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LINFOMAS Referencia Bibliográfica: Bogliolo Patologia.Geraldo Brasileiro filho 9 ed.Capítulo 25 : Sistema Hemolinfopoético Introdução - As neoplasias linfoides correspondem a um grupo heterogêneo de lesões originadas em precursores hematopoéticos B, T ou NK, comprometidos com a diferenciação linfoide em diferentes etapas do desenvolvimento e em diferentes estágios evolutivos. Refletindo a heterogeneidade das células linfoides, são conhecidas mais de 50 entidades clinicopatológicas nesse grupo de neoplasias. - Em 1832, o médico inglês Thomas Hodgkin descreveu uma doença tumoral de linfonodos e do baço, o que representou o primeiro relato de neoplasia do sistema linforreticular. Em 1865, Wilks acrescentou outros casos semelhantes e chamou-os de doença de Hodgkin, cuja descrição histológica foi feita quase simultaneamente por Sternberg em 1899, na Áustria, e por Dorothy Reed, em 1902, nos EUA. Em 1858, Virchow empregou o termo linfoma e, em 1863, descreveu o linfossarcoma como tumor maligno do sistema linfoide. As neoplasias linfoides são divididas em três grandes grupos: (1) neoplasias de células linfoides B; (2) neoplasias de células linfoides T/NK; (3) linfomas de Hodgkin (LH), também um linfoma de células B, com características especiais. Com isso, os linfomas são agrupados em duas grandes categorias: (1) linfoma de Hodgkin (LH); (2) linfomas não Hodgkin (LNH). - No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) em 2014 foram diagnosticados cerca de 10.000 novos casos de LNH e 2.100 novos casos de LH, ambos com predomínio no gênero masculino. Assim, os LNH variam do 9º ao 13º lugar em relação às demais neoplasias, enquanto os LH variam do 13º ao 17º lugar, dependendo do gênero e da região geográfica. A variação na incidência dos linfomas entre países é grande e depende de vários fatores. Em países industrializados, a incidência chega a 13 novos casos/100.000 habitantes/ano (hab/a), enquanto em regiões da Ásia é de três novos casos/100.000 hab/a. No Brasil, segundo estimativas do INCA, a incidência varia de três a sete casos/100.000 hab/a para os LNH e de 0,5 a 1,5 caso/100.000 hab/a para os LH. Existe crescimento real na incidência de linfomas no mundo de cerca de 4% ao ano, com variações geográficas. Em países em que a expectativa de vida cresce muito, como na Europa, o incremento na incidência pode chegar de 15 a 28%. O aumento da notificação de casos, a exposição ocupacional a vários agentes e a endemia pelo HIV parecem responder por 20% desse incremento, permanecendo desconhecida a maioria das causas de tal aumento. Além da variação geográfica dos subtipos dos tumores, que podem ocorrer devido a fatores étnicos, socioeconômicos e ambientais, há variação dos tipos de linfomas em diferentes faixas etárias. Em crianças e adolescentes, predominam os LNH de Burkitt, de células B e T precursoras (linfoma linfoblástico/leucemia linfoide aguda), de grandes células B e de grandes células anaplásicas T/null. Com o avançar da idade, esses tipos reduzem de frequência e cresce a do linfoma difuso de grandes células B e de linfomas indolentes, principalmente foliculares. Considerando todos os LNH, há aumento na incidência de linfomas com a idade. Os LH começam a surgir por volta dos 10 anos de idade, atingem o pico de frequência em torno de 30 anos e decaem a partir daí. Os dados obtidos em estudos brasileiros não apoiam a existência de um segundo pico de maior incidência de LH por volta da sétima década de vida. ASPECTOS CLÍNICOS GERAIS - Clinicamente, os linfomas manifestam-se de forma heterogênea. Os LNH podem ter início nos linfonodos ou em órgãos extranodais, principalmente no estômago e na pele. Cerca de 30 a 40% dos LNH são primários de órgãos extranodais, dependendo a sintomatologia do local de comprometimento: manifestações gástricas, cutâneas ou neurológicas etc. Os LH originam-se praticamente apenas em linfonodos. Em geral, os linfonodos mais comprometidos são os cervicais, embora os linfomas possam iniciar- se em qualquer cadeia linfonodal. Os linfonodos comprometidos apresentam aumento da consistência à palpação, redução da mobilidade, diminuição ou ausência de dor e sensibilidade à manipulação; em geral, o volume do órgão aumenta progressivamente, embora às