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07/05/2021 DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL AULA 4 Profa. Dra. Thais Ellery Mudanças alimentares • Resultam do cenário socioeconômico e cultural, no qual se incluem a industrialização, a globalização da economia, a publicidade e os meios de comunicação de massa e as necessidades geradas pela vida urbana. São incorporadas com mais facilidade e são menos discerníveis • Voluntárias, que dependem de um empenho pessoal em que o sujeito, por seu livre arbítrio, mudará sua alimentação, seja por motivo estético, para aderir a uma alimentação mais saudável, por recomendação terapêutica ou por motivos ideológicos. São mais difíceis de serem incorporadas, mais lábeis, por não se ajustarem a situações sociais usuais, o que pode levar a dificuldades por não se ajustarem às instâncias de convívio social que não proporcionam as condições de viabilização dessas práticas alimentares. 1 2 07/05/2021 Industrialização Desenvolvimento industrial: afeta substancialmente a produção, conservação, distribuição, transporte e transformação dos gêneros alimentícios. A industrialização, que ocupa um lugar entre o alimento e a natureza, interfere tanto na produção dos gêneros como também na transformação culinária. A produção e o consumo do alimento moderno estão cada vez mais desenraizados dos seus espaços geográficos, ultrapassando também os limites climáticos aos quais eram tradicionalmente associados Industrialização Fonte: ITAL, 2015 3 4 07/05/2021 Globalização e urbanização • Crescimento populacional no período 2000–2030 terá ocorrido nas áreas urbanas, de 2,9 bilhões em 2000 para 4,9 bilhões em 2030. • A migração para as regiões urbanas criou um ambiente propício para lojas maiores e supermercados que foram tomando o lugar dos mercados tradicionais. As grandes redes de supermercados têm contribuído para facilitar o acesso a alimentos pré-cozidos, salgados, açucarados e gordurosos. Globalização e urbanização • A urbanização implica uma mudança de tradição, já que com a inserção das mulheres no mercado de trabalho, houve uma redução do tempo para o preparo das refeições da maneira tradicional. • Estimula o consumo de refeições pré-cozidas, fast food e lanches, em que mais alimentos com maior energia, gorduras saturadas e colesterol são consumidos. • Com a globalização e a urbanização, o trabalho tradicional foi substituído por atividades físicas mais sedentárias, o que implica maior facilidade em adquirir os alimentos sem a necessidade de fazer algum esforço físico. • Cada vez mais acesso aos produtos alimentares, patrocinados pela tecnologia e indústria e ainda difundidos pela publicidade alimentar. 5 6 07/05/2021 Globalização e urbanização • Até o século XX, muitas descobertas técnico-científicas importantes levaram ao progresso e também à modificação dos costumes alimentares: o aparecimento de novos produtos o renovação de técnicas agrícolas e industriais o descobertas sobre fermentação; a produção do vinho, da cerveja e do queijo em escala industrial e o beneficiamento do leite o avanços na genética, que permitiram aprimorar o cultivo de plantas e a criação de animais o mecanização agrícola o desenvolvimento dos processos técnicos para conservação de alimentos. Globalização Ampliação e diversificação da oferta de alimentos: - Alimentos naturais - Alimentos orgânicos - Alimentos cujos componentes nutricionais são manipulados como os diet e light, 0% de gordura, enriquecidos e fortificados - Alimentos industrializados com ou sem seus aditivos químicos – “sem conservantes” - Alimentos geneticamente modificados - Alimentos funcionais - Outros. 