Buscar

Ética Profissional no Serviço Social

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Autoras: Profa. Renata Leandro
 Profa. Daniela Emilena Santiago
Colaboradoras: Profa. Amarilis Tudela Nanias
 Profa. Maria Francisca S. Vignoli
 Profa. Angélica Lúcia Carlini
Ética Profissional
Professoras conteudistas: Renata Leandro / Daniela Emilena Santiago
Renata Leandro
Graduada em Serviço Social, pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUCCAMP. Possui especialização 
em Violência doméstica contra Criança e Adolescente, pelo Laboratório da Criança - LACRI, do Instituto de Psicologia 
da Universidade de São Paulo - USP (2005) e em Sexualidade Humana, pela Faculdade de Educação, Universidade 
Estadual de Campinas - UNICAMP (2009). É pós-graduanda em Formação em EaD, pela UNIP. 
Possui experiência em Gestão Social, como Gestora Municipal em São Thomé das Letras-MG e na Secretaria 
Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, no Estado do Rio de Janeiro. Atuou, também, em Centros 
de Referências de Assistência Social (CRAS), em atendimento matricial com famílias e no Projeto Rotas Recriadas, 
atualmente denominado Programa Municipal de Enfrentamento à Exploração Sexual Infanto-juvenil, na área de 
criança e adolescente e suas respectivas famílias no município de Campinas, entre 2003 e 2007. 
Daniela Emilena Santiago
Assistente social graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), especialista em Violência Doméstica 
contra crianças e adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP), mestra em Psicologia pela Universidade Estadual 
Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e mestra em História pela mesma Universidade. Atualmente é funcionária 
pública do município de Quatá/SP, atuando como assistente social na Secretaria Municipal de Promoção Social, e é 
doutoranda em História na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Exerce também a função de 
docente e líder no curso de Serviço Social da Universidade Paulista (UNIP), na modalidade EaD.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
L437e Leandro, Renata
Ética profissional / Renata Leandro, Daniela Emilena Santiago - 
São Paulo: Editora Sol, 2019.
168 p., il.
Notas: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2-203/19, ISSN 1517-9230.
1. Ética. 2. Serviço social. 2. Moral. I. Santiago, Daniela Emilena. 
II. Título.
CDU 174
U502.56 – 19
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Carla Moro
 Amanda Casale
Sumário
Ética Profissional
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 A MORAL E A HISTÓRIA ................................................................................................................................ 11
1.1 Caráter social da moral ...................................................................................................................... 12
1.2 Senso moral e consciência moral .................................................................................................. 13
1.3 Constituintes do campo moral ....................................................................................................... 14
1.4 Liberdade e responsabilidade moral ............................................................................................. 15
1.5 Posições fundamentais diante do problema da liberdade ................................................... 15
1.5.1 O determinismo absoluto .................................................................................................................... 16
1.5.2 Libertarismo .............................................................................................................................................. 16
1.5.3 Dialética da liberdade e da necessidade ........................................................................................ 17
1.6 A Obrigatoriedade do Ato Moral .................................................................................................... 18
1.7 Teorias da Obrigação Moral.............................................................................................................. 19
1.7.1 Teorias deontológicas da norma....................................................................................................... 20
1.7.2 Teorias teleológicas ................................................................................................................................ 21
2 INVESTIGANDO O QUE É ÉTICA .................................................................................................................. 22
2.1 Ética e Moral .......................................................................................................................................... 23
2.2 Relativismo ético .................................................................................................................................. 24
2.3 A avaliação ética ................................................................................................................................... 25
2.3.1 O bom como felicidade – eudemonismo ...................................................................................... 25
2.3.2 Hedonismo: o bom como prazer ..................................................................................................... 26
2.3.3 Epicurismo ................................................................................................................................................. 26
2.3.4 Estoicismo .................................................................................................................................................. 27
2.3.5 Tomismo ..................................................................................................................................................... 28
2.3.6 Formalismo de Kant ............................................................................................................................... 29
2.4 Constituição da Ética na sociedade .............................................................................................. 30
2.5 O Liberalismo como fundamento ético do Capitalismo ....................................................... 33
2.6 Ética em Marx ........................................................................................................................................ 34
2.7 Refletindo sobre as novas tecnologias ........................................................................................ 35
2.7.1 A ética da responsabilidade na sociedade tecnológica ........................................................... 37
2.8 A ética do cuidado ...............................................................................................................................38
2.8.1 Carta da Terra – Código de Ética planetário ................................................................................ 39
3 AS ÉTICAS APLICADAS ................................................................................................................................... 41
3.1 A bioética – princípios e desafios .................................................................................................. 41
3.2 Ética e Mídias ......................................................................................................................................... 42
3.3 A ética dos Negócios ........................................................................................................................... 42
3.4 Ética e política ...................................................................................................................................... 43
4 CONSTRUÇÃO DO ETHOS PROFISSIONAL: TRAJETÓRIA ÉTICO-POLÍTICA DO 
SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL........................................................................................................................... 45
4.1 O que é ética profissional? ............................................................................................................... 45
4.2 A construção do ethos profissional .............................................................................................. 46
4.3 Ethos conservador tradicional do Serviço Social .................................................................... 48
4.4 O ethos de ruptura............................................................................................................................... 54
Unidade II
5 REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE ASSISTENTE SOCIAL: ASPECTOS 
INTRODUTÓRIOS .................................................................................................................................................. 61
5.1 Serviço Social: uma profissão liberal ............................................................................................ 61
5.2 Regulamentação do Serviço Social: contextualização histórica ...................................... 62
5.3 Conhecendo a lei de regulamentação da profissão de assistente social....................... 63
5.4 CÓDIGO DE ÉTICA DO ASSISTENTE SOCIAL DE 1993 .............................................................. 65
5.4.1 Contextualizando o Serviço Social .................................................................................................. 65
5.4.2 Código de Ética de 1993: algumas considerações .................................................................... 66
5.4.3 Princípios Fundamentais do Código de Ética de 1993 ............................................................ 67
5.4.4 Direitos e Responsabilidades Gerais do assistente social ....................................................... 82
5.4.5 Ética e Instrumentos Processuais ..................................................................................................... 83
6 ÉTICA, COTIDIANO E PRÁXIS PROFISSIONAL ........................................................................................ 87
6.1 Cotidiano: espaço de atuação do assistente social ................................................................ 87
6.2 Práxis: categoria essencial no fazer profissional ..................................................................... 89
6.3 O que vem a ser Projeto Ético-Político? ..................................................................................... 90
6.4 Então, qual seria o caminho? .......................................................................................................... 93
6.5 Identidade profissional e suas representações: qual é o lugar da atividade 
profissional no processo de construção da identidade profissional ....................................... 94
6.5.1 Processo de construção da identidade profissional do assistente social ......................... 95
6.5.2 O processo de institucionalização da profissão na sociedade brasileira .......................... 97
6.5.3 Atuação ética do assistente social e a questão social vigente ..........................................105
Unidade III
7 OS CÓDIGOS DE ÉTICA DE 1947, 1965, 1975 E 1986 .....................................................................120
7.1 Os Códigos de Ética de 1947, 1965 e 1975: notas de um passado ...............................120
7.2 O Código de Ética de 1986: o caminho da mudança ..........................................................138
8 O CÓDIGO DE ÉTICA DE 1993, PROJETOS SOCIETÁRIOS E PROJETOS PROFISSIONAIS .....142
8.1 O Código de Ética de 1993, a lei que regulamenta a profissão: 
a consolidação da mudança ................................................................................................................142
8.1.1 O Código Profissional de Ética do Assistente Social de 1993 ............................................ 142
8.1.2 A lei que regulamenta a profissão do assistente social ....................................................... 147
8.2 Os projetos societários e os projetos profissionais: o projeto 
ético-político do Serviço Social ...........................................................................................................150
7
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno,
Convido-o para refletir sobre este tema, ética profissional, que está presente em nosso cotidiano. 
Analisaremos assuntos que estão relacionados à ética e à moral, como: os fundamentos da ética, a ética 
e o cotidiano, o caráter histórico e social da moral, o senso moral, a consciência moral, a responsabilidade 
e a liberdade.
Analisaremos também as características principais dos estágios da construção da identidade moral, 
a ética na civilização tecnológica a partir do pensamento de Hans Jonas e as características da ética do 
cuidado a partir do teólogo e filósofo brasileiro Leonardo Boff.
Refletiremos, ainda, sobre a temática da obrigatoriedade do ato moral e suas respectivas teorias: 
deontologia e teleologia.
A reflexão referente à ética profissional no Serviço Social será objeto de estudo, a partir da construção 
do ethos profissional e fará um percurso na trajetória histórica da ética no Serviço Social, que se divide 
em um ethos conservador e de ruptura. 
Apresentaremos os princípios fundamentais do atual Código de Ética profissional do assistente social, 
a lei que regulamenta a profissão, bem como o Projeto Ético-Político profissional do Serviço Social. Além 
de discutirmos a noção de instrumentos processuais que implicam a instauração de processo contra o 
assistente social que viola o Código de Ética, discutiremos sobre as questões sociais emergentes e como 
o profissional de Serviço Social atua nessa problemática, seguindo o Código de Ética.
