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Mercado cultural, formatos de captação e parcerias Aula 10: O cenário futuro da economia criativa dentro do segmento da cultura Apresentação Além de revisarmos os principais pontos abordados ao longo desta disciplina, apontaremos nesta aula os possíveis cenários da economia criativa na área da cultura. Faremos isso segundo quatro vieses: o social, o de recursos humanos, o político e o econômico. Objetivo Analisar os cenários futuros da economia criativa na cultura; Decodi�car números e pesquisas para a projeção deste mercado; Reconhecer a importância e os desa�os do pro�ssional da área cultural. Primeiras palavras A produção cultural no Brasil movimenta milhares de reais por ano e representa a porta de entrada no mercado de trabalho, sendo responsável por mais de um milhão de empregos formais diretos. Para se ter uma ideia, dados o�ciais mostram que a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) é de 4%. Segundo um estudo realizado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) com base em dados do IBGE, o setor acumula cerca de 250 mil empresas e instituições. As leis de incentivos e a injeção de recursos por parte de grandes empresas públicas e privadas levantam projetos cinematográ�cos, espetáculos musicais, teatrais e grandes eventos. Fonte: pixabay O produtor cultural é o pro�ssional que, graças à sua criatividade, consegue desenvolver o processo econômico e com retorno �nanceiro de ideias até então simples. A expressão economia criativa não está associada a esta função por acaso. As oportunidades estão presentes em toda a parte, mas podem variar conforme a região onde o pro�ssional atua. Nas grandes capitais, como o Rio de Janeiro e São Paulo, existe um forte mercado de eventos, o que possibilita grandes retornos, mas, em outros municípios, é possível investir na parte de memória, atuando em museus e centros culturais. Exemplo Presente em todo país, o Sesc absorve uma boa parte da mão de obra do setor. Também há oportunidades para o pro�ssional da área em: Produtoras de vídeo e de música Empresas que organizam festivais, mostras e shows Bibliotecas Arquivos Por outro lado, a Lei nº 12.485/2011, que determina cotas de conteúdo nacional nos canais de TV por assinatura, abre boas perspectivas nesse segmento. As secretarias de cultura de estados e municípios, assim como as fundações, também absorvem boa parte dessa mão de obra. A pro�ssão de produtor cultural é mais antiga do que parece, mas ganhou destaque apenas a partir de meados da década de 1990, com o surgimento do primeiro curso de graduação ministrado pela Universidade Federal Fluminense após a criação das leis de incentivo. A maioria dos pro�ssionais (em torno de 80%) do ramo atua como: Empreendedores associados às empresas às quais prestam serviço; Microempreendedores. No entanto, ainda existe um alto índice de informalidade no meio. A remuneração varia conforme a atividade ou verba destinada ao projeto, mas os contratos por trabalhos especí�cos pagam, em média, R$3,5 mil mensais. O Mapa da Cultura é um dos módulos do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC), cujo intuito é coletar, armazenar e difundir os dados e as informações sobre agentes, espaços e eventos culturais em âmbito nacional. Ele se baseia em três conceitos básicos: agente, espaço e evento cultural. 1 Saiba mais Para ter uma visão sobre o assunto, consulte o Mapa da Cultura. http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0129/aula10.html javascript:void(0); O campo agente cultural é para qualquer pro�ssional ou instituição que mantenha relação com o mundo da cultura. Exemplos disto são as fundações, os institutos, as empresas, os artistas etc. Já o item espaço cultural se refere aos espaços físicos onde ocorrem atividades culturais. Pode ser um teatro ou outros espaços que não sejam exclusivamente culturais, como uma praça ou um bar. Eventos culturais, por sua vez, são ações do tipo realizadas por agentes em algum espaço. Dessa maneira, o SNIIC deixa de se apresentar como um sistema que demanda informação das entidades federadas, passando a atuar no auxílio da construção de ferramentas para a gestão da informação e a divulgação das ações culturais. Portanto, construir mapeamentos ativos