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Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Comunicação e Realidade Brasileira Aula 2 Prof.ª Máira Nunes Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa Inicial Olá! Como vimos na escola, durante muito tempo os estudos das origens históricas do Brasil remontaram ao período da colonização. Esses estudos deixaram de lado uma parte importantíssima da nossa história: o estudo dos povos e da cultura indígena. Os chamados índios são nativos do nosso território e já possuíam uma cultura própria formada. A chegada do colonizador português, além de causar significativas mudanças no modo de vida dos indígenas, resultou também em doenças e guerras que dizimaram várias etnias. Atualmente, os povos indígenas habitantes do Brasil são tutelados pelo Estado e sofrem uma série de problemas econômicos e sociais resultantes da exploração capitalista e da falta de demarcação de suas terras e de proteção do governo. Vamos saber mais sobre sua história? Tema 1: Os Povos Pré-cabralinos Comumente chamamos os povos originários do Brasil de índios ou indígenas. Esse nome originou-se da viagem do navegador genovês Cristóvão Colombo à Índia, em 1492. Sabemos que Colombo aportou no continente americano e, acreditando ter chegado às Índias, nomeou os habitantes nativos de índios. Portanto, essa nomenclatura amplamente utilizada e consolidada, não é originária dos povos que aqui habitavam, mas um nome dado pelos colonizadores, ou seja, não existe nenhum grupo “índio” original das terras americanas. Para fins de classificação, podemos afirmar que as comunidades, os povos e as nações indígenas são aqueles que, contando com uma continuidade histórica das sociedades anteriores à invasão e à colonização que foi desenvolvida em seus territórios, consideram a si mesmos distintos de outros setores da sociedade, e estão decididos a conservar, a desenvolver e a transmitir às gerações futuras seus territórios ancestrais e sua identidade étnica, como base de sua existência continuada como povos, em conformidade com seus próprios padrões culturais, as instituições sociais e os sistemas jurídicos. (Luciano, 2006, p. 27) Há uma grande dificuldade em precisar a quantidade de grupos Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 indígenas que habitavam o Brasil antes da chegada de Pedro Álvares Cabral e da ocupação de nosso território. A falta de registros desses grupos se deve, principalmente, ao fato de os indígenas não terem desenvolvido a escrita e também ao rápido processo de eliminação de muitos grupos e famílias que compunham a população indígena durante o processo colonizador. Estima-se que havia de 2 a 2,5 milhões de indivíduos habitando, sendo que em 1900 havia 230 grupos tribais, reduzidos para 143 em 1957. A principal classificação dos indígenas brasileiros se dá pelos troncos ou famílias linguísticas, entendidas como “o conjunto de grupos tribais portadores de línguas semelhantes, conservadas pelos membros de uma mesma família, que pode integrar vários grupos.” (Marconi; Presotto, 2010, p. 218). A primeira classificação dividiu-os em dois grupos: Tupi e Tapuia. Atualmente, estão divididos em quatro troncos principais: Tupi, Macro-Jê, Arawak e Karib, além de outras famílias menores, como Pano, Guaykuru, Nambikwara, Katukyna, Chapakura, Mura e Katukina. Há também outras línguas isoladas. As primeiras informações que temos sobre os indígenas brasileiros foram organizadas pela Coroa Portuguesa e pelos relatos de viajantes europeus que exploraram nosso território no período da colonização. Segundo Boris Fausto (1995), a principal dificuldade encontrada no estudo desses relatos está no fato de que, em virtude de os indígenas terem uma cultura muito diferente da europeia, esses relatos contêm uma forte carga preconceituosa e etnocêntrica, pois classificavam os indígenas de acordo com sua relação com os portugueses. Existe nesses relatos uma diferenciação entre índios com qualidades positivas e índios com qualidades negativas, de acordo com o maior ou menor grau de resistência oposto aos portugueses. Por exemplo, os Aimorés, que se destacaram eficiência militar e pela rebeldia, foram sempre apresentados de forma desfavorável. [...] Quando a Coroa publicou a primeira lei em que se proibia a escravização dos índios (1570), só os Aimorés foram especificamente excluídos da proibição. (Fausto, 1995, p. 38) Sabemos que o extermínio e a exploração dos povos indígenas no Brasil estão diretamente relacionados ao preconceito