Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
OBSTETRÍCIA PARTO EUTÓCICO EM VACAS Parto é um processo fisiológico pelo qual o útero prenhe elimina o feto e seus envoltórios do organismo materno. O desencadeamento do parto acontece pela maturação fetal. O EHH-adrenal do feto começa a liberal cortisol em resposta ao estresse do final da gestação (hipóxia, pressão atmosférica e hipoglicemia). O cortisol liberado atinge os cotilédones da placenta. Em um parto normal, o bezerro deve estar em apresentação longitudinal anterior ou posterior, posição superior e atitude estendida. FASES DO PARTO: 1 - PRODRÔMICA Ocorre 3 semanas antes do parto. Na primeira semana ocorre mudanças comportamentais da vaca, ela fica afastada de outros animais e do homem, inapetente, ansiosa e agitada. Em 1-2 semanas antes do parto, o corpo da vaca começa a se preparar para o parto, ocorre assim, o afrouxamento das articulações e ligamentos pélvicos e mamários, relaxamento da musculatura da garupa, ela tem uma locomoção insegura e apresenta edema de vulva e vagina. Faltando 1 dia para o parto ocorre a liberação do tampão de cérvix. 2 - INSINUAÇÃO E DILATAÇÃO Fase com duração de 6-16h que se inicia junto às contrações uterinas e vai até a rupturas das membranas fetais. Os órgãos genitais estão sob intensa ação hormonal, ocorre a insinuação da bolsa com possível ruptura do alantoide, relaxamento e distensão da cérvix, aumento do número de contrações, exteriorização das bolsas fetais e sinais de dores abdominais. 3 - EXPULSÃO Período de 1-3h (vacas multíparas) mas pode chegar até 6h (vacas novilhas). Inicia-se com a ruptura das bolsas fetais e completa-se com o nascimento do feto. Essa fase é marcada pelas contrações abdominais para encaixe gradual e progressivo do feto no conduto pélvico para sua expulsão. DISTOCIA EM VACAS Dificuldade de nascer ou a inabilidade materna de expelir os fetos pelo canal do parto sem assistência. Dentre as inúmeras causas de parto distocico a raça, conformação da vaca e ou do touro, tamanho de bezerros, cruzamentos industriais com raças europeias são fatores que podem levar ao problema EXAME FÍSICO EXTERNO: ABDÔMEN • Movimentos fetais • Contrações abdominais • Relaxamento do abdômen PELVE • Queda da garupa • Relaxamento dos ligamentos sacroisquiásticos GLÂNDULA MAMÁRIA • Edema de úbere • Vazamento de colostro VULVA E PERÍNEO • Edema de vulva • Presença de anexos • Liberação de tampão cervical EXAME FÍSICO INTERNO: VIAS FETAIS DURA E MOLE • Dilatação e lubrificação ANEXOS FETAIS • Características dos líquidos alantoides e aminióticos CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS II RUMINANTES CONDIÇÕES DO FETO • Tamanho • Estática fetal • Viabilidade e malformações TRATAMENTO: CAUSAS FETAIS 1 - CESÁRIA É uma incisão feita no útero para retirada de um ou mais fetos, na qual não conseguiram realizar o parto devido a tamanho ou posição do feto. A incisão pode ser feita através do flanco ou paramediana ventral. A incisão pode ser feita pelo flanco direito quando distensão do rúmen. 2 - MANOBRAS OBSTÉTRICAS Durante os últimos meses de gestação o bezerro faz mudanças de posição no útero para que possa ficar em uma estática favorável, sendo essas manobras de extensão das extremidades, rotação sobre seu próprio eixo de modo que fique na posição correta no canal do parto. E em casos onde isso não ocorre devemos fazer intervenções com manobras obstétricas para possibilitar a passagem do bezerro pelo canal do parto. • Retropulsão, essa manobra consiste em empurrar o feto para dentro do útero, para que possa criar um espaço para posicionar corretamente o bezerro, podendo ter auxílio de muletas obstétricas, respeitando sempre as contrações uterinas • Extensão, consiste em estender membros que se encontra flexionados em posturas incorretas, com força moderada, podendo usar auxílio de correntes obstétricas ou manualmente • Tração, é a força exercida para auxiliar o parto, quando as contrações não são suficientes para expulsão do bezerro, utilizando correntes obstétrica presa atrás das orelhas e occipital ou presa acima das articulações do boleto dependendo do caso e a força exercida não pode superar a força de 2 ou 3 homens, nunca usar forças mecânicas • Rotação, consiste no movimento de rotação do feto no seu eixo longitudinal, corrigindo sua posição • Versão, quando altera a posição transversal dorsal ou ventral para longitudinal anterior ou posterior 3 - FETOTOMIA Conjunto de operações na qual o objetivo principal é reduzir o tamanho do feto dentro do útero, utilizando técnicas de amputação de partes do bezerro, de modo que possa remover o mesmo do útero, a fetotomia pode ser de forma total (onde o feto é totalmente cortado para remoção) ou parcial (onde são utilizados apenas alguns cortes para remoção do feto). É indicada em casos de feto morto e há dilatação materna, fetos monstruosos, para prevenir lesões de vias fetais moles (devido a tração excessiva) e posições anormais de fetos que não possa ser corrigida somente com manobras obstétricas. É contraindicada em casos onde o feto está vivo, quando apresenta rupturas de útero, estreitamento de vias fetais e hemorragias vaginais. 4 - INDUÇÃO Quando não há contração e com dilatação. CAUSAS MATERNAS 1 - ANOMALIAS UTERINAS A atonia uterina ocorre devido à deficiência nas contrações uterinas podendo ser de origem primária ou secundária. Origens primária: sem contração do útero. São decorrentes de disfunção hormonal ou metabólico, como hipocalcemia, gestação gemelar, diminuição de estrógeno, relaxina e ocitocina, hidropsia das membranas fetais e obesidade. Origens secundárias: exaustão na contração do útero. O miométrio se encontra em exaustão. Tratamento 1°/2°: ocitocina ou cesariana. 2 - ANOMALIAS PÉLVICAS A via fetal óssea é composta pelo sacro, primeira a terceira vértebra coccígeas e o osso coxal que é formado pelo ílio, ísquio e púbis, que juntos formam o acetábulo. O estreitamento das dimensões da pelve pode influenciar no momento do parto podendo dificultar a expulsão do feto. As medidas principais para avaliação da pelve para que não cause problemas na hora do parto são Diâmetro Conjugado Verdadeiro e o Diâmetro Biilíaco Médio. Pelvimetria. 