e sempre atualizados da atividade cultural no país passa ser o resultado esperado. O crescimento exponencial da economia criativa Fonte: pixabay A economia criativa encontra-se em momento e ambiente propícios ao estímulo da dimensão econômica das atividades culturais e criativas. O cinema, a televisão, a publicidade, a internet e a produção independente brasileira se encontram em um momento de ebulição. Atualmente, já é possível aprofundar as contribuições do setor para o desenvolvimento do Brasil. Isso deve ser feito sem haver a exclusão das demais dimensões da cultura, sobretudo no que diz respeito à ampliação do acesso da população a bens e serviços culturais. As atividades culturais e criativas constituem um setor dinâmico da economia e da vida social do país. Elas apresentam um impacto elevado sobre a geração de renda, o emprego, a exportação, o valor agregado e a arrecadação de impostos. Elas ainda exercem uma in�uência crescente no dia a dia dos cidadãos, contribuindo decisivamente para a formação e a quali�cação do capital humano. Também são importantes para o crescimento de outros setores e atividades. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Exemplo Turismo, tecnologia e telecomunicações. Fonte: pixabay A cultura, assim, se apresenta como uma frente de promoção de desenvolvimento. Ela gera renda, emprego, inclusão e desenvolvimento. Acima de tudo, cultura gera futuro. Trata-se de uma linha de aceleração da economia do país, com muitas externalidades positivas. De acordo com estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers, o setor da economia criativa na cultura cresceu a uma taxa média anual de 8,1% entre os anos de 2013 e 2017, índice muito acima ao do conjunto da economia. A participação no PIB, conforme já citamos, é superior à de setores tradicionais, como as indústrias têxtil e farmacêutica. Tais dados evidenciam a relevância do setor, de seus agentes e da política cultural. A cultura é um ativo social e econômico em permanente estado de transformação. Na era da informação, em que o saber e o simbólico tornam-se os principais ativos de uma economia, de um país, de uma empresa ou de qualquer organização, grupo ou comunidade, a alavancagem da área cultural é decisiva. Trata-se de um fator de diferenciação e de competição que merece ser encarado como uma prioridade governamental, empresarial e individual. Além de quali�car as relações sociais e reduzir os focos de tensão e violência, a cultura eleva a autoestima e o sentido de pertencimento do indivíduo, ligando as pessoas e estimulando trocas mediante a experimentação de novas possibilidades. Ela é vital numa civilização por ser parte da essência da própria vida humana. É necessário, portanto, conectá-la a todas as sociedades. Por ser tão fundamental, a cultura precisa do investimento de governos, empresas, organizações não governamentais e cidadãos. A economia criativa agrega manifestações artísticas, impulsionando a identidade, a diversidade cultural e a formação da imagem coletiva do país. Além disso, ela gera os seguintes impactos na população: Fonte: shutterstock Modo de viver; Forma de produzir; Como consumir; O que consumir. O Plano Nacional de Cultura (PNC), que vimos na aula 4, é elaborado em parceria com a sociedade civil. O PNC baseia-se nesta concepção de cultura, que está articulada em três dimensões: A dimensão simbólica aborda o aspecto da cultura, que considera que todos os seres humanos têm a capacidade de criar símbolos que se expressam em práticas culturais diversas, como idiomas, costumes, culinária, modos de vestir, crenças, criações tecnológicas e arquitetônicas, e também nas linguagens artísticas: teatro, música, artes visuais, dança, literatura, circo,entre outros. A dimensão cidadã considera a cultura entendida como um direito básico do cidadão. É preciso garantir que os brasileiros participem mais da vida cultural, criando e tendo mais acesso a espetáculos de dança, livros, teatro e circo, exposições de artes visuais, �lmes nacionais, apresentações musicais, expressões da cultura popular, acervo de museus, entre outros. E a dimensão econômica se apresenta como o vetor econômico. A cultura [aparece] como lugar de inovação e expressão da criatividade brasileira, compondo um novo cenário de