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Histologia II/ Prof.ª Ana Luíza Sistema Digestório INTRODUÇÃO O sistema digestivo é representado por um conjunto de órgãos tubulares e glândulas associadas, com objetivo de fragmentar o sustento ingerido em unidades menores para que finalmente possam ser absorvidas e utilizadas para a manutenção da homeostase. ESTRUTURA GERAL DOS ÓRGÃOS TUBULARES Há um modelo estrutural comum para todos os órgãos tubulares dos sistemas digestivo, respiratório, urinário e reprodutor. É formado por um tubo oco que possui um lúmen, ou luz, com diâmetro variável, circundado uma parede com quatro camadas distintas, chamadas de “túnica” ou “tela”: mucosa, submucosa, muscular e serosa. ▪ Túnica mucosa: Protegida por muco; Revestimento epitelial; Lâmina própria (tecido conj. Frouxo), vasos sanguíneos, linfáticos, nervos e a depender do órgão glândulas e tecido linfóide; Lâmina muscular, formada por uma a três camadas de células musculares. ▪ Tela submucosa: Tecido conjuntivo frouxo; Possui vasos sanguíneos e linfáticos; Plexo nervoso submucoso (de Meissner); Pode apresentar glândulas submucosas e tecido linfóide. ▪ Túnica muscular: Apresenta duas subcamadas de fibras musculares lisas, ordenadas em hélice – interna (circular) e externa (longitudinal); Entre as duas subcamadas há o plexo nervoso mioentérico ou plexo de Aurbeach; Possui tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e linfáticos; Responsável por impulsionar e misturar o alimento consumido no sistema digestivo. ▪ Túnica serosa ou adventícia: Tecido conjuntivo frouxo com revestimento de mesotélio; Os órgãos de limitam as concavidades pleural, pericárdia e peritoneal são revestidos por serosas cujos nomes são, respectivamente, pleura, epicárdio e peritônio; Aqueles órgãos que não estão a fronteira dessas cavidades não possuem mesotélio e apresentam uma túnica adventícia. Corte histológico esôfago homem (Obj.4x): Túnica Mucosa (1), Tela Submucosa (2), Túnica Muscular (3), Túnica Adventícia (4). Epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado (1); Lâmina própria, constituída de tecido conjuntivo (2); Camada submucosa (3); Camada muscular, formada por músculo estriado esquelético (4); Camada adventícia (5). A seta aponta a camada muscular da mucosa, que separa a mucosa da submucosa. CAVIDADE ORAL A cavidade oral funciona como entrada para o sistema digestório, é situada abaixo da cavidade nasal e é comporta pelos dentes, língua, glândulas salivares. É limitada por um teto, assoalho e paredes laterais. Sua mucosa é dividida em mastigatória, de revestimento e especializada. A divisão da mucosa em três grandes grupos está relacionada ao tipo de epitélio que reveste o tecido conjuntivo subjacente. Nas regiões nas quais são maiores os impactos sofridos pela mastigação, a mucosa deve ser mais firme e resistente, portanto, recoberta por um epitélio que pode variar entre o paraqueratinizado e o queratinizado. Nas áreas nas quais a demanda mastigatória não é tão grande, o epitélio de revestimento é normalmente fino e composto por células não queratinizadas. A região lingual distingue-se das demais áreas da cavidade bucal por apresentar uma grande quantidade de botões gustativos. ▪ Mucosa mastigatória: Estende-se sobre a região do palato duro e gengiva que circunda os dentes inferiores e superiores. O epitélio que reveste o palato duro é do tipo queratinizado e está sobreposto a uma lâmina própria em tecido conjuntivo fibroso. ▪ Mucosa de revestimento: Composta pela mucosa que reveste internamente os lábios e a bochecha, o ventre da língua, o assoalho da cavidade bucal, o palato mole e parte da porção lingual do processo alveolar mandibular. Tem como característica apresentar uma fina camada de tecido epitelial recobrindo uma lâmina própria bastante vascularizada e menos fibrosa quando comparada à lâmina própria da mucosa mastigatória. ▪ Mucosa especializada: Localizada sobre o dorso da língua. Protege a musculatura lingual e, nos 2/3 anteriores da língua, as papilas filiformes e fungiformes, que são recobertas por epitélio queratinizado e não queratinizado, e. Na porção lateral e no 1/3 posterior da língua reveste as papilas folheadas e valadas. As papilas valadas, em torno de 8 a 12, situam- -se no “v” lingual e têm papel importante para a percepção do sabor. Ao longo das paredes de cada uma destas papilas, que podem variar em número, encontra-se uma grande quantidade de botões gustativos. Mucosas são superfícies úmidas do corpo, tecidos finos e flexíveis que revestem as cavidades do organismo que se encontram no prolongamento da pele estão abertas para o ambiente exterior. Encontram-se em cinco zonas do corpo: sistema digestivo, da boca ao ânus e sistema respiratório, das narinas aos pulmões. Localização de cada mucosa. ▪ Lábios: A junção entre o tegumento e o sistema digestivo ocorre nos lábios, que estão cobertos em seu exterior por pele e no lado interno por uma mucosa. A mucosa dos lábios é revestida por epitélio escamoso estratificado que é queratinizado em ruminantes e cavalos, mas não queratinizado em carnívoros e porcos. Agregados de glândulas salivares menores, serosas ou seromucosas, conhecidas como glândulas labiais, estão distribuídas por toda a própria-submucosa. A túnica muscular consiste em fibras de músculo esquelético do músculo orbital da boca. Imagem histológica do lábio. ▪ Bochechas: As bochechas, como os lábios, compõem-se de um revestimento externo de pele, uma camada muscular