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O Período da Sociedade Industrial no Brasil

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Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
1 
Comunicação e Realidade Brasileira 
 
 
 
 
 
Aula 4 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Máira Nunes 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
2 
Conversa Inicial 
Olá! 
O período conhecido como sociedade industrial compreende um 
processo histórico que tem início com a Revolução Industrial, no final do século 
XVIII, e dura até meados do século XX. O Brasil viveu intensas mudanças 
nesse processo, deixando de ser colônia de Portugal e estabelecendo o 
governo republicano que dura até hoje. Podemos afirmar que muitas das 
características do nosso sistema político atual foram gestadas nessa época. 
Houve também uma considerável transformação na vida da população, com a 
sucessão de ciclos econômicos (açúcar, mineração e café) e consequente 
processo de urbanização e transformação da população, decorrente da 
abolição da escravatura e da imigração de europeus. O estudo do período é 
fundamental para compreendermos nossa sociedade atual. 
Tema 1: Política Imperial 
O processo da emancipação brasileira está inserido no contexto das 
transformações ocorridas no final da Era Moderna, em especial a Revolução 
Industrial e a Revolução Francesa. A vinda de D. João VI para o Brasil, 
motivada pelo avanço napoleônico, foi acompanhada de 
todo um aparelho burocrático [que veio] para a Colônia: ministros, conselheiros, 
juízes da Corte Suprema, funcionários do Tesouro, patentes do exército e da 
marinha, membros do alto clero. Seguiam também o tesouro real, os arquivos do 
governo, uma máquina impressora e várias bibliotecas que seriam a base da 
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. (Fausto, 1995, p. 121) 
A organização da Corte brasileira ocorreu em um período de 
transformações na estrutura colonial, com a abertura dos portos às nações 
amigas (privilegiando a Inglaterra) e a transferência da sede da monarquia 
portuguesa para o Brasil. Revoltas internas e a Revolução Liberal do Porto, que 
forçou o retorno de D. João para Portugal, aceleraram o processo de 
independência. Cabe ressaltar que o Brasil foi a única das ex-colônias 
americanas que, ao se tornar independente, continuou uma monarquia, e não 
uma república. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
3 
O império brasileiro tem início com o governo de D. Pedro I, marcado 
pela predominância do Partido Português. Após a independência, em 1822, 
tiveram início os trabalhos da assembleia constituinte que promulgou a 
constituição de 1823, chamada de “Constituição da Mandioca”, pois 
condicionava a capacidade eleitoral à renda (não em dinheiro, mas em 
alqueires de plantio de mandioca). O anteprojeto tinha inspiração iluminista 
(soberania nacional e liberalismo econômico), anticolonialista (contra os 
portugueses) e antidemocrática (exclusão das camadas populares). Uma de 
suas propostas era a limitação dos poderes do imperador, o que fez com que 
D. Pedro I dissolvesse a assembleia e outorgasse a Constituição de 1824. 
Questões de política externa (Cisplatina) e interna (Confederação do 
Equador e Noite das Garrafadas) resultaram no desgaste do poder de D. 
Pedro. A abdicação ao trono veio em 7 de abril de 1831, quando D. Pedro I 
deixou o trono em nome de seu filho, D. Pedro II. Após a renúncia, teve início o 
período da Regência, que significou, na prática, a ascensão política da 
aristocracia rural. 
As Regências Trinas (Provisória e Permanente) compreendem o período 
de 1831 a 1835, e as Regências Unas (Feijó e Araújo Lima), o período de 1835 
a 1840. Os primeiros anos do período regencial foram marcados por um 
relativo avanço liberal, no entanto, as revoltas regenciais (Farroupilha, 
Sabinada, Balaiada, Malês e Cabanagem) resultaram em um regresso 
conservador. O período regencial chegou ao fim com a antecipação da 
maioridade de D. Pedro II, que assumiu o trono com 15 anos incompletos. 
O II Reinado começou com uma intensa disputa entre liberais e 
conservadores, tendo esses conseguido ascender ao poder, garantindo a 
estruturação de um Estado forte e a centralização do poder. Toda a prática 
política era exercida por meio de relações de compadrio e patronato, as quais 
geravam o que chamamos de clientelismo, que, para José Murilo de Carvalho 
(1997), 
indica um tipo de relação entre atores políticos que envolve concessão de 
benefícios públicos, na forma de empregos, benefícios fiscais, isenções, em troca 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
4 
de apoio político, sobretudo na forma de voto. 
