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Saúde Pública – 2021/1 Laura P. da Encarnação – 201557191 • Responda esse estudo dirigido com base no artigo "O adolescente no contexto da saúde pública brasileira: reflexões sobre o PROSAD". 1. Qual foi a primeira política de saúde criada para os adolescentes? Criado em 1989 o Programa Saúde do Adolescente (PROSAD), foi a primeira política de saúde para os adolescentes, resultado da 42ª Assembleia Mundial de Saúde, promovida pela OMS. Este programa apresentou uma proposta de atenção integral que privilegie a atenção primária, devendo atender e problematizar necessidades específicas dos adolescentes como gravidez, doenças sexualmente transmissíveis, álcool e outras drogas. 2. De acordo com o texto (de 2014), nos últimos anos o governo vem se esforçando para: Para garantir a formulação de políticas públicas de saúde que considerem adolescentes e jovens como sujeitos de direitos e cidadãos capazes de tomar decisões responsáveis no que se refere aos seus direitos sexuais e reprodutivos. Este esforço se deve também à movimentos como feminista, o LGBT e o de Juventude (Oliveira & Lyra, 2010). 3. As políticas públicas brasileiras para os adolescentes estiveram vinculadas a que? As políticas públicas em saúde voltadas ao adolescente e ao jovem brasileiro estiveram historicamente vinculadas aos significados sociais desta parcela da população, uma concepção de adolescência e juventude associada a problemas sociais e delinquência, caracterizada por sua capacidade de transformação positiva e autonomia nas decisões políticas, através da problematização da noção de curso de vida do indivíduo. A institucionalização da adolescência estabeleceu seu governo como a idade de risco, justificando o uso de estratégias de controle (Medrado-Dantas, 2002). 4. Explique como eram os primeiros serviços voltados especificamente para adolescentes feitos da década de 1970. Serviços com caráter assistencial e associados às universidades. Exemplos desses serviços são os desenvolvidos nos Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e no Departamento de Clínica Médica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) (Dias & Oliveira, 2009). Anteriormente a esse período, apenas o programa de proteção à maternidade, à infância e adolescência incluía os adolescentes, instituído durante o período do Estado Novo. 5. O PROSAD foi marcado por desencontros. Cite-os. Alguns desencontros foram a cobertura focalizada e a demanda espontânea. Especialmente: população-alvo, direcionamento das ações para atender os adolescentes, variabilidade de metas propostas e equipe disponível para intervir na população. 6. O que aconteceu na década de 1980? Surgiram comitês que se preocupavam com a saúde do adolescente que estavam vinculados às Sociedades de Pediatria Regionais e impulsionaram a área da Medicina do Adolescente. Essa década foi marcada por muitos organizações não governamentais (ONGs) e movimentos civis que buscavam sensibilizar a sociedade e o governo para incluir o adolescente e o jovem nas políticas públicas e desmitificar sua concepção vinculada à criminalização e violência. Em 1986, o Estado, através do Ministério da Saúde, englobou a assistência primária à saúde desta população. As primeiras ações de programas aos adolescentes e jovens, na área da saúde, caracterizaram-se pelo foco nas doenças sexualmente transmissíveis, HIV e AIDS, drogadição, acidentes de trânsito e gravidez precoce (Ministério da Saúde, 2011). Essas ações eram destinadas aos segmentos jovens considerados vulneráveis e que se encontrassem em situação de risco social. As ações eram baseadas em concepções de adolescência e juventude associadas ao risco, sendo adotada uma visão assistencial e curativa de saúde (Horta & Senna, 2010; Medrado- Dantas, 2002). 7. Como ocorreu o PROSAD e o atendimento do adolescente na prática? Mesmo sendo um programa com o objetivo de criar ações para os jovens, havia muita dificuldade em reconhecer a diversidade das vivências dos adolescentes, ainda existia uma visão estigmatizada sobre eles, deixando de fora a participação deles, não se abrindo para escutá-los tanto na elaboração quanto execução dos processos. O predomínio excessivo, no programa, de ações voltadas à sexualidade e reprodução demonstrou pouca variabilidade de metas, apesar de o PROSAD prescrever atenção a outras esferas da saúde do adolescente, como, por exemplo, a saúde bucal, a família e o trabalho. 8. Quais eram as principais ações do PROSAD? As ações do PROSAD se concentravam na sexualidade e na saúde reprodutiva dos adolescentes, mas também promoviam ações em diferentes áreas, como o crescimento e o desenvolvimento, a sexualidade, a saúde bucal, mental, reprodutiva e escolar, a prevenção de acidentes, a abordagem da violência e dos maus-tratos, a família, o trabalho, a cultura, o esporte e o lazer. 9. O que aconteceu na década de 1990? Na década de 90 criou-se o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que, em conjunto dos ordenamentos jurídicos da Constituição Federal de 1988 e as Leis Orgânicas de Saúde, fez possível a criação e legitimação de um novo paradigma e compreensão do adolescente na sociedade, enxergando-os como sujeitos sociais que devem ser incluídos nas decisões do Estado (Kerbauy, 2005; Leão, 2005). 10. Qual foi o predomínio de ações realizadas no PROSAD? Ações voltadas para a sexualidade e saúde reprodutiva. 11. Cite uma diretriz do PROSAD. As diretrizes do PROSAD pregavam que as ações do programa deveriam ter como norte a visão da adolescência como um fenômeno socialmente construído, considerando assim o desenvolvimento, saúde e doença, interações biológicas, psicológicas e sociais, pois, nessa fase, o adolescente enfrenta mudanças em todos os contextos que definem a identidade. 12. O que programa desconsiderou? Como o PROSAD era muito voltado para questões de sexualidade e gravidez, desconsideraram o fato de que alguns jovens poderiam realmente desejar ter a gravidez na adolescência e faltou apoio para que os mesmo pudessem planejar. 13. Faça suas considerações sobre o texto lido. Embora o PROSAD não tenha se iniciado com as melhores diretrizes e ações, foi um avanço muito importante para uma época em que não existiam políticas para os jovens, abrindo espaço para novos projetos como o ECA. Fica evidente a preocupação do PROSAD com as questões de sexualidade na adolescência, o é realmente de extrema importância para os jovens, mas se atinham apenas ao fator biológico do assunto: risco de gravidez. Não abriram espaço para discussões mais aprofundadas com os jovens sobre o sexo e planejamento familiar. JAGER. M. E. et al. O adolescente no contexto da saúde pública brasileira: reflexões sobre o PROSAD. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 19, n. 2, p. 211-221, abr./jun. 2014.
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