Buscar

Aula 5 - Saúde e ambiente relacionados à água, solo e ar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Saúde e ambiente relacionados à 
água, solo e ar
Apresentação
Você sabia que o meio ambiente interfere diretamente na saúde das pessoas? Os recursos naturais 
essenciais para a vida, como a água, o ar e o solo, vêm sendo drasticamente alterados, diminuindo a 
saúde e a qualidade de vida das pessoas.
Altas temperaturas e chuvas acima do limite ocasionam epidemias como dengue e febre amarela. A 
poluição atmosférica decorrente do nosso sistema econômico e de vida desencadeia doenças a 
longo prazo na população. Esses são alguns exemplos da influência e da interação que os seres 
humanos têm com o meio ambiente.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai saber mais sobre a poluição do meio ambiente nas 
águas, no ar e no solo, além de perceber o quanto o ser humano está contaminando esse meio e, 
consequentemente, a si mesmo.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Relacionar saúde com qualidade do meio ambiente.•
Identificar distintos focos de poluição da água, do solo e do ar.•
Descrever as principais doenças relacionadas com a poluição da água, do solo e do ar.•
Desafio
São os comportamentos humanos que manipulam o ambiente ao seu redor, seja de modo positivo, 
seja de modo negativo. A falta de conscientização sobre o impacto desses comportamentos, 
associada a uma cultura individualista, contribui para agravar a situação ambiental.
A educação ambiental trabalha as questões de valores sociais, ou seja, trata-se de criar nos 
indivíduos uma preocupação pelos problemas ambientais por meio do conhecimento, 
desenvolvendo habilidades e atitudes de preservação do meio ambiente e de desenvolvimento 
saudável.
A partir dessas informações, analise a seguinte situação:
Você é educador ambiental e está trabalhando em um projeto da prefeitura intitulado "Água para 
todos", que deverá ser desenvolvido com as comunidades carentes da região. Na primeira reunião, 
será realizada a distribuição de tarefas e você ficará responsável pelo planejamento de oficinas 
educativas a respeito do tema.
Portanto, elabore, pelo menos, dois projetos de oficinas para apresentação à equipe. Não deixe de 
contextualizar e justificar rapidamente as suas escolhas.
Infográfico
A falta de consciência com a preservação do meio ambiente leva a consequências drásticas, 
tornando-o um local de proliferação de doenças, ao invés de desenvolvimento de vida natural. 
Conforme o modo como o meio ambiente está afetado, ele pode ser vetor de doenças agudas ou 
proporcionar o surgimento de doenças crônicas.
Neste Infográfico, você vai observar distintos focos de poluição e algumas doenças que eles podem 
gerar. Assim, você vai compreender os fatores que influenciam a qualidade do meio ambiente.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para 
acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/785cb990-8e41-48af-9e8f-00b335d0c974/3438142b-10e7-427d-bec0-831a21e02330.jpg
Conteúdo do livro
A mudança climática e a poluição atmosférica e ambiental afetam diretamente a vida dos seres 
vivos no planeta. As epidemias e um meio ambiente doente têm sido as causas de doenças crônicas 
e óbitos nas últimas décadas. Mesmo com os avanços da medicina, os avanços científicos sobre 
determinantes de saúde, a conscientização sobre a importância do acesso à saúde para toda a 
população, se o meio ambiente não for priorizado na lista de prevenção a doenças, continuará 
sendo um problema de saúde pública.
Neste trecho do livro Meio ambiente e sustentabilidade, base teórica desta Unidade de 
Aprendizagem, você vai ver como a qualidade do meio ambiente pode influenciar positiva ou 
negativamente a saúde das pessoas. Conhecerá os principais focos determinantes de saúde, 
particularidades da Saúde Pública, dados de doenças comuns em determinadas regiões e demais 
informações importantes que serão abordadas ao longo do estudo.
Boa leitura.
André Henrique Rosa
Leonardo Fernandes Fraceto
Viviane Moschini-Carlos
Organizadores
M514 Meio ambiente e sustentabilidade / Organizadores, André 
 Henrique Rosa, Leonardo Fernandes Fraceto, Viviane 
 Moschini-Carlos. – Porto Alegre : Bookman, 2012. 
 412 p. : il. ; 25 cm.
 ISBN 978-85-407-0196-0
 1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, 
 André Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. 
 III. Moschini-Carlos, Viviane. 
CDU 502-022.316
Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen 
CRB10/2150
Meio ambiente e sustentabilidade 163
de determinadas populações, na realização 
de avaliações do impacto de mudanças am-
bientais produzidas por projetos econômi-
cos e sociais, no próprio ecossistema local e 
na saúde das populações humanas para a 
tomada de decisão sobre o desenvolvimen-
to de projetos. Essas avaliações têm como fi-
nalidade oferecer informações sobre os pro-
váveis impactos e as possíveis medidas para 
reduzir e ou prevenir essas situações de 
risco.
MUDANÇA DE PARADIGMA 
NA ÁREA DE SAÚDE E 
MEIO AMBIENTE
As últimas décadas registraram vários even-
tos na área tanto de meio ambiente como 
da saúde, documentando a mudança de 
uma série de paradigmas nessas áreas. A 
mudança de valores se reflete na atualização 
do conceito de saúde que reconhece que, 
para enfatizar o viés profilático, deve ser re-
conhecida a relevância da interferência di-
reta ou indireta dos fatores ambientais na 
prevenção de doenças e agravos à saúde hu-
mana.
A Declaração da Conferência sobre 
cuidados Primários de Saúde da OMS-
-UNICEF, que ocorreu em 1978 em Alma-
-Ata, no Cazaquistão, enfatiza a saúde como 
um direito humano fundamental. Permitiu 
que a saúde, como um bem público, se in-
corporasse à legislação nacional e interna-
cional como instrumento de ações que ob-
jetivassem a redução das desigualdades do 
estado de saúde dos povos, principalmente 
entre os de países desenvolvidos e em de-
senvolvimento.
