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Cultura e sociedade

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Cultura e sociedade
Sumário
Introdução
1 - Os sentidos  da palavra cultura
2 - Cultura, Etnocentrismo e Relativismo cultural
3 - Diversidade Cultural
4 - Diversidade cultural na sociedade brasileira
5 - Mudanças culturais na sociedade global
6 - A sociedade do espetáculo: cultura de massa
Considerações Finais
Introdução
Olá, prezado estudante. Olá, prezada estudante.
Nesta unidade será apresentado o conceito de cultura como um conjunto de hábitos,
valores, formas de ver o mundo e comportamentos que variam no tempo e no
espaço, de acordo com a história e as condições existenciais de cada grupo social.
Trataremos sobre a diversidade cultural na sociedade brasileira, e veremos como a
identidade cultural envolve a experiência e a consciência de pertencer a um coletivo.
Todos produzem cultura, e os grupos minoritários produzem culturas próprias,
alternativas ou contra-hegemônicas. Desde que se �rmou a sociedade de massas,
nossos hábitos culturais também passaram a ser in�uenciados pelos meios de
comunicação de massa.
Que nosso estudo nos ajude a compreender e a valorizar as diferentes manifestações
culturais e tornar consciente a nossa própria identidade cultural.
AUTORIA
Flávio Donizete Batista
Um excelente estudo para todos.
Plano de Estudo:
1. Os sentidos da palavra cultura.
2. Cultura, etnocentrismo e relativismo cultural.
3. Diversidade cultural.
4. Diversidade cultural na sociedade brasileira.
5. Mudanças culturais na sociedade.
6. A sociedade do espetáculo: cultura de massa
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conceituar cultura e perceber suas variações.
2. Entender a diversidade cultural como sinal de riqueza das sociedades.
3. Promover a prática do respeito diante das muitas diferenças culturais,
superando todo preconceito e discriminação.
Os sentidos  da palavra cultura
A palavra cultura vem do latim colere, que signi�ca o cultivo da terra, ou seja, a
agricultura. Com o tempo, por força da capacidade metafórica da linguagem
humana, isto é, da capacidade de desprender-se do que é concreto e material para se
referir ao que é imaterial e abstrato, o termo cultura passou a designar aquilo que se
cultiva mentalmente, não mais semeando apenas a terra, mas também o espírito.
Assim, por exemplo, atividades de cunho religioso, como as preces, que se faziam para
obter uma melhor colheita, também passaram a fazer parte da cultura (COSTA, 2016).
Geralmente, quando falamos de cultura, a primeira ideia que nos vem à mente é algo
relacionado ao teatro, à música, à literatura, à pintura, à escultura e a outras áreas das
artes. Mas também são considerados como elementos culturais de grande relevância
as festas tradicionais, as lendas, o folclore e os costumes de um povo. Seu signi�cado
abrange ainda os meios de comunicação de massa, como a televisão, o rádio, a mídia
impressa, a internet, o cinema, etc. cultura, portanto, não se resume só  às
manifestações artísticas, às tradições e aos hábitos de uma dada coletividade. Na
Sociologia e na Antropologia, o conceito de cultura também está relacionado aos
conhecimentos, às ideias e às crenças de uma sociedade e/ou das diversas
sociedades.
Silvia Araújo (2011) escreve que o termo cultura foi aplicado em português por
bastante tempo como sinônimo de erudição, mas não existe diferença em termos de
importância entre a chamada “alta cultura” e as expressões culturais populares, pois
ambas (cada uma a seu modo) são criadas e cultivadas pela participação efetiva do
ser humano na sociedade. Assim podemos conceber cultura como a totalidade de
conhecimentos, crença e expressão emocional, à qual se somam as regras
estabelecidas, os hábitos, comportamentos e habilidades adquiridas no convívio dos
membros de uma sociedade.
Os nossos gostos não são, por exemplo, determinados antes do nascimento; ao
contrário, resultam das relações que estabelecemos com os outros indivíduos e com o
meio em que vivemos. Eles são construídos culturalmente no conjunto do processo
de interação social, o qual se dá pela comunicação e pela ação recíproca entre os
indivíduos e os grupos sociais. Assim, aprendemos a gostar de rock, de �lmes de ação
com os amigos e até de consumir certos tipos de alimentos em vez de outros.
Alguns entendimentos são fundamentais para o estudo da cultura. Araújo (2011)
refere-se a três importantes axiomas desta esfera da vida em sociedade:
A cultura é uma característica do ser humano como ser social.
