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INTRODUÇÃO A GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Maria Flavia Tavares Contextualização do agronegócio Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer a evolução histórica do agronegócio. � Definir o sistema agroindustrial. � Analisar as novas definições para agribusiness. Introdução Há 50 anos, o Brasil era importador de alimentos e passou por enormes crises de abastecimento por falta de produtos. Entretanto, o crescimento da produtividade permitiu ofertas mais abundantes de alimentos a preços mais baratos. O país se transformou em um expressivo exportador de uma pauta diversificada de produtos agropecuários (MAPA, 2017). Até 2050, a população mundial crescerá de 7 bilhões para 9 bilhões de habitantes, e o volume produzido de alimentos, ração e fibras deverá dobrar. Estima-se que a produção global de grãos precisará crescer cerca de 70% nesse período. Ao mesmo tempo, as lavouras serão utilizadas para a produção de bioenergia e para fins industriais (FAO, 2017). De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2017), estudos desenvolvidos pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam o Brasil como um dos países em que a produti- vidade vem aumentando com o tempo. Neste capítulo, você estudará as definições e os conceitos de agronegócio e a evolução dessa prática. Contextualização histórica Será apresentada neste capítulo uma análise histórica relativa à agricultura, que culminou no conceito atual de agronegócio. Há milhares de anos, os homens viviam em comunidades e interagiam em bandos na busca por alimentos em um ambiente diversificado, porém inóspito e pouco acolhedor. Para viver nesse ambiente com muitas dificuldades, eles precisavam não depender apenas da caça e pesca. Assim, eles foram evoluindo e passaram a cultivar o seu próprio alimento.Os anos foram passando e eles perceberam que poderiam domesticar os animais selvagens, e estes poderiam ajudá-los em suas tarefas na agricultura (ARAÚJO, 2005). Segundo Araújo, é possível considerar essa fase como o início da agropecuária, que permitiu que o homem se fixasse em lugares pré-estabelecidos, deixando de caminhar por grandes distâncias em busca de alimentos. Tudo o que o ser humano precisava estava disponível nas propriedades, mas estas ainda eram muito precárias em relação à infraestrutura, atrasadas tecnologicamente. Havia uma grande dificuldade em conservar os alimentos, já que não havia geladeira para guardá-los. Assim, deviam ser consumidos rapida- mente. Havia uma diversificação da produção de várias culturas e criações de animais nessas propriedades rurais, que com o tempo começaram a desenvolver atividades industriais junto das atividades agropecuárias (ARAÚJO, 2005). Mo dernização da agricultura Essa intensificação das relações agricultura/indústria provocou uma mudança no processo de modernização da agricultura brasileira a partir da segunda metade da década de 1960 (MAZALLI, 2000). Esse período é considerado referência no processo de modernização da agricultura do país, pois nele foi delineado um novo modo de produção agrícola que levou a um aumento das relações agricultura/indústria. A partir dessa época, a produção agrícola passa a depender dos insumos que recebe de determinadas indústrias, como implementos agrícolas. Durante os anos seguintes, houve evolução socioeconômica e avanços tecnológicos que contribuíram para aumentar o êxodo rural. A cidade tornou-se atrativa e as propriedades foram perdendo sua autossuficiência. Teve início um processo de especialização em determinadas atividades: as propriedades rurais passaram a depender de insumos e serviços que elas mesmas já não eram capazes de produzir (ARAÚJO, 2005). Contextualização do agronegócio2 Com essa evolução agrícola, o termo “agricultura” deixa de abranger a complexidade do setor. “Já não se tratava mais de propriedades autossufi- cientes, mas de todo um complexo de bens, serviços e infraestrutura que envolvem agentes diversos e interdependentes” (ARAÚJO, 2005, p. 16). O conceito de setor primário, ou de agricultura, perde sentido, uma vez que não é mais somente rural, agrícola, ou primário, mas envolve