Portanto, a saúde não mais se explica 
exclusivamente pela ausência de doença, 
apoiada principalmente em intervenções 
clínico-cirúrgicas ou em medidas preventi-
vas tradicionais, mas sim como resultado de 
ações de caráter intersetorial, que a conside-
rem um produto e, ao mesmo tempo, um 
insumo do desenvolvimento. Em 1986, 
ocorreu no Canadá a Primeira Conferência 
Internacional sobre a Promoção da Saúde, 
na qual foi promulgada, pela Organização 
Mundial da Saúde, a “Carta de Ottawa para 
promoção da Saúde” atendendo à demanda 
de uma nova concepção de saúde pública. 
Nesse contexto, delineou-se um cenário no 
qual a importância da qualidade do meio 
ambiente era redimensionada para um espa-
ço ecossocial. Definiram-se linhas de ação 
no sentido de se criarem ambientes favorá-
veis à saúde, os chamados ambientes saudá-
veis. Inúmeras conferências internacionais 
sobre o tema se sucederam e vêm influen-
ciando políticas de saúde coletiva dos mais 
diversos países.
O texto da Constituição Federal Brasi-
leira, promulgada em 1988, já reflete essa 
concepção de relação intrínseca entre meio 
ambiente e saúde. Em seu Artigo 196, a 
saúde é definida como direito de todos e 
dever do Estado, garantido mediante políti-
cas sociais e econômicas que visem à redu-
ção do risco de doença e de outros agravos e 
ao acesso universal e igualitário às ações e 
serviços para sua promoção, proteção e re-
cuperação.
Já em seu Art. 225, prevê que todos 
têm direito ao meio ambiente ecologica-
mente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletivi-
dade o dever de defendê-lo, preservá-lo 
para as presentes e futuras gerações.
Em 1990 a Organização Mundial da 
Saúde cria uma Comissão de Saúde e Meio 
Ambiente. Durante essa mesma década, o 
Brasil deu início à elaboração da Política 
Nacional de Saúde Ambiental, possibilitan-
do posteriormente a implantação do Siste-
ma de Vigilância em Saúde Ambiental com 
o objetivo de compreender as relações entre 
os elementos ambientais e de saúde sobre osquais cabe à saúde pública intervir.
164 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)
De acordo com o documento “Subsí-
dios para construção da Política Nacional de 
Saúde Ambiental”, divulgado em 2007 pelo 
Ministério da Saúde, o campo da Saúde Am-
biental compreende a área da saúde pública 
afeita ao conhecimento científico e à for-
mulação de políticas públicas e as corres-
pondentes intervenções (ação) relacionadas 
à interação entre a saúde humana e os fato-
res do meio ambiente natural e antrópico 
que a determinam, condicionam e influen-
ciam, com vistas a melhorar a qualidade de 
vida do ser humano sob o ponto de vista da 
sustentabilidade.
Nesse sentido, a articulação e a visão 
de indissociabilidade entre as áreas de meio 
ambiente e saúde aponta para a necessidade 
de ações preventivas, tanto relacionadas à 
proteção do meio ambiente como à promo-
ção de saúde. No caso particular da vigilân-
cia em saúde, a Fundação Nacional de 
Saúde (FUNASA) estruturou o Sistema Na-
cional de Vigilância Ambiental em Saúde 
(SINVAS). Sua regulamentação através da 
Instrução Normativa No 1 do Ministério da 
Saúde, de 25 de setembro de 2001, definiu 
competências no âmbito federal dos Esta-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios e, 
para esses fins, apontou também como 
prioridades para intervenção os fatores bio-
lógicos representados pelos vetores, hospe-
deiros, reservatórios e animais peçonhen-
tos; e os fatores não biológicos, que incluem 
a qualidade da água para consumo huma-
no, ar, solo, contaminantes ambientais, de-
sastres naturais e acidentes com produtos 
perigosos.
A Vigilância Ambiental em Saúde é 
definida pela Fundação Nacional da Saúde 
como um conjunto de ações que proporciona 
o conhecimento e a detecção de qualquer mu-
dança nos fatores determinantes e condicio-
nantes do meio ambiente que interferem na 
saúde humana, com a finalidade de identifi-
car as medidas de prevenção e controle dos fa-
tores de risco ambientais relacionados às do-
enças ou outros agravos à saúde. Compete ao 
sistema produzir, integrar, processar e in-
terpretar informações que sirvam de ins-
trumentos para que o Sistema Unificado de 
Saúde possa planejar e executar ações relati-
vas à promoção de saúde e de prevenção e 
controle de doenças relacionadas ao am-
biente.
A Vigilância em Saúde Ambiental foi 
estruturada por meio do Subsistema Nacio-
nal de Vigilância em Saúde Ambiental, re-
gulamentado pela Instrução Normativa 
MS/SVS Nº 1, de 7 de março de 2005. O 
Subsistema Nacional de Vigilância em 
Saúde Ambiental – SINVSA compreende o 
conjunto de ações e serviços prestados por 
órgãos e entidades públicas e privadas, rela-
tivos à vigilância em saúde ambiental, vi-
sando ao conhecimento e à detecção ou pre-
venção de qualquer mudança nos fatores 
determinantes e condicionantes do meio 
ambiente que interferem na saúde humana, 
com a finalidade de recomendar e adotar 
medidas de promoção da saúde ambiental, 
prevenção e controle dos fatores de risco re-
lacionados às doenças e outros agravos à 
saúde, em especial:
I. água para consumo humano;
II. ar;
III. solo;
IV. contaminantes ambientais e substân-
cias químicas;
V. desastres naturais;
VI. acidentes com produtos perigosos;
VII. fatores físicos; e
VIII. ambiente de trabalho.
Parágrafo Único – Os procedimentos de vi-
gilância epidemiológica das doenças e agra-
vos à saúde humana associados a contami-
nantes ambientais, especialmente os rela-
cionados com a exposição a agrotóxicos, 
amianto, mercúrio, benzeno e chumbo serão 
de responsabilidade da Coordenação Geral de 
Vigilância Ambiental em Saúde – CGVAM.
