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Modelo - Petição Inicial - Obrigação de fazer - Direito ao acompanhante - COVID-19 - visto 28

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EXCELENTÍSSIMO/A SENHOR/A DOUTOR/A JUIZ/A DE DIREITO DA _______ VARA DA FAZENDA PÚBLICA/VARA CÍVEL DA COMARCA DE ____________ - SP
U R G E N T E 
______________________ (nome), _________________ (nacionalidade), ______________ (estado civil), ________________ (profissão), portadora da cédula de identidade R.G. n° ____________, inscrita no CPF/MF sob o nº ____________, residente e domiciliada ____________, pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, através dos órgãos de execução que esta subscrevem, dispensados de apresentar mandato, ex vi Lei Complementar Estadual nº 988/2006, artigo 162, inciso VI, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 497 e seguintes do Código de Processo Civil, ajuizar a presente
	
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE 
TUTELA DE URGÊNCIA 
em face de ____________, (qualificação), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
I – DAS PRERROGATIVAS DOS/AS DEFENSORES/AS PÚBLICOS/AS 
De início, insta frisar que os/as Defensores/as Públicos/as representam seus/suas usuários/as em processos judiciais e extrajudiciais independentemente de mandato, salvo nos casos em que a lei exija poderes especiais. Detém também direito à intimação pessoal mediante entrega dos autos com vista e à contagem em dobro de todos os prazos, conforme previsto no artigo 128, incisos I e XI, da Lei Complementar nº 80/1994, no artigo 162, inciso VI, da Lei Complementar Estadual nº 988/2006 e no artigo 186 do Código de Processo Civil. 
Outrossim, no exercício de suas funções, agem com isenção do pagamento de emolumentos, taxas e custas do foro judicial ou extrajudicial, nos termos do artigo 162, inciso IX, da Lei Complementar Estadual nº 988/2006. 
II – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
A Autora é hipossuficiente, na medida em que não pode arcar com as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, conforme Declaração de Hipossuficiência (doc. x), razão pela qual faz jus aos benefícios da Justiça Gratuita, nos termos do artigo 98 do Código de Processo Civil. 
III – DA ATUAL SITUAÇÃO COM O COVID-19:
Recorda-se que a Organização Mundial de Saúde declarou o surto do novo coronavírus (2019-nCoV) como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) em 30 de janeiro de 2020[footnoteRef:1] e, após, em 11 de março de 2020, caracterizou o COVID-19 como pandemia[footnoteRef:2]. [1: A íntegra da declaração pode ser vista no site oficial da Organização Panamericana de Saúde - OPAS-OMS: <http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6100:oms-declara-emergencia-de-saude-publica-de-importancia-internacional-em-relacao-a-novo-coronavirus&Itemid=812>. Consultado em: 15/03/2020.] [2: A íntegra da declaração pode ser vista no site oficial da Organização Panamericana de Saúde - OPAS-OMS: <http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6120:oms-afirma-que-covid-19-e-agora-caracterizada-como-pandemia&catid=1272&Itemid=836>, consultado em 15 de março de 2020.] 
Assim, desde março deste ano, com a chegada do COVID-19 (novo coronavírus) ao país, o cenário em que vivemos foi alterado. No Brasil, foi a Portaria nº 188/2020 do Ministro de Estado da Saúde declarou a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN). 
Diante deste cenário, foram decretadas medidas de isolamento social, alterando a realidade normal da sociedade, além de mudanças no atendimento nos serviços de saúde. 
Neste contexto, a Lei Federal nº 13.979/2020 dispôs sobre as medidas para o enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do Coronavírus, reafirmando medidas em consonância com o pleno respeito à dignidade, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais das pessoas, bem como atribuindo ao Ministério da Saúde a competência para regulamentar a lei de enfrentamento da emergência de saúde pública[footnoteRef:3]. [3: Lei nº 13.079/2020: “Art. 3º (...) § 2º Ficam assegurados às pessoas afetadas pelas medidas previstas neste artigo: (...) III – o pleno respeito à dignidade, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais das pessoas, conforme preconiza o Artigo 3 do Regulamento Sanitário Internacional (...) Art. 7º O Ministério da Saúde editará os atos necessários à regulamentação e operacionalização do disposto nesta Lei.”] 
No plano do Estado de São Paulo, foram publicados os Decretos nº 64.862/2020 e nº 64.864/2020, que dispuseram sobre medidas de caráter temporário e emergencial de prevenção do contágio pelo SARS-Cov-2, bem como a Resolução SS-28, de 17/03/2020, que estabeleceu as diretrizes e orientações de funcionamento dos serviços de saúde no âmbito do Estado de São Paulo para enfrentamento da pandemia do Covid-19.
IV - DOS FATOS
 
