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TCC- Umidade em paredes

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Técnica para eliminar umidade de rodapé em edificações na fase de execução e pós-obra: estudo de caso em Petrolina-PE.
EURICO DE ANDRADE PEDROSA FILHO – euricopedrosa66@outlook.com
MBA – Gerenciamento de Obras, Qualidade e Desempenho da Construção
Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG
Petrolina, PE, 10 de março de 2018.
Resumo
Tendo em vista a necessidade de desenvolver tecnologias que atendam as normas de desempenho e assim propicie a satisfação do cliente no quesito referente a umidade ascendente, foi que realizamos esse trabalho, cujo objetivo foi apresentar uma solução técnica acessível para a solução dessa patologia, que é tão comum na cidade de Petrolina-PE. Enfatizamos que é mais econômico prevenir que remediar, assim sendo, é fundamental que o projeto contemple a impermeabilização e que a equipe de obra o execute com eficiência.
 Chegamos à conclusão que a técnica adotada para impedir a umidade ascendente nas paredes, com a utilização de asfalto oxidado, tem se mostrado eficaz até o momento, mas carece de mais estudos para encontrar o melhor custo/benefício em função da espessura do produto impermeabilizante, como também, pesquisas na utilização de outros produtos à custos acessíveis.
Palavras-chave: Asfalto oxidado Umidade ascendente. Tecnologia. Eficaz.
1. Introdução
Segundo Souza (2008, p.8) “Na construção civil, os defeitos mais comuns são decorrentes da penetração de água ou devido à formação de manchas de umidade” 
 Esse artigo científico tem como objetivo apresentar uma técnica de impermeabilização eficaz para eliminar as manchas de umidade ascendente em rodapés de paredes tanto na fase construtiva, quanto na fase pós obra, uma vez que a grande maioria das obras da cidade de Petrolina-PE apresentam essa patologia.
 Segundo Yazigi ( 2009, p.516) “O método mais eficaz de combater umidade ascendente em paredes é por meio de impermeabilização horizontal eficaz (de difícil execução se a obra já estiver concluída)”.
De um modo geral, as principais causas de umidade ascendente em rodapés de paredes estão relacionadas com um sistema de impermeabilização mal executado ou com a ausência total deste.
 Apesar da dificuldade de execução de impermeabilização horizontal pós obra, não é algo impossível de ser executado. Que técnica de impermeabilização poderá ser adotada com eficácia tanto na fase de execução da obra quanto na fase pós obra?
 Há a necessidade de combater a causa da umidade nas paredes não apenas por uma questão estética e de vida útil da edificação, mas também devido a questão de saúde pública, pois a umidade produz mofo  que é um fungo gerado capaz de provocar alergias respiratórias, como rinite, bronquite e asma. 
2. Patologia
Segundo Helene (1992, p.19), a patologia pode ser entendida como a parte da engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e as origens dos defeitos das construções civis, ou seja, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema.
Em nosso caso os sintomas são manchas esbranquiçadas nas paredes logo acima do piso; o mecanismo que provoca as manchas é a tensão capilar; a causa é a falta ou má execução de impermeabilização e a origem é devido a presença de água no solo
3. Mecanismos que podem gerar umidade nas construções
Pode ser vista como um agente de degradação ou como meio para a instalação de outros agentes, mas certamente pode-se afirmar que é um dos maiores responsáveis pelas patologias, de forma direta ou indireta, quer se encontre no estado de gelo, líquido ou mesmo enquanto vapor de água. QUERUZ ( 2007, p.85). 
Desta maneira, a proteção da construção contra a água como agente de degradação se torna essencial para sua durabilidade e manutenção de uso, dentro do desempenho adequado. 
Assim, o conhecimento das causas da umidade nas edificações é determinante nas definições de projeto e no tipo de Sistema de Impermeabilização a ser utilizado. Vários são os mecanismos que podem gerar umidade nas construções, sendo os mais importantes: Umidade ascendente por capilaridade; Umidade de Infiltração ou fluxo superficial; Umidade por condensação; Umidade decorrente de intempéries. 
Abordaremos especificamente neste trabalho, a umidade ascendente por capilaridade, os problemas por ela causados e uma solução, dentre outras possíveis, para o assunto.