vezes lentamente. Quando há manifestações gerais, além do aumento do tamanho dos linfonodos ou do comprometimento de órgãos extranodais, fala-se que o paciente apresenta sintomas B. As manifestações B são importantes, pois sua presença pode indicar prognóstico menos favorável que nos pacientes sem elas (denominados A). As manifestações B incluem: (a) febre, geralmente vespertina, sem outra causa aparente, superior a 38o C; (b) sudorese noturna abundante; (c) perda de mais de 10% do peso em menos de seis meses, sem causa evidente. Alguns autores incluem prurido como manifestação B, principalmente nos LH e nas neoplasias de células linfoides T/NK. - Em vista da suspeita clínica de linfoma, a conduta é o estudo histopatológico do linfonodo aumentado ou do órgão comprometido por meio de biópsia, que pode ser complementada com estudos imunológicos ou moleculares. - Feito o diagnóstico de linfoma, há necessidade de proceder ao estádio da doença, ou seja, avaliar sua extensão no organismo, com vistas ao prognóstico. Esta avaliação é feita por meio do preconizado pelo sistema Ann-Arbor, que gradua a extensão da doença em quatro níveis: ■ Estádio I: apenas um linfonodo ou grupo de linfonodos está comprometido ■ Estádio II: mais de um linfonodo ou grupo de linfonodos está comprometido, do mesmo lado do diafragma ■ Estádio III: linfonodos estão comprometidos em ambos os lados do diafragma ■ Estádio IV: a doença é disseminada, infiltrando outros órgãos, como medula óssea, fígado, pulmões etc. Este sistema prevê algumas notações especiais: ■ Inclusão da letra E em casos de comprometimento extranodal. Paciente com linfoma primário da parede gástrica ou do pulmão, com lesão única, está no estádio IE. Se o paciente apresenta lesão na parede gástrica e comprometimento dos linfonodos perigástricos (portanto, do mesmo lado do diafragma), considera-se que o estádio é IIE. Habitualmente, não se utilizam as notações IIIE e IVE, pois já se considera doença avançada apenas com as notações III e IV ■ Inclusão da letra S (do inglês, spleen), quando há comprometimento do baço. Assim, mesmo que os linfonodos afetados estejam abaixo do diafragma, se existe envolvimento esplênico utiliza-se a notação IIIS ■ Inclusão da letra X, quando o tumor tem mais de 10 cm no seu maior diâmetro, ou, no caso do mediastino, se o tumor for maior que um terço do maior eixo do tórax à radiografia; neste caso, fala-se também em bulky disease (termo consagrado em inglês, para indicar que há grande massa neoplásica), indício de prognóstico menos favorável. Etiopatogênese - Em geral, todas as neoplasias aumentam de incidência nos indivíduos mais velhos. A maioria dos LNH começa a aumentar sua incidência a partir de 40 anos. Alguns tipos, contudo, como o linfoblástico, Burkitt e os LH, preferem faixas etárias mais baixas. A maioria dos linfomas ocorre em homens; uma exceção é o linfoma de grandes células B primário do mediastino, que é mais comum em mulheres jovens. Distúrbios da Imunidade : Alterações no sistema imunitário são importantes no aparecimento de linfomas, geralmente LNH de grandes células B e frequentemente associados ao vírus de Epstein- Barr(EBV). As principais condições são: (1) imunodeficiência congênita está presente em cerca de 10 a 25% dos pacientes com linfomas, sobretudo LNH. Cerca de 70% das neoplasias que ocorrem na imunodeficiência grave combinada ou na síndrome de Wiskott-Aldrich são LNH.Na imunodeficiência comum variável, na síndrome hiper-IgM e na ataxia- telangiectasia, 40 a 60% dos linfomas são LNH. LH corresponde a 10% das neoplasias que aparecem nos pacientes com essas síndromes; (2) doenças autoimunes. Risco aumentado de linfomas é bem estabelecido em lúpus eritematoso, artrite reumatoide, síndrome de Sjögren primária (SSP), dermatite herpetiforme, doença celíaca e tireoidite de Hashimoto. Infecções: Algumas infecções, principalmente virais, podem estar na base da oncogênese de vários linfomas. Os vírus mais importantes são: (1) vírus Epstein-Barr (EBV). Membro da família dos herpes-vírus, que são amplamente disseminados na população, o EBV penetra no organismo pela via oral e infecta células epiteliais e linfócitos B e T do anel de Waldeyer. A infecção primária em geral passa despercebida ou causa quadro febril inespecífico. Alguns indivíduos