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Saúde e ambiente relacionados à água, solo e ar Apresentação Você sabia que o meio ambiente interfere diretamente na saúde das pessoas? Os recursos naturais essenciais para a vida, como a água, o ar e o solo, vêm sendo drasticamente alterados, diminuindo a saúde e a qualidade de vida das pessoas. Altas temperaturas e chuvas acima do limite ocasionam epidemias como dengue e febre amarela. A poluição atmosférica decorrente do nosso sistema econômico e de vida desencadeia doenças a longo prazo na população. Esses são alguns exemplos da influência e da interação que os seres humanos têm com o meio ambiente. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai saber mais sobre a poluição do meio ambiente nas águas, no ar e no solo, além de perceber o quanto o ser humano está contaminando esse meio e, consequentemente, a si mesmo. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relacionar saúde com qualidade do meio ambiente.• Identificar distintos focos de poluição da água, do solo e do ar.• Descrever as principais doenças relacionadas com a poluição da água, do solo e do ar.• Desafio São os comportamentos humanos que manipulam o ambiente ao seu redor, seja de modo positivo, seja de modo negativo. A falta de conscientização sobre o impacto desses comportamentos, associada a uma cultura individualista, contribui para agravar a situação ambiental. A educação ambiental trabalha as questões de valores sociais, ou seja, trata-se de criar nos indivíduos uma preocupação pelos problemas ambientais por meio do conhecimento, desenvolvendo habilidades e atitudes de preservação do meio ambiente e de desenvolvimento saudável. A partir dessas informações, analise a seguinte situação: Você é educador ambiental e está trabalhando em um projeto da prefeitura intitulado "Água para todos", que deverá ser desenvolvido com as comunidades carentes da região. Na primeira reunião, será realizada a distribuição de tarefas e você ficará responsável pelo planejamento de oficinas educativas a respeito do tema. Portanto, elabore, pelo menos, dois projetos de oficinas para apresentação à equipe. Não deixe de contextualizar e justificar rapidamente as suas escolhas. Infográfico A falta de consciência com a preservação do meio ambiente leva a consequências drásticas, tornando-o um local de proliferação de doenças, ao invés de desenvolvimento de vida natural. Conforme o modo como o meio ambiente está afetado, ele pode ser vetor de doenças agudas ou proporcionar o surgimento de doenças crônicas. Neste Infográfico, você vai observar distintos focos de poluição e algumas doenças que eles podem gerar. Assim, você vai compreender os fatores que influenciam a qualidade do meio ambiente. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/785cb990-8e41-48af-9e8f-00b335d0c974/3438142b-10e7-427d-bec0-831a21e02330.jpg Conteúdo do livro A mudança climática e a poluição atmosférica e ambiental afetam diretamente a vida dos seres vivos no planeta. As epidemias e um meio ambiente doente têm sido as causas de doenças crônicas e óbitos nas últimas décadas. Mesmo com os avanços da medicina, os avanços científicos sobre determinantes de saúde, a conscientização sobre a importância do acesso à saúde para toda a população, se o meio ambiente não for priorizado na lista de prevenção a doenças, continuará sendo um problema de saúde pública. Neste trecho do livro Meio ambiente e sustentabilidade, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai ver como a qualidade do meio ambiente pode influenciar positiva ou negativamente a saúde das pessoas. Conhecerá os principais focos determinantes de saúde, particularidades da Saúde Pública, dados de doenças comuns em determinadas regiões e demais informações importantes que serão abordadas ao longo do estudo. Boa leitura. André Henrique Rosa Leonardo Fernandes Fraceto Viviane Moschini-Carlos Organizadores M514 Meio ambiente e sustentabilidade / Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Porto Alegre : Bookman, 2012. 412 p. : il. ; 25 cm. ISBN 978-85-407-0196-0 1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini-Carlos, Viviane. CDU 502-022.316 Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150 Meio ambiente e sustentabilidade 163 de determinadas populações, na realização de avaliações do impacto de mudanças am- bientais produzidas por projetos econômi- cos e sociais, no próprio ecossistema local e na saúde das populações humanas para a tomada de decisão sobre o desenvolvimen- to de projetos. Essas avaliações têm como fi- nalidade oferecer informações sobre os pro- váveis impactos e as possíveis medidas para reduzir e ou prevenir essas situações de risco. MUDANÇA DE PARADIGMA NA ÁREA DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE As últimas décadas registraram vários even- tos na área tanto de meio ambiente como da saúde, documentando a mudança de uma série de paradigmas nessas áreas. A mudança de valores se reflete na atualização do conceito de saúde que reconhece que, para enfatizar o viés profilático, deve ser re- conhecida a relevância da interferência di- reta ou indireta dos fatores ambientais na prevenção de doenças e agravos à saúde hu- mana. A Declaração da Conferência sobre cuidados Primários de Saúde da OMS- -UNICEF, que ocorreu em 1978 em Alma- -Ata, no Cazaquistão, enfatiza a saúde como um direito humano fundamental. Permitiu que a saúde, como um bem público, se in- corporasse à legislação nacional e interna- cional como instrumento de ações que ob- jetivassem a redução das desigualdades do estado de saúde dos povos, principalmente entre os de países desenvolvidos e em de- senvolvimento. Portanto, a