O período conservador durou até aproximadamente 1860 e deu lugar a 
um amplo movimento por reformas, que não foram suficientes para a 
manutenção do império. O fortalecimento do Exército após a Guerra do 
Paraguai, as mudanças resultantes da introdução do trabalho assalariado 
(após a abolição da escravatura em 1888), somados a disputas de poder com 
representantes da Igreja católica fortaleceram o movimento republicano e 
resultaram na proclamação da república, em 15 de novembro de 1889. 
Tema 2: República Brasileira 
A primeira fase do governo republicano brasileiro é chamada de 
República Velha e compreende o período de 1889 a 1930. Teve início com o 
governo do Marechal Deodoro da Fonseca e foi marcada por problemas 
econômicos e divergências políticas. 
A primeira medida tomada após a proclamação da república foi a 
convocação de uma assembleia constituinte que resultou na constituição de 
1891. A nova lei inspirou-se no modelo estadunidense e estabeleceu uma 
república federativa liberal, prevendo certa autonomia aos estados, bem como 
a divisão dos três poderes – executivo, legislativo e judiciário. Estabeleceu 
também o sistema presidencialista de governo e o voto direto e universal aos 
maiores de 21 anos, estando excluídas as categorias de analfabetos, mendigos 
e praças militares. Mesmo não fazendo referência direta às mulheres, 
entendeu-se que estavam impedidas de votar. (Fausto, 1995) 
Em termos políticos, a República Velha caracterizou-se pelo poder das 
oligarquias e pelo coronelismo, no que ficou conhecido como “política dos 
governadores”. Esses arranjos políticos visavam favorecer as elites locais e 
garantir o poder da presidência da república. A predominância de políticos dos 
estados de São Paulo e Minas Gerais, alternando-se na presidência, deu 
origem ao nome “política do café com leite”. 
O período também foi marcado por diferentes movimentos sociais – do 
campo e urbanos. Canudos, Contestado e o movimento liderado por Padre 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
5 
Cícero são exemplos do primeiro tipo, juntamente com o movimento de colonos 
das fazendas de café. Já nas cidades, o movimento das classes trabalhadoras 
envolveu operários das fábricas, trabalhadores ferroviários, marítimos e 
doqueiros, sendo marcado por uma forte onda grevista entre os anos de 1917-
1920. Outro grupo que participou de movimentos insurgentes foi o dos 
militares, marcado pela Revolta da Chibata, de marinheiros, em 1910, e, na 
década posterior, entre 1922 a 1927, pelo movimento tenentista. 
A segunda fase da república brasileira tem início com a Revolução de 
1930 e representa algumas mudanças na organização politica nacional. O 
Estado oligárquico que marcou a primeira república foi substituído por uma 
maior centralização e autonomia. Boris Fausto (1995, p. 327) aponta também 
outros elementos presentes nessa mudança: 
1. a atuação econômica, voltada gradativamente para os objetivos de promover a 
industrialização; 2. a atuação social, tendente a dar algum tipo de proteção aos 
trabalhadores urbanos, incorporando-os, a seguir, a uma aliança de classes 
promovida pelo poder estatal; 3. O poder central atribuído às Forças Armadas – 
em especial o Exército – como suporte de criação de uma indústria de base e 
sobretudo como fator de garantia da ordem interna. 
O governo provisório instituído após a revolução tomou medidas 
centralizadoras e autoritárias, como a dissolução do Congresso Nacional e a 
nomeação de interventoresno governo dos estados. Também deu início à 
implementação de uma política trabalhista, que concedeu novos direitos aos 
trabalhadores, e de uma política educacional, voltada aos ensinos secundarista 
e superior. 
Uma nova constituição democrática foi promulgada em 1934, mas a 
corrente política autoritária, sempre presente em nossa política, ganhou forças 
ao longo da década de 1930. As tentativas de golpe comunista, fracassadas 
em 1935 e 1937, resultaram em amplas medidas repressivas e na implantação 
do Estado Novo. 
Vargas – expoente máximo do autoritarismo e do populismo – impôs a censura, 
criou tribunais de exceção, estigmatizou os estrangeiros e negou abrigo aos 
judeus refugiados do nazi-fascismo. Sem coragem de expor ao mundo seu ideário 
antissemita, manteve a política imigratória à sombra de circulares secretas. 
(Carneiro, 1999, p. 331) 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
6 
Deu-se então a centralização definitiva do poder, eliminando a 
autonomia dos estados e a divisão dos poderes, impondo um regime de 
censura e perseguição aos opositores do governo. A participação do Brasil na 
II Guerra Mundial revelou a grande contradição de Vargas, que realizava um 
governo ditatorial e lutava pela democracia no exterior, abrindo espaço para a 
articulação da oposição. O Estado Novo e seu projeto de modernização 
autoritária terminam em 1945. 