apresentam proliferação exuberante das células linfoides, aumento do tamanho dos linfonodos e baço, febre e queda do estado geral. Este quadro, conhecido como mononucleose infecciosa, tem curso autolimitado, e o paciente entra na fase de portador do vírus em raras células linfoides. As células linfoides B e T infectadas ficam contidas em indivíduos imunocompententes, mas podem proliferar e originar linfomas sob certas condições. -IMPORTANTE( DIFERENÇA ENTRE LH E LNH): Linfoma de Hodgkin(LH) - O linfoma de Hodgkin (LH) é neoplasia linfoide caracterizada pela proliferação de células atípicas em linfonodos, denominadas células de Reed-Sternberg (RS), ou suas variantes AMBAS DERIVADAS DE LINFÓCITO B, imersas em substrato celular característico, de aspecto inflamatório. - As células de Reed-Streember são patognomonicas para esse tipo de linfoma,ou seja, são caractersiticas dessa doença e servem como base de diferenciação do LNH e diagnóstico. - A célula RS, ou célula diagnóstica, é uma célula grande, com citoplasma amplo, binucleada ou multinucleada, com nucléolo evidente e eosinofílico. - Células mononucleadas com nucléolos evidentes também podem estar presentes e são chamadas células de Hodgkin. Outras variantes das células RS são a célula lacunar, presente na forma esclerose nodular, e a célula linfocítico- histiocítica (L&H), nos casos de predominância linfocítica nodular . As células RS estão sempre circundadas por células inflamatórias reacionais, geralmente linfócitos T. Estudos moleculares realizados no final dos anos 1990 indicam que a célula RS origina-se de célula da linhagem B. Embora também corresponda a uma neoplasia de células linfoides B, diferenças biológicas fazem com que este tipo de linfoma fique em uma categoria separada. Legenda:Linfoma de Hodgkin. Células de Reed-Sternberg. A. Padrão clássico. B. Forma lacunar. C. Forma linfocítica- histiocítica(Popcorn cell- Forma EXCLUSIVA DE LH-PNL) forma classica - O LH corresponde a aproximadamente um terço de todos os linfomas. No Brasil, a doença inicia-se desde antes de 10 anos de idade, com pico de incidência em torno de 30 anos (em países em desenvolvimento, o LH é muito frequente em crianças, especialmente abaixo de 10 anos). Como a disseminação do LH se faz por contiguidade, é comum o comprometimento de cadeias vizinhas, como linfonodos cervicais, supraclaviculares e mediastinais. O vírus Epstein- Barr (EBV) é frequentemente associado ao LH. Especialmente em crianças e em indivíduos imunossuprimidos, como os infectados pelo HIV. A incorporação do genoma do EBV às células RS é clonal. Classificação Morfológica e Clínica dos LH - A OMS divide o LH em dois grandes grupos: (1) LH clássico; (2) LH com predominância linfocitária nodular(PNL). O LH clássico inclui as formas: (a) esclerose nodular (EN); (b) celularidade mista (CM); (c) depleção linfocitária (DL); (d) LH rico em linfócitos, subtipo reconhecido mais recentemente. No LH clássico, a célula RS apresenta características morfológicas e, sobretudo, imunofenotípicas diferentes das do tipo com predominância linfocítica nodular (PLN). - No LH clássico, os marcadores linfoides podem ser negativos, e, caracteristicamente, as células são CD45– e CD30/CD15+ - O LH com predomínio linfocitário nodular é doença indolente( Doença de evolução lenta), com células RS do tipo linfocítico-histiocítico que, imunofenotipicamente, expressam marcadores de células B e do antígeno leucocitário comum (CD45), diferentemente do tipo clássico. ASPECTOS MORFOLOGICOS ENTRE LH CLASSICA E PNL: ASPECTOS CLÍNICOS PRINCIPAIS ENTRE LH CLASSICA E PNL: LH-FORMAS CLÁSSICAS 1) ESCLEROSE NODULAR § Forma mais comum (65% a 70%) § Mulheres § Célula R-S: Variante lacunar § Fundo inflamatório polimórfico § (células T, eosinófilos, plasmócitos e macrófagos) § Deposição de colágeno – FIBROSE § Raramente associado ao EBV § Excelente prognóstico - Esclerose nodular. É o tipo histológico mais comum, mais frequente em adultos jovens e, no Brasil, também em crianças. A principal característica histológica é a proliferação de faixas de tecido fibroso colagênico delimitando nódulos celulares irregulares , formados em maior ou menor grau por linfócitos, eosinófilos, plasmócitos e células RS, principalmente da variante lacunar. Pode ser subdividido em dois tipos: tipo 1, pobre em células neoplásicas, com predomínio de linfócitos; tipo 2, no qual mais de 50% do nódulo são constituídos por células neoplásicas. 