(NARRAR OS FATOS)
A Requerente descobriu sua gravidez em ____________________. Durante todo o período gestacional fez acompanhamento pré natal (DOC. XX).
Contudo, durante o pré-natal foi informada que não seria autorizado o direito ao acompanhante no antes, durante e pós parto em razão da pandemia da COVID-19.
Formulado pedido administrativo e protocolado o plano de parto, não houve resposta do Hospital até a presente data.
V – DO DIREITO
A) DA NORMATIVA INTERNACIONAL
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou em 2018 novas diretrizes sobre padrões globais de atendimento às mulheres grávidas. O novo documento da OMS inclui 56 recomendações[footnoteRef:4] sobre os cuidados durante o parto para uma experiência de parto positiva. Inclui o direito a ter um acompanhante à sua escolha durante o trabalho de parto e o respeito pelas opções e tomada de decisão da mulher na gestão da sua dor e nas posições escolhidas durante o trabalho de parto e ainda o respeito pelo seu desejo de um parto totalmente natural, até na fase de expulsão. [4: Disponível em <https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/51552/9789275321027_spa.pdf?sequence=1&isAllowed=y> Acesso 28.04.2020.] 
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher - CEDAW de 1979, ratificada pelo Brasil[footnoteRef:5], determina que toda mulher tem direito a uma assistência adequada no pré-parto, parto e puerpério, conforme se extrai do seu artigo 12: [5: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4377.htm>. Acesso em: 23/04/2020.] 
Os Estados-Partes garantirão à mulher assistência apropriada em relação à gravidez, ao parto e ao período posterior ao parto, proporcionando assistência gratuita quando assim for necessário, e lhe assegurarão uma nutrição adequada durante a gravidez e a lactância.
Uma assistência apropriada, para além do disposto expressamente nos textos dos tratados internacionais, também inclui o direito ao acompanhante, que seja de preferência daquela mulher, de modo a lhe dar maior conforto e apoio, além de ser um importante instrumento para a prevenção da prática de violência obstétrica.
B) DA LEI DO ACOMPANHANTE E OUTRAS NORMAS NACIONAIS
A saúde deve ser compreendida da forma mais ampla possível, ultrapassando concepções de ordem meramente biológica. Antes entendida simplesmente como a ausência de doença, tendo como parâmetro, portanto, o estado de patologia, a saúde, a partir do século XX, passou a ser captada de forma positiva, dinâmica e multidimensional. Neste passo, a saúde, como direito humano fundamental e complexo, que abarca inúmeros aspectos da vida, é elemento estrutural da dignidade da pessoa e pilastra determinante da construção do mínimo existencial.
A Constituição Federal não abre margem para dúvidas, ao considerá-la verdadeiro direito público subjetivo:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
A Constituição do Estado de São Paulo, na mesma toada, assim reconhece: 
Artigo 219 - A saúde é direito de todos e deverdo Estado.
Parágrafo único - O Poder Público estadual e municipal garantirão o direito à saúde mediante:
(...)
4 - Atendimento integral do indivíduo, abrangendo a promoção, preservação e recuperação de sua saúde. 
Cumpre apontar que a nossa Carta Maior, em atenção às recomendações da Organização Mundial de Saúde, ao valor fundamental da dignidade humana e ao princípio basilar da liberdade (art. 1º, III, e art. 5º), garante o direito das mulheres de serem ouvidas e fazerem parte do processo de tomada de decisões no trabalho de parto que, portanto, deve ser humanizado.
Tendo vista essa necessidade em se garantir que os partos sejam humanizados dentro do Brasil, em 2005 foi publicada a Lei Federal nº 11.108/2005, a qual inseriu o artigo 19-J na Lei nº 8.080/1990 (Lei do SUS), a qual passou a prever, assim, a obrigatoriedade da rede própria e conveniada de saúde permitir a presença, junto à parturiente, de um acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto[footnoteRef:6]. [6: Lei nº 8.080/90: Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. §1° O acompanhante de que trata o caput deste artigo será indicado pela parturiente.] 