Desejo a você um bom estudo e uma ótima reflexão sobre este tema tão importante para a formação 
do assistente social.
INTRODUÇÃO
Este livro-texto traz elementos capazes de fornecer ao futuro profissional uma base teórica que 
fundamente sua prática; parte do pressuposto de que o profissional de Serviço Social precisa exercer 
suas funções com competência e responsabilidade para com a população usuária e necessita conhecer 
seu espaço de trabalho e a legislação que rege e ampara sua profissão. 
Discutiremos ética, esta mais ampla que a moral, por meio de uma reflexão sobre o agir do humano. 
A moral estabelece os valores efetivos a serem seguidos por determinada sociedade e é, portanto, 
provisória, muda com o passar do tempo, pois os costumes e os hábitos de um povo mudam também. 
Dessa forma, veremos que uma das principais características da moral é o caráter histórico.
Diariamente nos vemos diante de ações e sentimentos que exprimem nosso senso moral. Situações 
positivas que manifestam honestidade, honradez, espírito de justiça, mas também situações negativas 
como fome, injustiças, catástrofes, assassinatos, torturas e violência em geral. Essas ações e sentimentos 
8
põemà prova nossa consciência moral, ou seja, exigem de nós uma posição, que justifiquemos para nós 
e para os outros as razões de nossa decisão e que assumamos as consequências, uma vez que somos 
responsáveis pelas nossas escolhas.
Discutiremos os constituintes da ética e as condições para que uma pessoa seja responsável por 
um ato moral, tratando especificamente da relação entre ética e liberdade. Há diferentes formas de 
se conceituar liberdade. Podemos falar do agir e pensar por conta própria, autonomamente, do não 
ser coagido interna ou externamente a fazer algo que não se deseja ou falar da liberdade em termos 
políticos, em termos de leis, de sociedade etc. Diante destes conceitos, temos a ideia de liberdade ética 
que diz respeito a um sujeito moral, que age com autonomia levando em conta a si e aos outros.
Abordaremos o tema relativo à obrigatoriedade moral, analisaremos quais são os traços essenciais 
da obrigatoriedade moral e qual é o conteúdo da obrigação moral. Mostraremos também algumas 
características das teorias de obrigatoriedade moral, a deontologia e a teleologia.
Refletiremos sobre a ética na sociedade tecnológica, já que esta proporcionou mudanças à situação 
do homem e ao contexto de qualquer propósito ético. Percebe-se que as éticas tradicionais não fornecem 
mais as respostas adequadas, pois a técnica e a tecnologia introduziram novos conceitos. Desse modo, 
estudaremos Hans Jonas, que nos propõe a ética da responsabilidade como alternativa para os grandes 
problemas do nosso tempo.
Discutiremos, também, a ética como o cuidado, segundo Boff, mostrando que, para o autor, o 
cuidado pertence à essência do ser humano, é inclusive anterior à racionalidade e liberdade humanas. 
A humanidade, dado o processo de degradação generalizado, só sobreviverá se a categoria do cuidado 
for introduzida em todas as atividades humanas. O futuro do planeta depende do nível de cuidado que 
as pessoas tiverem desenvolvido.
Pensar a ética profissional consiste em fazer uma retomada da discussão sobre ética geral, que “[...] 
como filosofia crítica, interfere diretamente na realidade e contribui para a ampliação das capacidades 
ético-morais” (BARROCO, 2005, p. 55). Sob esta ótica, perpassa todas as dimensões da vida social, daí 
a “fragmentação”: ética social, religiosa, familiar, profissional, mostrando que a ética está presente em 
nossa vida cotidiana e os nossos comportamentos são recheados de valores morais que foram construídos 
historicamente e que, por sua vez, são alvo de reflexão. 
Abordaremos a trajetória histórica da ética profissional em Serviço Social, fazendo uma breve 
abordagem do processo de construção dessa profissão. O Serviço Social é construído no seio de relações 
sociais e, mais especificamente, no bojo do processo de consolidação do capitalismo monopolista, 
em que o caráter contraditório da divisão capital-trabalho gera uma série de “mazelas sociais”. Igreja, 
burguesia e Estado vão se aliar para tentar apaziguar as situações de “caos social” e, paralelamente, 
conter os avanços da classe operária que reivindica seus direitos.
O Serviço Social vai se configurando enquanto fruto de múltiplas determinações que lhe conferem 
significado histórico e social, e a construção de seu ethos não poderia estar descolada da forma como 
essa profissão vem se configurando no cenário capitalista.
9
Seguindo essa linha de raciocínio, a ética do Serviço Social pode ser dividida em duas etapas: um 
ethos conservador ou tradicional, que vai até meados dos anos de 1970, e um ethos de ruptura, que tem 
seu marco inicial nessa mesma década.
Verificaremos, então, o conceito de ética e sua aplicabilidade nas profissões e, principalmente, no 
Serviço Social. A intenção é levar o futuro profissional a refletir sobre o que é ética, como ela interfere 
no trabalho e quais são suas implicações na sociedade como um todo.
Conheceremos a Lei de regulamentação profissional e o Código de Ética do Serviço Social de 
1993. Para intervir no campo de trabalho, o assistente social precisa conhecer a realidade social e, por 
meio de uma práxis transformadora, contribuir para a emancipação dos usuários do Serviço Social. 
Conhecer a realidade quer dizer conhecer também o espaço de atuação profissional, isto é, o cotidiano 
das instituições. A vida cotidiana se constitui como espaço de trabalho do assistente social, por isso é 
alvo de estudos na categoria profissional. Assim, discutiremos o cotidiano como espaço de atuação do 
assistente social e a práxis como categoria do fazer profissional.
Trabalhar com as questões éticas contemporâneas e suas implicações no Serviço Social não 
é fácil. A sociedade atual passa por transformações aceleradas, seja nos âmbitos econômico, 
ideológico-político, sociocultural e, sobretudo, ético-valorativo. A mudança de valores tornou-se 
objeto de discussão no âmbito acadêmico e profissional, voltado para questões humanitárias. 
Pois bem, tudo isso traz à tona a questão de qual é o projeto profissional do Serviço Social 
e de como ele se configura nessa era em que questões religiosas fundamentalistas se acirram 
consideravelmente, os ideários mercadológicos e consumistas cada vez mais robotizam o homem, 
“coisificando-o”, ao mesmo tempo em que se intensifica a cruel desigualdade social entre classes 
e entre povos.
Essa discussão não pode ocorrer dentro do Serviço Social descolada do Projeto ético-político 
profissional. Dessa forma, abordaremos o que é este projeto, como ele surgiu e se consolidou no seio da 
categoria, para depois tentar relacioná-lo aos desafios éticos contemporâneos.
Abordaremos, ainda, o surgimento e institucionalização do Serviço Social, trazendo os fundamentos 
historicamente consolidados como pilares da profissão e entendendo o Serviço Social como fruto da 
demanda da própria sociedade. De modo geral, a função do Serviço Social é intervir em situações 
que afetam as condições de vida da população e, de modo mais específico, intervir nos locais onde a 
população mais pobre se concentra.
Em seguida, discorreremos sobre a questão social, entendida como conjunto de expressões da 
desigualdade e das lutas da sociedade capitalista em suas múltiplas manifestações, que se materializam 
a partir de condições de desemprego, analfabetismo, fome, violência, falta de moradia, trabalho, saúde, 
previdência, educação, habitação, lazer, assistência social, justiça etc. Os profissionais de Serviço Social 
precisam atuar nas mais variadas expressões cotidianas e no auxílio às diversas necessidades relacionadas 
à família, ao direito e ao acesso aos serviços públicos.
10
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
Unidade I
Por fim, estudaremos o projeto ético-político da área de Serviço Social, que se consolida nas ações 
desenvolvidas pelos profissionais e por suas categorias em busca da qualidade de vida biopsicossocial, 
econômico e cultural da comunidade usuária atendida. Entenderemos aqui a importância da área para a 
sociedade e tomaremos contato com formas de atuação para que possamos refletir sobre o que trabalha 
o Serviço Social dentre as questões sociais no cotidiano do trabalho.
11
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
ÉTICA PROFISSIONAL
1 A MORAL E A HISTÓRIA
Os seres humanos, para sua sobrevivência, agem sobre a natureza. As invenções, as crenças e todas 
as formas de mudar a natureza realizadas pelo homem fazem parte da cultura de um povo. Para garantir 
a convivência entre os indivíduos, o grupo social estabelece regras.
As relações dos indivíduos na sociedade são reguladas por um conjunto de normas, leis, costumes e 
hábitos. Esse conjunto de regras é a moral daquela sociedade.
Sabemos que uma das características das sociedades é a mudança e, historicamente, podemos 
observar que uma sociedade sucede a outra. Da mesma forma, as morais concretas de uma sociedade 
se sucedem e se substituem umas às outras. Por exemplo, a sociedade feudal tinhacomo principal 
horizonte ético a salvação das almas e a preparação para a vida eterna, tudo era explicado com base na 
religião e na fé. A sociedade feudal, por sua vez, cede lugar à sociedade moderna burguesa, cujos valores 
fundamentais são ligados a questões materiais e onde todas as explicações têm como fundamento 
o próprio homem, entendido como ser dotado de racionalidade, capaz de autodeterminação, sem 
interferência externa.
