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História Econômica, 
Política e Social 
do Brasil
Abolicionismo e a Consolidação da República
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Vivian Fiori 
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos 
5
Esperamos que tenha tido um ótimo aproveitamento dos estudos até aqui.
Nesta unidade, falaremos a respeito do Segundo Reinado, o governo de Dom Pedro II. Foi 
um período marcado por algumas revoltas; clamores pela abolição da escravidão, processo 
que ocorreu gradativamente; e a modernização do território, com a chegada dos serviços de 
telégrafos, das ferrovias e da navegação a vapor.
Reiteramos a necessidade, nesta disciplina, da leitura atenta aos textos, bem como o empenho 
na realização das atividades e materiais complementares.
Evidenciar como a evolução da sociedade brasileira no século XIX levou 
ao fim da escravidão. Mostrar como esse fato se relaciona com a política 
interna e externa. Entender como a demanda por autonomia regional e 
maior participação política encaminhou o Brasil para a República.
Abolicionismo e a Consolidação da 
República
 · Brasil: Do Segundo Reinado à República
 · A Modernização do Território Brasileiro
 · A Guerra do Paraguai
 · Abolição
 · A Questão Agrária Durante o Império
 · A Consolidação da República e as Questões Fronteiriças
 · A Constituição de 1891 e o Federalismo
6
Unidade: Abolicionismo e a Consolidação da República
Contextualização
Leia atentamente o texto a seguir:
A Revolução Praieira
O movimento ocorrido em Pernambuco entre 1842 a 1849 pode ser caracterizado como o mais 
“politizado” de todas as revoltas do período (alguns historiadores consideram-na uma revolução), 
no sentido de que originou-se e desenvolveu-se enquanto luta política explícita entre classes sociais 
distintas, que procuravam expressar-se em torno de suas posições políticas e ideológicas. Mesmo 
levando-se em conta que o “pano de fundo” econômico-social não era radicalmente distinto daquele 
das demais revoltas, o fato é que a situação da província de Pernambuco apresentava algumas 
particularidades de “modernidade” para a época, digamos assim.
Tratava-se de uma província bastante desenvolvida, em função dos séculos de produção açucareira. 
Consequentemente, a força dos senhores de terra e engenho era enorme. Nas cidades, e 
principalmente na capital, desenvolvera-se uma forte burguesia comercial, composta majoritariamente 
por portugueses. Do outro lado, uma enorme massa de escravos e trabalhadores livres, além dos 
artesãos, funcionários públicos, intelectuais etc. A concentração do poder econômico e político 
era extremada. Segundo Caio Prado Júnior, um terço dos engenhos da província pertenciam a 
uma única família (os Cavalcantis). Os políticos liberais na Assembleia apontavam constantemente 
estes fatos e exigiam mudanças. Surge um novo partido (Praieiro, já que seu jornal Diário Novo 
funcionava na rua da Praia) que passou a comandar a oposição política (e posteriormente armada) à 
situação que denunciavam. Os proprietários e comerciantes, por seu turno, organizaram-se também 
num partido (Ordem) e seu respectivo jornal (Diário de Pernambuco). Durante alguns anos, a luta 
política se fez a nível parlamentar, entremeada de alguns choques violentos. Em especial após a 
ascensão de um presidente na província, que tentou implantar algumas reformas do ideário praieiro, 
promovendo inclusive devassas em engenhos da oligarquia. Os revoltosos dominavam amplamente 
a província. Quando, em 1848, o governo central nomeou um novo presidente de província com 
a incumbência de “normalizar” a situação, generalizou-se a luta armada propriamente dita, como 
levante dos praieiros e sua marcha em direção à capital. São derrotados pelas forças da reação em 3 
de fevereiro de 1849. Apesar da guerrilha que permanece no interior, os revoltosos são dominados. 
Com a derrota, abortara-se também um projeto político autenticamente liberal que os praieiros pretendiam 
concretizar em Pernambuco. Esse projeto, expresso claramente em seu programa, foi sintetizado por 
Caio Prado Júnior: “1º - Voto livre e universal do povo brasileiro. 2º - Plena liberdade de comunicar os 
pensamentos pela imprensa. 3º - Trabalho como garantia de vida para o cidadão brasileiro. 5º - Inteira 
e efetiva independência dos poderes constituídos. 6º - Extinção do poder moderador e do direito de 
agraciar. 7º - Elemento federal na nova organização. 8º - Completa reforma do poder judicial em ordem 
a assegurar as garantias individuais do cidadão. 9º - Extinção do juro convencional. 10º - Extinção do 
atual sistema de recrutamento” (Evolução política do Brasil e outros estudos).
COSTA, Wanderley Messias da. O Estado e as políticas territoriais no Brasil. São Paulo: 
Contexto, 1988, p. 38-39.
Revoltas nativistas, como a revolução Praieira, foram muito comuns no período regencial. 
Tais reivindicações tornam-se cada vez melhor organizadas durante o governo de Dom Pedro II, 
à medida que a sociedade brasileira passa a ser influenciada por um ideário liberal e federativo, 
principalmente europeu e norte-americano. 
