Buscar

Aula 07 - Carreira Jurídica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 07 - Somente em
PDF
D. da Criança e do Adolescente p/
Carreira Jurídica 2021 (Curso
Regular)-Prof. Ricardo Torques
Autor:
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
24 de Março de 2021
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
Sumário 
Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 2 
Lei nº 13.185/2015 ............................................................................................................................................. 2 
Lei nº 13.257/2016 ............................................................................................................................................. 5 
1 - Regras próprias ......................................................................................................................................... 5 
2 - Leis alteradas ............................................................................................................................................ 8 
Lei 13.431/2017 ................................................................................................................................................. 9 
1 - Introdução ................................................................................................................................................. 9 
2 - Direitos e garantias ................................................................................................................................. 13 
3 - Escuta Especializada e Depoimento Especial .......................................................................................... 15 
3.1 - Escuta especializada ............................................................................................................................................... 15 
3.2 - Depoimento especial .............................................................................................................................................. 15 
4 - Integração das Políticas de Atendimento ............................................................................................... 18 
5 - Crimes ...................................................................................................................................................... 21 
Decreto nº 9.603/2019 .................................................................................................................................... 22 
1 - Disposições preliminares ......................................................................................................................... 22 
2 - Disposições Gerais ................................................................................................................................... 28 
3 - Da escuta especializada, do depoimento especial e da capacitação dos profissionais do sistema de 
garantia de direitos ...................................................................................................................................... 34 
4 - Disposições finais .................................................................................................................................... 38 
Legislação Destacada ....................................................................................................................................... 39 
Considerações Finais ........................................................................................................................................ 42 
Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 42 
Lista de Questões ............................................................................................................................................. 52 
Gabarito............................................................................................................................................................ 56 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
2 
56 
LEI Nº 13.185/2015, 13.257/2016 E 13 .431/2017 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Nessa aula veremos três legislações recentes sobre os direitos da criança e do adolescente. São elas: 
 A Lei 13.185/2015, que institui “Programa de Combate à Intimidação Sistemática”; 
 A Lei nº 13.257/2016, que altera o ECA e confere proteção especial às crianças nos primeiros 
anos de vida; 
 A Lei nº 13.431/2017, que altera um dispositivo do ECA e traz vários dispositivos novos. 
Bons estudos a todos! 
LEI Nº 13.185/2015 
Neste capítulo vamos analisar a Lei 13.185/2015, que institui “Programa de Combate à Intimidação 
Sistemática”, também conhecido como bullying. Inicialmente, vejamos o art. 1º da referida norma que 
conceitua a prática: 
Art. 1º Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o 
território nacional. 
§ 1º No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying) todo 
ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, 
praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou 
agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as 
partes envolvidas. 
§ 2º O Programa instituído no caput poderá fundamentar as ações do Ministério da Educação e 
das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, bem como de outros órgãos, aos quais a 
matéria diz respeito. 
Logo, para fins de prova, podemos sintetizar o conceito da seguinte forma: 
Bullying: Atos de violência física ou psicológica praticados por uma pessoa ou grupo contra quem 
está em posição de inferioridade. 
O art. 2º, nesse contexto, retrata as formas de perpetração dessa violência: 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
3 
56 
Art. 2º Caracteriza-se a intimidação sistemática (bullying) quando há violência física ou 
psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação e, ainda: 
I - ataques físicos; 
II - insultos pessoais; 
III - comentários sistemáticos e apelidos pejorativos; 
IV - ameaças por quaisquer meios; 
V - grafites depreciativos; 
VI - expressões preconceituosas; 
VII - isolamento social consciente e premeditado; 
VIII - pilhérias. 
Parágrafo único. Há intimidação sistemática na rede mundial de computadores (cyberbullying), 
quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência, 
adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial. 
No art. 3º, em esforço de especificação, o legislador descreveu exemplos de condutas que podem implicam 
em bullying. A leitura atenta é o suficiente para fins de prova: 
Art. 3º A intimidação sistemática (bullying) pode ser classificada, conforme as ações praticadas, 
como: 
I - verbal: insultar, xingar e apelidar pejorativamente; 
II - moral: difamar, caluniar, disseminar rumores; 
III - sexual: assediar, induzir e/ou abusar; 
IV - social: ignorar, isolar e excluir; 
V - psicológica: perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar, manipular, chantagear e 
infernizar; 
VI - físico: socar, chutar, bater; 
VII - material: furtar, roubar, destruir pertences de outrem; 
VIII - virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar ou adulterar fotos e 
dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de constrangimento 
psicológico e social. 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescentep/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
4 
56 
Em síntese, podemos considerar o bullying como toda e qualquer violência pratica contra uma pessoa que 
esteja em situação de inferioridade frente ao agressor. 
A partir da definição acima, são fixados os objetivos do programa instituído pela lei: 
Art. 4º Constituem objetivos do Programa referido no caput do art. 1º: 
I - prevenir e combater a prática da intimidação sistemática (bullying) em toda a sociedade; 
II - capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, 
prevenção, orientação e solução do problema; 
III - implementar e disseminar campanhas de educação, conscientização e informação; 
IV - instituir práticas de conduta e orientação de pais, familiares e responsáveis diante da 
identificação de vítimas e agressores; 
V - dar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores; 
VI - integrar os meios de comunicação de massa com as escolas e a sociedade, como forma de 
identificação e conscientização do problema e forma de preveni-lo e combatê-lo; 
VII - promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito a terceiros, nos marcos de uma 
cultura de paz e tolerância mútua; 
VIII - evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores, privilegiando mecanismos e 
instrumentos alternativos que promovam a efetiva responsabilização e a mudança de 
comportamento hostil; 
IX - promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, 
com ênfase nas práticas recorrentes de intimidação sistemática (bullying), ou constrangimento 
físico e psicológico, cometidas por alunos, professores e outros profissionais integrantes de 
escola e de comunidade escolar. 
Do rol acima, destaca-se o inc. VIII que especifica que o programa não tem por objetivo buscar a punição dos 
agressores. Nota-se que a preocupação é de cujo educativo, uma vez que a prática é perpetrada em grande 
medida por crianças e adolescentes em ambientes sociais. 
Por fim, confiramos os dispositivos finais da norma: 
Art. 5º É dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das agremiações recreativas 
assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e à 
intimidação sistemática (bullying). 
Art. 6º Serão produzidos e publicados relatórios bimestrais das ocorrências de intimidação 
sistemática (bullying) nos Estados e Municípios para planejamento das ações. 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
==1bd45a==
 
 
 
 
 
5 
56 
Art. 7º Os entes federados poderão firmar convênios e estabelecer parcerias para a 
implementação e a correta execução dos objetivos e diretrizes do Programa instituído por esta 
Lei. 
Art. 8º Esta Lei entra em vigor após decorridos 90 (noventa) dias da data de sua publicação 
oficial. 
Encerramos com isso a análise da Lei 13.185/2015. 
LEI Nº 13.257/2016 
Neste tópico vamos analisar a Lei 13.257/2016. Trata-se de norma que trouxe para o ordenamento jurídico 
afeto à proteção da criança, um tratamento diferenciado àquelas que estiverem nos primeiros 72 meses ou 
seis anos de vida. 
A proteção aos menores de 18 anos parte das regras constitucionais, mas são, essencialmente, aprofundadas 
ao longo do Estatuto da Criança e do Adolescente. Fora isso, temos algumas regras específicas, tais como a 
que agora estudamos. 
A Lei 13.257/2016 se estrutura em duas partes: 
 Em um primeiro bloco de artigos temos as regras próprias da Lei, que são marcadas por 
algumas definições importantes e, também, pela estruturação das políticas públicas aplicadas à 
primeira infância. 
 No segundo bloco temos algumas normas alteradoras. A Lei operou mudanças importantes 
no ECA, no CPP, da CLT e em leis específicas. 
Evidentemente, que o nosso foco serão as regras do primeiro bloco. A segunda parte ela é melhor detalhada 
nos respectivos conteúdos. 
1 - REGRAS PRÓPRIAS 
O art. 1º da Lei é claro em informar o objetivo da Lei. Trata-se de norma que tem por finalidade estabelecer 
princípios e diretrizes para adoção de políticas públicas voltadas à primeira infância, considerando a 
especificidade e relevância da situação. 