A moral é histórica, mutável, provisória, porque o sujeito do ato moral, o homem, é um ser histórico 
por natureza, ou seja, é característica de toda pessoa humana o fazer-se constantemente, tanto no 
plano material como no plano espiritual.
Se pensarmos que nós, seres humanos, somos inacabados, seres de projeto, em constante mudança, 
entenderemos que a moral varia de acordo com o tempo e o lugar. Vimos que as regras morais são 
determinadas pela forma como as pessoas organizam a convivência e conforme estabelecem as 
condições de sobrevivência e trabalho.
Para Vázquez (2003, p. 38), há diversas correntes éticas e morais que não levam em conta o caráter 
histórico do sujeito da moral, o que é chamado pelo autor de a-historicismo moral, seguindo três 
direções fundamentais. 
• Deus como origem ou fonte da moral
No caso, as normas morais derivam de um poder sobre-humano, cujos mandamentos constituem os 
princípios e as normas morais fundamentais. Logo, as raízes da moral não estariam no próprio homem, 
mas fora e acima dele.
Unidade I
12
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
Unidade I
• A natureza como origem ou fonte da moral
A conduta moral do homem não seria senão um aspecto da conduta natural, biológica. As qualidades 
morais – ajuda mútua, disciplina, solidariedade etc. – teriam sua origem nos instintos.
• O Homem como origem e fonte da moral 
O homem do qual se fala aqui é um ser dotado de uma essência eterna e imutável inerente a todos 
os indivíduos, sejam quais forem as vicissitudes históricas ou a situação social.
Essas concepções têm em comum o fato de procurarem a origem e a fonte da moral fora do homem 
concreto, ou seja, fora do homem como ser histórico e social.
1.1 Caráter social da moral
A moral se manifesta sempre em determinada sociedade, respondendo às suas necessidades e 
cumprindo uma função social. A relação indivíduo e sociedade é recíproca, ou seja, indivíduo e sociedade 
são interdependentes.
De acordo com Vázquez (2003), a moral, como forma de comportamento humano, possui também um 
caráter social, pois é característica de um ser que, inclusive no comportamento individual, comporta-se 
como um ser social.
São três os aspectos fundamentais da qualidade social da moral: A) Cada 
indivíduo, comportando-se moralmente, se sujeita a determinados 
princípios, valores ou normas morais. Mas os indivíduos pertencem a uma 
época determinada e a uma determinada comunidade humana (tribo, 
classe, nação). Nesta comunidade existem regras, leis e normas que regem 
as convivências que são aceitas como válidas pela sociedade. Não há 
possibilidade de o indivíduo criar ou mudar as normas já estabelecidas de 
acordo com sua exigência pessoal. Desta forma, a sociedade exerce as regras 
morais sobre o indivíduo coercitivamente e o indivíduo deve sujeitar-se 
a elas. B) O comportamento moral é tanto comportamento de indivíduos 
quanto de grupos sociais humanos, cujas ações têm um caráter coletivo, mas 
deliberado, livre e consciente. Os atos individuais que não têm consequência 
alguma para os demais não podem ser objetos de uma qualificação moral. 
Por exemplo, ficar um longo tempo sentado numa praça pública. Mas se 
perto de mim escorrega uma pessoa e cai ao chão sem que eu me levante 
para ajuda-la, o ato de continuar sentado pode ser objeto de qualificação 
moral, porque afeta os outros. A moral possui um caráter social enquanto 
regula o comportamento individual cujos resultados e consequências afetam 
a outros. C) As ideias, normas e relações sociais nascem e se desenvolvem 
em correspondência com uma necessidade social. A sua necessidade e a 
respectiva função social explicam que nenhuma das sociedades humanas 
13
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
ÉTICA PROFISSIONAL
conhecidas, até agora, desde as mais primitivas, tenha podido prescindir 
desta forma de comportamento humano (VÁZQUEZ, 2003, p. 67-69).
Uma das funções da moral é contribuir para a manutenção de determinada ordem social. Comumente 
as sociedades se utilizam de diversos meios para que os indivíduos aceitem livremente princípios, valores 
e interesses dominantes, ou seja, a ordem social estabelecida.
Vázquez (2003, p. 69) afirma que:
[...] a função social da moral é a de regular as ações dos indivíduos nas suas 
relações mútuas, ou as do indivíduo com a comunidade, visando a preservar 
a sociedade no seu conjunto, ou no seio dela, a integridade de um grupo 
social.
Segundo Vázquez (2003, p. 70), a moral possui um caráter social, pois: 
a) os indivíduos se sujeitam a princípios, normas ou valores socialmente 
estabelecidos; b) a moral regula somente atos e relações que acarretam 
consequências para outros e exigem necessariamente a sanção dos 
demais; c) cumpre a função social de induzir os indivíduos a aceitar livre e 
conscientemente determinados princípios, valores ou interesses.
1.2 Senso moral e consciência moral
De acordo com Chauí (2005), nas nossas relações cotidianas aparece constantemente o nosso 
senso moral e a nossa consciência moral. Assim, muitas vezes, tomamos conhecimento de movimentos 
nacionais e internacionais de luta contra a fome. Ficamos sabendo que, em outros países e no nosso, 
milhares de pessoas, sobretudo crianças e velhos, morrem de penúria e inanição. Sentimos piedade. 
Sentimos indignação diante de tamanha injustiça, especialmente quando vemos o desperdício dos 
que não têm fome e vivem na abundância. Sentimos responsabilidade. Movidos pela solidariedade, 
participamos de campanhas contra a fome. Nossos sentimentos e nossas ações exprimem nosso senso 
moral.
Vivemos certas situações, ou sabemos que foram vividas por outros, de extrema aflição e angústia. 
Assim, por exemplo, uma pessoa querida, com uma doença terminal, está viva apenas porque seu corpo 
está ligado a máquinas que a conservam. Inconsciente, geme no sofrimento. Não seria melhor que 
descansasse em paz? Não seria preferível deixá-la morrer? Podemos desligar seus aparelhos? Ou não 
temos o direito de fazê-lo? Que fazer? Qual a ação correta?
Uma jovem descobre que está grávida. Sente que seu corpo e seu espírito não estão preparados para 
a gravidez. Sabe que seu parceiro, mesmo que deseje apoiá-la, é tão jovem e despreparado quanto ela 
e que ambos não terão como responsabilizar-se plenamente pela gestação, pelo parto e pela criação 
de um filho. Ambos estão desorientados. Não sabem se poderão contar com o apoio de suas famílias. 
A jovem talvez perca o emprego, tenha que parar de estudar. Sabe das dificuldades, porém deseja a 
14
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
Unidade I
criança, mas não tem certeza se poderá arcar com as responsabilidades. O que fazer? Deve abortar seu 
filho? Enfrentar todas as dificuldades e dar à luz?
Diante dessas situações, qual à decisão correta? O que devemos fazer?
Nossas dúvidas quanto à decisão a tomar não só manifestam nosso 
senso moral, mas também põem à prova a nossa consciência moral, pois 
exigem que decidamos o que fazer, justifiquemos para nós mesmos e 
para os outros as razões de nossas decisões e que assumamos todas as 
consequências delas, porque somos responsáveis por nossas opções. Todos 
os exemplos mencionados indicam que o senso moral e a consciência 
moral referem-se a valores (justiça, honradez, espírito de sacrifício, 
integridade, generosidade), a sentimentos provocados pelos valores 
(admiração, vergonha, culpa, remorso, dúvida, medo) e a decisões que 
conduzem a ações com consequênciaspara nós e para os outros. Embora 
os conteúdos dos valores variem, podemos notar que estão referidos a um 
valor mais profundo, mesmo que apenas subentendido: o bom ou o bem. 
Os sentimentos e as ações, nascidos de uma opção entre o bom e o mau 
ou entre o bem e o mal, também estão referidos a algo mais profundo e 
subentendido: nosso desejo de afastar a dor e o sofrimento e de alcançar 
a felicidade, seja para ficarmos contentes conosco mesmos, seja para 
receber a aprovação dos outros (CHAUÍ, 2005, p. 306).
1.3 Constituintes do campo moral
O campo ético é constituído pelos valores e pelas obrigações que formam o conteúdo das condutas 
morais, isto é, as virtudes. Estas são realizadas pelo sujeito moral, principal constituinte da existência 
ética. Segundo Chauí (2005, p. 309), o sujeito ético só pode existir se preencher as seguintes condições:
• ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de refletir e de reconhecer a existência dos 
outros como sujeitos éticos;
• ser dotado de vontade, isto é, de capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos, 
tendências, sentimentos (para que estejam em conformidade com a consciência) e de capacidade 
para deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis;
• ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos e consequências dela 
sobre si e sobre os outros, assumi-la bem como às suas consequências, respondendo por elas; 
• ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos, atitudes e ações, 
por não estar submetido a poderes externos que o forcem e o constranjam a sentir, a querer e a 
fazer alguma coisa. A liberdade não é tanto o poder para escolher entre vários possíveis, mas o 
poder para autodeterminação, dando a si mesmo as regras de conduta.