4. O fenômeno da capilaridade
Entendemos por capilaridade o fenômeno da ascensão da água do solo nas paredes de uma edificação através da tensão superficial. A intensidade da tensão superficial está diretamente relacionada à viscosidade do líquido. A ascensão da água nas paredes se dá pelos capilares que, para Verçoza (1985, p.), são oriundos da descontinuidade dos materiais utilizados na construção civil, formando uma rede de espaços cheios de ar, que vão sendo saturados pela água à medida que esta se desloca dentro do material.
A capilaridade é um fenómeno que é posto bem em evidência quando se mergulha um tubo
fino de vidro - designado por tubo capilar - num recipiente com água (Fig. 1, à esquerda). Verifica-se que o nível da água sobe imediatamente no interior do tubo, destacando-se do nível da água do recipiente. Esta evidência mostra que deve existir necessariamente uma força que, nas condições da experiência, se instala e produz o efeito observado. Esta força toma o nome de força capilar e a sua ação designa-se por capilaridade. 
O fenómeno da capilaridade, por sua vez, ocorre em resultado de uma outra propriedade dos fluidos - a tensão superficial (Fig. 1, à direita). Entre as partículas ou moléculas constituintes de um líquido exercem-se forças de atracção. Estas forças de atracção entre moléculas do mesmo material designam-se por coesão.
 
Fig. 1 - À esquerda, fenómeno da capilaridade e, à direita, tensão superficial 
Uma molécula no interior de um líquido, longe portanto da superfície, será igualmente atraída em todas as direções pelas moléculas vizinhas, pelo que as forças de coesão se equilibram. Contudo, para as moléculas próximas da superfície, dada a inexistência de outras moléculas de líquido acima delas, as forças de coesão não estão equilibradas e, em resultado, a superfície do líquido fica tensionada (Fig. 1, à direita). É também a tensão superficial que explica a curvatura observada da água junto das paredes do tubo (Fig. 1, à esquerda). 
Uma molécula junto à parede do tubo não sofre desse lado a ação de moléculas de água. No entanto, pelo efeito observado, torna-se evidente que esta molécula é atraída pelas moléculas do vidro e que essa força se sobrepõe à ação exercida pelas moléculas de líquido inferiores. A atracção entre moléculas de diferentes materiais é designada por adesão. As moléculas que sobem por adesão junto às paredes do vidro estão também a contribuir para a tensão superficial, puxando as moléculas vizinhas para cima e originando a curvatura observada. 
O fenómeno de ascensão de líquido no tubo capilar não acontece, no entanto, com todos os líquidos. Se a mesma experiência fosse realizada com mercúrio, por exemplo, verificar-se-ia que este, além de não subir no tubo, ficaria ainda abaixo do nível original, e que a curvatura nos bordos seria convexa (Fig. 1, à esquerda). Isto acontece porque o mercúrio não molha a superfície do tubo ou, por outras palavras, não adere. 
A diferença entre os casos da água e do mercúrio permite afirmar que um líquido em repouso é molhante em relação à parede do recipiente que o contém se o ângulo de molhagem (θ) com a parede é inferior a 90º, ou seja, se a superfície do líquido for côncava. O ângulo de molhagem é tanto maior quanto maior a tensão superficial do líquido. Num tubo capilar, líquido molhante sobe até que o peso da coluna de água (F) equilibre a ação da tensão superficial (σ). De acordo com o esquema apresentado na Fig. 2, pode assim escrever-se: 
 
Fig. 2 - Tubo capilar 
 F = ρ . g . π . r2 . h = cos θ . 2 . π . r 
A pressão hidrostática, correspondente à alturado líquido no tubo, equilibra a subpressão ou sucção capilar (pc): 
Pc = -ρ . g . h
vindo a relação entre a subpressão capilar e a tensão superficial dada por: 
 pc = -2 . σ . cos θ / r 
Nesta expressão, a tensão superficial (σ) vem expressa em N/m, o raio capilar em m e o ângulo de contato (θ) em graus º. A altura da ascensão capilar também se tira facilmente:
 
h = -2 . σ . cos θ / (r . ρ . g) 
pelo que se conclui que, tanto a sucção capilar, como a altura de ascensão capilar são inversamente proporcionais ao raio dos capilares. Estão assim intimamente relacionadas com a estrutura interna do material. Verificando-se que a tensão superficial diminui com a temperatura, também aqueles parâmetros são funções decrescentes da temperatura. 