3 - ANOMALIAS CERVICAIS As vias fetais moles englobam o cérvix, vagina, vestíbulo da vagina e vulva. A falha na dilatação cervical é a terceira causa mais comum em distócia bovina e necessita de abordagem clínica cuidada para a sua resolução. A existência de partos anteriores, traumatismos com consequentes cicatrizações fibrosas podem impedir uma dilatação normal destas estruturas, dada a perda da sua elasticidade. Mais comum em vacas mais velhas. O sinal clínico mais comum são esforços expulsivos sem insinuação fetal e de seus anexos. Tratamento: aplicação hormonal (relaxina, E2 e PG) e cesariana. Retirar o animal da reprodução. 4 - ANOMALIAS VAGINAIS As anomalias vaginais são geradas pela precocidade ou infantilismo da vaca (todo o caval vaginal e vulva são menores que o normal), em edemas vulvares e tumores que dificultam a passagem fetal. Tratamento: cesárea. 5 - ANOMALIAS VULVARES No caso da falta de dilatação da vulva, geralmente resolve-se com a aplicação de gel lubrificante obstétrico ou em casos mais graves com realização de uma episiotomia. Tratamento: episiotomia pelo método de Bhuner. É uma incisão efetuada na região do períneo para ampliar o canal de parto. ABORDAGEM: • Assistência requerida: ideal três assistentes • Contenção do paciente: área limpa, bem iluminada e coberta • Sedação: xilazina, 5mg/100kg/IM ou 10 a 15mg/450kg/IV. ↑ contração uterina e risco de queda. • Relaxamento uterino: clenbuterol, 300μg por vaca, IM (ventipulmim).• Epidural: 6mL de lidocaina a 2%. Inibe defecação. Inibe qualquer assistência materna ao parto. Não inibe contrações miometriais • Lubrificante obstétrico: gel coloidal, mínimo de 1 litro (pó+ água aquecida). GLÂNDULA MAMÁRIA SEMIOLOGIA: INSPEÇÃO ESTADO GERAL Na inspeção do estado geral do animal a vaca em estação pode estar com os membros afastados para trás, ou, quando em locomoção, acaba afastando lateralmente os membros posteriores para não se chocar com a glândula mamária. Quando em decúbito, deita-se ao lado oposto ao quarto do teto acometido. Pode-se notar postura anti-álgica. AVALIAÇÃO DO ÚBERE Deve ser adequado a uma ordenha mecânica. Os quartos e os tetos devem ser simétricos. As alterações na simetria são decorrentes do rompimento dos ligamentos ou por excesso de volume no leite. Alterações morfológicas da mama: • Mama volumosa • Mama pêndula • Mama em escada ALTERAÇÕES NO ÚBERE: AUMENTO: AUMENTO GENERALIZADO DO ÚBERE (1) Edema fisiológico, que acontece próximo ou logo após o parto. (2) Mastite nos 4/4 das mamas, geralmente acompanhado de rubor. (3) Edema patológico ou inflamações nas mamas, fazendo https://pt.wikipedia.org/wiki/Incis%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADneo https://pt.wikipedia.org/wiki/Parto com que os tetos “parecem” estar entrando para dentro da glândula. AUMENTO GENERALIZADO EM APENAS 1/4 DO ÚBERE (1) Mastites de processo inflamatório agudo (2) Hipertrofia da mama por sequela de mastite. AUMENTO DE VOLUME LOCALIZADO DO ÚBERE (1) Abscessos com coleção purulenta. (2) Cistos lácteos por acúmulo de leite. (3) Cistos cerosos por acúmulo de líquido serosanguinolento. (4) Hematomas com acúmulo de sangue. (5) Neoplasias por papiloma. DIMINUIÇÃO DO ÚBERE: (1) Animais idosos. (2) Novilhas. (3) Vacas secas durante muito tempo. (4) Atrofia da mama por sequela de mastite. AVALIAÇÃO DO TETO: O teto desejável tem comprimento de 8-10cm, largura de 3cm e de formato cilíndrico. AVALIAÇÃO DO BICO DO TETO: Deve ser arredondado e de abertura do canal no centro. A forma do bico do teto é muito importante, pois o (1) aumento do orifício exagerado do teto predispõe infecções por bactérias, mas deixa a ordenha mais fácil, enquanto que a (2) diminuição do orifício do teto aumenta a chance de traumas do teto. DESCIDA DO LEITE: A descida correta do úbere é feita sem estresse. A descida do leite sem estresse é feita pelo hormônio ocitocina, hormônio do qual contrai a musculatura mio-epitelial, relaxa os esfíncter e faz com que o leite desça naturalmente. Quando em estresse, a adrenalina também está presente, hormônio esse antagônico à ocitocina, ocasionando a retenção do leite. A retenção do leite pode gerar (1) irritação no úbere, levando a um processo inflamatório. Outra alteração na descida do leite é a (2) incontinência de leite pelo relaxamento do esfíncter papilar. EXAME FÍSICO PALPAÇÃO DO ÚBERE/PELE Palpar todo o parênquima do úbere, em conjunto, depois, palpar individualmente cada quarto. Palpar o úbere preferencialmente após a ordenha. Na apalpação avaliar a temperatura, sensibilidade, consistência e elasticidade do úbere. É importante avaliar os processos inflamatórios em agudos e crônicos. Os (1) processos inflamatórios agudos apresentam tumor, edema, calor, rubor e dor, as vacas apresentam inquietação e perda na função secretória do leite. Os (2) processos inflamatórios crônicos se apresentam em nódulos de endurecimento firme ou difuso de 5-8cm. A temperatura do úbere pode estar aumentada (1) processo inflamatório ou diminuída (2) mastite gangrenosa acompanhada de cianose. A consistência normal do úbere é macia (lembra gordura), pode haver, naturalmente, (1) granulação fina em vacas saudáveis jovens e (2) granulação graúda em vacas velhas. A consistência ainda pode variar em: • Macia com nódulos de +/-1cm: vacas de 2-3 crias • Firme com nódulos de até 2cm: fibrosamento – histórico de mastite • Firme com nódulos de 5-8cm: mastites crônicas • Endurecimento difuso: mastite crônica de todo tecido • Pastoso: Processo inflamatório agudo ou edema fisiológico • Flutuante: tetos (fisiológico) ou cavidades neoformadas (abscessos, hematomas e cistos) PALPAÇÃO DO TETO Na palpação do teto é avaliada a cisterna do teto. Rolar o teto entre o indicado e o polegar para avaliar presença de cisternite, telite ou galactoforite. As alterações no teto podem ser por concreções de leite, coágulos, massas de fibrina ou pólipos. Todas essas alterações impedem o fluxo normal de leite. LOCALIZAÇÃO DA INFLAMAÇÃO: 1 - MASTITE Inflamação de todo o úbere, generalizado ou individualmente. 2 - TELITE Inflamação do teto. O teto se encontra endurecido. 