saúde não mais se explica exclusivamente pela ausência de doença, apoiada principalmente em intervenções clínico-cirúrgicas ou em medidas preventi- vas tradicionais, mas sim como resultado de ações de caráter intersetorial, que a conside- rem um produto e, ao mesmo tempo, um insumo do desenvolvimento. Em 1986, ocorreu no Canadá a Primeira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde, na qual foi promulgada, pela Organização Mundial da Saúde, a “Carta de Ottawa para promoção da Saúde” atendendo à demanda de uma nova concepção de saúde pública. Nesse contexto, delineou-se um cenário no qual a importância da qualidade do meio ambiente era redimensionada para um espa- ço ecossocial. Definiram-se linhas de ação no sentido de se criarem ambientes favorá- veis à saúde, os chamados ambientes saudá- veis. Inúmeras conferências internacionais sobre o tema se sucederam e vêm influen- ciando políticas de saúde coletiva dos mais diversos países. O texto da Constituição Federal Brasi- leira, promulgada em 1988, já reflete essa concepção de relação intrínseca entre meio ambiente e saúde. Em seu Artigo 196, a saúde é definida como direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políti- cas sociais e econômicas que visem à redu- ção do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e re- cuperação. Já em seu Art. 225, prevê que todos têm direito ao meio ambiente ecologica- mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletivi- dade o dever de defendê-lo, preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Em 1990 a Organização Mundial da Saúde cria uma Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Durante essa mesma década, o Brasil deu início à elaboração da Política Nacional de Saúde Ambiental, possibilitan- do posteriormente a implantação do Siste- ma de Vigilância em Saúde Ambiental com o objetivo de compreender as relações entre os elementos ambientais e de saúde sobre osquais cabe à saúde pública intervir. 164 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) De acordo com o documento “Subsí- dios para construção da Política Nacional de Saúde Ambiental”, divulgado em 2007 pelo Ministério da Saúde, o campo da Saúde Am- biental compreende a área da saúde pública afeita ao conhecimento científico e à for- mulação de políticas públicas e as corres- pondentes intervenções (ação) relacionadas à interação entre a saúde humana e os fato- res do meio ambiente natural e antrópico que a determinam, condicionam e influen- ciam, com vistas a melhorar a qualidade de vida do ser humano sob o ponto de vista da sustentabilidade. Nesse sentido, a articulação e a visão de indissociabilidade entre as áreas de meio ambiente e saúde aponta para a necessidade de ações preventivas, tanto relacionadas à proteção do meio ambiente como à promo- ção de saúde. No caso particular da vigilân- cia em saúde, a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) estruturou o Sistema Na- cional de Vigilância Ambiental em Saúde (SINVAS). Sua regulamentação através da Instrução Normativa No 1 do Ministério da Saúde, de 25 de setembro de 2001, definiu competências no âmbito federal dos Esta- dos, do Distrito Federal e dos Municípios e, para esses fins, apontou também como prioridades para intervenção os fatores bio- lógicos representados pelos vetores, hospe- deiros, reservatórios e animais peçonhen- tos; e os fatores não biológicos, que incluem a qualidade da água para consumo huma- no, ar, solo, contaminantes ambientais, de- sastres naturais e acidentes com produtos perigosos. A Vigilância Ambiental em Saúde é definida pela Fundação Nacional da Saúde como um conjunto de ações que proporciona o conhecimento e a detecção de qualquer mu- dança nos fatores determinantes e condicio- nantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de identifi- car as medidas de prevenção e controle dos fa- tores de risco ambientais relacionados às do- enças ou outros agravos à saúde. Compete ao sistema produzir, integrar, processar e in- terpretar informações que sirvam de ins- trumentos para que o Sistema Unificado de Saúde possa planejar e executar ações relati- vas à promoção de saúde e de prevenção e controle de doenças relacionadas ao am- biente. A Vigilância em Saúde Ambiental foi estruturada por meio do Subsistema Nacio- nal de Vigilância em Saúde Ambiental, re- gulamentado pela Instrução Normativa MS/SVS Nº 1, de 7 de março de 2005. O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental – SINVSA compreende o conjunto de ações e serviços prestados por órgãos e entidades públicas e privadas, rela- tivos à vigilância em saúde ambiental, vi- sando ao conhecimento e à detecção ou pre- venção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de promoção da saúde ambiental, prevenção e controle dos fatores de risco re- lacionados às doenças e outros agravos à saúde, em especial: I. água para consumo humano; II. ar; III. solo; IV. contaminantes ambientais e substân- cias químicas; V. desastres naturais; VI. acidentes com produtos perigosos; VII. fatores físicos; e VIII. ambiente de trabalho. Parágrafo Único – Os procedimentos de vi- gilância epidemiológica das doenças e agra- vos à saúde humana associados a contami- nantes ambientais, especialmente os rela- cionados com a exposição a agrotóxicos, amianto, mercúrio, benzeno e chumbo serão de responsabilidade da Coordenação Geral de Vigilância Ambiental em Saúde – CGVAM. O conceito ampliado de exposição, tratado não como um atributo da pessoa, Meio ambiente e sustentabilidade 165 mas como conjunto de relações complexas entre a sociedade e o ambiente, é central para a definição de indicadores e para a orientação da prática de vigilância ambien- tal. Entre as dificuldades encontradas para sua efetivação no Sistema Único de Saúde no Brasil, estão a necessidade de reestrutu- ração das ações de vigilância em saúde e a formação de equipes multidisciplinares, com capacidade de diálogo com outros se- tores, além da construção de sistemas de in- formação capazes de auxiliar a análise de si- tuações de saúde e a tomada de decisões. Por exemplo, a Figura 7.5 mostra o poten- Figura 7.5 Mapa da distribuição espacial do Risco Relativo da incidência de tuberculose em Rio Claro, São Paulo, Brasil. 