muitos outros setores (ARAÚJO, 2005). Em meados da década de 1960, o governo brasileiro atuou fortemente, concedendo crédito agrícola e fornecendo financiamentos com taxas de juros subsidiadas. Os principais objetivos dessas iniciativas eram: � modernização da agricultura; � incentivo à produção de alimentos; � administração dos preços agrícolas. A modernização da agricultura necessitava de investimentos em tecnologia, mas a estrutura agrária existente era arcaica. Isso acabou prejudicando os pequenos produtores e favorecendo os médios e grandes produtores (ARAÚJO, 2005). Em 1965, o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) foi estruturado, levando à intensificação da modernização da agricultura brasileira. Na década de 1970, os financiamentos foram facilitados e proporcionaram uma capitali- zação dos produtores e das agroindústrias. No período de 1950 a 1975, o Estado brasileiro promoveu a política de substituição de importações, com a implantação de indústrias de insumos e máquinas para a agricultura no território nacional. A política de substituição de importações teve início no Governo Dutra (1946-1951) (ARAÚJO, 2005). O crédito governamental facilitado para os agricultores impulsionou a expansão de culturas de larga escala e a utilização de grandes áreas em uma mesma propriedade, devido à mecanização e ao aumento do consumo de insumos agrícola. Houve, simultaneamente, um incentivo à exportação (KAGEYAMA et al., 1987; SILVA, 1998; RAMOS, 2007). As grandes cooperativas agroin- dustriais localizadas no Paraná e na região Centro-Oeste foram constituídas nesse período de crédito farto vindo do governo, contribuindo para gerar renda para sua região. 3Contextualização do agronegócio Nos anos 1980, quando o Brasil e o mundo passavam por uma forte crise econômica, foi realizada a reforma da política agrícola brasileira, que levou a uma drástica redução do crédito oficial do SNCR. Com a crise dos mecanismos tradicionais de apoio ao setor (crédito governamental, política de garantia de preços mínimos, estoques reguladores, etc.), o Estado passou a priorizar ações estratégicas dirigidas a segmentos específicos, como: � linhas especiais para agricultores familiares e programa de reforma agrária; � solução de endividamento dos produtores e cooperativas e fundos regionais de investimento. Durante os anos 1990, o Brasil adere a uma política neoliberal. Ocorrem vários avanços tecnológicos que permitem a estruturação dos agentes para atenderem ao mercado interno e externo. Há um incentivo às importações pelo governo Collor, que gerou a necessidade de a indústria local se modernizar. Era preciso uma produção competitiva relativamente aos importados. Nesse período, há um aumento da ação dos capitais privados no campo, que proporcionam um aumento do financiamento privado da agricultura, substituindo o crédito do governo que estava escasso. Ocorre também um aumento dos mecanismos privados de financiamento para a agricultura vindos das agroindústrias, tradings e de outros agentes financeiros. Nesse período, grandes empresas multinacionais chegaram ao Brasil, comprando fábricas que estavam em operação e investindo nas fábricas existentes. Sistema agroindustrial Entre as escolas e filiações teóricas que tratam do estudo do agronegócio, destacam-se duas: a escola francesa das cadeias de produção agroindustrial (CPA) e a escola norte-americana dos sistemas agroindustriais (SAG). A gênese dessas escolas e propostas deu-se entre os anos 1950 e 1960. Dentre os prin- cipais teóricos, estão Davis e Goldberg, Montigaud e Labonne (GOLDBERG, 1968; LABONNE, 1985; MONTIGAUD, 1991; ZYLBERSZTAJN; FARINA, 1998; BATALHA, 1997). Quando se fala em agronegócio (ou agribusiness), o conceitomais difun- dido é o termo “agronegócio”, proposto por Davis e Goldberg em 1957. Mas, Contextualização do agronegócio4 antes dessa data, em 17 de outubro de 1955, a palavra agribusiness nasceu em um discurso que John H. Davis fez em uma Conferência em Boston sobre distribuição, com o tema “Responsabilidade empresarial e mercado de pro- dutos de fazendas” (FUSONIE, 1995). Nesse discurso, Davis mostrou que o agronegócio referia a soma de todas as operações