A Portaria nº 2.418/2005, do Ministério da Saúde, por sua vez, regulamentou a referida Lei do direito ao acompanhante e estabeleceu o período de 6 (seis) meses, decorridos em junho de 2006, para que as adaptações necessárias à efetivação desse direito da parturiente fossem efetuadas pelos estabelecimentos de saúde.
Esse mesmo direito está expresso também no artigo 8°, §6°, do Estatuto da Criança e do Adolescente, dentro do Título referente aos Direitos Fundamentais[footnoteRef:7]. [7: ECA. Art. 8° É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. §6° A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.] 
Recorda-se que o Sistema Único de Saúde engloba os serviços de saúde executados por pessoas naturais ou jurídicas, de direito público ou privado, independente da fonte de financiamento[footnoteRef:8] e, portanto, as disposições da Lei nº 8.080/1990, como o direito a acompanhante, obrigam tanto a rede pública e quanto a privada de saúde. [8: Lei nº 8.080/1990: “Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado.”] 
Não apenas. Também o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), instituído pelo Ministério da Saúde através da Portaria GM nº 569/2000, que deve ser seguido por todos os estabelecimentos de saúde, e engloba o direito a acompanhante.
Semelhantemente, a Resolução da Diretoria Colegiada nº 36/2008 da ANVISA, que reafirma o direito à presença do acompanhante no parto e também estabelece parâmetros para o funcionamento dos serviços que prestam atendimento a partos e nascimentos e, ainda, que o descumprimento constitui infração de natureza sanitária.
Especificamente em relação à rede de saúde suplementar, a Resolução Normativa n° 428/2017 da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar)[footnoteRef:9], que atualiza o rol de referência básica para cobertura assistencial mínima nos planos privados de assistência à saúde, estabelece, no seu artigo 23, inciso I, que os planos hospitalares com obstetrícia devem incluir “cobertura das despesas, incluindo paramentação, acomodação e alimentação, relativas ao acompanhante indicado pela mulher durante: a) pré-parto; b) parto; e, c) pós–parto imediato, entendido como o período que abrange 10 (dez) dias após o parto, salvo intercorrências, a critério médico”. [9: Disponível em: <https://www.ans.gov.br/component/legislacao/?view=legislacao&task=TextoLei&format=raw&id=MzUwMg==>. Acesso em: 28/04/2020.] 
Ainda, a Resolução Normativa n° 368/2015 da ANS[footnoteRef:10] dispõe, dentre outros assuntos, sobre a utilização do cartão da gestante pelas beneficiárias da saúde suplementar. Esse cartão, que serve como um instrumento de registro e dados de acompanhamento da gestão e que deve ser apresentado em todos os estabelecimentos de saúde que utilizar durante a gestação e na maternidade, traz, dentro do seu conteúdo, a seguinte frase: [10: Disponível em: <http://www.ans.gov.br/component/legislacao/?view=legislacao&task=TextoLei&format=raw&id=Mjg5Mg==>. O cartão da gestante está em um dos anexos da Resolução. Acesso em: 28/04/2020.] 
“Todas as mulheres têm o direito a um acompanhante de sua livre escolha no pré-parto, parto e pós-parto imediato. Planos hospitalares com obstetrícia com acomodação enfermaria, quarto semi-privativo, quarto privativo, ou qualquer outra acomodação, devem cobrir as despesas da paramentação (roupas higienizadas necessárias para entrar no centro cirúrgico), alimentação e acomodação do acompanhante.” (grifos nossos)
Por fim, no âmbito paulista, tem-se a Lei Estadual nº 15.759/2015, que prevê que toda gestante tem direito a receber assistência humanizada durante o parto nos estabelecimentos públicos de saúde do Estado.
C) DAS NORMATIVAS EM TEMPOS DE CORONAVÍRUS
A ONU Mulheres emitiu recomendações no sentido de que sejam observadas perspectivas de gênero no combate ao Coronavírus, incluindo a proteção aos serviços essenciais de saúde sexual e reprodutiva às mulheres e meninas[footnoteRef:11]. [11: Disponível em: <https://nacoesunidas.org/onu-mulheres-pede-atencao-as-necessidades-femininas-nas-acoes-contra-a-covid-19/>. Acesso em: 23/04/2020.] 