Juntamente com as reivindicações por maior autonomia provincial, a demanda por 
modernização do país e a luta pela abolição da escravidão são temas que irão ocupar cada vez 
mais espaço na agenda política nacional, durante o Segundo Império.
7
Brasil: Do Segundo Reinado à República
Nesta unidade, trataremos principalmente do período do Segundo Reinado (1840-1889) e 
também do início da República no Brasil.
O fim do período regencial iniciou com a maioridade decretada de Dom Pedro II, precipitada 
pelo intenso processo de revoltas ocorrido durante as regências. 
Por trás dessa medida estava a imensa preocupação da elite brasileira com uma possível 
fragmentação da jovem nação independente. O retorno da centralização, na figura do 
imperador adolescente, serviu para aplacar os ânimos acirrados, contrapondo-se aos projetos 
regionais nativistas.
O Segundo Reinado (1840-1889)
O processo de centralização política, conduzida pelo jovem imperador, não transcorreu sem 
que houvesse problemas. 
A ideia era fazer com que o apoio das elites agrárias e comerciais desse suporte ao 
fortalecimento do Império. Houve rebeliões, que em geral, focavam mais os interesses de 
grupos particulares. Os cafeicultores, que eram uma classe ascendente de proprietários, estavam 
contrariados principalmente pelas medidas impostas de combate ao tráfico de escravos.
O Governo Imperial, por sua vez, vivia um dilema. A medida era estritamente necessária 
para manter o bom padrão de relacionamento com a Inglaterra, principal parceira comercial, 
maior mercado consumidor da época, e também dona da maior marinha mercante e de guerra 
do mundo.
Uma das medidas tomadas pelo Império foi o incentivo à imigração europeia, para suprir de 
mão de obra os cafezais. A primeira tentativa foi feita por Nicolau de Campos Vergueiro, antigo 
regente e proprietário de terras no chamado “Oeste Paulista”, que trouxe imigrantes suíços e 
alemães, em 1852 (FURTADO, 2000, p. 131). 
Essa experiência, no entanto, fracassou, após uma revolta dos imigrantes com alguns aspectos 
da qualidade de vida nas fazendas, como a disciplina extrema, a restrição à circulação de pessoas 
e a censura a correspondências (FAUSTO, 1994, p. 206)
A cultura cafeeira (século XIX)
O café foi introduzido no Brasil no século XVIII, e desenvolveu-se rapidamente 
graças às condições favoráveis – o clima e o solo, especialmente. O transporte da 
produção se dava por meio de tropas de muares, que desciam a Serra do Mar rumo 
aos portos. As rotas, muitas vezes, eram as mesmas utilizadas anteriormente para o 
transporte do ouro de Minas Gerais. 
8
Unidade: Abolicionismo e a Consolidação da República
A cultura desenvolveu-se inicialmente no Rio de Janeiro e no Vale do Paraíba do 
Sul. Com a alta demanda pelo produto nos mercados internacionais, houve uma 
gradual expansão da produção pelo interior do Estado de São Paulo.No Vale do Paraíba, a produção se assentava no trabalho escravo, e a produção 
transportada por tropas de mulas até as regiões portuárias, como Paraty e Ubatuba.
Posteriormente iniciou-se o emprego de mão de obra assalariada, formada 
principalmente por imigrantes europeus. Conjuntamente com a chegada das 
estradas de ferro, este tipo de organização do espaço agrícola tornou-se muito mais 
rentável que o trabalho escravo, criando, com o decorrer do tempo, uma vasta rede 
urbana no interior do Estado de São Paulo.
As férteis terras da região central e oeste de São Paulo também contribuíram para o 
desenvolvimento desta estrutura produtiva, levando ao surgimento de importantes 
cidades, como Ribeirão Preto, Araraquara, Campinas, São Carlos, Rio Claro, São 
Jose do Rio Preto. 
A cultura do café desenvolve-se simultaneamente à gradual extinção do trabalho 
escravo e sua substituição pelo trabalho assalariado, especialmente dos imigrantes 
europeus, contratados pelos fazendeiros paulistas, e que posteriormente contribuíram 
para o processo de industrialização.
A Modernização do Território Brasileiro
De acordo com o historiador Boris Fausto (1994), a chegada da metade do século XIX 
é marcada por uma busca por modernização, que pode ser verificada principalmente pelas 
mudanças de caráter normativo:
[...] 1850 não assinalou no Brasil apenas a metade do século. Foi o ano de 
várias medidas que tentavam mudar a fisionomia do país, encaminhando-o 
para o que então se considerava modernidade. Extinguiu-se o tráfico de 
escravos, promulgou-se a Lei de Terras, centralizou-se a Guarda Nacional e 
foi aprovado o primeiro Código Comercial. Este trazia inovações e ao mesmo 
tempo integrava os textos dispersos que vinham do Período Colonial. Entre 
outros pontos, definiu os tipos de companhias que poderiam ser organizadas no 
país e regulou suas operações. Assim como ocorreu com a Lei de Terras, tinha 
como ponto de referência a extinção do tráfico (FAUSTO, 1994, p. 197).