166 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) cial do uso de indicadores de risco para ges- tão e planejamento em vigilância ambiental que, muitas vezes, não são incorporados aos métodos de análise. Como tentativa de articular as esferas governamentais e demais atores envolvidos nesse processo e consolidar a Política Na- cional de Saúde Ambiental, o Ministério de Meio Ambiente programou para dezembro de 2009, em Brasília, a I Conferência Nacio- nal de Saúde Ambiental. INTEGRAÇÃO DAS AÇÕES DE PROMOÇÃO DE SAÚDE E PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE Ações de integração dos vários setores en- volvidos são sempre bem-vindas e necessá- rias. A complexidade das questões socioam- bientais exige cada vez mais preparo para seu enfrentamento, pois muitas vezes a apa- rente resolução de um problema pode agra- var outro. O equacionamento dessas situa- ções é um grande desafio. Geralmente, a promoção à saúde e a proteção ao meio am- biente são vistas como valores que intera- gem sempre em harmonia. No entanto, em- bora a interface e a interdependência dessas duas questões seja inquestionável, as ações voltadas para promoção da saúde, se conce- bidas de forma desarticulada da proteção ao meio ambiente, podem gerar um cenário muito negativo. Por exemplo, a produção de alimento em larga escala, como ação de combate à fome, normalmente representa a ocupação de extensas áreas de vegetação natural substituídas pelas culturas utiliza- das como alimentos. Isso tem representado desmatamento, destruição de hábitats natu- rais e também pode significar a introdução local de inúmeros contaminantes no ar, na água e no solo com a justificativa de manter a produtividade e combater as pragas, o que ao final, também se reverte em comprome- timento da saúde humana. O combate a vetores de inúmeras do- enças como a febre amarela, a dengue e a malária pode resultar na intensificação da contaminação ambiental. Isso só reforça a necessidade de implementação de ações de impacto ecossistêmico positivo, integradas à dinâmica ambiental e não mais apenas pontuais e de emergência como a aplicação de inseticidas. A própria atenção à saúde gera inú- meros resíduos biológicos, químicos, físi- cos, inclusive radioativos. Além disso, a ampla gama de medicamentos gera sobras que podem ser descartadas no ambiente, bem como resíduos desses, contidos nas ex- cretas humanas e podem se dispersar cau- sando contaminação ambiental. Os dados divulgados em 2009, refe- rentes ao ano de 2007, pelo Sistema Nacio- nal de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) da Fiocruz, registraram mais de 100 mil casos de intoxicação humana e quase 500 óbitos registrados pelos centros de Informação e Assistência Toxicológica em todo o país. Esses dados apontam as crianças menores de cinco anos como as mais atingidas, representando 25% dos casos. Os principais agentes desses quadros de intoxicação são justamente os medica- mentos (30,7%), seguidos pelos animais pe- çonhentos (20,1%) e produtos de limpeza domiciliar (11,4%). Portanto, mais de 42,1% dos casos são provocados por produtos que deveriam ser utilizados na promoção da saúde humana. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a quantidade de antimicrobianos utilizados em animais e o seu padrão de uti- lização não são conhecidos. Embora os nú- meros variem, e a maioria dos países não tenha essas estatísticas, dados atuais indi- cam que praticamente metade dos antibió- ticos produzidos são utilizados na medicina humana e a outra parte na produção ani- Meioambiente e sustentabilidade 167 mal, seja como elemento profilático ou te- rapêutico, seja como fator de crescimento. A liberação desses compostos no am- biente pode causar desequilíbrios nas mi- crobiotas do solo e da água e também disse- minar fatores de resistência antimicrobiana em locais que não deveriam apresentar essas ocorrências, agravando, assim, a disse- minação de cepas resistentes aos tratamen- tos. Esse fato é relevante principalmente quando consideramos a disseminação de pa- tógenos agentes de DTAs (Doenças Trans- mitidas por Alimentos), como as bactérias Campylobacter jejuni, Escherichia coli, Sal- monella e Enterococcus. Esses microrganis- mos se encontram associados aos animais e seus produtos, podendo atingir os seres hu- manos que consomem estes como alimen- tos. O combate a um processo infeccioso humano, causado por um microrganismo cuja resistência aos antimicrobianos já se deu no ambiente, é cada vez mais difícil e oneroso. Além disso, os elementos genéticos que determinam a resistência aos antimi- crobianos podem ser disseminados no or- ganismo do hospedeiro humano e transmi- tidos às bactérias que já colonizam esses in- divíduos acelerando e amplificando o problema da resistência microbiana aos an- timicrobianos. Na tentativa de melhorar a aborda- gem dessas questões, a própria legislação já esboça a tentativa de articular as normas le- gais contemplando ambos os setores, com aspectos enfatizados pelas Resoluções do Ministério da Saúde articuladas às do Meio ambiente, como no caso dos Resíduos Sóli- dos de Serviços de Saúde, mas