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FIS 26 Aula 1: Mecânica Analítica Dinâmica Lagrangiana Joseph Louis Lagrange (1736 — 1813) Joseph Louis Lagrange Livro “Mécanique analytique” trabalha a mecânica com tratamento puramente analítico, não se utilizando de construções geométricas nem vetores. No prefácio de sua obra diz que o livro não continha nenhum diagrama: “On ne trouvera point de figures dans ce Ouvrage”. Mecânica Analítica A mecânica newtoniana não é a melhor forma de resolver sistemas mecânicos sujeitos a vínculos pois exige o uso de variáveis redundantes e as forças de vínculos aparecem de forma explícita. O formalismo lagrangiano utiliza coordenadas independentes (coordenadas generalizadas) para expressar as equações de movimento de um sistema físico. Princípio de D’alembert Jean le Rond D’Alembert (Paris, 1717-1783) Église Saint-Jean-le-Rond Princípio de D’alembert Para um sistema mecânico sujeito a vínculos, num dado instante t, há uma infinidade de configurações possíveis, isto é, consistentes com os vínculos. Por exemplo, uma partícula pode se deslocar numa mesa horizontal em qualquer direção xy e com qualquer velocidade e o vínculo da reação normal ao plano será sempre o mesmo. Deslocamentos virtuais Os deslocamentos infinitesimais de cada partícula que levam de uma configuração possível a outra configuração possível infinitesimalmente próximas no mesmo instante t são chamados de deslocamentos virtuais, ou seja, são infinitesimais, ocorrem num instante t fixo e não violam os vínculos. Princípio de D’alembert O trabalho realizado pelas forças de vínculo, nos deslocamentos virtuais das posições das partículas é nulo. O deslocamento virtual respeita o vínculo O trabalho é nulo Princípio de D’Alembert Princípio de D’alembert As eqs Newtonianas exigem a inclusão das forças de vínculo na equação do movimento, tendo 3N coordenadas para descrever as posições das partículas. Como há vínculos, muitas equações serão redundantes. No formalismo de D’Alembert, não se leva em conta as forças de vínculo e há um número mínimo de coordenadas independentes para descrever o sistema. Exemplo: plano inclinado m ŷ w N s x̂ Só usamos a força ativa ! A força de vínculo é obtida pelos multiplicadores de Lagrange vínculos Vínculos holônomos A configuração do sistema no referido instante é definida pela posição de cada uma das partículas de um sistema mecânico num dado instante. Se q1, ..... , qn são coordenadas arbitrárias usadas para descrever a configuração, então se f(q1, ..... , qn , t) = 0, ela é a equação de vínculo holônoma. Coordenadas generalizadas Seja um sistema mecânico constituido por N partículas submetidas aos p vínculos holônomos: Nas aulas de quarta e sexta veremos exemplos de equações de vínculos Princípio variacional de Hamilton Determinar extremos máximos e mínimos de um funcional J, que é o espaço de funções aplicados sobre o conjunto dos números reais. O funcional associa a uma função de uma certa classe um número real. Exemplo: comprimento de um arco no plano xy Exemplo: comprimento de um arco Dedução da equação de Euler Família de curvas que ligam os 2 pontos 0' = ∂ ∂ − ∂ ∂ y f dx d y f Equação de Euler ou Euler-Lagrange (1744) Deduzida por Leonard Euler em 1744 Vamos ver depois que na física f = L = lagrangiana do sistema L = T – V (T = energia cinética e V = energia potencial do sistema), x será o tempo t, y a coordenada generalizada q e y’ a velocidade generalizada. Exercício: geodésica do plano (curva que forma a menor distância entre dois pontos no plano) reta Exercício: resolver o problema da braquistócrona Equações paramétricas de uma ciclóide passando pela origem. A baquistócrona é um arco de ciclóide. x y θ a y x A B’ B ciclóide Lista de exercícios ● Resolva a geodésica da esfera por Euler ● Encontrar a superfície de revolução de menor área. Considere uma superfície gerada pela rotação em torno do eixo y de uma curva plana passando por dois pontos fixos. O problema consiste em encontrar a curva para a qual a área da superfície de revolução é mínima. ● Resolva a máquina de Atwood através do Princípio de D’Alembert ● Analise o Princípio de Fermat e a Lei de Snell através do Princípio Variacional ● Escreva as equações de vínculo para os seguintes casos: a) Disco rolando sobre uma mesa horizontal, sempre na vertical, sem deslizar (mostre que as equações obtidas não são integraveis) b) Cilindro que rola sem deslizar em uma linha reta gravitação