agrícolas, além da produção e distribuição de commodities agrícolas. Uma definição mais elaborada foi proposta por Davis e Goldberg em 1957. Por meio da abordagem dos Sistemas Agroindustriais, eles elaboraram uma ferramenta para analisar e avaliar a importância de cada setor do agronegó- cio, bem como a interdependência entre eles. Davis e Goldberg (1957, p. 85) definiram agribusiness como: […] a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazena- mento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles. Essa definição foi alterada por Goldberg em 1974, incluindo “todas as empresas e instituições”. Com isso, o autor passou a se referir a um sistema de produtos agroindustriais. O conceito de agribusiness passou a ser difundido no Brasil somente a partir da década de 1980; e foi apenas a partir da década de 1990 que a tradução do termo para o português (agronegócio) passa a ser aceita e utilizada no país (ARAÚJO, 2005). No conceito de agronegócio, também são consideradas as exigências do consumidor final, que muitas vezes é responsável por decisões dentro da cadeia produtiva. Ao contrário da abordagem interior a um segmento, indústria ou agricultura, por exemplo, uma visão sistêmica é a somatória de ações desem- penhadas pelos agentes, monitorados pelo governo e sob a pressão exercida pelos consumidores. Essa articulação deve garantir o pleno atendimento das necessidades do consumidor (TAVARES, 2012). Quando você pensar em abordagem sistêmica, é preciso considerar a defi- nição de sistema, que, segundo Donnadieu (1997), é um conjunto de elementos que interagem e se integram de maneira dinâmica, e que se organizam em função de um objetivo. A Figura 1 mostra a visão sistêmica do agronegócio. Parte-se do princípio que existem vários elos que são interligados e interdependentes: fornecedores dos insumos agropecuários (fertilizantes, defensivos, rações, crédito e se- mentes), produtores rurais, processadores, transformadores, distribuidores e 5Contextualização do agronegócio revendas de produtos agropecuários, ou seja, todos aqueles que estão envolvidos na produção e no fluxo dos produtos agrícolas até o consumidor. Também fazem parte desse complexo “os agentes que afetam e coordenam o fluxo dos produtos, como o governo, os mercados, as entidades comerciais, financeiras e de serviços” (MENDES; PADILHA JUNIOR, 2007, p. 48). É preciso haver uma coordenação da cadeia, pois todos os elos precisam estar relacionados e atuarem em conjunto de maneira eficiente. Caso ocorra algum problema em umelo, toda a cadeia será afetada (TAVARES, 2012). Figura 1. Sistema agroindustrial. Fonte: adaptada de SHELMAN, 1991 apud ZYLBERSZTAJN; NEVES (2000, p. 6). Consumidor �nal Varejista PROCESSADOR PRODUTOR INSTITUCIONALINDUSTRIAL FORNECEDOR DE INSUMOS PRODUTOR DE INSUMOS Insumos e serviços: • trabalho • crédito • transporte • energia • tecnologia • marketing • embalagem Instrumentos de coordenação: • mercados • programas governamentais • joint-ventures • integração vertical • integração contratual • agências de estatísticas • associações de comércio • �rmas individuais Contextualização do agronegócio6 Os sistemas agroindustriais são parecidos com as redes de relacionamento. Nessas redes, cada agente tem contato com um ou mais agentes. É importante considerar o relacionamento entre os diversos elos, pois é a partir desses relacio- namentos que o sistema será considerado eficiente, ou não (TAVARES, 2012). Os agentes que fazem parte desses sistemas compõem essas redes de relacionamento. São eles: o consumidor, o varejo de alimentos, o atacado, a agroindústria (agentes que atuam na transformação, beneficiamento e/ou processamento de produtos agrícolas) e a produção primária (agentes que atuam na geração da matéria-prima para a agroindústria) (ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000). A escola das cadeias de produção agroindustrial (CPA) propõe que sejam estudados os processos de integração dentro do sistema agroalimentar. Pretende analisar qual será o caminho que o produto irá seguir e quais serão os agentes envolvidos no processo, que tem início na produção e termina no consumo final. Essa teoria avança na definição de Davis e