A terceira fase da república brasileira é chamada de Período 
Democrático e durou de 1945 a 1964. É marcada pelo desenvolvimentismo e 
por uma nova articulação do Exército e do movimento operário. Esse período 
termina com o governo de João Goulart que, ao promover uma política de 
reforma de base, desagradou a setores da elite brasileira e resultou no golpe 
militar de 31 de março de 1964. 
Tema 3: Interpretações do Brasil 
 Desde o período pré-republicano, muitos foram os pensadores que se 
dedicaram a explicar o Brasil, discutindo a formação de uma identidade 
nacional não colonial. Joaquim Nabuco, Castro Alves, Machado de Assis e 
Euclides da Cunha foram alguns dos que questionaram as relações das 
instituições brasileiras com a realidade social. As questões da abolição da 
escravatura, das desigualdades sociais e do pensamento republicano foram 
debatidas no final do II Reinado, pensando um projeto de nação e a 
compreensão da realidade brasileira. 
O campo que ficou conhecido como interpretações do Brasil apareceu [...] neste 
período iniciado com o debate abolicionista e republicano, no final do século XIX, 
desdobrando-se com o estabelecimento e o desenvolvimento mais amplo da 
universidade no Brasil, nas décadas de 1920/30. É possível identificar nestes 
autores a questão da formação do Brasil como uma questão de fundo de seus 
trabalhos, isto é, preocupavam-se com o debate do estabelecimento de um quadro 
social nacional mais autônomo que se contraporia à origem colonial do Brasil, 
marcada por diversos tipos de domínio, como cultural, político e econômico. 
(Curty, Malta, Borja, 2014, p. 4) 
 Joaquim Nabuco (1849-1910), influente abolicionista, entendia que os 
escravos eram a maior classe formadora do Brasil e, portanto, a sua falta de 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
7 
direitos e exploração eram nocivas não apenas para as pessoas escravizadas, 
mas para a própria nação brasileira, condenada à mistura de submissão (dos 
escravos) e brutalidade (dos senhores), gerando pobreza e miséria. 
 Euclides da Cunha (1866-1909) desenvolve sua visão de nação ao 
acompanhar o conflito de Canudos e reconhece na figura do sertanejo o 
mestiço brasileiro, o herói nacional. Mesmo sob o impacto da sociabilidade 
rústica que encontrou em Canudos, Cunha reconheceu no sertanejo um 
potencial de criação, ainda que em condições hostis. Para ele, um projeto de 
nação autônomo e efetivamente brasileiro viria pelas mãos do sertanejo. 
 Já durante as primeiras décadas da república, surge a segunda geração 
de intérpretes do Brasil. Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre e Caio 
Prado Júnior são representantes da geração dos anos 1920/30, como é 
conhecida, marcada por uma análise da formação socioeconômica do Brasil 
que discute a possibilidade de transição de uma sociedade agrário-exportadora 
para uma sociedade urbano-industrial. Outro ponto em comum é o fato de que 
os autores consideram a formação do Brasil a partir da chegada do colonizador 
português, sem considerar os povos nativos. 
 Gilberto Freyre (1900-1987) analisa a formação do Brasil com base na 
organização da família patriarcal e do processo de miscigenação. Para Freyre, 
a proposta de nação deveria passar por uma recuperação das origens 
coloniais, em um processo original que se distanciaria das formas políticas e 
sociais europeias. 
Freyre fez parte de um movimento intelectual que, baseado no trabalho de Franz 
Boas, criticou com veemência os determinismos biológicos e geográficos, além da 
crença no evolucionismo cultural. Boas apontava que cada cultura é uma unidade 
integrada, fruto de um desenvolvimento histórico peculiar. Enfatizou a 
independência dos fenômenos culturais com relação às condições geográficas e 
aos determinantes biológicos, afirmando que a dinâmica da cultura está na 
interação entre os indivíduos e a sociedade. (Curty, Malta, Borja, 2014, p. 13) 
 A formação do Brasil, fruto da oposição binária entre a casa-grande e a 
senzala, a cultura portuguesa e a indígena e africana, ocorreu por meio da 
violência, e a solução seria a construção de uma miscigenação harmônica. 
 Sério Buarque de Holanda (1902-1982) pretende pensar o Brasil a partir 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
8 
da contradição gerada pela política do português cordial, patriarcal e autoritária, 
a qual precisa se transformar em uma democracia. 