intermediária e uma mucosa interna revestida por epitélio escamoso estratificado que pode ou não ser queratinizado, dependendo da área ou espécie em particular. Nos ruminantes, a mucosa está guarnecida com papilas bucais cônicas, macroscópicas e orientadas caudalmente que facilitam a preensão e mastigação do alimento. Imagem histológica da bochecha. ▪ Palato duro: Os ossos do palato duro são revestidos por uma mucosa que apresenta uma série de cristas transversais chamadas rugae. A mucosa é revestida por um epitélio escamoso estratificado queratinizado, que é particularmente espesso em ruminantes. A lâmina própria exibe uma camada papilar bem desenvolvida que se funde com a submucosa, sem uma lâmina muscular interveniente, formando uma própria- submucosa. A parte rostral da mucosa do palato duro é em particular espessa em ruminantes, formando o púlvino dental. O coxim dental consiste em um epitélio escamoso estratificado intensamente queratinizado suprajacente a uma camada espessa de tecido conjuntivo denso irregular. Os dentes incisivos inferiores fazem pressão contra o coxim, possibilitando firme preensão da forragem durante o pastejo. ▪ Palato mole: O palato mole consiste em um centro de fibras de músculo esquelético com uma mucosa que reveste ambas as superfícies. A superfície orofaríngea (ventral) é revestida por um epitélio escamoso estratificado. A superfície nasofaríngea (dorsal) é revestida caudalmente por um epitélio escamoso estratificado e rostralmente por um epitélio colunar pseudoestratificado ciliado. A própria-sub-mucosa contém glândulas palatinas mucosas e seromucosas tubulares ramificadas. Tecido linfático ocorre na mucosa das superfícies orofaríngea e nasofaríngea; em porcos e cavalos, está presente uma tonsila macroscopicamente visível na superfície orofaríngea. Fibras de músculo esquelético orientadas longitudinalmente (o músculo palatino) e tecido conjuntivo estão localizados entre as duas membranas mucosas. ▪ Língua: A língua é um órgão muscular coberto por uma mucosa. Ela é importante na preensão, mastigação e deglutição do alimento. O epitélio que reveste a língua é do tipo escamosoestratificado, queratinizado no dorso e não queratinizado e delgado na superfície ventral. O dorso contém numerosas papilas linguais macroscópicas. Essas papilas diferem um pouco na forma, são denominadas de acordo com suas características morfológicas e têm função mecânica ou gustativa. As papilas filiformes, cônicas e lenticulares são puramente mecânicas; facilitam o movimento do material ingerido no interior da cavidade oral. As papilas fungiformes, valadas e foliadas são gustativas; ou seja, contêm as papilas gustativas, que são responsáveis pela percepção do sentido do paladar. ▪ Dentes: Os dentes são estruturas altamente mineralizadas, presentes na cavidade oral e que, em mamíferos domésticos, têm as funções de busca, corte e trituração do alimento, além de servirem como armas de ataque e defesa. O dente é formado por uma parte externa altamente mineralizada circundando a cavidade pulpar, que contém a polpa dental, um centro de tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. GLÂNDULAS SALIVARES As glândulas salivares são anexas do sistema digestório. Possuem origem ectodérmica, sendo classificadas como glândulas exócrinas, cuja sua função é secretar saliva. A saliva é um fluído complexo que mantém a cavidade oral úmida, é importante para o início do processo de digestão, assim, ela amolece os alimentos para que possam entrar no tubo digestório, lubrifica as partículas alimentares, atua com ação antibiótica e também faz a eliminação de alguns germes. Existem três pares de glândulas salivares maiores, são elas: parótida, submaxilares\submandibulares e sublingual. Uma curiosidade interessante é, as glândulas salivares menores produzem 10% do volume total de saliva, mas 70% do muco secretado, e as glândulas maiores apresentam uma cápsula de tecido conjuntivo rico em fibras colágenas que circunda e reveste. ▪ Glândulas Parótidas: É uma glândula acinosa composta, sendo que sua porção secretora é composta por células serosas, contendo grânulos de secreção ricos em proteínas e elevadas atividade de amilase, assim inicia a digestão dos carboidratos na boca. Apesar de ser a maior glândula salivar, ela é responsável pela secreção de 30% do volume total de saliva, o seu tecido conjuntivo possui bastante plasmócitos e linfócitos, seus plasmócitos fazem liberação de lgAs junto da saliva, configurando uma defesa imunológica da cavidade oral. ▪ Glândulas Submaxilares ou Submandibulares: Está glândula é túbulo- acinosa composta com a porção secretora constituída de células mucosas e serosas, porém as células serosas predominam, sendo responsáveis pela atividade da amilase presente na glândula. Também apresentam as mucinas, que são glicoproteínas que proporcionam viscosidade à saliva e evitam o ressecamento da mucosa bucal. As células que formam as semiluas, fazem a excreção da enzima lisozima (hidrolisa a parede de bactérias), é responsável pela secreção de 60% da saliva. ▪ Glândulas Sublinguais: Está glândula também é túbulo-acinosa, é formada por células serosas e mucosas, mas aqui, quem predomina são as mucosas, as serosas só constituem as semiluas serosas nas extremidades dos túbulos mucosos. Está glândula pode conter até 20 ductos excretores, porém são de menor extensão, e seus ductos se abrem abaixo da língua. As glândulas Submaxilares e Sublinguais apresentam a presença de células serosas e mucosas