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F O R M A Ç Ã O E M E S T R A T É G I A D I G I T A L M Ó D U L O 3 - P A R T E I Comportamento do Consumidor M Ó D U L O 3 P A R T E I Comportamento do Consumidor Objetivo de aprendizagem: Compreender a maneira a qual as decisões são tomadas e como isso influencia a escolha de produtos e serviços e a imagem das marcas para os consumidores. M I N D S E T , N E C E S S I D A D E S , D E S E J O S E E X P E C T A T I V A S N A E R A D I G I T A L 5 4 M I N D S E T D O C O N S U M I D O R ÍNDICE CONSUMIDORM I N D S E T D O07 3 1 N E C E S S I D A D E S 4 1 T R A N S F O R M A Ç Ã O D I G I T A L 4 5 E X P E C T A T I V A S D O C O N S U M I D O R N A E R A D I G I T A L 3 5 D E S E J O S N E C E S S I D A D E S E D E S E J O S D O CONSUMIDOR29 C O N S U M I D O R 4.0390 9 E C O N O M I A C O M P O R T A M E N T A L 2 5 N E U R O M A R K E T I N G 7 6 M I N D S E T D O C O N S U M I D O R CONSUMIDORM I N D S E T D O Objetivo de aprendizagem: Explicar como através da psicologia e da neurociência é possível elencar fatores que influenciam o compor- tamento e a experiência do consumidor. 9 8 E C O N O M I A C O M P O R T A M E N T A LM I N D S E T D O C O N S U M I D O R Psicologia, economia e tomada de decisões A economia comportamental é um método de análise econô- mica que aplica insights psicológicos sobre o comportamento humano para explicar a tomada de decisões das pessoas. O que isso quer dizer? A ideia central é que nem sempre agimos racionalmente. Aliás, na grande maioria das vezes não agimos de forma racional. Nos- sas decisões são impulsionadas por uma série de fatores abaixo do nosso subconsciente, como desejos, hábitos, normas sociais e o contexto em que estamos inseridos. Segundo Daniel Kahneman, 95% das nossas decisões são emocionais e intuitivas. Portanto, apenas jus- tificamos racionalmente as nossas escolhas já feitas. Economia comportamental — Michael Lewis, autor dos livros Moneyball e O projeto desfazer A economia comportamental mostra que os seres humanos não são as criaturas racionais que imaginamos... Ela revolucionou tudo, de Big Data à medicina, de como governamos a como gasta- mos, de altas finanças ao futebol. “ Economia comportamental 1 1 1 0 E C O N O M I A C O M P O R T A M E N T A LM I N D S E T D O C O N S U M I D O R A economia comportamental é uma mistura entre psicologia e economia surgida no contexto da abordagem econômica tradicional conhecida como modelo de escolha racional. Neste modelo, presume-se que uma pessoa relacione racionalmente custos e benefícios, calculando as melhores escolhas para si mesma. Dessa forma, espera-se que uma pessoa conheça bem suas as pre- ferências e nunca se confunda com desejos contraditórios. Assim, sem- pre de modo racional, ela teria um autocontrole perfeito e uma capaci- dade total de conter impulsos. Bem fora da realidade da maioria das pessoas, você não acha? Em contraste, a economia compor- tamental mostra que os seres huma- nos não agem desse jeito. Pessoas reais têm habilidades cognitivas limitadas e uma grande quantidade de problemas para serem capazes de ter um autocontrole constante. Você já gastou mais do que deveria? Comprou um item que viu na vitrine de uma loja o qual não era indispen- sável para você no momento? Pois é. Muitas vezes, fazemos escolhas com base na nossa própria felicida- de momentânea, nem sempre de forma racional. Em resumo, a mensagem básica da economia comportamental é que os seres humanos estão propícios a cometer erros de julgamento e às vezes precisam de um empurrãozi- nho para tomar decisões que são do seu próprio interesse. Assim, essa abordagem complementa e aprimora o modelo de escolha racional. A economia comportamental é um assunto complexo, contendo 175 vieses e heurísticas que explicam as escolhas que fazemos e como elas são in- fluenciadas. Calma, não vamos nos aprofundar tanto assim nesse assunto. Nosso enfoque está mais na sua relevância para o