15
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
ÉTICA PROFISSIONAL
Além do sujeito ou pessoa moral e dos valores, o campo ético é ainda constituído pelos meios 
utilizados para se atingir um fim. No caso da ética, nem todos os meios são justificáveis, mas apenas 
aqueles que estão de acordo com os fins da própria ação. Em outras palavras, fins éticos exigem meios 
éticos.
1.4 Liberdade e responsabilidade moral
Quais são as condições necessárias para que uma pessoa seja considerada moralmente responsável 
por determinado ato?
Vamos a um exemplo. Um motorista de táxi trafega rigorosamente dentro das leis de trânsito por 
uma avenida. De repente, um pedestre atravessa a pista e o motorista consegue desviar e evitar o 
atropelamento, mas o carro desgovernado sai da avenida e atropela duas pessoas que estão em uma 
parada de ônibus. Uma delas morre. O motorista de táxi pode ser considerado moralmente responsável 
pelo atropelamento da pessoa? Ele agiu com liberdade ou foi coagido externamente?
De antemão podemos dizer que uma pessoa só pode ser moralmente responsabilizada se ela teve 
liberdade para optar e decidir, e se teve consciência das consequências que seu ato poderia causar.
Vázquez (2003, p. 110) afirma nesse sentido que, desde Aristóteles, temos resposta para a pergunta 
anterior, quais sejam:
• que o sujeito não ignore nem as circunstâncias nem as consequências da sua ação; ou seja, que o 
seu comportamento possua um caráter consciente;
• que a causa dos seus atos esteja nele próprio (causa interior), e não em outro agente (causa 
exterior) que o force a agir de certa maneira, contrariando a sua vontade; ou seja, que a sua 
conduta seja livre.
Mesmo que, em determinadas ações, o homem possa agir livremente, ou seja, sem a coação externa 
e interna, ele encontra-se sujeito a causas que determinam sua ação. Contudo, se nosso comportamento 
é determinado, como podemos dizer que somos moralmente responsáveis por nossos atos?
Percebemos aqui que aparece o problema entre necessidade e liberdade ou entre determinismo e 
liberdade. 
1.5 Posições fundamentais diante do problema da liberdade
Diante da temática liberdade e necessidade, há três concepções fundamentais: libertarismo e 
dialética da liberdade, determinismo absoluto e necessidade.
Essas três concepções admitem que o comportamento humano é determinado, mas chegam a essa 
conclusão de maneiras diferentes.
16
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
Unidade I
Vázquez (2003, p. 120) afirma:
[...] se o comportamento do homem é determinado, não tem sentido falar 
em liberdade e, portanto, em responsabilidade moral. O determinismo é 
incompatível com a liberdade; se o comportamento do homem é determinado, 
trata-se somente de uma autodeterminação do EU, e nisto consiste a sua 
liberdade. A liberdade é incompatível com qualquer determinação externa 
ao sujeito (da natureza ou da sociedade); se o comportamento do homem é 
determinado, esta determinação, longe de impedir a liberdade, é a condição 
necessária da liberdade. Liberdade e necessidade coincidem. 
1.5.1 O determinismo absoluto
O determinismo absoluto parte da ideia de que tudo o que acontece na natureza ou na sociedade 
tem uma causa. Todos os atos humanos são determinados e, portanto, não são livres. Um conjunto de 
circunstâncias escolhe por mim. Logo, não sou autor consciente e autônomo das minhas decisões. Dessa 
forma, se tudo é causado e não existe liberdade, não pode existir responsabilidade moral.
1.5.2 Libertarismo
Para esta concepção, a liberdade é um dado da experiência imediata, uma convicção que não 
pode ser negada pela existência da causalidade. Temos opção por decidir diante de várias alternativas, 
independentemente das forças que nos constrangem.
Segundo Aranha e Martins (2003, p. 318), nessa perspectiva, ser livre é decidir e agir como se quer, 
sem determinação causal, seja exterior (ambiente em que se vive) ou interior (desejos, motivações 
psicológicas, caráter). Segundo os autores, Aristóteles definia o ato voluntário como “princípio de si 
mesmo”, de modo que tanto a virtude como o vício dependem da vontade do indivíduo.
Assim, é livre aquele que tem em si mesmo o princípio para agir ou não agir, isto é, aquele que é 
causa interna de sua ação ou da decisão de não agir. A liberdade é, nesse sentido, ausência de coação 
interna ou externa.
Sartre (1973), filósofo existencialista francês do século XX, leva a concepção de Aristóteles ao extremo, 
afirmando que estamos condenados a sermos livres. O homem é livre para exercitar sua subjetividade, 
cabendo-lhe a escolha dos princípios e valores que fundamentam sua ação e a responsabilidade por 
seus atos. O referido autor expõe seus argumentos na seguinte análise: “a existência precede a essência” 
(SARTRE, 1973, p. 19).
Nota-se que o autor referencia o homem como aquilo que fizeram dele no decorrer de sua existência; 
Sartre ainda vai além quando questiona o que esse homem fará ou como agirá frente às circunstâncias 
do que fizeram com ele. Eis a grande sacada do autor para explicar o que é existir na sociedade atual, 
pois para Sartre (1973) o homem é responsável por aquilo que é. Assim, todo homem é responsável por 
sua existência, não de uma forma particular, de forma individualizada, mas sim responsável também 
17
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
ÉTICA PROFISSIONAL
por todos os homens devido ao seu conceito universal, já que, para se definir e ser livre, o homem, 
primeiramente, deve tomar conhecimento de que, ao existir, carrega características que fazem com que 
ele seja um homem e não um objeto ou um animal.
1.5.3 Dialética da liberdade e da necessidade
É possível conciliar liberdade e necessidade? Alguns autores procuraram defender essa tese. 
Apresentaremos aqui, resumidamente, as propostas de Spinoza, Hegel, Marx e Engels.
Spinoza (2008) afirma que o homem está sujeito às leis da necessidade universal e não pode fugir 
delas. Ser livre é elevar-se da sujeição cega e espontânea à necessidade – própria do escravo – para uma 
sujeição consciente. A liberdade humana reside, então,no conhecimento da necessidade objetiva.
Segundo Vázquez (2003), Hegel também não opõe liberdade e necessidade e define a primeira como 
conhecimento da necessidade. Entretanto, diferentemente de Spinoza, relaciona a liberdade com a 
história. Vázquez (2003, p. 129), ao ler Hegel, comenta:
[...] o conhecimento da necessidade depende, em cada época, do nível em 
que se encontra o espírito no seu desenvolvimento, e este se manifesta 
na história da humanidade. A liberdade é histórica: há graus de liberdade 
ou de conhecimento da necessidade. A vontade é tanto mais livre quanto 
mais conhece; e, portanto, quando a sua decisão se baseia num maior 
conhecimento de causa.
Chauí (2005, p. 336), ao citar Marx e Engels (1984), coloca que ambos os autores aceitam tanto a ideia 
de liberdade como consciência da necessidade apoiados por Spinoza, quanto a ideia de historicidade 
apoiada por Hegel. A liberdade é, para eles, a consciência histórica da necessidade, mostrando que a 
liberdade implica uma atividade prática transformadora e possui um caráter histórico-social, uma vez 
que a liberdade é uma ação do homem baseada na compreensão da necessidade causal. Necessidade e 
liberdade, portanto, se conciliam dialeticamente. 
De acordo com Chauí (2005), pensadores marxistas afirmam que não somos um poder incondicional 
de escolhas possíveis, mas que nossas escolhas são condicionadas pelas circunstâncias naturais, psíquicas, 
culturais e históricas, isto é, pela totalidade natural e cultural em que estamos situados.
Esses pensadores afirmam que a liberdade é um ato de decisão e escolha entre vários possíveis. 
Somos livres de fato quando temos o poder para fazer alguma coisa. Esses autores introduzem 
a noção de possibilidade objetiva. O possível não é apenas alguma coisa sentida ou percebida 
subjetivamente por nós, mas é também, e sobretudo, alguma coisa inscrita objetivamente no seio 
da própria necessidade, indicando que o curso de uma situação pode ser mudado por nós, em 
certas direções e sob certas condições. A liberdade é a capacidade para perceber tais possibilidades 
e o poder para realizar aquelas ações que mudam o curso das coisas, dando-lhe outra direção ou 
outro sentido.
18
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
Unidade I
1.6 A Obrigatoriedade do Ato Moral
Além da exigência da consciência, da liberdade e da responsabilidade, o comportamento moral exige 
obrigatoriedade, ou seja, o ato moral cria um dever.
De acordo com Aranha e Martins (2003, p. 304), essa obrigatoriedade não é exterior. Por ser moral, 
ela deriva do próprio sujeito que se impõe a necessidade do cumprimento da norma. Os autores Aranha 
e Martins (2003, p. 203) asseveram que:
[...] a consciência moral, como juiz interno, avalia a situação, consulta as 
normas estabelecidas, as interioriza como suas ou não, toma decisões e julga 
seus próprios atos. O compromisso humano que daí deriva é a obediência 
à decisão. Mas este compromisso não exclui a não obediência, pois como 
seres livres que somos temos a possibilidade de transgredir a norma, mesmo 
aquela que nós mesmos escolhemos respeitar.
Diante do exposto, duas questões fundamentais surgem, de acordo com Vázquez (2003, p. 179): 
• Quais são os traços essenciais da obrigatoriedade moral que permitem 
distingui-la de outras formas de obrigação ou de imposição?