Goldberg, quando mostra que os sistemas agroalimentares são heterogêneos devido à diversidade de funções: produção, industrialização e comercialização. Para a CPA, existem diferenças na localização da produção, nas técnicas produtivas e no consumo de diversas culturas, que possuem as suas especificidades e que precisam ser analisadas separadamente, sempre a partir de visão sistêmica da cadeia (LABONNE, 1985; MONTIGAUD, 1991; BATALHA, 1997). Outra escola que analisa o agronegócio é a gestão de cadeias de suprimento (GCS), que se volta para uma abordagem mais gerencial. Estuda como ocorrem os processos e as várias funções dentro de uma empresa e entre as empresas que fazem parte de uma determinada cadeia de suprimento. Essa abordagem passou a ser estudada nos 1980 e possui a sua origem associada à logística e ao marketing (LAMBERT; COOPER; PAGH, 1998). Todas as abordagens sobre o agronegócio: � apresentam uma visão sistêmica do agronegócio; � consideram que devem ser analisados os sucessivos estágios de produção, a in- dustrialização e suas interações; � consideram muito importante o papel do Estado, das instituições e das organizações. 7Contextualização do agronegócio As novas definições para agribusiness De acordo com alguns autores como Van Fleet (2016), é necessário que haja um conceito mais moderno de agronegócio, pois as primeiras definições foram baseadas na produção e distribuição da fazenda. Isso ocorreu porque Davis liderou o Conselho Nacional de Cooperativas Agrícolas, no período de 1944-1952, antes de se juntar a Goldberg (que cresceu em uma fazenda) na Harvard School of Business Administration (FUSONIE, 1995). Com o passar dos anos, ocorreram mudanças na agricultura, na econo- mia em geral e nas empresas relacionadas a esse setor. Sendo assim, foram acrescentadas na definição os insumos utilizados nas fazendas, e também as atividades de logística para escoar o produto para os mercados (SCHMITZ et al., 2010; PISANI, 1984). A nova definição de agronegócio continua a ter uma visão sistêmica, con- siderando as empresas relacionadas à área de insumos agrícolas, as empresas que produzem máquinas e implementos agrícolas e as empresas ligadas aos processos de industrialização e comercialização agrícola e ao sistema financeiro. (DOWNEY, ERICKSON, 1987). Entretanto, os autores achavam que esta defi- nição ainda não estava completa. Assim, incluíram a fabricação e distribuição de insumos agrícolas ao produtor agrícola e armazenamento, processamento, comercialização, transporte e distribuição de materiais agrícolas e produtos de consumo que foram produzidos por produtores agrícolas (RICKETTS; RI- CKETTS, 2009). Em outra definição mais elaborada, por meio da qual se pensava além da fazenda, a fibra foi incluída nos alimentos (Ng, SIEBERT, 2009; DETRE et al., 2011). Conforme Edwards e Schultz (2005), o agronegócio é dinâmico e sistêmico e atende a consumidores locais e distantes graças à inovação e à gestão de cadeias que entregam bens e serviços provenientes do controle sustentável de alimentos, fibra e recursos naturais. As definições foram evoluindo com o passar do tempo, mas todas reconhe- cem que épreciso pensar e agir de maneira sistêmica, envolvendo múltiplas cadeias de valor, desde a produção até a distribuição, marketing e consumo (VAN FLEET, 2016). Segundo Van Fleet, o agronegócio de maneira resumida (Figura 2), envolve quatro “Fs” (em inglês). � Food (alimentos); � Fiber (fibras); � Forest (produtos florestais); � Fuel (biocombustíveis). Contextualização do agronegócio8 Figura 2. Componentes do agronegócio. Fonte: adaptada de Van Fleet (2016, p. 4). Água Fibra alimentar Biocom- bustíveis Produtos �orestais Resíduos Para Van Fleet (2016), o alimento está no centro, é o mais importante e inclui produtos como carnes, aves, frutas, vegetais, grãos, lácteos e peixes. Depois viriam a indústria da fibra, a silvicultura e os biocombustíveis. O autor também considera dois outros componentes importantes: água e desperdício. A água e os resíduos fazem parte do agronegócio: a água é essencial a praticamente todas as suas atividades, e os resíduos se referem à coleta e disposição de material que sobrou ou foi descartado durante os processos do agronegócio. 