A cultura é um nível particular da realidade social muito importante, pois suas
dimensões objetiva e subjetiva não se contrapõem, ao contrário, elas se
complementam e estão relacionadas numa organicidade vital. O fazer, o saber, o
conviver dos seres humanos produzem padrões particulares de estar na sociedade;
produzem cultura. Cultura, portanto, não se aplica a um grupo, ou a este ou àquele
segmento social, mas está em nível global, dada a amplitude do campo da
experiência existencial (ARAÚJO, 2013).
A cultura é adquirida, um comportamento aprendido, como um
patrimônio social.
Por meio da cultura se estabelece uma parte da relação ser humano-
sociedade-mundo.
Cultura, Etnocentrismo e
Relativismo cultural
No �nal do século XIX, o antropólogo alemão Franz Boas construía uma crítica à ideia
de civilização de teorias evolutivas muito fortes na época, que estabeleciam uma
hierarquia entre os civilizados europeus (e norte-americanos) e as demais populações,
que eram escalonadas entre mais e menos atrasadas (MACHADO, 2014).
Para Boas, as diferentes populações que existem no mundo têm diferentes culturas e
é praticamente impossível estabelecer entre elas qualquer tipo de hierarquia, uma
vez que cada povo tem sua história particular, preenchidas por interesses tão
diferentes, que qualquer comparação só seria possível se fosse utilizada uma medida
de análise, que seria sempre arbitrária. Ou seja, a comparação para estabelecer uma
hierarquia sempre deveria adotar algum critério, tomado de alguma população, e
nesse processo a própria comparação seria injusta.
Tendência inversa ao relativismo cultural é o etnocentrismo, quando se julga outra
cultura segundo os próprios parâmetros culturais. Por exemplo, considerar uma
população indígena atrasada porque lhe faltam determinadas tecnologias é
etnocentrismo. Se adotarmos outros critérios, esse “atraso” pode ser questionado.
Levando em conta a capacidade de se manter estável ao longo do tempo (o que
chamamos de sustentabilidade), as sociedades que nos pareciam primitivas ganham
um estatuto muito mais “civilizado”, já que o nosso modelos de vida, baseado no
consumo intenso, não é sustentável a longo prazo (MACHADO, 2014).
O etnocentrismo é o mecanismo principal das classi�cações evolucionistas, enquanto
o relativismo cultural é o motor de um pensamento não preconceituoso e
preocupado em romper com as classi�cações hierárquicas. O conceito antropológico
CONCEITUANDO
Igor Machado (2014) lembra que assim, Boas inaugurava o que mais
tarde �cou conhecido como relativismo cultural: uma tomada de
posição perante a diferença cultural, segundo a qual cada cultura deve
ser avaliada apenas em seus próprios termos. Portanto, é  uma forma de
encarar a diversidade sem impor valores e normas alheios. Podemos
considerar o relativismo uma inversão do evolucionismo: se este escalona
as diferenças a partir de valores especí�cos das sociedades ocidentais, o
relativismo evita qualquer tipo de escala, analisando as diferenças
segundo os termos da própria sociedade da qual fazem parte.
de cultura não pode existir sem o relativismo cultural e a crítica ao etnocentrismo.
As Ciências Sociais, em especial a Antropologia, ao ampliar nosso conhecimento
acerca de outras culturas e suas expressões, nos ajudam a relativizar nossa visão de
mundo. Em outras palavras, fazem re�etir sobre as diferenças entre as diversas
culturas e aprimoram a perspectiva por meio da qual percebemos e interpretamos a
própria cultura. Esse processo também nos ensina que muitos comportamentos e
visões de mundo que nos parecem “naturais” ou “biológicos”na verdade são produtos
da cultura, já que variam em diferentes grupos e sociedades.
Machado (2014) escreve que o reconhecimento da existência do outro, de culturas de
diferentes grupos, povos e sociedades (a alteridade), implica a experiência do contato
com outras culturas, a aceitação das diferenças. Essa é uma forma de desvendar
alguns aspectos da nossa cultura que antes passavam despercebidos.