e aos interesses econômicos. Os colonizadores portugueses trouxeram guerras e doenças, implantando um Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 projeto de dominação política, econômica e cultural. Para Darcy Ribeiro (1995), esse projeto se consolidou por meio de um conflito em todos os níveis: biótico (pelas doenças transmitidas pelos colonizadores); ecológico (pela disputa de territórios e riquezas); econômico e social (pela escravização e mercantilização dos índios); étnico e cultural (pela geração de uma nova etnia mestiça). Atualmente, segundo o censo de 2010, há no Brasil 817.963 pessoas indígenas autodeclaradas, sendo 315.180 moradoras de áreas urbanas e 502.783 moradoras em áreas rurais. Estima-se que 63,5% dos municípios brasileiros possuem pelo menos uma pessoa indígena autodeclarada. Os indígenas correspondem a 0,4% da população total do Brasil, sendo que é possível notar uma taxa de crescimento nas últimas décadas. (IBGE, 2012) Tema 2: Mitologia Brasileira Conhecemos bastante sobre as mitologias europeias, como a grega ou a nórdica, mas pouco sabemos sobre a nossa mitologia brasileira. Muitos desses conhecimentos ancestrais, passados de geração em geração pela oralidade, perderam-se ou foram substituídos por outros. Para começarmos a resgatar elementos desse saber, vamos inicialmente entender o que é um mito: o mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso do “princípio”. Em outros termos, o mito narra como, graças às façanhas dos Entes Sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição. É sempre, portanto, a narrativa de uma “criação”: ele relata de que modo algo foi produzido e começou a ser. [...] Os personagens dos mitos são os Entes Sobrenaturais. Eles são conhecidos sobretudo pelo que fizeram no tempo prestigioso dos “primórdios”. Os mitos revelam, portanto, sua atividade criadora e desvendam a sacralidade (ou simplesmente a “sobrenaturalidade”) de suas obras. (Eliade, 1972, p. 9) As narrativas míticas, que contam a origem do mundo e dos povos, estão presentes em todas as culturas. Como foram desenvolvidas no processo de formação das sociedades humanas, elas relacionam elementos da natureza (lua, sol, trovão, vento, animais) a divindades e entidades sobrenaturais. Aqui no Brasil há um extenso repertório que foi incorporado no folclore e lendas locais, sendo os mais conhecidos os mitos da família Tupi. A mitologia indígena sempre foi riquíssima com detalhes que os remetia [sic] a Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 criação de seu povo, com referências aos animais, em muitos casos não fazendo uma diferenciação entre o modo de vida dos humanos e dos animais, sendo que eles chegam até mesmo a se casarem. Outra recorrência nos mitos são o sol e a lua que em determinados casos quase chegam a se tocar, homens que viram animais e animais que viram homens, e como foi que surgiu cada alimento e como passaram a cultivá-los. (Ribeiro; Luna; Almeida, 2015, p. 1427) Para Aracy Lopes da Silva (2004) os mitos, por serem parte da tradição dos povos, são constantemente recriados e tornam-se referências tanto de passado quanto de futuro. Durante muito tempo, as sociedades indígenas brasileiras foram vistas como sociedadessem história, pois usariam os mitos como forma de se manterem presas ao passado mítico. Hoje, sabe-se que os mitos exercem uma função dinâmica e que a historicidade indígena segue uma lógica diferente da história linear ocidental. A mitologia brasileira envolve a relação com divindades, como Tupã (deus do trovão e das tempestades), Guaraci (deus do sol), Jaci (deusa da lua), Rudá (deus do amor) e também com elementos da natureza, como os mitos da mandioca e do guaraná. Muitos desses mitos foram incorporados à cultura brasileira como lendas ou folclore, por exemplo as histórias do boto, Iara, Curupira, boitatá e vitória-régia. Tema 3: Cultura Indígena Acredita-se que o continente americano era habitado por aproximadamente 250 milhões de pessoas quando Colombo aportou em 1492. Atualmente, os grupos indígenas representam uma população de pelo menos 50 milhões de pessoas em toda a América. Esses povos possuem grande diversidade cultural que engloba línguas, conhecimentos, crenças, arte, tecnologias. Para analisarmos a cultura indígena, precisamos inicialmente ressaltar dois aspectos importantes: o extenso número de grupos e famílias nativas existentes no Brasil e o papel da colonização portuguesa na padronização dessas culturas e também no processo de aculturação sofrido por esses