marketing... Duas espécies diferentes? SER HUMANO NA ECONOMIA TRADICIONAL C A L C U L I S TA , R A C I O N A L , O B J E T I V O E M O C I O N A L , T E N D E N C I O S O , I M P R E V I S Í V E L SER HUMANO NA ECONOMIA COMPORTAMENTAL Importância da economia comportamental para o marketing Ao entender o processo de tomada de decisão das pessoas, você será capaz de desenvolver propostas de valor que realmente se encaixam nas necessida- des do consumidor. Você deve entender que clientes são seres humanos cujas decisões de com- pra são fortemente influenciadas por emoções, pelo ambiente e pela influên- cia social. A economia comportamental tem sido chamada de “ciência da tomada de decisão”. Ela aborda questões fundamentais, como a maneira a qual pro- cessamos informações e como nosso comportamento pode ser influenciado. Muito valiosa para profissionais de marketing, a economia comportamental pode ajudar a oferecer respostas a perguntas essenciais, como: • • Quão emocional ou racional é a tomada de decisão do consumidor? • • O quão rápida ou devagar é a tomada de decisão do consumidor? • • Quanta informação o consumidor pode receber? • • Qual a importância do contexto para afetar as percepções de uma marca e influenciar o comportamento do consumidor? Agora que você viu a importância da economia comportamental para o marketing, o próximo passo é entender um pouco sobre o funcionamento do cérebro nas tomadas de decisão. Vamos começar! Profissionais de marketing vencedores devem ter um profundo conhecimento do processo de pensamento do consumidor para criar campa- nhas, produtos, serviços e marcas de sucesso. 1 3 1 2 E C O N O M I A C O M P O R T A M E N T A LM I N D S E T D O C O N S U M I D O R Sistema 1 e Sistema 2 Como afirmado anteriormente, no conceito tradicional de teoria eco- nômica, há o pensamento de que o ser humano toma decisões baseado apenas em questões racionais, ava- liando custos e benefícios. Há diversas correntes a respeito do funcionamento do cérebro humano nas tomadas de decisão. Daniel Kahneman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2002 e considerado o “pai da economia comportamental, foi o responsável pelo desenvolvimento de uma das teorias mais respeitadas sobre a tomada de decisão humana. Segundo Kahneman, temos um cé- rebro de dois sistemas, por ele cha- mados de Sistema 1 e Sistema 2. O Sistema 1 refere-se à percepção e à intuição. Ele é rápido e instintivo. É o pensamento que você tem sem consciência e, por ser automático, consome menos energia. Esta é a parte do seu cérebro que evoluiu para ajudá-lo a sobreviver, proces- sando os estímulos através de todos os sentidos. O Sistema 2 é o pensamento reflexi- vo. Você tem consciência dele. Ele é lento e queima muita energia. Atra- vés do Sistema 2 tomamos decisões lentas e deliberadas. Contudo, você não pode pensar muito o tempo todo porque isso cansa. Portanto, seu modo padrão de pen- sar é o Sistema 1. Primeiramente, processamos infor- mações de forma rápida e instintiva, que depois são consideradas e anali- sadas mais ativamente no Sistema 2. O Sistema 1 representa um sistema de alerta precoce para o Sistema 2, que é implantado para verificar se os seus instintos estão corretos. Uma maneira simples de pensar sobre isso é que o Sistema 1 funciona como um piloto automático e o Sis- tema 2 é quando o motorista dirige com as suas próprias mãos. O Sistema 1 aprende com a expe- riência. À medida que vivenciamos situações, vamos aprendendo, in- corporando conhecimentos e assim, criamos atalhos para não ter mais que pensar antes de agir. Por exemplo: no começo da vida es- colar, 2 + 2 pode parecer uma equa- ção difícil, mas hoje a maioria de nós consegue fazer uma conta dessas sem muito esforço. Entender o funcionamento do Siste- ma 1 é importante para profissionais de marketing, pois assim compreen-demos que somos capazes de reco- nhecer padrões através de nossas experiências. Isso também ocorre na relação entre os consumidores