Qual o conceito de primeira infância? 
Primeira infância constitui o período que abrange os primeiros seis anos ou 72 meses de vida da criança. 
Lembre-se: 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
6 
56 
 
O conceito de criança, de acordo com o ECA abrange o período de vida que vai até os 12 anos incompletos. 
Portanto, a Lei da Primeira Infância não se aplica a todas as crianças, mas apenas àquelas cuja idade é inferior 
a 6 anos. 
A pretensão do legislador é despender proteção específica à criança nesses primeiros anos de vida. 
Importante frisar também que da leitura da norma, nota-se que a proteção específica não se restringe ao 
período de vida da criança. Vale dizer, desde o momento da gestação, há um esforço no sentido de se conferir 
direitos e de se assegurar um resguardo ao nascituro, com a finalidade de o desenvolvimento seja adequado. 
Essa proteção específica se dá pela construção de políticas públicas específicas. Os direitos assegurados são 
os mesmos, os princípios e valores adotados no ECA são iguais. Portanto, o que irá definir esse atendimento 
especializado é um conjunto próprio de políticas públicas. 
Com foco naquilo que podem ser explorado em questões de prova, citamos o art. 4º, que estabelece quais 
os objetivos das políticas públicas: 
Art. 4o As políticas públicas voltadas ao atendimento dos direitos da criança na primeira 
infância serão elaboradas e executadas de forma a: 
I - atender ao interesse superior da criança e à sua condição de sujeito de direitos e de 
cidadã; 
II - incluir a participação da criança na definição das ações que lhe digam respeito, em 
conformidade com suas características etárias e de desenvolvimento; 
III - respeitar a individualidade e os ritmos de desenvolvimento das crianças e valorizar a 
diversidade da infância brasileira, assim como as diferenças entre as crianças em seus 
contextos sociais e culturais; 
IV - reduzir as desigualdades no acesso aos bens e serviços que atendam aos direitos da 
criança na primeira infância, priorizando o investimento público na promoção da justiça 
social, da equidade e da inclusão sem discriminação da criança; 
V - articular as dimensões ética, humanista e política da criança cidadã com as evidências 
científicas e a prática profissional no atendimento da primeira infância; 
VI - adotar abordagem participativa, envolvendo a sociedade, por meio de suas 
organizações representativas, os profissionais, os pais e as crianças, no aprimoramento da 
qualidade das ações e na garantia da oferta dos serviços; 
PRIMEIRA INFÂNCIA
primeiros seis anos ou 72 
meses de vida
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
7 
56 
VII - articular as ações setoriais com vistas ao atendimento integral e integrado; 
VIII - descentralizar as ações entre os entes da Federação; 
IX - promover a formação da cultura de proteção e promoção da criança, com apoio dos 
meios de comunicação social. 
Parágrafo único. A participação da criança na formulação das políticas e das ações que 
lhe dizem respeito tem o objetivo de promover sua inclusão social como cidadã e dar-se-á 
de acordo com a especificidade de sua idade, devendo ser realizada por profissionais 
qualificadosem processos de escuta adequados às diferentes formas de expressão infantil. 
A leitura atenta aos dispositivos acima é o suficiente. Uma observação, contudo, é importante! 
O inc. II trata da inserção dessas crianças na formulação de políticas públicas. Isso, em um primeiro momento, 
poderá causas estranheza. Afinal, como uma criança de 6 anos terá condições de manifestar-se para 
orientação de políticas públicas? O parágrafo único responde ao questionamento ao informar que haverá 
um processo de escuta especializada por profissionais capacitados para ouvir as demandas e necessidades 
dessas crianças. Essas informações serão consideradas para formação de políticas públicas. 
A partir dessa novidade legislativa doutrina cunhou uma expressão: “criança cidadã”. Esse conceito não se 
relaciona com o voto, modo regular de exercício da cidadania, mas na ideia de considerar a participação 
direta das crianças com até 6 anos de idade na formulação de políticas públicas. 
Dando sequência, o art. 5º também merece referência direta: 
Art. 5o Constituem áreas prioritárias para as políticas públicas para a primeira infância a 
saúde, a alimentação e a nutrição, a educação infantil, a convivência familiar e comunitária, 
a assistência social à família da criança, a cultura, o brincar e o lazer, o espaço e o meio 
ambiente, bem como a proteção contra toda forma de violência e de pressão consumista, 
a prevenção de acidentes e a adoção de medidas que evitem a exposição precoce à 
comunicação mercadológica. 
Esse dispositivo estabelece as áreas prioritárias de atuação na primeira infância. Sabemos, até mesmo por 
força do art. 3º da Lei, que vige o princípio da prioridade absoluta em Direito da Criança e do Adolescente. 
Cotejando esses dispositivos poderíamos afirmar que temas como saúde, convivência familiar e comunitária, 
nutrição e alimentação, para citar alguns exemplos do art. 5º, são ainda mais prioritárias. Trata-se, portanto, 
de uma prioridade qualificada em relação a essas áreas, frente à atuação já prioritária em matéria de infância 
e juventude. 
A partir daí temos uma série de regras e orientações para definição da denominada “Política Nacional 
Integrada para a primeira infância”. Esse tema, tem menor relevância me termos de cobrança em prova de 
modo que, em forma de pontos, vamos sintetizar as principais informações: 
 A política será desenvolvida de forma intersetorial, com a articulação de diversas 
políticas setoriais. 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
8 
56 
 Os entes federativos (União, estados-membros, Distrito Federal e municípios) podem 
criar comitês específicos para tratar das políticas de primeira infância. 
Ä A proteção à primeira infância é objetivo comum de todos os entes da Federação. 
 Há necessidade de formação profissional específica de profissionais que atuam com 
crianças na primeira infância, bem como acesso garantido e prioritário à educação. 
 Devem ser agregadas informações e cadastro de crianças na primeira infância para fins 
estatísticos e para acompanhamento do crescimento e desenvolvimento. 
 Na estruturação de políticas e programas necessário inserir apoio às famílias que tenham 
crianças na primeira infância, considerando visitas domiciliares, promoção da paternidade 
e maternidade responsáveis e fortalecimento da família. 
 Em relação a crianças que estejam em situação de vulnerabilidade haverá prioridade na 
formulação de políticas públicas. 
 Constitui área de atuação prioritária na formulação de políticas públicas o 
desenvolvimento da educação e cultura. 
Em síntese, é o que destacamos dos arts. 6º a 17. 
2 - LEIS ALTERADAS 
Para encerrar a lei, vamos tratar, em caráter informativo, das alterações que foram promovidas em outras 
leis. 
Os arts. 18 a 36 são todas alterações promovidas no ECA, local em que é estudado de forma detalhada. 
O art. 37 faz referência a pontual alteração na CLT para permitir à gestante ter direito a dois dias para 
consultas e um dia por ano para acompanhar filho na primeira infância em consultas médicas. 
O art. 38 traz alterações promovidas na Lei 11.770/2008, que é o Programa Empresa Cidadã, que proporciona 
extensão do período de licença-maternidade e paternidade. 
O art. 41, por sua vez, traz regras alterações do CCP em relação à necessidade de se saber se o investigado 
ou acusado possui filhos na primeira infância, a fim que seja dada atenção a essa situação. 
Além disso, fixou a Lei a possibilidade prisão domiciliar: 
 da gestante, independentemente do tempo da gestação e da situação de saúde, justamente 
com o intuito de proteger o nascituro; 
 da mãe ou do pai (no caso deste, se for o único responsável) com filho de até 12 anos de idade 
incompleto. 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
9 
56 
Por fim, o art. 42 destaca a necessidade de adesão pelos estabelecimentos de saúde públicos e privados ao 
sistema de informatizado de registros de nascimento. 
Com isso, encerramos a análise da Lei 13.256/2016. 