Há, também, uma série de disposições e documentos oficiais que visam garantir à parturiente o direito de um acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto neste período de pandemia em razão do COVID-19.
De início, destaca-se que a Organização Mundial da Saúde (OMS), logo no início da pandemia do Coronavírus, emitiu orientações no sentido de que é direito de todas as mulheres receberem atenção de alta qualidade antes, durante e após o parto, o que também inclui, dentre outras recomendações, que elas estejam acompanhadas por uma pessoa de sua escolha durante o parto[footnoteRef:12]. [12: Disponível em: <https://www.who.int/news-room/q-a-detail/q-a-on-covid-19-pregnancy-childbirth-and-breastfeeding>. Acesso em: 23/04/2020.] 
No cenário brasileiro, foi publicada a Nota Técnica n. 04-2020 GVIMS -GGTES-ANVISA sobre “Orientações para serviços de saúde: Medidas de Prevenção e Controle que devem ser adotadas durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados pela infecção do novo coronavírus (SARS – CoV-2)”, atualizada em 31/03/2020, segundo a qual, nos casos previstos em lei, deve ser observado o direito ao acompanhante[footnoteRef:13]. [13: Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/Nota+Técnica+n+04-2020+GVIMS-GGTES-ANVISA/ab598660-3de4-4f14-8e6f-b9341c196b28>. Acesso em: 23/04/2020.] 
O Ministério da Saúde, por sua vez, emitiu a Nota Técnica nº 09/2020-COSMU/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS, no dia 09/04/2020, que tem como objetivo fornecer recomendações para os/as profissionais de saúde que atuam no cuidado a gestantes e recém-nascidos no pré-parto, parto e puerpério, a par das evidências disponíveis até o momento. Em regra, neste documento, o Ministério da Saúde recomenda que seja mantida a presença do/a acompanhante durante o pré-parto, o parto e o puerpério[footnoteRef:14]. [14: Disponível em: <https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/SEI_MS-0014382931-Nota-Tecnica_9.4.2020_parto.pdf >. Acesso em: 23/04/2020.] 
Nesteponto, ressalta-se que, segundo a referida Nota Técnica, a parturiente e o seu acompanhante devem passar pela triagem dos casos suspeitos e confirmados de COVID-19 antes da internação e que, desde que assintomático e fora dos grupos de risco, o direito ao acompanhante deve ser garantido. Leia-se:
“2.2. Admissão para parto no contexto COVID-19:
2.2.1. Toda parturiente e seu acompanhante devem ser triados para casos suspeitos ou confirmados de COVID-19 antes da sua admissão no serviço obstétrico. Será considerada suspeita ou confirmada a pessoa que:
2.2.1.1. Esteve em contato que signifique exposição, independentemente de ser em sua residência ou ambientes que possa frequentar e que possuía caso suspeito ou confirmado, mesmo estando assintomática;
2.2.1.2. Relatar febre aferida ou referida e tosse ou dor de garganta ou dispnéia. 
2.2.1.3. Apresentar resultado de exame positivo para SARS-CoV-2 nos últimos 14 dias.
2.3. O acompanhante, desde que assintomático e fora dos grupos de risco para COVID-19, deve ser permitido nas seguintes situações:
2.3.1. mulheres assintomáticas não suspeitas ou testadas negativas para o vírus SARS-CoV-2: neste caso, também o acompanhante deverá ser triado e excluída a possibilidade de infecção pelo SARSCoV-2.
2.3.2. mulheres positivas para o vírus SARS-CoV-2 ou suspeitas: o acompanhante permitido deverá ser de convívio diário da paciente, considerando que a permanência junto à parturiente não aumentará suas chances de contaminação; assim sendo, se o acompanhante não for de convívio próximo da paciente nos dias anteriores ao parto, este não deve ser permitido.
2.3.3. Em qualquer situação, não deve haver revezamentos (para minimizar a circulação de pessoas no hospital) e os acompanhantes deverão ficar restritos ao local de assistência à parturiente, sem circulação nas demais dependências do hospital.
2.3.4. O surgimento de sintomas pelo acompanhante em qualquer momento do trabalho de parto e parto implicará no seu afastamento com orientação a buscar atendimento em local adequado.
2.4. Conforme resultado da triagem:
2.4.1. triagem negativa: a parturiente deve ser manejada habitualmente conforme protocolos de boas práticas já vigentes; ressalta-se a importância de ter acompanhante também classificado como negativo para COVID-19. Ambos devem receber orientações de medidas de prevenção de infecção;
2.4.2. triagem positiva (gestante ou acompanhante): a parturiente deve ser transferida para quarto em isolamento idealmente em regime Pré-parto/Parto/Puerpério atendidos no mesmo ambiente (PPP), utilizar máscara cirúrgica, receber orientações e meios de higienizar as mãos e receber cuidado de pessoal devidamente protegido com EPI. A circulação no quarto deverá ser restrita. O acompanhante também deverá usar máscara cirúrgica e ser considerado portador do SARS-CoV-2; deve- se adotar uma linguagem clara e objetiva com a parturiente e acompanhante, para minimizar angústias e ansiedades sobre o quadro clínico e as medidas de precaução a serem adotadas, os profissionais devem adotar escuta ativa e qualificada para respostas a possíveis questionamentos.”
No mesmo sentido, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos lançou a cartilha “Mulheres na Covid-19” para enfrentamento ao COVID-19 pelo público específico de gestantes e lactantes, na qual é ressaltado o direito das mulheres ter um acompanhante durante todo o trabalho de parto e internação hospitalar[footnoteRef:15]. [15: Disponível em: <https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/abril/cartilha-orienta-mulheres-durante-a-pandemia-do-coronavirus>. Acesso em: 23/04/2020.] 
No plano estadual, também foi publicada a Nota Técnica nº 03/2020, elaborada pela Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo, que dispõe sobre o manejo da Assistência às Mulheres no Ciclo Gravídico Puerperal e para o Recém Nascido no que se refere à lactação, considerando a situação atual na Saúde Pública com relação à pandemia causada pelo novo Coronavírus SARS-Cov-2 (COVID-19). Essa Nota Técnica determina a manutenção das recomendações considerando as Boas Práticas do Parto, Nascimento e Puerpério para as mulheres que não sejam casos suspeitos ou confirmados para o Covid-19, ou para aquelas consideradas curadas para o Covid-19, dentre elas, a observância do direito ao acompanhante previsto na Lei nº 12.895/2013, em casos de parturiente sem exposição e/ou assintomáticas ao SARS-CoV-2, desde que o acompanhante também não apresente sintomas[footnoteRef:16]. [16: A esse respeito, a Nota Técnica nº 03/2020 assim dispõe: “Recomendamos que o gestor avalie as condições de ambiência para diminuir circulação e a capacidade de EPI’s necessários para manter a segurança das usuárias, profissionais e de seus acompanhantes. No caso de restrição do acompanhante o gestor deverá documentar, enfatizando a atual situação de pandemia do SARS-CoV-2, respaldando a instituição e os profissionais com a adoção de tal medida”. Disponível em: Diário Oficial do Estado de São Paulo, Caderno do Poder Executivo - Seção II, v. 130 (63), publicado em 31 de mar. 2020, p.28.] 
Por fim, destaca-se que, de acordo com os Princípios de Siracusa sobre a limitação ou revogação dos direitos previstos no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos[footnoteRef:17], para que a restrição a esses direitos seja legítima, é necessário que estejam presentes os seguintes requisitos: base legal, necessidade extrema, base em evidências científicas, duração limitada, respeito à dignidade humana, possibilidade de revisão, proporcionalidade ao alcance de seu objetivo e ainda não ser arbitrária nem discriminatória. [17: Disponível em: <https://www.civilisac.org/civilis/wp-content/uploads/principios-de-siracusa-1.pdf>. Acesso em: 23/04/2020.] 
Todavia, o que se observa é o contrário. 
Qualquer restrição aos direitos das mulheres em obter assistência adequada no momento do acolhimento, trabalho de parto, parto e puerpério e que quaisquer medidas que tolham o direito da parturiente ao acompanhante, tomadas pela maternidade, mesmo em contextos de excepcionalidade, são destituídas de fundamentos fáticos e legais, podendo configurar afronta aos princípios da legalidade, razoabilidade, proporcionalidade, autonomia e dignidade da pessoa humana, além de caracterizar violência obstétrica.
 
