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4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Histopatologia UCXII Doenças Ambientais Meio ambiente (agentes físicos e químicos – local de trabalho, nutrição) e ambiente pessoal (cigarro, álcool, fármacos, drogas, dieta e similares) Matam mais que doenças e não acidentes Meio Ambiente Acidente nuclear de Chernobil em 1986 Vazamento do gás isocianato de metila em Bhopal na Índia em 1984 Explosão dos reatores nucleares de Fukushima após o tsunami de 2011 Envenenamento por chumbo causado por água potável contaminada na cidade de Flint nos Estados Unidos em 2016 Doenças e lesões causadas pela exposição crônica a níveis relativamente baixos de contaminantes Mercúrio em garimpos clandestinos no Brasil Alterações climáticas: Alteração da temperatura Tempestades, seca (falta de alimento, desnutrição), inundações (malária, dengue), degelo Grande extensão e velocidade não muito alta Ondas de calor: piora as doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórias Frio: piora pessoas com doenças respiratórias Agentes Físicos e Químicos: Radiação e calor Veneno o Xenobióticos produtos químicos exógenos no ambiente absorvidos pelo corpo através de inalação, ingestão ou contato com a pele Químicos: urina ou fezes ou ar expirado, ou acumular nos ossos, gordura, cérebro ou outros tecidos o Químicos podem agir no local de entrada ou podem ser transportadas para outros locais. o Alguns agentes químicos não são modificados após a entrada no corpo, porém a maioria dos solventes e drogas são metabolizados no fígado – produtos hidrossolúveis (desintoxicação) ou ativados – metabólitos tóxicos. Maioria dos solventes e drogas são lipofílicos – facilita transporte no sangue por lipoproteínas e permeação de membranas plasmáticas – fazem lesão no DNA As reações que metabolizam os xenobióticos em produtos não tóxicos ou tóxicos – duas fases. o Fase I citocromo P-450 (RE fígado, fármacos, tabaco, etanol) Xenobiótico → não tóxico e é eliminado OU pode ser metabolizado no fígado e transformado em ativo → efeito tóxico ou neoplásico Poluição do ar: associada à morbimortalidade para doença pulmonar e cardíaca Microorganismos Substâncias químicas Dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio, chumbo e material particulado Ozônio: não é saudável para respirarmos, apenas de nos proteger contra os raios ultravioleta 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 o Reações dirigidas pela luz solar envolvendo óxidos de nitrogênio, os quais são liberados em grande parte pelos escapes de automóveis o Materiais particulados finos, o ozônio forma o conhecido smog (do inglês, smoke e fog, “fumaça” e “nevoeiro”) o Reações químicas que geram radicais livres e lesam as células de revestimento do trato respiratório e dos alvéolos o Asma e enfisema: já têm uma restrição da superfície de troca gasosa, piora com ozônio o As partículas menores que 10μm de diâmetro. o Reação inflamatória CO: monóxido de carbono (CO) é um gás não irritante, incolor, insípido e inodoro. É produzido pela oxidação incompleta dos hidrocarbonetos o Motores automotivos, indústrias que utilizam combustíveis minerais, queima caseira de óleo e fumaça de cigarro o Poluente atmosférico, mas também é uma causa importante de morte acidental e suicídio. o Se liga à hemoglobina impedindo transportes de oxigênio Piora as doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórias UVA/UVB – exposição solar: Lesão melanocítica Poluição por metais: na água, por exemplo, causando gastroenterite, cólera e outras doenças infecciosas Chumbo: o Facilmente absorvido pelo TGI, se liga a grupos sulfidrila em proteínas e interfere no metabolismo do cálcio o Toxicidade hematológica, esquelética, neurológica, TGI e renal. o Ar, água e alimentos contaminados o Encontrado em tintas para casas e a gasolina. o Chumbo ingerido – crianças absorvem mais de 50% do chumbo dos alimentos, adultos absorvem cerca de 15%. Uma barreira hematoencefálica mais permeável em crianças proporciona elevada suscetibilidade a danos cerebrais. o Fontes ocupacionais tinta spray, trabalho com fundição, mineração e extração de chumbo, queimar baterias o Fontes não ocupacionais: abastecimento de água, pó e lascas de tinta, escapamento automotivo, solo urbano Mercúrio: usado