desenvolvimento econômico, social e sustentável. BRASIL, 2019-B Leitura Entenda o conceito e a aplicação da economia criativa. javascript:void(0); Crescimento do mercado Balizados pela 18ª Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia 2017-2021 da PwC, apresentaremos dados e características deste crescimento estimado para o ano de 2021. Este levantamento analisou 17 segmentos do setor em 54 países, o que representa cerca de 80% da população mundial. Suas informações serão divididas sob duas perspectivas: GLOBAL O mercado global de economia criativa na área de cultura deve registrar, nos próximos anos, um crescimento anual médio de 4,2%. A previsão é que, em 2021, ele alcance os US$2,23 trilhões. Fonte: pixabay Em primeiro lugar no mercado global, aparecem os Estados Unidos, seguidos por China, Japão, Alemanha e Reino Unido. Formados por países como China, Índia, Rússia e Turquia, os mercados emergentes devem liderar a expansão mundial do setor, com uma taxa de crescimento anual média de 8,3%. O faturamento do setor, porém, registrou uma redução em relação aos resultados esperados para os próximos anos. A diminuição de suas expectativas mundiais de crescimento está relacionada a instabilidades geopolíticas e econômicas. Ainda assim, o crescimento da banda larga móvel e as mudanças de comportamento do consumidor têm feito alguns segmentos se destacarem nas projeções para 2021. Exemplo O setor de games tem um crescimento anual previsto de cerca de 17%; o de publicidade virtual, 12%; e o de vídeos na internet, 9%. Fonte: pixabay NACIONAL No Brasil, o faturamento do setor de mídia e entretenimento deve chegar a US$43,7 bilhões em 2021. Em 2016, o mercado de mídia e entretenimento já movimentava US$35 bilhões, US$3 bilhões a menos que o esperado. Há três anos, esperava-se que o mercado brasileiro já crescesse a uma taxa média anual de 6,4%. No entanto, essa expectativa atualmente é bem mais modesta: calcula-se que o faturamento do setor aumentará 4,6% ao ano. Entre os segmentos mais afetados no ano passado, estão os de TV por assinatura, revistas, livros, jornais e rádios. Estes setores são impactados fortemente pela transformação digital no Brasil, já que o maior acesso à internet leva o usuário a utilizar novas mídias e buscar novas experiências online de consumo. A desvalorização do real em relação ao dólar e a recessão na economia também contribuíram para esse cenário. No entanto, o país continua ocupando a 9ª posição no mercado global. Já o consumo de dados em dispositivos móveis deve crescer 28% ao ano, passando de 7 trilhões de megabytes em 2016 para 24 trilhões em 2021, sendo que 77% da utilização de dados deverá ser direcionada para vídeos online. Nesse período, 177 milhões de pessoas deverão ser assinantes de internet móvel no país. O total de consumo de dados no país ultrapassará a marca de 42 trilhões de megabytes, o que representa um crescimento de 23%. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Em 2021, a projeção indica que os gastos com streaming de música deverão ser dez vezes maiores em relação àqueles com a mídia física. O consumidor continuará comprando ingressos para shows ao vivo, segmento que deverá crescer a uma taxa média anual de 5%. Atualmente, o Brasil é líder no segmento musical da América Latina. O país também se tornou um importante polo do mercado de games para dispositivos móveis, com um crescimento estimado de 26% ao ano e uma receita projetada de US$712 milhões. Para se ter uma ideia do otimismo destes números, basta frisar que, em 2016, o faturamento do setor foi de US$220 milhões. Outro mercado de destaque no Brasil em relação aos demais países da América Latina é o de TV por assinatura. A expectativa é que os gastos do consumidor com a assinatura de canais aumentem 2,4% a cada ano. O faturamento do setor migrará dos US$6,2 bilhões registrados em 2016 para os US$7 bilhões projetados para 2012. Atualmente, nosso país representa o maior mercado da América Latina no que se refere a gastos com TV por assinatura. Fonte: unsplash O segmento de vídeo na internet, por sua vez, tem uma expectativa de crescimento de 8,8% ao ano até 2021, quando deverá movimentar US$276 milhões. Com a crescente demanda dos consumidores por novas mídias, a atenção dos anunciantes