Analisando qualquer uma das duas últimas expressões, verifica-se que a ação da penetração de um líquido por capilaridade num material pode ser contrariada de duas formas: 
• reduzindo a adesão, que é representada pelo ângulo de molhagem; 
• reduzindo a tensão superficial. 
5. Umidade ascendente por capilaridade 
A umidade ascendente pode ser definida, segundo Brito (2003, P.10-11), como o fluxo vertical de água que consegue ascender do solo - através do fenómeno da capilaridade - para uma estrutura permeável. A ascensão de água nas paredes, que pode ocorrer até alturas significativas, é função de:
 - condições de evaporação de água que para aí tenha migrado; 
 - porosidade do material; 
 - permeabilidade do material; 
- quantidade de água que se encontra em contato com a parede. 
A absorção de água pelos materiais de construção por capilaridade ocorre geralmente nas fachadas e em regiões que estão em contato direto com o terreno úmido. A água é conduzida através de canais capilares (poros) existentes nos materiais, devido a sua tensão superficial.
A umidade por ascensão capilar pode ser permanente, quando o lençol freático está muito alto, ou sazonal, em decorrência da variação climática.
Caso a água seja absorvida permanentemente pelo material, e não seja eliminada por ventilação, será conduzida gradualmente para cima, através da capilaridade.
Segundo Freitas et al. (2008) umidade ascensional, proveniente de águas freáticas ou superficiais, ocorre devido ao fenómeno da ascensão capilar. A água ascende através de materiais de construção permeáveis progredindo até que se verifique um equilíbrio entre a absorção (quantidade de água que entra) e a evaporação de água (quantidade de água que sai). Este fenómeno é condicionado por fatores como a quantidade de água em contato com o elemento construtivo, condições de evaporação à superfície, porosidade, espessura, orientação e a presença de sais.
. 
Destacaremos o fator referente à presença de sais no solo e nos materiais de construção que compõem as fundações e a vedações, haja vista ser esse fator uma realidade na cidade de Petrolina-PE
6. O fenômeno da salinidade
De acordo com a definição dada pelo portal Wikipedia, o sal é definido como um composto que, em água, se dissocia num cátion diferente de H+ (cátion hidrogeniônico) e um ânion diferente de OH- (ânion hidroxiliônico), resultante da reação química entre um ácido e uma base
Ao se dissolverem e se cristalizarem, os sais retêm certa quantidade de água em sua estrutura cristalina, cuja quantidade depende das condições de temperatura e umidade, provocando um aumento no seu volume, originando assim uma pressão de hidratação nas paredes dos poros daqueles materiais em que o sal está inserido, criando manchas e podendo, inclusive, causar o rompimento dos mesmos. 
Os sais provenientes do solo e dos materiais de construção mais frequentes de se manifestarem são:
NITRATOS - Sais de origem orgânica, por isso mais frequentes em zonas rurais. O mais corrente é o nitrato de cálcio, que cristaliza a 25ºC e a uma umidade relativa de 50%.
SULFATOS – Sais bastante higroscópicos e solúveis. Cristalizam com grande aumento de volume - o Sulfato de Cálcio, por exemplo, aumenta em 40% o seu volume.
CLORETOS – Provenientes essencialmente dos materiais de construção, da água e de ambientes marinhos. Absorvem grandes quantidades de água quando combinados com outros sais, particularmente com os sulfatos.
CARBONATOS – Estão também presentes nos materiais de construção, transformando-se em bicarbonatos sob a ação da água e do dióxido de carbono 
 No Quadro 1 enumeram-se os sais mais frequentemente encontrados nos diversos materiais de construção.
	SAL EFLORESCENTE
	FÓRMULA QUÍMICA
	POSSÍVEL FONTE
	Sulfato de sódio
	Na2SO4 * 10H2O
	Reação reboco - tijolo
	Sulfato de potássio
	K2SO4
	Tijolo
	Sulfato de cálcio
	CaSO4 * 2H2O
	Tijolo
	Carbonato de cálcio
	CaCO3
	Argamassa ou betão
	Carbonato de sódio
	Na2CO3
	Argamassa
	Carbonato de potássio
	K2CO3
	Argamassa
	Cloreto de potássio
	KCl
	Ácidos de limpeza
	Cloreto de sódio
	NaCl
	Água do Mar
	Óxido de magnésio
	Mn3O4
	Tijolo
7. Patologias causadas pela umidade
Segundo Verçoza (1985, p.11) “Nas construções, os defeitos de impermeabilização podem causar os seguintes problemas: goteiras, manchas, mofo, apodrecimento, ferrugem, eflorescências, criptoflorescências, gelividade e deterioração”.
