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Atividade corona virus Não é a primeira vez que um coronavirus está em circulação global no século XXI, nos anos de 2002 a 2003 a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e em 2011 a MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio). E recentemente no fim do ano de 2019, em Wuhan, na China, um novo coronavírus (SARS-CoV-2) tornou-se uma pandemia global que se perdura até os dias atuais através de uma doença oficialmente nomeada de COVID-19 (Doença do Corona Vírus 2019). Apesar de pertencerem ao mesmo grupo, os vírus geraram diferentes impactos através de suas respectivas manifestações patológicas. O SARS-CoV foi responsável por gerar 8.096 casos no mundo, o MERS-CoV 2.494 e o SARS-CoV-2 2.790.986 (24 de abril de 2020), as taxas de mortalidade dos três, respectivamente, são de 9.19% (744), 34.4% (858) e 7.0% (195.920) – apesar da taxa de mortalidade por COVID-19 ser menor que as anteriormente citadas, o número de casos acumulados excedeu enormemente o de ambas com apenas 4 meses após o surto. Os indivíduos infectados pelo SARS-CoV possuem idade média de 39.9 anos de idade, enquanto que pelo MERS-CoV de 56 e pelo SARS-CoV-2 pode atingir qualquer idade, sendo idosos, pessoas com baixa imunidade e doentes crônicos os mais suscetíveis. O provável reservatório natural das três formas é o morcego, enquanto que os intermediários são civetas (SARS-CoV), camelo (MERS-CoV) e pangolim (SARS-CoV-2), o tempo de incubação em dias de cada uma no humano é de, respectivamente, 4.7, 5.8 e 4.9, em média. 2. Desenhe a estrutura viral do SARS-Cov-2 e discorra através destas sobre o porquê de sua alta taxa de mutação e infecção celular. O material genético do SARS-CoV-2 é constituído por uma fita de RNA de cadeia simples e senso positivo, isso o torna menos instável devido a seu número reduzido de pares de base – o que facilita sua mutação. Suas proteínas estruturais incluem: proteína Spike, proteína do envelope, proteína da membrana e fosfoproteína do nucleocapsídeo. Quando ocorre a infecção, a proteína Spike localizada na superfície do SARS-CoV-2 associa-se a uma proteína receptora presente na parte exterior das células, o que por sua vez permite e facilita a entrada do vírus no organismo. Mutações específicas e singulares tornam a cadeia molecular da proteína Spike no vírus mais comprimida e espessa, comparativamente àquela presente na formação do vírus causador da SARS. Essas mutações contribuíram para que o SARS-CoV-2 se vinculasse ainda mais acentuadamente às células receptoras, facilitando a infeção nos seres humanos 3. Qual/quais o(s) receptor(es) utilizado pelo SARS-CoV-2 para infectar a célula? Quais células são positivas para tais receptores e onde estas células se localizam no corpo humano? De acordo com a análise da sequência de ácidos nucleicos no domínio de ligação ao receptor da proteína spike (RBD) foi prevista que o SAR-CoV-2 também pode usar a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) como receptor celular, enquanto que utiliza TMPRSS2 (Protease Serina Transmembranar 2) para o priming da proteína Spike presente em sua superfície – a entrada do vírus na célula depende da ligação da unidade de superfície (S1) dessa proteína, podendo usar também outros receptores facilitadores. As células que possuem a ACE2 em sua constituição são epiteliais e estão presentes principalmente nos pulmões (células alveolares do tipo 2), rins e intestinos, além de células endoteliais e macrófagos. 4. Uma vez dentro da célula, o SARS-CoV-2 é reconhecido e inicia uma resposta imunológica. Qual/quais receptor(es) padrão reconhecem o SARS-CoV-2 e qual tipo de resposta a inicia. Obs: importante descrever as proteínas produzidas e suas funções. Para montar a resposta imune adequada, as células imunológicas reconhecem o vírus através dos PAMPs (Padrões Moleculares Associados ao Patógeno) pelos receptores endosomais de RNA, TLR3 e TLR7, e pelo sensor RIG-I/MDA5. O reconhecimento leva à cascada de sinalização, que induz a expressão de IFN-I e outras citocinas pró-inflamatórias, essa liberação leva a um ‘looping’ de inflamação que pode causar sérios danos ao tecido infectado. Assim, durante a incubação e em estágios não severos, uma resposta imune inata é requerida para eliminar o vírus e impedir a progressão da doença. Uma produção eficiente de IFN-I deve ser capaz de suprimir a replicação viral e disseminação em estágios iniciais. Quando a resposta é insuficiente, o vírus poderá propagar-se e causar destruição massiva dos tecidos afetados, assim uma específica resposta imune adapatativa é ativada. Essa resposta é orquestrada por células T Helper, enquanto que as células T citotóxicas ficam responsáveis pela eliminação das células infectadas. É relatada alta presença de CD4+ (IFNy, TNFa e IL-2) e CD8+ (IFNy e TNFa). 