• Qual é o conteúdo da obrigação moral, ou, em outras palavras, o que 
somos obrigados a fazer ou temos o dever de fazer?
Para responder à primeira questão devemos analisar novamente o tema da necessidade, do 
determinismo, da coação, da liberdade, da consciência e do caráter social da moral. A obrigatoriedade 
moral perde sua razão de ser quando o sujeito do ato moral opera sob coação, tanto externa como 
interna, quando algum desejo ou impulso irresistível força ou anula sua vontade ou, ainda, quando o 
comportamento não é querido ou livremente escolhido.
Nesse sentido, Vázquez (2003, p. 183) afirma que:
[...] a obrigação moral, portanto, deve ser assumida livre e internamente 
pelo sujeito e não imposta de fora. Se acontece o último caso, estaremos 
diante de uma obrigação jurídica ou diante de outra pertencente ao trato 
social. Desta maneira, por conseguinte, somente quando o sujeito conhece 
uma norma, a interioriza e dispõe da possibilidade de cumpri-la, optando 
livremente entre várias alternativas, pode-se afirmar que está moralmente 
obrigado.
O ato moral, além de um fator pessoal, possui também um fator social. Isso se deve ao fato de 
que o ato que realizo pode afetar outras pessoas ou a sociedade inteira. Por isso, sou obrigado a 
fazer algumas coisas e evitar outras. Uma escolha que só tem consequência individual não tem 
alcance moral.
19
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
ÉTICA PROFISSIONAL
Por outro lado, como afirma Vázquez (2003), a obrigatoriedade moral tem um caráter social, 
porque o obrigatório e o não obrigatório não são algo que o indivíduo inventa, mas que encontram 
já estabelecidos numa sociedade determinada. Logo, o indivíduo decide e age no âmbito de uma 
obrigatoriedade socialmente dada e de acordo com sua consciência moral. A consciência moral dita 
somente aquilo que concorda com os princípios, valores e normas de uma moral efetiva e vigente. 
Assim, nas suas decisões e no uso que faz da sua liberdade de escolha e de ação, o indivíduo não pode 
deixar de expressar as relações sociais no quadro das quais assume pessoalmente uma obrigação moral.
Para Vázquez (2003), de acordo com o tipo das relações sociais dominantes, cada época imprime a sua 
própria marca na consciência moral, visto que mudam os princípios e as normas morais e muda também 
o tipo de relações entre o indivíduo e a comunidade. Existe uma íntima relação entre a consciência e 
a obrigatoriedade moral. A consciência é sempre compreensão de nossa obrigação moral e avaliação 
de nosso comportamento de acordo com as normas livre e intimamente aceitas. A consciência moral 
efetiva é sempre a consciência de um homem concreto individual, mas, por isso mesmo, de um homem 
que é essencialmente social.
A consciência moral é um produto da história, é algo que o homem cria e desenvolve durante suas 
atividades prático-sociais. Dessa forma, a moral vigente numa sociedade determina, em certa medida, a 
consciência moral do indivíduo.
1.7 Teorias da Obrigação Moral
Quanto ao conteúdo, as teorias da obrigação moral são divididas em dois gêneros: deontológicas 
e teleológicas. De acordo com Vázquez (2003), uma teoria da obrigação moral recebe o nome 
de deontológica (do grego déon, dever) quando não faz depender a obrigatoriedade de uma 
ação exclusivamente das consequências da própria ação ou da norma com a qual se conforma. 
Chama-se teleológica (de télos, em grego, fim) quando a obrigatoriedade de uma ação deriva 
unicamente de suas consequências. Vázquez (2003) nos apresenta um exemplo esclarecedor a 
respeito dessas duas teorias:
[...] suponhamos que um doente grave, confiando na minha amizade, 
pergunte-me sobre o seu real estado, dado que, segundo parece, os 
médicos e familiares lhe ocultam a verdade: o que devo fazer neste caso? 
Enganá-lo ou dizer-lhe a verdade? De acordo com a doutrina deontológica 
da obrigação moral, devo dizer-lhe a verdade, sejam quais forem as 
consequências: mas, se me atenho à teoria teleológica, devo enganá-lo 
tendo em vista as consequências negativas que podem resultar, para o 
doente, do conhecimento do seu verdadeiro estado (VÁZQUEZ, 2003, p. 190).
Vamos conhecer agora alguns exemplos das teorias deontológica e teleológica.
Em linhas gerais, as teorias deontológicas podem ser do ato ou da norma, e as teorias teleológicas 
podem ser do egoísmo ético e do utilitarismo.
20
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
Unidade I
 Observação
A palavra deontologia tem sua origem no vocábulo grego déontos, que 
significa necessidade. O termo designa a obrigatoriedadede se cumprir 
uma determinada regra ou norma, independentemente de seus resultados 
efetivos e dos interesses pessoais. Hoje, o termo deontologia é entendido 
como o conjunto de regras e de deveres profissionais. Representa, pois, 
regras e deveres inerentes ao exercício das profissões liberais.
As teorias deontológicas do ato, segundo Vázquez (2003), sustentam que o caráter específico de 
cada ação, ou de cada ato, impede que possamos apelar para uma norma geral a fim de decidir o 
que devemos fazer. Por isso, precisamos intuir como operar num caso determinado, ou decidir sem 
recorrer a uma norma, pois esta, por ser geral, não nos pode indicar o que devemos fazer em cada caso 
particular. Jean-Paul Sartre é exemplo dessa teoria, pois defende que nenhuma regra moral geral nos 
pode mostrar o que devemos fazer numa situação concreta. Sartre (1973) dá o exemplo de que, durante 
a Segunda Guerra Mundial, um dos seus discípulos o procura para escolher o que deve fazer: ir para a 
Inglaterra juntar-se às Forças Livres Francesas ou ficar em território francês ocupado pelos nazistas para 
não abandonar a sua mãe e não expô-la ao desespero ou talvez à morte. Diante desse dilema não há, 
segundo Sartre (1973), regra geral que possa ajudá-lo a escolher. Contudo, é preciso escolher e, diante 
de duas possibilidades de ação, deve-se escolher com o maior grau de liberdade. O que importa é o grau 
de liberdade com que se age.
1.7.1 Teorias deontológicas da norma
As teorias deontológicas da norma sustentam que nossas decisões morais concretas são balizadas 
por normas gerais e independem das consequências de sua aplicação. Exemplo clássico desta teoria é a 
ética kantiana.
Kant (2004) defendia que o bom deveria ser absoluto, irrestrito e incondicionado. Afirmava, 
portanto, que a boa vontade não é boa pelo que possa fazer ou realizar, não é boa por sua aptidão 
para alcançar um fim que nos propuséramos; é boa só pelo querer, isto é, boa em si mesma. 
Considerada por si só é, sem comparação, muitíssimo mais valiosa do que tudo que poderíamos 
obter por meio dela.
Kant (2004, p. 156) levantou a seguinte questão: “pode-se fazer depender a moral de um saber?” 
• Não, responde, porque cada um sabe qual é seu dever, mesmo que não o cumpra. Então, indaga o 
filósofo: é preciso admitir a existência de um sentimento moral primitivo?
• Muito menos ainda, responde: a moral não pode fundar-se em inclinações; ela consiste na 
consciência de uma obrigação. Portanto, a moralidade repousa sobre um dever.
21
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
ÉTICA PROFISSIONAL
Para tanto, distingue a ação autenticamente moral, cumprida pelo dever, daquela ação conforme a 
moral, mas cumprida pelo interesse ou por inclinação (por exemplo, o comerciante que é honesto pelo 
medo de perder seus clientes). Kant pergunta: como é possível representar seu dever? Responde: porque 
o homem é um ser que raciocina: existe uma lei moral universal que não depende de um princípio 
exterior (como os desígnios de Deus pela religião), mas que cada sujeito descobre em si mesmo como 
necessário e objetivo. Pertence ao domínio da razão prática e não ao domínio da razão teórica, que é do 
domínio do conhecimento.
Enquanto pertencente ao domínio da razão prática, a ação moral é essencialmente voluntária, 
porque supõe a resistência que nós podemos fazer aos motivos pessoais que nos influenciam. Depende, 
portanto, de um princípio subjetivo da ação, como uma máxima que a comanda. Essa ação moral, diz 
Kant, se apresenta sempre sob a forma de um imperativo.
Entretanto, o filósofo distingue imperativo categórico de imperativo hipotético. O categórico 
comanda uma ação como necessária em si mesma, independente das circunstâncias, dizendo: é preciso 
agir desta forma; já o hipotético diz-nos: é preciso…, se… etc. Este tipo de imperativo, diz Kant (2004), 
pode ser uma regra de prudência ou de técnica, mas jamais da moralidade. Apenas o imperativo 
categórico é uma regra moral.
Para Kant (2004), a consciência moral só atingiria seu sentido pleno se regida por um 
imperativo categórico. Ele recebia essa denominação por ser um dever incondicional para quem 
age racionalmente.
Kant (2004, p. 158) formula o imperativo categórico nos seguintes termos:
[...] age de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre valer como 
princípio universal de conduta; age de modo que trates a humanidade, tanto 
na tua pessoa como na dos outros, como fim e nunca como meio; age de 
modo tal que a tua vontade possa considerar a si mesma como instituidora 
de uma legislação universal.