LEI 13.431/2017 
1 - INTRODUÇÃO 
Vamos analisar neste tópico, a Lei 13.431/2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança 
e do adolescente vítima ou testemunha de violência. A ideia da lei é simples: conceder um tratamento 
diferenciado à criança ou ao adolescente que é vítima ou testemunha de violência. É fácil perceber que um 
ambiente policial ou judicial, na sua forma tradicional, é impactante. Partes e testemunhas relatam fatos 
ocorridos, são questionadas sobre detalhes, são incitadas a contradição. Agora, pense em uma criança ou 
adolescentes, vítimas ou testemunhas, passando por tais situações. Considerando se tratar de pessoa em 
desenvolvimento, o legislador notou a necessidade de criar regras e procedimentos específicos, 
principalmente quando envolve situações de violência, entre as quais podemos citar a sexual e a física. 
Portanto, a pretensão é proteger os direitos fundamentais, de crianças e adolescentes vítimas de violência. 
Nesse contexto, o art. 2º traz um rol de direitos que são assegurados. A leitura é importante: 
Art. 2º A criança e o adolescente gozam dos direitos fundamentais inerentes à pessoa 
humana, sendo-lhes asseguradas a proteção integral e as oportunidades e facilidades para 
viver sem violência e preservar sua saúde física e mental e seu desenvolvimento moral, 
intelectual e social, e gozam de direitos específicos à sua condição de vítima ou 
testemunha. 
Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios desenvolverão 
políticas integradas e coordenadas que visem a garantir os direitos humanos da criança e 
do adolescente no âmbito das relações domésticas, familiares e sociais, para resguardá-los 
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, abuso, crueldade e 
opressão. 
Embora ao longo do texto, falemos em crianças e adolescente, destaque-se, desde já, que o art. 3º, parágrafo 
único, prevê que a Lei será facultativamente aplicada aos jovens, vale dizer, àqueles entre 18 e 21 anos de 
idade. 
Ainda, o art. 1º da Lei lista quais são os assuntos objeto de regramento: 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
10 
56 
 
É isso que veremos ao longo dos artigos que estudaremos da Lei 13.431/2017. 
Ainda em relação à parte introdutória deste tópico, dois pontos devem ser destacados: regras de aplicação 
e interpretação e conceito de violência. 
Na aplicação e interpretação da Lei devem ser consideradosdois parâmetros: 
1º - fins sociais a que ela se destina; e 
2º - condições peculiares da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. 
Assim, quando o magistrado, o delegado de polícia, o membro do Ministério Público e órgãos que integram 
a regra protetiva de crianças e adolescentes tiverem dúvidas sobre a interpretação e aplicação das regras da 
Lei 13.431/2017 deverão buscar a decisão que atenda aos fins pretendidos pela norma (proteção específica 
de crianças e adolescentes em situação de violência) e respeito à condição peculiar de pessoa em 
desenvolvimento. 
Para encerrar esse primeiro ponto, não podemos escapar da leitura atenta ao art. 4º. Prepare-se, é extenso: 
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas criminosas, são 
formas de violência: 
I - violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda 
sua integridade ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimento físico; 
II - violência psicológica: 
a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em relação à criança ou 
ao adolescente mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, 
isolamento, agressão verbal e xingamento, ridicularização, indiferença, exploração ou 
intimidação sistemática (bullying) que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico 
ou emocional; 
O QUE TRAZ A LEI 13.431/2017
normatiza e organiza o sistema de garantia dos direitos da criança e do adolescente vítima 
ou testemunha de violência;
cria mecanismos para prevenir e coibir a violência; e
estabelece medidas de assistência e proteção à criança e ao adolescente em situações de 
violência.
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
11 
56 
b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na formação 
psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, 
pelos avós ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou vigilância, que leve ao 
repúdio de genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculo 
com este; 
c) qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta ou indiretamente, a 
crime violento contra membro de sua família ou de sua rede de apoio, independentemente 
do ambiente em que cometido, particularmente quando isto a torna testemunha; 
III - violência sexual, entendida como qualquer conduta que constranja a criança ou o 
adolescente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso, 
inclusive exposição do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou não, que 
compreenda: 
a) abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da criança ou do adolescente para 
fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso, realizado de modo presencial ou 
por meio eletrônico, para estimulação sexual do agente ou de terceiro; 
b) exploração sexual comercial, entendida como o uso da criança ou do adolescente em 
atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer outra forma de compensação, de 
forma independente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo de terceiro, seja de modo 
presencial ou por meio eletrônico; 
c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o transporte, a transferência, o 
alojamento ou o acolhimento da criança ou do adolescente, dentro do território nacional 
ou para o estrangeiro, com o fim de exploração sexual, mediante ameaça, uso de força ou 
outra forma de coação, rapto, fraude, engano, abuso de autoridade, aproveitamento de 
situação de vulnerabilidade ou entrega ou aceitação de pagamento, entre os casos 
previstos na legislação; 
IV - violência institucional, entendida como a praticada por instituição pública ou 
conveniada, inclusive quando gerar revitimização. 
Precisamos bem compreender os conceitos acima lidos. 
São quatro espécies de violência sob tutela da Lei: 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
12 
56 
 
A violência física é aquela ofensiva à integridade física ou corporal ou a que causa sofrimento físico. 
A violência psicológica é constatada em três situações: 
1ª – discriminação, depreciação ou desrespeito que comprometa o seu desenvolvimento 
psíquico ou emocional; 
Essa situação é uma das mais amplas, tanto é que a própria lei tomou o cuidado de listar várias 
hipóteses de discriminação, depreciação ou desrespeito contra menores. Entre elas, destaca-se 
o bullying (ou intimidação sistemática) que envolve a violência física ou psicológica praticada de 
forma intencional e repetida a causar dor e angústia, o qual coloca a vítima em situação de 
inferioridade e subordinação frente aos demais indivíduos do grupo. 
2ª – alienação parental; e 
A violência decorre da interferência na formação psicológica do menor quando alguém da família 
promove ou induz o repúdio contra um dos genitores. 
Na alienação parental temos prejuízo ao pleno exercício da convivência familiar e comunitária, 
em razão da dissolução do vínculo com um dos genitores promovida pela atitude espúria desse 
genitor. 
3ª – conduta que exponha criança/adolescente, direta ou indiretamente, a crime violento contra 
membro da família ou da rede de apoio do menor de 18 anos. 
A terceira situação é comum nos casos em que a criança/adolescente presencia crimes violentos, 
sendo chamada falar sobre os fatos em procedimento de inquérito ou penal. 
A violência sexual envolve o constrangimento de crianças ou de adolescentes a praticar ou presenciar 
conjunção carnal ou ato libidinoso, incluindo a exposição do corpo em imagens e vídeos. Assim, mesmos que 
o menor não compreenda a atitude terá havido violência sexual que compreende o abuso sexual, a 
exploração sexual para fins comerciais e o tráfico de pessoas. 
A violência institucional, por último, é aquela praticada por instituição pública ou conveniada. 
Quanto aos parágrafos do art. 4º, que abaixo citamos, destaca-se: 
 a oitiva de crianças e adolescentes expostos a situação de violência se dará por intermédio da 
escuta especializada e do depoimento especial, que estudaremos adiante; e 
• física
• psicológica
• sexual
• institucional
A LEI 13.431/2017 
TUTELA DIREITOS DAS 
CRIANÇAS/ADOLESCENTE
S EM CASO DE 
VIOLÊNCIA
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
13 
56 
 cabe aos órgãos envolvidos adotar procedimentos com o objetivo de buscar a revelação 
espontânea da violência, que deverá ser confirmada em juízo. 
Veja: 
§ 1º Para os efeitos desta Lei, a criança e o adolescente serão ouvidos sobre a situação de 
violência por meio de escuta especializada e depoimento especial. 
§ 2º Os órgãos de saúde, assistência social, educação, segurança pública e justiça adotarão 
os procedimentos necessários por ocasião da revelação espontânea da violência. 
§ 3º Na hipótese de revelação espontânea da violência, a criança e o adolescente serão 
chamados a confirmar os fatos na forma especificada no § 1o deste artigo, salvo em caso 
de intervenções de saúde. 
§ 4º O não cumprimento do disposto nesta Lei implicará a aplicação das sanções previstas 
na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). 
Finalizamos, assim, o extenso art. 4º e o primeiro tópico da lei. 