Diversidade Cultural
A diversidade cultural diz respeito às distintas maneiras segundo as quais sociedades
e grupos sociais se organizam e se relacionam entre si e com a natureza. Vivências
em outras sociedades, leituras variadas, viagens, �lmes retratando diferentes
costumes podem constituir em instrumentos que nos permitem re�etir sobre o
quanto somos diferentes ou iguais em relação a outros povos e culturas. Constatada a
coexistência e a convivência de diferentes culturas, cabe às Ciências Sociais não
apenas estudá-las e compará-las de maneira a evidenciar as diferenças nos modos de
vida, mas favorecer a re�exão sobre a própria sociedade, seus valores e costumes
(ARAÚJO, 2013).
Tantas são as culturas quantos são os povos, os grupos sociais e as etnias existentes.
Para além da diversidade de culturas, as relações entre as diferentes culturas são
marcadas pela desigualdade. Os interesses e as visões de mundo são distintos,
gerando tensões no âmbito das sociedades e certa hierarquização entre os povos e
nações decorrentes de disputas de fundo político e econômico. Essa diferenciação
social está explicitada, muitas vezes, na busca por emprego, nos diferentes locais de
moradia, na necessidade de povos se deslocarem e/ou se abrigarem em
acampamentos. Esses são apenas exemplos de con�itos de interesses que podem
implicar a luta por espaço físico e cultural com os quais os grupos sociais se
identi�cam culturalmente.
Em decorrência de processos históricos de dominação e migração, entre outros,
ocorrem também   processos de interação social que implicam difusão e
recon�guração da cultura, traços ou manifestações culturais especí�cos. É como se
sociedades distintas convivessem no interior de um mesmo grande grupo social.
Araújo (2013) lembra que a interação social gera novas formas de identidade cultural.
A consciência de pertencer a determinado grupo social - seja por caracteres comuns
de gênero ou de origem étnica, seja por interesses especí�cos, pro�ssão, atividades
realizadas, crenças e costumes semelhantes - aproxima os indivíduos em
determinada sociedade, levando à formação de agrupamentos de diversos tamanhos.
Nesse sentido, a identidade cultural é aquela marca característica de um grupo social
que partilha um ideal, valores, costumes e comportamentos formados ao longo da
sua história.
No decorrer do colonialismo do século XIX, emergiram diversas “teorias” racistas que
tomaram a forma de “teorias sociais”, uma vez que os países europeus precisavam do
aval da ciência para justi�car suas ações imperialistas na África e na Ásia, bem como
as ações pregressas, durante a colonização das Américas, quando os europeus
subjugaram indígenas e negros, forçando-os ao trabalho escravo e na lavoura. Nestes
casos, as teorias sociais desobrigavam os grupos dominantes europeus de tratarem
como seres humanos os indígenas e negros escravizados, uma vez que não eram
considerados “semelhantes”, e sim “inferiores”. Essas teorias hoje são totalmente
rechaçadas e recusadas pelas Ciências Sociais, pois não têm validade cientí�ca
alguma; declaravam-se teorias, mas sempre foram ideologias (ARAÚJO, 2013).
@ freepik
É a partir de nossa identidade
cultural que construímos a ideia de
“eu”, “nós” e “outros” . A forma como
o fazemos muitas vezes constrói
fronteiras sociais ligadas à classe
socioeconômica, à raça, ao gênero,
ou mesmo a outros fatores como o
bairro onde moramos, os programas
de TV de que gostamos, ou tipo de
roupa que preferimos, etc. Por meio
destes e de muitos outros elementos
combinados, identi�camos
“semelhantes” e “outros” nas pessoas
com quem compartilhamos a vida
social. Algumas dessas fronteiras
sociais, aliadas a tendências
etnocêntricas que reproduzimos até
hoje - embora tenham sido mais
populares antes do século XX -,
formavam as chamadas “teorias”
sociais racistas. 
Diversidade cultural na sociedade
brasileira 
O Brasil é uma nação pluriétnica e multicultural, composta por diversas formas de
organização social de diferentes grupos. Podemos observar essa diversidade e suas
variações, por exemplo, entre os proprietários de terras, os dirigentes e os
representantes políticos, os moradores das favelas nas grandes cidades, a população
jovem que cursa o Ensino Médio em escolas públicas. Neste país com indivíduos tão
diferentes entre si - pela cor da pele, pela classe social a que se integram, pela região
onde moram, pela geração a que pertencem, etc. - existem um racismo difuso e uma
discriminação velada, porém efetivos. Esses sentimentos perpassam as relações
sociais, seja no trabalho, seja na escola, e se expressam na intolerância e na não
aceitação da diferença, seja ela de cor de pele, de comportamento, de costumes e de
aparência (ARAÚJO, 2013).