 No final do século XIX, há uma caracterização do território que denota a existência de 
um verdadeiro “arquipélago econômico”, com regiões produtivas muito distintas e com pouca 
comunicação entre si. 
No Nordeste, especialmente na região da Zona da Mata, ligada ao cultivo da cana, 
predominava uma estrutura socioeconômica decadente, herdada do Período Colonial, uma 
estrutura rígida, amplamente ligada à acumulação de capitais decorrente da escravidão, o que 
não gerava excedentes passíveis de apropriação por outros setores da economia. 
9
Ao mesmo tempo, nas novas regiões produtivas do Sudeste, especialmente em São Paulo, 
começa a desenvolver-se uma economia baseada no trabalho assalariado, o que gera um mercado 
doméstico, impossível de ser criado dentro de um regime escravista (FURTADO, 2000, p. 131). 
O imigrante utiliza seu salário na compra de bens e serviços, que acabam por desenvolver o 
comércio local. Este comércio pode ser abastecido de bens importados, ou produzidos em outras 
regiões, principalmente devido a inovações técnicas implantadas no território, como a ferrovia.
Assim, a centralidade econômica desloca-se ainda mais para o Sul, de Minas Gerais, antiga 
região produtora de minerais, para São Paulo, ligada à novíssima economia do café. A valorização 
crescente desse produto no mercado internacional aumenta consideravelmente o poder da elite 
cafeeira, cuja influência política far-se-á notar tanto no Governo Imperial quanto na República. 
As inovações ocasionadas pela influência britânica, nas técnicas, e norte-americana, na 
política, irão determinar o surgimento de uma nova elite política, que buscará suplantar a velha 
economia sem, no entanto, alterar radicalmente a estrutura de poder. Ou seja, uma velha elite 
agrária será substituída por uma nova, sem espaço para ascensão social dos grupos menos 
favorecidos da população. 
A expansão e a consolidação territorial dos Estados Unidos da América influenciaram o 
pensamento político das elites brasileiras. O ideário de construção da grande nação americana 
se assentava em duas inovações técnicas desse período: a ferrovia e o telégrafo.
Invenção norte-americana, o telégrafo foi trazido para o Brasil em 1857, com a construção 
da linha de 50 quilômetros ligando o Rio de Janeiro a Petrópolis. Em 1873, foi inaugurada a 
ligação submarina entre Rio de Janeiro, Recife e Belém. 
Em 1874, Irineu Evangelista de Souza, então Visconde de Mauá, obteve a concessão imperial 
para construir e explorar a primeira linha submarina entre o Brasil e a Europa, ligando as 
estações de Recife, em Pernambuco, e de Carcavelos, em Portugal. Na ocasião, o imperador 
Dom Pedro II pode conversar com os monarcas de Portugal, Inglaterra e Áustria. 
Outro elemento fundamental para o desenvolvimento e modernização do Império foi a 
ferrovia. Um decreto imperial, de 1852, concedia imensos privilégios a quem se dispusesse ligar 
por ferrovia pontos importantes, como Minas Gerais e São Paulo. 
Contudo, a função das ferrovias no Brasil foi muito mais ligada ao contexto de escoamento de 
mercadorias do que propriamente ao povoamento do território. Isso não significa, no entanto, 
que a ferrovia não tenha tido um papel fundamental, ao ligar frentes agrícolas pioneiras que 
estavam surgindo, como é o caso do oeste paulista, região produtora de café que se utilizava de 
mão de obra imigrante. 
Grande parte dos investimentos existentes era controlada pelos ingleses. Havia um excedente 
de capitais na Inglaterra, ocasionado pelo excepcional crescimento industrial. Em alguns casos, 
houve a associação de empresários britânicos a eminentes homens de negócios brasileiros, 
como o empresário gaúcho Irineu Evangelista de Souza, o famoso Barão de Mauá, que inovou 
ao criar, em 1867, a São Paulo Railway Company (mais conhecida como Estrada de Ferro 
Santos-Jundiaí), uma revolução no sistema de transportes brasileiro na época. 
Além disso, havia questões das relações do Brasil com os países vizinhos, entre elas, destacamos 
o caso da Guerra do Paraguai, a seguir. 
10
Unidade: Abolicionismo e a Consolidação da República
A Guerra do Paraguai
Esta guerra, iniciada em 1865, teve de um lado o Paraguai, que tinha pretensões expansionistas, 
contra Brasil, Argentina e Uruguai. Para explicar os motivos da guerra, entretanto, devemos 
fazer um pequeno retrospecto histórico.
Antes do início do processo de independência da América espanhola, os atuais territórios 
de Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia encontravam-se unidos no Vice-Reino do Prata, com 
sede em Buenos Aires. 
Havia, nesse Vice-Reino, uma constante tensão entre setores centralistas, que buscavam 
maior ligação com a capital portenha (Buenos Aires), enquanto outros lutavam por maior 
autonomia regional. 
A região do atual Paraguai era composta principalmente por índios guaranis, que não 
aceitavam se submeter à burguesia portenha, que em retaliação fechou os acessos fluviais da 
província, isolando-a. Esse fato levou o líder local, José Gaspar de Francia, a expropriar terras 
da igreja e de parte da elite, a partir de 1813.