em ambas. A histologia das Glândulas Salivares, é formada por grãos aglomerados, chamados de ácinos, assim, a partir deles, partem ductos ramificados que fazem a liberação da saliva para os diversos pontos localizados na cavidade bucal. Além de ser constituída por ácinos, é também pelo sistema tubular e ductos excretores. Existem dois tipos de células secretoras, são elas: as células Serosas e as células Mucosas. ▪ Célula Serosa: possuí formato piramidal, fazem a produção de proteínas e glicoproteínas, em geral com atividades enzimáticas e antimicrobianas, e também fazem a secreção de água, íons, enzimas e glicoproteínas. As glândulas parótidas são constituídas, predominantemente, por células serosas. ▪ Células Mucosas: geralmente, possuem formato tubular e são conhecidas por acumular grande quantidade de muco, essa condição chega a comprimir as organelas e o núcleo da célula. O principal produto desta célula, são as mucinas. FARINGE Faz conexão entre a cavidade oral e os sistemas digestório e respiratório, permitindo interligação entre a região nasal e laringe. É recoberta pelo epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado no esôfago e epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado contendo células caliciformes nos arredores da cavidade nasal. ESÔFAGO O esôfago liga a laringofaringe com o estômago. Semelhantemente ao resto dos tubos digestivos, apresenta-se repartido em quatro camadas. A partir de fora para dentro há adventícia, muscular externa, submucosa (S) e mucosa. Seu epitélio de revestimento é estratificado pavimentoso não queratinizado (E). A túnica muscular (Mm), mostra-se, nesta lâmina, como uma camada espessa e descontínua formada por conjuntos de células musculares lisas, repartidas por tecido conjuntivo. A túnica muscular externa é constituída por fibras musculares lisas (ML) e esqueléticas (ME). Esôfago do cão- corte transversal (Obj.4x). Revestimento interno apresenta-se como epitélio estratificado pavimentoso (E) não queratinizado. No cão a túnica muscular (M) é formada totalmente por músculo esquelético. Glândulas próprias túbulo-acinosas de tipo mucoso com porções secretoras localizadas na submucosa (G). Túnica muscular mucosa ausente na porção proximal e presente na porção distal. Esôfago do Equídeo (Obj. 4x). Equídeos possuem a mucosa esofágica geralmente recoberta por epitélio com certo nível de queratinização, embora nesta lâmina não seja evidenciado. Constituído por epitélio do tipo estratificado pavimentoso não queratinizado. Túnica muscular mucosa (MM) descontínua. Sua Túnica muscular externa contém fibras estriadas (dois terços craniais) e lisas (gradualmente substituídas, terço caudal). Junção esofagogástrica do cão (Obj. 180x). Epitélio do esôfago (A), Epitélio do Estômago (B), Junção do Epitélio Escamoso Estratificado não queratinizado com epitélio colunar simples (Ponta da Seta), glândulas cardíacas (C), lâmina própria (D). ESTÔMAGO ▪ É um órgão que exerce funções exócrinas e endócrinas, digerindo o alimento e secretando hormônios. ▪ Continua a digestão dos carboidratos iniciada na boca. ▪ Adiciona um fluido ácido ao alimento ingerido. ▪ Transforma o bolo Alimentar em uma massa viscosa (quimo) por meio da atividade muscular. ▪ Promove a digestão Inicial de proteínas por meio da enzima Pepsina. ▪ Revestido por Epitélio Cilíndrico Simples Mucoso (todas as células secretam um muco alcalino) ▪ O muco forma uma espessa camada de gel que protege as células da acidez do Estômago ▪ Junções de Oclusão entre as células superficiais e da fosseta formam uma barreira de proteção contra o ácido ▪ HCl, Pepsinas e Lipases são consideradas fatores endógenos de agressão à mucosa. Fossetas Gástricas: ▪ Epitélio que sofre invaginação em direção a lâmina própria ▪ Nessas Fossetas desembocam a secreção de glândulas características de cada região. Muscular da mucosa: ▪ Camada Delgada de Músculo Liso que separa a Mucosa da Submucosa. As células em vermelho são Células Parietais. ▪ M: Mucosa (Células Parietais). ▪ MM: Muscular da Mucosa. ▪ Submucosa Camada Muscular: ▪ Camada Muscular contendo Fibras Musculares Lisas orientadas em três direções principais: ▪ Oblíqua Interna ▪ Circular Média ▪ Longitudinal Externa Classificação: ▪ Equinos,ruminantes e suínos : possuem Pré- estômago não glandular um estômago glandular. ▪ Ruminantes: possuem pré estômago é dividido em rúmen, retículo e omaso e o estômago glandular corresponde ao abomaso. ▪ Cães e gatos: possuem apenas estômago glandular. Em todas as espécies o estômago glandular se subdivide em: ▪ Região glandular cárdica. ▪ Região glandular fúndica. ▪ Região glandular pilórica. Características histológicas do estômago: ▪ Mucos: dobras tortuosas paralelas – pregas gástricas, áreas gástricas e fossetas gástricas (onde se localizam as glândulas). ▪ Epitélio – colunar simples com células muco secretoras. ▪ Lâmina própria típica / Tecido conjuntivo – linfócitos, macrófagos e folículos linfáticos dispersos. ▪ Submucosa: fibras nervosas. ▪ Muscular: 2 a 4 camadas de fibras musculares lisas Fibras nervosas. Regiões glandulares: ▪ A - Cárdica Transição entre esôfago e estômago. Região que contém as glândulas cárdicas: ▪ Epitélio colunar simples. ▪ São glândulas espiraladas e tubulosas. Possuem células: ▪ Mucosas. ▪ Argentafins ou enteroendócrinas: secretoras de hormônios. ▪ B – Fúndica Fundo e corpo: Região que contém as glândulas fúndicas Histol. Semelhante a região cárdica, porém com glândulas fúndicas maiores e menos ramificadas