O conceito ampliado de exposição, 
tratado não como um atributo da pessoa, 
Meio ambiente e sustentabilidade 165
mas como conjunto de relações complexas 
entre a sociedade e o ambiente, é central 
para a definição de indicadores e para a 
orientação da prática de vigilância ambien-
tal. Entre as dificuldades encontradas para 
sua efetivação no Sistema Único de Saúde 
no Brasil, estão a necessidade de reestrutu-
ração das ações de vigilância em saúde e a 
formação de equipes multidisciplinares, 
com capacidade de diálogo com outros se-
tores, além da construção de sistemas de in-
formação capazes de auxiliar a análise de si-
tuações de saúde e a tomada de decisões. 
Por exemplo, a Figura 7.5 mostra o poten-
Figura 7.5
Mapa da distribuição espacial do Risco Relativo da incidência de tuberculose em Rio Claro, 
São Paulo, Brasil.
166 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)
cial do uso de indicadores de risco para ges-
tão e planejamento em vigilância ambiental 
que, muitas vezes, não são incorporados aos 
métodos de análise.
Como tentativa de articular as esferas 
governamentais e demais atores envolvidos 
nesse processo e consolidar a Política Na-
cional de Saúde Ambiental, o Ministério de 
Meio Ambiente programou para dezembro 
de 2009, em Brasília, a I Conferência Nacio-
nal de Saúde Ambiental.
INTEGRAÇÃO DAS AÇÕES 
DE PROMOÇÃO DE SAÚDE 
E PROTEÇÃO DO MEIO 
AMBIENTE
Ações de integração dos vários setores en-
volvidos são sempre bem-vindas e necessá-
rias. A complexidade das questões socioam-
bientais exige cada vez mais preparo para 
seu enfrentamento, pois muitas vezes a apa-
rente resolução de um problema pode agra-
var outro. O equacionamento dessas situa-
ções é um grande desafio. Geralmente, a 
promoção à saúde e a proteção ao meio am-
biente são vistas como valores que intera-
gem sempre em harmonia. No entanto, em-
bora a interface e a interdependência dessas 
duas questões seja inquestionável, as ações 
voltadas para promoção da saúde, se conce-
bidas de forma desarticulada da proteção 
ao meio ambiente, podem gerar um cenário 
muito negativo. Por exemplo, a produção 
de alimento em larga escala, como ação de 
combate à fome, normalmente representa a 
ocupação de extensas áreas de vegetação 
natural substituídas pelas culturas utiliza-
das como alimentos. Isso tem representado 
desmatamento, destruição de hábitats natu-
rais e também pode significar a introdução 
local de inúmeros contaminantes no ar, na 
água e no solo com a justificativa de manter 
a produtividade e combater as pragas, o que 
ao final, também se reverte em comprome-
timento da saúde humana.
O combate a vetores de inúmeras do-
enças como a febre amarela, a dengue e a 
malária pode resultar na intensificação da 
contaminação ambiental. Isso só reforça a 
necessidade de implementação de ações de 
impacto ecossistêmico positivo, integradas 
à dinâmica ambiental e não mais apenas 
pontuais e de emergência como a aplicação 
de inseticidas.
A própria atenção à saúde gera inú-
meros resíduos biológicos, químicos, físi-
cos, inclusive radioativos. Além disso, a 
ampla gama de medicamentos gera sobras 
que podem ser descartadas no ambiente, 
bem como resíduos desses, contidos nas ex-
cretas humanas e podem se dispersar cau-
sando contaminação ambiental.
Os dados divulgados em 2009, refe-
rentes ao ano de 2007, pelo Sistema Nacio-
nal de Informações Tóxico-Farmacológicas 
(Sinitox) da Fiocruz, registraram mais de 
100 mil casos de intoxicação humana e 
quase 500 óbitos registrados pelos centros 
de Informação e Assistência Toxicológica 
em todo o país. Esses dados apontam as 
crianças menores de cinco anos como as 
mais atingidas, representando 25% dos 
casos. Os principais agentes desses quadros 
de intoxicação são justamente os medica-
mentos (30,7%), seguidos pelos animais pe-
çonhentos (20,1%) e produtos de limpeza 
domiciliar (11,4%). Portanto, mais de 42,1% 
dos casos são provocados por produtos que 
deveriam ser utilizados na promoção da 
saúde humana.
Segundo a Organização Mundial da 
Saúde, a quantidade de antimicrobianos 
utilizados em animais e o seu padrão de uti-
lização não são conhecidos. Embora os nú-
meros variem, e a maioria dos países não 
tenha essas estatísticas, dados atuais indi-
cam que praticamente metade dos antibió-
ticos produzidos são utilizados na medicina 
humana e a outra parte na produção ani-
Meioambiente e sustentabilidade 167
mal, seja como elemento profilático ou te-
rapêutico, seja como fator de crescimento.
A liberação desses compostos no am-
biente pode causar desequilíbrios nas mi-
crobiotas do solo e da água e também disse-
minar fatores de resistência antimicrobiana 
em locais que não deveriam apresentar 
essas ocorrências, agravando, assim, a disse-
minação de cepas resistentes aos tratamen-
tos. Esse fato é relevante principalmente 
quando consideramos a disseminação de pa-
tógenos agentes de DTAs (Doenças Trans-
mitidas por Alimentos), como as bactérias 
Campylobacter jejuni, Escherichia coli, Sal-
monella e Enterococcus. Esses microrganis-
mos se encontram associados aos animais e 
seus produtos, podendo atingir os seres hu-
manos que consomem estes como alimen-
tos. O combate a um processo infeccioso 
humano, causado por um microrganismo 
cuja resistência aos antimicrobianos já se 
deu no ambiente, é cada vez mais difícil e 
oneroso. Além disso, os elementos genéticos 
que determinam a resistência aos antimi-
crobianos podem ser disseminados no or-
ganismo do hospedeiro humano e transmi-
tidos às bactérias que já colonizam esses in-
divíduos acelerando e amplificando o 
problema da resistência microbiana aos an-
timicrobianos.
Na tentativa de melhorar a aborda-
gem dessas questões, a própria legislação já 
esboça a tentativa de articular as normas le-
gais contemplando ambos os setores, com 
aspectos enfatizados pelas Resoluções do 
Ministério da Saúde articuladas às do Meio 
ambiente, como no caso dos Resíduos Sóli-
dos de Serviços de Saúde, mas há necessida-
de ainda de disseminar essa cultura entre os 
distintos setores, envolvendo várias outras 
esferas.