2) CELULARIDADE MISTA § 20% a 25% dos casos § Infiltrado celular heterogêneo § células T, eosinófilos, plasmócitos e macrófagos em meio às células de R-S § Cél de RS e Variante mononuclear abundantes § Infecção EVB: 70% dos casos § Mais comum em homens § Prognóstico Bom - Celularidade mista. Constitui o segundo tipo mais comum e caracteriza-se por aspecto celular heterogêneo, com numerosos eosinófilos, plasmócitos, neutrófilos e macrófagos, menor número de linfócitos e grande quantidade de células RS. Pode ou não apresentar fibrose difusa, irregular, não formando faixas. Este é o tipo que mais se associa ao EBV. 3) RICO EM LINFÓCITOS § Forma rara § Infiltrado celular – linfócitos reativos § Variante mononuclear e células RS § Linfonodos difusamente preenchidos § Infecção EBV: 40% § Prognóstico bom É pouco frequente. Histologicamente, apresenta proliferação nodular ou difusa de linfócitos pequenos em meio aos quais encontram-se células RS clássicas, mas não as células L&H do LH com predominância linfocítica nodular. 4) DEPLEÇÃO LINFOCITÁRIA § Forma menos comum (5%) § Escassez de linfócitos § Abundancia de células RS e variantes pleomórficas § Infecção EBV: 90% § Indivíduos HIV+ § Imunofenotipagem essencial devido a semelhança com LNH de grandes células § Pior prognóstico É a forma de pior prognóstico e a menos comum. Caracteriza-se por padrão reticular, com grande número de células RS pleomórficas e depleção linfocitária, ou por padrão de fibrose difusa, com grande número de células pleomórficas, poucos linfócitos e fibrose difusa irregular. LH-PREDOMINANCIA LINFOCITARIA NODULAR(PNL) - Variante não clássica § 5% dos casos § Infiltrado de linfócitos pequenos § Difícil acesso células de RS § Células de núcleo multilobulado § Sem associação com EBV § Mais comum em homens - Presença de popcorn cell que é patognomonico diferenciando da forma clássica. -LH com predominância linfocitária nodular. Pode surgir em qualquer idade, mas o pico de incidência é na quarta década; é mais frequente em homens. Há intensa proliferação de linfócitos pequenos com distribuição vagamente nodular, em meio aos quais se encontram células linfocítico-histiocíticas (L&H). Estas, ao contrário da célula RS, expressam CD20 e CD45, mas são negativaspara CD15 e CD30. Os pequenos linfócitos agregados em torno das células L&H têm imunofenótipo T; os demais linfócitos pequenos apresentam imunofenótipo B. Este tipo de linfoma não tem associação com o EBV. LINFOMAS NÃO- HODGKIN(LNH) - Os linfomas não Hodgkin (LNH) são neoplasias importantes por vários motivos. De um lado, são prevalentes na população, alguns deles muito agressivos. Tais linfomas incluem tanto aqueles que se iniciam como tumores (linfomas) como os que são detectados pelo encontro de células malignas circulantes (leucemias linfoides). A histogênese de ambas as lesões é semelhante, porém as apresentações clínicas diferem. Uma neoplasia linfoide que se inicia como tumor (linfoma), pode, no decorrer da doença, leucemizar-se. Para que isso ocorra, a medula óssea e/ou o baço devem estar infiltrados pela neoplasia, uma vez que estes órgãos não têm vasos linfáticos, e as células linfoides neoplásicas aí localizadas ganham diretamente o sangue circulante, em quantidades detectáveis no hemograma rotineiro. - A maioria dos LNH manifesta-se, inicialmente, com aumento volumétrico indolor de um ou mais linfonodos, originando linfonodomegalias volumosas, isoladas ou disseminadas, superficiais ou profundas. Quando são comprometidas as cadeias superficiais (a cervical é a mais atingida), a doença é descoberta em fase relativamente inicial; os linfonodos estão bem separados e têm consistência elástica. Mais tarde, os linfonodos fundem-se entre si e aderem aos tecidos vizinhos, formando massas volumosas (10 a 12 cm de diâmetro), de consistência elástica e que, ao corte, mostram tecido branco-acinzentado, homogêneo, com aspecto de “carne de peixe”. Aspectos Clínicos - Os LNH apresentam características clínicas e biológicas que dependem do seu subtipo histológico. De acordo com a evolução clínica, os linfomas podem ser agrupados em três categorias: indolentes, agressivos