Tipos celulares: ▪ Células zimogênicas ou Principais: síntese e secreção das enzimas gástricas pepsina, renina e lipase gástrica. ▪ Células parietais: secreção e síntese do ácido hidroclorídrico. ▪ Células mucosas do colo: sua secreção protege a região fúndica. ▪ C- Pilórica Região que contém as glândulas pilóricas. Histol. semelhante as anteriores, porém com glândulas pilóricas tubulares curtas, simples ou ramificadas. Secreta muco e suas células compõem o esfíncter pilórico na junção gastroduodenal. Estômago dos ruminantes ▪ Pré-estômagos(região esofágica/aglandular. ▪ Motilidade. ▪ Atividades mecânica e química. ▪ Mistura, regurgitação e eructação. ▪ Mistura (rúmen / retículo)– controle nervoso em ondas. ▪ Regurgitação – peristaltismo reverso propulsiona a ingesta para a cavidade bucal onde é remastigada e redeglutida. ▪ Eructação – contrações permitem a expulsão de gás do rúmen (evita o timpanismo). ▪ Rúmen – age como cuba de fermentação – os microrganismos (bactérias e protozoários) quebram os alimentos ingeridos e produzem ácidos graxos voláteis que são absorvidos para a corrente sanguínea ▪ Retículo e omaso- ação mecânica - convergem a ingesta fermentada em massa de matéria finamente particulada ▪ Abomaso – digestão enzimática é completada. Alimento - esôfago - rúmen – retículo – esôfago –boca – esôfago – omaso – abomaso. Rúmen ▪ Epitélio pavimentoso estratificado queratinizado. ▪ Possui papilas cônicas compostas por fibras colágenas e fibras elásticas. ▪ Pilares – dobras extensas por toda a parede: musculatura lisa. Retículo ▪ Morfologia semelhante ao rúmen ▪ As pregas da membrana mucosa possuem numerosas pregas primárias em forma de um retículo ou favo de mel. ▪ A partir das dobras surgem as papilas secundárias e terciárias. Omaso ▪ Pregas omasais com papilas menores ▪ Muscular da Mucosa se projeta muito, formando um eixo de músculo liso em toda extensão da prega. ▪ Retém o alimento, é a papila mais grosseira. Abomaso ▪ Região glandular ▪ Morfologia semelhante às regiões glandulares de outras espécies descritas anteriormente. INTESTINO DELGADO O intestino delgado é formado pelas estruturas: mucosa, submucosa, muscular e serosa (todas as camadas se apresentam na figura 1), que são recorrentes em todas as partes das paredes dos órgãos do tubo intestinal. ▪ A mucosa intestinal apresenta vilosidades intestinais, que se projetam alongadamente da mucosa em direção ao lúmen, por um epitélio cilíndrico simples (figura 3), onde é formado por células absortivas e células caliciformes (figura 3). As células absortivas são células colunares altas, com núcleo oval na porção basal, na célula há a formação da borda em escova (figura 3) formada pelo conjunto de microvilosidades e glicocálix em seu ápice. As células caliciformes estão distribuídas entre as células absortivas, onde apresentam grânulos contendo mucina, no seu citoplasma apical. A lâmina própria (figura 3) é composta por tecido conjuntivo frouxo, possuem glândulas tubulares simples denominadas Criptas de Lieberkuhn (figura 2). Se dá o nome de camada muscular da mucosa (figura 2) a porção responsável pela separação a mucosa da submucosa, constituída por fibras musculares lisas. ▪ A submucosa (figura 2) se constitui de tecido conjuntivo denso, contém grupos de glândulas tubulares enoveladas ramificadas, as glândulas duodenais, onde as células secretam um muco de característica alcalino. ▪ A camada muscular (figura 2) é bem desenvolvida e composta de uma camada circular interna e outra camada longitudinal externa de músculo liso. ▪ A Membrana serosa, uma fina camada de tecido conjuntivo recoberta por um epitélio pavimentoso simples ou mesotélio que reveste externamente o órgão. Figura 01: Camada mucosa (1), camada submucosa (2) e camada muscular (3). Figura 02: Criptas de Lieberkunh (1), camada muscular da mucosa (2), região da submucosa (3) e camada muscular (4). Figura 03: Lâmina própria (1), epitélio cilíndrico simples (2), célula caliciforme (Seta) e borda da escova (Retâgulo). INTESTINO GROSSO Formado por ceco, cólon, reto e canal anal. Sua função está na ação microbiana, absorção de água, vitaminas e eletrólitos, além de secreção de muco. Não apresenta vilosidades, seu revestimento é epitélio cilíndrico simples com planura estriada. Possui enterócitos, criptas de Lieberkuhn e muitas células caliciformes. Intestino grosso do gato (Obj. 4x). Mucosa (Mu), submucosa (S) e muscular externa (M). Intestino grosso do gato (Obj.4x).Células Caliciformes e Criptas de Lieberkuhn (GL). Intestino grosso (Obj. 4x). Mucosa (1), submucosa (2), Muscular (3), Serosa (4). Reto e canal anal do cão. Reto (A), canal anal (B), pele (C), glândulas sudoríparas e sebáceas (D), veias (E), glândulas anais (setas). (De Adam WS, Calhaun ML, Smith EM, et al. Microscopic Anatomy of Dog: A Photographic Atlas. Springfield, IL: Charles C. Thomas, 1970). FÍGADO O fígado é considerado a maior glândula do corpo, exerce inúmeras funções tais como: excreção (produtos inúteis), secreção (bile), armazenamento (lipídios, vitaminas, A e B, glicogênio), síntese (fibrinogênio, globulinas, albumina, fatores de coagulação), fagocitose (matéria particulada estranha), detoxificação (agentes farmacológicos lipossolúveis), conjugação (substâncias tóxicas, hormônios esteroides), esterificação (ácidos graxos livres até triglicerídeos), metabolismo (proteínas, carboidratos, lipídios, hemoglobina, agentes farmacológicos) e hemopoese (no embrião e, potencialmente, no adulto). ▪ Cápsula e estroma: O lobo hepático está revestido por cada serosa típica (peritônio visceral) suprajacente a uma delgada cápsula do tecido conjuntivo. O tecido conjuntivo da cápsula se estende até os lóbulos hepáticos, na forma de tecido conjuntivo interlobular, para circundar os lóbulos hepáticos individuais e dar sustentação aos sistemas vasculares e aos ductos biliares. Células musculares lisas podem estar presentes na cápsula e no tecido conjuntivo interlobular. Esse tecido é escasso e difícil de visibilizar, exceto em porcos. Essa diferença explica a natureza mais endurecida do fígado suíno utilizado na alimentação. Ao contrário do que ocorre com o fígado bovino.