7 8 07/05/2021 Hábitos alimentares no Brasil • Composta pela miscigenação das culinárias indígena, portuguesa e africana e, com o decorrer do tempo, foram adquirindo características e peculiaridades. • Cada região do país desenvolveu uma cultura popular rica e diversificada, onde figura uma culinária própria, devido à influência das correntes migratórias e adaptações ao clima e disponibilidade de alimentos. Hábitos alimentares no Brasil • A história da alimentação nacional é atingida pela Revolução Industrial em vários aspectos, sobretudo devido ao desenvolvimento das indústrias alimentares, pois os alimentos eram fabricados artesanalmente e passaram a ser produzidos por poderosas fábricas. • A população urbana do Brasil de 2000 a 2010 já aumentou em mais de 23 milhões, enquanto a população rural diminuiu em mais de 2 milhões. • O binômio urbanização/industrialização atua como fator determinante na modificação dos hábitos alimentares, gerando transformações no estilo de vida de praticamente toda a população mundial. 9 10 07/05/2021 Revolução industrial no Brasil Fonte: ITAL, 2015 Revolução industrial no Brasil Desenvolvimento das indústrias de alimentos e bebidas após 1930 Fonte: ITAL, 2015 11 12 07/05/2021 Hábitos alimentares no Brasil • A alimentação de hoje é profundamente diferente dos nossos antepassados, que viviam em contato com a natureza, alimentando-se de tudo que ela lhes oferecia: animais abatidos (carne), frutas, gramíneas, folhas, raízes etc. • Novos hábitos, criados pela indústria alimentar e marcados pelo consumo excessivo de produtos artificiais, em detrimento de produtos regionais com tradição cultural. • Atualmente, diante da variedade de facilidades que a indústria alimentícia provê, associada à falta de tempo e a praticidade que é fornecida, é possível delinear e caracterizar os novos hábitos alimentares da população brasileira. Mudanças no consumo alimentar no Brasil 1962 a 1988 • Redução do consumo de cereais e derivados, feijão, raízes e tubérculos. • Aumento contínuo no consumo de ovos, leite e derivados. • Substituição da banha, bacon e manteiga por óleos vegetais e margarina. • Aumento no consumo de carnes, principalmente a partir da segunda metade da década de 1970. 13 14 07/05/2021 Mudanças no consumo alimentar no Brasil 1988 a 1996 • Aumento do consumo de proteínas de fontes animais (cerca de 60% em 1988 e de 63% em 1996). • Aumento do consumo de lipídios de origem animal, sendo mais expressivo nas áreas metropolitanas do Centro-Sul (de 39% para 44,4%). • Redução no consumo de óleos e de gorduras vegetais. • Crescimento da fração do açúcar refinado (sacarose) sobre a fração dos demais carboidratos. • Estagnação ou da redução do consumo de leguminosas, verduras, legumes, frutas e sucos naturais. Pesquisa de Orçamentos Familiares - o que é? • As Pesquisas de Orçamentos Familiares - POF realizadas pelo IBGE visam disponibilizar informações sobre a composição dos orçamentos domésticos e as condições de vida da população brasileira, incluindo a percepção subjetiva da qualidade de vida, além de gerar bases de dados e estudos sobre o seu perfil nutricional. 15 16 07/05/2021 Pesquisa de Orçamentos Familiares –coleta dos dados • Para avaliar o consumo alimentar, foram aplicados dois inquéritos recordatórios de 24 horas em dias não consecutivos escolhidos ao longo da semana em que o agente de pesquisa permaneceu no domicílio. • Foram indagados, em entrevistas pessoais, sobre todos os alimentos e bebidas (incluindo a água) consumidos no dia anterior em cada uma das duas entrevistas. Pesquisa de Orçamentos Familiares –coleta dos dados • A entrevista foi desenvolvida seguindo um roteiro estruturado • O agente de pesquisa fazia o registro, detalhando as informações relativas aos alimentos, bebidas e preparações consumidas, quantidades, métodos de preparação, itens de adição, ocasião e local de consumo. 17 18 07/05/2021 Pesquisa de Orçamentos Familiares – coleta de dados Pesquisa de Orçamentos Familiares – análise de dados • Foram obtidos dessa base de dados o perfil de 32 componentes para os 1.593 itens alimentares citados em 2017-2018, incluindo alimentos in natura, ingredientes culinários, preparações simples,receitas mistas e produtos industrializados alimentares. • Uma avaliação do consumo alimentar também é feita com base na classificação NOVA, para o primeiro dia do recordatório de 24 horas. 