grupos. O processo de catequização, por exemplo, representou uma importante ferramenta de subjugação sociocultural, pois as doutrinas religiosas Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 exigiam que os índios adaptassem seus costumes, transformando sua forma de trabalho, de organização familiar, de relação com a guerra e suas crenças. A primeira política indigenista promovida pelo governo brasileiro ocorreu no século XIX, durante o governo de D. Pedro II, e estava baseada no “Programa de Catequese e Civilização dos Índios”, que consistia no aldeamento das populações indígenas. E atendia a dois objetivos principais: por um lado, integrar o índio, como trabalhador rural, à jovem nação brasileira; por outro, liberar terras, antes utilizadas pelos indígenas, para os imigrantes europeus, que começavam a chegar nas colônias do Sudeste do país. (Amoroso, 2016) Ao contrário da proposta de autonomia promovida pelos jesuítas nas missões criadas durante o período colonial, a proposta de catequização implementada nos aldeamentos visava ao apagamento das identidades indígenas, dentro do projeto de construção de uma identidade nacional unificada. Mesmo diante da grande diversidade e do apagamento histórico, é possível identificarmos alguns aspectos comuns em sua cultura: À sua maneira, as culturas indígenas expressam os grandes valores universais. Nas solenidades das festas, no refinamento dos vestidos e na pintura corporal, na educação dos filhos, na concepção sagrada do cosmos, elas manifestam a consciência moral, estética, religiosa e social. A diversidade de visões do mundo, do homem e dos modos de organização da vida, os conhecimentos e os valores transmitidos de pais para filhos, a tradição oral e a experiência empírica são a base e a força dos conhecimentos e dos valores. A territorialidade atua como um estado de espírito e os ritos e os mitos, como referência da identidade e da consciência humana e da natureza. (Luciano, 2006, p. 50) A relação com a natureza é um elemento presente na cultura indígena, tanto na produção de alimentos quanto na relação com o cosmos. Os povos indígenas dominavam o plantio de itens como mandioca, milho, tabaco, pimentas, guaraná, feijão, erva-mate, algodão, entre outros. A prática de roçar a mata e praticar queimadas foi inclusive incorporada pelos colonizadores portugueses. A observação do céu e o entendimento dos ciclos celestes eram de grande importância para o cultivo. Segundo Germano Afonso (s/d), os indígenas brasileiros possuíam a compreensão de que as atividades de pesca, caça e lavoura estavam relacionadas aos fenômenos cíclicos de dia/noite, Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 fases da lua e estações do ano. Para o autor, que realizou um amplo mapeamento de resgate da astronomia indígena brasileira, a visão indígena do Universo deve ser considerada no contexto dos seus valores culturais e conhecimentos ambientais. Esse conhecimento local se refere às praticas e representações que são mantidas e desenvolvidas por povos com longo tempo de interação com o meio natural. O conjunto de entendimentos, interpretações e significados faz parte de uma complexidade cultural que envolve linguagem, sistemas de nomes e classificação, utilização de recursos naturais, rituais e espiritualidade. (Afonso, s/d) Outro aspecto que podemos considerar quando pensamos nas culturas indígenas são as suas moradias. A organização em aldeias revela uma grande variedade de construções habitacionais, que vão desde a moradia única, na qual habitam todos os integrantes da aldeia, às habitações subterrâneas e semissubterrâneas, usando como material construtivo barro, palha, varas, troncos, folhas de árvores etc. As habitações também têm funções diferenciadas, como a moradia de famílias, espaço separado de homens e mulheres, local de realização de rituais. Tema 4: Arte Indígena A arte indígena brasileira, obviamente, possui padrões e elementos bem diferentes na arte ocidental canonizada. Seus padrões artísticos são criados com base na própria cultura, mas há mudanças perceptíveis a partir do contato com os colonizadores, da mudança de habitat e da escassez de matérias- primas originárias. Nas sociedades indígenas a arte é um elemento que perpassa todas as suas esferas. O artista é antes de tudo um artesão e seu conhecimento está ao alcance de todos assim como o resultado de seu ofício, pois confecciona coisas que desempenham um papel pragmático na vida comunitária. Entretanto, sobretudo através da decoração, esses mesmos objetos podem clarificar para os membros desta comunidade, as intrincadas e abstratas noções do código social [...]