e muito agressivos. Linfomas Indolentes: - Em geral, comprometem indivíduos idosos, sendo raros em jovens e praticamente inexistentes em crianças. O curso clínico é arrastado, podendo terminar em uma fase mais rápida, correspondendo histologicamente à progressão para linfoma de grandes células agressivo. Como regra, esses linfomas encontram-se disseminados ao diagnóstico, geralmente com comprometimento da medula óssea; por vezes, estão leucemizados. Como têm baixa taxa de proliferação celular, não têm boa resposta terapêutica. Pode-se cogitar conduta expectante, dependendo da idade do paciente e da quantidade de massa tumoral existente; a curva de sobrevida não apresenta um platô de estabilização dos óbitos. A doença progride lentamente, com óbito ao fim de muitos anos, apesar do tratamento. Exceção é o linfoma de células do manto, que tem comportamento ora indolente, ora mais agressivo (forma blastoide). - São exemplos deste grupo: linfoma linfocítico/leucemia linfocítica crônica; linfoma folicular; linfoma esplênico; linfoma MALT. Morfologicamente, as células neoplásicas têm aspecto de linfócitos maduros e o número de mitoses é pequeno. Linfomas Agressivos: - São mais frequentes em adultos, porém podem incidir em qualquer idade. Têm curso clínico agressivo e necessitam de tratamento, pois podem levar ao óbito em pouco tempo. Comprometimento da medula óssea ou leucemização por ocasião do diagnóstico não são comuns. Respondem a quimioterapia agressiva. A curva de sobrevida após tratamento apresenta platô de cura ao redor de 60 a 80% dos pacientes; transplante de medula óssea e tratamento com anticorpos humanizados são opções terapêuticas. São exemplos deste grupo: linfoma difuso de grandes células B e a maioria dos linfomas de células T periféricas. Morfologicamente, as células neoplásicas são volumosas, com tamanho semelhante ao de blastos ativados dos centros germinativos, e o número de mitoses é alto. Linfoma altamente agressivo: - Comprometem principalmente crianças. Têm curso clínico altamente agressivo, muito rápido, podendo levar à morte em poucas semanas ou meses, se não for instituído tratamento adequado. A medula óssea está frequentemente comprometida ao diagnóstico, havendo leucemização frequente. Há comprometimento do sistema nervoso central, devendo ser feita terapêutica profilática. Tais linfomas respondem a terapêutica altamente agressiva e têm curva de sobrevida com platô por volta de 50 a 60% de pacientes curados; transplante de medula óssea é opção terapêutica. São exemplos deste grupo: leucemia/linfoma linfoblástico B ou T e linfoma de Burkitt. Morfologicamente, as células neoplásicas têm tamanho intermediário em relação aos dois grupos anteriores (células médias), e o número de mitoses é excepcionalmente alto. Linfoma não Hodgkin de células B - Os linfomas de células B constituem cerca de 85 a 90 por cento dos LNH.Podem ter apresentação predominantemente leucêmica ,nodal ou extranodal. Linfomas de Células B precursoras(Imaturas) - Linfoma linfoblástico B (LLb-B), morfologicamente indistinguível da leucemia linfoide aguda B (LLA-B), é neoplasia linfoide caracterizada pela proliferação de células blásticas imaturas, precursoras de linfócitos B. Para fins práticos, essas entidades são distintas de acordo com o número de blastos na medula óssea. Os casos em que mais de 25% de blastos substituem a celularidade mieloide são considerados LLA-B; casos em que o comprometimento medular por blastos é menor que 25% e têm envolvimento tecidual são considerados LLb-B. A forma leucêmica (LLA-B) constitui 80% das leucemias linfoides, sendo as demais da linhagem T; 75% dos casos acontecem em crianças com até seis anos de idade. LLb-B constitui apenas 10% dos linfomas linfoblásticos e tem distribuição etária muito mais ampla. -Aspectos clínicos: ■ Corresponde a 80% das LLA ■ Representa 10% dos linfomas linfoblásticos ■ Muito agressivo, mas responde bem a quimioterapia, tendo em geral bom prognóstico. Aspectos Morfológicos: - ■ Proliferação de linfoblastos, células pouco maiores que os pequenos linfócitos, com nucléolos pequenos e cromatina delicada; figuras de mitose são muito freqüentes. Legenda: Neoplasia de células B precursoras: leucemia linfoide aguda/linfoma linfoblástico. A. Infiltração maciça da medula óssea