19 20 07/05/2021 Mudanças no consumo alimentar no Brasil • A investigação direta do consumo alimentar a partir da aplicação de inquéritos dietéticos constitui a forma ideal para se caracterizar os padrões dietéticos vigentes em uma dada população e sua evolução ao longo do tempo. Mudanças no consumo alimentar no Brasil Todo o período: de 1974 a 2003 Aumento do consumo de: • Carne bovina (+22%) • Carne de frango (+100%) • Embutidos (+300%) • Leite e derivados (+36%) • Óleos e gorduras vegetais (+16%) • Biscoitos (+400%) • Refeições prontas (+80%) 21 22 07/05/2021 Mudanças no consumo alimentar no Brasil Todo o período: de 1974 a 2003 Redução do consumo de: • Arroz (23%) • Feijões e outras leguminosas (30%) • Raízes e tubérculos (30%) • Peixes (50%) • Ovos (84%) • Gordura animal (65%) Mudanças no consumo alimentar no Brasil Declínio no consumo de alimentos básicos e tradicionais da dieta do brasileiro, como o arroz e o feijão. Aumentos de até 400% no consumo de produtos ultraprocessados, como biscoitos e refrigerantes. Persistência do consumo excessivo de açúcar. Consumo insuficiente de frutas e hortaliças. Aumento sistemático no teor da dieta em gorduras em geral e em gorduras saturadas. Todo o período: de 1974 a 2003 23 24 07/05/2021 Arroz (84%) Café (79%) Feijão (72,8%) Pão de sal (63%) Carne bovina (48,7%) 2008-2009 20 alimentos com maior prevalência de consumo no Brasil Banana (16,0%) Salada crua (16%) Leite integral (12,4%) Queijos (13,5%) 2008-2009 20 alimentos com maior prevalência de consumo no Brasil 25 26 07/05/2021 Sucos e refrescos (39,8%) Refrigerantes (23%) Biscoito salgado (15,9%) 2008-2009 20 alimentos com maior prevalência de consumo no Brasil Bolos (13,4%) Salgados fritos e assados (12,5%) Doces (11,7%) 2008-2009 20 alimentos com maior prevalência de consumo no Brasil 27 28 07/05/2021 *exceção do café, arroz, feijão e pão de sal Fonte: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/ciencia-tecnologia-e-inovacao/9050-pesquisa-de-orcamentos-familiares.html 2008-2009 Comparação da prevalência dos principais alimentos consumidos pelos adolescentes, adultos e idosos Fonte: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/ciencia-tecnologia-e-inovacao/9050-pesquisa-de-orcamentos-familiares.html Alimentos que mais foram consumidos fora do domicílio por adultos e adolescentes: bebidas alcoólicas, salgadinhos fritos e assados, pizzas, refrigerantes e sanduíches. Consumo de alimentos fora do domicílio: Área urbana: 42,8% Área rural: 27,4% 2008-2009 Consumo alimentar fora do domicílio 29 30 07/05/2021 Arroz (76,1%)Café (78,1%) Feijão (60,0%) Pão de sal (50,9%) Óleos e gordura (46,8%) 2017-2018 Alimentos com maior prevalência de consumo no Brasil + Homens apresentaram menores frequências de consumo de todas as verduras, legumes e frutas, com exceção da batata inglesa + Mulheres apresentaram maiores frequências de consumo para biscoitos, bolos, doces, leite e derivados, café e chá Os alimentos com maiores médias de consumo diário per capita foram: oCafé - 163,2 g/dia o Feijão - 142,2 g/dia oArroz - 131,4 g/dia o Sucos - 124,5 g/dia oRefrigerantes - 67,1 g/dia o As médias de consumo per capita estimadas para homens foram mais elevadas do que as das mulheres para a maior parte dos itens, contudo, as mulheres referiram médias mais altas do que os homens para a maioria das verduras e frutas o Destaca-se que a média per capita de consumo de cerveja entre os homens é mais que o triplo da observada para as mulheres 2017-2018 Alimentos com maior prevalência de consumo no Brasil 31 32 07/05/2021 Farinha de mandioca, que foi referida por 40,6% da população na Região Norte, 20,1% no Nordeste e por no máximo 4% nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O mesmo foi observado para o açaí, que foi relatado por 12,4% da população na Região Norte e por até 1% nas demais regiões. O consumo de peixe fresco foi relatado por 16,6% da população na Região Norte, 8,2% na Região Nordeste e por menos de 4% nas demais regiões. O consumo de milho e preparações à base de milho foi mais elevado na Região Nordeste, onde foi relatado por 25,8% da população, em comparação com as demais regiões, onde o consumo variou entre 6,2% e 8,6%. O mesmo foi observado para o feijão verde/corda. O consumo de feijão foi relatado com mais frequência na Região Centro-Oeste (72,8%) do que nas demais regiões, nas quais variou entre 44,1% (Região Norte) e 64,9% (Região Sudeste). 