diárias. Para enviar um e-mail., o que você faz? Escreve o e-mail, depois o envia, alguém o recebe e o lê. Quando a mensagem não for assimilada ou entendida pelo receptor, admite-se que houve falha na emissão da mensagem e esse fato se dá em função de um ruído (elemento interno ou externo que interfere na transmissão de uma mensagem). Esse modelo não está preocupado com a comunicação social ou seus desdobra- mentos, mas com o processo mecânico, matemático. Ele é conhecido como Mass Comunication Research (ARAÚJO, 2008). 17 UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista Escola Funcionalista e o Mass Communication Research Como já vimos, no início do século XX, as mudanças de paradigmas sociais, econômicos e políticos influenciaram os estudos sobre a Sociedade. No primeiro quartel do século XX, as mudanças já eram conhecidas, estudadas e a corrente norte-americana de pensamento sociológico, a Escola de Chicago, realizava pes- quisas para compreender melhor essas alterações. Na década de 1940, também nos EUA e, mais precisamente, na Universidade de Harvard, em Colúmbia, surge a Escola Funcionalista que tem, entre seus repre- sentantes, Robert Merton, Paul Lazarsfeld e Talcot Parsons. A origem do Funcionalismo inicia-se com o pensamento do sociólogo inglês Herbert Spencer (1882-1903) e a do francês Emile Durkheim (1855-1917). Agora, vamos lembrar um pouco do que já dissemos sobre a Escola de Chicago. Naquela época, viveu-se a experiência e o desenvolvimento das Ciências Naturais e o mundo era regido por elas. Tanto assim, que a Ecologia Humana comparou as Sociedades aos organismos vivos. Dessa forma, Sociedade e tudo que era organismo vivo se relacionavam entre si e tanto um como outro acabavam interdependentes. Essas partes eram os subsiste- mas (estruturas), que funcionavam de maneira independente, mas que dependiam também do todo. Grosseiramente, podemos dizer que cada parte era como um pedaço, uma peça de alguma coisa. Mas o que isso tinha a ver com a Sociedade? Cada “pedaço” da Sociedade desempenha um papel ou papéis sociais que con- tribuem para torná-la estável e, de forma organizada, formar o todo social. A essa Teoria damos o nome de Funcionalista-estrutural. Dessa maneira, tudo se inter-relaciona na Sociedade: a Economia, a Política, a família, a Educação... todos são interdependentes e atuam simultaneamente, isto é, interagem entre si para garantir funcionamento do todo. Se uma das partes não funcionar corretamente, o Sistema torna-se instável. Eles imaginaram essa interpelação a partir do que conheciam das ciências físico- -biológicas. Imagine o corpo humano e todos os órgãos que têm dentro dele. Se o rim não funciona, aumenta a pressão arterial; se aumenta a pressão arterial, o coração sofre sobrecarga e por aí vai, entendeu? “Transportaram” essa ideia para a compreensão da sociedade... Ficou mais claro? Bem, então, quando a sociedade tem algum problema, Robert Merton chamou essa instabilidade de Disfunção Social. 18 19 Várias áreas de conhecimento utilizaram essa teoria: a Psicologia, a Econo- mia, a Comunicação. Na Comunicação, esses estudos foram chamados de Mass Comunication Research. Mas, o que The Mass Comunication Research tem em comum com as outras áreas de conhecimento? Segundo Araújo (2008), são quatro características em comum: 1. Orientação empiricista de estudo, privilegiando os estudos quantitativos; 2. Orientação pragmática, mais política do que científi ca que determinou a problemática dos estudos. Orientou-se, inicialmente, em pesquisas para o Estado americano, Forças Armadas, ou grandes conglomerados de área de comunicação com o objetivo de otimizar os resultados; 3. Objeto de estudo voltado para a Comunicação mediática; 4. Modelo comunicativo que fundamenta os estudos (ARAÚJO, 2008, p.120). O estudo da Mass Comunication Research inicia-se com a Teoria Matemáti- ca de Comunicação ou Teoria da Informação, elaborada por Shannon e Weaver (1949), que sistematizaram o processo comunicativo da seguinte maneira: FONTE TRANSMISSOR RECEPTOR DESTINO SINAL SINAL RECEBIDO FONTE DE INTERFERÊNCIA Figura 2 A referência dos estudos empíricos é de Laswell com a obra Propaganda Techniques in the World War (1927) sobre as lições aprendidas acerca da I Gran- de Guerra Mundial. Segundo Mattelart e Mattelart (2000): Os meios de difusão surgiram como instrumentos para a “gestão governa- mental das opiniões”, tanto de populações aliadas como de inimigas, e de maneira mais geral, partindo das técnicas de comunicação, do telégrafo e do telefone, para o cinema, passando pela radiocomunicação, deram um salto considerável (...) A propaganda constitui o único meio de suscitar a adesão das massas; além disso, é mais econômica que a violência, a cor- rupção e outras técnicas de governo desse gênero (...) Pode ser utilizada para bons ou maus fins. Essa visão instrumental consagra uma representação da onipotência da mídia, considerada como ferramenta de circulação “eficaz dos símbolos” (MATTELART; MATTELART, 2000, p. 37). 