Darei ênfase no problema da eflorescência e criptoflorescência por serem os que estão presentes na cidade de Petrolina com muita frequência.
Segundo Henriques (1994 p.7) em certas circunstâncias, a deposição dos sais à superfície pode dar origem à formação de eflorescências ou, quando a cristalização ocorra sob os revestimentos de parede, criptoflorescências
7.1 Eflorescências
 Storte (2009, p.5) descreve que o termo eflorescência significa “manchas esbranquiçadas que surgem na pintura, provocadas pela lixiviação de sais solúveis das argamassas e alvenarias”.
As eflorescências aparecem quando a água atravessa uma parede que contenha sais solúveis em seus materiais constituintes ou quando os sais já estão presentes na água. Dissolvendo-se na água eles são trazidos por ela para a superfície, onde a água evapora e os sais se depositam em forma de pó. Eliminando-se a penetração da água, elimina-se a eflorescência.
Segundo Verçoza (1991, p.51) “as eflorescências são muito comuns nas paredes de tijolos. O barro que também é utilizado para fabricar tijolos geralmente contém cal, que combinará para formar eflorescências de carbonato ou de sulfato de cálcio. O barro também pode ter pirita, que provocará o aparecimento de eflorescências ferruginosas.” 
 
 
 Figura 3: Eflorescência em parede. Fonte: http://reformafacil.com.br/dicas-para-evitar-e-corrigir-eflorescencia-na-pintura/
7.2 Criptoflorescências
Também são formações salinas, de mesma causa e mecanismo que as eflorescências, mas agora os sais formam grandes cristais que se fixam no interior da própria parede ou elementos construtivos. Ao crescerem, eles podem pressionar a massa, formando rachaduras e até a queda do revestimento da parede. É causada pela reação da água com sulfatos, que aumentam muito de volume na presença da mesma. Mesmo que a pressão seja pequena, as criptoflorescências fazem desagregar os materiais, principalmente na camada superficial.
 
 
 Figura 4:Criptoflorescência. Fontehttp://www.engenhariacivil.com/dicionario/criptoflorescencia
8. Sistemas de Impermeabilização
A NBR 9575/2010 – Impermeabilização – Seleção e projeto, estabelece:
 “As exigências e recomendações relativas à seleção e projeto de impermeabilização, para que sejam atendidas as condições mínimas de proteção da construção contra a passagem de fluidos, bem como a salubridade, segurança e conforto do usuário, de forma a ser garantida a estanqueidade das partes construtivas que a requeiram. ”
Sabemos que a melhor forma de se evitar essas manifestações patológicas é fazer a escolha e execução corretas do sistema de impermeabilização.
 De acordo com a NBR 9575/2010, a impermeabilização é o conjunto de operações e técnicas construtivas (serviços), composto por uma ou maiscamadas, que tem por finalidade proteger as construções contra a ação deletéria de fluídos, de vapores e da umidade.
Picchi (1986, p.49) reforça a necessidade de um projeto de impermeabilização citando o alto custo de reparação das estruturas afetadas pelas infiltrações, devido à falta ou a má execução dos sistemas impermeabilizantes, quando comparado ao custo de elaboração do projeto. 
A NBR 9575/2010 classifica os tipos de impermeabilização segundo o material constituinte principal da camada impermeável. São eles:
· Cimentícios: argamassa com aditivo impermeabilizante; argamassa modificada com polímero; argamassa polimérica; cimento modificado com polímero.
· Asfálticos: membrana de asfalto modificado sem adição de polímero; membrana de asfalto elastômero; membrana de emulsão asfáltica; membrana de asfalto elastômero, em solução; manta asfáltica.
· Polimérico: a membrana elastomérica de policloropreno e polietileno clorossulfonado; membrana elastomérica de poliisobutileno isopreno (I.l.R), em solução; membrana elastomérica de estireno-butadieno-estireno (S.B.S.); membrana elastomérica de estireno-butadieno-estireno-ruber (S.B.R.); membrana de poliuretano; membrana de poliuréia; membrana de poliuretano modificado com asfalto; membrana de polímero acrílico com ou sem cimento; membrana acrílica para impermeabilização; membrana epoxídica; manta de acetato de etilvinila (E.V.A.); manta de policloreto de vinila (P.V.G.); manta de polietileno de alta densidade (P.E.A.D.); manta elastomérica de etilenopropilenodieno-monomero (E.P.D.M.); manta elastomérica de poliisobutileno isopreno (1.l.R).