2 - DIREITOS E GARANTIAS 
Em relação aos direitos e garantias, temos dois dispositivos. O primeiro dispositivo lista um rol de direitos, o 
segundo trata da questão afeta às medidas protetivas. Devido à importância para a sua prova, vamos iniciar 
com o art. 6º.As medidas protetivas contra o autor da violência devem ser requeridas pela vítima, no caso pela criança ou 
pelo adolescente. Evidentemente que estarão representados ou assistidos a depender do caso. Contudo, é 
importante que você compreenda que se trata de requerimento formulado pelo menor à autoridade judicial. 
Confira: 
Art. 6º A criança e o adolescente vítima ou testemunha de violência têm direito a pleitear, 
por meio de seu representante legal, medidas protetivas contra o autor da violência. 
Parágrafo único. Os casos omissos nesta Lei serão interpretados à luz do disposto na Lei nº 
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), na Lei no 11.340, de 
7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), e em normas conexas. 
Quanto ao art. 5º, entendemos que a leitura atenta é o suficiente para fins de prova: 
Art. 5º A aplicação desta Lei, sem prejuízo dos princípios estabelecidos nas demais normas 
nacionais e internacionais de proteção dos direitos da criança e do adolescente, terá como 
base, entre outros, os direitos e garantias fundamentais da criança e do adolescente a: 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
14 
56 
I - receber prioridade absoluta e ter considerada a condição peculiar de pessoa em 
desenvolvimento; 
II - receber tratamento digno e abrangente; 
III - ter a intimidade e as condições pessoais protegidas quando vítima ou testemunha de 
violência; 
IV - ser protegido contra qualquer tipo de discriminação, independentemente de classe, 
sexo, raça, etnia, renda, cultura, nível educacional, idade, religião, nacionalidade, 
procedência regional, regularidade migratória, deficiência ou qualquer outra condição sua, 
de seus pais ou de seus representantes legais; 
V - receber informação adequada à sua etapa de desenvolvimento sobre direitos, inclusive 
sociais, serviços disponíveis, representação jurídica, medidas de proteção, reparação de 
danos e qualquer procedimento a que seja submetido; 
VI - ser ouvido e expressar seus desejos e opiniões, assim como permanecer em silêncio; 
VII - receber assistência qualificada jurídica e psicossocial especializada, que facilite a sua 
participação e o resguarde contra comportamento inadequado adotado pelos demais 
órgãos atuantes no processo; 
VIII - ser resguardado e protegido de sofrimento, com direito a apoio, planejamento de sua 
participação, prioridade na tramitação do processo, celeridade processual, idoneidade do 
atendimento e limitação das intervenções; 
IX - ser ouvido em horário que lhe for mais adequado e conveniente, sempre que possível; 
X - ter segurança, com avaliação contínua sobre possibilidades de intimidação, ameaça e 
outras formas de violência; 
XI - ser assistido por profissional capacitado e conhecer os profissionais que participam dos 
procedimentos de escuta especializada e depoimento especial; 
XII - ser reparado quando seus direitos forem violados; 
XIII - conviver em família e em comunidade; 
XIV - ter as informações prestadas tratadas confidencialmente, sendo vedada a utilização 
ou o repasse a terceiro das declarações feitas pela criança e pelo adolescente vítima, salvo 
para os fins de assistência à saúde e de persecução penal; 
XV - prestar declarações em formato adaptado à criança e ao adolescente com deficiência 
ou em idioma diverso do português. 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
15 
56 
Parágrafo único. O planejamento referido no inciso VIII, no caso de depoimento especial, 
será realizado entre os profissionais especializados e o juízo. 
Finalizamos, com isso, mais um tópico. 
3 - ESCUTA ESPECIALIZADA E DEPOIMENTO ESPECIAL 
A essência da Lei está neste ponto. A escuta especializada e o depoimento especial constituem os 
instrumentos específicos a serem adotados para evitar maior sofrimento à criança e ao adolescente que for 
vítima de violência ou que tenha presenciado tal fato. 
A fim de sistematizar o nosso estudo, vamos começar com a escuta especializada. 
3.1 - Escuta especializada 
A escuta especializada é compreendida como procedimento de entrevista sobre uma situação de violência 
pela criança ou pelo adolescente perante a rede de proteção. Não é um instrumento judicial, mas um 
primeiro contato feito, por exemplo pelo Conselho Tutela, pelas entidades de acolhimento institucional, por 
intermédio do qual pretende-se que o menor revele de forma espontânea a situação de violência. 
Leia o art. 7º: 
Art. 7º Escuta especializada é o procedimento de entrevista sobre situação de violência 
com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato 
estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade. 
A escuta especializada será realizada de forma não haver contato, mesmo que visual, com o suposto agressor 
ou autor, a fim de gerar constrangimentos na criança/adolescente. Além disso, deverá ocorrer em local 
apropriado e acolhedor. 
3.2 - Depoimento especial 
O depoimento especial, definido no art. 8º, é procedimento de oitiva de criança ou de adolescente vítima ou 
testemunha de violência, perante o juízo ou perante o delegado de polícia. Tal como vimos acima, evita-se 
o contato com o suposto agressor e busca-se local apropriado e acolhedor. É justamente isso que refere o 
art. 9º e 10. 
Vejamos os dispositivos citados: 
Art. 8º Depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança ou adolescente vítima 
ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária. 
Art. 9º A criança ou o adolescente será resguardado de qualquer contato, ainda que visual, 
com o suposto autor ou acusado, ou com outra pessoa que represente ameaça, coação ou 
constrangimento. 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
16 
56 
Art. 10. A escuta especializada e o depoimento especial serão realizados em local 
apropriado e acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que garantam a privacidade da 
criança ou do adolescente vítima ou testemunha de violência. 
Por se tratar de meio de prova e em razão da pessoa a ser ouvida (a criança/adolescente, carecedora de 
proteção especial), são estabelecidas algumas regras: 
 o ato ocorrerá uma única vez; 
No processo judicial regular, podemos ter diversas oitivas da vítima: perante a autoridade policial, 
perante o órgão do Ministério Público em alguns casos e perante o juízo. A fim de evitar que a criança 
retome sucessivas vezes esses momentos traumáticos, adota-se único depoimento. 
 o depoimento especial, sempre que possível, será colhido em sede de produção antecipada de 
provas; 
A técnica antecipada de colheita de provas é medida cautelar tradicionalmente utilizada para 
garantir, para conservar, para proteger eventual prova que, à época da instrução processual, possa 
não mais existir. Logo, temos uma situação urgente, que requer a conservação da prova. 
No caso da Lei 13.431/2017 a urgência decorre da necessidade de se ouvir a criança ou o adolescente 
o quanto antes para que possa superar esse problema e seguir com o seu desenvolvimento, longe de 
quaisquer formas de violência. Desse modo, instaura-se procedimento cautelar que será obrigatório 
em duas situações: a) criança menor de 7 anos; e b) violência sexual. Nos demais, casos ficará a 
critério da autoridade judicial, a partir de requerimento das partes envolvidas no processo. 
 garantia da ampla defesa e do contraditório. 
Por se tratar de meio de prova, necessário que o acusado ou réu possa se defender,mesmo que não 
possa presenciar a tomada do depoimento. 
 a tomada de novo depoimento especial embora vedada, será excepcionalmente admitida 
quando imprescindível e na hipótese de concordância da criança/adolescente vítima ou 
testemunha ou do seu representante legal. 
Analisadas as regras de forma didática, é momento para leitura da legislação: 
Art. 11. O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre que possível, será 
realizado uma única vez, em sede de produção antecipada de prova judicial, garantida a 
ampla defesa do investigado. 
§ 1o O depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova: 
I - quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos; 
II - em caso de violência sexual. 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
17 
56 
§ 2o Não será admitida a tomada de novo depoimento especial, salvo quando justificada a 
sua imprescindibilidade pela autoridade competente e houver a concordância da vítima ou 
da testemunha, ou de seu representante legal. 