e as marcas, uma vez que com elas pode ser constru- ída uma familiaridade, permitindo reconhecer a marca e a sua propos- ta de valor em todos os pontos de contato. Assim, o logotipo, as embalagens, as cores, os cheiros, entre outros elementos, viram ativos da marca importantíssimos para que os con- sumidores não percam seu tempo pensando a respeito de qual opção do produto entre tanta concorrência é a melhor. Se preferir, você pode ver um resu- mo da teoria de Kahneman neste vídeo (conteúdo em inglês). Esses sistemas podem trabalhar em harmonia ou estar em conflito. Um exemplo de conflito é quando temos casos de ilusão de ótica, uma vez que a parte automática do cérebro enxerga uma ilusão, e a parte cons- ciente vê o que de fato é a imagem. Confira neste vídeo alguns exemplos de ilusão de ótica. As diferenças nas sensações cere- brais também se fazem presentes quando falamos de memória e expe- riência. É muito comum se sentir de uma forma na hora de experimentar algo novo e de outra quando lembramos dessa experiência. Como tomamos decisões S I S T E M A 1 S I S T E M A 2 R Á P I D O PA R A L E L O A U T O M Á T I C O S E M E S F O R Ç O A S S O C I A D O A P R E N D I Z A D O L E N T O D E VA G A R E M S É R I E C O N T R O L A D O C O M E S F O R Ç O G O V E R N A D O P O R R E G R A S F L E X Í V E L https://www.youtube.com/watch?v=PirFrDVRBo4 https://www.youtube.com/watch?v=i3N1yD5RxhM 1 5 1 4 E C O N O M I A C O M P O R T A M E N T A LM I N D S E T D O C O N S U M I D O R Heurísticas e vieses Outro ponto que você também deve levar em consi- deração no estudo do cérebro humano são as heu- rísticas e os vieses. Esses dois conceitos sustentam o estudo da econo- mia comportamental e lidam com a maneira que o nosso cérebro cria regras e atalhos os quais utiliza- mos todos os dias para resolver problemas, tomar decisões ou fazer julgamentos. Uma heurística é um atalho mental que permite que as pessoas resolvam seus problemas e façam jul- gamentos de forma rápida e eficiente. Heurísticas encurtam o tempo de tomada de decisão e permitem que as pessoas ajam sem parar constantemente para pensar na sua próxima ação. A seguir, apresentamos algumas das heurísticas mais comuns: Kahneman fala sobre isso em uma palestra no TED, em que explica exatamente as diferenças entre me- mória e experiência. Não deixe de assistir a essa explicação, pois ela é crucial para que você tenha uma maior compreensão do comportamento humano. Entenda que o cérebro é um músculo e como tal pre- cisa ser exercitado. Quanto mais neurônios e cone- xões cerebrais você construir ao fazer e aprender algo novo, mais fácil será desenvolver o raciocínio e a compreensão. Exercícios de mindfulness podem contribuir muito nessa construção. Heurística de disponibilidade A heurística de disponibilidade envolve a tomada de decisões com base na facilidade de lembrar de um exemplo. Quando você precisa tomar uma decisão, pode rapidamente se lembrar de uma série de exemplos relevantes para a situação. Como esses exemplos estão disponíveis em sua memória, você provavelmente julgará certos resul- tados como mais comuns ou frequentes. Por exemplo: você decide viajar de avião e de repente se lembra de uma série de acidentes aéreos recentes. Em uma situação dessas, você poderia achar que viajar de avião é perigoso e decidir viajar de carro. A heurística de disponibilidade leva você a pensar que acidentes aéreos são mais comuns do que eles realmente são. Heurística de representatividade A heurística de representatividade envolve a tomada de decisão com base na semelhança para julgar uma pessoa ou acontecimento. Quando você está na dúvida se determinada pessoa é de confiança, você pode comparar aspectos dela com as características de outros indivíduos que conhece e confia. Há aí uma clara tendência de criar estereótipos para criar julgamentos. Heurística de afeto A heurística de afeto envolve a tomada de decisão com base em emoções que uma pessoa está sentindo em