2017-2018 Alimentos com maior prevalência de acordo com as regiões Percentual de consumo fora do domicílio em relação ao consumo total foi elevado para: o Bebidas destiladas (44,1%) o Salgados fritos e assados (40,1%) o Outras bebidas não alcoólicas (40,1%) o Sorvete/picolé (37,2%) o Salgadinhos chips (32,7%) o Bolos recheados (32,6%) o Refrigerantes (31,1%) 2017-2018 Consumo alimentar fora do domicílio 33 34 07/05/2021 • A frequência de consumo estimada para grupos de idade mostrou que o percentual de pessoas que relataram o consumo de frutas, verduras e legumes, em geral, foi menor entre adolescentes em comparação com adultos e idosos, com exceção do açaí e batata inglesa. • O consumo de macarrão instantâneo, biscoito recheado, biscoito doce, salgadinhos chips, linguiça, salsicha, mortadela, presunto, chocolates, achocolatados, sorvete/picolé, sucos, refrescos/sucos industrializados, refrigerantes, bebidas lácteas, pizzas, salgados fritos e assados e sanduíches foi mais elevado entre adolescentes do que em adultos e idosos. • O consumo de leite, café, chá e sopas e caldos foi mais frequentemente relatado pelos idosos em comparação com adultos e adolescentes. 2017-2018 Alimentos com maior prevalência de consumo de acordo com a idade • Em 2017-2018 os alimentos in natura ou minimamente processados representaram mais da metade das calorias consumidas pela população brasileira, destacando-se, por sua maior contribuição, o arroz e o feijão, as carnes, frutas, leite, macarrão, verduras e legumes, e raízes e tubérculos. • Somados aos ingredientes culinários processados, comumente utilizados em suas preparações, eles alcançam quase 70% do total calórico. • Alimentos ultraprocessados somam cerca de um quinto das calorias consumidas. A maior participação de alimentos ultraprocessados, em relação ao total calórico, foi para adolescentes (26,7%), sendo intermediária entre adultos (19,5%) e menor entre idosos (15,1%). 2017-2018 Calorias consumidas de acordo com o nível de extensão do processamento de alimentos 35 36 07/05/2021 • Dentre os alimentos in natura e minimamente processados, o arroz correspondeu a 11,1% das calorias totais, vindo, a seguir, a carne bovina com 7,4%, o feijão com 6,6%, a carne de aves com 5,4%, as frutas com 3,1%, o macarrão com 2,8% e o leite com 2,5%. • Em ordem decrescente de contribuição para as calorias totais, apareceram verduras e legumes (1,9%), carne suína (1,8%), raízes e tubérculos (1,8%), suco de fruta 100% natural (1,6%), ovos (1,4%) e farinha de mandioca (1,4%). + Dentre os ingredientes culinários processados, o óleo vegetal correspondeu a 7,7% das calorias totais, seguido pelo açúcar, com 5,8%. Com contribuição menor, apareceram manteiga (1,0%) e banha (0,3%). Dentre os alimentos processados, o grupo de maior contribuição para as calorias totais foi o de pães (8,2%), seguido de queijos (1,6%), cerveja e vinho (0,7%), carnes salgadas/secas/defumadas (0,4%) e frutas em calda ou cristalizadas (0,2%). 2017-2018 Calorias consumidas de acordo com o nível de extensão do processamento de alimentos • Dentre os alimentos ultraprocessados, a margarina correspondeu a 2,8% das calorias totais, vindo, aseguir, o biscoito salgado e salgadinho "de pacote" com 2,5%, os pães com 2,1%, os biscoitos doces com 1,7% e os frios e embutidos com 1,6%. • Em ordem decrescente de contribuição para as calorias totais, apareceram chocolate, sorvete, gelatina, flan ou outra sobremesa industrializada (1,4% das calorias), refrigerantes (1,3% das calorias totais), cachorro quente, hambúrgueres e outros sanduíches (1,1% das calorias totais) e bebidas lácteas (1,1% das calorias totais). 