pelas células neoplásicas. B. Detalhe das células neoplásicas, que têm citoplasma escasso. C. CD20+ na membrana citoplasmática. D. Expressão nuclear de TdT (desoxinucleotidil transferase terminal). Imunofenótipo: ■ Marcadores positivos: TdT, CD19, CD10, CD79a, Pax5, HLA-DR ■ Marcadores eventualmente positivos: CD20, CD22 e CD45 (LCA), CD34 ■ Marcadores negativos: Ig de superfície. Aspectos genéticos e moleculares: ■ Alterações citogenéticas definidoras de grupos prognósticos: menos favorável nos casos com hipodiploidia e t(9;22); mais favorável nos casos com hiperdiploidia e t(12;21). Célula normal correspondente: - Célula B precursora da medula óssea Linfomas de células B maduras A leucemia linfocítica crônica (LLC) é neoplasia de células linfoides B maduras, pequenas, com comprometimento primário quase sempre da medula óssea e do sangue. Provavelmente, é a neoplasia leucêmica mais comum no Brasil, com maior frequência em adultos idosos, com idade média de 65 anos. A maioria dos pacientes é assintomática; quando presentes, as manifestações clínicas incluem anemia hemolítica autoimune, linfonodomegalia, hepatomegalia e esplenomegalia. Quando o paciente apresenta apenas tumor sólido (linfoma), menos de 5.000 linfócitos/mL no sangue periférico e não tem citopenia, trata-se de linfoma linfocítico. Transformação para linfoma de alto grau (principalmente linfoma difuso de grandes células B) ocorre em 5% dos casos (síndrome de Richter). Alguns elementosindicam pior prognóstico, como deleção de 17q ou ausência de hipermutação no gene da cadeia pesada de imunoglobulinas (IgV ). Aspectos clínicos: ■ A forma de apresentação mais comum é a leucêmica ■ É a leucemia mais comum em adultos, geralmente em idosos do gênero masculino ■ A maioria dos pacientes apresenta comprometimento do sangue e da medula óssea no início, com ou sem linfonodomegalia ou hepatoesplenomegalia. Aspectos Morfológicos: ■ Nos linfonodos, há substituição do tecido normal por proliferação de pequenos linfócitos muito semelhantes aos linfócitos normais ; há número variado de células linfoides maiores, com núcleos evidentes, dispostas frequentemente em “pseudofolículos” ou “centros de proliferação” Imunofenótipo: ■ As células neoplásicas apresentam imunofenótipo de linfócitos B (CD19/CD20/CD79a/Pax5 positivos) e CD23 e um marcador de célula T (CD5); neste caso, o CD20 pode ter positividade fraca ■ Marcadores negativos: ciclina D1, CD10, anexina A1 ■ IgS é sempre exclusivamente kappa ou lambda, o que demonstra clonalidade. Aspectos Genéticos e Moleculares: ■ Rearranjo clonal de genes de imunoglobulinas ■ Metade dos casos tem anormalidades genéticas, como trissomia do 12 ou translocação t(14;19) envolvendo o oncogene BCL-3, no cromossomo 19; deleção de 11q ou de 17q. Célula Normal Correspondente: - Linfócito B periférico circulante Legenda: Linfoma linfocítico/LLC. Proliferação monótona de pequenos linfócitos maduros, com esparsos paraimunoblastos. Linfoma difuso de Grandes células B - Linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) é o linfoma mais comum, representando 30 a 40% dos LNH. Trata-se de neoplasia com enorme variação morfológica, imunofenotípica e, sobretudo, prognóstica. Clinicamente, a lesão apresenta-se como massa localizada, nodal ou extranodal, de crescimento rápido, com ampla distribuição anatômica e etária. Com base no perfil genético, é possível subclassificá-lo em dois subtipos: (1) semelhante às células B do centro germinativo (CG), com melhor prognóstico; (2) assinatura genética semelhante à de células B ativadas (pós-centro germinativo, PCG), com prognóstico mais reservado. Aspectos Clínicos: ■ Idade média: sexta década ■ Corresponde a 30 a 40% dos linfomas não Hodgkin em adultos, maior proporção em países em desenvolvimento 40% são extranodais ■ Agressivo. Aspectos Morfológicos: ■ Proliferação de grandes células blásticas (três a quatro vezes o tamanho de um linfócito maduro), com cromatina frouxa, nucléolos evidentes e citoplasma basofílico ■ Geralmente as células são semelhantes a centroblastos e imunoblastos. Legenda: Linfoma difuso de grandes células B. Células volumosas, com núcleos não clivados e vários nucléolos próximos da membrana nuclear. Imunofenótipo: ■ Marcadores positivos: CD19, CD20, CD22, CD79a, Pax5, Ig de superfície ■ Marcadores eventualmente positivos: MUM1, CD10, CD5, CD138, BCL-2, BCL-6, CD30 (infrequente), ALK (raro) ■ Marcadores negativos: ciclina D1, Ig de citoplasma. Aspectos genéticos moleculares: ■ Rearranjo de BCL-2, t(14;18) em 15 a 20% dos casos ■ Translocações ou mutações em BCL-6, em 40 a 50 dos casos ■ Translocação de c-MYC em 5% dos casos, geralmente 6(8;22) ■ Anormalidades citogenéticas complexas ■ Com base no perfil genético, existem subtipos de linfomas de células semelhantes às células B do centro germinativo ou às células B ativadas pós-centro germinativo. Celula Normal Correspondente: ■ Células centrofoliculares ■ Células B ativadas pós-centro germinativo. Linfoma de Burkit Linfoma de Burkitt (LB), neoplasia de linfócitos B maduros do centro germinativo, é mais frequente em crianças e adultos jovens. Existem três variantes clínicas/epidemiológicas: (1) forma endêmica, comum na África equatorial, onde foi descrito em 1958 por Dennis Burkitt, com comprometimento predominante da mandíbula. A relação com EBV é de 100%; (2) forma esporádica, que no Brasil é mais comum no trato gastrointestinal, com expressão de EBV em até 70% dos casos; nos países industrializados, o EBV está presente em 20 a 30% dos casos; (3) forma associada a imunodeficiência, sobretudo pelo HIV, na qual a relação com EBV é virtualmente 100%. Em qualquer dessas formas, o índice de proliferação celular é 100%, sendo notável a ausência de expressão da proteína BCL-2. Além disso, em todos os casos as alterações genéticas e moleculares envolvem sempre o oncogene MYC e os genes IgH, IgK e IgL, resultando em translocações t(8;14), t(2;8) e t(8;22). Embora muito agressivo, o LB responde bem à quimioterapia. Aspectos Clínicos: ■ O LB ocorre de forma endêmica na África equatorial, onde foi originalmente descrito, ou de forma esporádica, não endêmica, nas demais regiões. Há também uma terceira forma associada a imunodeficiência, especialmente na AIDS ■ É mais comum em crianças e adolescentes ■ É duas a três vezes mais frequente em homens ■ Na forma endêmica, prefere a mandíbula ■ Na forma esporádica, é mais comum no trato gastrointestinal, principalmente na região da válvula ileocecal ■ Embora seja muito agressivo, responde bem à quimioterapia. Legenda: Linfoma de Burkitt (forma endêmica) acometendo a mandíbula. Aspectos Morfológicos: ■ Proliferação de células linfoides de tamanho médio, monomórficas, com núcleos redondos e pequenos nucléolos, com citoplasma basofílico; o citoplasma apresenta numerosos microvacúolos ■ Alto índice mitótico e numerosos macrófagos com corpos tingíveis (aspecto em “céu estrelado” Legenda: Linfoma de Burkitt. A. Aspecto monomórfico das células neoplásicas, entre as quais existem macrófagos fagocitando restos celulares (aspecto em “céu estrelado”). B. Imuno-histoquímica para o vírus de Epstein-Barr (EBV)fortemente positiva no núcleo das células neoplásicas. Imunofenótipo: ■ Marcadores positivos: antígenos B (CD19, CD20, CD22, CD79a e Pax5), CD10 e BCL-6 ■ Marcadores negativos: CD5, CD23 e BCL-2 ■ Marcador de proliferação celular (Ki-67) próximo a 100% das células. Célula Normal correspondente: Provavel célula B blastica no centro germinativo Linfomas não Hodgkin de Linfócitos T e células NK Linfomas derivados de linfócitos T são menos comuns do que os de células B. Sua frequência varia de acordo com a região geográfica; no Japão, representam 40% dos LNH. As diferenças na incidência refletem em geral a alta prevalência da infecção pelo vírus HTLV-1 em diferentes países. Os LNH de células T/NK têm aspectos anatomopatológicos e história natural diversos daqueles dos LNH de células B. Praticamente todos os LNH-T/NK podem ser classificados como linfomas agressivos, já que apresentam quadro clínico inicial quase sempre mais grave do que o de linfomas B. Quanto à apresentação clínica inicial, também podem ser divididos como predominantemente leucêmicos, nodais ou extranodais. Os LNH de células T apresentam um ou mais marcadores característicos da ontegênese de linfócitos T (CD2, CD3, CD4/CD8, CD5 e CD7). Os LNH-T geralmente se originam de células do tipo auxiliares (CD4+) e, mais raramente, de células citotóxicas (CD8+). Como parte do fenótipo citotóxico, pode-se encontrar expressão de grânulos citoplasmáticos TIA-1, granzima B e