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O HTLV é um vírus oncogênico, ele estabelece uma associação com a célula infectada, não a destrói e mantém o ciclo replicativo dela. Família: retroviridae Subfamília: orthoreovirinae Gênero: deltaretrovirus HTLV-1 (tipos) o Cosmopolita - A ou transcontinental - B ou japonês - C (África e Caribe) - D (norte da África) o Melanésia o Zaire HTLV-2 (tipos) o Htlv-2a ou HTLV-2 Mo (usuários de drogas injetáveis na américa do norte) o HTLV-2b ou HTLV-2 NRA o HTLV-2c O HTLV é um vírus envelopado com um core denso (nucleocapsídeo). Dentro dele, existem: o 2 cópias de RNA fita simples (+) associada a uma molécula de RNAt (ele que vai começar a síntese de DNA). o Enzimas: transcriptase reversa (TR), integrasse (IN) e protease (PR). O genoma está envolto pela proteína associada ao nucleocapsídeo p15, proteína do capsídeo p24 e proteína matriz p19. Possui um envelope lipoproteíco oriundo da célula infectada. Nele, existem heterodímeros de glicoproteínas gp46 (de superfície) e gp21 (transmembrana). (isso é um HTLV 1, olhe direitinho pq mostra todas as proteínas) Existem 2 proteínas na superfície da célula hospedeira que podem ser receptores pro HTLV: NRP-1 (neuropilina 1) e GLUT-1 (transportador de glicose 1). 1. Adsorção: a proteína de superfície g46 interage com a NRP-1 → isso muda a conformação da gp (facilita a interação com GLUT-1). 2. É formado um complexo gp-NRP-1- GLUT-1 → isso induz uma mudança conformacional. 3. Essa mudança permite que o envelope viral se funda a membrana celular e tem intermédio da gp21. 4. O genoma viral é liberado dentro da célula. 5. O RNA é transcrito em DNA de fita dupla pela enzima TR (ela consegue fazer o trabalho de várias enzimas e meio que faz o processo todo). 6. Depois da síntese, esse DNA vai pro núcleo e a enzima IN viral insere ele no DNA celular. Isso não tem um lugar específico pra acontecer. A partir daí, esse provírus integrado começa a produzir várias coisas: proteínas, enzimas etc. Nas extremidades 5’ e 3’ do genoma viral existem 2 sequências terminais repetidas longas (LTR), que tem promotores virais e elementos regulatórios. Os genomas dos HTLV tem uma capacidade muito boa de codificação porque eles usam estratégias de expressão gênica, como o frameshifting ribossomal (gera a poliproteína Gal-Pol) e splicing alternativo. Região Gag: é transcrita em → poliproteína precursora, que é clivada originando a → p19, p24 e p15. Uma parte da região Gag se junta com uma parte de outra região chama Pol e forma o precursor Gag-Pol. Essa junção de regiões dá origem as enzimas virais PR, TR e IN. Gene Env: passa por diversos processos e acaba originando as gp46 e gp21 (isso acontece no complexo de Golgi). A extremidade 3’ é a região pX, ela tem sequências de leitura aberta (ORF) que codificam fosfoproteínas chamadas rex e tax e proteínas acessórias. Ela faz isso a partir de um splicing duplo de um RNAm bicistrônico. Tax: transativadora da atividade viral. HTLV1 → p40; HTLV2 → p37 Rex: atua como regulador pós- transcricional. HTLV1 → p27; HTLV2 → p26. A transmissão pode ser: o Mãe -> filho (via leite materno) o Transfusão sanguínea o Contato sexual (principalmente do homem para a mulher) OBS: a primeira é mais comum em áreas endêmicas, como o Japão. Infecta principalmente células TCD4+, mas também pode infectar TCD8+. A disseminação do HTLV ocorre por contato celular (célula-célula) e não por partículas virais livres. As partículas livres por si só já tem uma baixa infecciosidade, mas além disso elas não são encontradas no soro de indivíduos com HTLV-1. A infecção no genoma das TCD4+ pode ser silenciosa, isso acontece quando o RNAm está na célula, mas não é detectado. Lembre que a enzima IN não tem um lugar específico pra encaixar no DNA viral no DNA celular, então se ela encaixa em um gene que não é crítico (importante), a célula continua funcional, mesmo estando infectada. Ao alterar a funcionalidade da célula TCD4+, o patógeno pode modificar a tolerância do nosso sistema imune, o que pode levar a doenças autoimunes. A maioria das infecções por HTLV-1 são assintomáticas, mas uma parcela pode desenvolver algumas condições (vou falar mais pra frente). A maioria das proteínas regulatórias e acessórias dos 2 vírus tem homologia estrutural e