Para Sérgio Buarque, nossa revolução, que estaria em curso e seria lenta e 
gradual, era a libertação das raízes ibéricas: abrindo espaço para organizações 
sociais democráticas com conteúdos novos, diferentes dos europeus. (Curty, 
Malta, Borja, 2014, p. 15) 
 Em sua concepção, a formação do Brasil é única e autêntica e, apesar 
de ter sido criada sob o signo colonial da Europa, não é uma mera repetição ou 
continuidade de suas relações econômicas, políticas e sociais. O projeto de 
nação deve ser pensado, então, a partir de nossas características de 
subdesenvolvimento e dependência, visando à superação dessas 
características, por meio da liberdade e do novo, em um projeto próprio. 
 Caio Prado Júnior (1907-1990), por sua vez, entende que há uma 
contradição entre a herança do sistema colonial e a possibilidade de 
construção de uma nação democrática independente economicamente. Ao 
analisar a economia colonial, o autor não apenas reforça nosso caráter de 
colônia de exploração cuja produção servia para abastecer o mercado 
internacional, mas também se interessa pela classe que estava fora do 
complexo senhor-escravo, acreditando ser esse grupo social o responsável 
pelas transformações necessárias para a construção da nação. A formação de 
um Estado nacional moderno deveria vir aliada à formação de uma economia 
voltada para o mercado interno e independente. 
Tema 4: Cultura Imigrante 
 A principal força de trabalho brasileira, ao longo do período colonial e do 
império, foi a mão de obra escrava. A vinda de negros africanos destinados ao 
trabalho compulsório em terras brasileiras tornou-se um negócio lucrativo que 
durou até a abolição da escravatura em 1888. As mudanças econômicas já 
puderam ser sentidas na década de 1850, com o fim do tráfico negreiro e a 
liberação de capital investida em bancos, indústrias e empresas de diferentes 
setores. O setor cafeeiro, base da economia do período, marcou a mudança do 
eixo produtivo do Nordeste para o Centro-Sul e também as primeiras 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
9 
transformações da mão de obra. 
 Pretendia-se transformar a força de trabalho escrava em assalariada, 
mas não apenas com a mudança no sistemaprodutivo escravista. A escravidão 
era vista como atrasada, e a proposta da colonização imigrante representava a 
possibilidade do embranquecimento da população. 
No pensamento imigrantista do século XIX a escravidão não é percebida como um 
regime imoral ou ilegítimo, mas simplesmente adjetivada por seu caráter 
arcaizante, um modelo econômico retrógrado e impeditivo de imigração porque 
produz uma imagem negativa do país na Europa. Em resumo, a vigência do 
regime escravista faz da África apenas um lugar de negros bárbaros e não de 
imigrantes potenciais. (Seyferth, 2002, p. 120) 
 Dessa forma, podemos identificar dois grandes momentos de incentivo à 
imigração no Brasil: no final do século XIX e no início do século XX. No 
primeiro momento, a imigração está relacionada não apenas a questões 
econômicas, mas também ao pensamento científico da época, que procurava 
justificar a superioridade da raça branca em relação às outras (principalmente à 
negra). A presença de uma população majoritariamente negra seria prejudicial 
para o desenvolvimento da nação, pois resultaria em atraso e degeneração. 
Nesse sentido, o incentivo à imigração europeia permitiria maior miscigenação 
da população, “embranquecendo” e “purificando” o sangue primitivo e 
promovendo a civilização. 
A face mais visível desse projeto nacional de branqueamento da população 
brasileira – enunciado pelo representante do governo brasileiro no I Congresso 
Internacional das Raças, realizado em Londres – se encontra nas políticas de 
promoção e subsídio à imigração europeia e na legislação republicana que proibiu 
a imigração de africanos e asiáticos [...]. Foram essas ações estatais que 
garantiram o formato, europeu, da imigração de massa experimentado pelo Brasil 
entre as décadas de 1880 e 1930. (Stocco II, 2006, p. 23) 
 Assim, a entrada de estrangeiros com a finalidade de trabalho e 
colonização ficou restrita às pessoas brancas, preferencialmente de origem 
europeia. Italianos e alemães eram vistos como tendo o melhor perfil para o 
trabalho agrícola. 
 Já nos anos 1930, há uma nova política de imigração, marcada pelo 
nacionalismo e pela eugenia, característicos do governo Vargas. Estabeleceu-
se, então, uma ampla legislação que definia os critérios de imigração, 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
10 
novamente restringindo a entrada de indivíduos de determinadas raças e 
origens, bem como de doentes e “aleijados”. Havia também uma grande 
preocupação em evitar a entrada de comunistas no país, e a restrição da 
entrada de judeus e orientais, dentre outras etnias preteridas, também se 
explica pela eclosão da Segunda Guerra Mundial, pois se acreditava que trazer 
“bons” imigrantes resolveria os problemas de desenvolvimento do Brasil a partir 
da limpeza étnica. 