3 - CISTERNITE Inflamação do cordão da cisterna. O cordão se encontra espessado. 4 - GALACTOFORITE Inflamação da cisterna da glândula mamária. Ocorre a dificuldade em introduzir o dedo na cisterna. INSPEÇÃO DA SECREÇÃO LÁCTEA A ordenha deve ser feita em um recipiente de fundo escuro para contrastar com o leite, a ordenha deve ser feita em todos os 4/4, avaliando a cor, consistência, conteúdo e odor. COR • Leite amarelado (colostro) • Leite sanguinolento (edema ou congestões fisiológicas pós-parto) • Leite seroso (vaca seca ou pré-colostral) • Leite aquoso (alimentar/início de período seco) CONSISTÊNCIA • Leite com grumo (mastite catarral) por infecção de Staphylococcus e Streptococcus • Leite com sangue sugere traumas ou hematomas intra-mamários • Leite purulento/caseoso (mastite apostematosas) por infecção de microrganismos piogênicos como Arcanobacterium pyogenes e Staphylococcus • Leite seroso/sanguinolente com flocos flutuantes (mastite flegmonosas) por microrganismos coliformes • Leite sanguinolento sem grumos (mastite flegmonosas) por Staphylococcus spp e Clostridium spp. Esse tipo de mastite acaba gangrenando ODOR • Nausebundo (odor fétido) por Micrococcus indolicus • Doce (cetose) • Urina (uremia/fraude) EXAMES NO LEITE PARA DIAGNÓSTICO DE MASTITE: 1 - PH Realizado em potenciômetro ou com papéis indicadores. O pH normal do leite é de 6,4-6,8. O leite que se apresenta com mastite tem seu pH aumentado. O processo inflamatório na mama altera a permeabilidade vascular, aumentando a concentração de íons HCO3- 2 - ELETROCONDUTIVIDADE É o resultado do conteúdo de íons presente no leite, principalmente de Na2+, K+ e Cl-. O leite normal se apresenta de 5,5-6,0 mS/cm. O leite que se apresenta com mastite há aumento desse íons, principalmente de Na2+ e Cl-. O processo inflamatório na mama altera a permeabilidade vascular, extravasando outros íons do sangue para o leite. 3 - TEORES DE CLORETO No leite normal a concentração de Cl- é de 90-130 mg/dl. No leite que se apresenta com mastite há um aumento de quase 4x desse íon. 4 - LACTOSE A lactose e o cloro são responsáveis por manter a isotonicidade do leite. O leite normal tem os seus teores de lactose entre 4,48-4,97 g/dl. O leite que se apresenta com mastite tem o seus valores de Cl- aumentados, o Cl- uma provoca redução proporcional na síntese de lactose pelas células mamárias. 5 - CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS As CMT incluem todas as células presentes no leite (desde células de descamação da glândula mamária a leucócitos). O exame pode ser (1) quantitativo - Prescott e Breed pela contagem de células através de esfregaço de leite corado ou por citometria de fluxo. Ou (2) qualitativo, baseado na capacidade que os agentes tensioativos aniônicos tem em destruir as células somáticas e liberar o seu material genético (DNA) provocando gelificação da mistura. Teste útil para mostrar qual dos tetos está doente. 6 - EXAME MICROBIOLÓGICO Permite a identificaçãodo agente etiológico das mastite, bem como pesquisar a sensibilidade do agente isolado à alguns antibióticos pelo antibiograma. 7 - RECONHECIMENTO PRECOCE É a procura de parâmetros que se adequem para avaliar a condição de saúde da mama dos bovinos. DOENÇAS: 1 - ÚLCERA DA LACTAÇÃO A estefanofilariose é uma dermatite crônica causada por nematódeo do gênero Stephanofilaria, mais prevalente no verão e transmitida por moscas. As lesões são encontradas na região escapular, no teto e no jarrete próximo à cauda, na garupa, na coxa e na quartela. São muito frequentes na pele da mama, e particularmente na porção anterior do úbere de vacas leiteiras lactantes. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Úlcera profunda de difícil cicatrização com crostas sanguinolentas de supuração secundária à Staphylococcus spp. DIAGNÓSTICO • Inspeção clínica da lesão • Raspado da úlcera/Punch TRATAMENTO • Organofosforado (local ou sistêmico) - 10g- 100ml de água ou 6% em pasta vaselina 2 - MASTITE Processo inflamatório da glândula mamária, que se caracteriza por alterações físicas e químicas do leite, bem como modificações no tecido glandular. CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA: AMBIENTAL Mastite contraída por contaminação do próprio meio ambiente. São causadas por microrganismos presentes no esterco, barro e água, os quais, ao ingressar no interior do úbere, encontram condições de multiplicação. Streptococcus uberis, Streptococcus disgalactiae, Arcanobacterium pyogenes e Enterobacteriacae (E. Coli, Aerobacter aerogenes, Klebsiela pneumoniae, Serratia sp. E Enterococcus spp). CONTAGIOSA Mastite contraída diretamente de outra vaca infectada. São causadas por bactérias que colonizam a pele da glândula mamária e, a partir do orifício do teto, invadem a cisterna do teto e alojam-se nas suas porções secretoras. Representa 70-80% das infecções, geralmente por Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae e Mycoplasma bovis TIPOS: 1 - CATARRAL Processo inflamatório superficial que geralmente acomete porções ventrais (cisternas, ductos e ácinos) com secreção láctea normal, mas com presença de grumos. Classificada em aguda e crônica. AGUDA A glândula apresenta-se repleta de sinais de inflamação: dolorida, quente, avermelhada, com aumento de volume e produção de leite diminuída. A vaca pode assumir posição anti-álgica e apresentar sinais sistêmicos como febre, congestão de mucosas, anorexia e apatia. O leite mantém o seu aspecto, mas com a presença de grumos, pus ou sangue. Aumento de CCS e pH alcalino. CRÔNICA Os sinais de inflamação são mais brandos, porém a produção de leite continua diminuída e a consistência do parênquima mamário torna-se firme, podendo haver nódulos à palpação profunda. Presença de fibrose. 2 - APOSTEMATOSA Há um processo inflamatório profundo, atingindo todas as estruturas (tubulares, secretoras e intersticiais), com produção de pus e formação de abscessos. Há alteração no estado geral. Pode evoluir de uma mastite catarral e conta com a participação de microrganismos piogênicos (Actinomyces pyogenes). A glândula pode apresentar-se hipertrofiada, atrofiada, endurecimento difuso e com pontos de supooração. Produção baixa ou ausente de leite (agalaxia) com presença de pus (supurações e mau odor). 