Isaac Newton teorizou o fenômeno da atração entre dois corpos. Ele não conhecia o valor de G, a constante gravitacional. r Para um corpo esfericamente simétrico a massa pode ser considerada como que “concentrada” no centro da esfera na atração gravitacional com outros corpos. Newton levou 20 anos para provar isto! 2 2 2,980 −== cms R GMg Centro de gravidade de corpos de grandes dimensões m1 m2 Centro de gravidade de corpos de grandes dimensões Seja um corpo grande de massa M e outro pequeno de massa m, no ponto P G - F F m r M Teorema 1: Qualquer sistema de forças é equivalente a uma força que passa por um ponto arbitrário, mais um conjugado (um ou outro, ou ambos, podem ser iguais a zero) Centro de gravidade de corpos de grandes dimensões Centro de gravidade de corpos de grandes dimensões P m-Fi Fi mi As forças Fi se reduzem a uma força aplicada num ponto arbitrário mais um conjugado. Seja F = ΣFi esta força e P o ponto arbitrário. Como nenhuma das forças Fi realiza torque em relação a P, o torque total em relação a P é nulo e o conjugado se anula. O sistema de força tem uma resultante F exercida ao longo de uma linha que passa por m. A força em m é – F (3LN). Centro de gravidade de corpos de grandes dimensões No corpo M há um ponto G nesta linha onde F = GmM/r2. Este ponto G é o centro de gravidade do corpo M relativo ao ponto P. G não está em geral no CM do corpo M, pois as partes do corpo mais próximas de m são atraídas mais intensamente do que as partes mais afastadas. Também, a posição do ponto G depende da posição do ponto P. Se P está muito distante de M, G coincidirá com o CM. Para uma esfera uniforme, G coincide com o centro C da esfera. Usa-se a teoria de campo gravitacional para determinar os pontos G entre 2 corpos grnades que se atraem. Centro de gravidade de corpos de grandes dimensões Campo e Potencial gravitacionais O m r ri mi Campo e Potencial gravitacionais A força gravitacional Fm exercida sobra uma partícula de massa m no ponto r, devido a outra partícula de massa mi no ponto ri é um vetor soma das forças devido a cada uma das outras partícula agindo separadamente: Campo e Potencial gravitacionais ρ(r) m Intensidade de campo gravitacional ou campo gravitacional g(r) Intensidade de campo gravitacional ou campo gravitacional g(r) g(r) é a força por unidade de massa que seria exercida sobre qualquer massa de tamanho reduzido colocada num ponto, na posição r, onde Fm é a força que seria exercida sobre a massa m no ponto r. g(r) tem dimensão de aceleração e é a aceleração experimentada por uma partícula no ponto r. Como as forças gravitacionais entre pares de partículas são centrais, elas são conservativas. Intensidade de campo gravitacional ou campo gravitacional g(r) Energia potencial Podemos definir a energia potencial para uma partícula de massa m submetida à ação de forças gravitacionais. Para 2 partículas m e mi a energia potencial é dada por: Energia potencial A energia potencial de uma partícula de massa m no ponto r devido ao sistema de partículas mi será: Potencial gravitacional Energia potencial por unidade de massa de uma partícula no ponto r, com o sinal negativo (escolha feita na teoria gravitacional) Potencial gravitacional Para um sistema de partículas: Potencial gravitacionalSe ρ(r) representa uma distribuição contínua de massa, o seu potencial gravitacional será: exercício Aplique o que foi visto para uma esfera oca, fina e homogênea de massa M e densidade σ por unidade de área e raio a. r P r0 a C asenθ θ dθ adθ Anéis elementares de raio asenθ, largura adθ, para o qual toda a massa está à mesma distância r de P solução solução Fora da esfera: como se a massa estivesse concentrada no centro C da esfera. Dentro da esfera: g = 0 pois o potencial é constante. Newton levou 20 anos para provar que a Terra atrai a Lua como se toda a massa da Lua estivesse concentrada em seu centro. Campo de força central F O Integral do momento angular Sob a ação de uma força central, existem quantidades que se conservam, isto é, existem as integrais primeiras do movimento. O momento angular se conserva na ação de forças centrais. Lagrangiana do sistema Teorema de Bertrand Uma órbita é dita limitada se a distância da partícula ao centro de força é constante (órbita circular) ou está compreendida entre dois valores extremos, isto é, rmín ≤ r ≤ rmáx. Os únicos potenciais centrais para os quais todas as órbitas limitadas são fechadas são V(r) = -k/r e V(r) = kr2, com