Em 1842, o sucessor de Francia, Carlos Antonio López proclamou formalmente a 
independência do Paraguai. Em 1862, seu filho Solano López assumiu o poder, aumentando o 
controle do país sobre o acesso fluvial da bacia do Paraguai, que era a mais importante via de 
acesso da província do Mato Grosso para o restante do Brasil. 
Havia muitas divergências com relação às fronteiras na região, e a política externa brasileira 
para com o Paraguai dependia muito de como iam as relações com a Argentina. O Brasil temia 
uma possível reintegração do território do Vice-Reino do Prata, o que poderia ser uma ameaça 
ao território brasileiro.
O Brasil procurava influenciar na política interna argentina, de modo a obter resultados que 
lhe interessassem. Isto ocorreu com a eleição de Bartolomé Mitre para presidente da Argentina. 
Só que esta eleição desagradava os paraguaios, que se aliaram aos rivais de Mitre, especialmente 
estancieirosdas províncias de Entre-Rios e Corrientes. 
A tensão aumenta quando o Brasil resolve intervir militarmente no Uruguai para colocar 
o partido Colorado no poder. Isso também desagradou a Solano López, que resolveu em 
represália aprisionar o navio Marquês de Olinda, que navegava no rio Paraguai. Em dezembro 
de 1864, Solano invade o Mato Grosso, que era uma província distante e bastante desprovida 
de estrutura governamental. 
Em 1865, Solano López declara guerra à Argentina, o que provoca a união de Brasil, Argentina 
e Uruguai na Tríplice Aliança. A discrepância de forças militares era muito favorável ao Paraguai, 
que contava com 64 mil homens, contra 18 mil do Brasil, 8 mil da Argentina e mil do Uruguai.
Por outro lado, a marinha brasileira era muito superior, o que garantiu vários sucessos nas 
batalhas navais, principalmente no rio Paraguai. O governo imperial brasileiro oferecia alforria 
aos escravos que lutassem na guerra. Após sucessivas derrotas navais, como em Riachuelo 
e Humaitá, os paraguaios abandonaram Mato Grosso e decidiram invadir o Rio Grande do 
Sul, mas foram rechaçados de volta a território paraguaio. Ali, ocorreram violentas batalhas 
campais, como Tuiuti e Curupaiti.
11
A liderança militar brasileira esteve nas mãos de Luís Alves de Lima e Silva, famoso por 
reprimir as revoltas regenciais, principalmente a Balaiada, no Maranhão. No fim da guerra, já 
doente, foi substituído pelo Conde d’Eu, marido da princesa Isabel de Orleans, herdeira do 
trono brasileiro.
O Paraguai, que entrou na guerra como potência ascendente, saiu dela devastado, tendo 
seu líder Solano López morto em combate, em 1870. Calcula-se que a população paraguaia 
tenha caído de 400 mil para pouco mais de 200 mil habitantes, dos quais a maioria mulheres, 
crianças e idosos. 
Para o Brasil, a guerra resultou num maior endividamento do país com a Inglaterra, e também 
no fortalecimento do Exército enquanto instituição, o que viria posteriormente influenciar no 
movimento militar que derrubou o Império e proclamou a República.
Abolição
Apenas muito tardiamente, e após três séculos de exploração colonial e escravagista, é que 
começou a luta pela abolição da escravidão no Brasil.
O primeiro marco abolicionista foi a Lei de 30 de setembro de 1831, que declarava livres 
os escravos desembarcados no Brasil. Apesar disso, durante décadas, continuou ocorrendo 
um movimento clandestino de desembarque de escravos em pontos pouco vigiados da costa 
brasileira. Tais escravos eram marcados como negros “crioulos”, ou seja, como nascidos em 
território brasileiro.
De acordo com Andrade (1991), as leis que promoveram a abolição, começando pela Lei de 
Proibição do Tráfico, de 1850; a Lei do Ventre Livre, de 1871; a Lei do Sexagenário, de 1886; e, 
finalmente, a Lei Áurea, de 1888; levaram a imensa mão de obra representada pelos escravos a 
uma situação precária, visto que não foram seguidas por leis que promovessem o acesso a terra 
por parte desta população.
Grandes nomes dentre os abolicionistas, destacando-se Joaquim Nabuco, André Rebouças e 
João Alfredo, lutavam para aprovar leis que dessem terras e garantissem crédito agrícola, para 
fazer dos ex-escravos pequenos produtores rurais, dando-lhes garantia de segurança alimentar 
e evitando desordens sociais.
A abolição do tráfico negreiro, feita primeiramente, serviu para agradar os interesses da 
Inglaterra, maior aliada do Brasil e maior potência da época, que se industrializava e tinha 
interesse em criar mercados, necessariamente formados por mão de obra assalariada. 
Simultaneamente, as elites brasileiras temiam que acontecessem revoltas, como as ocorridas 
em Saint Domingue – atual Haiti – onde os negros expulsaram os colonizadores franceses, 
dizimando os que resistiram. 
12
Unidade: Abolicionismo e a Consolidação da República
Abolicionistas Brasileiros
Entre as pessoas que lutaram pela abolição da escravidão no Brasil, algumas 
merecem destaque. 