3 - FLEGMONOSA Processo inflamatório grave e difuso que atinge todos os tecidos da glândula. A glândula afetada apresenta sinais de inflamação aguda intensa e com muita sensibilidade, o quadro pode evoluir para cianose com esfriamento da região e gangrena. Há comprometimento grave no sistema geral em quadros de endotoxemia grave como congestão de mucosas, vasos episclerais injetados, distúrbios cardiocirculatórios, respiratório, entéricos, febre alta e desidratação. Ocorre diminuição brutal da produção e o leite perde suas características em < 24h. O leite pode apresentar aspecto seroso ou serosanguinolente com flocos (Coliformes) ou de aspecto sanguinolento sem grumos (Staphylococcus spp.). CLASSIFICAÇÃO DOS SINTOMAS: SUBCLÍNICA São praticamente inaparentes e necessitam da contagem de CCS e CMT. O leite sofre pequena alteração na composição, mas a glândula visualmente se apresenta normal. A produtividade é diminuída. CLÍNICA Geralmente causadas por microrganismos de forma ambiental. Há visualização aparente dos sinais clínicas de inflamação e alteração no aspecto do leite, bem como no úbere. DIAGNÓSTICO O diagnóstico para mastite é feito através da visualização de (1) anormalidades físicas no úbere através da inspeção e palpação (fibrose, edema e atrofia glandular), (2) caneca telada/tela de fundo escuro, (3) california mastites test (CMT), (4) contagem de células somáticas (CCS), (5) pH, (6) contagem eletrônica de CS, (7) eletrocondutividade, (8) teores de cloreto, (9) teores de lactose, (10) exame microbiológico. TRATAMENTO O tratamento é feito de duas formas: Terapia antimicrobiana parenteral: • Terapia IV de reação sistêmica (pode deixar a glândula mamária de tamanho aumentado Terapia antimicrobiana por infusão intramamária: • A infusão intramamária é a técnica mais eficiente e utilizada. É feito com seringas descartáveis ou em frascos por infusão. Pode ocasionar debris inflmamatórios. • Cloxacilina Benzatínica (Anamastit®S) • Aplicar apenas em vacas secas PREVENÇAO O ordenhador deve manter sempre as mãos limpas e desinfetadas, ordenhas os animais com mastite no final, no final da ordenha lavar e desinfetar os equipamentos corretamente e animais devem ser mantidos em locais limpos ou em pastos com boa condição. Manejo para retirada do leite: • Lavar os tetos com água corrente, mas sem molhar o úbere • Imersão do teto em solução desinfetante aguardando 30 segundos para sua ação (pré- dipping) • Produtos à base de hipoclorito de sódio 2% ou iodo 0,3% ou clorexidine 0,3% • Secar os tetos com papel toalha descartável, sendo um papel toalha para cada teto • Os primeiros jatos de leite devem ser feitos no teste da caneca de fundo escuro • Se o teste for negativo, colocar os tetos nas teteras • Após a ordenha, fazer a imersão dos tetos em solução desinfetante (pós-dipping). Não permitir que os animais deitem logo em seguida evitando que microrganismos penetrem no canal do teto ainda aberto GASTROENTEROLOGIA DIGESTÃO Os ruminantes são poligástricos, o seu estômago é dividido em 4 compartimentos: rúmen, retículo omaso e abomaso. Os ruminantes fazem a apreensão do alimento com a língua, mastigando esse alimento e o deglutindo. O alimento passa pelo esôfago e é levado ao primeiro compartimento, o rúmen, esse é o maior de todos os compartimentos gástricos, ele é responsável pela reserva e fermentação gástrica, nessa porção há uma microbiota rica em bactérias, protozoários e fungos que auxiliam na quebra da glicose. Em seguida, o alimento é passado para o retículo, esse é o menor de todos os compartimentos, sua mucosa lembra um favo de mel, ele é responsável pela regurgitação e ruminação, além da separação do alimento que foi bem triturado ou não, podendo retornar à cavidade oral para remastigação e redeglutição. O alimento ruminado é direcionado ao omaso, esse comportimento possui uma musculatura forte e laminada, sendo responsável pela absorção de nutrientes, compressão e trituração de alimento. O último compartimento é o abomaso, é o estômago de digestão química. A digestão é diferente no recém-nascido. No bezerro há a comunicação entre o rúmen e o retículo pela goteira esofágica. A sucção do bezerro faz com que a goteira esofágica “se sobre”, fazendo com que a o leite vá direto ao abomaso. Erros na amamentação ou na característica do leite fazem com que o leite vá para a câmaraerrada, o rúmen. SEMIOLOGIA HISTÓRICO/ANAMNESE A queixa principal é pela diminuição do desempenho produtivo e reprodutivo, além de vômito e diarréia. Os componentes da dieta do rebanho: capim, feno, foragem, silagem, concentrado, ração, farelo e sal mineral. O apetite e apreensão é um bom parâmetro que ajuda no diagnóstico: A idade do animal é observada através da dentição do animal associado ao número de dentes incisivos permanentes à idade cronológica: A ingestão de água deve ser de 25-80L/dia. O aumento dessa função está relacionado a diarréias, febre e IR. A salivação auxilia no tamponamento do rúmen para manter o pH do rúmen entre 5,5-7. A eructação é feita pela movimentação ruminal através do n. vago e suas ramificações dorsal e ventral para a separação de alimentos e liberação de gás. O rúmen é dividido em quatro fases: gás livre, forragem grosseira, fluído e partículas finas e fluído semi-espumoso. Avaliar a defecação e sua respectiva consistência, frequência, se há presença de sangue, muco ou fibrina. Um bovino defeca de 10-24 vezes por dia com aproximadamente 30-50kg de fezes pastosas ao dia, suas alterações podem indicar enfermidades. EXAME FÍSICO: INSPEÇÃO Avaliar o ECC e o contorno abdominal, assim como o estado geral, disposição do animal e cavidade oral. É normal uma dilatação côncava na fossa paralombar em ambos os lados. AUSCULTAÇÃO Auscultar sons ruminais: • Normal em flanco E - som crepitante • Timbres metálicos são sugestivos para deslocamento de abomaso PALPAÇÃO Flanco E: • Camada superior (gases) • Camada média (sólida) • Camada inferior (líquida) Flanco D: • Observar se há tensão abdominal (peritonite) PERCUSSÃO Flanco E: • Camada superior (subtimpânico) • Camada média (maciço) • Camada