Para facilitar a escolha do sistema impermeabilizante foram definidos, através de vários estudos, algumas classificações referentes às características dos materiais empregados, bem como, ao método de execução. São apresentados a seguir, as principais classificações:
a. Classificação quanto a forma de apresentação do Sistema
Pré-fabricadas – sistema que se caracteriza pela aplicação, como material impermeabilizante, de mantas compostas por asfalto e elastômeros, fabricado industrialmente, com espessura e peso por metro quadrado constantes, obtido através de métodos de extrusão ou calandragem e fornecido em rolo com espessura e largura definidos pelo fabricante 
Moldados no local – sistema que utilizam materiais que, uma vez aplicados, com a consistência adequada, formam uma membrana continua, que constitui a impermeabilização 
b. Classificação quanto a aderência ao substrato 
Existem duas possíveis classificações possíveis para aderência ao substrato:
Aderido – como o próprio nome diz, devem estar completamente aderidos à superfície. Podem ser aplicados tanto a quente, colagem autógena, por exemplo, como a frio e apresentam-se tanto na forma de membranas como na forma de mantas, sendo que estas podem ser, também, não-aderidas.
Não-aderido – utilizam materiais que são posicionados sobre a camada de suporte, sem que haja qualquer fixação ao substrato. São ideais para situações de grandes movimentações do substrato, já que as mantas são dúcteis e tem os esforços uniformemente, evitando aberturas ocasionadas por esforços pontuais. Apesar disso, esse sistema possui a dificuldade de localização das falhas, uma vez que a água pode se deslocar entre espaço deixado entre a impermeabilização e o substrato.
c. Classificação quanto a solicitação imposta pela água
Segundo Picchi (1986, p.77), um sistema pode atender a mais de um tipo de solicitação.
A água pode se manifestar de diferentes formas sobre as estruturas e, assim, gerar diferentes solicitações. A NBR 9575/2010 afirma que a classificação quanto à solicitação imposta pela água é fundamental para a escolha do melhor sistema de impermeabilização, pois a estanqueidade dependerá da capacidade do método de resistir a determinada solicitação. A solicitação pode ocorrer de quatro formas distintas: imposta pela água de percolação; imposta pela água de condensação; imposta pela umidade do solo; imposta pelo fluido sob pressão unilateral ou bilateral.
d. Classificação quanto a flexibilidade do sistema
Quando se busca um melhor desempenho na impermeabilização, a flexibilidade do sistema é aspecto extremamente importante. A NBR 9575/2010 apresenta duas possíveis classificações quanto flexibilidade, são elas:
Rígidos – é mais recomendado para áreas internas ou cobertas, em que o substrato apresente poucas falhas. São exemplos desse sistema argamassas impermeáveis, cimentos cristalizantes e membrana epoxídica;
Flexíveis – são ideais para suportes com chance de fissuração, ocasionada por deformações excessivas provindas, na maioria das vezes, dos efeitos climáticos. Membranas poliméricas e asfálticas, além dos diversos tipos de mantas, são exemplos de sistemas flexíveis. 
Conhecer os tipos e as características dos sistemas impermeabilizantes é fundamental para a obtenção de resultados eficientes. No caso da umidade de rodapé, provinda da capilaridade, vários sistemas são empregados para tentar resolver o problema. Veremos a seguir a solução adotada para combater essa patologia.
8 Metodologia
8.1 Metodologia para obras concluídas
Primeiro, retira a argamassa de revestimento com 20 cm acima da parte afetada pela umidade. Em seguida, executa-se rasgos em toda a profundidade da alvenaria, acima da cota do piso existente, com aproximadamente 20 cm de altura e 1 m de comprimento, alternados com distância de 1 m entre eles. Depois, retira-se a impermeabilização, caso exista, limpa-se e regulariza-se os alicerces, no traço 1:4, sejam eles vigas, baldrames, pedra rachão ou qualquer outro tipo. Logo após, aplica-se a impermeabilização em toda a extensão do rasgo. Então, reconstitui-se a parede com o mesmo tipo de tijolo existente, em um comprimento de 0,9 m , e utiliza-se argamassa de assentamento no traço 1:4, tomando cuidado com o acunhamento que será com a mesma argamassa de assentamento e com espessura de 2 cm a 3 cm. 