2017-2018 Calorias consumidas de acordo com o nível de extensão do processamento de alimentos 37 38 07/05/2021 Pesquisa de Orçamentos Familiares – resultados entre 2008/2009 e 2017/2018 39 40 07/05/2021 • As médias de consumo diário de açúcar de adição (açúcar de mesa e o adicionado a preparações e alimentos processados e ultraprocessados), na comparação dos dois períodos, aumentaram nos três grupos etários e em ambos os sexos, tanto em valores absolutos quanto proporcionalmente ao consumo de energia, sendo esse incremento mais pronunciado entre os adolescentes. • A prevalência geral de ingestão de sódio acima do limite máximo aceitável quase não apresentou mudança no período, com 53,5% em 2017-2018, sendo mais elevada em homens adultos (74,2%) e reduzida em mulheres idosas (25,8%). 2017-2018 Ingestão alimentar • A ingestão média de gordura saturada foi mais elevada do que da média populacional para os indivíduos que relataram o consumo de carne bovina, biscoito doce, doces, frios e embutidos, bebidas com adição de açúcar, leite e derivados, e pizza e sanduíches, sendo esse aumento acima de 20% para os quatro últimos grupos de alimentos. • As médias de ingestão de gordura trans entre os indivíduos que relataram o consumo de carne bovina, sucos, leite e derivados, pizza e sanduíches, frios e embutidos, bebidas com adição de açúcar, biscoito salgado, e biscoito doce foram mais elevadas do que a média da população. 2017-2018 Ingestão alimentar 41 42 07/05/2021 • Em 2017-2018, indivíduos que relataram o consumo de sucos, pizza e sanduíches, doces, biscoito doce, frios e embutidos e bebidas com adição de açúcar apresentaram médias de ingestão de energia de pelo menos 10% acima da média populacional. • Os que relataram consumir pizza e sanduíches, leite e derivados, bebidas com adição de açúcar, e biscoito salgado, apresentaram médias de ingestão de fibras inferiores à média da população. 2017-2018 Ingestão alimentar CONSUMO ALIMENTAR ATUAL • Brasileiros e brasileiras de 45 a 55 anos estão consumindo mais alimentos ultraprocessados durante a pandemia. O consumo desses produtos nessa faixa etária era de 9% em outubro de 2019, enquanto em junho deste ano saltou para 16%. • O levantamento feito em 2020 abordou pessoas entre 18 e 55 anos pertencentes a todas as classes econômicas e de todas as regiões do Brasil, e revela que salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados foram os produtos campeões de consumo em comparação com o levantamento realizado em 2019, subindo de 30% para 35% a proporção de pessoas que os consomem. O segundo lugar no ranking ficou para margarina, maionese, ketchup ou outros molhos industrializados, cujo consumo subiu de 50% para 54% em 2020. Fonte: Pesquisa Datafolha, encomendado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) 43 44 07/05/2021 CONSUMO ALIMENTAR ATUAL • Analisando as regiões, 57% da população no Sudeste relatou consumir margarina, enquanto em 2019, 50% das pessoas dessa região consumiram esse produto. Em segundo lugar ficaram os sucos de fruta em caixa ou lata ou refrescos em pó, com um aumento de 30% para 36% no período. Já na terceira posição ficou o salgadinho de pacote ou biscoito salgado, de 27% para 33%. • Em relação à escolaridade dos participantes, 33% das pessoas que estudaram até o ensino fundamental consumiram salsicha, linguiça, mortadela, presunto e outro alimento embutido em 2020, enquanto esse consumo era de 24% no ano anterior. Além disso, 51% dos indivíduos com essa mesma escolaridade utilizaram margarina, maionese, ketchup e outros molhos industrializados em seus alimentos neste ano, sendo que 42% os consumiam em 2019. • Quando analisado o local de moradia da população, revelou-se que o consumo de pelo menos uma fruta diminuiu nos municípios do interior, de 68% para 62%. Além disso, na região Nordeste, a frequência do consumo de pelo menos uma fruta diminuiu de 72% em 2019 para 64% em 2020. Fonte: Pesquisa Datafolha, encomendado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) 45 46 07/05/2021 Transição nutricional A transição nutricional pode ser definida como o conjunto de mudanças nos padrões nutricionais resultantes de modificações na estrutura da dieta dos indivíduos e que se correlacionam com mudanças econômicas, sociais, demográficas e relacionadas à saúde. Transição nutricional no Brasil Século XIX: primeiros estudos sistematizados sobre os hábitos alimentares e as doenças carenciais relacionadas à