Áreas expandidas de tecido conjuntivo interlobular que sustentam um vaso linfático, ramos da ateria hepática, ramos da veia porta e um ducto biliar surgem aolongo de qualquer secção do fígado, todos esses grupos de vasos e ductos, e o tecido conjuntivo de sustentação, são chamados canais portais ou áreas portais. ▪ Parênquima: As lâminas hepáticas consistem em fileiras de hepatócitos, esses hepatócitos exibem seis ou mais superfícies que são de três tipos diferentes microvilosas que ficam voltadas para o espaço perissinosoide; e superfícies de contato entre hepatócitos adjacentes, onde as membranas celulares em aposição podem ter junções estreitas desmossomos. A caracterização dos hepatócitos é por um núcleo esférico de localização central com um ou mais nucléolos conspícuos e aglomerados dispersos de heterocromatina. E são observadas células binucleadas e o aspecto do citoplasma dos hepatócitos varia, dependendo de mudanças nutricionais e funcionais. Mitocôndrias são abundantes, e em geral o complexo de Golgi está nas proximidades do canalículo biliar, mas pode ter posicionamento justanuclea e há numerosos lisossomos, aglomerados de ribossomos livres. Em sua estrutura observa- se glicogênio na forma de grânulos densos numa configuração em roseta. Em preparações histológicas de rotina, as áreas ricas em glicogênio têm aspecto granuloso ou surgem como espaços vazios de formas irregulares, enquanto os locais ocupados por lipídios são visualizados como vacúolos redondos. Pigmentos biliares podem ser observados como finos grânulos amarelos por todo o citoplasma dos hepatócitos normais. Em preparações citológicas coradas com corante de Wright, os pigmentos biliares são grânulos azul-esverdeados localizados tanto dentro como fora dos hepatócitos. Um corpo considerável de evidências indica que nem todos os hepatócitos podem ser funcionalmente idênticos, mas em vez disso, certos padrões enzimáticos e sistemas metabólicos podem estar relacionados à posição da célula no interior do lóbulo. Entretanto, a atividade metabólica dos hepatócitos pode estar associada à irrigação sanguínea. Fígado (bezerro). O lóbolo (A) com uma veia central (B) não esta separado dos lóbolos adjacentes por tecido conjuntivo, como no caso do porco. Vênulas portas interlobulares (C) em canais (áreas) portais. Hematoxilina e eosina. Fígado (porco). Lóbolos hepáticos (A); canal portal (B); ramo da veia porta (C); tecido conjuntivo interlobular (setas). Fígado (porco). Canal (área) portal. Ramo da artéria hepática (A); ramo da veia porta (B); duto biliar (C); capilar linfático (D). Hematoxilina e eosina. Ilustração baseada em micrografia eletrônica de um hepatócito e estruturas adjacentes ▪ Canalículos biliares e ductos biliares: Os hepatócitos absorvem bilirrubina do sangue, conjugam esse pigmento e o secretam como um dos componentes da bile. Sais biliares, proteína e colesterol são os demais componentes. A bile é secretada em canalículos biliares, que são canais diminutos entre hepatócitos justapostos. A bile flui pelos canalículos biliares na direção da periferia do lóbulo clássico, onde penetra em pequenos dútulos biliares revestidos por epitélio cuboide simples. Os dútulos biliares se juntam a ductos biliares interlobulares localizados nos canais portais. Esses ductos são revestidos por epitélio cuboide simples ou colunar simples. Os ductos biliares interlobulares convergem para formar progressivamente dutos intra-hepáticas são compostas pelos dutos hepáticos. As vias biliares extra-hepáticas são compostas pelos dutos hepáticos, o duto cístico, o duto biliar e a vesícula biliar. Dutos hepáticos drenam os lobos hepáticos individuais. O duto cístico drena a vesícula biliar (ausente em cavalos). Os dutos hepáticos e o duto cístico se unem para formar o duto biliar, que esvazia no duodeno. Todas as vias biliares extra- hepáticas estão revestidas por epitélio colunar simples alto. Fígado (porco). Sinusoides (A); veia central (B); lâmina hepáticas com canalículos biliares entre células (C). Corante de prata (x300). Detalhe canalículos biliares circundando um hepatócito (D) e uma secção transversal de um canalículo biliar (E). corante de prata (x768). Lâminas e sinusoides hepáticos (gato). Dois macrófagos estrelados (células de kupffer) (A) e uma célula endotelial (B) compreendem as células de revestimento dos sinusoides. Observe os eritrócitos (abaixo, à esquerda) e um neutrófilo (seta). Epon. Azul de toluidina (x1.600). ▪ Irrigação sanguínea: O fígado possui dupla irrigação sanguínea. A veia porta conduz o sangue dos intestinos e órgãos associados, e a artéria hepática irriga as células hepáticas com sangue oxigenado. Esses vasos entram no fígado por um hilo, denominado porta, em sua superfície visceral. Ramos desses dois vasos penetra nos lobos, onde se ramificam e acompanham o tecido conjuntivo