Ademais, há uma série de cuidados preventivos quanto ao COVID-19 que podem e devem ser tomados tanto em relação à Paciente quanto ao seu Acompanhante, tais como: higienização e esterilização, uso de máscaras e outras medidas preventivas. Essas medidas preventivas constituem uma forma de assegurar que parturiente e acompanhante permaneçam no mesmo ambiente de modo seguro, para elas e para os funcionários do estabelecimento de saúde, sob as mesmas condições de esterilização e proteção.
Antes da pandemia, o Poder Judiciário já protegia - de forma preventiva ou repressiva - esse direito, ou por meio da garantia ao direito do acompanhante ou, quando esse direito já havia sido violado, pela concessão de uma indenização, em razão dos danos morais causados. Nesse sentido, nota-se o seguinte julgado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo:
RESPONSABILIDADE CIVIL – Dano moral – Atendimento grosseiro e inadequado por parte da médica plantonista – Além disso, o pai foi impedido de acompanhar o parto de seu filho – A presença de um acompanhante no momento do parto não é mera faculdade, que fica a critério do médico ou do hospital, mas direito da parturiente – Lei do Parto Humanizado - Lei n. 11.108/2005 – Reflexo do direito constitucional à dignidade – Impedimento que somente se permite diante de fundado prejuízo à realização do procedimento médico - Dano moral configurado – Quantum indenizatório - Artigo 944, do Código Civil - Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade – Estimativa correta – Sentença mantida - Recurso não provido. (TJSP; Apelação Cível 0005635-71.2013.8.26.0562; Relator (a): Mônica de Carvalho; Órgão Julgador: 8ª Câmara de Direito Privado; Foro de Santos - 5ª. Vara Cível;Data do Julgamento: 29/10/2019; Data de Registro: 29/10/2019) (grifos nossos)
Atualmente, com o novo cenário do país, começa-se a observar a presença desse tipo de demanda nos Tribunais de Justiça do país, com a concessão de tutelas jurisdicionais em favor da mulher gestante e do seu direito a ter um acompanhante. Assim, por exemplo, destacam-se os seguintes trechos da sentença proferida no Mandado de Segurança n° 0011367-06.2020.8.16.0129[footnoteRef:18], impetrado no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná: [18: Disponível em: <https://www.tjpr.jus.br/documents/18319/33666028/Decis%C3%A3o+parto+acompanhante/b96af3d7-6809-2be7-8443-72c395e521fb>. Acesso em 24/04/2020.] 
“Nessa perspectiva, há que se ver que a Lei do Acompanhante não foi editada por acaso, mas sim porque diversas evidências concluíram pelos benefícios que a presença de um acompanhante traz a mulher (...) 
Diante esse panorama, deve-se reconhecer que a proibição do HRL ao exercício do direito ao acompanhante mostra-se insubsistente, porque conquanto vise ser uma medida de enfrentamento à COVID-19, não deixa de ser, a princípio, restrição que viola direitos da mulher, sem que haja respaldo das autoridades públicas e sanitárias para tanto.” (grifos nossos)
No mais, no Tribunal do Estado de Justiça de São Paulo, destaca-se a recente decisão, proferida nos autos no Agravo de Instrumento n° 2076228-84.2020.8.26.0000, pela 7ª Câmara de Direito Público, em 24/04/2020, que antecipou parcialmente os efeitos da tutela recursal para que à parturiente seja garantido o direito de se fazer acompanhar por pessoa indicada. Segundo a decisão:
“[D]esde que o acompanhante se encontre fora do grupo de risco, e não apresentando sintomas para COVID-19, nada obsta a sua permanência ao lado da parturiente. Não se trata aqui de interferência judicial na conduta médica, mas de fazer valer norma técnica editada pelo Ministério da Saúde.” (grifos nossos)
Deste modo, a imposição de obstáculos ou a proibição para a efetivação do direito ao acompanhante que a parturiente tem, durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto, é complementamente indevida, por ser ilegal e por configurar uma forma de violência obstétrica.
VI – DA TUTELA DE URGÊNCIA:
O artigo 300 do Código de Processo Civil afirma que a “tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.