5. Existe uma citocina pró-inflamatória características das células Th1 que é importante na resposta imune cuja invasão é intracelular (ex: vírus), qual o nome desta citocina e por que esta não é tão eficaz contra o SARS-Cov-2? A citocina produzida pelas células TH1 essencial em invasões intracelulares é a IFN-y. Não é tão eficaz, pois, esse vírus está equipado com mecanismos que inibem a sinalização do interferon, como ao diminuir a fosforilação de STAT1 e bloquear IRF3 e IRF5. As proteínas virais envolvidas na modulação desse tipo de resposta por IFN-I são ambas estruturais (M e N) e não estruturais (proteínas ORF). 6. O que é COVID-19? Qual sua imunopatogenia? A COVID-19 é o nome da doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 que é da família coronavírus. Sua imunopatogenia de acordo com o estudo de 41 pacientes hospitalizados com altos níveis de citocinas pró-inflamatórias, incluindo IL-2, IL-7, IL-10, G-CSF, IP-10, MCP-1, MIP-1A e TNFα, foi observado nos casos graves do COVID-19. Esses achados estão de acordo com a SARS e a MERS, pois a presença de linfopenia e “tempestade de citocinas” pode ter um papel importante na patogênese do COVID-19. Essa chamada “tempestade de citocinas” pode iniciar sepse viral e lesão pulmonar induzida por inflamação, o que leva a outras complicações, incluindo pneumonite, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), insuficiência respiratória, choque, falência de órgãos e potencial morte. 7. Uma vez que o SARS-CoV-2 inicia uma resposta imune exacerbada e essa resposta elevada é causa de complicações que podem levar a morte, por que pacientes imunodepressivos e/ou com morbidades que são o grupo de risco? As alterações na imunidade causadas por doenças de pessoas no grupo de risco podem desencadear uma série de eventos bioquímicos que levam a um aumento na expressão do gene ACE-2, aumento na expressão de ACE-2 e de outros genes facilitadores da infecção faz com que esses pacientes tenham uma quantidade maior de células afetadas pelo vírus SARS-CoV-2 e, consequentemente, um quadro mais severo da doença, pois o SARS-CoV-2 utiliza a ACE-2 para infectar a celula. O que acontece é que essas pessoas do grupo de risco tem a imunidade mais branda devido as outras complicações de doenças já existentes que afetam a ação eficaz da resposta imunológica contra o vírus. Aumento de neutrófilos e diminuição de linfócitos também se correlacionam com a gravidade da doença e a morte. Além disso, os pacientes que necessitam de cuidados na UTI apresentaram níveis plasmáticos mais elevados de muitas citocinas inatas, IP-10, MCP-1, MIP-1A e TNFα. Esses aspectos clínicos sugeriram a probabilidade de envolvimento de uma condição altamente pró-inflamatória na progressão e gravidade da doença. A resposta imune inata desempenha papel crucial nas respostas protetoras ou destrutivas e pode abrir uma janela para a intervenção imune. Com alterações no total de neutrófilos e linfócitos durante o COVID19, o SARS-CoV-2 provavelmente induz IFN tipo I retardado e perda de controle viral em uma fase inicial dainfecção. Os indivíduos suscetíveis ao CoVID19 são aqueles com doenças subjacentes, incluindo diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. 8. Qual o mecanismo de ação do Remdesvir e da Cloroquina? O redemsvir é um análogo da adenosina, incorpora-se na cadeia do RNA viral, resultando numa finalização pré-matura, inibindo a replicase de RNA, uma enzima essencial para a replicação dos vírus. A cloroquina difunde-se passivamente através das membranas celulares e nos lisossomos, onde fica protonada, e não pode sair. Aumenta o pH endossômico e impede a glicosilação da ACE2 (Enzima Conversora da Angiotensina 2), o receptor que o SARS-CoV-2 tem como alvo para a entrada celular. 9. Qual o papel da quarentena? E Quais os métodos de prevenção são eficientes? A quarentena serve para diminuir o risco de transmissão do vírus na sociedade quando não é possível identificar a origem da infecção, com isso controlar o número de casos numa determinada região, para diminuir a curva de infecção. O métodos de prevenção: Lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel a 70%, evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas, manter distância mínima de 2m de qualquer pessoa, evitar contatos físicos com outros, não compartilhar objetos de uso pessoal, além de dormir e se alimentar bem afim de manter eficiente o sistema imune. 10. Quais métodos de desinfecção são eficazes contra o SARS-CoV-2 e por que? https://pfarma.com.br/noticia-setor-farmaceutico/estudo-e-pesquisa/5255-ibuprofeno-cortisona-coronavirus.html Desinfecção de locais públicos com uso de produtos químicos à base de cloro, álcoois para superfícies para poder reduzir ainda mais o risco de propagação de infeções. Limpar as mãos com frequência com água e sabonete ou álcool gel 70%, pois desnaturalizam proteínas e estruturas lipídicas da membrana celular viral, resultando na destruição do microrganismo. O álcool é recomendado em teor de 70% porque possui uma concentração de água suficiente para facilitar sua ação e retardar sua volatilização, permitindo maior tempo de contato. Portanto, preconiza-se a limpeza das superfícies do isolamento com detergente neutro seguida da desinfecção com uma destas soluções desinfetantes.
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