Na sequência vamos conferir as regras de procedimento do depoimento especial. Leia com atenção: 
Art. 12. O depoimento especial será colhido conforme o seguinte procedimento: 
I - os profissionais especializados esclarecerão a criança ou o adolescente sobre a tomada 
do depoimento especial, informando-lhe os seus direitos e os procedimentos a serem 
adotados e planejando sua participação, sendo vedada a leitura da denúncia ou de outras 
peças processuais; 
II - é assegurada à criança ou ao adolescente a livre narrativa sobre a situação de violência, 
podendo o profissional especializado intervir quando necessário, utilizando técnicas que 
permitam a elucidação dos fatos; 
III - no curso do processo judicial, o depoimento especial será transmitido em tempo real 
para a sala de audiência, preservado o sigilo; 
IV - findo o procedimento previsto no inciso II deste artigo, o juiz, após consultar o 
Ministério Público, o defensor e os assistentes técnicos, avaliará a pertinência de perguntas 
complementares, organizadas em bloco; 
V - o profissional especializado poderá adaptar as perguntas à linguagem de melhor 
compreensão da criança ou do adolescente; 
VI - o depoimento especial será gravado em áudio e vídeo. 
§ 1o À vítima ou testemunha de violência é garantido o direito de prestar depoimento 
diretamente ao juiz, se assim o entender. 
§ 2o O juiz tomará todas as medidas apropriadas para a preservação da intimidade e da 
privacidade da vítima ou testemunha. 
§ 3o O profissional especializado comunicará ao juiz se verificar que a presença, na sala de 
audiência, do autor da violência pode prejudicar o depoimento especial ou colocar o 
depoente em situação de risco, caso em que, fazendo constar em termo, será autorizado o 
afastamento do imputado. 
§ 4o Nas hipóteses em que houver risco à vida ou à integridade física da vítima ou 
testemunha, o juiz tomará as medidas de proteção cabíveis, inclusive a restrição do 
disposto nos incisos III e VI deste artigo. 
§ 5o As condições de preservação e de segurança da mídia relativa ao depoimento da 
criança ou do adolescente serão objeto de regulamentação, de forma a garantir o direito à 
intimidade e à privacidade da vítima ou testemunha. 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
18 
56 
§ 6o O depoimento especial tramitará em segredo de justiça. 
Desse dispositivo, destacamos algumas informações importantes: 
 assegura-se à criança/adolescente a livre narrativa, com intervenção de profissional 
especializado a fim de atender à elucidação dos fatos; 
 as perguntas serão organizadas em blocos e adaptada pelo profissional especializado para 
melhor compreensão da criança ou do adolescente; 
 embora haja transmissão em tempo real da escuta especializada na sala de audiências com 
gravação, é possível restringir a transmissão e gravação em caso de risco à vida ou à integridade 
física da vítima ou testemunha; e 
 o procedimento tramite em segredo de justiça. 
Com isso, chegamos ao final do ponto mais importante deste estudo. 
4 - INTEGRAÇÃO DAS POLÍTICAS DE ATENDIMENTO 
Nesta parte do conteúdo, veremos várias regras relativas à política de atendimento à criança/adolescente 
vítimas ou testemunhas de violência. Em síntese, temos a fixação de diretrizes para adoção de políticas 
públicas e a definição de regras para: 
 a área de saúde; 
 a assistência social; 
 a segurança pública; 
 o acesso à justiça. 
Primeiramente, fique atento que o art. 13 da Lei estabelece dever de comunicar às autoridades ou à rede de 
proteção em caso de violência contra criança ou adolescente. 
Assim: 
 
Cientes de tais fatos, as entidades acima deverão comunicar imediatamente o Ministério Público. 
DIANTE DE SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA OU CONTRA O ADOLESCENTE PARA É 
DEVER DE QUALQUER PESSOA COMUNICAR:
aos serviços de 
recebimento e 
monitoramento de 
denúncias;
ao conselho tutelar; à autoridade policial.
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
19 
56 
Visto isso, vamos às diretrizes, as quais citamos para rápida leitura: 
Art. 14. As políticas implementadas nos sistemas de justiça, segurança pública, assistência 
social, educação e saúde deverão adotar ações articuladas, coordenadas e efetivas voltadas 
ao acolhimento e ao atendimento integral às vítimas de violência. 
§ 1o As ações de que trata o caput observarão as seguintes diretrizes: 
I - abrangência e integralidade, devendo comportar avaliação e atenção de todas as 
necessidades da vítima decorrentes da ofensa sofrida; 
II - capacitação interdisciplinar continuada, preferencialmente conjunta, dos profissionais; 
III - estabelecimento de mecanismos de informação, referência, contrarreferência e 
monitoramento; 
IV - planejamento coordenado do atendimento e do acompanhamento, respeitadas as 
especificidades da vítima ou testemunha e de suas famílias; 
V - celeridade do atendimento, que deve ser realizado imediatamente - ou tão logo quanto 
possível - após a revelação da violência; 
VI - priorização do atendimento em razão da idade ou de eventual prejuízo ao 
desenvolvimento psicossocial, garantida a intervenção preventiva; 
VII - mínima intervenção dos profissionais envolvidos; e 
VIII - monitoramento e avaliação periódica das políticas de atendimento. 
§ 2o Nos casos de violência sexual, cabe ao responsável da rede de proteção garantir a 
urgência e a celeridade necessárias ao atendimento de saúde e à produção probatória, 
preservada a confidencialidade. 
Na sequência vejamos mais alguns dispositivos relevantes: 
 política de atendimento na área de saúde: 
Art. 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar, no âmbito 
do Sistema Único de Saúde (SUS), serviços para atenção integral à criança e ao adolescente 
em situação de violência, de forma a garantir o atendimento acolhedor. 
Art. 18. A coleta, guarda provisória e preservação de material com vestígios de violência 
serão realizadas pelo Instituto Médico Legal (IML) ou por serviço credenciado do sistema 
de saúde mais próximo, que entregará o material para perícia imediata, observado o 
disposto no art. 5o desta Lei. 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
20 
56 
 políticade atendimento na área de assistência social: 
Art. 19. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão estabelecer, no 
âmbito do Sistema Único de Assistência Social (Suas), os seguintes procedimentos: 
I - elaboração de plano individual e familiar de atendimento, valorizando a participação da 
criança e do adolescente e, sempre que possível, a preservação dos vínculos familiares; 
II - atenção à vulnerabilidade indireta dos demais membros da família decorrente da 
situação de violência, e solicitação, quando necessário, aos órgãos competentes, de 
inclusão da vítima ou testemunha e de suas famílias nas políticas, programas e serviços 
existentes; 
III - avaliação e atenção às situações de intimidação, ameaça, constrangimento ou 
discriminação decorrentes da vitimização, inclusive durante o trâmite do processo judicial, 
as quais deverão ser comunicadas imediatamente à autoridade judicial para tomada de 
providências; e 
IV - representação ao Ministério Público, nos casos de falta de responsável legal com 
capacidade protetiva em razão da situação de violência, para colocação da criança ou do 
adolescente sob os cuidados da família extensa, de família substituta ou de serviço de 
acolhimento familiar ou, em sua falta, institucional. 
 política de atendimento na área de segurança pública: 
Art. 20. O poder público poderá criar delegacias especializadas no atendimento de crianças 
e adolescentes vítimas de violência. 
§ 1o Na elaboração de suas propostas orçamentárias, as unidades da Federação alocarão 
recursos para manutenção de equipes multidisciplinares destinadas a assessorar as 
delegacias especializadas. 
§ 2o Até a criação do órgão previsto no caput deste artigo, a vítima será encaminhada 
prioritariamente a delegacia especializada em temas de direitos humanos. 
§ 3o A tomada de depoimento especial da criança ou do adolescente vítima ou testemunha 
de violência observará o disposto no art. 14 desta Lei. 
Art. 21. Constatado que a criança ou o adolescente está em risco, a autoridade policial 
requisitará à autoridade judicial responsável, em qualquer momento dos procedimentos 
de investigação e responsabilização dos suspeitos, as medidas de proteção pertinentes, 
entre as quais: 
I - evitar o contato direto da criança ou do adolescente vítima ou testemunha de violência 
com o suposto autor da violência; 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
21 
56 
II - solicitar o afastamento cautelar do investigado da residência ou local de convivência, 
em se tratando de pessoa que tenha contato com a criança ou o adolescente; 
III - requerer a prisão preventiva do investigado, quando houver suficientes indícios de 
ameaça à criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência; 
IV - solicitar aos órgãos socioassistenciais a inclusão da vítima e de sua família nos 
atendimentos a que têm direito; 
V - requerer a inclusão da criança ou do adolescente em programa de proteção a vítimas 
ou testemunhas ameaçadas; e 
VI - representar ao Ministério Público para que proponha ação cautelar de antecipação de 
prova, resguardados os pressupostos legais e as garantias previstas no art. 5o desta Lei, 
sempre que a demora possa causar prejuízo ao desenvolvimento da criança ou do 
adolescente. 