Estão presentes os citados requisitos nesta demanda. Senão, vejamos. 
A Autora vem requerer a concessão da tutela provisória antecipada de urgência, em caráter liminar, consistente na obrigação do Hospital em garantir o seu direito a um acompanhante de sua livre escolha durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto. 
Para a concessão da tutela provisória antecipada de urgência, a lei exige como pressupostos a probabilidade do direito, que não é, certamente, prova de verdade absoluta, pois ainda poderá ser objeto de recurso – mas de uma prova robusta que se aproxime da verdade.
E o direito requerido, tanto em sede de tutela provisório quanto em sede de tutela definitivo, é um direito que está previsto tanto em lei e quanto em outras normas do ordenamento jurídico brasileiro, inclusive no cenário atual, como demonstrado acima, de modo que se vislumbra a sua probabilidade.
Ainda, a demanda vem devidamente instruída, e demonstra, de forma inequívoca, o cabimento de obrigação, em caráter liminar, diante do direito constitucional ao acompanhante, da maneira a humanizar e efetivar um parto digno durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto.
Ademais, claro está o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, uma vez que a não concessão do direito ao acompanhante de forma antecipada e liminar poderá implicar em um parto desacompanhada, em desrespeito à autonomia da mulher e gerando riscos à sua saúde física e psicológica,
No presente caso, a Autora está grávida e já se encontra na ______ (______________) semana de gestação, sendo que parto ocorrerá em ____________. 
Desta forma, requer-se a concessão de tutela provisória antecipada de urgência, em caráter liminar, para garantir à Requerente o seu direito a um acompanhante de sua escolha durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto, inclusive com a imposição de multa diária no valor de R$ _________ (________), ou outro valor reputado adequado, nos termos dos artigos 497 e 537 do Código de Processo Civil.
VII – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO: 
Nos termos do artigo 334, §5º, do Código de Processo Civil informa a Autora que (NÃO) possui interesse na autocomposição, diante da urgência da demanda (verificar no caso concreto).
VIII – DOS PEDIDOS:
Antes o exposto, requer-se:
1 - A concessão da tutela provisória antecipada de urgência, sem oitiva da parte contrária, com a expedição de mandado de intimação pessoal ao representante judicial da parte ré, sob risco do perecimento do direito da Autora, para que seja determinada a garantia a um acompanhante de escolha da Autora durante todo o seu período de trabalho de parto, parto e pós-parto; e, em caso de descumprimento, com a imposição de multa no valor de R$ _______ (____________), nos termos dos artigos 497 e 537 do Código de Processo Civil;
2 - A concessão dos benefícios da justiça gratuita, por se tratar de Autora economicamente hipossuficiente nos termos da Lei, conforme anexa declaração de hipossuficiência;
3 - A citação da parte ré, para que, no prazo legal, apresentem defesa, sob pena de revelia; 
4 - A observância das prerrogativas previstas na Lei Complementar nº 80/1994, especialmente quanto à intimação pessoal, por meio da entrega dos autos com vista ou, no caso do processo digital, por meio do Portal de Serviços do e-SAJ – “intimações on-line”, e a contagem em dobro de todos os prazos, conforme artigo 128, inciso I, da referida lei complementar;
5 - A procedência do pedido, tornando definitiva a medida liminar, consistente em obrigação de fazer, voltada à garantia da presença de um acompanhante de escolha da Autora durante todo o seu período de trabalho de parto, parto e pós-parto; e
6 - A condenação da parte ré aos honorários advocatícios e demais despesas legais.
A Autora provará o alegado por todos os meios em direito admitidos.
Dá à presente causa o valor de R$ ___________ ( ___________).
Termos em que,
 pede deferimento.
Cidade, data
_____________________________
Autora
__________________________________________
Defensoria Pública do Estado
Endereço, telefone e e-mail da unidade da DPE
 