. (Velthem, 1994, p. 88) As principais formas de expressão artística dos indígenas brasileiros são a arte plumária, a pintura corporal, a cerâmica e a cestaria. Vejamos então suas características: Arte Plumária A arte plumária compreende a confecção de artefatos confeccionados a Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 partir de penas de aves, como de adorno e enfeite, e está presente em quase todos os grupos indígenas do Brasil. Apesar de usarem a mesma matéria- prima, há uma ampla variedade em termos de combinação de materiais e cores, bem como procedimentos técnicos. Há pelo menos dois grandes estilos plumárias identificados no Brasil: penas longas arranjadas em suportes rígidos (Bororo, Karajá, Tapirapé, Kaiapó, Tiriyó, Aparai e Wai-Wai); penas pequenas arranjadas em suportes flexíveis (Munduruku, Urubu-Kaapor e outros grupos Tupi). Além do adorno ao corpo, as artes plumárias também são usadas no ornamento de armas, instrumentos musicais, máscaras, e também em ritos e cerimônias. São utilizadas para diferenciação de gênero, idade, clã, posição social e grau de prestígio de seus portadores. (Dorta; Velthem apud Silva; Grupioni, 2004) Pintura Corporal A pintura corporal indígena é entendida como uma forma de comunicação e manifestação estética. Os materiais mais utilizados para a obtenção das cores são o urucum (vermelho), o jenipapo (preto), pó de carvão e tabatinga (branco). As pinturas podem ser feitas com os dedos e as mãos, pincéis com ponta de algodão ou carimbos feitos com casca de coco de babaçu. Assim como a arte plumária, há variação entre a pintura realizada em homens e mulheres, adultos e crianças. As pinturas são utilizadas tanto nas atividades cotidianas como em rituais e festas. Há uma diferenciação nos padrões das pinturas, que podem ser abstratas ou representações estilizadas de animais. Cerâmica A cerâmica é considerada uma tendência universal,mas não está presente em todas as culturas indígenas brasileiras. Produzida com fogo e argila, a cerâmica indígena contém elementos estéticos, partes esculpidas ou Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 relevo, uso de cores e outros ornamentos que permitem identificar e diferenciar sua origem, revelando aspectos sociopolíticos e religiosos. A cerâmica foi encontrada principalmente em grupos já desaparecidos da bacia amazônica, como os Aruã e os Tapajó. A cerâmica marajoara, produzida na Ilha de Marajó, compreendia grandes urnas para o enterro dos mortos, vasilhas e outros utensílios. Atualmente, os grupos ceramistas mais reconhecidos são os Kadiwéu e os Karajá. Esses últimos são conhecidos principalmente pela confecção de bonecas de cerâmica, chamadas de litxokó, que originalmente eram brinquedos para as crianças e atualmente são produzidos para a comercialização principalmente com turistas. Tema 5: A Empresa Colonizadora Os grupos indígenas nativos permaneceram como detentores das terras brasileiras até a chegada dos colonizadores portugueses, em 1500. Portugal já sabia da existência do nosso território desde 1498, quando Duarte Pacheco Pereira realizou uma expedição para verificar os limites do Tratado de Tordesilhas. Visando à exploração colonial, no período conhecido como “as grandes navegações”, Pedro Álvares Cabral veio ao Brasil garantir a posse para a Coroa Portuguesa. Com a chegada dos colonizadores, deu-se início ao processo de ocupação e exploração do território, a empresa colonial. A história do Brasil Colônia pode ser dividida em três grandes momentos: da chegada de Cabral até a instalação do governo geral, em 1549; de 1549 até meados do século XVIII; das últimas décadas do século XVIII até a independência, em 1822. Não houve um grande interesse inicial pelas terras brasileiras e as atividades comerciais ficaram restritas a instalações de feitorias e à exploração do pau-brasil. Os indígenas que habitavam o litoral foram os primeiros a ter contato com os portugueses e aos poucos foram inseridos no sistema comercial, sendo usados principalmente na coleta do pau-brasil. Com a vinda Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 de Martim Afonso de Souza, em 1530, tem início a ocupação efetiva do Brasil. O sistema criado foi o de Capitanias Hereditárias, o qual mantinha a posse da terra para a Coroa Portuguesa, mas permitia a exploração pelos donatários. Apenas as capitanias de São Vicente e Pernambuco prosperaram, acredita-se que