Ao fim desta etapa, espera-se 3 dias para execução dos rasgos restantes para que a argamassa tenha capacidade de suporte. Então, seguem-se os passos descritos anteriormente só que agora a parede será reconstituída por completo, comprimento de 1,2 m. A primeira reconstituição da alvenaria é feita com 0,9 m para que haja certeza de que haverá uma boa emenda da impermeabilização.
Para finalizar, deve-se revestir com massa única. Internamente sem aditivo impermeabilizante, para que a alvenaria respire e externamente, recomenda-se o uso de aditivo impermeabilizante na argamassa para uma melhor proteção da alvenaria contra águas de chuva ou superficiais.
8.2- Metodologia para obras em construção
Após a conclusão da fundação corrida, acima da qual será elevada a alvenaria, coloca-se nas laterais da mesma, um sarrafo de compensado resinado de 6 mm de espessura por 5 cm de altura, de forma que esse sarrafo ultrapasse o plano superior da fundação em 3 mm. Então, preenche-se esse volume com o produto impermeabilizante.
 
 Figura 5 e 6 : impermeabilização de uma fundação de uma casa em Petrolina 
 Fonte: ( acervo pessoal, 2017)
 
9 Estudo de caso
9.1 Técnica aplicada em uma casa já concluída
Adotamos a solução descrita na metodologia acima numa obra concluída, situada na rua Juscelino Kubitschek, 138- Loteamento Eduardo- Petrolina-PE em 2012, no intuito de corrigir problemas de eflorescência em uma das paredes da casa 
Utilizamos como impermeabilizante o asfalto oxidado que é um composto de cimento asfáltico obtido do asfalto destilado de petróleo por processo de oxidação
O asfalto oxidado é comercializado em estado sólido, por isso levamos o mesmo ao fogo para torna-lo uma pasta fluida e então podermos usá-lo.
Fizemos uma camada de 5 mm de espessura por 20 cm de largura de asfalto oxidado sobre a fundação de sapata corrida de pedra rachão, de maneira que a alvenaria reconstituída ficou no eixo da impermeabilização. Quando a pasta fluidaendureceu ( após 3 h da aplicação), ela formou uma camada impermeável.
A mesma residência vem apresentando eflorescências em outras paredes reincidentemente, as quais estão sendo corrigida apenas substituindo-se o revestimento danificado por outro com aditivos impermeabilizantes. Isso confirma a afirmação de Ripper ( 1984, p.73) “que com uma simples substituição do revestimento úmido por um novo revestimento com aditivo impermeabilizante não se consegue a eliminação da umidade: é uma solução somente de curta duração”.
O proprietário optou por fazer substituições do revestimento nas outras paredes, em vez da solução realizada com sucesso, devido a essa levar mais tempo para ser executada e gerar muitos resíduos, criando uma situação desconfortável para quem continua morando na casa durante a reforma. No entanto, ele tem consciência que as medidas adotadas saíram mais caras, pois houve gastos com mão de obra, reboco, aditivos imprmeabilizantes e pintura anualmente.
 
 Figura 7: Parede da esquerda intacta, parede em frente deteriorada com eflorescência
 .Fonte: ( acervo pessoal, 2018)
Na parede da esquerda (figura 7) foi feita a impermeabilização com asfalto oxidado seguindo a metodologia descrita acima e a parede em frente (figura 7) foram feitas substituições do reboco por um novo, contendo aditivos impermeabilizantes.
9.2 Técnica aplicada em uma casa em construção
Adotamos a solução descrita na metodologia acima para uma obra em construção, situada na rua Gualter Araripe, 161- Camainho do Sol- Petrolina-PE em 1988, com a finalidade de impedir o aparecimento de umidade nas paredes da casa, uma vez ser este um problema comum nas obras em Petrolina.
Após a conclusão da fundação, colocamos um sarrafo de compensado, de 6 mm de espessura por 5 cm de altura, nas paredes laterais da viga baldrame, conforme figura 6 e 7, sendo que nesse caso o sarrafo ficou 10 mm acima da parte superior. Então, derretemos o asfalto oxidado no fogo até ficar com uma consistência pastosa e fluida e preenchemos o espaço em toda a sua largura ( 20 cm) e com 10 mm de espessura. No dia seguinte retiramos os sarrafos e iniciamos a alvenaria. 