Joaquim Nabuco, membro da elite escravocrata pernambucana, foi deputado 
entre 1878 e 1888. Fundou a Sociedade Antiescravista Brasileira, sendo importante 
ativista, escrevendo artigos em jornais nos quais denunciava as mazelas da 
escravidão. Foi também historiador, jurista e diplomata.
José do Patrocínio, filho de uma escrava alforriada com um padre, foi redator do 
jornal Gazeta de Notícias, no qual iniciou sua campanha abolicionista, junto com 
Joaquim Nabuco e André Rebouças. Fundou a Confederação Abolicionista, em 
1883, reunindo associações de todo o Brasil. 
André Rebouças, neto de uma escrava alforriada, era engenheiro, assim como 
seus dois irmãos, Antonio e José. Seu pai era advogado autodidata e conselheiro 
do Imperador Dom Pedro II. Projetou, entre outras coisas, o primeiro sistema de 
abastecimento público da cidade do Rio de Janeiro. Ajudou a criar a Associação 
Central Emancipadora, que auxiliava os ex-escravos, tendo participado ativamente 
da Sociedade Antiescravista, junto com Joaquim Nabuco.
João Alfredo Correia de Oliveira, nascido em Itamaracá-PE, foi líder político 
em Pernambuco, deputado e conselheiro de Estado do Império. Liderou as 
votações da Lei do Ventre Livre e da Lei Áurea, além de ter ajudado a criar o ensino 
profissionalizante e os cursos educacionais populares.
Se analisarmos os dados das estimativas populacionais de 1798, veremos que a proporção 
de escravos era bem maior que a de homens brancos, o que não tornaria inviáveis revoltas. 
No final do século XVIII, de acordo com Skidmore (2000, p. 89), havia uma estimativa de 
uma população branca de 1.010.000 habitantes, enquanto a população de negros livres era de 
406.000, e de escravos era de 1.582.000. Ou seja: a proporção de escravos era 50% superior 
de brancos, em 1798. 
Um século depois, a situação havia mudado bastante:
Tabela 1: Crescimento da população brasileira por origem étnica, 1798-1872
Origem étnica 1798 1872
Taxa Média de 
Crescimento Anual
Europeu 1.010.000 3.787.289 1,8
Africano (e mestiços) 1.988.000 5.756.238 1,44
- Livres 406.000 4.254.428
- Escravo 1.582.000 1.510.810
Indígena 252.000 386.955 0,58
Total 3.250.000 9.930.478 1,52
13
Assim, embora as elites percebessem a necessidade de paulatinamente extinguir o sistema 
escravagista, sabiam também que não poderiam perder o controle sobre este processo, sob 
pena de permitirem tais revoltas.
Havia também um componente nesses dados que mostra algo preocupante para as elites 
escravagistas: a miscigenação. A população de negros livres, entre os quais muitos mestiços, havia 
quadruplicado em um século. Esse quadro levou as elites – incluindo aqui o próprio imperador – a 
propor políticas de “branqueamento” da população, por meio do incentivo à imigração.
Mesmo com a extinção oficial, o tráfico negreiro continuava existindo na clandestinidade, 
sendo amplamente perseguido pela Marinha Inglesa. Os traficantes, ao perceberem que 
seriam abordados, amarravam pedras pesadíssimas ao pescoço dos negros, fazendo com que 
afundassem rapidamente, evitando serem pegos em flagrante (ANDRADE, 1991, p. 15).
 
A Questão Agrária Durante o Império
O sistema colonial imprimiu no território brasileiro um modelo de produção baseado na grande 
propriedade de terra. Vimos que, durante a colônia, sobrevieram as capitanias hereditárias e 
o sistema de sesmarias. Àqueles que não tinham acesso a terra, restava afastar-se das áreas de 
grandes propriedades, ou então obter acesso a terra por meio de concessões, em troca de parte 
da produção (meeiros). 
Segundo Andrade (1991):
A pequena propriedade dificilmente subsistia próximo ao latifúndio, pois os 
latifundiários facilmente expandiam seus domínios, ora forçando a venda por 
parte dos pequenos proprietários, ora simplesmente expulsando-os da gleba 
que exploravam (ANDRADE, 1991, p. 40). 
Os grandes proprietários eram também possuidores do poder político, controlando a polícia 
e as autoridades locais. Assim, muitas vezes encontravam formas de apoderar-se das terras de 
pequenos produtores vizinhos,sem que eles tivessem a quem recorrer.
O sistema de sesmarias garantia a propriedade a quem utilizasse a terra por um período de 
três anos, sendo estas terras doadas pela coroa portuguesa. Isso, no entanto, não era garantia de 
igualdade na distribuição da terra. Muito pelo contrário: como apenas a coroa podia outorgar o 
direito a terra, havia uma imensa exclusão no ambiente agrário.
Para tentar sanar tal situação, o Governo Imperial promulgou a Lei n. 601, de 18 de setembro 
de 1850, que ficou conhecida como a “Lei de Terras de 1850”. Por este documento legal, seria 
garantida a posse apenas por instrumento de compra e venda.