inferior (maciço) Flanco D: • Sim timpânico a maciço PALPAÇÃO TRANSRETAL Avaliar o tamanho, posicionamento, presença de muco, sangue ou fibrina, presença ou ausência de fezes no reto, alças intestinais, parte do peritônio, rúmen, omaso e abomaso (se estiverem alterados), rim esquerdo, pelve óssea e alguns linfonodos. EXAME CLÍNICO DO RÚMEN É feito a partir da coleta do suco ruminal por sonda naso ou orogástrica. Caso o rúmen estiver dilatado é possível fazer sua punção para coleta. Animais canulados já possuem acesso ao rúmen. AFECÇÕES: 1 - TIMPANISMO Também chamado de Meteorismo Agudo. É a distensão óbvia e anormal do rúmen-retículo pela retenção de gases produzido na fermentação. É a causa mais comum de morte súbita em bovinos. CLASSIDICAÇÕES: PRIMÁRIO (ESPUMOSO) Ocorre rapidamente uma distensão óbvia do rúmen em até 15min após a alimentação do animal. A espuma é produzida pelo consumo de leguminosas ou concentrado de grãos moídos que aceleram a fermentação. Outra condição é por alteração na quantidade ou qualidade da saliva que é essencial para a regulação do pH ruminal. A espuma produzida nessa condição fica dispersado no rúmen na forma de bolhas através de cloroplastos e outras matérias vegetais em partículas, promovendo também um meio de colonização para microrganismos fermentadores e a produção de muco em forma de espuma. SECUNDÁRIO (GASOSO) O gás acumulado no saco dorsal do rúmen é impedido de ser liberado pela eructação por obstrução física na faringe, esôfago (CE, estenose ou linfadenite/leucose), cárdia (papiloma, carcinoma e lesões granulomatosas), atonia ruminal (pH, choque anafilático e hipocalmia) ou alteração nos ramos nervosos (indigestão vagal e hérnia diafragmática). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Distensão evidente do rúmen (vazio do flanco E) • Desconforto • Hipomotilidade e atonia ruminal • Intensa dispnéia DIAGNÓSTICO Timpanismo Espumoso: • Não há saída de gás pela sondagem e sem alívio do animal. Suco do rúmen com espuma. Timpanismo Gasoso: • Há saída de gás pela sondagem com alívio imediato do animal. Suco de rúmen sem espuma. TRATAMENTO • Agentes antiespumantes: produtos caseiros (óleo mineral ou óleo de cozinha) ou fármacos (Blo-trol ou Ruminol) • Promoção da salivação pela granulometria • Canulação • Retirar o animal da fonte de timpanismo • Ruminotomia de emergência • Uso de trocarte ou sonda em timpanismo gasoso 2 - SÍNDROME DE HOFLUND Também conhecida Indigestão vagal. É caracterizado pela lesão, microlesões, compressão ou inflamação total ou parcial do nervo vago. O nervo vago penetra na cavidade abdominal e se divide nos ramos dorsal e ventral, e é responsável pela motricidade dos pré-estômagos, sendo o ramo ventral mais acometido por processos inflamatórios. A síndrome ocasiona a diminuição de motilidade rumino-reticular, distúrbios na separação dos elementos na dieta e na associação com estenose de esfíncteres. CLASSIFICAÇÃO: ESTENOSE FUNCIONAL ANTERIOR Disfunção em rúmen-retículo. Ocasiona a distensão das câmaras com alteração no trânsito e na separação de alimentos com consequente acúmulo de gás. Pode levar ao timpanismo. ESTENOSE FUNCIONAL POSTERIOR Disfunção em omaso-abomaso. Ocorre o acúmulo de alimentos de obomaso com consequente refluxo de pH ácido. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Timpanismo crônico • Diminuição de atividades dos reservatórios gástricos • Dilaceração e sobrecarga ruminal • Fezes secas, má digeridas e com muco • Desidratação Distensão abdominal: • Lado E (maçã) - distensão do saco ventro- dorsal do rúmen • Lado D (pera) - distensão do abomoso DIAGNÓSTICO • Perda da estratificação ruminal pela palpação transretal • Atonia ruminal ou hipomotilidade ruminal com diminuição da força de concentração do rúmen • Bradicardia • Crepitação não-típica com ruídos fortes • Defecação reduzida, escurar, untosas e duras • Prova de atropina para determinação de bradicardia vagal. Aplicação de 30mg de sulfato de atropina SC, se a FC subir > 16% após 5-15min é sugestivo para lesão em nervo vago. A atropina é um vagolítico de ação anticolinérgica. TRATAMENTO • Identificação da lesão com determinação da extensão • Ruminotomia • Lavagem ruminal • Reposição de líquidos e terapia hidroeletrolítica • Fistula ruminal • Drenagem cirúrgica de abscessos pararreticulares 3 - ACIDOSE LÁTICA RUMINAL (ALR) Doença causada pela ingestão de grandes quantidades de CHO altamente fermentáveis, com produção aguda de ácido lático ruminal. A doença também pode se manifestar pela maior consumo de CHO em relação a fibras, porém de forma crônica. Essas alterações são ocasionadas pela introdução do concentrado na propriedade pela produção intensiva. O histórico do animal é geralmente pelo acesso ao alimento altamente fermentável, como grãos moídos de trigo, cevada e milho, maçãs, peras, batatas, massa de pão, beterraba, soro de leite e cevada. A falta de granulometria na propriedade também interfere no equilíbrio do pH ruminal. É comum ocorrer surtos na propriedade. A alimentação em excesso de CHO somados a diminuição de volumoso e sem granulometria fazem com que o pH ruminal diminua. A diminuição do pH altera a proporção de bactérias Gram (+) para Gram (-), sendo essas mais patogênicas pois produzem endotoxinas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: FORMA AGUDA • O animal se mostra deitado, cambaleando ou apático com anorexia • T°C de 36,5-38,5 °C • FC/FR aumentadas • Diarréia enegrecida com odor ácido • Desidratação grave e progressiva • Atonia ruminal • Anúria FORMA CRÔNICA • Assintomático • Diminuição na CA • Atraso no crescimento e no período de terminação com perda da função reprodutiva devido a baixoECC DIAGNÓSTICO • É baseado no histórico e nos achados clínicos • Volume aumentado na região de flanco E com som timpânico na percussão • Atonia ruminal em auscultação Suco ruminal: • Cor - amarelo/cinza • Aspecto - aguado • Odor - ácido • pH - <5 (agudo) ou 5-6 (crônico) • Sem sedimentação • Teste de azul de metileno - aumentado Necrópsia: • Conteúdo ruminal homogêneo, pastoso à líquido e com partículas finas • Odos ácido característico • Mucosa ruminal facilmente destacável e