9Contextualização do agronegócio Em suma, você deve considerar que o agronegócio é formado por todas as organizações (grandes, pequenas e médias) que buscam lucros e que se envolvem na produção, distribuição, comercialização ou utilização de ali- mentos, fibras, produtos florestais ou biocombustíveis, incluindo aqueles que fornecem água e coletam resíduos dessas organizações (VAN FLEET, 2016). O agronegócio nos dias atuais Segundo o USDA, no período de 2006 a 2010, o rendimento da agropecuária aumentou 4,28% ao ano no Brasil, seguido pela China (3,25%), Chile (3,08%), Japão (2,86%), Argentina (2,7%), Indonésia (2,62%), Estados Unidos (1,93%) e México (1,46%). A Tabela 1 apresenta a comparação entre a produtividade brasileira de café, soja, carne bovina, carne de frango, açúcar e milho, no período de 1996 a 2015. Fonte: IBGE (2017), CONAB (2017) e Food and Agriculture Organization (2017). Produto Produção em 1996 (milhões de ton.) Produção em 2015 (milhões de ton.) % aumento 2015-1996 Açúcar 13,6 37 172 Café 1,3 2,6 100 Soja 21,5 95,6 344 Carne bovina 207,0 310 50 Carne de frango 54,6 107 96 Milho 22,6 76,2 200 Tabela 1. Brasil: comparação entre a produtividade de commodities agrícolas no período de 1996 a 2015. Contextualização do agronegócio10 De acordo com o MAPA, isso foi possível devido a três tecnologias, conside- radas essenciais pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa): � viabilização da segunda safra de verão (safrinha); � resistência genética às principais doenças; � plantio direto na palha. De acordo com o MAPA (2017), o aumento da produtividade agrícola tem sido a forma encontrada para suprir as necessidades crescentes de alimentos em todo o mundo. No período de 1975 a 2015, a taxa média de crescimento da produtividade agropecuária no Brasil foi de 3,58%. O agronegócio possui uma grande importância econômica, social e ambien- tal. Essa indústria, estimada em US$ 5 trilhões, representa 10% das despesas globais do consumidor, 40% do emprego e 30% das emissões de gases de efeito estufa. Apesar de grandes aumentos de produtividade nos últimos 50 anos, que permitiram um grande abastecimento de alimentos em muitas partes do mundo, a alimentação da população mundial ressurgiu como um problema crítico (GOEDDE; HORII; SANGHVI, 2015). De acordo com Goedde, Horii e Sanghvi (2015), caso as tendências atuais persistam, até 2050 a demanda calórica aumentará em 70%, e a demanda por consumo humano e animal aumentará em pelo menos 100%. O aumento da demanda está relacionado com restrições de recursos. Estima-se que seja improvável que 40% por cento da demanda por água seja atendida em 2030. É preciso também considerar que existe uma competição entre a produção de alimentos e energia, pois o milho e o açúcar são cada vez mais impor- tantes para ambos. As tecnologias agrícolas que aumentam a produtividade mesmo em más condições, e a adição de terras para o cultivo na África, Europa Oriental e América do Sul podem aliviar o fardo, mas atender a toda a demanda exigirá a interrupção da tendência atual (GOEDDE; HORII; SANGHVI, 2015). Entre os desafios da agricultura para o futuro próximo, pode-se, segundo a FAO (2017), destacar: � haverá uma competição por área e água, pois as cidades estão crescendo; � deveremos contribuir para reduzir os danos ao meio ambiente; � precisaremos preservar habitats naturais e manter a biodiversidade; � será necessário fazer uso de novas tecnologias para produzir mais em uma porção menor de área, utilizando menos mão de obra. 11Contextualização do agronegócio ARAUJO, M. J. Fundamentos dos agronegócios. São Paulo: Atlas, 2005. BATALHA, M. O. (Coord.). Gestão agroindustrial. São Paulo: Atlas, 1997. CNA. Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Disponível em: <http://www. cnabrasil.org.br/>. Acesso em: 2 nov. 2017. CONAB-COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Disponível em: <http://www. conab.gov.br/>. Acesso em: 10 set. 2017. DAVIS, J. H.; GOLDBERG, R. A. A concept of agribusiness. Boston: Division of Research, Graduate Schoolof Business Administration, Harvard University, 1957. 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