Entre os prós e contras desta política fundiária, devemos destacar o seguinte. A Lei de Terras 
de 1850, juntamente com outras legislações criadas pelas províncias, favoreceu a colonização 
de importantes áreas, como o interior de São Paulo e do Paraná. 
14
Unidade: Abolicionismo e a Consolidação da República
Por outro lado, tal legislação marginalizou enormemente grupos inteiros, como os escravos 
libertos, que não obtiveram nenhuma garantia legal de acesso a terra. 
Podemos afirmar que esta legislação estabeleceu algumas características que ainda hoje 
estão presentes no nosso território. A imensa concentração fundiária não foi reduzida, sendo 
que existem elites fundiárias que mantêm sua influência política desde o Período Colonial até 
os dias de hoje. 
Ao contrário do que aconteceu em alguns países centrais do sistema capitalista, como França 
e Estados Unidos, o Brasil não pode ser considerado uma democracia agrária, cujo processo de 
formação territorial tenha propiciado o amplo acesso a terra. 
Há, entretanto, importantes porções do território, há uma maior concentração de pequenas e 
médias propriedades, que são importantes produtoras de alimentos, como leite, frutas, verduras 
e cereais.
Portanto, devemos sempre ter em mente que a configuração territorial, ou seja, a maneira 
como estão dispostos os objetos no território guarda relação com o processo de formação 
socioespacial do território ao longo do tempo. 
O conjunto de normas, assim como a existência de redes e estabelecimento de sistemas 
produtivos, são fatores fundamentais para entendermos como funciona o território brasileiro.
O início da imigração em massa
A abolição serviu como estímulo à entrada de imigrantes no Brasil. A necessidade de mão 
de obra assalariada, para substituir os escravos, era fundamental, especialmente em São Paulo, 
onde a produção cafeeira avançava. 
A imigração para o Brasil de outros povos que não apenas portugueses já era bastante comum 
desde o início da colonização. Especialmente espanhóis, árabes e judeus, elementos bastante 
vinculados a Portugal. No entanto, é somente em meados do século XIX que a imigração adquire 
um caráter sistemático e massivo.
Para se ter ideia, no ano de 1886, 33 mil imigrantes entraram no Brasil; dois anos depois, o 
número havia subido para 132 mil. A maior parte dos imigrantes vinha da Itália, seguida por 
Portugal e Espanha.
Num período maior, de acordo com Boris Fausto, cerca de 3,8 milhões de estrangeiros 
entraram no Brasil, entre os anos de 1887 e 1930, sendo que a maior parte entrou no período 
até o início da primeira guerra mundial, em 1914. 
De acordo com Skydmore (2000, p. 105), a assimilação dos imigrantes de origem latina era 
facilitada pela similaridade linguística e cultural destes elementos de cultura mediterrânea. 
A maior parte dos imigrantes italianos veio para São Paulo e Rio Grande do Sul, sendo que 
em 1920, 71,4 % dos italianos viviam em São Paulo, constituindo 9% da sua população. Em 
sua maioria eram pessoas muito pobres, as quais só conseguiram arcar com a viagem devido 
aos subsídios oferecidos pelo governo paulista (FAUSTO, 1994, p. 279).
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Os portugueses também eram imigrantes de perfil muito pobre. Segundo dados do IBGE, 
a quantidade de crianças menores de 14 anos, pobres, abandonadas ou órfãs perfazia quase 
20% do total de emigrados (IBGE, 2013). Tal situação pode ser explicada por vários motivos. A 
população portuguesa vinha aumentando sistematicamente, ao mesmo tempo em que algumas 
atividades agrícolas foram sendo mecanizadas, gerando excedente de mão de obra no campo. 
Muitos pequenos proprietários rurais portugueses não conseguiram mais arcar com sua 
produção, o que elevou enormemente não apenas a imigração rumo ao Brasil, mas também 
rumo aos Estados Unidos da América e rumo à África.
Bastante diferentes eram os imigrantes de origem alemã. Tendo sido um dos primeiros grupos 
a emigrar para o Brasil, a partir de 1824, os alemães se encaminharam principalmente para os 
estados do Sul, além de São Paulo. Porém, havia importantes colônias também no Rio de 
Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia. 
 A partir de 1908, começariam a entrar no Brasil também os japoneses, que ocuparam 
principalmente São Paulo e o Paraná. A modernização da economia japonesa da Era Meiji 
promoveu um esvaziamento do campo, com excedente de pessoas migrando para as cidades. 
O governo japonês incentivava esta imigração, como forma de reduzir as tensões no campo. 
Alem desses grupos de imigrantes, há alguns outros que foram também bastante importantes 
para a construção da identidade brasileira: 
- Árabes – apesar de já estarem presentes ao contexto que produziu a população ibérica 
(Portugal e Espanha), é apenas no século XIX que passamos a ter uma imigração sistemática 
deste grupo, principalmente de populações da Síria e Líbano, regiões que haviam sido 
ocupadas pelo Império Otomano. Muitas vezes estes imigrantes – tanto cristãos quanto 
muçulmanos – eram vítimas de perseguições religiosas.