Salientamos que nesse caso acima colocamos sobre o asfalto em estado pastoso algumas britas nº 0 para dar uma certa amarração na alvenaria, pois quando o asfalto oxidado endurece ele fica com sua superfície lisa e de pouca aderência. Porém, com o passar do tempo fizemos outras obras sem a brita e a estabilidade da estrutura não foi comprometida devido ao peso das próprias paredes.
10 Conclusão
Concluímos que a solução proposta para eliminar as manchas decorrente da umidade ascendente em rodapés de paredes utilizando asfalto oxidado como produto impermeabilizante em obras concluídas e em execução tem-se mostrado eficaz até o momento.
A casa que sofreu a reforma há 6 anos e utilizou o asfalto oxidado com a espessura de 3 mm, continua com a parede intacta, conforme foto 7 (parede da esquerda)
A casa que adotou a técnica em sua fase construtiva e utilizou o asfalto oxidado com 10 mm de espessura está com 20 anos de construída e as paredes continuam intactas, conforme fotos xx 
Ressaltamos a necessidade do projeto já especificar a técnica apresentada acima e que a equipe responsável pela construção seja cuidadosa durante a execução para que haja de fato eficácia. Assim procedendo, teremos menor custo, uma vez que reparar é um processo muito mais caro e desgastante.
Sugerimos que sejam feitos novos estudos que analisem:
a) o custo/benefício em função da espessura da camada de asfalto oxidado e o tempo de aparecimento de umidade ascendente
b) outros produtos que sejam eficazes, levando em consideração o custo/benefício
.
Referências bibliográficas
ABNT,ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.NBR 9575:
Impermeabilização - seleção e projeto. Rio de Janeiro, 2010.
BRITO, Jorge. Humidade ascendente em paredes térreas de edifícios – Instituto Superior Técnico. Lisboa, 2003
FREITAS, V., TORRES, M., GUIMARÃES, A. Humidade Ascensional. FEUP Edições, Porto, 2008.
HELENE, Paulo R. L.; Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto.
São Paulo: Pini, 1992.
HENRIQUES, Fernando M. A., “Humidades em Paredes”, 3ª edição, Colecção Edifícios, Volume 1, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa, 2001
PICCHI, Flávio Augusto. Impermeabilização de cobertura. São Paulo: Pini Ltda,1986.
QUERUZ, Francisco; Contribuição para identificação dos principais agentes e mecanismos de degradação em edificações da Vila Belga. Dissertação de mestrado- Universidade Federal de Santa Maria, 2007
RIPPER, Ernesto. Como evitar erros na construção. São Paulo: Pini, 1984.
SOUZA, M.F. Patologias ocasionadas pela umidade nas edificações. Trabalho de
Conclusão de Curso (Especialização) – Escola de Engenharia da UFMG, 2008.
STORTE, M. Impermeabilização- Prevenção e Proteção – Instituto Brasileiro do Concreto. São Paulo, 2009
VERÇOZA, Enio José. Impermeabilização na Construção. Porto Alegre: Sagra, 1985.
VERÇOZA, Enio José. Patologia das edificações. Porto Alegre: Editora Sagra, 1991.
Wikipédia – Enciclopédia Livre. Disponível em http://pt.wikipedia.org . Acessado
em 06 de março de 2018.
YAZIGI, Walid. A técnica de edificar. São Paulo: pini, 2009.
 
RETIRADA DO REBOQUE
EXECUÇÃO DE RASGOS ALTERNADOS NA ALVENARIA
RETIRADA DA IMPERMEABILIZAÇÃO
LIMPEZA DO ALICERCE
EXECUÇÃO DA CAMADA REGULARIZADORA DO ALICERCE
APLICAÇÃO DE IMPERMEABILIZANTE
RECONSTITUIÇÃO DA ALVENARIA REMOVIDA
REMOÇÃO DA ALVENARIA RESTANTE SEGUINDO OS PASSOS ANTERIORES
APLICAÇÃO DO REVESTIMENTO EM MASSA ÚNICA
FABRICAÇÃO DE FORMAS COM SARAFOS
MONTAGEM E ALINHAMENTO DAS FORMAS NA FUNDAÇÃO
EXECUÇÃO DA CAMADA IMPERMEABILIZANTE
DESMONTAGEM E RETIRADA DE FORMAS

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