Buscar

Resenha do filme Pro Dia Nascer Feliz

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

Universidade Federal Fluminense 
Organização da Educação no Brasil (P2) 
Professor: José dos Santos Rodrigues 
Aluna: Marina Custodio Nascimento 
 
Resenha Crítica 01 
 
 O filme “Pro dia nascer feliz”, escrito e dirigido por João Jardim em 2006, retrata 
as angústias e desejos dos jovens de diferentes escolas e estados. Além disso, o filme 
reflete as diferenças espaciais, raciais e econômicas entre dois tipos de escola: a pública 
e particular. Com um início poético, o autor nos convida a pensar no cotidiano e nas 
relações escolares dos alunos entrevistados. 
 No decorrer do filme, João Jardim nos faz observar os reflexos frutos das 
segregações, melhor percebidos pelo espectador no decorrer da obra, onde novas 
perspectivas são apresentadas e adicionadas a problemática dicotômica entre o público e 
o privado. A segregação racial, como um dos exemplos, é nítida que não mais é mantida 
pelos moldes anteriores aos anos 90. No entanto, é tão violenta quanto, e muito bem 
ilustrada ao final do filme, onde é possível tecer um comparativo racial entre o público 
de alunos e professores de ambos os tipos de escola. Nas públicas, é encontrado uma 
maioria de alunos negros e maior diversidade de cores entre os professores, o contrário é 
visto na escola particular. 
 A “divisão de cores” observadas entre alunos e professores da escola pública e 
particular evidencia uma das faces do racismo. O racismo institucional, levando-se em 
consideração que a escola seja um potencial instrumento de poder. Logo, a continuação 
dela com quadro de professores desfalcados, má-remuneração e assistência aos 
funcionários, ausência de alimentação e água, más condições de estudo e ensino, ausência 
de assistências psicológicas e sociais aos alunos, dentre outras mazelas, são apenas 
ferramentas de controle e subjugação das pessoas que utilizam deste bem social público, 
pessoas essas muitas vezes negras, marginalizadas e pobres. A manutenção e 
continuidade deste estado escolar é dada pelo Governo, no caso do Brasil, que tem 
majoritariamente em sua composição, homens e mulheres brancas, da elite, que atendem 
muitas vezes a agendas neoliberais. 
Acerca de outros frutos da segregação, é evidente a diferença entre os ambientes 
ocupados fora dos horários escolares. Os alunos de escola particulares possuem acesso a 
aulas de reforço escolar particulares, aulas de natação e yoga; os alunos de escolas 
públicas têm acesso a uma diversidade de drogas, acesso e trabalho em bocas de fumo e 
para o tráfico, armas, entre outros, reforçando o reflexo da segregação racial e 
consequentemente econômica e espacial. 
 Outro aspecto trazido pelo filme, muito bem caracterizado pela fala de alguns 
professores é o Determinismo Social, no qual, há a descrença de que os alunos das escolas 
públicas, muitas vezes de grupos racializados, periféricos e pobres, possam vir a ter um 
bom desempenho escolar e um “futuro”. Isso, somado ao funcionalismo escolar tem um 
resultado violento nas vidas dos jovens e adultos. Tem como seus desdobramentos: a falta 
de interesse nos estudos e busca de outras alternativas na “vida”, abrindo margem ao 
mundo do crime, empregos informais e/ou mal remunerados, atenuação de problemas 
psicológicos que podem vir a ocasionar em depressão, tentativas de suicídio, uso de 
substâncias psicotrópicas, e nos casos mais razoáveis, a conformação com a condição de 
vida que lhes foi imposta. 
A descrença em relação ao outro também parte dos alunos para os professores. 
Atenuando os conflitos e sofrimentos existentes entre ambos. Os professores, 
sobrecarregados física e mentalmente, passam a ser enxergados pelos alunos como 
inimigos, como atores sociais que não possuem nenhuma importância. Desvinculando o 
papel do professor de alguém que está ali para contribuir com a formação acadêmica e, 
possivelmente, social dos alunos. 
 O uso das artes como ferramenta de inclusão e salvamento é trazido pelo filme 
nas vivências dos alunos da escola pública. A efetividade dessa ferramenta é observada 
pelo aumento do compromisso dos alunos com a escola, como uma forma de terapia, 
escape dos problemas cotidianos e diversão. Essa efetividade pode ser ilustrada pela 
música Versos Vegetarianos, do grupo de rap Inquérito: 
 “Eu fiz meu rap virar cereal cerebral matinal 
Pra os moleque não morrer de desnutrição mental 
(...) 
Igual a mim aqui, quantos fí de mãe solteira 
Que viu no rap ali, um pai pra vida inteira” 
 
 Ao inserir o contexto dos alunos e das escolas particulares, é notória a distância e 
abstração da realidade social do Brasil pelos alunos. Neste contexto social, é observado a 
presença dos membros da família dos alunos ativamente em suas vidas, a classe social 
(inferida por conta da escola ser particular e dos hobbies dos alunos), e suas principais 
preocupações, que são sobre as aulas particulares, por qual curso optar para o vestibular, 
a impressão que os meninos principalmente, terão quando se é muito esforçada nos 
estudos. Ademais, nas primeiras falas destes alunos, é percebido a tendência de se 
distanciar, no caso do filme, dos pobres e moradores da favela. Uma ilustração dos 
preconceitos dirigidos a estas pessoas, melhor destacado quando os mesmos acreditam na 
visão romântica de que estão fazendo o bem, na perspectiva cristã, com trabalhos 
voluntários. 
 Em conclusão, a provocação feita no início do filme sobre se “É dado uma escola, 
um futuro aos jovens?”, pode nos fazer refletir sobre quais escolas e de quais alunos 
estamos falando. Mais profundamente, nos convida a pensar em que escolas foram dadas 
e quais serão as próximas escolas oferecidas aos jovens, em que futuro os jovens estarão 
ou para qual futuro esses mesmos jovens estão rumando. A escola como ferramenta 
emancipatória é um instrumento de poder, inalienável a governos e projetos que ainda se 
debruçam sobre a continuidade do colonialismo, travestido de ideais neoliberais. 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas: 
ALMEIDA, Silvio Luiz. O que é Racismo Estrutural?. Belo Horizonte (MG): 
Letramento, 2018. 
INQUÉRITO. Versos Vegetarianos. Corpo e Alma. São Paulo, Vras77, 2014. Disponível 
em: https://www.youtube.com/watch?v=LPp0MQ6pWJU. Acesso em 9 out. 2020. 
PRO Dia Nascer Feliz. Direção de João Jardim. São Paulo: Tamberllini Filmes, 2006. 1 
(83 min). Disponível em: 
http://www.joaojardim.art.br/#http://www.joaojardim.art.br/portfolio/pro-dia-nascer-
feliz/. Acesso em 2 out. 2020. 
https://www.youtube.com/watch?v=LPp0MQ6pWJU
http://www.joaojardim.art.br/#http://www.joaojardim.art.br/portfolio/pro-dia-nascer-feliz/
http://www.joaojardim.art.br/#http://www.joaojardim.art.br/portfolio/pro-dia-nascer-feliz/