hemorrágica TRATAMENTO Corrigir a acidose metabólica: • Fluidoterapia com RL + HCO3 IV • Sondagem ruminal para descompressão • Transfusão de suco ruminal Outros: • Correção da dieta. Aumentar os níveis de volumoso em relação ao concentrado • Cirúrgico Adaptação prévia ao concentrado SISTEMA LOCOMOTOR SEMIOLOGIA As doenças nos casos são causadas principalmente pelo ambiente e microrganismos patogênicos inseridos no mesmo. O ambiente sujo e úmido faz com que o casco perda sua resistência pelo seu amolecimento, se tornando exposto à microrganismos como Fusobacterium necrophorum, Dichelobacter nodosus e Espiroquetas. Outras etiologias de doenças no casco são causadas por apara incorreta dos cascos, problemas nutricionais, genética e falha no diagnóstico. A maior parte das incidências em casco são em membros posteriores e na unha lateral, seguida da unha medial e do espaço interdigital. ESCORE DE LOCOMOÇÃO EM VACAS LEITEIRAS: 1 - NORMAL Linha de dorso reta, tanto com a vaca parada, quanto caminhando. Todos os passos são seguros, com boa distribuição do peso. 2 - CLAUDICAÇÃO LEVE Linha de dorso reta com a vaca parada, mas em arco quando caminhando. A locomoção é levemente anormal. 3 - CLAUDICAÇÃO MODERADA Linha de dorso arqueada tanto com a vaca parada, quanto caminhando. Passos alterados (curtos) em um ou mais membros. 4 - CLAUDICAÇÃO Linha de dorso arqueada, com a vaca parada e caminhando. Caminha mancando, favorecendo 1 ou + membros; no entanto, consegue apoiar um pouco de peso sobre o(s) membro(s) acometido(s). 5 - CLAUDICAÇÃO SEVERA Linha de dorso arqueada, a vaca se recusa a sustentar o peso em um dos cascos. Pode se recusar ou apresentar grande dificuldade de locomoção. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Postura e posição anormal • Relutância ao andar e sustentar o peso dos membros • Impossibilidade do animal em se manter em estação • Escaras de decúbito ou pressão • Claudicação EXAME DOS CASCOS: 1 - INSPEÇÃO Do casco e da propriedade. 2 - LIMPEZA E AVALIAÇÃO Lavar com água e sabão e usar das provas de flexão, extensão, rotação e pinçamento para exame. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES: SOLA DO CASCO • Hematoma de sola • Pododermite circunscrita (úlcera de sola) • Doença de linha branca • Abscesso de sola TALÃO E REGIÃO PERIFÉRICA DO CASCO • Erosão de talão • Dermatite digital (verruga de casco) TECIDO INTERDIGITAL • Hiperplasia interdigital (tiloma ou gabarro) • Flegmão interdigital (podridão de casco) • Dermatite interdigital DOENÇAS INFECCIOSAS: 1 - DERMATITE DIGITAL Processo inflamatório localizado na pele do espaço interdigital palmar, plantar ou dorsal, podendo ocorrer ainda na região limítrofe entre o cório coronário da parede abaxial do estojo córneo e dos talões. As lesões podem adquirir aspecto erosivo, comumente denominado de “doença do morango”, ou proliferativo, também conhecido como forma verrucosa ou papilomatosa. A bactéria responsável por essa lesão é do gênero Treponema, que está presente no intestino dos animais e é eliminada com as fezes. Essa é uma lesão altamente relacionada com a falta de higiene ambiental, ou seja, ao acúmulo de matéria orgânica, como esterco e barro, em combinação com a umidade. A dermatite digital e interdigital, além de ser uma lesão importante, pode ser porta de entrada para o flegmão digital, que é uma doença muito mais grave e com potencial de perda econômica muito mais severo que a dermatite digital. 2 - DERMATITE INTERDIGITAL Processo inflamatório que acomete a epiderme do espaço interdigital, sem extensão aos tecidos profundos. 3 - PODODERMATITE NECROSANTE DOS OVINOS Doença contagiosa, crônica, necrosante, da epiderme interdigital e matriz do casco dos ovinos, levando a manqueira. É causado pela associação sinérgica de, pelo menos, duas bactérias: Bacteroides nodosus, atualmente conhecida como Dichelobacter nodosus e Fusobacterium necrophorum, o qual faz parte do trato digestivo de ovinos. Por ser uma doença infecciosa, a sua transmissão está relacionada com três principais variáveis epidemiológicas: o agente, o hospedeiro e o meio. Outros fatores ambientais, como o solo e tipos de pastagens, podem influenciar a transmissão da doença. Em casos iniciais da doença se observa uma leve dermatite interdigital, a qual progride para uma ferida que apresenta secreção sanguinolenta e odor desagradável. Em casos mais graves ocorre deslocamento do casco (inicialmente na porção posterior, podendo se estendender para a parte anterior. 4 - EROSÃO DE TALÃO A ocorrência de erosão do talão é associada à baixa qualidade dos tecidos córneos secundária à laminite. Inicia-se como pequenos orifícios arredondados que podem levar à formação de fissuras profundas na regiã do talão e às vezes da sola, causando a destruição do mesmo e de parte da sola. O principal agente etiológico isolado é o Dichelobacter nodosus que possui ação importante na destruição dos tecidos córneos por produção de proteases. TRATAMENTO DAS PODODERMITES INFECCIOSAS: • Lavagem com água e sabão. No interdigito: fazer uma atadura de crepe com iodo e limpar a ferida em movimento de fio dental • Apara corretiva do casco, identificação da lesão e remoção do tecido necrosado • ANTB: Tetraciclina (para a maior parte das lesões) ou Sulfas + CUSO4 (causa cauterização de feridas proliferativas) • Formulação de pomada: pó antibiótico + talco + SF • Bandagem com atadura de algodão, com atadura de crepe e impermeabilizante de alcatrão • Pedilúvio de tetraciclina 0,1% ou formalina 3% como método prolifilático DOENÇAS HEREDITÁRIAS: 5 - HIPERPLASIA INTERDIGITAL Reação proliferativa da pele e subcutâneo com a neoformação do tecido subsequente firme, caracterizada por claudicação, inflamação dos tecidos subcutâneos do espaço interdigital e infecção por bactérias anaeróbicas. Pode ser unilateral ou bilateral, e é mais comum no membro posterior, sobretudo em animais adultos e pesados em regime de confinamento e semiconfinamento. Há, na patogenia dessa enfermidade, ação sinérgica entre as bactérias Dichelobacter nodosus, agente responsável pela transmissão entre os animais, considerado parasita obrigatório do dígito de ruminantes, e que