Estes grupos de sírios e libaneses eram erroneamente chamados no Brasil de “turcos”, pelo 
fato de muitas vezes chegarem aqui com passaporte deste país, já que a moderna Turquia 
derivou da desintegração do Império Otomano.
- Judeus – outro grupo muito presente desde os primórdios da colonização, período em 
que eram obrigados a se converterem ao cristianismo ou serem condenados à Inquisição 
da Igreja Católica. Como constituíam uma imensa nação sem pátria desde o século I, os 
judeus adaptaram-se a um processo de migração constante, mudando de país para país, 
conforme as condições lhes parecessem mais favoráveis. 
A garantia de liberdade de culto, dada pelo Imperador Dom Pedro II, talvez tenha sido um 
fator que incentivou a chegada destes imigrantes, muitos deles perseguidos em outros países. 
- Espanhóis – as razões de imigração dos espanhóis no século XIX eram muito parecidas 
com as dos portugueses. As mudanças no campo promoveram um empobrecimento 
das populações rurais, que se viam forçadas a migrar. Muitos destes trabalhadores eram 
analfabetos, agravando o problema diante da dificuldade que encontravam em conseguir 
trabalho nas cidades. 
Estas pessoas recebiam passagens subvencionadas pelo governo espanhol, muitas vezes 
dando informações erradas, já que muitos nunca haviam trabalhado efetivamente no campo, 
como era o perfil almejado pelas autoridades brasileiras. 
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Unidade: Abolicionismo e a Consolidação da República
 
A Consolidação da República e as Questões Fronteiriças
Além das questões federativas, quanto ao poder das províncias em relação ao governo 
central, também existia uma indefinição quanto à extensão real do território brasileiro. Questões 
fronteiriças movimentavam a região sul, na divisa com a Argentina; no norte, onde hoje estão 
localizados os estados de Roraima e Amapá; e também a questão do Acre, região pertencente 
à Bolívia, mas que havia sido maciçamente ocupada por brasileiros, que se ocupavam do 
comércio do látex.
A borracha era explorada na região desde 1827. Porém, foi a partir do desenvolvimento do 
processo de vulcanização, pelos norte-americanos, que a borracha passou a ser usada na indústria 
automobilística, para produção de pneumáticos. Isso desencadeou uma demanda enorme, que 
elevou os preços e criou uma grande economia de exportação na Amazônia Ocidental.Por volta de 1900, a região conhecida como Acre, então pertencente aos bolivianos desde 
o tratado de 1867, produzia milhares de toneladas do produto, que era escoado pelos rios da 
região, com destino, principalmente, aos Estados Unidos da América.
O Brasil, por sua vez, resolveu requerer a posse do Acre por meio do princípio de uti possidetis, 
ou seja, “quem tem a posse de fato, também tem a posse de direito”. 
Calcula-se que 60 mil pessoas migraram para o Acre, entre 1877 e 1880, principalmente 
nordestinos fugindo da seca. Ao mesmo tempo, a Bolívia tinha perdido grande parte de sua 
força de trabalho por conta da guerra contra o Chile, na qual perdeu sua única saída para o mar 
(ANDRADE, 1999, p. 37-40). 
As más condições de vida na floresta e a péssima remuneração recebida levaram os 
seringueiros a revoltar-se contra a exploração. A gota d’água foi a tentativa do exército boliviano 
de impor sua dominação efetiva sobre o Acre. Por fim, a Bolívia resolveu ceder o território para 
exploração do Bolivian Syndicate, uma espécie de companhia de colonização norte-americana. 
Os acreanos, então, proclamaram uma República Independente, que visava ser anexada 
pelo Brasil. Tanto Bolívia como Brasil enviaram tropas à região, mas a hegemonia brasileira 
confirmou-se rapidamente, devido à incapacidade dos bolivianos, cujo exército encontrava-se 
em frangalhos.
A partir de então, o Barão do Rio Branco, responsável pela política externa brasileira, 
negociou um acordo com a Bolívia, que resultou na assinatura, em 1903, do Tratado de 
Petrópolis. Por ele, o Acre tornou-se território federal brasileiro, com um interventor nomeado 
pelo governo brasileiro. 
Como indenização, a Bolívia recebeu cerca de dois milhões de libras esterlinas, bem como o 
acesso por terra até o rio Madeira, com garantia perpétua de navegação fluvial até o Atlântico. 
Além disso, o Brasil comprometeu-se a construir a ferrovia Madeira-Mamoré, permitindo o 
acesso terrestre (PEREGALLI, 1981).
No contexto interno, os limites entre províncias estavam indefinidos entre Pará e Mato 
Grosso; entre Goiás e Mato Grosso; e entre Paraná e Santa Catarina, região conhecida 
como Contestado.
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A proclamação da República, em 1889, levou o Brasil a adotar o modelo norte-americano 
de federalismo, propiciando maior autonomia às províncias. O município do Rio de Janeiro, 
até então Município Neutro, passa a constituir unidade autônoma, o Distrito Federal. A capital 
fluminense passa a ser a cidade de Niterói. 
O Que é Federalismo?