Art. 22. Os órgãos policiais envolvidos envidarão esforços investigativos para que o 
depoimento especial não seja o único meio de prova para o julgamento do réu. 
 política de atendimento na área da justiça: 
Art. 23. Os órgãos responsáveis pela organização judiciária poderão criar juizados ou varas 
especializadas em crimes contra a criança e o adolescente. 
Parágrafo único. Até a implementação do disposto no caput deste artigo, o julgamento e a 
execução das causas decorrentes das práticas de violência ficarão, preferencialmente, a 
cargo dos juizados ou varas especializadas em violência doméstica e temas afins. 
Apenas um destaque final! Tanto na redação do art. 20, que trata das delegacias especializadas, como no 
art. 23, que discorre sobre as varas especializadas, o verbo utilizado pelo legislador é “poderá”. Valer dizer, 
compete à organização Polícia Civil e do Poder Judiciário de cada Estado adotar ou não essas delegacias e 
varas especializadas. Não se trata de obrigação imposta pela lei. 
Mais um tópico concluído! 
5 - CRIMES 
Para encerrarmos o conteúdo teórico pertinente desta aula, vale a pena analisar o art. 24, que tipifica um 
crime específico: violação a sigilo processual. Veja: 
Art. 24. Violar sigilo processual, permitindo que depoimento de criança ou adolescente 
seja assistido por pessoa estranha ao processo, sem autorização judicial e sem o 
consentimento do depoente ou de seu representante legal. 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
22 
56 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Primeiramente, cumpre observar que essa tipificação se restringe ao depoimento especial, não alcançando 
a escuta especializada. Assim, se um depoimento vazar a pessoa que não faça parte da relação jurídico-
processual, sem que haja autorização judicial ou consentimento do depoente, o sujeito terá praticado crime 
apenado com reclusão de um a quatro anos, mais aplicação de multa. 
Logo: 
 
Nos arts. 25 a 29 temos algumas regras finais e transitórias de menor importância para fins de concurso 
público. Encerramos, portanto, o estudo teórico da Lei 13.431/2017. 
DECRETO Nº 9.603/2019 
Passamos, agora, à análise do Decreto n. 9.603/2019, que regulamenta a Lei n. 13.431/2017, que acabamos 
de estudar, e estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha 
de violência. 
Vejamos as disposições preliminares do Decreto. 
1 - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
Nesta parte, o Decreto trata sobre a sua finalidade (art. 1º), trata sobre os seus princípios regentes (art. 2º), 
expõe a finalidade do sistema de garantia de direitos e traz algumas disposições específicas e definições (arts. 
4º, 5º e 6º). 
Vejamos uma a uma essas disposições. 
1) Finalidade do Decreto e princípios regentes: 
Confira: 
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017, que estabelece o sistema 
de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. 
CRIME DE VIOLAR 
SIGILO DE 
DEPOIMENTO 
ESPECIAL
vazar a pessoa 
estranha ao 
processo sem 
autorização judicial 
ou consentimento 
do depoente
PENA
reclusão de 1 a 4 
anos; MAIS
multa
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
23 
56 
Como já vimos, o Decreto tem por finalidade regulamentar a Lei n. 13.431/2017 e estabelecer o sistema de 
garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Vejamos quais são os 
princípios regentes deste Decreto: 
Art. 2º Este Decreto será regido pelos seguintes princípios: 
I - a criança e o adolescente são sujeitos de direito e pessoas em condição peculiar de 
desenvolvimento e gozam de proteção integral, conforme o disposto no art. 1º da Lei nº 8.069, 
de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente; 
II - a criança e o adolescente devem receber proteção integral quando os seus direitos forem 
violados ou ameaçados; 
III - a criança e o adolescente têm o direito de ter seus melhores interesses avaliados e 
considerados nas ações ou nas decisões que lhe dizem respeito, resguardada a sua integridade 
física e psicológica; 
IV - em relação às medidasadotadas pelo Poder Público, a criança e o adolescente têm 
preferência: 
a) em receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
b) em receber atendimento em serviços públicos ou de relevância pública; 
c) na formulação e na execução das políticas sociais públicas; e 
d) na destinação privilegiada de recursos públicos para a proteção de seus direitos; 
V - a criança e o adolescente devem receber intervenção precoce, mínima e urgente das 
autoridades competentes tão logo a situação de perigo seja conhecida; 
VI - a criança e o adolescente têm assegurado o direito de exprimir suas opiniões livremente nos 
assuntos que lhes digam respeito, inclusive nos procedimentos administrativos e jurídicos, 
consideradas a sua idade e a sua maturidade, garantido o direito de permanecer em silêncio; 
VII - a criança e o adolescente têm o direito de não serem discriminados em função de raça, cor, 
sexo, idioma, crença, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou regional, étnica 
ou social, posição econômica, deficiência, nascimento ou outra condição, de seus pais ou de seus 
responsáveis legais; 
VIII - a criança e o adolescente devem ter sua dignidade individual, suas necessidades, seus 
interesses e sua privacidade respeitados e protegidos, incluída a inviolabilidade da integridade 
física, psíquica e moral e a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, 
das ideias, das crenças, dos espaços e dos objetos pessoais; e 
IX - a criança e o adolescente têm direito de serem consultados acerca de sua preferência em 
serem atendido por profissional do mesmo gênero. 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
24 
56 
Destaques importantes: 
1) Os princípios trazidos pelo art. 2º guardam uma relação direta com diversos conceitos que nós já 
conhecemos. Em especial, eles encontram inspiração no art. 100, parágrafo único, do ECA, que traz os 
princípios que regem a aplicação de medidas específicas de proteção; 
2) No inciso I, se diz que as crianças e os adolescentes são sujeitos de direitos. Como se sabe, nem sempre 
foi assim. Considerar as crianças e os adolescentes como sujeitos de direitos é uma importante 
mudança de paradigma e a preocupação em expor essa mudança é muito importante para a 
compreensão do Decreto como um todo. No parágrafo único do art. 100 do ECA, também é feito esse 
destaque. Vamos relembrar: 
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, 
preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. 
 Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das medidas: 
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são 
os titulares dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal; 
 
3) No inciso I, também, se diz que a criança e o adolescente são pessoas em condição peculiar de 
desenvolvimento. Essa expressão não é nova e corrobora com a ideia de que às crianças e aos 
adolescentes deve ser despendido um tratamento especial, no qual uma das maiores preocupações 
deve ser a de não atrapalhar ou influenciar de forma prejudicial o desenvolvimento dessas pessoas. A 
expressão aparece repetidas vezes no ECA (ex.: art. 69, I; art. 71; art. 121, caput); 
4) No inciso I, ainda, se diz que as crianças e os adolescentes gozam de proteção integral. Essa expressão 
é importantíssima e deve nos remeter diretamente ao art. 227 da Constituição. Ela é tão importante, 
que o legislador a repete de forma destacada no inciso II. Devemos lembrar, também, do princípio da 
proteção integral e prioritária, trazido pelo art. 100, inciso II, do ECA: 
Art. 100 (...) 
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma 
contida nesta Lei deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que 
crianças e adolescentes são titulares; 
5) O inciso III nos remete ao melhor interesse da criança, princípio, também, consagrado no âmbito dos 
direitos da criança e do adolescente. No art. 100, do ECA, ele aparece como “interesse superior da 
criança e do adolescente”, expressão que pode ser tida como sinônima; 
6) No inciso IV, fala-se em preferência. Isso deve nos remeter, também, ao art. 227 da Constituição e à 
ideia de absoluta prioridade (“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao 
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde (...)”); 
7) No inciso V, fala-se em intervenção precoce, mínima e urgente. Esses conceitos também não são novos 
e vêm definidos no art. 100 do ECA. Vamos relembrar: 
Art. 100 (...) 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
25 
56 
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada 
logo que a situação de perigo seja conhecida; 
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas 
autoridades e instituições cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à 
proteção da criança e do adolescente; 
8) No inciso VI, vemos o direito que a criança e o adolescente tem de exprimir a sua opinião. Até aqui, 
nenhuma novidade também. No ECA se fala em “oitiva obrigatória e participação”: 
Art. 100 (...) 