pela instalação da indústria açucareira. A instalação de um governo geral no Brasil é atribuída tanto a dificuldades no comércio internacional com as Índias quanto ao fracasso das capitanias. Tomé de Sousa vem ao Brasil com a missão de instalar o governo geral, em Salvador, garantindo a posse do território, sua colonização e o envio de rendimentos para a Coroa. Junto com Tomé de Souza vieram também os primeiros jesuítas, entre eles Manoel da Nóbrega, encarregados da catequização do clero. Posteriormente (1533) criou-se o bispado de São Salvador, sujeito ao arcebispado de Lisboa, caminhando-se assim para a organização do estado e da Igreja, estreitamente aproximados. O início dos governos gerais representou também a fixação de um polo administrativo na organização da Colônia. Obedecendo às instruções recebidas, Tomé de Sousa empreendeu o longo trabalho de construção de São Salvador, capital do Brasil até 1763. (Fausto, 1995, p. 47) A principal função da empresa colonial era o fornecimento de alimentos e riquezas. Baseou-se na grande propriedade e no trabalho escravo, inicialmente dos indígenas e, a partir da década de 1570, de negros africanos. Há algumas explicações para essa mudança: Os indígenas resistiram fortemente ao trabalho compulsório, principalmente pela guerra e pela fuga. Por serem nativos, conheciam bem o território e conseguiram estabelecer uma forma mais eficaz de resistência do que os negros que vieram da África. O contato com os portugueses e o processo de escravização geraram uma catástrofe demográfica. Contaminados com vírus de doenças como gripe, sarampo, varíola, para as quais não tinham defesas biológicas, milhares de indígenas morreram por doenças. Estima-se que nos anos de 1562 e 1563 morreram mais de 60 mil pessoas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 Muitos dos negros africanos que foram escravizados já estavam familiarizados com o manejo do ferro e a criação de gado, sendo considerados mais produtivos do que os indígenas. “Estima-se que entre 1550 e 1855 entraram pelos portos brasileiros 4 milhões de escravos, na sua grande maioria jovens do sexo masculino.” (Fausto, 1995, p. 51). Os africanos também estabeleceram formas de resistência à escravização portuguesa, porém de forma diferente da dos indígenas, pois não dominavam o território. As fugas constantes geraram a formação dos quilombos, compreendidos como comunidades de ex-escravos, organizações que serviam de local de morada e agrupamento de negros que fugiram da escravidão e estabeleceram uma organização social complexa, baseada na resistência ao sistema colonial. a quilombagem foi apenas uma das formas de resistência. Outras, como o assassínio dos senhores, dos feitores, dos capitães-de-mato, o suicídio, as fugas individuais, as guerrilhas e as insurreições urbanas se alastraram por todo o período. Mas o quilombo foi a unidade básica de resistência do escravo. (Moura, 1981, apud Leite) Ao longo dos quatro primeiros séculos da colonização, a ocupação territorial se deu a partir do avanço das entradas e bandeiras, da pecuária e da produção colonial mineira. No final do século XVIII, o cenário local e europeu já havia sofrido inúmeras mudanças, desde o início da empresa colonial. Na Europa, a crise do Antigo Regime, o Iluminismo, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa culminaram no surgimento da sociedade contemporânea e resultaram na crise do sistema colonial. Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 Síntese Os povos indígenas brasileiros Nativos nomeados "índios" Cultura Indígena Natureza e Cosmos A empresa colonizadora Comércio Colonial e Escravidão Arte Indígena Arte Plumária, Pintura Corporal, Cestaria e Cerâmica Mitologia Brasileira Mito: narrativa de origem Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 Referências AFONSO, G. B. As constelações indígenas brasileiras. In: TELESCÓPIOS na escola: Projeto Educacional em Ciências através do uso de telescópios robóticos. [S.l: s.n.]. Disponível em: <http://www.telescopiosnaescola.pro.br/indigenas.pdf>. Acesso em: 10 maio 2016. AMOROSO, M. Entrevista. In: ARANTES, J. T. A política indigenista e o malogrado projeto de aldeamento indígena do século XIX. Agência Fapesp, 2016. Disponível em: <http://agencia.fapesp.br/a_politica_indigenista_e_o_malogrado_projeto_de_al deamento_indigena_do_seculo_xix/23471/>. Acesso em: 3 jun. 2016. ELIADE, M. Mito e realidade. São Paulo: Perspectiva, 1972. FAUSTO, B. História do Brasil. 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