há necessida- de ainda de disseminar essa cultura entre os distintos setores, envolvendo várias outras esferas. Esses pontos apenas ilustram e refor- çam a necessidade de ações integradas, que não visem à resolução focada apenas em um setor, pois o resultado de uma ação, seja voltada exclusivamente para a saúde ou para o meio ambiente, representará um risco potencial para a outra área se não for planejada e executada de forma ampla e in- tegrada. A QUALIDADE DA ÁGUA E A SAÚDE Globalmente, 1 bilhão de pessoas está atual- mente sem acesso a abastecimento de água e 2,6 bilhões não contam com nenhuma forma de serviços de saneamento básico. A maioria dessas pessoas vive na Ásia e na África. O consumo de água contaminada, seja por agentes biológicos ou químicos, é uma importante causa de agravos à saúde, cau- sando principalmente diarreia. Essa ocor- rência é, de modo geral, causada por infec- ções gastrointestinais que matam cerca de 2,2 milhões de pessoas no mundo a cada ano, sendo 1,5 milhão de crianças, a maio- ria em países em desenvolvimento. O uso da água na higiene é uma medida preventi- va importante. A diarreia pode durar vários dias e pode deixar o corpo sem a água e sais que são necessários para a sobrevivência. A maioria das pessoas que morrem de diar- reia, na verdade, morrem de desidratação grave e perda de líquido. Crianças que se alimentam mal ou têm deficiência de imu- nidade são mais suscetíveis ao risco de vida pela ocorrência da diarreia. A degradação ambiental vem amea- çando o acesso a esse recurso vital, compro- metendo a qualidade e a quantidade de água disponível para consumo. No Brasil, embora haja a ideia de abundância de água, a distribuição é muito irregular pelo terri- tório nacional, e as fontes de contaminação representam um fator limitante para o for- necimento de água para a população. Os reservatórios próximos aos gran- des centros urbanos encontram-se eutrofi- zados. Esse fato pode favorecer a ocorrência 168 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) de fenômenos como as “florações” de algas unicelulares e de cianobactérias, já que esses organismos são abundantes em nossas águas. A proliferação excessiva desses mi- crorganismos compromete a qualidade da água, pois esses são produtores de inúmeras toxinas que podem ter efeitos neurotóxicos, hepatotóxicos e dermatotóxicos. Essas toxi- nas são liberadas pela lise das células produ- toras, portanto o problema pode ser agrava- do se a água for submetida à cloração. Em 1996, em Caruaru, no estado de Pernambu- co, o fornecimento de água contaminada por cianotoxinas hepatotóxicas a um hospi- tal vitimou mais de uma centena de pacien- tes do serviço de hemodiálise. Atualmente, esse é um risco eminente que deve ser con- tinuamente monitorado. A Figura 7.6 mos- tra o monitoramento da Represa de Guara- piranga, um importante reservatório que tem servido de manancial para o abasteci- mento da água da população da cidade de São Paulo. Na figura, é possível observar que, em dois diferentes pontos de monito- ramento, os valores de coliformes ultrapas- sam os valores sugeridos segundo o Conse- lho Nacional do Meio Ambiente (CONA- MA) que regulamenta os valores máximos permitidos. A CONTAMINAÇÃO ATMOSFÉRICA E SEUS EFEITOS NA SAÚDE HUMANA A interpretação dos efeitos das condições ambientais sobre a saúde humana é um processo complexo, principalmente por ser, na maioria das vezes, de natureza múltipla. Além disso, ficam mais evidentes e menos difíceis de correlacionar os efeitos agudos, já que se trata de manifestações intensas e próximas ao momento da exposição. No entanto, vários efeitos adversos se apresen- tam de forma crônica, e ainda necessitamos de muitos estudos para esclarecer a nature- za e a extensão desses efeitos e correlacioná- -los com dados epidemiológicos que conso- lidem essas informações. Durante a evolução humana na Terra, o homem desenvolveu mecanismos de inte- ração e defesa contra as agressões sofridas por agentes infecciosos, no entanto, até hoje o contato com esses organismos patogêni- cos pode trazer prejuízos à saúde, e a ciência ainda tenta desvendar os mecanismos en- volvidos nessa interação parasita-hospedei- ro. No tocante à contaminação química do ambiente, intensificada a partir da Revolu- Figura 7.6 Tendência de aumento de coliformes termotolerantes (linhas cinzas continuas e pontilhadas) em relação aos valores padrão CONAMA (linha contínua preta). Meio ambiente e sustentabilidade 169 ção Industrial em meados do século XVIII, podemos considerar essa interação relativa- mente recente, principalmente pelo fato de a introdução e diversificação de agentes ser crescente. Nesse sentido, o organismo hu- mano sofre de uma extensa gama de efeitos adversos dessa interação, e a ciência ainda tenta compreender os mecanismos envolvi- dos nessas manifestações. Cerca de 800 mil óbitos são atribuídos à poluição do ar ambiental, 1,6 milhão à poluição do ar no interior dos domicílios e 154 mil óbitos às alterações climáticas. São, portanto, cerca de 2,5 milhões de mortes evitáveis a cada ano. Esses números tendem a uma elevação contínua se forem mantidos os níveis atuais de emissões e demais aspec- tos de degradação ambiental como a devas- tação da vegetação natural. A Figura 7.7 mostra a intensa relação entre poluentes at- mosféricos e internações por doenças respi- ratórias em uma cidade do interior do esta- do de São Paulo. Por exemplo, as pessoas de áreas urba- nas e industrializadas já têm a percepção da ação da poluição atmosférica sobre sua saúde. Porém, esses mecanismos não estão clara- mente descritos, e inúmeras pesquisas estão sendo realizadas com essa finalidade. Relatos recentes