Esses pontos apenas ilustram e refor-
çam a necessidade de ações integradas, que 
não visem à resolução focada apenas em 
um setor, pois o resultado de uma ação, seja 
voltada exclusivamente para a saúde ou 
para o meio ambiente, representará um 
risco potencial para a outra área se não for 
planejada e executada de forma ampla e in-
tegrada.
A QUALIDADE DA ÁGUA 
E A SAÚDE
Globalmente, 1 bilhão de pessoas está atual-
mente sem acesso a abastecimento de água e 
2,6 bilhões não contam com nenhuma forma 
de serviços de saneamento básico. A maioria 
dessas pessoas vive na Ásia e na África.
O consumo de água contaminada, seja 
por agentes biológicos ou químicos, é uma 
importante causa de agravos à saúde, cau-
sando principalmente diarreia. Essa ocor-
rência é, de modo geral, causada por infec-
ções gastrointestinais que matam cerca de 
2,2 milhões de pessoas no mundo a cada 
ano, sendo 1,5 milhão de crianças, a maio-
ria em países em desenvolvimento. O uso 
da água na higiene é uma medida preventi-
va importante.
A diarreia pode durar vários dias e 
pode deixar o corpo sem a água e sais que 
são necessários para a sobrevivência. A 
maioria das pessoas que morrem de diar-
reia, na verdade, morrem de desidratação 
grave e perda de líquido. Crianças que se 
alimentam mal ou têm deficiência de imu-
nidade são mais suscetíveis ao risco de vida 
pela ocorrência da diarreia.
A degradação ambiental vem amea-
çando o acesso a esse recurso vital, compro-
metendo a qualidade e a quantidade de 
água disponível para consumo. No Brasil, 
embora haja a ideia de abundância de água, 
a distribuição é muito irregular pelo terri-
tório nacional, e as fontes de contaminação 
representam um fator limitante para o for-
necimento de água para a população.
Os reservatórios próximos aos gran-
des centros urbanos encontram-se eutrofi-
zados. Esse fato pode favorecer a ocorrência 
168 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)
de fenômenos como as “florações” de algas 
unicelulares e de cianobactérias, já que esses 
organismos são abundantes em nossas 
águas. A proliferação excessiva desses mi-
crorganismos compromete a qualidade da 
água, pois esses são produtores de inúmeras 
toxinas que podem ter efeitos neurotóxicos, 
hepatotóxicos e dermatotóxicos. Essas toxi-
nas são liberadas pela lise das células produ-
toras, portanto o problema pode ser agrava-
do se a água for submetida à cloração. Em 
1996, em Caruaru, no estado de Pernambu-
co, o fornecimento de água contaminada 
por cianotoxinas hepatotóxicas a um hospi-
tal vitimou mais de uma centena de pacien-
tes do serviço de hemodiálise. Atualmente, 
esse é um risco eminente que deve ser con-
tinuamente monitorado. A Figura 7.6 mos-
tra o monitoramento da Represa de Guara-
piranga, um importante reservatório que 
tem servido de manancial para o abasteci-
mento da água da população da cidade de 
São Paulo. Na figura, é possível observar 
que, em dois diferentes pontos de monito-
ramento, os valores de coliformes ultrapas-
sam os valores sugeridos segundo o Conse-
lho Nacional do Meio Ambiente (CONA-
MA) que regulamenta os valores máximos 
permitidos.
A CONTAMINAÇÃO 
ATMOSFÉRICA E SEUS 
EFEITOS NA SAÚDE HUMANA
A interpretação dos efeitos das condições 
ambientais sobre a saúde humana é um 
processo complexo, principalmente por ser, 
na maioria das vezes, de natureza múltipla. 
Além disso, ficam mais evidentes e menos 
difíceis de correlacionar os efeitos agudos, 
já que se trata de manifestações intensas e 
próximas ao momento da exposição. No 
entanto, vários efeitos adversos se apresen-
tam de forma crônica, e ainda necessitamos 
de muitos estudos para esclarecer a nature-
za e a extensão desses efeitos e correlacioná-
-los com dados epidemiológicos que conso-
lidem essas informações.
Durante a evolução humana na Terra, 
o homem desenvolveu mecanismos de inte-
ração e defesa contra as agressões sofridas 
por agentes infecciosos, no entanto, até hoje 
o contato com esses organismos patogêni-
cos pode trazer prejuízos à saúde, e a ciência 
ainda tenta desvendar os mecanismos en-
volvidos nessa interação parasita-hospedei-
ro. No tocante à contaminação química do 
ambiente, intensificada a partir da Revolu-
Figura 7.6
Tendência de aumento de coliformes termotolerantes (linhas cinzas continuas e pontilhadas) 
em relação aos valores padrão CONAMA (linha contínua preta).
Meio ambiente e sustentabilidade 169
ção Industrial em meados do século XVIII, 
podemos considerar essa interação relativa-
mente recente, principalmente pelo fato de 
a introdução e diversificação de agentes ser 
crescente. Nesse sentido, o organismo hu-
mano sofre de uma extensa gama de efeitos 
adversos dessa interação, e a ciência ainda 
tenta compreender os mecanismos envolvi-
dos nessas manifestações.
Cerca de 800 mil óbitos são atribuídos 
à poluição do ar ambiental, 1,6 milhão à 
poluição do ar no interior dos domicílios e 
154 mil óbitos às alterações climáticas. São, 
portanto, cerca de 2,5 milhões de mortes 
evitáveis a cada ano. Esses números tendem 
a uma elevação contínua se forem mantidos 
os níveis atuais de emissões e demais aspec-
tos de degradação ambiental como a devas-
tação da vegetação natural. A Figura 7.7 
mostra a intensa relação entre poluentes at-
mosféricos e internações por doenças respi-
ratórias em uma cidade do interior do esta-
do de São Paulo.
Por exemplo, as pessoas de áreas urba-
nas e industrializadas já têm a percepção da 
ação da poluição atmosférica sobre sua saúde. 