funcional, menos: p13 e p18 → exclusivas de HTLV1 p11 → exclusiva de HTLV2 Mesmo em infecções assintomáticas o HTLV-1 provoca alterações na resposta do sistema imune. A proliferação das células TCD4+ infectadas acontece pelo contato célula-célula (a célula infectada entra em contato com uma célula saudável e a infecta) e de forma clonal (as células já infectadas geram outras e assim por diante). Quando esse número começa a aumentar, o nosso sistema imune começa a produzir citocinas inflamatórias. Essas células, no entanto, são tóxicas para o nosso corpo e para as células infectadas, e por isso gera lesões locais ao combatê-las. As células leucêmicas dessa patologia são derivadas de linfócitos T helper ativados (CD4+CD25+). Eles tem um papel importante, porque produzem citocinas e atuam como linfócitos T reguladores. A leucemia nesse caso se desenvolve a partir de uma instabilidade genética, que é causada por mutações nos genes supressores de tumor (p53 e p16) e cromossomo 14. A tax é essencial pro aparecimento dessa condição. Só que essa proteína é muito “procurada” pelo sistema imune. Então as próprias células que tem tax, começam a diminuir sua quantidade. Isso faz com que elas passem meio “despercebidas” pelo nosso sistema imune e possam se proliferar. FOXP3: aumento de FOXP3, causando aumento de Treg, IL-10 e TGF-B. isso tudo gera imunossupressão. Acontece em 1 a 5% dos infectados, é mais frequente em homens. Normalmente, essa leucemia acontece uns 30 anos depois da infecção. Estudos mostram que a leucemia se desenvolve principalmente em indivíduos infectados no nascimento, ou seja, a idade que a pessoa contrai a doença pode ter relação com desenvolvimento da leucemia. Tem 4 formas clínicas: o Indolente: 5% ou mais de linfócitos T anormais no sangue; envolve o fígado, baço, SNC, ossos e TGI; pode afetar pele e/ou pulmões o Crônica: linfocitose; pode envolver linfonodos, fígado, baço, pulmões etc. o Linfomatosa: linfonodomegalia o Aguda: linfoademamegalia, hepatoesplenomegalia, lesões do SNC, cutâneas etc. OBS: existe a forma tumoral primária de pele, com envolvimento de linfonodos e outros órgãos. Mesmo com tratamentos, tem prognóstico ruim, com sobrevida entre 6-8 meses. A proteína tax participa do processo inicial da leucemogênese (= início da leucemia): o ativa a transcrição de váriiios genes celulares. o Bloqueia a atividade de reparo do DNA o Reprime a transcrição do gene que forma a proteína B-polimerase que é importante no reparo do DNA o Expande o pool de células TCD4. Isso é importante porque aumenta a chance de eventos genéticos acontecerem e esses eventos levam a malignidade das células. o Ela torna as células T (que obviamente estão infectadas pelo HTLV-1) resistentes à inibição do crescimento (ou seja, elas podem crescer indefinidamente). A superexpressão da tax é desfavorável pra célula infectada. Mas ela não é importante pra malignidade da célula? É, mas ela chama muita atenção das células T citotóxicas do sistema imune. Por isso, a própria célula leucêmica que contém a tax, tem fatores que controlam e podem inibir essa produção. HBZ é um outro fator viral que tem funções bimodais em 2 formas moleculares diferentes (o RNAm para HBZ tem uma função e a proteína HBZ tem outra). Ele participa da leucemogênese do HTLV-1 porquena forma de RNAm para HBZ promove a proliferação celular. A FOXP3 é um fator de transcrição relacionado a diferenciação, função e homeostase dos linfócitos T regulatórios (Treg). Sua expressão também é alterada pelo HLTV-1. LTA → aumento de FOXP3, causando aumento de Treg, IL-10 e TGF-B. isso tudo gera imunossupressão. PET/MAH → diminuição de FOXP3, IL-10 e TGF-B. Essa perda da imunossupressão pode aumentar a expressão de doenças porque o processo inflamatório causado não é controlado. Significa paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-1 aka PET/MAH. Tem progressão rápida e associada a processos inflamatórios ativos. Carga proviral é a “quantidade” de vírus no genoma de uma célula infectada (essa definição não tá no livro). Uma pessoa com a carga proviral muito grande tem maior risco de PET/MAH. Carga proviral + proteína tax + fatores genéticos que regulam a resposta imunológica = desenvolvimento de PET/MAH. Na PET/MAH e outras doenças inflamatórias associadas ao HTLV-1, as