tem se voltado para as plataformas digitais. Os gastos com publicidade na internet devem registrar aumentos anuais de 11,9% , chegando a US$3,6 bilhões. Nas mídias tradicionais, a expansão esperada é mais modesta: 3,5% ao ano. O gestor cultural Fonte: pixabay Vamos falar sobre um pro�ssional que se aventura neste segmento da cultura. Quando comentarmos sobre ele, precisaremos dizer primeiramente que o gestor cultural está inserido em um dos mercados mais potentes do mundo, cujos crescimento e fortalecimento só aumentam. Antes dominados por impérios, igrejas, estados autoritários e grandes corporações, os códigos culturais estão cada vez mais ao alcance de todos. Eles se formam em torno de elementos culturais: Diversos; Controversos; Livres; Colaborativos; Controlados; Sistematizados; Formatados; Lineares. Trata-se de uma cadeia produtiva cada vez mais complexa. O gestor cultural está em constante exercício, tendo de realizar um diálogo permanente entre as formas mais lineares e alienantes do conhecimento e as mais revolucionárias maneiras de criação e conexão com os universos paralelos do sentido. Fonte: freepik O gestor cultural é um pro�ssional capaz de promover a livre expressão, explorando os sistemas de conhecimento e opinião. Porém, antes de qualquer coisa, ele sempre está pautado pela ética. É possível reconhecê-lo em inúmeros projetos culturais pelo Brasil e pelo mundo. Trata-se, portanto, de alguém que se prepara para lidar com as incertezas de uma era que colhe os frutos do desenvolvimento tecnológico e da ciência, tendo de, ao mesmo tempo, lidar com um sistema de fomento cultural ainda em estruturação e em fase de adaptação frente ao cenário sociopolítico do Brasil e do mundo. A criatividade e a inovação são irreversíveis nesse processo, contendo as mudanças que simbolizam a própria evolução da civilização humana. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atividades 1. Descreva o maior desa�o do pro�ssional da área de cultura atualmente. 2. Qual a participação percentual do setor cultural no PIB em 2018? Assinale a alternativa correta: a) 10% b) 4% c) 6% d) 12% e) 7% 3. O Plano Nacional de Cultura (PNC) baseia-se na concepção de cultura articulada em três dimensões. Explique cada uma delas. Notas Mapa da Cultura1 Ele é baseado no software livre Mapas culturais, já utilizado por diversos estados e municípios brasileiros para o mapeamento colaborativo e a gestão participativa da cultura. O Mapa da Cultura substituiu o Registro Aberto da Cultura, que tinha a mesma �nalidade, embora fosse baseado em uma tecnologia proprietária, o que di�cultava os progressos do seu desenvolvimento sistêmico. Referências BRASIL. Economia criativa. In: BNDES. 4 abr. 2018. Disponível em: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/noticias/noticia/economia-criativa2. Acesso em: 13 set. 2019. BRASIL. Lei nº 12.485, de 12 de setembro de 2011. Dispõe sobre a comunicação audiovisual de acesso condicionado; altera a Medida Provisória nº 2.228-1, de 6 de setembro de 2001, e as Leis nºs 11.437, de 28 de dezembro de 2006, 5.070, de 7 de julho de 1966 8 977 de 6 de janeirode 1995 e 9 472 de 16 de julho de 1997; e dá outras providências Disponível em: javascript:void(0); de 1966, 8.977, de 6 de janeiro de 1995, e 9.472, de 16 de julho de 1997; e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12485.htm. Acesso em: 13 set. 2019. BRASIL. Mapa da cultura. Disponível em: https://mapas.cultura.gov.br/. Acesso em: 13 set. 2019-A. BRASIL. Secretaria. In: Secretaria Especial da Cultura. Disponível em: https://cultura.gov.br/secretaria/. Acesso em: 13 set. 2019-B. KOTLER, P. Marketing 4.0: do tradicional ao digital. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. MINDTOOLS. The reframing matrix: generating different perspectives. Disponível em: https://www.mindtools.com/pages/article/newCT_05.htm. Acesso em: 13 set. 2019. STICKDORN, M.; SCHINEIDER, J. (Orgs.). Isto é design thinking de serviços. Porto Alegre: Bookman, 2014. Explore mais Assista a este vídeo: Acelerar a transformação digital - PwC Brasil. Leia esta notícia: Mercado global de mídia e entretenimento vai movimentar US$2,23 trilhões em 2021. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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