Porém, esses mecanismos não estão clara-
mente descritos, e inúmeras pesquisas estão 
sendo realizadas com essa finalidade. Relatos 
recentes têm demonstrado que os efeitos da 
exposição aos elevados níveis de poluição at-
mosférica, nos grandes centros urbanos, con-
tribuem tanto para o aparecimento de agra-
vos crônicos à saúde, como alergias, irritação 
das mucosas e da pele, problemas respirató-
rios e até mesmo câncer de pulmão como 
para a ocorrência de efeitos agudos, como a 
hipertensão e paradas cardíacas.
Pesquisas com gestantes demonstra-
ram que a exposição à poluição atmosféri-
ca, principalmente no primeiro trimestre de 
gravidez, resulta em recém-nascidos com 
baixo peso, podendo também elevar o risco 
de morte perinatal em 50%. Além disso, há 
indicação de que, nos diasde maior concen-
tração de poluentes na atmosfera na cidade 
de São Paulo, principalmente de CO, há ele-
vação do número de abortos.
A poluição atmosférica também seria 
responsável por 5% das mortes por proble-
Figura 7.7
Gráfico de uma série histórica dos níveis de poluentes atmosféricos e internações por doenças 
respiratórias na cidade de Sorocaba, São Paulo de 2004 a 2007.
170 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)
mas respiratórios tanto em crianças como 
em idosos em sete capitais brasileiras (São 
Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitó-
ria, Curitiba, Fortaleza e Porto Alegre).
Experimentos com camundongos ex-
postos ao ar poluído de São Paulo mostra-
ram redução de fertilidade. As fêmeas pro-
duziram 36% menos células germinativas e 
sofreram abortos espontâneos mais fre-
quentes que fêmeas mantidas em ambiente 
abastecido com ar filtrado. Além disso, os 
filhotes das fêmeas mantidas em atmosfera 
poluída nasceram com peso inferior e 
foram observadas alterações da placenta, 
com estreitamento dos vasos sanguíneos. A 
capacidade respiratória dos filhotes de pais 
expostos ao ar poluído, e também mantidos 
nesse tipo de ambiente, também foi reduzi-
da. Os pesquisadores do Laboratório de Po-
luição Atmosférica Experimental da Uni-
versidade de São Paulo, autores desses estu-
dos, chamam a atenção para o fato de a 
inalação de partículas menores que 2,5 mi-
crômetros, que atravessam as primeiras 
bar reiras do sistema respiratório, afetar o 
desenvolvimento dos alvéolos. Essa consta-
tação é particularmente importante para a 
espécie humana porque cerca de 85% dos 
alvéolos se forma na fase entre a infância e 
a puberdade. Essa formação estaria com-
prometida em pessoas que vivem em am-
bientes poluídos, consequentemente, com-
prometendo a capacidade respiratória no 
adulto.
Os efeitos marcados na saúde pela po-
luição oriunda do tráfego são agora relativa-
mente conhecidos. Estudos nos EUA mos-
traram que pessoas que moram a até 100m 
de estradas movimentadas estão mais pro-
pensas à asma e a doenças cardiovasculares. 
Ações de redução de tráfego, como as ado-
tadas em torno dos estádios nas Olimpíadas 
em Pequim e Atlanta, repercutiram na re-
dução de internações locais por doenças 
respiratórias e cardiovasculares.
Estratégias de monitoramento contí-
nuo da poluição do ar ao longo das vias de 
tráfego intenso nos grandes centros urba-
nos podem auxiliar no mapeamento desses 
poluentes e subsidiar ações para escoar o 
trânsito em locais com concentrações críti-
cas decorrentes da concentração de auto-
móveis.
Por um lado, temos a intensificação da 
poluição atmosférica pela queima de com-
bustíveis fósseis nas vias de tráfego das áreas 
urbanizadas e nas estradas; no entanto, a 
proposta de substituição por outras matri-
zes energéticas deve ter seus impactos no 
ambiente e na saúde avaliados.
Não só nos ambientes densamente ur-
banizados são detectados problemas de 
saúde decorrentes da exposição a poluentes 
atmosféricos. Na região rural, as queimadas 
são tradicionalmente realizadas como 
forma de remoção da vegetação para ocu-
pação do solo com outras atividades como 
o plantio da cana-de-açúcar.
O Brasil é o maior produtor e expor-
tador mundial de álcool, considerado com-
bustível limpo, pois provém de fontes reno-
váveis. No entanto, se analisado todo o pro-
cesso produtivo da cana, podemos verificar 
importantes impactos ambientais com con-
sequências à saúde da população que reside 
próximo à área de plantio e dos trabalhado-
res que atuam no corte da cana.
Estudos epidemiológicos apontam 
para o agravamento de problemas respira-
tórios pela exposição ao ar contaminado 
pela queima da cana. No entanto, as doen-
ças cardiovasculares também vêm sendo 
associadas a esse tipo de poluição, em espe-
cial o infarto do miocárdio. O tamanho das 
partículas geradas pela queima da palha da 
cana pode determinar o tipo de efeito na 
saúde, e esse efeito pode ser potencializado 
por outros gases presentes. Partículas de 
menor diâmetro são de maior impacto, mas 
as PM10 podem rapidamente penetrar e se 
depositar na traqueia e nos brônquios. As 
PM 2,5 podem alcançar vias aéreas estreitas 
e alvéolos e as partículas ultrafinas, meno-
res que 100 nm (0,1 μm), têm alta deposi-
Meio ambiente e sustentabilidade 171
ção nos alvéolos. As partículas ultrafinas re-
presentam maior parte do material particu-
lado e têm razão maior de área-massa, o 
que aumentaria a toxidade biológica, pois 
conseguem até passar diretamente à cor-
rente sanguínea. A população sob maior 
risco é de idosos, daqueles com doenças 
pulmonares crônicas, com doenças corona-
rianas, ou pacientes com diabete. Enquanto 
a poluição atmosférica aguda pode desen-
cadear infarto do miocárdio em horas ou 
dias nas pessoas suscetíveis, a exposição 
crônica a poluentes aumenta o risco de do-
enças cardiovasculares que podem estar re-
lacionadas à inflamação pulmonar crônica, 
como ocorre na queima de biomassa em 
ambientes fechados. A população que resi-
de próximo à área de plantio sofre os efeitos 
da poluição difusa que varia espacialmente 
em função do gradiente de concentração 
originado pela dispersão desses particula-
dos. Os trabalhadores que atuam no corte 
da cana sofrem com os efeitos agudos dessa 
exposição.