alimentação da população brasileira 1930 1980 Perfil epidemiológico nutricional brasileiro: Doenças nutricionais relacionadas à miséria, à pobreza e ao atraso econômico, constituído pelas doenças relacionadas às carências nutricionais (desnutrição proteico-calórica, hipovitaminose A, pelagra, anemia ferropriva, bócio etc.), foi se modificando com a incidência de doenças relacionadas ao excesso nutricional (obesidade, diabetes, dislipidemias, hipertensão, certos tipos de câncer etc.) 47 48 07/05/2021 Transição nutricional no Brasil 1937 1945 As transformações econômicas, políticas e sociais ocorridas no Brasil levaram à: - descoberta científica da fome (o surgimento da ciência da Nutrição); - criação da prática profissional em Nutrição (criação dos cursos para formação do nutricionista); - instituição da política social de alimentação e nutrição. Geografia da fome Lançado em 1946 por Josué de Castro. Desenhou o mapa da fome no Brasil, dividindo-o em cinco partes, de acordo com o contexto alimentar de cada uma: Amazônia, Nordeste açucareiro (apenas Zona da Mata e litoral), Sertão Nordestino, Centro-Oeste (aqui ele incluiu Minas Gerais) e o Sul. Abordou o processo de colonização das áreas, de produção de alimentos e de aparecimento de doenças nos moradores. 49 50 07/05/2021 Geografia da fome Indicado três vezes para o prêmio Nobel: concorreu para o Nobel de Medicina em 1954, e nos anos de 1963 e 1970, ao Nobel da Paz. Josué de Castro é o patrono do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Mapa da fome no Brasil 51 52 07/05/2021 Geografia da fome “Esta dramática situação alimentar (...) impõe a necessidade inadiável de uma política alimentar mais efetiva, que não seja apenas de paliativos e de correção das falhas mais gritantes através de programas simplesmente assistenciais. Impõe-se uma política que, acelerando o processo de desenvolvimento, quebrando as mais reacionárias forças de contenção que impedem o acesso à economia do país a grupos e setores enormes da nacionalidade, venham (SIC) a criar os meios indispensáveis à elevação dos nossos padrões de alimentação (p.304).” Transição nutricional no Brasil 1946 1963 - a propagação do discurso de combate à fome no contexto mundial e no Brasil - a criação das primeiras organizações não governamentais (ONG) com propósitos humanitários de combate à fome, a exemplo da Associação Mundial de Luta Contra a Fome (ASCOFAM). 53 54 07/05/2021 Transição nutricional no Brasil 1970 - Período de colapso do capitalismo. - Fome mundial ressurgiu com maior intensidade a partir da controvertida crise mundial de alimentos. Estudo Nacional de Despesas Familiares (Endef) de1974/1975 no Brasil: atestou a degradação das condições de vida das massas trabalhadoras excluídas do processo decrescimento econômico. Transição nutricional no Brasil Incorporação do planejamento nutricional ao planejamento econômico dos países do Terceiro Mundo, em particular dos países latino-americanos. 55 56 07/05/2021 Transição nutricional no Brasil 1974/1975: 67,0% da população apresentava um consumo energético inferior às necessidades nutricionais mínimas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 46,10% 24,30% 26,40% 0,00% 25,00% 50,00% 75,00% 100,00% <5 anos adultos e idosos adultos e idosos Desnutrição energético-proteica Sexo masculino Sexo feminino Transição nutricional no Brasil Melhoria do estado nutricional da população brasileira Hipóteses: • aumento moderado da renda familiar • expansão da cobertura dos serviços e programas sociais, entre esses, os programas de alimentação e nutrição 1975 1989 57 58 07/05/2021 Transição nutricional no Brasil A Ação da Cidadania e o Plano de Combate à Fome e à Miséria chamavam a atenção para os 32 milhões de pobres e famintos existentes no país. No mesmo período, acende um alerta para os chamados fenômenos da transição epidemiológica e da transição nutricional no Brasil. • Elevação da prevalência da obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis, tais como diabetes mellitus, cardiopatias, osteoporose, dislipidemias e neoplasias. 