interlobular. Os pequenos ramos no interior do canal portal são chamados vênula portal interlobar e arteríola hepática interlobular. As vênulas portais interlobulares dão origem a pequenos ramos, chamados de vênulas distributivas, que formam o eixo do ácido hepático e, as vênulas terminais curtas surgem das vênulas distribuídas e terminam nos sinusoides. Quase todo o sangue trazido pelas arteríolas hepáticas interlobulares entra num plexo capilar no interior do canal portal e no tecido conjuntivo interlobular; e pequena parte do sangue chega aos sinusoides diretamente através das arteríolas terminais. Os sinusoides hepáticos são capilares sanguíneos, localizados entre lâminas hepáticas, que avançam através do lóbulo transportando o sangue de ramos terminais da arteríola hepática interlobular e da vênula portal interlobular até a veia central. Com frequência, os sinusoides se comunicam entre si via interrupções nas lâminas. Esse arranjo ramificante assegura que hepatócitos têm pelo menos uma superfície adjacente a um sinusoide e eles são revertidos por dois tipos de células: células endoteliais e macrófagos estrelados (células de Kupffer). O endotélio sinusoide poroso repousa numa lâmina basal descontínua. As células endoteliais contêm pequenos poros desprovidos de diafragmas. Os poros são pequenos, para permitir o trânsito das células sanguíneas, mas o plasma sanguíneo pode fluir livremente através dessas aberturas. O endotélio está separado dos hepatócitos por um espaço, o espaço perissinusoide. Microvilosidades dos hepatócitos se estendem desde o espaço perissinusoide, onde é banhado em plasma, o que permite uma troca direta de substâncias entre o sangue e os hepatócitos. Os sinusoides do fígado dos ruminantes diferem daqueles descritos anteriormente, visto que o endotélio não tem poros e a lâmina basal é contínua. Macrófagos estrelados estão disseminados entre as células endoteliais sinusoides, frequentemente remetendo longos pseudópodos através dos poros endoteliais ou entre as células. Essas células altamente fagocíticas são derivadas dos monócitos sanguíneos e, são componentes do sistema monocítico- macrofágico. Além das microvilosidades dos hepatócitos, o espaço perissinusoide contém fibras reticulares além de adipócitos perissinusoides. ▪ Linfa e vasos linfáticos: No fígado, a linfa é formada no espaço perissinusoide. A linfa flui na direção da periferia do lóbulo e penetra nos espaços intercelulares do canal portal e do tecido conjuntivo interlobular. Nesse local, a linfa se difunde até o interior dos capilares linfáticos no interior dos canais portais. Ela é transportada dos canais portais por vasos linfáticos mais calibrosos; a linfa deixa o fígado pela veia porta. Esses vasos linfáticos drenam para os lóbulos linfáticos hepáticos. Fígado (bezerro). Sinusoides hepáticos (A); veia central (B); macrófagos estrelados (células de kupffer) (setas). Hematoxilina e eosina (X384). ▪ Lóbulo hepáticoclássico – a unidade anatômica do fígado: O nítido delineamento permitido pelo abundante tecido conjuntivo interlobular no fígado de porcos levou à identificação de lóbulos hepáticos (lóbulos hepáticos clássicos). Numa secção transversal, os perfis desse lóbulo assumem uma forma aproximadamente hexagonal, e os sinusoides convergem da periferia para a veia central, na qual esvaziam. Canais portais estão presentes em cerca de três dos seis ângulos do lóbulo. O parênquima localizado entre os canais portais e a veia central consiste em células arranjadas em lâminas ou placas ramificadas. As lâminas têm as superfícies livres das células ficam voltadas para o sinusoides e está presente ao longo de todas as lâminas uma rede anastomosante de canalículos biliares, formados pelas membranas celulares dos hepatócitos justapostos. ▪ Lóbulo portal e o ácino hepático – unidades funcionais do fígado: O lóbulo portal enfatiza a função exócrina, ou seja, secreção de bile do fígado e é definido como uma área triangular constituída do parênquima de três lóbulos clássicos, que é drenado pelo dútulo biliar no canal portal. Contudo, o centro do lóbulo portal é o dútulo biliar interlobar no canal portal, e os ângulos periféricos são as veias centrais dos três lóbulos adjacentes. O ácino hepático é uma unidade funcional que descreve a irrigação vascular para o parênquima. O ácino hepático é uma área aproximadamente losangular composta por parte de dois lóbulos clássicos irrigados por ramos terminais da vênula portal interlobular e da artéria hepática interlobular. Os vasos sanguíneos avançam em ângulo reto desde um canal portal entre dois lóbulos hepáticos, para formar o eixo do ácino, e as duas veias centrais se situam nos dois pontos opostos do losango. Foram identificadas no ácino hepático três zonas pouco definida. A zona 1 é a mais próxima do eixo vascular do ácino. Nesta zona, os hepatócitos recebem excelente aporte de nutrientes e oxigênio e são metabolicamente mais ativos; as células também podem ser as primeiras a serem expostas a substâncias tóxicas que penetrem no fígado. A zona 2 tem atividade intermediária, ao passo que a zona 3 margeia a veia central e é a menos favoravelmente situada, com relação ao aporte de oxigênio e nutrientes. Desenho esquemático das unidades do fígado em relação à unidades funcionais do fígado em relação à unidade anatômica (lóbulo clássico). 1. Ácino hepático com três zonas em cada lado do eixo vascular. 2. Lóbulo portal com um dútulo biliar interlobular (na área portal) com eixo e uma veia central em cada ponta do triângulo. 