Não apenas a exposição aos particula-
dos, mas também aos produtos originados 
pela combustão incompleta podem afetar 
gravemente a saúde, pois as cinzas produzi-
das podem ter elementos tóxicos como os 
Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos.
A exposição à poluição do ar interior 
contaminado pela queima de combustíveis 
sólidos tem sido associada a muitas doen-
ças, em especial à pneumonia entre as crian-
ças e às doenças respiratórias crônicas entre 
adultos. Os efeitos da contaminação atmos-
férica na saúde humana em países desen-
volvidos atraem a atenção dos pesquisado-
res e das agências regulamentadoras há 
algum tempo. A combustão de biomassa re-
presenta a maior fonte de produção de gases 
tóxicos, material particulado e gases de efei-
to estufa. No entanto, os prejuízos causados 
pelas grandes queimadas em áreas de mata 
e da queima de biomassa para produção de 
energia em países em desenvolvimento cos-
tumam ser negligenciados.
Mais de três bilhões de pessoas em 
todo o mundo continuam a depender dos 
combustíveis sólidos, incluindo os combus-
tíveis de biomassa (madeira, esterco e resí-
duos agrícolas) e carvão, para as suas neces-
sidades energéticas diárias, como cozinhar, 
aquecer lareiras, resultando em altos níveis 
de poluição do ar dos ambientes internos. A 
fumaça contém uma gama de poluentes 
prejudiciais à saúde, tais como pequenas 
partículas e monóxido de carbono. As par-
tículas em níveis de poluição podem exce-
der até 20 vezes os valores de exposição 
aceitos. A Organização Mundial da Saúde 
estima que a exposição a esse tipo de conta-
minação seja responsável por 2,7% da carga 
global de doenças.
Há evidências consistentes de que a 
exposição à fumaça de biomassa aumenta o 
risco de infecções respiratórias agudas na 
infância, especialmente pneumonia. Glo-
balmente, essas patologias representam a 
causa mais importante de morte em crian-
ças menores de 5 anos e são responsáveis 
por pelo menos 2 milhões de mortes anual-
mente nessa faixa etária. A poluição do ar 
interior é considerada um fator de risco 
também para bronquite crônica e doença 
pulmonar obstrutiva crônica progressiva.
Fumaça de ambos, carvão e biomassa, 
contêm quantidades significativas de subs-
tâncias carcinogênicas. Evidências consis-
tentes têm mostrado que mulheres expostas 
à fumaça dos fogos de carvão dentro de casa 
têm um risco elevado de câncer de pulmão. 
Esse efeito foi determinado pela verificação 
da presença de substâncias cancerígenas na 
fumaça, o que implica que o risco existe. No 
entanto, dados epidemiológicos que docu-
mentem essa correlação da ocorrência de 
câncer de pulmão na população exposta 
ainda são insuficientes. Para exemplificar, a 
Figura 7.8 mostraa relação entre a existên-
cia de hipertensão e doenças cardiovascula-
res provocadas pela exposição deletéria de 
agentes nocivos de poluentes do ar de um 
estudo realizado com dados de um Posto de 
172 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)
Atendimento de áreas próximas a locais de 
queimada de cana.
A fumaça produzida em ambientes fe-
chados pelos cigarros de tabaco também 
causa inúmeros efeitos deletérios à saúde, 
não apenas dos fumantes como das pessoas 
que involuntariamente inalam essa fumaça. 
O dia 31 de maio foi definido pela OMS 
como o Dia Mundial sem tabaco. O tabagis-
mo causa a morte de 5,4 milhões de pessoas 
por ano, representando um fator de risco 
para seis das oito principais causas de mor-
tes no mundo, como as doenças cardiovas-
culares e o câncer de pulmão.
Inúmeras estratégias de combate ao 
tabagismo vêm sendo implementadas, e, 
nesse momento, a saúde dos fumantes pas-
sivos também vem sendo alvo dessas ações. 
Quase metade das crianças do mundo res-
pira ar poluído pelo fumo do tabaco, o que 
agrava uma série de problemas pulmonares. 
Pelo menos 200 mil trabalhadores morrem 
a cada ano devido à exposição ao fumo pas-
sivo no trabalho. Países como a Irlanda, 
desde 2004, convivem com leis que proíbem 
o fumo em locais públicos fechados e am-
bientes de trabalho. Outros países seguiram 
a mesma linha e, no Brasil, no estado de São 
Paulo, foi promulgada a Lei No 13.541, em 
maio de 2009. Essa lei segue uma tendência 
mundial que busca implementar ações que 
eliminem os resíduos do tabaco dos am-
bientes e consequentemente os efeitos noci-
vos à saúde das pessoas expostas a eles, 
principalmente em ambientes fechados.
A ocupação e ambientes arquitetoni-
camente concebidos para isolar as pessoas 
do ambiente externo natural foram desen-
volvidos no sentido de garantir conforto 
térmico e geram condições atmosféricas 
muito peculiares. Esses ambientes confi-
nam pessoas, equipamentos, mobiliários, 
itens de decoração e as respectivas emis-
sões provenientes desse tipo de ocupação 
gerando riscos físicos, químicos e biológi-
cos. A exposição constante a esses ambien-
tes, principalmente no âmbito ocupacional, 
pode desencadear efeitos nocivos à saúde 
das pessoas.