determinado momento. Por exemplo: pessoas com bom humor podem levar mais em conta os be- nefícios ao terem que tomar uma decisão. Já pessoas que estão experien- ciando emoções negativas podem levar mais em consideração os riscos em suas tomadas de decisão. Como você viu, heurísticas podem acelerar nosso processo de tomada de decisão, contudo elas também podem nos induzir ao erro. Elas são capazes de nos levar a julgamentos imprecisos sobre a realidade. Heurísticas podem contribuir para gerar estereótipos e preconceitos, uma vez que as pessoas usam atalhos mentais para classificar e categorizar ou- tros seres humanos, muitas vezes ignorando informações relevantes. https://www.youtube.com/watch?v=XgRlrBl-7Yg https://www.youtube.com/watch?v=hn3J-d44r94 1 7 1 6 E C O N O M I A C O M P O R T A M E N T A LM I N D S E T D O C O N S U M I D O R Um viés cognitivo é justamente isso: um erro siste- mático de pensamento que ocorre quando as pesso- as processam e interpretam informações do mundo ao seu redor, afetando as decisões e os julgamentos delas. Vieses representam o resultado da tentativa do seu cérebro de simplificar o processamento da informa- ção. Afinal, o cérebro humano é poderoso, mas está sujeito a limitações. Nudge Decisões nunca são tomadas de forma isolada. Fatores externos e o contexto influenciam e muito em qualquer decisão que seja tomada. Essas questões “empurram” o ser humano para um certo caminho sem que ele perceba e são conhecidas pelo termo nudge. Por exemplo: imagine que brigadeiros são posicionados para venda em uma mesa no campus de uma universidade. Na mesa, também há uma caixa para que um eventual cliente deposite seu pagamento. Além disso, há pen- durado no local um cartaz com o desenho de olhos bem grandes e acusado- res direcionados a quem pegar um brigadeiro. De forma inconsciente para nós, esse cartaz ativaria nosso senso de honestidade nesse contexto. As- sim, a possibilidade de dar um “calote” tornaria-se mais improvável mesmo que não houvesse ninguém por perto olhando. Efeito framing O efeito framing se relaciona a como o ser humano decide de forma dife- rente a partir da maneira a qual as informações lhe são apresentadas. Em uma tomada de decisão há sem- pre fatores conscientes e subcons- cientes. O ponto é que a percepção sobre algo, ou mais do que isso, como aquilo se enquadra, funcio- na para o cérebro como um atalho mental, criando percepções relativas acerca do que é apresentado. Diferentemente de um julgamento ab- soluto, a percepção relativa funciona assim: imagine que você esteja escu- tando uma canção e observa que o som dela está alto para os seus ouvi- dos. Essa é uma percepção relativa. Um julgamento absoluto nesse caso seria ter a certeza de que o volume do som no seu fone de ouvido está em 80, por exemplo. Cenários positivos também trazem um viés muito grande na percepção e na tomada de decisão do ser huma- no. Kahneman e Tversky analisaram a propensão das pessoas ao risco com base na forma como as mensagens estavam sendo transmitidas. Nesse estudo, a pergunta foi bem simples: se você tivesse que fazer uma cirurgia com 90% de chance de sucesso e 10% de chance de morte, o que faria? Com base no conceito de nudge, acredita-se que qualquer um que projete o ambiente em que as decisões são tomadas seja conhecido como “arquiteto da escolha”. Veja neste vídeo como o Google usa isso dentro do seu próprio meio organi- zacional. Foi realizado um estudo em meio a um programa chamado Healthcare Choice em que foram colocadas imagens em tamanho real de médicos e enfermeiros ao lado de cestas de legumes e frutas frescas. Além disso, foram colocadas placas que indicavam sugestões como “Faça compras mais saudáveis”. Você consegue imaginar o resultado dessa ação?Foi comprovado que essas “cutucadas” influenciavam no comportamento dos clientes. O projeto durou 15 dias e gerou um aumento de 30% na venda de produtos saudáveis. Dica de leitura No livro, Rápido e devagar: duas formas de