têm demonstrado que os efeitos da exposição aos elevados níveis de poluição at- mosférica, nos grandes centros urbanos, con- tribuem tanto para o aparecimento de agra- vos crônicos à saúde, como alergias, irritação das mucosas e da pele, problemas respirató- rios e até mesmo câncer de pulmão como para a ocorrência de efeitos agudos, como a hipertensão e paradas cardíacas. Pesquisas com gestantes demonstra- ram que a exposição à poluição atmosféri- ca, principalmente no primeiro trimestre de gravidez, resulta em recém-nascidos com baixo peso, podendo também elevar o risco de morte perinatal em 50%. Além disso, há indicação de que, nos diasde maior concen- tração de poluentes na atmosfera na cidade de São Paulo, principalmente de CO, há ele- vação do número de abortos. A poluição atmosférica também seria responsável por 5% das mortes por proble- Figura 7.7 Gráfico de uma série histórica dos níveis de poluentes atmosféricos e internações por doenças respiratórias na cidade de Sorocaba, São Paulo de 2004 a 2007. 170 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) mas respiratórios tanto em crianças como em idosos em sete capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitó- ria, Curitiba, Fortaleza e Porto Alegre). Experimentos com camundongos ex- postos ao ar poluído de São Paulo mostra- ram redução de fertilidade. As fêmeas pro- duziram 36% menos células germinativas e sofreram abortos espontâneos mais fre- quentes que fêmeas mantidas em ambiente abastecido com ar filtrado. Além disso, os filhotes das fêmeas mantidas em atmosfera poluída nasceram com peso inferior e foram observadas alterações da placenta, com estreitamento dos vasos sanguíneos. A capacidade respiratória dos filhotes de pais expostos ao ar poluído, e também mantidos nesse tipo de ambiente, também foi reduzi- da. Os pesquisadores do Laboratório de Po- luição Atmosférica Experimental da Uni- versidade de São Paulo, autores desses estu- dos, chamam a atenção para o fato de a inalação de partículas menores que 2,5 mi- crômetros, que atravessam as primeiras bar reiras do sistema respiratório, afetar o desenvolvimento dos alvéolos. Essa consta- tação é particularmente importante para a espécie humana porque cerca de 85% dos alvéolos se forma na fase entre a infância e a puberdade. Essa formação estaria com- prometida em pessoas que vivem em am- bientes poluídos, consequentemente, com- prometendo a capacidade respiratória no adulto. Os efeitos marcados na saúde pela po- luição oriunda do tráfego são agora relativa- mente conhecidos. Estudos nos EUA mos- traram que pessoas que moram a até 100m de estradas movimentadas estão mais pro- pensas à asma e a doenças cardiovasculares. Ações de redução de tráfego, como as ado- tadas em torno dos estádios nas Olimpíadas em Pequim e Atlanta, repercutiram na re- dução de internações locais por doenças respiratórias e cardiovasculares. Estratégias de monitoramento contí- nuo da poluição do ar ao longo das vias de tráfego intenso nos grandes centros urba- nos podem auxiliar no mapeamento desses poluentes e subsidiar ações para escoar o trânsito em locais com concentrações críti- cas decorrentes da concentração de auto- móveis. Por um lado, temos a intensificação da poluição atmosférica pela queima de com- bustíveis fósseis nas vias de tráfego das áreas urbanizadas e nas estradas; no entanto, a proposta de substituição por outras matri- zes energéticas deve ter seus impactos no ambiente e na saúde avaliados. Não só nos ambientes densamente ur- banizados são detectados problemas de saúde decorrentes da exposição a poluentes atmosféricos. Na região rural, as queimadas são tradicionalmente realizadas como forma de remoção da vegetação para ocu- pação do solo com outras atividades como o plantio da cana-de-açúcar. O Brasil é o maior produtor e expor- tador mundial de álcool, considerado com- bustível limpo, pois provém de fontes reno- váveis. No entanto, se analisado todo o pro- cesso produtivo da cana, podemos verificar importantes impactos ambientais com con- sequências à saúde da população que reside próximo à área de plantio e dos trabalhado- res que atuam no corte da cana. Estudos epidemiológicos apontam para o agravamento de problemas respira- tórios pela exposição ao ar contaminado pela queima da cana. No entanto, as doen- ças cardiovasculares também vêm sendo associadas a esse tipo de poluição, em espe- cial o infarto do miocárdio. O tamanho das partículas geradas pela queima da palha da cana pode determinar o tipo de efeito na saúde, e esse efeito pode ser potencializado por outros gases presentes. Partículas de menor diâmetro são de maior impacto, mas as PM10 podem rapidamente penetrar e se depositar na traqueia e nos brônquios. As PM 2,5 podem alcançar vias aéreas estreitas e alvéolos e as partículas ultrafinas, meno- res que 100 nm (0,1 μm), têm alta deposi- Meio ambiente e sustentabilidade 171 ção nos alvéolos. As partículas ultrafinas re- presentam maior parte do material particu- lado e têm razão maior de área-massa, o que aumentaria a toxidade biológica, pois conseguem até passar diretamente à cor- rente sanguínea. A população sob maior risco é de idosos, daqueles com doenças pulmonares crônicas, com doenças corona- rianas, ou pacientes com diabete. Enquanto a poluição atmosférica aguda pode desen- cadear infarto do miocárdio em horas ou dias nas pessoas suscetíveis, a exposição crônica a poluentes aumenta o risco de do- enças cardiovasculares que podem estar re- lacionadas à inflamação pulmonar crônica, como ocorre na queima de biomassa em ambientes fechados. A população que resi- de próximo à área de plantio sofre os efeitos da poluição difusa que varia espacialmente