3. Lóbulo hepático clássico (unidade anatômica) com a veia central em seu eixo. VESÍCULA BILIAR A vesícula biliar armazena a bile produzida pelo fígado e torna-se concentrada pela reabsorção de água e sais minerais. É revestida na superfície luminal por epitélio colunar simples e se estendem na forma de criptas mucosas. Possui dois tipos de células colunares: clara e escura. Vesícula biliar do cão (Obj. 120x). Epitélio colunar simples (A), células caliciformes (B), secções transversais de criptas mucosas (C), própria submucosa (D), túnica muscular (E). Vesícula biliar (Obj.10x). Mucosa (1), Camada seromuscular (2), divertículos (3). Vesícula biliar, ser humano, H&E. Espessura completa da vesícula biliar. Adventícia (1), mucosa (2), muscular (3), vasos sanguíneos (4) e adipócitos (5). PÂNCREAS Apresenta uma cápsula de tecido conjuntivo frouxo muito delgado que envia finos septos para o interior do órgão delimitando incompletamente os lóbulos pancreáticos. Compreende uma parte exócrina (Glândula exócrina acinosa composta ou túbulo-acinosa composta) e uma parte endócrina (Glândula endócrina cordonal - Ilhotas pancreáticas). Pâncreas: lóbulos (L) e septos (S). Glândula exócrina acinosa composta (parte exócrina): Ácinos serosos (As), Ductos intralobulares (Di) e Ductos extralobulares. Glândula endócrina cordonal: Ilhotas pancreáticas (IP- parte endócrina). ▪ Ácinos serosos: suas células, de forma piramidal, apresentam intensa basofilia na porção basal, devido a grande quantidade de retículo endoplasmático rugoso, e possuem um núcleo redondo nesta zona. A região apical contém grânulos de zimogênio (acidófilos). Na parte central do ácino se encontram núcleos ovalados das células centro- acinares, que pertencem ao ducto intercalar. Este ducto penetra na luz dos ácinos. Ácinos serosos pancreáticos (A), ducto intralobular (D) e célula centro-acinar (ponta de seta). Ácinos serosos pancreáticos (A), ducto intralobular (D) e célula centro-acinar (ponta de seta). Ductos Intercalares (dificilmente visualizados), Ductos intratobulares (Di), Ductos extratobulares (De) e Ácinos serosos (A) De Di Di. O epitélio dos ductos aumenta de altura, variando de cúbico simples a cilíndrico simples, à medida que os ductos se tornam mais calibrosos. ▪ Ilhotas pancreáticas ou de Langerhans: São formadas por células pálidas e dispostas em cordões entre os quais existem muitos capilares sanguíneos. Ilhota pancreática (IP), ácinos serosos (A). Ilhota pancreática. SISTEMA DIGESTIVO AVIÁRIO A digestão, em todos os animais, pode ser considerada uma série de processos e transformações, de caráter físico (químicos e mecânicos), efetivados pelo sistema digestório, a fim de que seja possibilitada a transformação dos alimentos ingeridos em nível sólido para substâncias passiveis de serem absorvidas pelo organismo que realiza o mesmo processo. No caso das aves, todo esse sistema é composto, em geral e com possíveis variações, por órgãos básicos como boca (bico), esôfago, papo, pró-ventrículo, moela, intestino, fígado, pâncreas e cloaca. A digestão, nas aves, se dá em um conjunto de órgãos que compõem o estômago das mesmas. Essa mesma composição, comporta os processos físicos e químicos da fragmentação do alimento ingerido, armazenado no papo. O estômago das aves é composto, portanto, de um pró-ventriculo glandular e de um ventrículo muscular. O pro ventrículo ou estômago glandular é um órgão fusiforme, localizado entre o inglúvio (papo) e a moela. Possui uma mucosa de glândulas tubulares complexas (oxintopédicas), com função secretora de ácido clorídrico e pepsinogênio. O pró ventrículo, tem a função, portanto, de realizar o início do processo de digestão, o qual se dá de modo efetivo na moela, que também pode ser chamada de estômago muscular. A moela ou estômago muscular, localiza-se logo após o ventrículo, é o órgão onde ocorre a maior parte da digestão ácida do alimento (proteólise). Ele é formado por dois pares de músculos, uma musculatura mais delgada e outra, mas grosseira, cujas contrações rítmicas e sincronizadas homogeneízam, maceram e projetam o alimento para a próxima estrutura do trato. A língua das aves é pequena, pontiaguda e possui um revestimento córneo como mostra a figura 1. O formato do bico é adaptado à dieta de cada espécie e não possui dentes. Figura 01: Língua (1) papila filiforme, (2) papila fungiforme, (3) epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, (4) queratina, (5) tecido conjuntivo, (6) tecido adiposo. A língua é um órgão basicamente muscular revestido por mucosa oral lisa na porção ventral e especializada na face dorsal. A musculatura da língua é formada por feixes musculares organizados em três orientações de músculo estriado esquelético interposto com tecido conjuntivo. Conforme apresentado na figura 2, o esôfago das aves é comparativamente longo, uma dilatação do esôfago, o papo, está presente na maioria das espécies; revestido por um epitélio escamoso estratificado. A camada muscular externa é composta de musculaturalisa ao longo de toda a extensão do esôfago. Ocorrem glândulas mucosas na lâmina própria. Figura 2: Esôfago (3) epitélio estratificado (mucosa), (2) luz, (4,1) tecido conjuntivo. Coloração HE, aumento 40X. O papo, Figura 3, corresponde a uma dilatação da porção posterior do esôfago e serve para armazenar o alimento coletado, ocorrendo alguma fermentação e embebição dos alimentos com mucosidades, preparando-os para a digestão gástrica posterior. O papo