Desconsiderar a diversidade cultural, muitas vezes, nos impede de perceber que a
desigualdade social e a discriminação restringem o acesso aos bens materiais e
culturais por amplos setores da população. Desencadeadas pelo preconceito e pela
concentração de renda (e de poder), novas formas de exclusão social derivam hoje do
desemprego, do trabalho precário, das exigências da tecnologia informacional,
próprias do moderno processo de produção capitalista.
Ainda que indivíduos e famílias pertencentes a grupos denominados minorias
estejam conseguindo galgar posições valorizadas social e economicamente pela
conquista de um emprego formal ou de melhores condições de vida, superando
preconceitos, barreiras econômicas e culturais, os dados estatísticos brasileiros
revelam a persistência da desigualdade social racial. Escreve Araújo:
O racismo é uma construção histórica que resiste no campo simbólico,
ou seja, nas ideias que as pessoas têm sobre “ser negro” e “ser branco”.
Os estudos sobre esse tema sugerem que o combate ao preconceito
precisa ser enfrentado pelo Estado por meio da educação e de políticas
a�rmativas, com o objetivo de desenvolver a cidadania plena, isto é, com
todos os direitos sociais e políticos assegurados (ARAÚJO, 2013, p. 135).
Há, no mundo atual, intenso imbricamento cultural entre as realidades locais e a
global. O diverso e o diferente se ampliam para além das questões étnico-raciais. As
demais culturas estrangeiras, especialmente as europeias e a estadunidense,
in�uenciam na constante transformação da cultura brasileira, seja pela presença do
imigrante em nossa história, seja pelo desenvolvimento do mercado de consumo -
moda, tecnologia, artes, conhecimentos variados - e dos meios de comunicação de
massa.
Mudanças culturais na sociedade
global 
Como produtores e consumidores de cultura, os grupos socioculturais se diferenciam
e podem reproduzir simbolicamente as relações de poder vigentes, e até contestar
determinadas formas culturais no interior de sua comunidade e da sociedade. De que
modo distinguimos uma comunidade de uma sociedade, ainda mais quando as
relações entre as realidades locais e a global tendem a ser mais intensas e
interin�uentes?
O desenvolvimento da sociedade moderna mostrou que as relações sociais tendem a
mesclar o que é comum (partilhado em pequenos grupos) com o que se apresenta
na extensão da sociedade. Comunidade também pode se referir, genérica e
idealmente, a um modelo de vida coletiva, não necessariamente delimitado no
espaço geográ�co (caso das comunidades que não estão próximas, mas se apoiam),
que apresentam  interesses comuns e ligações afetivas (ARAÚJO, 2013).
O processo de globalização, no que se refere às diversas culturas, apresenta uma
ambivalência: por um lado, pode representar algum risco para as identidades
culturais de variados grupos sociais locais quando em contato ou sob o domínio de
umaoutra cultura (certa tendência de homogeneização); por outro lado, a
diversidade tende a se rea�rmar também, seja pela via da resistência, seja pelo uso de
suas tecnologias (como a internet) para a difusão de suas manifestações.
De fato, com a globalização emergiu o debate sobre “a cultura global”. Alguns autores
consideram que a globalização levaria à homogeneização cultural. No entanto, as
relações em sociedade são mais complexas. Não podemos a�rmar que há uma
cultura global de modo de�nitivo nem que a globalização padronizou os povos
culturalmente, já que estes se apropriam da “cultura global” de várias formas. Sobre a
tentativa de homogeneização da cultura e os movimentos de resistência, Araújo
escreveu:
Na contramão das mudanças acarretadas pela globalização, alguns
grupos sociais tendem a criar resistências à homogeneização da cultura.
A questão da identidade desponta como um elemento-chave nesse
processo de a�rmação. As minorias sociais alimentam a ideia de
identidade para buscar reconhecimento e inserção social quando
grandes transformações as atingem e menosprezam seus modos de
vida ou suas “comunidades” (ARAÚJO, 2013, p. 139).