Para o autor, o homem tende naturalmente para o egoísmo, só o dever seria capaz de 
torná-lo um ser moral. Assim, os imperativos categóricos como leis racionais não são meramente 
subjetivos, mas universais e necessários para todos aqueles que atinjam esse nível elevado de 
entendimento.
1.7.2 Teorias teleológicas
De acordo com Vázquez (2003, p. 198), estas teorias têm em comum o relacionar a nossa obrigação 
moral (o que devemos fazer) com as consequências de nossa ação, isto é, com a vantagem ou benefício 
que podem trazer, quer para nós mesmos quer para os demais. Dessa forma, se levarmos em mais alta 
consideração o interesse pessoal, temos o egoísmo ético; e se levarmos em mais alta consideração os 
outros, temos o utilitarismo.
22
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
Unidade I
Deve-se fazer o que traz o maior bem, independentemente das consequências – boas ou más – que 
derivem para os outros. Esse é o princípio básico do egoísmo ético. Cada um deve, portanto, agir de 
acordo com o seu interesse pessoal, promovendo aquilo que é bom ou vantajoso para si. 
Fazer aquilo que beneficia, fundamentalmente, os outros, ou o maior número de homens, é o princípio 
do utilitarismo. Cada um deve, portanto, considerar, sobretudo, as consequências de seus atos ou da 
aplicação da norma para o maior número de pessoas. Aqui também, como nas teorias deontológicas, 
existem dois tipos de utilitarismo: do ato (nosso dever é realizar o ato que produz o máximo bem, não 
somente para mim, como para os outros) e da norma (nosso dever é agir de acordo com a norma, cuja 
aplicação produza o maior bem não só para mim, mas também para os outros). São representantes dessa 
teoria Jeremy Bentham e John Stuart Mill.
2 INVESTIGANDO O QUE É ÉTICA
Leia as manchetes a seguir:
Em março de 2005, o caso da americana Terri Schiavo virou motivo de polêmica nos EUA. 
Em estado vegetativo havia 15 anos, Terri parou de receber alimentação por determinação 
da Justiça dos EUA, após um pedido do próprio marido. Os pais da americana tentaram, sem 
sucesso, reverter a decisão com o argumento de que ela ainda poderia se recuperar – ao 
contrário do que afirmavam os médicos. Terri acabou morrendo 13 dias depois. 
Fonte: Eutanásia..., 2009.
Washington – Estudo do Banco Mundial (Bird) sobre os efeitos da deterioração do meio 
ambiente, denominado “O meio ambiente importa”, apresentado na quarta-feira, mostra 
que a poluição do ar mata 800 mil pessoas anualmente. O documento afirma também que 
cerca de um quinto das doenças dos países em desenvolvimento podem ser atribuídas a 
problemas ambientais, como falta de água potável e poluição do ar, e que os problemas 
ecológicos atingem, sobretudo, os mais pobres e as crianças.
Fonte: Poluição..., 2005.
Os fatos que você viu anteriormente talvez tenham lhe provocado algum tipo de reação. Situações 
e manchetes como essas sempre tocam o nosso senso moral. Em nossa consciência, avaliamos se são 
boas ou más, desejáveis ou indesejáveis, justas ou injustas, certas ou erradas. É muito difícil ficarmos 
indiferentes a elas. É uma prova de que, a todo momento, avaliamos o que se passa a nossa volta e 
procuramos, conscientemente ou não, aquilo que nos parece ser o melhor.
O senso moral e a consciência moral referem-se aos princípios que fundamentam nossas escolhas, 
sentimentos, emoções e valores.Mesmo sem nos darmos conta desses princípios, eles são a expressão 
de nossas crenças mais profundas, do mais valioso que possuímos. Podemos afirmar, portanto, que o 
nosso modo de agir e a maneira como nos relacionamos conosco, com os outros e com o mundo, são 
23
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
ÉTICA PROFISSIONAL
o reflexo de nossa existência ética. Isso significa que, mais do que uma série de conteúdos normativos, 
refletiremos sobre a forma como assumimos essa relação com o que nos rodeia.
2.1 Ética e Moral
É muito comum, no dia a dia, utilizar os termos ética e moral como se fossem sinônimos. Pretendemos 
demonstrar neste tópico que são conceitos distintos. Em comum possuem o fato de regular o agir 
humano, mas diferem quanto ao modo como se dá esse processo.
 Lembrete
Práxis: os gregos chamavam de práxis a ação de levar a cabo alguma 
coisa: significa ainda o conjunto de ações que o homem pode realizar 
e, nesse sentido, a práxis se contrapõe à teoria. No marxismo, significa 
interpendência entre a teoria e a prática, ou seja, uma prática refletida e 
uma teoria que vise a transformar o mundo.
Para Heráclito, o ethos designa a morada do homem. O ethos é a casa do homem, onde surgem os 
atos humanos: o fundamento da práxis. Para Heráclito, a ética está vinculada à índole interior, ao estado 
de consciência da pessoa. O ethos é o espaço a partir do qual a consciência se manifesta no homem. 
É algo íntimo, presente nele e não assimilado do exterior, não é algo introjetado. A ação ética surge 
de dentro para fora, tendo a consciência como fonte que impulsiona para o reto agir. Em termos de 
Educação, temos a “escolha da consciência”.
Para Aristóteles, o ethos diz respeito ao comportamento que resulta de um constante repetir-se 
dos mesmos atos. Hábito. Modo de ser ou caráter que se vai adquirindo ao longo da existência: ethos 
- hábitos - atos. Para Aristóteles, o ethos não é algo que já esteja no homem, mas sim aquilo que foi 
adquirido por meio de hábitos. A ação expressa o que foi assimilado previamente do exterior, por isso 
não é inato. A ação ética surge de fora para dentro: são atos repetidos. Em termos de Educação, temos 
o ensino, a formação de hábitos. Esse foi o ponto de partida para o uso posterior da palavra moral, os 
costumes que devem ser introjetados por meio da educação moral.
Quando a palavra ethos foi transliterada (escrever com o nosso alfabeto uma palavra), predominou 
a conceituação utilizada por Aristóteles, ou seja, com o significado de hábito ou costume.
A moral vem do latim mos, moris, que significa maneira de se comportar regulada pelo uso. Daí vem 
costume, com as palavras do latim moralis, morale, relativo aos costumes.
Os costumes são diferentes conforme a época e o local. A moral está vinculada ao sistema dominante, 
aos costumes daquela sociedade, e é relativa; já a ética é universal. Se os hábitos são diferentes em 
culturas diferentes, os princípios universais, a busca do bem, a preservação da vida etc. são constantes e 
estão acessíveis, em qualquer lugar onde o homem estiver, pois ali estará sua mente.
24
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
Unidade I
Por influência de Aristóteles, e devido à transformação do ethos como morada em costumes, a ética, 
no seu sentido primordial dado por Heráclito, acabou sendo confundida com a moral tradicional. Se no 
grego havia dois sentidos para o ethos, no latim foi usada só uma palavra: mores (costumes). E, assim, 
costumes, vinculados aos hábitos, foi o significado que prevaleceu.
A ética é a ação em conformidade com a consciência. É uma ação sempre refletida e fruto da escolha 
livre e consciente – até para infringir uma norma, se for o caso. Não se trata de uma ação que vise 
apenas a seguir o senso comum ou o politicamente correto, para não ferir as aparências, a imagem ou 
aquilo que é externo. A ética é, antes de tudo, expressão da índole pessoal. Não defendemos com isso o 
relativismo, ou que tudo é lícito por ser fruto da deliberação pessoal, inclusive a violência. Pelo contrário, 
a ação livre e consciente está sempre de acordo com aqueles princípios universais, especialmente o 
respeito pela dignidade do outro como absolutamente outro em sua dignidade enquanto humano.
Por sua vez, a moral se expressa como um conjunto de normas, regras, leis, hábitos e costumes que 
definem de antemão o certo e o errado, o permitido e o proibido, desejado ou indesejado. Por ser um 
conjunto de regras externas à nossa consciência, deve ser cumprida necessariamente. Como não possui 
a adesão pessoal, seu não cumprimento resultará em algum tipo de sanção.
Enfim, quando se percebe o clamor na sociedade por novos códigos de normas (e de sanções), não 
se discute a ética, mas apenas mais um código moral. 
Dessa forma, perde-se o espaço para a reflexão e tomada de decisões tendo em vista as consequências 
de nossos atos, e deixa-se a cargo de terceiro, com os méritos e deméritos, o papel de guardião da ética, 
enquanto exime-se de assumir a condução da própria vida. A ação moral é muito menos exigente 
porque o esforço em pensar novas possibilidades de ação não chega a ser cogitado. Viver no mundo 
da ética implica caminho muito mais espinhoso, mas recompensador, já que podemos atuar de forma 
autônoma, construtiva e responsável.
2.2 Relativismo ético
Admitindo uma multiplicidade de valores e códigos morais, alguns pensadores defendem a teoria do 
relativismo ético, afirmando que não há uma base objetiva e universal sobre a qual se possa erguer um 
sistema moral único, válido para todos os homens.