pensar (2012), o teórico da economia comportamental Daniel Kahneman apresenta duas formas de pensar: uma é rápida, intuitiva e emocional (Sistema 1); a outra, mais lenta, deliberativa e lógica (Sistema 2). http://www.cog.brown.edu/courses/cg195/pdf_files/fall07/Kahneman&Tversky1986.pdf https://www.youtube.com/watch?v=htxl-napxe8 http://www.fruitnet.com/eurofruit/article/160486/canny-card-trick-to-boost-fresh-produce https://www.amazon.com.br/Rápido-devagar-Daniel-Kahneman/dp/853900383X/ 1 9 1 8 E C O N O M I A C O M P O R T A M E N T A LM I N D S E T D O C O N S U M I D O R A maioria esmagadora das respos- tas dos participantes foi positiva em encarar a cirurgia pelo fato de haver uma possibilidade maior de sucesso. Outro fator fundamental sobre o efei- to framing são as metas. Isso é algo bem intuitivo. Quanto mais próximos estamos de cumprir determinada meta mais motivados ficamos, certo? O nome desse viés é chamado de efeito gradiente de meta. Esse fundamento foi testado da seguinte forma: em um experimento, um car- tão fidelidade foi entregue para cada cliente de uma cafeteria. Os clientes recebiam um selo no cartão a cada café comprado. Depois de comprar 9 cafés, o 10º seria de graça. No teste, existiam dois tipos de car- tões. O primeiro vinha com 12 espaços: dois já marcados como estímulo para que o cliente completasse o restante, 9 vazios e o último preen- chido para receber o prêmio. No segundo cartão, eram 9 espaços vazios além do último, também mar- cado assim como no primeiro cartão, para receber a premiação. O resultado desse teste foi que os clientes que receberam o primeiro cartão completaram-no em uma média de cinco dias antes dos que receberam o segundo. Isso porque o efeito gradiente de meta foi usado, dando a ilusão aos clientes do primeiro cartão de que eles estavam mais próximos do prêmio. Ainda sobre percepções, você já parou para pensar por qual motivo paga R$ 5 por uma cerveja na praia e R$ 10 pela mesma bebida em um hotel luxuoso? A resposta é muito simples! O contexto influencia demais nas decisões humanas. Apesar de ser o mesmo produto, o consumidor atri- bui valor de formas diferentes. A praia é um lugar público, com pou- co conforto e bem quente nos dias de verão. Um hotel luxuoso é um lugar privado, com bastante conforto e ambiente climatizado. Esses fatores fazem parte do juízo de valor ao decidir em comprar ou não algo por um preço elevado. Paradoxo da escolha O psicólogo Barry Schwartz desenvolveu uma teoria simples com a qual todos nós temos alguma experi- ência: o paradoxo da escolha. Na teoria de paradoxo da escolha, observa-se que temos muitas opções para escolher. O problema é que isso em vez de tornar as pessoas mais felizes e dar a elas a oportunidade de terem o que quiserem, na realidade, o que é gerado é uma dificuldade de tomar decisões. Schwartz, que é autor do livro O Paradoxo da Esco- lha, sustenta que a superabundância de opções leva a ansiedade, indecisão, paralisia e insatisfação. Nesta palestra do TED, Schwartz fala mais sobre liberdade de escolha. Em certa ocasião, a pesquisadora Sheena Iyengar realizou um estudo sobre a escolha. Na pesquisa, foi feito um teste em uma mercearia em que foi monta- da uma cabine de degustação gratuita em que eram oferecidas seis geleias diferentes. Dos visitantes da loja que pararam para degustar, 30% decidiram comprar algumas daquelas geleias. Na semana seguinte, montaram a mesma cabine de degustação no mesmo local, mas dessa vez com 24 tipos de geleias diferentes. Nesse segundo teste, apenas 3% daqueles que pararam para degustar compraram algumas das geleias da mostra. Isso revela que muitas opções pode não ser muito atrativo para clientes, diminuindo portanto a probabi- lidade de compra. http://home.uchicago.edu/ourminsky/Goal-Gradient_Illusionary_Goal_Progress.pdf https://www.amazon.com.br/Paradoxo-Escolha-Barry-Schwartz/dp/8577190196 https://www.amazon.com.br/Paradoxo-Escolha-Barry-Schwartz/dp/8577190196 