não persiste no meio ambiente por mais de sete dias, e Fusobacterium necrophorum, presente no solo e fezes, cuja infecção promove a dermatite interdigital e propicia o desenvolvimento do D. nodosus. Os animais afetados apresentam exsudato de odor fétido na região acometida, que é dolorosa ao toque. A lesão pode se espalhar para a região do bulbo provocando erosão e fissuras. Através destas lesões pode ser atingida a articulação interfalangeana distal causando o quadro chamado de artrite séptica interfalangeana distal. Ocorre o enfraquecimento dos ligamentos interdigitais cruzados causando a distensão da pele do espaço interdigital. TRATAMENTO • Cirúrgico • Limpeza e remoção do tecido • Iodo como antisséptico local • ANTB: Furacin + Tetracilcina em pó • Bandagem leve DOENÇAS AMBIENTAIS: 6 - PODODERMITE SÉPTICA CIRCUNSCRITA A afecção é causada pela compressão do cório pela tuberosidade flexora da terceira falange, na altura da junção sola-talão.Nos animais que apresentam crescimento exagerado das unhas, principalmente das unhas posteriores laterais, é aceita a hipótese de que há um desvio do eixo de suporte do peso, concentrando-se na tuberosidade flexora da terceira falange e comprimindo o cório, produzindo isquemia. Laminite subclínica causa enfraquecimento da derme e epiderme. TRATAMENTO • Limpeza e apara corretiva da área • Deve-se evitar colocar bandagens em feridas por úlcera de sola • Colocar tamanco corretivo DOENÇAS NUTRICIONAIS: 7 - LAMINITE Também conhecida como pododermatite asséptica. A laminite um processo inflamatório agudo das estruturas sensíveis da parede do casco que resulta em claudicação e deformidade permanente do casco. Normalmente está associada à ingestão excessiva de grãos que levam à acidose láctica ruminal, embora também possa estar associada a fatores genéticos, idade, falta de exercícios, umidade ou quadros de toxemia. A acidose ruminal provoca uma lesão na mucosa ruminal com aumento de sua permeabilidade, levando a uma endotoxemia e acidose sistêmica, que resulta em vasoconstrição periférica, com redução do fluxo sangüíneo às lâminas do casco Esta patologia é tida como pouco comum em bovinos e, quando se manifesta, normalmente está associada a um regime alimentar com altas proporções de concentrados e baixa qualidade e quantidade de fibras, sendo, portanto, mais comum em animais confinados, animais de exposição e gado leiteiro. TRATAMENTO: AGUDA • AINEs • Mertionina 5mg/kg, SID por 10 dias SUBCLÍNICA • Controle dos fatores de risco e de enfermidades associados. CRÔNICO • Casqueamento suporte PREVENÇÃO • Corretiva dos cascos pelo casqueamento periódico • Pedilúvio com formol, tetraciclina ou sulfato de cobre. 8 - ARTRITE SÉPTICA INTERFALANGIANA DISTAL É causada pela extensão da infecção que se origina nos abscessos de sola, à infecção secundária das úlceras de Rusterholz, os ferimentos de perfuração por unhas ou outros corpos estranhos, as lesões exógenas na faixa coronária e as infecções interdigitais (podridão podal) podem causar uma artrite séptica da articulação Interfalangeana distal. Na fase aguda, observa-se localmente aumento de volume, sensibilidade e da temperatura na região coronária, quartela e bulbo do casco do dígito correspondente, com a progressão da doença podem ocorrer drenagem espontânea de material purulento através de fístula na borda coronária ou interdigital e o surgimento de sinais de complicações secundarias como infecção e ruptura do tendão flexor digital profundo. TRATAMENTO: ANTIBIÓTICO Uso de antibiótico sistêmico e local. • Penicilina G Procaína (40.000 UI/Kg 2 vezes/dia) • Sulfa + trimetropim (20-30 mg/Kg/dia) CONSERVADOR Artrodese e lavagem articular. CIRÚRGICO • Amputação de casco • Anquilose da articulação interfalangeana NEUROLOGIA Em casos neurológicos em ruminantes é o priorizado as síndromes do sistema nervoso para realização do diagnóstico. Objetivos do exame neurológico 1. Existe disfunção no SN 2. Alterações primárias ou secundárias 3. Localização da lesão 4. Extensão do envolvimento neurológico 5. Diagnóstico, prognóstico e tratamento SÍNDROMES CEREBRAIS: 1 - POLIOENCEFALOMALÁCEA (PEM) A PEM é um termo descritivo que designa o diagnóstico morfológico para necrose com amolecimento (malacia) da substância cinzenta (pólio) do encéfalo. Embora a literatura internacional mencione que a PEM ocorre principalmente, em animais de 8 – 12 meses de idade, em condições de confinamento ou submetidos a mudanças bruscas de alimentação. Nos casos descritos no Brasil, tem sido observada principalmente, em animais a campo sendo os adultos afetados em maior número. A PEM é descrita como uma doença nervosa e não- infecciosa que afeta bovinos. Durante muito tempo, ocasionada por deficiência de tiamina (vitamina B1). A deficiência de tiamina interfere no metabolismo da glicose no sistema nervoso central (SNC), alterando a função dos sistemas enzimáticos intracelulares dependentes de pirofosfato de tiamina. A falta de vitamina B1 ocorre em rações pobres em fibras e abundantes em concentrados, principalmente aquelas à base de grãos, portanto ricas em carboidratos, ou ainda devido a mudanças bruscas na alimentação sem prévia de adaptação, principalmente na transferência de pastos pobres para pastagem de boa qualidade. O organismo animal é composto por cerca de 0,2% de enxofre, obtido, principalmente a partir dos aminoácidos sulfurados (cistina, cisteína e metionina) e das vitaminas (biotina e tiamina). A fermentação ruminal é responsável pela conversão do enxofre e sulfato de enxofre em íon sulfeto, que tem sido referida como a forma tóxica. Dietas com alto teor de enxofre na forma de sulfato, sulfito e sulfeto têm sido associadas a surtos e a indução experimental de PEM. No entanto, as concentrações de tiamina são normais e os animais se recuperam após o tratamento. O consumo elevado de enxofre promove de forma primária a redução da absorção do mesmo, devido a sua capacidade de se complexar ao cobre. Secundariamente os microrganismos ruminais convertem o enxofre em sulfeto de hidrogênio, que é tóxico. Fatores de riscos: • Alimentos ricos em tiaminase • Deficiência de tiamina • Sulfatos: dietas ricas em sulfato