1990 Curvas de crescimento de crianças e adolescentes até 19 anos de idade, segundo a idade - Brasil - períodos 1974-1975, 1989 e 2008- 2009 Transição nutricional (POF) 59 60 07/05/2021 Curvas de evolução do peso de crianças até 9 anos de idade, segundo a idade - Brasil - períodos 1974-1975, 1989 e 2008-2009 Transição nutricional (POF) Transição nutricional (POF) Prevalência de excesso de peso na população de 5 a 9 anos de idade, por sexo - Brasil - períodos 1974-1975, 1989 e 2008-2009 10,90% 15,0% 34,80% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 1974-1975 1989 2008-2009 Masculino 8,60% 11,90% 32,0% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 1974-1975 1989 2008-2009 Feminino 61 62 07/05/2021 Transição nutricional (POF) Prevalência de obesidade na população de 5 a 9 anos de idade, por sexo - Brasil - períodos 1974-1975, 1989 e 2008-2009 2,90% 4,10% 16,60% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 1974-1975 1989 2008-2009 Masculino 1,80% 2,40% 11,80% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 1974-1975 1989 2008-2009 Feminino Transição nutricional (POF) Prevalência de excesso de peso nos adolescentes de10 a 19 anos de idade, por sexo - Brasil - períodos 1974-1975, 1989 e 2008-2009 3,70% 7,70% 16,70% 21,70% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 1974-1975 1989 2002-2003 2008-2009 Masculino 7,60% 13,90% 15,10% 19,40% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 1974-1975 1989 2002-2003 2008-2009 Feminino 3 vezes6 vezes 63 64 07/05/2021 Transição nutricional (POF) Prevalência de obesidade nos adolescentes de10 a 19 anos de idade, por sexo - Brasil - períodos 1974-1975, 1989 e 2008-2009 0,40% 1,5% 4,1% 5,90% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 1974-1975 1989 2002-2003 2008-2009 Masculino 0,70% 2,20% 3,00% 4,0% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 1974-1975 1989 2002-2003 2008-2009 Feminino Transição nutricional (POF) Prevalência de excesso de peso em adultos, por sexo - Brasil - períodos 1974-1975, 1989 e 2008-2009 18,50% 29,90% 41,40% 50,10% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 1974-1975 1989 2002-2003 2008-2009 Masculino 28,70% 41,40% 40,90% 48,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 1974-1975 1989 2002-2003 2008-2009 Feminino 3 vezes 2 vezes 65 66 07/05/2021 Transição nutricional (POF) Prevalência de obesidade em adultos, por sexo - Brasil - períodos 1974-1975, 1989 e 2008-2009 2,80% 5,4% 9,0% 12,40% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 1974-1975 1989 2002-2003 2008-2009 Masculino 4 vezes 8,00% 13,20% 13,50% 16,9% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 1974-1975 1989 2002-2003 2008-2009 Feminino 2 vezes Estado nutricional: VIGITEL • Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), desde 2006, em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. • População de adultos (≥ 18 anos de idade)Objetivo: monitorar a frequência e a distribuição dos principais determinantes das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). 67 68 07/05/2021 60,9 59,5 59,2 58 57,1 56,6 56,6 56,6 55,8 55,8 55,6 55 54,7 54,4 54,3 53,7 53,6 53,6 53,3 53,3 52,7 52,7 52,5 51,8 50,3 49,9 49,1 0 10 20 30 40 50 60 70 Percentual de adultos (≥ 18 anos) com excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m2 ), por sexo, segundo as capitais dos estados brasileiros e o Distrito Federal. Vigitel, 2019 todos 0 10 20 30 40 50 60 70 Percentual de homens (≥ 18 anos) com excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m2 ), segundo as capitais dos estados brasileiros e o Distrito Federal. Vigitel, 2019 todos masculino 69 70 07/05/2021 0 10 20 30 40 50 60 70 todos feminino Percentual de mulheres (≥ 18 anos) com excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m2 ), segundo as capitais dos estados brasileiros e o Distrito Federal. Vigitel, 2019 0 10 20 30 40 50 60 70 Percentual de adultos (≥ 18 anos) com excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m2 ), por sexo, segundo as capitais dos estados brasileiros e o Distrito Federal. Vigitel, 2019 todos masculino feminino 71 72 07/05/2021 23,4 23,3 22,9 22,5 22,5 22,5 21,7 21,7 21,6 21,2 