As minorias sociais não são de�nidas pela questão numérica, mas pelas di�culdades
impostas a esses grupos no acesso às instâncias de poder e pela situação
discriminatória e excludente em que se encontram. Por exemplo, o número de
indivíduos que se consideram negros e pardos no Brasil, segundo o IBGE,
corresponde proporcionalmente à população que se diz branca. Entretanto, se
comparados aos brancos, apresentam reduzida presença em funções socialmente
mais valorizadas e com melhores salários. Colocadas em situações como essas,
sobretudo por fatores históricos, tais minorias enfrentam di�culdades em manter ou
melhorar sua condição socioeconômica e em expressar suas tradições culturais.
CONCEITUANDO
Muitas manifestações culturais alternativas são consideradas contra-
hegemônicas, por serem reações à cultura dominante e à sua visão do
mundo. Hegemonia cultural é o conceito utilizado pelo cientista político
italiano Antonio Gramsci para designar a dominação de uma classe
social sobre a outra fundada na ideologia e, portanto, no convencimento
(e não na coerção) (ARAÚJO, 2013).
A sociedade do espetáculo:
cultura de massa
O desenvolvimento dos meios de comunicação, como a fotogra�a, rádio, o cinema e a
televisão, deu um impulso enorme à indústria cultural, que acabou por ganhar cada
vez mais espaço na sociedade moderna, abalando a dominância da alta cultura na
sociedade. Além de se tornar um dos mais lucrativos setores da economia moderna,
principalmente no século XX, a indústria cultural se mostrou capaz de produzir
informação e reunir grupos de pessoas em torno de seus veículos de comunicação. E,
à medida que essa produção foi ganhando espaço, melhores tecnologias de difusão
de imagens, sons e textos desenvolveram-se, minimizando a experiência dos
indivíduos com a realidade e o contato com o outro. Os veículos de comunicação
passaram cada vez mais a dominar a produção cultural da sociedade e formam a
principal referência para o público em geral (COSTA, 2016).
Entretanto,  apesar de seu sucesso, muitos autores viram com descon�ança o poder
que os meios de comunicação e a indústria cultural conquistaram entre as pessoas e
passaram a questionar sua legitimidade. Cientistas sociais alertaram para os
malefícios de se deixar guiar pelo poder manipulador da cultura de massa. Costa
escreve que um deles, “Guy Débord, em suas críticas à indústria cultural, chamou a
sociedade contemporânea, na qual se dá sua máxima expansão, de sociedade do
espetáculo” (2016, p.179).
A sociedade contemporânea institui uma cultura do lazer padronizada pelos meios de
comunicação de massa. Essa aproximação da cultura com o produto industrial
estimula o público a esperar por próximos lançamentos - de músicas, �lmes,
equipamentos de som e imagem - que se tornam bens rapidamente obsoletos. Logo,
a cultura tem, na atualidade, sua face mais visível na forma de bens e serviços e,
muitas vezes, nem percebemos sua dimensão de uma produção acumulada,
transmitida e herdada socialmente (ARAÚJO, 2013).
Araújo (2013) diz ser a cultura fruto do empenho acumulado de diversas gerações e
de vários grupos sociais que dela participam de diferentes formas - produzem,
compartilham e reproduzem cultura, em seus aspectos materiais e imateriais. A
cultura é um trabalho de muitas gerações.
@freepik
Hoje, o rádio, a televisão, o cinema e,
mais recentemente, a internet,
absorvem a atenção de todos, e
levam à decadência as famílias
circenses tradicionais, superando um
tempo em que o circo foi relevante
diante do pouco entretenimento nas
cidades mais distantes da capital e
representava a grande possibilidade
de consumo cultural.
Esses meios de comunicação e
outros mais são representativos da
indústria cultural, um termo
empregado pela primeira vez em
1947, pelos sociólogos alemães Max
Horkheimer e Theodor Adorno, para
dizer que a produção artística e
cultural veiculada pelos meios de
comunicação de massa insu�a o
consumo por ser transformada em
mercadoria. Os produtos culturais -
publicações impressas, DVDs e
�lmes, obras de arte, composições
culturais, etc. - se assemelham assim,
de certa forma, aos produtos
industriais.
REFLITA
Assim falou Boas: “Como ser pensante, o resultado mais importante
desta viagem, para mim, está no fortalecimento do meu ponto de vista
de que a ideia de um indivíduo ‘culturado’ (culto) é simplesmente
relativa: o valor de um pessoa deve ser atribuído pela ‘cultura do coração’.
Esta qualidade está presente ou ausente entre os esquimós tanto quanto
entre nós”.
(MACHADO, Igor José de Renó. Sociologia Hoje. São Paulo: Ática, p. 49,
2014.).
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