https://www.ted.com/talks/barry_schwartz_the_paradox_of_choice?language=pt-br https://faculty.washington.edu/jdb/345/345%20Articles/Iyengar%20%26%20Lepper%20(2000).pdf 2 1 2 0 E C O N O M I A C O M P O R T A M E N T A LM I N D S E T D O C O N S U M I D O R Normas Você pode achar que não, mas o comportamento alheio influencia boa parte do nosso. Esse tipo de influência comportamental é conhecido como norma descritiva. Psicólogos dos EUA fizeram um teste com uma men- sagem de duas formas diferentes em um hotel. Na primeira mensagem, eles escreveram: “Ajude a salvar o meio ambiente. Reutilize suas toalhas.” Na segunda mensagem, foi utilizada a norma des- critiva: “75% das pessoas que ficaram neste hotel reutilizaram suas toalhas pelo menos uma vez du- rante a estadia.” A surpresa foi que a mensagem com a norma des- critiva teve uma eficácia maior do que a mensagem com teor ambiental, porém, quando confrontadas sobre qual das duas frases achavam que faria mais efeito, as pessoas apontaram a ambiental. Normas explícitas são aquelas explicadas direta- mente a você. Já as implícitas são aquelas que não são escritas ou faladas, mas você sabe o que fazer mesmo assim. Aqui vai uma forma de você falar implicitamente o quanto um produto ou serviço é consumido: “93% de nossos clientes avaliam nosso produto como excelente”. Outra maneira de ativar esse efeito de manada é propor ações em grupo, uma vez que, por exem- plo, quando planejamos atividades com outras pes- soas torna-se mais difícil haver um cancelamento. Senso de escassez As pessoas valorizam mais aquilo que acreditam que é escasso. Muitas fórmulas de lançamento têm sucesso, principalmente, por traba- lharem o senso de escassez. Quando há um recurso de valor, limitado e de alta demanda, as pes- soas ficam mais propensas a pagar caro por esse produto ou serviço. Isso funciona mesmo que o recurso não seja tão escasso quanto aparen- ta… Além das fórmulas de lançamento, há outros recursos, como promoções, eventos e liquidações, que geram senso de escassez nos consumido- res. Uma outra maneira é criar produtos de “Edição Limitada”, como a Nike costuma fazer. A empresa cria mode- los de tênis com edição limitada, mas que poderiam ser produzidos em larga escala. O objetivo com isso é basicamente propagar a marca e impulsionar as vendas em um curto espaço de tempo. Nesse tipo abordagem, é enfatiza- do que caso o cliente não compre naquele instante, ele poderá não ter outra chance no futuro. Isso se traduz na mente humana como uma possibilidade de perda. É aí que vem a pergunta: quem é que gosta de perder uma boa oportunidade? Outro ponto importante: antes de você pensar em transmitir qualquer mensagem, avalie o estado emocio- nal do receptor. Vamos te explicar o porquê. Pense em duas situações extrema- mente emocionais: uma em estado de perigo e outra em um estado de paixão. Em um momento de perigo, é normal que as pessoas procurem umas às outras e se unam buscando sobrevi- ver a uma situação específica. Porém quando o assunto é amor, isso funciona de forma diferente. Para conquistar a pessoa amada você precisa se destacar da multidão de pretendentes. Portanto, as ações, na maioria das vezes, estarão de acordo com as emoções de uma pessoa. http://assets.csom.umn.edu/assets/118359.pdf https://youtu.be/tA-aTlFKO2c 2 3 2 2 E C O N O M I A C O M P O R T A M E N T A LM I N D S E T D O C O N S U M I D O R Priming Uma das áreas menos compreendidas pelos psicólo- gos está relacionada ao subconsciente do ser hu- mano. Conhecida pelo termo priming, ela fala sobre como o subconsciente humano pode influenciar no seu comportamento. Certo experimento prova isso. Nele,os participantes receberam palavras cruzadas que faziam referências a características de pessoas idosas, como rugas e cabelos brancos. Isso fez com que o conceito de idoso ficasse ativo na mente dos participantes. Ao término, eles saíram mais lentos do ambiente em que foi realizado o ex- perimento. Confira o vídeo. Nossos comportamentos