 
 
Endereço, telefone e e
-
mail da unidade da DPE
 
EXCELENTÍSSIMO/A SENHOR/A DOUTOR/A JUIZ/A DE DIREITO DA _______ 
VARA DA 
FAZENDA PÚBLICA
/
VARA CÍVEL
 
DA COMARCA DE 
 
____________ 
-
 
SP
 
 
 
 
 
 
 
 
U R G E N T E 
 
 
 
______________________ (nome), _________________ (nacionalidade), 
______________ (estado civil), ________________ (profissão), portadora da cédula de identidade 
R.G. n° ____________, inscrita no CPF/MF sob o nº ____________, residente e domiciliada 
_______
_____, pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, através dos órgãos de 
execução que esta subscrevem, dispensados de apresentar mandato, 
ex vi
 
Lei 
Complementar Estadual nº 988/2006, artigo 162, inciso VI, vem, respeitosamente, à 
presença de Vossa Exce
lênc
ia, com fundamento no artigo 497 e seguintes do Código de 
Processo Civil, ajuizar a presente
 
 
 
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE 
 
TUTELA 
DE URGÊNCIA 
 
 
em face de ____________, (
qualificação
), pelos 
motivos de fato e de direito 
a seguir expostos.
 
 
 
 
 
 
 
Endereço, telefone e e-mail da unidade da DPE 
EXCELENTÍSSIMO/A SENHOR/A DOUTOR/A JUIZ/A DE DIREITO DA _______ VARA DA 
FAZENDA PÚBLICA/VARA CÍVEL DA COMARCA DE ____________ - SP 
 
 
 
 
 
 
 
U R G E N T E 
 
 
______________________ (nome), _________________ (nacionalidade), 
______________ (estado civil), ________________(profissão), portadora da cédula de identidade 
R.G. n° ____________, inscrita no CPF/MF sob o nº ____________, residente e domiciliada 
____________, pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, através dos órgãos de 
execução que esta subscrevem, dispensados de apresentar mandato, ex vi Lei 
Complementar Estadual nº 988/2006, artigo 162, inciso VI, vem, respeitosamente, à 
presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 497 e seguintes do Código de 
Processo Civil, ajuizar a presente 
 
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE 
TUTELA DE URGÊNCIA 
 
em face de ____________, (qualificação), pelos motivos de fato e de direito 
a seguir expostos.

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