Em 1976, a ocorrência de um surto de 
legionelose afetou 182 legionários que par-
ticipavam de uma comemoração cívica em 
um hotel nos EUA, levou 29 indivíduos a 
óbito. Esse fato impulsionou pesquisas que 
permitissem avaliar melhor o risco de com-
partilhamento do ar nesses ambientes fe-
chados. Hoje são reconhecidas as “Doenças 
relacionadas a edifícios”, que têm um agente 
definido e a “Síndrome de Edifícios Doen-
tes” (SED), de etiologia não definida e natu-
reza multicausal. A OMS reconhece como 
os principais sintomas da SED: fadiga, le-
targia, cefaleia, prurido e ardor nos olhos, 
anormalidades na pele, irritação do nariz e 
garganta e falta de concentração. Na tentati-
va de estabelecer critérios para a avaliação 
das condições de ambientes fechados, a le-
Figura 7.8
Hipertensos (círculos externos) e doenças car-
diovasculares (círculos internos) em áreas de 
cultivo de cana-de-açúcar em Rio Claro, São 
Paulo (2009).
3. Jd
. N
ova Veneza 
e Paulist
a
1. Anhanguera e 
JD. Centenário
5. B
enjamin 
de Castro
 1
5. 
Benjamin 
de 
Castro
 2
2. Residencial dos Bosques
6. JD. M
aria Crist
ina
Meio ambiente e sustentabilidade 173
gislação brasileira determina como limite 
aceitável 750UFC/m3 de fungos no ar. Esse 
número não parece estar claramente corre-
lacionado com os possíveis agravos à saúde, 
principalmente nas condições ambientais 
brasileiras. Portanto, é importante que essa 
relação possa ser melhor investigada e que 
sejam determinados indicadores biológicos 
e não biológicos que auxiliem no monitora-
mento da qualidade do ar interior, que sub-
sidiem ações profiláticas.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS 
E SAÚDE
Os claros impactos das mudanças climáticas 
já apontam para sérios riscos diretos e indi-
retos para a saúde humana. Esses impactos 
podem ser decorrentes do efeito direto do 
calor, que pode agravar e comprometer o es-
tado de saúde de indivíduos com doenças 
crônicas, do aumento das doenças pela ex-
pansão de seus vetores, aumento das doenças 
de veiculação hídrica pelo impacto de fortes 
chuvas ou estiagens prolongadas e maiores 
riscos decorrentes da qualidade do ar.
Em julho de 1995, em Chicago, EUA, a 
elevação da temperatura causada por uma 
onda de calor (EHE – Extreme Heat Event) 
provocou mil hospitalizações excedentes, 
principalmente em pacientes com diabete, 
doenças respiratórias e distúrbios nervosos. 
Calcula-se que em 2003, na Europa, mais de 
35 mil mortes tenham sido causadas pela 
onda de calor, distribuídas pela França (14 
mil óbitos), Itália e Espanha (4,2 mil), Por-
tugal (2mil) e mais de 2 mil no Reino Unido. 
O verão de 2009 já registrou temperaturas 
altas em várias localidades na Europa, exce-
dendo 40o C em países como a Itália.
É necessário um planejamento para o 
enfrentamento de situações como essa, 
para que o setor de saúde pública esteja 
preparado para atuar diante de uma eleva-
ção abrupta de agravos à saúde. Essa ques-
tão é mais grave em áreas mais pobres, pois 
a população é mais suscetível e os locais 
têm menos infraestrutura para o atendi-
mento dos pacientes. Geralmente, nesses 
locais já há uma deficiência no atendimen-
to da demanda de rotina, e a previsão indi-
ca que as áreas mais pobres serão severa-
mente afetadas.
Mesmo em países com estruturas 
adequadas para atendimento na Europa, o 
atendimento não supriu a demanda. A 
maioria das vítimas francesas faleceu em 
razão de desidratação, pois o sistema de 
saúde não estava preparado para atender a 
milhares de casos simultâneos de desidra-
tação.
Ocorrência semelhante aconteceu na 
cidade do Rio de Janeiro, na epidemia de 
dengue registrada em 2008. Hospitais de 
campanha do exército chegaram a ser mon-
tados na tentativa de atender os inúmeros 
pacientes que necessitavam de reidratação.
A piora da qualidade do ar pode acom-
panhar a onda de calor, principalmente quan-
do provoca incêndio em extensas áreas. Em 
2003, estima-se que 10% das florestas em 
Portugal tenham sido devastadas.
Estudos demonstram, também na Eu-
ropa, que a elevação de cada grau na tempe-
ratura média corresponde à elevação de 4% 
das hospitalizações por complicações respi-
ratórias e que essas ocorrências se concen-
tram em pacientes com 75 anos ou mais.
Na área natural, a destruição das flores-
tas já colabora para a alteração dos ciclos de 
doenças associadas a vetores, geralmente 
deslocando o eixo silvestre da doença para o 
ambiente urbano, expondo as populações 
urbanas. Além disso, as mudanças climáticas 
afetam o regime de chuvas e podem contri-
buir para a proliferação de vetores que apre-
sentam parte do seu ciclo na água, como é o 
caso da dengue, da febre amarela, além da 
malária e da leishmaniose, importantes do-
enças endêmicas no Brasil. Na transmissão 
de malária, a temperatura desempenha um 
papel importante. Por exemplo, o aumento 
da temperatura em torno de 1,5°C pode 
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
 
Dica do professor
A precariedade das condições de vida de determinadas regiões, a falta de saneamento básico e os 
maus hábitos de higiene são alguns dos fatores que geram efeitos nocivos de degradação 
ambiental. E isso se torna um agente causador de doenças em milhões de pessoas.
Nesta Dica do Professor, você vai ver algumas formas de degradação ambiental e suas 
consequências como questão de saúde coletiva para a população.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/720da1f4082a8daddca6d390c939fe61
Exercícios
1) Saúde e meio ambiente são temas indissociáveis, pois já está comprovado que omeio 
ambiente influencia a saúde dos seres vivos de maneira direta — dessa forma, foi 
estabelecida a denominação "saúde ambiental".
Nesse sentido, quando o relacionamento intrínseco entre saúde e meio ambiente foi 
proposto pela primeira vez?
A) Em 1978, na Conferência sobre Cuidados Primários de Saúde da OMS-Unicef, em Alma-Ata, 
no Cazaquistão.
B) Em 1988, em Brasília, no ato da promulgação Constituição Federal Brasileira.
C) Em 1990, quando a OMS criou a Comissão de Saúde e Meio Ambiente.