em função do gradiente de concentração originado pela dispersão desses particula- dos. Os trabalhadores que atuam no corte da cana sofrem com os efeitos agudos dessa exposição. Não apenas a exposição aos particula- dos, mas também aos produtos originados pela combustão incompleta podem afetar gravemente a saúde, pois as cinzas produzi- das podem ter elementos tóxicos como os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos. A exposição à poluição do ar interior contaminado pela queima de combustíveis sólidos tem sido associada a muitas doen- ças, em especial à pneumonia entre as crian- ças e às doenças respiratórias crônicas entre adultos. Os efeitos da contaminação atmos- férica na saúde humana em países desen- volvidos atraem a atenção dos pesquisado- res e das agências regulamentadoras há algum tempo. A combustão de biomassa re- presenta a maior fonte de produção de gases tóxicos, material particulado e gases de efei- to estufa. No entanto, os prejuízos causados pelas grandes queimadas em áreas de mata e da queima de biomassa para produção de energia em países em desenvolvimento cos- tumam ser negligenciados. Mais de três bilhões de pessoas em todo o mundo continuam a depender dos combustíveis sólidos, incluindo os combus- tíveis de biomassa (madeira, esterco e resí- duos agrícolas) e carvão, para as suas neces- sidades energéticas diárias, como cozinhar, aquecer lareiras, resultando em altos níveis de poluição do ar dos ambientes internos. A fumaça contém uma gama de poluentes prejudiciais à saúde, tais como pequenas partículas e monóxido de carbono. As par- tículas em níveis de poluição podem exce- der até 20 vezes os valores de exposição aceitos. A Organização Mundial da Saúde estima que a exposição a esse tipo de conta- minação seja responsável por 2,7% da carga global de doenças. Há evidências consistentes de que a exposição à fumaça de biomassa aumenta o risco de infecções respiratórias agudas na infância, especialmente pneumonia. Glo- balmente, essas patologias representam a causa mais importante de morte em crian- ças menores de 5 anos e são responsáveis por pelo menos 2 milhões de mortes anual- mente nessa faixa etária. A poluição do ar interior é considerada um fator de risco também para bronquite crônica e doença pulmonar obstrutiva crônica progressiva. Fumaça de ambos, carvão e biomassa, contêm quantidades significativas de subs- tâncias carcinogênicas. Evidências consis- tentes têm mostrado que mulheres expostas à fumaça dos fogos de carvão dentro de casa têm um risco elevado de câncer de pulmão. Esse efeito foi determinado pela verificação da presença de substâncias cancerígenas na fumaça, o que implica que o risco existe. No entanto, dados epidemiológicos que docu- mentem essa correlação da ocorrência de câncer de pulmão na população exposta ainda são insuficientes. Para exemplificar, a Figura 7.8 mostraa relação entre a existên- cia de hipertensão e doenças cardiovascula- res provocadas pela exposição deletéria de agentes nocivos de poluentes do ar de um estudo realizado com dados de um Posto de 172 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) Atendimento de áreas próximas a locais de queimada de cana. A fumaça produzida em ambientes fe- chados pelos cigarros de tabaco também causa inúmeros efeitos deletérios à saúde, não apenas dos fumantes como das pessoas que involuntariamente inalam essa fumaça. O dia 31 de maio foi definido pela OMS como o Dia Mundial sem tabaco. O tabagis- mo causa a morte de 5,4 milhões de pessoas por ano, representando um fator de risco para seis das oito principais causas de mor- tes no mundo, como as doenças cardiovas- culares e o câncer de pulmão. Inúmeras estratégias de combate ao tabagismo vêm sendo implementadas, e, nesse momento, a saúde dos fumantes pas- sivos também vem sendo alvo dessas ações. Quase metade das crianças do mundo res- pira ar poluído pelo fumo do tabaco, o que agrava uma série de problemas pulmonares. Pelo menos 200 mil trabalhadores morrem a cada ano devido à exposição ao fumo pas- sivo no trabalho. Países como a Irlanda, desde 2004, convivem com leis que proíbem o fumo em locais públicos fechados e am- bientes de trabalho. Outros países seguiram a mesma linha e, no Brasil, no estado de São Paulo, foi promulgada a Lei No 13.541, em maio de 2009. Essa lei segue uma tendência mundial que busca implementar ações que eliminem os resíduos do tabaco dos am- bientes e consequentemente os efeitos noci- vos à saúde das pessoas expostas a eles, principalmente em ambientes fechados. A ocupação e ambientes arquitetoni- camente concebidos para isolar as pessoas do ambiente externo natural foram desen- volvidos no sentido de garantir conforto térmico e geram condições atmosféricas muito peculiares. Esses ambientes confi- nam pessoas, equipamentos, mobiliários, itens de decoração e as respectivas emis- sões provenientes desse tipo de ocupação gerando riscos físicos, químicos e biológi- cos. A exposição constante a esses ambien- tes, principalmente no âmbito ocupacional, pode desencadear efeitos nocivos à saúde das pessoas. Em 1976, a ocorrência de um surto de legionelose afetou 182 legionários que par- ticipavam de uma comemoração cívica em um hotel nos EUA, levou 29 indivíduos a óbito. Esse fato impulsionou pesquisas que permitissem avaliar melhor o risco de com- partilhamento do ar nesses ambientes fe- chados. Hoje são reconhecidas as “Doenças relacionadas a edifícios”, que têm um agente definido e a “Síndrome de Edifícios Doen- tes” (SED), de etiologia não definida e natu- reza multicausal. A OMS reconhece como os principais sintomas da SED: fadiga, le- targia, cefaleia, prurido e ardor nos olhos, anormalidades na pele, irritação do nariz e garganta e falta de concentração. Na tentati- va de estabelecer critérios para a avaliação das condições de ambientes fechados, a le- Figura 7.8 Hipertensos (círculos externos) e doenças car- diovasculares (círculos internos) em áreas de cultivo de cana-de-açúcar em Rio Claro, São Paulo (2009). 