Tema 5: Urbanização 
 O processo de urbanização brasileiro se fez em meio ao contexto de 
ocupação colonial e apresenta características próprias, resultado da forma 
como portugueses se instalaram no Brasil. O perfil do homem cordial proposto 
por Sérgio Buarque de Holanda é uma das explicações para o fato de que a 
ocupação e a instalação portuguesa no período colonial não promoveram uma 
efetiva urbanização, como se pode perceber na América espanhola, cujo 
planejamento urbano evidencia a natureza da colônia como uma continuação 
da metrópole. 
 Para Beatriz Bueno (2012), 
havia políticas relacionadas à formação de vilas e cidades no Brasil; os núcleos 
tinham uma natureza específica e integravam-se a um sistema urbano 
internacional, cumprindo papéis de acordo com os contextos; a política de 
colonização do Brasil não se deu ao sabor das circunstâncias, havendo claras 
mudanças de direção entre os dois séculos iniciais e o século XVIII; políticas e 
projetos de gestão do território e das vilas e cidades oscilaram ao sabor dos 
interesses em jogo; de acordo com as variáveis em questão, as escolhas de 
projeto implicaram em maior ou menor grau de elaboração e controle por parte da 
Coroa portuguesa; havia diversos atores envolvidos no processo social de 
formação de uma rede urbana no Brasil, com interesses convergentes e 
divergentes. (Bueno, 2012, p. 18) 
 Os primeiros núcleos urbanos brasileiros formaram-se no litoral e 
no planalto paulista. A sua principal função era o controle político, 
administrativo e comercial da produção colonial açucareira. Como a mudança 
da atividade econômica do açúcar para a mineração, a ocupação territorial 
transfere-se para a região das Minas Gerais, que será majoritariamente urbana. 
 Durante o século XIX, as mudanças políticas resultantes da instalação 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
11 
da Corte portuguesa e da proclamação da independência resultam em um 
processo de aceleração da urbanização, que será consolidada ao longo do 
século XX. A partir dos anos de 1850, a expansão da indústria cafeeira vai 
resultar em mudanças sensíveis no território, pois, além da rede urbana 
formada pelas cidades paulistas (chegando ao Rio de Janeiro e a Minas 
Gerais), toda uma estrutura de estradas, ferrovias, portos e meios de 
comunicação irá ampliar o processo de urbanização. 
Na Republica Velha (1889/1930), com a grande expansão da economia cafeeira e 
com o primeiro e expressivo surto de industrialização, se ampliaram as relações 
mercantis entre as diferentes regiões brasileiras – até então, meros arquipélagos 
regionais – e começaram a se intensificar as migrações internas, e, 
principalmente, as migrações internacionais. Estas últimas, fortemente financiadas 
pelo Estado, impunham limites à expansão dos deslocamentos populacionais 
internos, já que se dirigiam, principalmente, para os Estados onde mais se 
expandia a economia, ou seja, São Paulo e Rio de Janeiro. (Brito, Horta, Amaral, 
2001, p. 1) 
Um segundo momento de ampliação no processo de urbanização 
brasileiro ocorreu a partir das décadas de 1930/1940, caracterizado pelo 
investimento industrial, que exigiu um investimento maciço em infraestrutura e 
resultou em um intenso processo de migrações internas, ocasionando, já nos 
anos 1960, a existência de uma população urbana maior do que a população 
rural. 
Na Prática 
 Os movimentos sociais da primeira metade do século XX foram, em 
muitos casos, inspirados nos ideais anarquistas e socialistas em voga na 
Europa. Faça uma pesquisa sobre as características do movimento anarquista 
e socialista da época, apontando as principais diferenças e pontos em comum 
entre eles, bem como identifique quem foram os principais teóricos que 
inspiraram esses movimentos. 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
12 
Síntese 
 
 
 
 
POLÍTICA IMPERIAL 
I Reinado, Regência, II 
Reinado 
REPÚBLICA BRASILEIRA 
República Velha, Revolução 
de 1930, Período 
Democrático
CULTURA IMIGRANTE 
Estímulo à imigração 
estrangeira
INTERPRETAÇÕES DO BRASIL 
Joaquim Nabuco, Euclides da 
Cunha, Gilberto Freye, Sérgio 
Buarque, Caio Prado Jr.
URBANIZAÇÃO 
Desenvolvimento urbano 
brasileiro
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
13 
Referências 
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<http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/outros/4EncNacSobreMigracao/
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STOCCO II, L. Preconceito, branqueamento e anti-racialismo: porque e 
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Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2006.

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