k positivo, isto é, ou a força é inversamente proporcional ao quadrado da distância ou obedece à lei de Hooke. Prova: basta variar o ângulo de rotação da equação anterior de um número inteiro de 2π radianos (fica como exercício). Velocidade areolar A velocidade areolar ou taxa areolar é a taxa na qual uma determinada área é varrida durante a trajetória do raio vetor P P’ r r +dr dA dr Fração de arco percorrida Fração de área Velocidade areolar Equação de Binet A equação de Binet é importante pois fornece a trajetória de um corpo num campo de força central Equação de Binet Equação de Binet Força central inversamente proporcional ao quadrado da distância Força central inversamente proporcional ao quadrado da distância Vef r Força central inversamente proporcional ao quadrado da distância Vef r0 E Equação polar da órbita elipse r’ r θ F F’ b a aε m Excentricidade da elipse é a razão entre a semi-distância focal e o semi-eixo maior. parábola θ r r d a F = 0 diretriz xx = a Aplicação Suponha que uma partícula de massa m esteja em movimento sob a ação de uma força central F(r) = -k/rn, com k ˃ 0 e n inteiro. Obtenha a condição de existência de uma trajetória circular estável. solução solução Lista de exercícios 1) Uma partícula de massa m move-se sob a ação de uma força F(r) = - kr. Obtenha a energia potencial efetiva e analise os possíveis movimentos em torno de rmín. 2) Uma partícula de massa m move-se sob a ação de uma força central numa órbita espiral r = cθ2, onde c é uma constante positiva. Determine a força em função de r. Escreva também a expressão da energia mecânica total. Lista de exercícios 3) Um míssil intercontinental de massa m é lançado da superfície da Terra formando um ângulo α em relação à vertical local, com uma velocidade m ˂ (gR)1/2, sendo g a aceleração da gravidade e R o raio da Terra suposta esférica. a) Determine o momento angular do míssil. b) Calcule a sua energia mecanica total. c) que condição deve ser satisfeita para que exista a altura máxima? Que altura é esta? Lista de exercícios 4) Seja uma trajetória circular estável de raio r0 para o movimento de uma partícula de massa m sob a ação de uma força central. Considere uma pequena perturbação dessa trajetória circular em torno de r0. Como conseqüência surgirá uma pequena oscilação radial. Obtenha essa frequencia de oscilação w0 expandindo o potencial efetivo Vef em torno de r0 até o termo de segunda derivada. Lista de exercícios 5) Determine as possíveis trajetórias de uma partícula de massa m em movimento sob a ação de uma força central atrativa F(r) = - k/r3. Esboce o seu gráfico. Obs: faça o gráfico da energia potencial efetiva em função de r e analise os tres casos possíveis: a) para H2 ˃ mk; b) para H2 ˂ mk e c) para H2 = mk. Mecânica analítica Lagrange, Newton, D’Alembert Hamilton, Euler Legendre Multiplicadores de lagrange Exercício 1 solução Só há uma equação de vínculo Logo: p = 1 Eq. 1 Eq. 2 Exercício 2 Patinete numa superfície horizontal – haste rígida que se move no plano horizontal, sem atuação de força externa. ( ) ( ) ( ) ( ) 22020 00 00 cos)( )( Cyyxx tCyty tCsenxtx =−+−∴ Ω+−= Ω++= θ θ O patinete gira em torno de seu próprio centro de massa com velocidade angular constante Ω, ao mesmo tempo que o CM descreve uma circunferência no plano do movimento com a mesma velocidade angular Ω. Se Ω = 0, o CM do patinete executa um movimento retilíneo e uniforme. C Ω Equações de Hamilton Newton-D’Alembert-Lagrange-Hamilton 1) As forças ativas F(a) são obtidas a partir do potencial V e os vínculos são holônomos. Usam os mesmos princípios; 2) Lagrange – representa o movimento no espaço das configurações L = L(q, dq/dt, t); 3) Hamilton – representa o movimento no espaço de fase. H = H(q, p, t) Usamos a transformação de Legendre para passar de L a H. Exercício Considere um exemplo em que há vínculos de movimento. Uma conta de massa m desliza sem atrito em um aro circular de raio R. O aro encontra-se num plano vertical que pode girar em torno do diâmetro vertical em velocidade angular constante, w. R mg θ w Lista de exercícios 1) Determine a força normal de reação de um plano inclinado para um bloco que desliza sem atrito através dos multiplicadores de lagrange. 2) Determine a força de reação no contato entre uma bolinha de massa m que desliza a partir do topo de uma outra superfície esférica grande e em repouso, usando os multiplicadores de lagrange. 