Para o relativista ético, a consciência moral dos homens é formada pelo conjunto de princípios e 
valores herdados de cada cultura. Assim, o conteúdo da consciência moral varia no tempo e no espaço. 
O que é virtude para um pacifista moderno pode não ter sido para um guerreiro huno. E mesmo dentro 
de um grupo cultural com certa homogeneidade, os cristãos, por exemplo, a consciência muda de 
época para época. A igreja medieval julgava moralmente correto queimar um homem vivo em fogueiras 
por ele ter cometidos atos que hoje, obviamente, não mereceriam do cristianismo essa mesma brutal 
condenação.
Percebe-se, então, que as sociedades humanas constroem no decorrer de sua história seus próprios 
códigos morais que, por sua vez, refletem valores éticos dominantes em cada cultura. Assim, verificamos 
25
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
ÉTICA PROFISSIONAL
que há sociedades onde o valor dominante é a busca do prazer físico; em outras, o valor moral mais 
importante é a glorificação religiosa de Deus ou, ainda, como na sociedade em que vivemos, o valor 
dominante se refere à conquista de poder econômico, político, sucesso pessoal e acúmulo de riqueza.
Nota-se que, para o relativismo ético, a moral é fruto do padrão cultural vigente, e este varia com 
a história e geografia. Então, a ética torna-se uma questão de ótica, isto é, reflete a visão de mundo 
(códigos e juízos morais) compartilhada por uma sociedade, visão de mundo criadora de lições, normas 
e leis para que a vida do grupo possa existir com certo grau de ordem, direção e solidariedade.
Admitindo a existência de várias formas de moralidade, o relativismo ético defende que a virtude 
não pode se restringir a um conteúdo rígido de normas ou a um mandato unilateral. A virtude estaria na 
tolerância, no respeito pelos diferentes sistemas morais que, entre si, admitam conviver pacificamente.
Nesse sentido, imoral, em primeiro lugar, é: 
[...] o intolerante, que imagina ser ele o proprietário de um único critério 
moral para todas as formas de moralidade, e por isso o aplica a ferro e 
fogo sem levar em consideração as condições em que o juízo moral deva 
ser suspenso. Em segundo lugar, é rigorista, aquele que pratica sua moral 
automaticamente, sem se dar conta da unilateralidade de seu ponto de vista 
(GIANOTTI, 1992,p. 244).
2.3 A avaliação ética
Conforme estudamos anteriormente, a ética trabalha com juízos de valor. Os juízos de valor são 
normativos porque exprimem algo que é desejável e reprovam o que possa ser prejudicial. Os juízos de 
valor indicam, então, o que é o bom, pois visam a alcançar o bem. Contudo, nem sempre é fácil determinar 
o que é o bem como fundamento para uma avaliação do que é desejável. A seguir, apresentamos uma 
interessante abordagem do problema do bem e do bom a partir de algumas concepções em períodos 
históricos, com base nas reflexões de Vázquez (2003).
2.3.1 O bom como felicidade – eudemonismo
• Aristóteles foi o primeiro pensador que sustentou a felicidade como o bem supremo. Para 
alcançá-la, seria necessário viver de acordo com a razão e possuir alguns bens.
• A ética cristã sustenta que a verdadeira felicidade não se consegue aqui na terra, mas no céu 
como prêmio a uma vida de acordo com os preceitos cristãos.
• Os filósofos iluministas e materialistas franceses sustentavam o direito de os homens serem felizes 
neste mundo, porém tratavam o homem de forma abstrata sem levar em conta as condições reais 
em que viviam.
26
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
Unidade I
 Observação
Etimologicamente, em grego, eudemonismo significa felicidade. É uma 
doutrina filosófica que defende a felicidade como bem supremo.
2.3.2 Hedonismo: o bom como prazer 
O hedonismo é uma doutrina que defende o prazer imediato, isto é, o meio correto para atingir o 
objetivo supremo do homem, a saber, a felicidade. A felicidade tem como essência o prazer. 
A moral, para o hedonista, deve ser ordenada segundo o modelo que é dado pela buscar do prazer; 
é considerado moral tudo aquilo que dê prazer e imoral o que faça sofrer. Essa doutrina resulta da 
observação de que todos os seres buscam o prazer e tentam escapar ao sofrimento. 
Os primeiros hedonistas de que se tem notícia, organizados em escola, são os cirenaicos. A Escola 
Cirenaica foi fundada por Aristipo de Cirene (435-365 a. C.) e a preocupação fundamental era a busca 
por prazer, essencialmente o prazer físico em detrimento ao prazer intelectual, considerado inferior. 
Contudo, alguns anos após a formulação dessa concepção, ocorreram divergências entre os estudiosos 
e a orientação é reformulada, ocasionando em contradições com ambiência inicial: o próprio Aristipo 
chega a afirmar que o homem deve ser o dominador do prazer e não o contrário. 
 Observação
Hedonismo vem do grego hedoné e significa prazer. Baseia-se em duas 
concepções: a primeira adota como critério as ações humanas; a segunda 
considera o prazer como valor supremo de direito.
2.3.3 Epicurismo
O epicurismo foi a doutrina de maior influência no mundo romano. Deve seu nome ao pensador 
grego Epicuro de Samos (347-270 a.C.), seu iniciador. No entanto, não difundiu suas ideias sozinho, 
deixando discípulos que as disseminaram, Menequeu, Heródoto, Pitocles, Metrodoro, Hermano e Colotes.
Foi reconhecendo a importância dos sentidos e seu papel para o homem que o epicurismo delineia 
seus princípios éticos, tendo como base fundamental a dor evitada e o prazer almejado.
No entanto, o prazer que defende o epicurismo é a ausência de dor. Epicuro afirmava que, quando 
dizemos que o prazer é a meta, não nos referimos aos prazeres terrenos dos depravados e dos bêbados, 
como imaginam os que desconhecem nosso pensamento ou nos combatem ou nos compreendem mal, 
e sim à ausência de dor psíquica e à ataraxia da alma.
27
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
ÉTICA PROFISSIONAL
Brun (1987) explica que os estoicos (ou estoicistas, que estudaremos a seguir) identificam a ataraxia 
com a apatia, isto é, a serenidade intelectual, o domínio de si, o estado da alma que se tornou estranha 
às desordens das paixões e insensível à dor, rejeitando a procura da felicidade. Já que as “coisas” não 
podem ser de outro modo, o mais sensato é acomodarmo-nos.
A ética social epicurista, uma vez compreendida, leva à conclusão de que a consciência de dor e 
de prazer induz o homem a se furtar da dor e, portanto, a evitar produzi-la injustamente em outrem, 
fazendo, com isso, surgir a ética social do prazer. Assim, o homem que sofre torna-se sensível ao 
sofrimento do outro. Aqui está a chave da sociabilidade ética do epicurismo e também a chave para 
a compreensão dos preceitos de justiça. A justiça consiste em conservar-se longe da possibilidade de 
causar dano a outrem e de sofrê-lo; consiste naqueles lugares em que se concluiu um pacto para não 
causar e não sofrer danos.
Para o epicurismo, a sensação é a origem de tudo, uma vez que a busca do prazer e a repulsão à dor, 
a si e por consequência a outrem, fazem com que as relações humanas sejam firmadas em pactos, a fim 
de gozar de um bem-estar social.
Com o advento do cristianismo, os epicuristas eram vistos como sinônimo de perdição, pois negavam 
a imortalidade e a existência de um deus benévolo e afirmavam ser fundamental viver os valores deste 
mundo.
A filosofia epicurista, no entanto, é considerada muito semelhante ao humanismo científico e liberal 
do século XX. Essa filosofia foi a primeira versão racionalizada de uma postura de vida que tem sido 
muito abraçada em nossa época.
2.3.4 Estoicismo
O estoicismo é uma filosofia que preconiza que o homem deve enfrentar o seu destino com coragem 
e dignidade e suportar a dor. Os estoicos consideravam que o bem supremo era uma vida virtuosa.
Foi fundado no século IV a.C. e teve influência em toda filosofia Antiga e Medieval cristã. A palavra 
estoicismo vem de Stoa, que significa pórtico (entrada do templo ou edifício nobre). Os estoicos 
ensinavam sob os pórticos de Atenas. Seus expoentes são Zenão,fundador da Escola, Crisipo, Epicleto, 
Sêneca e Marco Aurélio.
Surgiu na Grécia, mas foi em Roma que exerceu grande influência, facilitada pela austera psicologia 
do cidadão romano que constituíra o império. Filosofia que influenciou com mais força o cristianismo 
e tornou-se indispensável para a preservação do Direito greco-romano. Ao expandir suas fronteiras, 
formando um vasto império, Roma desenvolve conhecimentos práticos, tais como construir estradas 
duradouras para trânsito de seus soldados e das mercadorias, e absorve a ética estoica, enquanto 
necessita de guerreiros fortes, valentes e destemidos que saibam controlar as paixões e a dor.
O estoicismo busca explicar o mundo, os fenômenos naturais e estabelecer uma ética para o homem, 
desenvolvendo dois valores: a igualdade e a liberdade. O ser humano só é livre quando a vontade é 
28
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
Unidade I
autônoma, o que era possível na Grécia, onde os cidadãos tinham autonomia para criar suas normas 
jurídicas. Com o surgimento do Império, os indivíduos perderam sua função e isso fez com que surgisse 
uma nova concepção do homem.