perfurina. Entretanto, LNH-T podem apresentar expressão aberrante do fenótipo T, aspecto que auxilia no diagnóstico diferencial com proliferações T reacionais. Entre as expressões aberrantes, destacam-se a deleção de um ou mais marcadores T e a coexpressão ou ausência de CD4/CD8. A marcação de células NK é feita pelo CD56 e presença de grânulos citotóxicos. - Correspondem a 15% dos LNH - Evolução clínica mais grave - Formas de apresentação: Nodais,extranodais e Leucemizados. • Linfomas derivados de linfócitosT são menos comuns do que os de células B • As diferenças na incidência refletem em geral a alta prevalência da infecção pelo vírus HTLV-1 em diferentes países • Os LNH de células T/NK têm aspectos anatomopatológicos e história natural diversos daqueles dos LNH de células B • Praticamente todos os LNH-T/NK podem ser classificados como linfomas agressivos • Como parte do fenótipo citotóxico, pode-se encontrar expressão de grânulos citoplasmáticos TIA-1, granzima B e perforina. Células T maduras - LINFOMA CUTÂNEO MAIS COMUM eritrodermia em placas - Ocorre em ADULTOS - Comprometimento posterior de linfonodos e sangue periférico - Pode transformar-se em linfoma agressivo em 35% dos casos, com óbito em boa parte dos casos transformados - Pacientes com SÍNDROME DE SÉZARY têm prognóstico menos favorável, rash eritematoso difuso e prurido. Aspectos Morfológicos: - EPIDERME INFILTRADA POR LINFÓCITOS T CD4+ NEOPLASICOS - MICROABCESSOS DE PAUTRIER infiltrado na derme superior com exocitose (epidermotropismo) de linfócitos cerebriformes - LINFOADENOPATIA DERMATÓPATICA Linfomas de Células T precursoras ou Imaturas Aqui valem as mesmas considerações já mencionadas na LLA-B e no LLb-B. Nos linfomas de células T precursoras, a forma leucêmica é mais rara, enquanto a forma linfomatosa, muito mais comum, corresponde a 90% de todos os linfomas linfoblásticos. Comprometimento do mediastino é muito frequente. Como a LLA-B, a LLA-T tem prognóstico bom em crianças, com cura em 80 a 90% dos casos com protocolos atuais de quimioterapia. Em idosos, o prognóstico é menos favorável. Aspectos Clínicos: ■ Corresponde a cerca de 40% dos linfomas de crianças e 10 a 15% de LLA ■ Preferência por adolescentes e jovens, predominando no gênero masculino ■ Frequentemente forma massa mediastinal ■ Quando não é tratado, o linfoma evolui para LLA ■ Com frequência, compromete o SNC ■ Muito agressivo, mas responde bem à quimioterapia. Aspectos Morfológicos: ■ As células tumorais têm tamanho médio (duas vezes o de um linfócito maduro), possuem cromatina frouxa, núcleos irregulares e nucléolos pequenos, são semelhantes a linfoblastos e apresentam crescimento difuso. Célula Normal Correspondente: ■ Linfócito T precursor (protimócito e timócito). Linfoma de Células T/ NK extranodal tipo Nasal O linfoma extranodal NK/T tipo nasal surge preferencialmente na cavidade nasal e no palato. O linfoma é mais prevalente na Ásia; no México, na América Central e na América do Sul, é mais comum em populações indígenas. No Brasil, é relativamente raro. A célula neoplásica é linfócito T/NK e raramente linfócito T CD8+. O tumor é associado constantemente ao EBV. Aspectos Clínicos: ■ Anteriormente conhecido como granuloma letal da linha média ou linfoma angiocêntrico ■ Raro na Europa e nos EUA, é mais comum na Ásia e na América do Sul ■ Acomete adultos, sobretudo homens ■ Lesões ulcerativas, necróticas e destrutivas no nariz e no palato ; pode comprometer a pele ■ Muito agressivo, podendo às vezes responder à radioterapia; sobrevida de cinco anos ocorre em menos de 20% dos casos ■ Associado ao vírus Epstein-Barr em 100% dos casos. Aspectos Morfológicos: ■ A biópsia em geral mostra lesão necrótica, ulcerada, com infiltrado linfocitário pleomórfico, angiocêntrico e angioinvasivo , associado a número variável de células inflamatórias reativas (plasmócitos, neutrófilos, eosinófilos e histiócitos). Legenda: Linfoma T/NK nasal. A. Extensa destruição do septo nasal. B. Áreas de necrose e angiotropismo. C. Células neoplásicas pleomórficas. D. Positividade nuclear para EBV nas células neoplásicas por hibridação in situ. Alterações genéticas e Moleculares: -Ausência de rearranjo de TCR (T cell receptor) EBV integrado ao genoma da célula neoplásica
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