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F́ısica de Semicondutores ET-33T - JFET Prof. Dr. Pedro Carvalhaes Dias - UTFPR Campus de Cornélio Procópio Segundo Semestre de 2016 1 Junções P-N 2 Prinćıpio de Funcionamento do JFET JFET - Junction Field Effect Transistor (Transistor de Efeito de Campo de Junção - TECJ) Figura 1: Estrutura de um JFET canal N. O controle do JFET é realizado através do controle da região do canal, na Fig. 1 uma região N, ou seja um JFET Canal N. Se as posições das regiões P e N forem trocadas, o JFET será do tipo Canal P. Os śımbolos elétricos do JFET são apresentados na Fig. 2. Para facilitar a memorização, lembre que a seta no terminal do Gate (ou Porta) segue a direção da polarizaçao direta da junção Gate-Dreno (que é a mesma de Gate-Fonte). Figura 2: Śımbolos de JFETs canal P e canal N. 1 A resistência do canal pode ser facilmente calculada (questão da prova), e depende da dopagem da região (N na Fig. 1) , da área A = W · d da região do canal e do seu comprimento l . Como a resistência de uma barra de siĺıcio tipo N é dada por: R = ρ l A (1) onde ρ = 1 Ndqµn (2) Logo, a resistência de um canal com comprimento l, largura W e profundidade d canal pode ser aproximada por: Rcanal = ( 1 Ndqµn )( l d ·W ) (3) 3 Controle da corrente no JFET Em primeiro lugar devemos lembrar que a estrutura do JFET é um diodo PN, porém NÃO podemos nunca deixar este diodo operar com polarização direta (pois áı teŕıamos um diodo e não um JFET)... 3.1 VGS = 0 Vamos iniciar nossa análise com o Gate (G) aterrado (junto com a Porta/Source (P ou S), de forma a termos VGS = 0. Se aplicarmos no terminal do Dreno (D) uma tensão VDS positiva e de pequeno valor (VDS da ordem de no máximo algumas centenas de mV), vai passar uma corrente entre Dreno e Fonte dada por: IDS = VDS Rcanal (4) Observando a Fig. 3, vemos que como a tensão VDS é muito pequena, é posśıvel considerar a polarização reversa da região de depleção da junção Gate-Dreno e Gate-Fonte como sendo iguais, de forma que a região de depleção é uniforme ao longo do canal. Figura 3: Para pequenos valores de VDS , a região de depleção é praticamente constante ao longo de todo o canal. Portanto, para pequenos valores de VDS , se traçarmos uma curva de IDSxVDS , teremos uma reta, com na Fig. 4. Entretanto, ao aumentarmos o valor de VDS , a corrente IDS aumenta, e a queda de tensão a longo do canal faz com que a junção PN fique com polarização reversa mais alta junto ao terminal do Dreno, enquanto que do lado 2 3.1 VGS = 0 Figura 4: Para pequenos valores de VDS , a variação de IDS é linear com VDS , sendo que a inclinação da reta é dada por 1/Rcanal. do terminal da Source a polarização reversa continuará sendo praticamente zero. Com isso, o formato da região de depleção fica não uniforme ao longo do canal, como vemos na Fig. 5. Figura 5: Para maiores valores de VDS , a região de depleção aumenta junto ao terminal do Dreno e fica praticamente sem se alterar junto ao terminal da Fonte. Nesta Fig. 5, a resistência do canal foi modelada por vários resistores colocados em série, R1, R2, R3, ..., Rn onde Rcanal = R1 +R2 +R3 + ...+Rn. Com o formato da região de depleção não uniforme, vemos que o canal fica um pouco “estrangulado” do lado do dreno, fazendo com que o valor de d (e consequentemente a área do canal) diminua nesta região. Observando a Eq. 3, vemos que ao diminuir o valor de d, o valor de Rcanal aumenta. Se continuarmos aumentando o valor de VDS , esse fenômeno de diminuição do valor de d devido ao aumento da 3 3.1 VGS = 0 região de depleção próxima terminal do dreno continua, e o valor da resistência do canal Rcanal vai aumentando (principalmente pelo aumento dos resistores RC1, RC2, RC3, que estão na região onde o canal foi estreitado). Figura 6: Para maiores valores de VDS , o valor de Rcanal aumenta progressivamente com a variação de VDS , resultando em uma variação não linear na curva IDSxVDS . Se continuarmos aumentado o valor de VDS , vamos chegar a um ponto onde as regiões de depleção da parte inferior e da parte superior se tocam, interrompendo o canal e não permitindo que o valor de Rcanal se altere mais com o aumento de VDS ! A tensão onde isto acontece é chamada de tensão de “pinch-off ” , e dizemos que ocorreu o pinçamento do canal. Isso é mostrado na Fig. 7 Figura 7: Para maiores valores de VDS , as regiões de depleção se estendem ao ponto de se tocarem e fazer o pinch-off do canal. . O que acontece neste ponto? Como não pode acontecer de a corrente voltar para zero (imagine o dispositivo estranho que teŕıamos se para uma tensão VDS = Vx estamos muito próximos dao pinh-off, mas ainda não estamos no pinch-off e a corrente IDS fosse de 10 mA. Se quando aumentarmos 1µV na tensão VDS entramos na região 4 3.2 VGS < 0 de pinch-off e a corrrente fosse para zero, podeŕıamos fazer o dispositivo oscilar entre 0 e 10 mA simplesmente variando 1µV em VDS ! O que acontece a partir do instante que atingimos o pinch-off é que a corrente se mantém constante (o valor de Rcanal não se altera mais) . A pergunta que fica é: como a corrente pode continuar fluindo se o canal está pinçado? O que acontece é que os portadores passam de um lado para o outro do canal através do fenômeno de tunelamento. Dessa forma, a curva IDSxVDS apresenta o formato que é mostrado na Fig. 8. Figura 8: Curva IDSxVDS . 