3. Jd . N ova Veneza e Paulist a 1. Anhanguera e JD. Centenário 5. B enjamin de Castro 1 5. Benjamin de Castro 2 2. Residencial dos Bosques 6. JD. M aria Crist ina Meio ambiente e sustentabilidade 173 gislação brasileira determina como limite aceitável 750UFC/m3 de fungos no ar. Esse número não parece estar claramente corre- lacionado com os possíveis agravos à saúde, principalmente nas condições ambientais brasileiras. Portanto, é importante que essa relação possa ser melhor investigada e que sejam determinados indicadores biológicos e não biológicos que auxiliem no monitora- mento da qualidade do ar interior, que sub- sidiem ações profiláticas. MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SAÚDE Os claros impactos das mudanças climáticas já apontam para sérios riscos diretos e indi- retos para a saúde humana. Esses impactos podem ser decorrentes do efeito direto do calor, que pode agravar e comprometer o es- tado de saúde de indivíduos com doenças crônicas, do aumento das doenças pela ex- pansão de seus vetores, aumento das doenças de veiculação hídrica pelo impacto de fortes chuvas ou estiagens prolongadas e maiores riscos decorrentes da qualidade do ar. Em julho de 1995, em Chicago, EUA, a elevação da temperatura causada por uma onda de calor (EHE – Extreme Heat Event) provocou mil hospitalizações excedentes, principalmente em pacientes com diabete, doenças respiratórias e distúrbios nervosos. Calcula-se que em 2003, na Europa, mais de 35 mil mortes tenham sido causadas pela onda de calor, distribuídas pela França (14 mil óbitos), Itália e Espanha (4,2 mil), Por- tugal (2mil) e mais de 2 mil no Reino Unido. O verão de 2009 já registrou temperaturas altas em várias localidades na Europa, exce- dendo 40o C em países como a Itália. É necessário um planejamento para o enfrentamento de situações como essa, para que o setor de saúde pública esteja preparado para atuar diante de uma eleva- ção abrupta de agravos à saúde. Essa ques- tão é mais grave em áreas mais pobres, pois a população é mais suscetível e os locais têm menos infraestrutura para o atendi- mento dos pacientes. Geralmente, nesses locais já há uma deficiência no atendimen- to da demanda de rotina, e a previsão indi- ca que as áreas mais pobres serão severa- mente afetadas. Mesmo em países com estruturas adequadas para atendimento na Europa, o atendimento não supriu a demanda. A maioria das vítimas francesas faleceu em razão de desidratação, pois o sistema de saúde não estava preparado para atender a milhares de casos simultâneos de desidra- tação. Ocorrência semelhante aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, na epidemia de dengue registrada em 2008. Hospitais de campanha do exército chegaram a ser mon- tados na tentativa de atender os inúmeros pacientes que necessitavam de reidratação. A piora da qualidade do ar pode acom- panhar a onda de calor, principalmente quan- do provoca incêndio em extensas áreas. Em 2003, estima-se que 10% das florestas em Portugal tenham sido devastadas. Estudos demonstram, também na Eu- ropa, que a elevação de cada grau na tempe- ratura média corresponde à elevação de 4% das hospitalizações por complicações respi- ratórias e que essas ocorrências se concen- tram em pacientes com 75 anos ou mais. Na área natural, a destruição das flores- tas já colabora para a alteração dos ciclos de doenças associadas a vetores, geralmente deslocando o eixo silvestre da doença para o ambiente urbano, expondo as populações urbanas. Além disso, as mudanças climáticas afetam o regime de chuvas e podem contri- buir para a proliferação de vetores que apre- sentam parte do seu ciclo na água, como é o caso da dengue, da febre amarela, além da malária e da leishmaniose, importantes do- enças endêmicas no Brasil. Na transmissão de malária, a temperatura desempenha um papel importante. Por exemplo, o aumento da temperatura em torno de 1,5°C pode Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor A precariedade das condições de vida de determinadas regiões, a falta de saneamento básico e os maus hábitos de higiene são alguns dos fatores que geram efeitos nocivos de degradação ambiental. E isso se torna um agente causador de doenças em milhões de pessoas. Nesta Dica do Professor, você vai ver algumas formas de degradação ambiental e suas consequências como questão de saúde coletiva para a população. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/720da1f4082a8daddca6d390c939fe61 Exercícios 1) Saúde e meio ambiente são temas indissociáveis, pois já está comprovado que omeio ambiente influencia a saúde dos seres vivos de maneira direta — dessa forma, foi estabelecida a denominação "saúde ambiental". Nesse sentido, quando o relacionamento intrínseco entre saúde e meio ambiente foi proposto pela primeira vez? A) Em 1978, na Conferência sobre Cuidados Primários de Saúde da OMS-Unicef, em Alma-Ata, no Cazaquistão. B) Em 1988, em Brasília, no ato da promulgação Constituição Federal Brasileira. C) Em 1990, quando a OMS criou a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. D) Em 2007, no documento “Subsídios para construção da Política Nacional de Saúde Ambiental", no Brasil. E) Em 1986, no Canadá, na Primeira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde. O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental (SINVSA) compreende o conjunto de ações e