19 UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista Segundo esses autores, a audiência é vista como algo amorfo ou informe e que obedece sem questionar aos estímulos recebidos. Surge desse pensamento a teoria da bala mágica ou bullet magic, ou da agulha hipodérmica que pode ser traduzida como o efeito que os Meios de Comunicação têm sobre a Sociedade. Dessa maneira, os Meios de Comunicação atuam de maneira uniforme, direta, indiscreta, indeterminada e afeta a todos indiscriminadamente: FONTE CANAL CANAL MENSAGEM EMISSOR RECEPTOR Figura 3 Por essa teoria, o receptor da mensagem é passivo e a Sociedade é vista como massa que reage mecanicamente aos estímulos recebidos. Esse pensamento tem suas raízes nas Teorias da Psicologia que estavam na moda. Resumidamente, são elas: 1. A psicologia das massas de Le Bon que dizia que as multidões são conduzidas por alguém. Há um condutor e um conduzido; 2. O Behaviorismo (1914), que trata do comportamento; 3. As Teorias de Ivan Pavlov, que fala do condicionamento; 4. Os estudos de MacDougall, pioneiro da Psicologia Social, que levantava a influência dos impulsos/instintos sobre os homens e animais. Essas teorias ajudavam a explicar a influência das Mídias sobre as pessoas. Há um fato que demonstra essa influência. É a novela A Guerra dos Mundos, cuja refilmagem com o nome de Marte ataca, originou umaonda de pânico na cidade de Nova Iorque. O fato é que essa teoria inaugurou a chamada pesquisa de opinião, que é quanti- tativa, e foi usada por várias agências de pesquisa, entre elas, a Gallup, para traçar o perfil de leitores, eleitores e tendências americanas. A Sociologia Funcionalista da mídia elaborou a fórmula clássica: 1. Quem diz o quê? 2. Por qual canal? 3. Com que efeito? 20 21 Essa mesma fórmula foi ampliada para: 1. Quem diz o quê? 2. Quando-Período? 3. Onde – Qual o meio? 4. Por que – Qual a intenção? 5. Para quem – Público alvo? Dessa fórmula, originaram-se as análises de conteúdo, das mídias, de audiência e de efeitos. Por exemplo: quando uma Empresa lança um determinado produto no Merca- do, ela precisa saber o que ele representou para os seus consumidores, ou quando se lança uma campanha sobre um determinado produto e quer saber qual foi o impacto gerado na Sociedade, então, pesquisam-se os efeitos da mídia. A fórmula para medir é simples: EFEITOSMENSAGEM RECEPTOR Figura 4 Um pouco mais tarde, a esse modelo foram adicionados outros fatores: idade, sexo, classe econômica etc. que visam a “fechar” a pesquisa, ou seja, dirigi-la aos públicos-alvo adequados. Segundo Laswell, o Processo de Comunicação cumpre três funções principais na Sociedade: 1. Vigilância do meio, revelando tudo o que poderia ameaçar ou afetar os sistemas de valores de uma Comunidade ou das partes que a compõem; 2. Estabelecimento de relações entre os componentes da sociedade para produzir uma resposta ao meio; 3. Transmissão da herança social” (LASWELL,1948 In MATTELART; MATTELART, 2000, p. 41). Um pouco mais tarde, dois outros sociólogos, Paul F. Lazarsfeld e Robert K. Merton acrescentaram uma quarta função ao Processo Comunicacional, a de entretenimento ou diversão. Para eles, “as funções da comunicação impedem que as disfunções precipitem a crise no sistema”. (Ibid., 42) O duplo flow step da Comunicação (Lazarfeld e Elihu Katz) iniciou-se com o estudo sobre o comportamento dos consumidores de moda e lazer e “permitiu compreender o papel dos ‘líderes de opinião’”. (Ibid., 48) 21 UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista No primeiro degrau, estão as pessoas bem informadas sobre determinado as- sunto e as expostas à Mídia; no segundo degrau, estão as pessoas com pouca ou nenhuma informação sobre o tema. Então, quantas vezes você assistiu a um programa de televisão cujo tema desco- nhecia? Muitas vezes, não é? Mas você observou que nesses programas há sempre alguém para explicar ou opinar sobre o tema tratado? Pois é, olha aí o duplo flow step. Por esses programas, a gente pode adotar como verdade o tema, pode descartá-lo, pode questioná-lo. Aí, os especialistas de marketing elaboraram o modelo AINDA, cujo significado é: TENÇÃOA D A A INTERESSE ESEJO QUISIÇÃO OU ÇÃO Figura 5 Por esse modelo, é possível verificar as diferentes impressões sobre determina- dos produtos. Por exemplo, por que comprar um determinado sabão, uma marca de café, uma margarina etc. Mas ainda assim faltava alguma coisa. Era preciso verificar o que mais poderia ser feito para saber sobre o receptor de mensagens. Nessa