3.2 VGS < 0 Para o JFET canal N, só podemos aplicar tensões no Gate menores do que zero VGS < 0, para que a junção PN não fique polarizada diretamente. Evidentemente, no JFET canal P esta tensão se inverte (VGS > 0). Vamos analisar o que acontece com a região de depleção no JFET canal N quando temos uma tensão VGS < 0. Com esta tensão aplicada, mesmo que VDS = 0, a região de depleção é maior do que quando VGS = 0, porém uniforme ao longo do canal. Isso pode ser visto na Fig. 9. Logo, como podemos observar pela Fig. 9, o canal tem uma área menor quando aplicamos uma tensão VGS < 0, pois a região de depleção se estende. Com isso, analisando a Eq. 3, vemos que para VGS < 0 a resistência do canal é maior do que quando temos VGS = 0. Com isso a corrente que passa depois do pinch-off é menor conforme o valor de VGS aumenta em módulo. Portanto, se traçarmos a curva IDSxVDS para os dois caso temos um gráfico como o apresentado na Fig. 10. Se continuarmos aumentando o valor de VDS , a tensão junto ao terminal do Dreno fica mais alta, e a polarização reversa nesta parte da junção fica maior, fazendo com que a região de depleção junto ao terminal do dreno fique maior do que junto‘ao terminal da fonte (onde ela praticamente não se altera), como vimos anteriormente. Logo, se continuarmos aumentando VDS , chegará um ponto onde as regiões de depleção se tocarão, ocorrendo o pinch-off do canal. É importante observarmos que como temos VGS < 0 e a região de depleção já é maior do que no caso de VGS = 0, será mais fácil atingir o ponto onde ocorre o pinçamento do canal, ou seja, no caso de VGS < 0 o pinçamento ocorrerá para valores de VDS menores do que para no caso de VGS = 0. Isso pode ser observdo na mesma Fig. 10. 5 3.3 Definição da tensão de pinch-off Figura 9: Posição das regiões de depleção para VDS = 0 com VGS = 0 e com VGS < 0. Figura 10: Curvas de IDSxVDS , para VGS = 0 e VGS < 0. 3.3 Definição da tensão de pinch-off Vamos agora estudar o ponto onde ocorre o pinch-off total do canal. Se, para VDS = 0, formos aumentando (em módulo) o valor de VGS , a região de depleção vai se estendendo cada vez mais até o ponto onde, mesmo para VDS = 0 ocorre o pinçamento total do canal, como vemos na Fig. 11. Esta tensão é chamada de tensão de pinch-off, e é designada por VP . Portanto, se aplicarmos uma tensão VGS = VP , NÃO teremos corrente circulando no JFET mesmo que aumentemos VDS . Note que VP pode ser negativa ou positiva, dependendo do tipo de JFET (canal N ou canal P). 6 3.4 Máxima corrente no JFET Figura 11: Pinçamento total do canal para VGS = VP . 3.4 Máxima corrente no JFET A maior corrente que pode circular no JFET é quando temos a maior área de canal posśıvel (após a ocorrência do pinch-off), o que acontece quando VGS = 0, e a região de depleção é a mais pequena posśıvel. Essa corrente é chamada de IDSS . Um gráfico mostrando a corrente IDSxVDS para vários valores de VGS é apresentada na Fig. 12. Figura 12: Curvas de IDSxVDS , para diversos valores de VGS . 4 Equação do JFET Como o Gate é uma junção PN com polarização reversa ou nula, a corrente de Gate é IG = 0 (desprezada a corrente de fuga da junção). A corrente IDS (normalmente chamada apenas de ID) é descrita pela seguinte equação: ID = IDSS ( 1− VGS VP )2 (5) 7 É interessante observarmos que na Eq. 5 temos que: a) Para VGS = 0, temos ID = IDSS b) Para VGS = VP , temos ID = 0. Para traçarmos uma curva de ID em função de VGS , além destes dois valores, é interessante calcularmos, usando a Eq. 5, o valor de ID para VGS = VP /2. Substituindo na Eq. 5 VGS = VP /2, ficamos com ID = IDSS ( 1− VP 2 VP )2 = IDSS ( 1− 1 2 )2 = IDSS 4 (6) Portanto, com os pontos: a) VGS = 0→ ID = IDSS b) VGS = VP → ID = 0. c) VGS = VP /2→ ID = IDSS/4. lembrando que a curva é uma quadrática, podemos facilmente traçar de forma aproximada a curva de ID em função de VGS . Na Fig. 13 temos o exemplo de uma curva de ID em função de VGS traçada manualmente para um transistor JFET canal N que possui VP = −4V e IDSS = 8 mA. Para resolver este problema basta calcular: a) VGS = 0→ ID = IDSS = 8 mA b) VGS = VP = −4V → ID = 0. c) VGS = VP /2 = −2V → ID = IDSS/4 = 2mA. e então traçar um gráfico aproximado. Figura 13: Gráfico aproximado de IDxVGS para transistor JFET canal N que possui VP = −4V e IDSS = 8 mA. . 8
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