3) Obtenha a força de tração no fio de um pendulo simples através dos multiplicadores de lagrange. 4) Obtenha a equação do movimento de um corpo preso a uma mola que oscila na horizontal através das equações canônicas de Hamilton. 5) Um pêndulo simples tem seu ponto de sustentação oscilando harmonicamente com freqüência constante w. Obtenha a equação do movimento do pendulo. Obtenha a solução geral para ângulos pequenos de oscilação; 6) Uma esfera de raio a e massa m repousa sobre uma outra esfera fica e rugosa de raio b. A primeira esfera é deslocada ligeiramente, de modo que role sem deslizar sobre a segunda esfera. Onde a primeira esfera deixará a segunda? 7) Uma partícula submetida a um campo correspondente a U(x) = - fx, onde f é positivo constante, se desloca num intervalo de tempo T desde a posição x = 0 até x = a. Ache a equação de movimento da partícula, através da lagrangiana; 8) Um disco rola sem deslizar num plano inclinado. Resolva o problema a partir da equação de vínculo s = rθ. Lista de exercícios s θ r ɸ 9) Resolva o problema a seguir usando as equações canônicas de Hamilton Lista de exercícios r m2 m1 10) Resolva o problema a seguir usando as equações canônicas de Hamilton Lista de exercícios A m1 m2 α1 α2 polia ideal g B 11) Resolva o problema da queda livre através da lagrangiana e da hamiltoniana do sistema. Lista de exercícios H m mg Mecânica analítica-exercícios Lagrange, Newton, D’Alembert Hamilton, Euler Legendre Forças eletromagnéticas e potenciais dependentes da velocidade Função de dissipação de Rayleigh 1) Pêndulos acoplados Torque negativo em relação ao ponto 0 Torque positivo NI =θ&& Obtenha L e as equações Primeira mola: afastamento x1 Segunda mola: afastamento x2- x1 Terceira mola: afastamento x2 1A de cofatores dosdet o trivial,não solução Para w.frequência com ooscilatóri será movimento O Sistema infinito de pares massa-mola acoplados vibração.de normais modosn então teremosacopladas massasn tivermosse .3 e sfrequencia com vibração,de normais modosdois há que vimos molas tresa acopladas massas duas com sistema um para ./ natural frequencia própria a é oscilação de normal modo do frequencia a massa, uma e mola uma apenas com mola-massa sistema um para 0201 0 ωωωω ω == = mk Solução para N osciladores 03 02 01 0 22 2 22 : temos3 para vibração.de normais modos possíveis os representa onde )1(2 2 :são acoplados iguais sosciladore N para possiveis sfrequência as ωω ωω ωω πωω += = −= = + = N m N msen As três massas estão em fase. A massa do meio tem maior amplitude (fator 1,414) A massa do meio está parada Oscilador harmônico quântico Funções de onda para os primeiros auto estados de energia num oscilador quântico solução Termo estacionário, oscila com amplitude constante Exercício 5: x y z MRU 1) Um foguete é acelerado até a velocidade v=2(gRT)1/2, perto da superfície da Terra e, então, segue para cima. (a) mostre que ele escapará da Terra. (b) mostre que, muito longe da Terra, sua velocidade é v = (2gRT)1/2. 2) Mostre que no fundo de um poço de mina vertical de profundidade D, o valor de g será g = gs[1-(D/R)], onde gs é o valor na superfície. Suponha que a Terra seja uma esfera uniforme de raio R. 3) Considere um cometa cuja trajetória é parabólica e contida no plano da órbita terrestre. Se a distância de maior aproximação (periélio) do cometa em relação ao Sol é βre, em que re é o raio da órbita (suposta circular) da Terra e que β ˂ 1: a) mostre que o tempo que o cometa permanece dentro da órbita da Terra é dado por .1 3 21)1(2 ano×+− π ββ Use a conservação da energia mecânica. b) se a menor distância do cometa ao Sol é igual ao periélio de Mercúrio, quantos dias ele permanece dentro da órbita da Terra? Dados: re = 1,49 x 1011 m; periélio de Mercúrio: 5,79 x 1010 m. 4) Suponha que um satélite de comunicação geossíncrono esteja em órbita na longitude de Chicago. Voce está em Chicago e deseja captar os seus sinais. Em que direção voce deveria apontar o eixo da sua antena parabólica? A latitude de Chicago é 47,5o. 5) Quanto tempo levará um cometa, que se move numa trajetória parabólica, para mover-se desde o seu ponto de maior aproximação do Sol, em A, até completar um ângulo de 90o, medido em relação ao Sol, alcançando B? Suponha que a distância de maior aproximação ao Sol é igual ao raio da órbita da Terra, suposta circular. a) resolver usando a conservação de momento angular; b) resolver usando a conservação de energia mecânica.
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