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, em separado ou na 
companhia dos pais, de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais 
ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida 
de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela 
autoridade judiciária competente, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. 
Vale lembrar, também, a disposição do art. 28, §§ 1º e 2º, que trata sobre a colocação da criança ou 
do adolescente em família substituta: 
Art. 28 (...) 
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe 
interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre 
as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada. 
§ 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, 
colhido em audiência. 
9) No inciso VIII, fala-se em respeito e proteção à dignidade individual, às necessidades, aos interesses e 
à privacidade. O ECA já falava em privacidade, mas apenas, o que nos traz a ideia de que houve uma 
expansão no que se refere a esse princípio. Vejamos: 
Art. 100 (...) 
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser 
efetuada no respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada; 
10) E, por fim, os incisos VII e IX trazem disposições novas. O inciso VII traz o princípio da não discriminação 
e o IX fala sobre o direito que as crianças e os adolescentes tem de serem atendidos por um profissional 
do mesmo gênero (o que se revela importante, em especial, nos casos de violência sexual). 
Dito isso, quais são os princípios regentes do Decreto n. 9.603/2019? São eles: 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
26 
56 
 condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos; 
 condição peculiar da criança e do adolescente como pessoa em desenvolvimento; 
 proteção integral; 
 melhor interesse da criança; 
 preferência (ou absoluta prioridade); 
 intervenção precoce,mínima e urgente; 
 oitiva obrigatória e participação; 
 respeito e proteção à dignidade individual, às necessidades, aos interesses e à privacidade 
 não discriminação 
 direito que as crianças e os adolescentes tem de serem atendidos por um profissional do 
mesmo gênero 
Beleza? Seguindo! 
2) Finalidade do sistema de garantia de direitos 
Vistos os princípios, qual é a finalidade do sistema de garantia de direitos? Vamos conferir o teor do art. 3º 
do Decreto: 
Art. 3º O sistema de garantia de direitos intervirá nas situações de violência contra crianças 
e adolescentes com a finalidade de: 
I - mapear as ocorrências das formas de violência e suas particularidades no território 
nacional; 
II - prevenir os atos de violência contra crianças e adolescentes; 
III - fazer cessar a violência quando esta ocorrer; 
IV - prevenir a reiteração da violência já ocorrida; 
V - promover o atendimento de crianças e adolescentes para minimizar as sequelas da 
violência sofrida; e 
VI - promover a reparação integral dos direitos da criança e do adolescente. 
Percebam que há, nos incisos do art. 3º, uma sequência lógica. Primeiro se deve mapear o problema e as 
particularidades. Depois se deve tentar preveni-lo. Caso a violência ocorra, devem-se envidar esforços para 
cessá-la, bem como, para prevenir a sua reiteração. Aqueles que já sofreram a violência devem ser atendidos, 
de modo a se minimizar as sequelas e a se promover a reparação integral dos direitos violados. 
Portanto, decore: 
 Finalidade do sistema de garantia de direitos: 
  Mapear a violência; 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
27 
56 
  Prevenir a violência; 
  Fazer cessar a violência; 
  Prevenir a reiteração; 
  Minimizar as sequelas; 
  Promover a reparação integral. 
3) Disposições específicas e definições 
Os arts. 4º, 5º e 6º, trazem algumas disposições específicas sobre o idioma em que as crianças e adolescentes 
devem ser ouvidos, sobre algumas definições e sobre a acessibilidade. Aqui, recomenda-se uma leitura 
atenta para a sua prova, com destaque para as definições, que são muito cobradas em concursos. Vejamos: 
Art. 4º A criança ou o adolescente, brasileiro OU estrangeiro, que fale outros idiomas deverá ser 
consultado quanto ao idioma em que prefere se manifestar, em qualquer serviço, programa ou 
equipamento público do sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou 
testemunha de violência, tomadas as medidas necessárias para esse atendimento, quando 
possível. 
Art. 5º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: 
I - violência institucional - violência praticada por agente público no desempenho de função 
pública, em instituição de qualquer natureza, por meio de atos comissivos ou omissivos que 
prejudiquem o atendimento à criança ou ao adolescente vítima ou testemunha de violência; 
II - revitimização - discurso ou prática institucional que submeta crianças e adolescentes a 
procedimentos desnecessários, repetitivos, invasivos, que levem as vítimas ou testemunhas a 
reviver a situação de violência ou outras situações que gerem sofrimento, estigmatização ou 
exposição de sua imagem; 
III - acolhimento ou acolhida - posicionamento ético do profissional, adotado durante o processo 
de atendimento da criança, do adolescente e de suas famílias, com o objetivo de identificar as 
necessidades apresentadas por eles, de maneira a demonstrar cuidado, responsabilização e 
resolutividade no atendimento; e 
IV - serviço de acolhimento no âmbito do Sistema Único de Assistência Social - Suas - serviço 
realizado em tipos de equipamentos e modalidades diferentes, destinados às famílias ou aos 
indivíduos com vínculos familiares rompidos ou fragilizados, a fim de garantir sua proteção 
integral. 
Art. 6º A acessibilidade aos espaços de atendimento da criança e do adolescente vítima ou 
testemunha de violência deverá ser garantida por meio de: 
I - implementação do desenho universal nos espaços de atendimentos a serem construídos; 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
28 
56 
II- eliminação de barreiras e implementação de estratégias para garantir a plena comunicação de 
crianças e adolescentes durante o atendimento; 
III - adaptações razoáveis nos prédios públicos ou de uso público já existentes; e 
IV - utilização de tecnologias assistivas ou ajudas técnicas, quando necessário. 
Observe que o conceito de violência institucional (art. 5º, I, do Decreto) é diferente do conceito de violência 
institucional trazido pela Lei n. 13.431/2017 (art. 4º, VI, da Lei). 
Vamos em frente! 
2 - DISPOSIÇÕES GERAIS 
No art. 3º, nós vimos qual é a finalidade do sistema de garantia de direitos. Mas ficaram algumas dúvidas: o 
que é o sistema de garantia de direitos? Quem compõe esse sistema? Essas dúvidas são esclarecidas pelos 
arts. 7º, 8º e 9º do Decreto. Vejamos a seguir: 
Art. 7º Os órgãos, os programas, os serviços e os equipamentos das políticas setoriais que 
integram os eixos de promoção, controle e defesa dos direitos da criança e do adolescente 
compõem o sistema de garantia de direitos e são responsáveis pela detecção dos sinais de 
violência. 
Art. 8º O Poder Público assegurará condições de atendimento adequadas para que crianças 
e adolescentes vítimas de violência ou testemunhas de violência sejam acolhidos e 
protegidos e possam se expressar livremente em um ambiente compatível com suas 
necessidades, características e particularidades. 
Art. 9º Os órgãos, os serviços, os programas e os equipamentos públicos trabalharão de 
forma integrada e coordenada, garantidos os cuidados necessários e a proteção das 
crianças e dos adolescentes vítimas ou testemunhas de violência, os quais deverão, no 
prazo de cento e oitenta dias, contado da data de publicação deste Decreto: 
I - instituir, preferencialmente no âmbito dos conselhos de direitos das crianças e dos 
adolescentes, o comitê de gestão colegiada da rede de cuidado e de proteção social das 
crianças e dos adolescentes vítimas ou testemunhas de violência, com a finalidade de 
articular, mobilizar, planejar, acompanhar e avaliar as ações da rede intersetorial, além de 
colaborar para a definição dos fluxos de atendimento e o aprimoramento da integração do 
referido comitê; 
II - definir o fluxo de atendimento, observados os seguintes requisitos: 
a) os atendimentos à criança ou ao adolescente serão feitos de maneira articulada; 
b) a superposição de tarefas será evitada; 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
29 
56 
c) a cooperação entre os órgãos, os serviços, os programas e os equipamentos públicos 
será priorizada; 
d) os mecanismos de compartilhamento das informações serão estabelecidos; 
e) o papel de cada instância ou serviço e o profissional de referência que o supervisionará 
será definido; e 
III - criar grupos intersetoriais locais para discussão, acompanhamento e encaminhamento 
de casos de suspeita ou de confirmação de violência contra crianças e adolescentes. 