e água de poço artesiano rico em sulfato • Aumento total de enxofre na dieta MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Depressão e decúbito • Afastamento do rebanho • Head pressing, cegueira de origem central, convulsões, incoordenação, ataxia e bruxismo • Sialorréia, opistótono, nistagmo e estrabismo • Andar sem rumo, movimentos involuntários, diminuição do tônus da língua e movimentos de pedalagem DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é apenas presuntivo, pois o diagnóstico definitivo é por necrópsia. LABORATORIAL • Dosagem das concentrações séricas de sulfeto (H2S) e de tiamina • Lactato aumentado NECRÓPSIA • Rúmen com cheiro de H2S • Lesões macroscópicas: edema cerebral, amolecimento, coloração amarelada dos giros, áreas necróticas do córtex fluorescente à luz UV • Lesões microscópias: necrose laminar difusa e necrose neuronal, edema intra e intercelular, gliose e neurofagia TRATAMENTO • Tiamina lenta (Monovin B1®) 10-20mg/kg a cada 4-6h por 3 dias IM/IV • Dexametasona 0,2mg/kg a cada 4-6h por 3 dias IM/IV • Convulsão: diazepan • Edema cerebral: manitol ou furosemida SÍNDROMES VESTIBULARES: 2 - LISTERIOSE É uma enfermidade infecto-contagiosa que ocorre em diversas espécies de animais e também nos seres humanos. Aparentemente, os ruminantes são mais susceptíveis a esta enfermidade. O agente etiológico desta doença é uma bactéria gram-positiva, denominada Listeria monocytogenes. Esta bactéria é encontrada no mundo todo nos solos, plantas, silagens, outros alimentos, água, instalações (paredes e pisos) e fezes A espécie mais afetada pela listeriose são os ovinos, seguindo-se de caprinos e bovinos que são infectados a partir da ingestão de alimentos contaminados. Quando há o fornecimento de silagem inadequadamente processada aos ruminantes, há um maior risco de manifestação desta bactéria, pois esta se desenvolve quando há fermentação parcial. Em bovinos, esta é uma doença esporádica, não tendo grande importância econômica, devido sua baixa incidência. No entanto, em certas situações, esta doença pode manifestar-se sob a forma de surtos de aborto ou doenças nervosas, afetando uma significativa parcela do rebanho. Existem outras fontes de infecção além da via oral, como a mucosa nasal, ocular e genital. Pode também ocorrer à infecção pela via transplacentária. É uma zoonose.MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: AGUDOS • Anorexia, depressão e febre que permanece de 3-5 dias CRÔNICOS • Compressão da cabeça e deambulação compulsiva em círculos • Ptose mandibular e auricular, perda de sensibilidade facial, ausência de reflexo palpebral e diminuição do tônus lingual • Nistagmo • Desvio lateral da cabeça e andar em círculos para o lado da lesão DIAGNÓSTICO: EXAMES DE LCR • Predomínio de células mononucleares (acima de 12 cels. / uL) • Aumento de proteína NECRÓPSIA • Microabscessos multifocais no tronco cerebral • Isolamento de L. monocytogenes em tecido cerebral infectado TRATAMENTO • ANTB: Penicilina (22.000 a 44.000 UI/kg/IM 4 x ao dia) ou Oxitetraciclina (20 mg/kg/IV 1 x ao dia) por 2-4 semanas • AINE • Fluidoterapia • Transfusão de suco ruminal • Vitaminas do complexo B 3 - LENTIVIROSES EM PEQUENOS RUMINANTES (SRLV) Os pequenos ruminantes podem ser infectados por um grupo de lentivírus, genericamente denominados de Lentivírus de Pequenos Ruminantes (SRLV), que compreende vários isolados distribuídos, basicamente, em dois grupos filogenéticos, cujos protótipos são os vírus Maedi-Visna (MVV) e Artriteencefalite Caprina (CAEV). Essas doenças têm capacidade de contaminação cruzada. Estes vírus podem acometer pequenos ruminantes de todas as idades, sexo e raça, levando a uma queda acentuada na produção e, consequente comprometimento da rentabilidade da atividade. Os animais podem permanecer assintomáticos ou manifestar síndromes multissistêmicas. O reservatório e a fonte de infecção de LVPR são os animais infectados que transmitem o agente por meio de secreções e excreções ricas em células contaminadas. A transmissão dos LVPR pode ocorrer verticalmente pela ingestão de colostro e leite contaminados ou por meio da transmissão intra- uterina, a transmissão horizontal requer contato direto e prolongado entre os animais e pode ocorrer ainda pelas fômites contaminados. Levanta-se também hipótese de transmissão pela monta natural ou inseminação artificial. https://www.infoescola.com/reino-monera/bacterias/ https://www.infoescola.com/microbiologia/bacterias-gram-positivas-e-gram-negativas/ https://www.infoescola.com/zootecnia/silagem/ https://www.infoescola.com/animais/ruminantes/ https://www.infoescola.com/biologia/fermentacao/ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ARTICULAR • Aumento da circunferência articular. (carpometacarpianas,) • Manqueira, perda da flexibilidades articular e deformação da articulação NERVOSA • Fatal acometendo cabritos de dois a quatro meses de idade • Tremores, depressão, torcicolo, andar em círculo e paralisia dos demais membros MAMÁRIA • Em fêmeas em lactação, sendo caracterizada pelo endurecimento parcial ou total do úbere e pela redução ou perda da produção de leite RESPIRATÓRIA • Tosse e se cansa com facilidade, mesmo existindo pouca secreção nasal • Pneumonia não responde a tratamentos com antimicrobianos DIAGNÓSTICO: PUNÇÃO ARTICULAR • Líquido sinovial castanho ou avermelhado • Celularidade com 90% de mononucleares • Redução de monócitos do sangue periférico IMUNODIFUSÃO EM ÁGAR-GEL (IDGA) É o teste padrão. O teste é positivo na presença de linhas de precipitação entre os soros de animais positivos previamente com o soro dos animais recém- testados. Em caso de falso-negativo: repetir trimestralmente durante 1 ano Outros testes: • PCR • Wester blot CONTRLE E PREVENÇÃO • Fornecimento de alimentação de alta qualidade • Isolamento permanente dos filhotes desde o nascimento • Administração do colostro (56 ° C por 60 min) e leite pasteurizado • Testes sorológicos semestrais ao rebanho. • Sacrifício de cabras soropositivas • Separação de grupo soropositivo e soronegativo (min 1,8 mt) • Desinfecção de todo o equipamento compartilhado com amônia fenólica ou quaternária
Compartilhar