também são influenciados pelos nossos 5 sentidos (olfato, tato, visão, paladar e audição). Uma loja de vinhos no Reino Unido resolveu testar o priming e colocou uma música francesa para tocar enquanto clientes procuravam por vinhos. A incidên- cia de compras de vinhos franceses teve subitamen- te um saldo positivo. O mesmo aconteceu quando colocaram música alemã, ou seja, houve um aumento de vendas dos vinhos alemães. Dispositivos de compromisso Dispositivos de compromisso são usados como lem- bretes informais que acionam uma “obrigação” na cabeça das pessoas. O voto é um bom exemplo. Votar é um dever cívico. Assim, perguntar a uma pessoa se ela vai votar an- tes de uma votação aumenta a probabilidade de ela realmente contribuir com seu voto. Há uma estratégia muito usada conhecida como efeito “pé na porta”. Esse nome faz relação aos ven- dedores que vão de porta em porta para vender seus produtos ou serviços. Hoje em dia, isso é feito de forma diferente. No en- tanto, há certos gatilhos das práticas de vendedores de porta em porta que ainda são possíveis de se usar para iniciar uma conversa, como perguntar se o potencial cliente tem um minuto para conversar. Existe também a promessa de devolução do dinheiro em X dias caso o produto não satisfaça à pessoa. Todas essas técnicas ajudam a estimular uma pes- soa a se comprometer com algo. Ao final do teste, foi perguntado se a música tinha influenciado na decisão de compra e apenas 2% dos clientes mencionaram que sim. Ou seja, é uma hipótese validada que pode ser usada nas mais variadas ações de vendas. As pessoas podem não perceber, mas são fortemente influenciadas pelo subconsciente. É seu dever pensar nisso quando chegar a hora de propor ações de marketing e vendas! https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0029081 https://www.youtube.com/watch?v=5g4_v4JStOU&feature=youtu.be http://mindhacks.com/2006/02/06/music-wine-and-will/ http://mindhacks.com/2006/02/06/music-wine-and-will/ 2 5 2 4 M I N D S E T D O C O N S U M I D O R A união entre a neurociência e o marketing O neuromarketing (ou neurociên-cia do consumidor) é a união entre a neurociência e o marketing. Se a economia comportamental toma como base a psicologia para analisar a tomada de decisões eco- nômicas, o neuromarketing explora respostas inconscientes através da neuroimagem. Apesar de ambos buscarem resul- tados semelhantes, a economia comportamental faz isso via ciência cognitiva e o neuromarketing pela neurociência. Em termos práticos, em neuro- marketing, são captadas atividades cerebrais através de aparelhos científicos. Dessa forma, obtém-se informações valiosas para o marke- ting para compreender melhor o comportamento do consumidor e desenvolver campanhas e produtos mais eficazes. Coletar as respostas do cérebro humano a produtos e anúncios publicitários permite ajustar as men- sagens de marketing com base nos feedbacks obtidos através dos testes realizados. Neuromarketing — Martin Lindstrom, autor do livro A lógica do consumo O neuromarketing é a chave para abrir o que chamo de nossa ‘lógi- ca de consumo’ - os pensamentos sentimentos e desejos subcons- cientes que impulsionam as deci- sões de compra que tomamos em todos os dias de nossas vidas.” “ Neuromarketing 2 7 2 6 M I N D S E T D O C O N S U M I D O R Com essas informações, é possível aprender porque os consumidores tomam certas decisões e que par- tes do cérebro são acionadas, levando-os a determi- nadas ações. Em alguns casos, as respostas do cérebro medidas por técnicas de neuromarketing não são percebidas conscientemente por uma pessoa. Logo, esses da- dos podem ser mais reveladores do que os aponta- dos diretamente em pesquisas ou grupos focais. Em neuromarketing, as tecnologias comumente mais aplicadas são EEG, GSR, eye tracking e teste de associação implícita. Dessa forma, consegue- -se obter um número elevado de métricas confiáveis a um custo razoável. Tecnologias de imagem cerebral, como a ressonância