época, surge Kurt Lewin, que era do Massachusetts Institute of Technology (MIT), com seus estudos sobre “decisão do grupo”. Essa decisão permite estudar, por meio da mensagem emitida, as reações de cada membro do grupo. Na realidade, ele estudou como as pessoas são persuadidas ou convencidas a adotar um determinado comportamento, ou comprar um determinado produto. Na pesquisa, existirá alguém que terá a função de controlar o andamento das in- formações que são repassadas, garantindo que se construa o formador de opinião informal a que se dá o nome gatekeeper. Quando um determinado produto ainda não foi lançado, há nas agências de pu- blicidade, ou de pesquisa de opinião, uma lista de possíveis pesquisados (mail list). Então, de posse dessa lista, a agência convida pessoas com um determinado perfil de consumidor para participar de uma pesquisa num determinado local. Nele, outras pessoas que também participarão do mesmo processo formam a opinião do produto que entrará no Mercado. Então, o produto pode ser modificado, ou mantido do jeito que está, e ir direto para as prateleiras do consumidor. 22 23 A partir da década de 1960, surge outra corrente de pensamento, que é a dos “Usos e Gratificações” e pela qual é possível pensar Comunicação e Meios de Comunicação de forma integrada e pela qual se estudam as interpretações e as satisfações do receptor em relação à recepção das mensagens. Nessa situação, o receptor, que vinha sendo visto como massa passiva, passa a ser agente capaz de interpretar e satisfazer suas necessidades (Araújo, 2008). Surge, no mesmo período, a Teoria dos Efeitos em Longo Prazo, que introduz a hipótese da Agenda setting e que pensa nos Meios de Comunicação. Wolf (2003) utiliza Shaw para esclarecer essa teoria: Essa hipótese defende que “em consequência da ação dos jornais, da televisão e dos outros meios de informação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos. As pessoas têm tendência para incluir ou excluir dos seus próprios conhecimentos aquilo que os mass media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo. Além disso, o público tende a atribuir àquilo que esse conteúdo inclui uma importância que reflecte de perto a ênfase atribuída pelos mass media aos acontecimentos, aos problemas, às pessoas. (Shaw, 1979 apud Wolf 2003, p. 96) Esta formulação clássica da hipótese inscreve-se na linha que vai de Lippmann aos Lang e a Noelle Neumann: «a hipótese do agenda-setting não defende que os mass media pretendam persuadir (...). Os mass media, descrevendo e precisando a realidade exterior, apresentam ao públi- co uma lista daquilo sobre que é necessário ter uma opinião e discutir. O pressuposto fundamental do agenda-setting é que a compreensão que as pessoas têm de grande parte da realidade social lhes é fornecida, por empréstimo, pelos mass media (Shaw, 1979 apud Wolf 2003, p.101). Como afirma Cohen, se é certo que a imprensa «pode, na maior parte das vezes, não conseguir dizer às pessoas como pensar, tem, no entanto, uma capacidade espantosa para dizer aos seus próprios leitores sobre que temas devem pensar qualquer coisa. (Shaw, 1979 apud Wolf 2003, p.114) Então, o que essa citação nos conta? Ela nos conta que, por essa hipótese, as pessoas usam os assuntos veiculados em suas conversas. Então, a Mídia pauta a conversa cotidiana. Como isso acontece? Por exemplo, um crime de repercussão nacional é explorado como notícia na mídia e se torna tema recorrente nas conversas cotidianas, inclusive, criando opi- nião pública parcial sobre ele. Na realidade, apesar da escola norte americana ser criticada pelo seu pragmatis- mo e hoje ter cedido a outras correntes, ela indubitavelmente foi muito importante por ter introduzido os estudos e pesquisas quantitativas, pela preocupação das cau- sas e efeitos e pela preocupação demonstrada com os Estudos da Comunicação. 23 UNIDADE Escola de Chicago e Escola Funcionalista Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Uol Educação Biografia de Herbert Spencer (Educação UOL); https://goo.gl/paUXtp Cultura Mix – R7 Escola Funcionalista https://goo.gl/nsCcNu Leitura A Escola de Chicago https://goo.gl/hzDeUk Talcott Parsons e o funcionalismo estrutural - As partes e o todo https://goo.gl/CdEDXD Algumas questões de método em sociologia https://goo.gl/CXFc84 24 25 Referências COHN, G. Comunicação e Indústria Cultural. 2.ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1975. HOHLFELDT, A. Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2005. MATTELART, A.; MATTELART, M. História das teorias da comunicação. 7.ed. São Paulo: Loyola, 2004. POLISTCHUCK, I.; TRINTA, A. R. Teoriasda comunicação. Rio de Janeiro: Campus, 2003. WOLF, M. Teorias da comunicação. 8.ed. Lisboa: Presença, 2003. 25
Compartilhar