também permite a regurgitação de alimentos previamente digeridos para os filhotes. Figura 3: Papo. (1) camada muscular, (2) tecido conjuntivo, (3) luz. Coloração HE, aumento 40X. A moela é revestida por um epitélio que se invagina no interior da lâmina própria, formando buracos alongados, cada um destes portando glândulas gástricas tubulares terminais. As células destas últimas glândulas secretam um material córneo espesso, equivalente à queratina (Figura 4). O papo, que serve para armazenar o alimento e também para umedecê-lo, tornando-o mais macio. Ao armazenar os alimentos no papo, a ave tem a oportunidade de digeri-lo em um local mais seguro. Logo depois do papo, encontra-se um estômago dividido em duas partes, chamadas de pro ventrículo e moela. No proventrículo, também conhecido como estômago químico, o alimento é misturado a enzimas digestórias, sendo encaminhado para a moela, também conhecida como estômago mecânico, uma estrutura de paredes grossas e musculosas, onde o alimento que já está amolecido e misturado a enzimas digestórias será triturado. Figura 4: Moela/estômago verdadeiro (1) tecido conjuntivo. Coloração HE, aumento 40X. Depois da moela vem o duodeno, figura 5, porém adiante do duodeno não existe distinção anatômica no jejuno (figura 6) e íleo (figura 7). O divertículo de Meckel (vestígio do saco vitelino) é utilizado para demarcar a divisão entre essas duas estruturas. No duodeno desembocam os canais biliares e pancreáticos. Figura 5 :Duodeno (1) luz, (2) glândulas, (3) epitélio. Coloração HE, aumento 40X. Figura 6 : Jejuno. (1) serosa, (2) túnica muscular, (3) lâmina própria. Coloração HE, aumento 40X. Figura 7 : Íleo (1) camada mucosa, (2) camada muscular, (3) crista do epitélio cilíndrico simples. Coloração HE, aumento 40X O intestino das aves é, em geral, semelhante em estrutura ao longo de sua extensão. O mesmo é composto por duodeno, jejuno, íleo e intestino grosso, onde a extremidade do intestino grosso se junta com a cloaca. O intestino delgado possui grande importância no processo de digestão e da absorção dos nutrientes. Nele são liberados os sais biliares produzidos pelo fígado os quais emulsificam as gorduras fazendo com que as mesmas possam sofrer ação das enzimas, facilitando também a absorção. Há também, a liberação de enzimas produzidas pelo pâncreas que irão atuar na digestão dos alimentos. Os processos de absorção são totalmente dependentes dos mecanismos que ocorrem na mucosa intestinal, pois é sabido que os monômeros oriundos da digestão dos carboidratos, lipídeos, e proteínas são absorvidos através da atividade de transportadores da membrana. Mais especificamente, cabe destacar a função de cada parte do intestino das aves. O duodeno é a parte inicial do intestino delgado. Nele se processam a decomposição mecânica e química do que é proveniente do estômago, fase anterior. O jejuno por sua vez, tem como especialidade a absorção de carboidratos e proteínas. O íleo tem como função a absorção dos nutrientes do quimo, por meio dos vasos linfáticos, chamados lactíferos. O intestino grosso das aves possui dois cecos que atuam na absorção da água e na digestão de aminoácidos por uma microbiota cecal. O colon-reto é o segmento final do intestino grosso e desemboca na cloaca. A Figura 8 mostra o fígado. Este é bilobado e relativamente grande na maioria das aves, coberto por um mesotélio, onde abaixo, há uma camada de tecido conjuntivo, a cápsula de Glisson. Os lobos hepáticos são subdivididos em grande número. Figura 8 – Fígado. (1) hepatócitos, (2) artéria, (3) ducto, (4) veia. Coloração HE, aumento 40X. REFERÊNCIAS ABADE DOS SANTOS, FÁBIO; PINHO, MÁRIO. ATLAS DE HISTOLOGIA VETERINÁRIA. Faculdade de Medicina Veterinária. Lisboa, 2013. Disponível em: http://atlashistologia.fmv.ulisboa.pt/. Acesso em: 2 jun. 2021. DA SILVA CAMILLO, CHRISTINA . ATLAS VIRTUAL DE HISTOLOGIA. DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA, UFRN. RIO GRANDE DO NORTE. Disponível em: http://histologiaufrn.blogspot.com/search/la bel/N%C2%BA%2011%20- %20Sistema%20Digest%C3%B3rio%3A. Acesso em: 5 jun. 2021. EURELL, JO ANN; FRAPPIER, BRIAN L.. HISTOLOGIA VETERINARIA DE DELLMANN. 6. ed. Barueri,SP: Manole, f. 206, 2012. 412 p. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9788520455722/cfi/0!/4/4@0.00:27.4. Acess o em: 1 jun. 2021. JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa; CARNEIRO, Jose; ABRAHAMSOHN, Paulo. Histologia basica: texto, atlas. 13. ed. GUANABARA KOOGAN, f. 284, 2003. 568 p. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9788527732178/cfi/6/2!/4/2/2@0.00:29.2. Ac esso em: 3 jun. 2021. ROSS, MICHAEL H. et al. ATLAS DE HISTOLOGIA DESCRITIVA. 1. ed. artmed, f. 192, 2012. 384 p. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9788536327495/cfi/0!/4/4@0.00:28.8. Acess o em: 2 jun. 2021. ALFENAS, Universidade Federal de. Intestino Delgado. Disponível em: https://www.unifal- mg.edu.br/histologiainterativa/intestino- delgado/. Acesso em: 01 maio 2021. TAVARES RHEINGANTZ, MARIA GABRIELA et al. HISTOLOGIA DOS SISTEMAS : GUIA PRÁTICO. PELOTAS, 2019. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/histologiaguiapratico /files/2018/11/Livro_Histo.Sistemas.pdf. Acesso em: 7 jun. 2021. BARROS, RAFAEL et al. SISTEMA DIGESTÓRIO DAS ÁVES:: ANÁLISE E OBSERVAÇÕES. RIO GRANDE DO SUL, 2016. 12 p. Disponível em: https://silo.tips/download/sistema-digestorio- das-aves-analises-e-observaoes#. Acesso em: 7 jun. 2021.
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