A filosofia estoica afirma que, uma vez que a morte e a adversidade estão fora de nosso controle, e 
acontecem a todo mundo, devemos enfrentá-las com nobre resignação. Portanto, para os estoicos, só 
devemos nos preocupar com aquilo que depender de nós, que estiver ao nosso alcance e aceitar com 
imperturbabilidade o que foge de nossa alçada. As pessoas não devem se rebelar contra essa fatalidade, 
que não é, na visão dessa filosofia, uma tragédia. A rebelião contra isso demonstra que nossas emoções 
estão erradas.
Os estoicistas alertavam para a postura de que ”se todas as nossas emoções forem submetidas 
à nossa razão, só admitirão juízos verdadeiros, e assim nos poremos de acordo com as coisas como 
realmente são”.
A ética estoica é uma ética da ataraxia, voltada não só para a finalidade da conduta humana, 
mas para a ação, pois é nela que reside a capacidade de conferir felicidade ao homem. A ética 
estoica determina os cumprimentos éticos pelo simples dever, ou seja, a ética deve ser cumprida 
porque trata de mandamentos certose incontornáveis da ação, mandamentos decorrentes de 
lei natural; é a intuição das normas naturais que conferem ao homem a capacidade de discernir 
o que é favorável e o que é desfavorável ao seu bom agir. Isso vem bem espelhado nas obras 
de Cícero, quando explica que não se deve agir pelo temor social da punição, mas a vontade de 
praticar justiça deve ser o móvel da ação.
Os termos estoico e estoicismo, no uso familiar de nossa língua, significam “enfrentar a adversidade 
sem se queixar”.
2.3.5 Tomismo
Tomás de Aquino se sobressai quando, ao estudar a filosofia de Aristóteles, introduzida pelos árabes, 
absorve-a e sistematiza o pensamento teológico da Igreja católica.
O problema das relações entre fé e razão é também a temática central do pensamento de Tomás 
de Aquino. Na obra Suma Teológica, Tomás de Aquino expõe sua doutrina básica no estudo do que 
significava a justiça como problema ligado à ação humana. No que diz respeito à natureza humana, 
Santo Tomás definia que o homem é composto de corpo e de alma, sendo aquele o material para o 
aperfeiçoamento da alma, criada por Deus. Aperfeiçoamento que se dá porque a alma animal pode 
ser sensitiva ou intelectual. É na atividade intelectual do homem que ele particulariza e diferencia sua 
alma. Para ele, a filosofia deveria subordinar-se à revelação, que é critério único de verdade. Tomás 
definiu o termo justiça mesclado com o conceito de ética, afirmando assim, com base nas influências 
aristotélicas, que justiça é uma vontade perene de dar a cada um o que é seu, caracterizando a justiça 
como igualdade de pessoas, exteriorizada no comportamento dessas pessoas em poder discernir o que 
é seu e o que não é.
29
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
ÉTICA PROFISSIONAL
No século XIX, a Igreja católica escolhe sua obra para fundamentar o dogma cristão. Para 
Tomás, fé e razão não podem se contradizer na medida em que ambas emanam de Deus. Em 
consequência, filosofia e teologia não podem apresentar verdades divergentes, apenas diferem 
pelo método: a filosofia parte das coisas criadas para alcançar Deus, enquanto a teologia tem 
como ponto de partida Deus.
No âmbito de nosso estudo, vamos compreender a filosofia ética de Tomás de Aquino como o “bem” 
transcendental que é objeto da ética. O bem é uma realidade que se apresenta como uma perfeição e 
que é, portanto, o fim de uma aspiração para outro ser.
Para Tomás de Aquino, o bem supremo, Deus, é contemplado com plena felicidade por determinação 
da alma racional, cujas virtudes o filósofo distingue entre teologais e cardinais naturais.
As teologias só são acessíveis ao homem por meio da graça de Deus: fé, amor, esperança, em que 
o amor ordena todos os atos humanos para o fim divino supremo. As cardinais são definidas como 
perfeição das faculdades naturais. Assim, é preciso buscar na razão a sabedoria e a inteligência; na 
vontade, a justiça; no esforço, a coragem; no desejo, a temperança. Para Tomás, as virtudes definem a 
atitude interior do homem; a ordem exterior e as ações são dirigidas pelas leis. O legislador supremo 
é Deus, pois é o legislador de todo o universo. A lei eterna é a sabedoria divina que tudo dirige. A 
participação da razão humana na lei eterna é pela lei natural. Por outro lado, a liberdade de querer não 
está limitada pela lei divina. Somente em relação à natureza destituída de razão é que a lei age por 
necessidade interna. Para o homem, entretanto, a lei assume um caráter de uma lei normativa e, nessa 
medida, o homem participa da providência divina, pois é capaz de prever para si e para os outros. É 
preciso fazer o bem e evitar o mal. 
Em suma, Tomás de Aquino, ao elaborar seu tratado teológico com base na filosofia aristotélica, 
buscando também fontes no pensamento judaico e islâmico, demonstrou, na época, que havia 
compatibilidade entre pensamento filosófico e crença cristã. Procurou, entretanto, distinguir sempre 
filosofia e religião, razão e fé.
2.3.6 Formalismo de Kant
Kant (2004) defendia que o bom deveria ser absoluto, irrestrito ou incondicionado. Afirmava, 
portanto, que “a boa vontade não é boa pelo que possa fazer ou realizar, não é boa por sua aptidão para 
alcançar um fim a que nos propuséramos; é boa só pelo querer, isto é, boa em si mesma”. Considerada 
por si só, é, sem comparação, muitíssimo mais valiosa do que tudo que poderíamos obter por meio dela.
 Lembrete
Iluminismo é uma corrente filosófica (século XVIII) que defende o uso 
da razão contra o absolutismo que impede as pessoas de saírem de sua 
menoridade intelectual.
30
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
Unidade I
Conforme vimos na teoria da deontologia, segundo Kant, só atingimos a consciência do 
comportamento guiado por uma lei moral quando agimos livremente. Desse modo, só alcançamos a 
liberdade quando seguimos nossa razão.
Na visão de Gaarden (1996), autor de O Mundo de Sofia, a ética kantiana é, ao mesmo tempo, 
uma ética do dever e uma ética da atitude. Se, de um lado, a boa ação é um dever para quem age 
racionalmente, ela exige meios e fins correspondentes. Uma leitura atualizada desses imperativos 
kantianos nos permite fazer uma breve reflexão sobre quadros sociopolíticos atuais. Quando você trata 
bem o seu semelhante porque é seu dever, essa ação é estritamente moral. Contudo, quando você o faz 
visando obter algum retorno, esta ação perde seu conteúdo ético.
Quando, em momentos de calamidade pública, faz-se uma campanha para obter donativos e 
doá-los aos necessitados, acreditando estar ajudando a outrem, age-se moralmente. Contudo, quando 
se executa a mesma ação visando a se promover politicamente, esta atitude carece de moralidade.
Na visão kantiana, a justeza de uma ação não deve ser medida em si mesma, mas na vontade de 
quem aplica. Como nosso cotidiano foi tomado pejorativamente pela máxima maquiavélica de que os 
fins justificam os meios, parece-nos de grande valor refletir sobre os imperativos kantianos. Em última 
instância, eles propõem tratar o ser humano enquanto fim e não como meio para atingir algo.
Assim, Kant afirma que a ação moral, obra da vontade, supõe a liberdade, que é a condição de 
possibilidade de toda ação moral, na medida em que o homem não é um ser inteiramente determinado 
nos seus atos. Agir por dever não quer dizer agir forçado, mas, ao contrário, que ele pode lhe obedecer 
se ele quiser. Portanto, agimos com a vontade que é autônoma, porque obedecendo à lei moral, que é a 
lei da razão, obedeço a mim mesmo.
Por outro lado, Kant (2004) diz que se só fazemos o que “nos agrada”, não seremos livres, por mais 
paradoxal que pareça, pois nossa vontade estará a serviço de nossas inclinações e interesses pessoais; 
esse tipo de vontade é heterônomo, isto é, determinado por fatores que não eu mesmo, semelhante ao 
movimento provocado de uma pedra, não livre.
Assim, Kant (2004) distingue a obrigação da repressão, a consciência do dever da força ou impulso 
físico. A liberdade não é contrária à lei, nem à obediência, só é contrária à obediência forçada, a uma lei 
ou a uma força exterior.
2.4 Constituição da Ética na sociedade
A ética é um tema presente no nosso dia a dia, mas nem sempre conseguimos identificar e explicar 
o seu conceito. Por que atualmente fala-se tanto em ética? Qual a distinção entre ética e moral? Quais 
são os fundamentos da ética e da moral? São essas indagações que fazem do tema algo tão questionado 
e importante no exercício profissional do assistente social.
Para melhor compreender, precisamos nos distanciar um pouco do que vimos em relativismo ético, 
pois existem filósofos que afirmam ser possível estabelecermos um conjunto de valores “objetivamente 
31
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
4/
07
/1
3
ÉTICA PROFISSIONAL
válidos” para os seres humanos. Entre os defensores de uma ética objetiva, podemos destacar pensadores 
que se inspiram no conceito de “natureza humana”

Outros materiais