serviços prestados por órgãos e entidades públicas e privadas, relativos à vigilância em saúde ambiental. Com base nessas ações, analise as sentenças a seguir, julgando-as como verdadeiras (V) ou falsas (F): ( ) Água para consumo humano: a água é um importante agente causador de doenças e, portanto, incluído como foco do SINVSA. ( ) Contaminantes ambientais e substâncias químicas: poluentes de grande impacto para as comunidades, podendo causar danos ao solo, ao ar, à água e, consequentemente, à saúde humana, integrados como foco do SINVSA. ( ) Análise de impactos ambientais: a análise de impactos ambientais está associada ao processo de licenciamento ambiental para atividades que possam vir a causar danos ao meio ambiente, inclusive ao meio socioeconômico, mas não é foco do SINVSA. ( ) Desastres naturais: eventos naturais que, quando ocorrem, podem provocar grandes danos à saúde, mas não são foco do SINVSA. 2) 212162 Realce ( ) Acidentes com produtos perigosos: o crescimento urbano e o desenvolvimento da logística resultaram também no aumento de acidentes, muitas vezes, com produtos perigosos que acabam contaminando o solo, a água e o ar, provocando danos ao meio ambiente e à saúde humana, sendo, portanto, integrados como foco do SINVSA. Assinale a alternativa que contém a sequência correta: A) V - V - V - F - F. B) V - F - V - V - V. C) V - V - F - F - V. D) V - V - F - F - F. E) F - F - F - V - V. 3) A água é fundamental para a vida. Ela elimina toxinas do corpo, leva nutrientes para as células, mas, se não for tratada, pode causar sérios danos, pois também é um eficiente veículo de transmissão de doenças. Sobre a qualidade da água e a saúde, assinale a alternativa correta. A) O consumo de água contaminada é uma importante causa de agravos à saúde. B) A tecnologia atual minimiza os danos da degradação ambiental no acesso à água. C) Os corpos hídricos ao redor das grandes cidades estão em ótima qualidade. D) O controle da água é facultativo nos locais de captação para provisão pública. E) A sazonalidade é desconsiderada para a análise e o monitoramento da água. O ar é um elemento importante para a manutenção do corpo humano, como também para a biodiversidade do planeta. Se não bem circulado, ele também pode ser nocivo ao concentrar microrganismos e poluentes agressivos ao corpo humano. Com relação à qualidade do ar e à saúde, correlacione os itens e as colunas a seguir: I. Poluição atmosférica II. Desmatamento III. Consequências da poluição do ar 4) 212162 Realce 212162 Realce IV. Mapeamento V. Pequenas partículas no ar ( ) Causam o maior impacto à saúde, pois podem rapidamente penetrar e se depositar na traqueia e nos brônquios. ( ) Causa alergias, irritação das mucosas e da pele, problemas respiratórios e até mesmo câncer de pulmão. ( ) É maior nos grandes centros urbanos, principalmente onde há concentração de indústrias e de trânsito. ( ) Grandes queimadas certamente contribuem com inserção de carbono no ar, levando ao agravamento de diversas doenças. ( ) Pode auxiliar na tomada de decisão quanto a ações preventivas e corretivas. Assinale a alternativa que contém a relação correta: A) I - III - II - V - IV. B) III - V - I - II - IV. C) V - III - I - II - IV. D) IV - III - I - II - V. E) II - III - V - I - IV. 5) O solo é um elemento essencial para a vida na Terra. Sem ele, o ecossistema não pode funcionar. Sua composição saudável é fundamental e ampla, englobando desde o crescimento e a disseminação das plantas até a realização de atividades econômicas. Qual(is) dos elementos apresentados é(são) considerado(s) componente(s) essencial(is) dos solos e não nocivo(s) à biota? A) Chumbo. B) Matéria orgânica. C) Restos de pesticidas. 212162 Realce 212162 Realce D) PAHs. E) Cádmio. Na prática O profissional da área da saúde deve ter sua atuação constante com a população, e para a população, sempre alicerçado em conhecimento científico, boas práticas e educação continuada. Sua visão de gestão deve ser ampla o suficiente para analisar as dimensões de cada problema. Além disso, trabalhar em rede, de modo interprofissional, facilita e promove uma resolução mais qualificada e eficiente das demandas. Sendo assim, é possível trabalhar nesse modelo, na prática, quando há uma visão qualificada de gestão que consegue perceber a plenitude da situação. Confira, Na Prática, um relato de caso sobre uma situação comum em ambientes urbanos e veja como é possível lidar com isso. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Relatório da ONU aponta soluções para reduzir a poluição plástica A poluição plástica assola o mundo por questões comportamentais de empresas, indústrias e dos indivíduos que são totalmente controláveis. Leia, nesta matéria, sobre o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) que revela os dados e propõe soluções para este problema. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Bitucas de cigarro, saúde e meio ambiente As bitucas de cigarro são um grave problema de saúde coletiva e pública, pois indicam a proporção do tabagismo na população e seu descarte gera uma poluição grave ao meio ambiente. Confira, neste vídeo, como as bitucas afetam a saúde e o meio ambiente. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Medicina interna Confira, no capítulo 17 – Medicina global, dados e discussões acerca do tema, inclusive sobre as doenças decorrentes do meio ambiente. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! https://brasil.un.org/pt-br/231688-relat%C3%B3rio-da-onu-aponta-solu%C3%A7%C3%B5es-para-reduzir-polui%C3%A7%C3%A3o-pl%C3%A1stica https://www.youtube.com/embed/OsMp9upTu0w?si=xfYnNLuQcHIwawTo
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