D) Em 2007, no documento “Subsídios para construção da Política Nacional de Saúde 
Ambiental", no Brasil.
E) Em 1986, no Canadá, na Primeira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde.
O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental (SINVSA) compreende o conjunto 
de ações e serviços prestados por órgãos e entidades públicas e privadas, relativos à 
vigilância em saúde ambiental.
Com base nessas ações, analise as sentenças a seguir, julgando-as como verdadeiras (V) ou 
falsas (F):
( ) Água para consumo humano: a água é um importante agente causador de doenças e, 
portanto, incluído como foco do SINVSA.
( ) Contaminantes ambientais e substâncias químicas: poluentes de grande impacto para as 
comunidades, podendo causar danos ao solo, ao ar, à água e, consequentemente, à saúde 
humana, integrados como foco do SINVSA.
( ) Análise de impactos ambientais: a análise de impactos ambientais está associada ao 
processo de licenciamento ambiental para atividades que possam vir a causar danos ao meio 
ambiente, inclusive ao meio socioeconômico, mas não é foco do SINVSA.
( ) Desastres naturais: eventos naturais que, quando ocorrem, podem provocar grandes 
danos à saúde, mas não são foco do SINVSA.
2) 
212162
Realce
( ) Acidentes com produtos perigosos: o crescimento urbano e o desenvolvimento da 
logística resultaram também no aumento de acidentes, muitas vezes, com produtos 
perigosos que acabam contaminando o solo, a água e o ar, provocando danos ao meio 
ambiente e à saúde humana, sendo, portanto, integrados como foco do SINVSA.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta:
A) V - V - V - F - F.
B) V - F - V - V - V.
C) V - V - F - F - V.
D) V - V - F - F - F.
E) F - F - F - V - V.
3) A água é fundamental para a vida. Ela elimina toxinas do corpo, leva nutrientes para as 
células, mas, se não for tratada, pode causar sérios danos, pois também é um eficiente 
veículo de transmissão de doenças.
Sobre a qualidade da água e a saúde, assinale a alternativa correta.
A) O consumo de água contaminada é uma importante causa de agravos à saúde.
B) A tecnologia atual minimiza os danos da degradação ambiental no acesso à água.
C) Os corpos hídricos ao redor das grandes cidades estão em ótima qualidade.
D) O controle da água é facultativo nos locais de captação para provisão pública.
E) A sazonalidade é desconsiderada para a análise e o monitoramento da água.
O ar é um elemento importante para a manutenção do corpo humano, como também para a 
biodiversidade do planeta. Se não bem circulado, ele também pode ser nocivo ao concentrar 
microrganismos e poluentes agressivos ao corpo humano.
Com relação à qualidade do ar e à saúde, correlacione os itens e as colunas a seguir:
I. Poluição atmosférica
II. Desmatamento
III. Consequências da poluição do ar
4) 
212162
Realce
212162
Realce
IV. Mapeamento
V. Pequenas partículas no ar
 
( ) Causam o maior impacto à saúde, pois podem rapidamente penetrar e se depositar na 
traqueia e nos brônquios.
( ) Causa alergias, irritação das mucosas e da pele, problemas respiratórios e até mesmo 
câncer de pulmão.
( ) É maior nos grandes centros urbanos, principalmente onde há concentração de indústrias 
e de trânsito.
( ) Grandes queimadas certamente contribuem com inserção de carbono no ar, levando ao 
agravamento de diversas doenças.
( ) Pode auxiliar na tomada de decisão quanto a ações preventivas e corretivas.
Assinale a alternativa que contém a relação correta:
A) I - III - II - V - IV.
B) III - V - I - II - IV.
C) V - III - I - II - IV.
D) IV - III - I - II - V.
E) II - III - V - I - IV.
5) O solo é um elemento essencial para a vida na Terra. Sem ele, o ecossistema não pode 
funcionar. Sua composição saudável é fundamental e ampla, englobando desde o 
crescimento e a disseminação das plantas até a realização de atividades econômicas.
Qual(is) dos elementos apresentados é(são) considerado(s) componente(s) essencial(is) dos 
solos e não nocivo(s) à biota?
A) Chumbo.
B) Matéria orgânica.
C) Restos de pesticidas.
212162
Realce
212162
Realce
D) PAHs.
E) Cádmio.
Na prática
O profissional da área da saúde deve ter sua atuação constante com a população, e para a 
população, sempre alicerçado em conhecimento científico, boas práticas e educação continuada. 
Sua visão de gestão deve ser ampla o suficiente para analisar as dimensões de cada problema.
Além disso, trabalhar em rede, de modo interprofissional, facilita e promove uma resolução mais 
qualificada e eficiente das demandas. Sendo assim, é possível trabalhar nesse modelo, na prática, 
quando há uma visão qualificada de gestão que consegue perceber a plenitude da situação.
Confira, Na Prática, um relato de caso sobre uma situação comum em ambientes urbanos e veja 
como é possível lidar com isso.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Relatório da ONU aponta soluções para reduzir a poluição 
plástica
A poluição plástica assola o mundo por questões comportamentais de empresas, indústrias e dos 
indivíduos que são totalmente controláveis. Leia, nesta matéria, sobre o relatório da Organização 
das Nações Unidas (ONU) que revela os dados e propõe soluções para este problema.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Bitucas de cigarro, saúde e meio ambiente
As bitucas de cigarro são um grave problema de saúde coletiva e pública, pois indicam a proporção 
do tabagismo na população e seu descarte gera uma poluição grave ao meio ambiente. Confira, 
neste vídeo, como as bitucas afetam a saúde e o meio ambiente.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Medicina interna
Confira, no capítulo 17 – Medicina global, dados e discussões acerca do tema, inclusive sobre as 
doenças decorrentes do meio ambiente.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
https://brasil.un.org/pt-br/231688-relat%C3%B3rio-da-onu-aponta-solu%C3%A7%C3%B5es-para-reduzir-polui%C3%A7%C3%A3o-pl%C3%A1stica
https://www.youtube.com/embed/OsMp9upTu0w?si=xfYnNLuQcHIwawTo

Continue navegando