O federalismo foi introduzido no Brasil com a proclamação da República (1889). A 
maneira mais simples de definir Estado Federal é caracterizá-lo como uma forma de 
organização e de distribuição do poder estatal em que a existência de um governo 
central não impede que sejam divididas responsabilidades e competências entre ele 
e os Estados-membros.
Na Primeira República (1889-1930), marcada por amplo domínio das oligarquias 
(grupos pequenos, detentores da força econômica, do poder político e do prestígio 
social), o federalismo conheceu sua máxima expressão no País. Foi o período em 
que os grupos dominantes nos Estados tiveram grande autonomia em relação ao 
poder central.
Fonte: BARBOSA, Antonio José. O federalismo brasileiro. Disponível em: 
•	 http://www12.senado.leg.br/jovemsenador/arquivos/o-federalismo-brasileiro
Fonte: IBGE, 2011. Adaptado por Vivian Fiori, 2014.
http://www12.senado.leg.br/jovemsenador/arquivos/o-federalismo-brasileiro
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Unidade: Abolicionismo e a Consolidação da República
A partir de 1903, cria-se a entidade política do “Território Federal”, ocorrida em função da 
anexação do Acre, que passa a ser governado diretamente por um interventor nomeado pelo 
governo federal. Mais tarde, em 1937, abriu-se a possibilidade de criação de outros territórios 
federais, pelo desmembramento de estados com grande extensão territorial, ou situados em 
áreas de fronteira onde havia conflitos. 
A Constituição de 1891 e o Federalismo
O golpe militar que instituiu a república, em 1889, teve clara influência de princípios políticos 
norte-americanos, a começar pelo nome dado à República – Estados Unidos do Brasil. Cada 
província do antigo Império passou a ser um Estado Federado, com autonomia em relação 
ao governo central, governado por um presidente estadual, e dotado de um poder legislativo 
estadual – a Assembleia Legislativa.
Pela Constituição de 1891, os Estados poderiam ser fundidos ou incorporados aos vizinhos, 
desde que a Assembleia assim aprovasse (ANDRADE, 1999, P. 48). Os estados obtiveram 
também o direito de terem símbolos, hino e bandeira próprios, desde que não fossem omitidos 
os símbolos nacionais. A justiça passou a ser também estadual, especialmente para tratar de 
assuntos omissos, ou seja, não tratados por lei federal.
No entanto, a herança do poder centralizado do período imperial impediu, por muito tempo, que 
houvesse elites locais habilitadas a criar a autonomia pretendida pela Constituição Republicana.
De acordo com Manuel Correia de Andrade (1994), os estados se hierarquizaram de 
acordo com sua importância relativa para a economia nacional, de base eminentemente 
agroexportadora. Cabia a São Paulo e Minas Gerais elegerem os presidentes da República, 
política que ficou conhecida como “café com leite”. 
Um segundo escalão de estados elegia os vices, em geral Maranhão, Pernambuco, Bahia e 
Rio de Janeiro. O Rio Grande do Sul isolou-se, mas utilizava sua influência militar, adquirida 
nos tempos de anistia de suas rebeliões, para influenciar decisivamente, sobretudo quando 
havia necessidade de alguma intervenção (ANDRADE, 1994, p. 50).
Assim, o poder central passou a ter uma influência maior dos poderes regionais, dentro de 
uma composição hierárquica, ligada principalmente ao poder econômico das elites locais.
Esta primeira fase da República brasileira será marcada por governos conservadores, 
contrastando com o período do Segundo Reinado, considerado por parte dos historiadores 
como liberal e modernizador. 
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Material Complementar
 
ANDRADE, Manuel Correia de. Abolição e reforma agrária. São Paulo: Ática, 1991.
ANDRADE, Manuel Correia de; ANDRADE, Sandra Maria Pereira de. A Federação 
Brasileira. Uma análise geopolítica e geo-social. São Paulo: Contexto, 1994. 
COSTA, Wanderley Messias da. O Estado e as políticas territoriais no Brasil. 
São Paulo: Contexto, 1988.
MORAES, Antonio Carlos Robert. Bases da formação territorial do Brasil. São 
Paulo: Hucitec, 2000.
•	 Fundação Joaquim Nabuco: http://www.fundaj.gov.br
•	 Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro: http://www.ihgb.org.br/rihgb.php?s=p
http://www.fundaj.gov.br
http://www.ihgb.org.br/rihgb.php?s=p
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Unidade: Abolicionismo e a Consolidação da República
Referências
ANDRADE, Manuel Correia de. Abolição e reforma agrária. São Paulo: Ática, 1991.
ANDRADE, Manuel Correia de. ANDRADE. Sandra Maria Pereira de. A Federação Brasileira. 
Uma análise geopolítica e geo-social. São Paulo: Contexto, 1994. 
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1994.
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 
Publifolha, 2000.
HOLANDA. Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1982.
PEREGALLI, Enrique. Como o Brasil ficou assim? São Paulo: Global, 1981. 
SKIDMORE, Thomas. Uma história do Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
THÉRY, H. MELLO, N.A. Atlas do Brasil. Disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: 
Edusp, 2005.
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Anotações

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