magnética, geralmen- te são descartadas no marketing por conta de seu preço elevado, caráter invasivo ou aplicabilidade limitada. O mesmo ocorre com biossensores de temperatura e respiração que normal- mente não são considerados por não contribuírem com novas métricas e serem mais invasivos. Técnicas Existem várias técnicas de neuromarketing empregadas para obter e decifrar dados cerebrais de modo a revelar processos subconscientes de tomada de decisão do consumidor. Vejamos algumas das técnicas aplicadas a seguir: • • Eletroencefalografia (EEG) • • Eletrocardiografia (ECG) • • Eletromiografia (EMG) • • Teste de associação implícita (IAT) • • Eye tracking • • Pupilometria • • Codificação facial • • Tempo de reação • • Salivação • • Resposta galvânica da pele (GSR) Aplicações comuns Você viu o que é neuromarketing e al- gumas das técnicas utilizadas. Agora vem a pergunta: como usar neuro- marketing para fins de publicidade e propaganda? De forma prática, o neuromarketing pode ser utilizado para pesquisas de consumo, incluindo a medição de respostas neurais a anúncios de pro- dutos, embalagens, preço e facilidade de uso. Por exemplo, pode-se localizar picos de atividade elétrica em todo o cére- bro, fornecendo resultados em tempo real para avaliar os estados emocio- nais afetados por uma variedade de elementos de marketing. Os pesquisadores podem ainda avaliar os níveis de excitação ou relaxamento em resposta a diferen- tes cores, rastrear o movimento dos olhos durante a exibição de anúncios ou na navegação de um site, medir a atividade de prazer do cérebro em resposta ao preço de produto, deter- minar pontos de agitação durante os testes do produto, entre outras aplica- ções. Em resumo, as aplicações mais co- muns são relacionadas a: • • Branding: avaliação emocional da marca, da personalidade da marca e da imagem corporativa. • • Produto: design de produto, comparação de embalagens e experiência de consumo. • • Publicidade: comparação de campanhas audiovisuais, digitais ou sonoras e avaliação de publicidade no ponto de venda. • • Ambiente digital: avaliação de design de um site e usabilidade. https://administradores.com.br/noticias/8-técnicas-de-neuromarketing-para-entender-a-mente-do-consumidor 2 8 M I N D S E T D O C O N S U M I D O R Desafio Pepsi Você já ouviu falar do Desafio Pepsi? Em resumo, em um teste cego, os participantes eram convidados a es- colher entre Pepsi e Coca-Cola. Resultado: quase sempre a Pepsi vencia. Intrigado quanto a isso, o neurocien- tista Read Montague se fez a seguin- te pergunta: se as pessoas realmente preferem beber Pepsi a Coca-Cola, por que a Pepsi não está dominando o mercado? Ele então criou o seu próprio Desafio Pepsi, submetendo participantes a um teste de ressonância magnética para acompanhar a atividade cerebral deles. Após a realização do teste cego, cer- ca de metade dos participantes disse que preferia Pepsi. Porém quando Montague disse a eles quais amos- tras eram de Coca-Cola, as preferên- cias mudaram para três a um em favor da Coca-Cola. Além disso, o neurocientista observou o aumento de atividade no córtex pré- -frontal, parte do cérebro que controla o pensamento superior, assim como no hipocampo, que se relaciona à memória. Montague concluiu que os cérebros dos participantes do teste estavam associando imagens e lembranças de comerciais, e que os pensamentos e emoções ligados à marca eram rea- ções à qualidade real do produto. Na década de 1980, a Coca-Cola ten- tou mudar sua fórmula paradeixá-la com um gosto mais adocicado seme- lhante ao da Pepsi. A New Coke foi um grande fracasso. Isso porque, no fim das contas, o Desafio Pepsi mais do que um teste de sabor era uma experiência de consumo. Pepsi Preferência popular em relação a sabor Coca-Cola Líder em vendas no mercado https://www.youtube.com/watch?v=Ht96udk_gXk http://sergioignacio.com.br/desmistificando-o-desafio-pepsi/ 5 4 C O N S U M I D O R 4 . 0
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