células infectadas liberam citocinas que induzem danos teciduais característicos de cada doença. FOXP3: diminuição de FOXP3, IL-10 e TGF-B. Essa perda da imunossupressão pode aumentar a expressão de doenças porque o processo inflamatório causado não é controlado. A hipótese mais aceita pra PET/MAH é: 1. Os linfócitos TCD4+ infectados migram pro SNC 2. infectam a população local de células 3. ativam astrócitos e células da micróglia 4. causa uma reação inflamatória com indução de citocinas pró- inflamatórias e síntese de quimiocinas 5. as células inflamatórias migram pro SNC, o que causa uma desregulação da barreira hematoencefálica, lesão da bainha de mielina e destruição axonal É uma doença desmielinizante progressiva crônica. Entre 0,2 e 5% dos infectados, mais frequente em mulheres. Sintomas iniciais: fraqueza e rigidez dos MMII. Outros sintomas: dor lombar, certa perda sensorial, incontinência fecal e urinária. No liquor de indivíduos com PET/MAH existem muitas citocinas pró-inflamatórias e linfócitos ativados. Uveíte = processo inflamatório nos tecidos intraoculares. A uveíte causada por HTLV-1 é intermédiaria e causa opacidade vítrea associada a irite (inflamação da íris) e vasculite brandas. É uma forma de eczema com caráter crônico recidivante. É uma dermatite exsudativa grave, que causa crostas no couro cabeludo, pescoço, orelhas, axilas e virilha. Como a gente já viu, tem várias doenças inflamatórias associadas ao HTLV-1 (ex: alveolite, artrite etc.). HTLV-1 também pode causar manifestações oculares. Crianças infectadas podem ter quadros relacionados a anemia grave, dermatite seborreica, degeneração da retina etc. Também podem apresentar: poliomiosite, disfunção erétil, bexiga neurogênica, síndrome seca etc. O HTLV-2 estimula a proliferação de linfócitos TCD8+. Existe diferença entre a tax do HTLV 1 e 2. Uma das diferenças é que a 1 tem um domínio que a 2 não tem, só que quando implantam esse domínio na tax 2, ela adquire características oncogênicas (ou seja, esse domínio PDZ pode ser o responsável pela ação do HTLV-1). Está associada ao HTLV-2. Nela, o DNA proviral é encontrado predominantemente em células TCD8. OBS: existem associações do HTLV-2 com síndromes neurológicas tipo PET/MAH, mas em um número pequeno de pacientes. Triagem sorológica: normalmente é feita por ensaio imunoenzimático (EIA/ELISA), que pesquisa anticorpos no soro do indivíduo. Só que o EIA tem baixa especificidade, podendo resultar em falso-positivo. Se EIA/ELISA positivo ou indeterminado→ confirmação com teste WB. Esse teste além de confirmar, consegue diferenciar se é HTLV 1 ou 2. Critérios do WB: presença de anticorpos para p24 e para um produto do gene Env, gp46 ou gp61 (a gp61 não é um produto final da Env, é intermediário). Os virions de HTLV não são facilmente detectados no sangue circulante e isso diminui a sensibilidade do RT-PCR a ele. Afeta de 15 a 20 milhões de pessoas, sendo a maioria assintomática. Em regiões endêmicas, a principal via de transmissão do HTLV-1 é mãe-filho via leite materno, como no Japão. Em áreas não endêmicas, a principal via de transmissão é por células sanguíneas infectadas, tanto pro tipo 1 quanto pro 2. A transmissão sexual é a menos eficiente. Práticas sexuais anais tem associação com a soropositividade. Já a relação com DSTs não é muito clara. Exposição HTLV-1 via sanguínea: favorece o desenvolvimento de PET/MAH Exposição HTLV-1 via mucosas: pode estar ligada ao desenvolvimento de LTA. HTLV-1 o A taxa de prevalência aumenta com a idade da população. o Região sudeste e Bahia: maior prevalência no Brasil. HTLV-2 o É endêmico na região amazônica, sendo o principal subtipo HTLV-2c. Ainda não existe vacina. Prevenção e controle: utilização de preservativos, agulhas e seringas esterilizadas; triagem sorológica em doadores de sangue e órgãos; campanhas de esclarecimento sobre aleitamento. Aleitamento materno: a transmissão pode ser reduzida pelo congelamento e descongelamento do leite (destrói as células infectadas) ou pela adoção de leite industrializado. Fatores de risco no aleitamento materno: o Duração o CPV do HTLV-1 no sangue o CPV do HTLV-1 no leite o Quantidade de anticorpos maternos o Fatores genéticos o PET/HAM o Co-infecção por strongyloids
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