20,6 20,4 20 19,9 19,9 19,9 19,9 19,6 19,6 19,5 19,4 18,1 17,8 17,6 17,6 17,2 15,4 0 5 10 15 20 25 Percentual de adultos (≥ 18 anos) com obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2 ), por sexo, segundo as capitais dos estados brasileiros e o Distrito Federal. Vigitel, 2019 total 0 5 10 15 20 25 30 Percentual de homens (≥ 18 anos) com obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2 ), segundo as capitais dos estados brasileiros e o Distrito Federal. Vigitel, 2019 total homens 73 74 07/05/2021 0 5 10 15 20 25 30 Percentual de mulheres (≥ 18 anos) com obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2 ), segundo as capitais dos estados brasileiros e o Distrito Federal. Vigitel, 2019 total mulheres 0 5 10 15 20 25 30 Percentual de adultos (≥ 18 anos) com obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2 ), por sexo, segundo as capitais dos estados brasileiros e o Distrito Federal. Vigitel, 2019 total homens mulheres 75 76 07/05/2021 77 78 07/05/2021 O consumo de alimentos UP foi positivamente associado ao sobrepeso e obesidade, pressão arterial alta e síndrome metabólica. Nesse largo estudo observacional, uma alto consumo de dietas ricas em UP está associada com um alto risco de DM tipo 2 79 80 07/05/2021 Uso de TV/computador estava associado com maiores frequências de consume de alimentos UP (TV-viewing: OR 1·70; 95 % CI 1·37, 2·12; computer/tablet: OR 1·73; 95 % CI 1·31, 2·27) e baixo consumo de frutas, verduras e legumes (TV- viewing: OR 1·70; 95 % CI 1·29, 2·23; computer/tablet: OR 1·53; 95 % CI 1·08, 2·17) De 43 estudos, 37 que avaliavam consumo de alimentos UP apresentaram, ao menos, um efeito adverso em relação a saúde. Dentre eles, Podemos citar: sobrepeso, obesidade, risco cardiometabólico, SII e depressão. nutrinetbrasil.fsp.usp.br 81 82 07/05/2021 RECOMENDAÇÕES: Faça de alimentos in natura ou minimamente processados a base de sua alimentação. .................... Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias. .................... Limite o uso de alimentos processados, consumindo-os, em pequenas quantidades, como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados. .................... Evite alimentos ultraprocessados. Questão 1 No artigo intitulado "Nutrição e Mídia: uma combinação às vezes indigesta", os autores afirmam a frase a seguir (adaptada):A indústria do emagrecimento, representada pelo desenvolvimento, comercialização e divulgação de produtos destinados à presa fácil que são os que possuem sobrepeso ou obesidade, na busca incansável pela sua perda ponderal, tem contribuindo para o crescimento das revistas e de produtos destinados a este nicho. A - Dietas da moda, alimentos "milagrosos" e reeducação alimentar são utilizados pela indústria do emagrecimento. B - Alimentos "milagrosos", depoimentos de celebridades e indicação de um profissional qualificado são utilizados pela indústria do emagrecimento. C - Revistas femininas, depoimentos de celebridades e reeducação alimentar são utilizados pela indústria do emagrecimento. D - Alimentos "milagrosos", dietas da moda e depoimentos de celebridades são utilizados pela indústria do emagrecimento. E - Depoimentos de celebridades, indicação de um profissional qualificado e alimentos "milagrosos" são utilizados pela indústria do emagrecimento. 83 84 07/05/2021 Questão 2 O nutricionista enquanto profissional competente para realizar projetos e ações de Educação Alimentar e Nutricional, deve considerar o comportamento alimentar um processo determinado apenas pelas condições ambientais em que o indivíduo está inserido, deve considerar o comportamento alimentar: A - Um aprendizado modulado pela imitação, raciocínio e mitos. B - Um processo determinado apenas pelas condições ambientais em que o indivíduo está inserido. C - Fixado na infância, transmitido pela família e sustentado por tradições. D - Um processo construído por representações, significados e simbolismos presentes desde a escolha até a ingestão de alimentos. E - Um condicionamento simples modulado pelo raciocínio e imitação. 85
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