§ 1º O atendimento intersetorial poderá conter os seguintes procedimentos: 
I - acolhimento ou acolhida; 
II - escuta especializada nos órgãos do sistema de proteção; 
III - atendimento da rede de saúde e da rede de assistência social; 
IV - comunicação ao Conselho Tutelar; 
V - comunicação à autoridade policial; 
VI - comunicação ao Ministério Público; 
VII - depoimento especial perante autoridade policial ou judiciária; e 
VIII - aplicaçãode medida de proteção pelo Conselho Tutelar, caso necessário. 
§ 2º Os serviços deverão compartilhar entre si, de forma integrada, as informações 
coletadas junto às vítimas, aos membros da família e a outros sujeitos de sua rede afetiva, 
por meio de relatórios, em conformidade com o fluxo estabelecido, preservado o sigilo das 
informações. 
§ 3º Poderão ser adotados outros procedimentos, além daqueles previstos no § 1º, quando 
o profissional avaliar, no caso concreto, que haja essa necessidade. 
Destaques: 
1) Quem compõe, portanto, o sistema de garantia de direitos são os órgãos, os programas, os serviços e 
os equipamentos das políticas setoriais que integram os eixos de promoção, controle e defesa dos 
direitos da criança e do adolescente; 
2) Esses órgãos, serviços, programas e equipamentos públicos trabalharão de forma integrada e 
coordenada, garantidos os cuidados necessários e a proteção das crianças e dos adolescentes vítimas 
ou testemunhas de violência; 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
30 
56 
3) Em um prazo de 180 dias contados da publicação do Decreto, deve ser instituído o comitê de gestão 
colegiada da rede de cuidado e de proteção social das crianças e dos adolescentes vítimas ou 
testemunhas de violência; 
4) Esse órgão terá a finalidade de articular, mobilizar, planejar, acompanhar e avaliar as ações da rede 
intersetorial, além de colaborar para a definição dos fluxos de atendimento e para o aprimoramento 
da sua integração; 
5) A definição dos fluxos de atendimento, que deve ser realizada pelo comitê, deverá observar os 
seguintes requisitos: 
a) os atendimentos à criança ou ao adolescente serão feitos de maneira articulada; 
b) a superposição de tarefas será evitada; 
c) a cooperação entre os órgãos, os serviços, os programas e os equipamentos públicos será priorizada; 
d) os mecanismos de compartilhamento das informações serão estabelecidos; e 
e) o papel de cada instância ou serviço e o profissional de referência que o supervisionará será definido; 
6) Além do comitê, devem ser criados grupos intersetoriais locais para discussão, acompanhamento e 
encaminhamento de casos de suspeita ou de confirmação de violência contra crianças e adolescentes; 
7) O atendimento intersetorial poderá conter os seguintes procedimentos: 
I - acolhimento ou acolhida; 
II - escuta especializada nos órgãos do sistema de proteção; 
III - atendimento da rede de saúde e da rede de assistência social; 
IV - comunicação ao Conselho Tutelar; 
V - comunicação à autoridade policial; 
VI - comunicação ao Ministério Público; 
VII - depoimento especial perante autoridade policial ou judiciária; e 
VIII - aplicação de medida de proteção pelo Conselho Tutelar, caso necessário. 
8) Além desses procedimentos, poderão ser adotados outros, quando o profissional avaliar, no caso 
concreto, que haja essa necessidade 
No art. 10, o Decreto traz disposição específica sobre o atendimento à saúde das crianças e adolescentes em 
situação de violência, com destaque para os casos de violência sexual e a necessidade de realização de 
exames e de adoção de medidas profiláticas contra infecções sexualmente transmissíveis, anticoncepção de 
emergência, além da coleta de vestígios. Confiram: 
Art. 10. A atenção à saúde das crianças e dos adolescentes em situação de violência será 
realizada por equipe multiprofissional do Sistema Único de Saúde - SUS, nos diversos níveis 
de atenção, englobado o acolhimento, o atendimento, o tratamento especializado, a 
notificação e o seguimento da rede. 
Parágrafo único. Nos casos de violência sexual, o atendimento deverá incluir exames, 
medidas profiláticas contra infecções sexualmente transmissíveis, anticoncepção de 
emergência, orientações, quando houver necessidade, além da coleta, da identificação, da 
descrição e da guarda de vestígios. 
No art. 11, fala-se sobre a situação em que o profissional da educação identifica (ou a criança/adolescente 
revela) a ocorrência de atos de violência, inclusive no ambiente escolar, hipótese em que esse profissional 
deverá adotar uma série de medidas. Vejam: 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
31 
56 
Art. 11. Na hipótese de o profissional da educação identificar ou a criança ou adolescente 
revelar atos de violência, inclusive no ambiente escolar, ele deverá: 
I - acolher a criança ou o adolescente; 
II - informar à criança ou ao adolescente, ou ao responsável ou à pessoa de referência, 
sobre direitos, procedimentos de comunicação à autoridade policial e ao conselho tutelar; 
III - encaminhar a criança ou o adolescente, quando couber, para atendimento emergencial 
em órgão do sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou 
testemunha de violência; e 
IV - comunicar o Conselho Tutelar. 
Parágrafo único. As redes de ensino deverão contribuir para o enfrentamento das 
vulnerabilidades que possam comprometer o pleno desenvolvimento escolar de crianças e 
adolescentes por meio da implementação de programas de prevenção à violência. 
O art. 12 traz algumas disposições específicas sobre o Sistema Único de Assistência Social (Suas). Para os fins 
da sua prova, vale apenas uma leitura. 
Art. 12. O Suas disporá de serviços, programas, projetos e benefícios para prevenção das 
situações de vulnerabilidades, riscos e violações de direitos de crianças e de adolescentes 
e de suas famílias no âmbito da proteção social básica e especial. 
§ 1º A proteção social básica deverá fortalecer a capacidade protetiva das famílias e 
prevenir as situações de violência e de violação de direitos da criança e do adolescente, 
além de direcioná-los à proteção social especial para o atendimento especializado quando 
essas situações forem identificadas. 
§ 2º O acompanhamento especializado de crianças e adolescentes em situação de violência 
e de suas famílias será realizado preferencialmente no Centro de Referência Especializado 
de Assistência Social - Creas, por meio do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado 
a Famílias e Indivíduos, em articulação com os demais serviços, programas e projetos do 
Suas. 
§ 3º Onde não houver Creas, a criança ou o adolescente será encaminhado ao profissional 
de referência da proteção social especial. 
§ 4° As crianças e os adolescentes vítimas ou testemunhas de violência e em situação de 
risco pessoal e social, cujas famílias ou cujos responsáveis se encontrem temporariamente 
impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção, podem acessar os serviços 
de acolhimento de modo excepcional e provisório, hipótese em que os profissionais 
deverão observar as normas e as orientações referentes aos processos de escuta 
qualificada quando se configurarem situações de violência. 
Ricardo Torques
Aula 07 - Somente em PDF
D. da Criança e do Adolescente p/ Carreira Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof. Ricardo Torques
www.estrategiaconcursos.com.br
1823834
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
 
 
 
 
32 
56 
Já no art. 13, fala-se sobre os procedimentos a serem adotados pela autoridade policial. Vamos dar uma lida 
no dispositivo e depois vamos conferir alguns destaques: 
Art. 13. A autoridade policial procederá ao registro da ocorrência policial e realizará a 
perícia. 
§ 1º O registro da ocorrência policial consiste na descrição preliminar das circunstâncias 
em que se deram o fato e, sempre que possível, será elaborado a partir de documentação 
remetida por outros serviços, programas e equipamentos públicos, além do relato do 
acompanhante da criança ou do adolescente. 
§ 2º O registro da ocorrência policial deverá ser assegurado, ainda que a criança ou

Continue navegando