no garimpo, atinge água dos rios e peixes o Alta afinidade a grupos sulfidrila de certas proteínas, causando danos no SNC e em vários outros órgãos, tais como o trato GI e os rins o Cosméticos, remédio para sífilis e componente de diuréticos. o Atualmente: peixes contaminados e os amálgamas dentários, os quais liberam vapores de mercúrio. Mineração de ouro contamina rios e córregos. Arsênico: o Sais de arsênico interferem no metabolismo celular, provocando toxicidades mais acentuadas no trato GI, sistema nervoso, pele e coração o Solo e na água, conservantes de madeira, herbicidas e outros produtos agrícolas. o Indústrias de mineração e fundição o Ingerido em grande quantidade, o arsênico provoca efeitos tóxicos agudos e se manifesta por dor abdominal severa, diarreia, arritmias cardíacas, choque, síndrome do desconforto respiratório, encefalopatia aguda e toxicidade dos sistemas cardiovascular, TGI e SNC – interferências na fosforilação oxidativa mitocondrial o A exposição crônica ao arsênico causa hiperpigmentação e hiperceratose da pele – 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 carcinomas de células escamosas e de células basais Cádmio: o Rins e pulmões, por mecanismos ainda incertos. o Baterias de níquel-cádmio. o Pode contaminar o solo e as plantas diretamente ou através de fertilizantes ou água de irrigação. o Alimentos são a fonte mais importante de exposição ao cádmio para a população em geral. Local de trabalho: exposições industriais e agrícolas Simples irritação das vias respiratórias (como formaldeído ou vapores de amônia) até cânceres de pulmão, induzidos pela exposição ao amianto, arsênico ou urânio. Solventes orgânicos: tonturas e confusão mental, coma (se utilizava por adolescentes como droga) Medula óssea, podendo causar aplasia medular e leucemia mieloide aguda. Hidrocarbonetos policíclicos, combustão do carvão e do gás, particularmente a temperaturas elevadas, como as utilizadas nas fundições de aço e também estão presentes no alcatrão e na fuligem – câncer de pulmão e bexiga Ambiente Pessoal Medicação: Alteração hepática, anemia Tabaco: Lesão pulmonar, tosse, secreção purulenta Emagrecimento o Causa mais comum de câncer – 90% das neoplasias malignas pulmonares. o Tabaco sem fumaça em suas várias formas (rapé, fumo de mascar) – câncer de boca. o Pode causar câncer de pulmão em indivíduos não fumantes – fumantes passivos o O risco de desenvolvimento de câncer de pulmão está relacionado com a intensidade da exposição, frequentemente expressa como “maços por ano” o Esôfago, pâncreas, bexiga. o Arteriosclerose, IAM, aborto, retardo crescimento intrauterino. 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Doenças Pediátricas Não Neoplásicas Maioria relacionadas à mal formações (menores de 1 ano), trabalho de parto, complicações maternas, infecções, doenças adquiridas no 1° ano de vida, etc o Entre 1-14 anos: acidentes (lesões não intencionais) é a maior causa de morbidade o 1 aos 4 anos: acidentes, malformações, deformações, anomalias e agressão (homicídio) o 5 aos 9 anos: acidentes, neoplasias malignas, agressão, influenza e pneumonia o 10 aos 14 anos: acidentes, neoplasias malignas, agressão, malformações, suicídio e agressão autoprovocada Geralmente são genéticas, doenças exclusivas de crianças ou com apresentação peculiar em crianças Anomalias congênitas Podem ser identificadas pelo ultrassom,antes mesmo do parto, mas geralmente estão presentes no parto ou têm manifestações clínicas tardiamente. Não confirma nem exclui causa genética (pode ser também por uso de medicações, drogas, etc) Principais: alterações em membros e coração Erros primários na morfogênese (formação do corpo), geralmente multifatoriais Disrupções: defeitos extrínsecos na morfogênese; órgão que existia e deixa de existir; bandas amnióticas (faixas que causam malformações por estrangulamento); Deformações: defeitos extrínsecos Sequências: uma única mutação/aberração causa toda uma sequência de alterações/anomalias congênitas na criança, durante a organogênese o Malformações, deformações ou disrupção o Oligodrâmnio o Uma única condição que afeta vários tecidos ao mesmo tempo Síndrome de malformação: o “contrário” da sequência; várias alterações que não podem ser explicadas por um único erro na morfogênese (infecção viral, anormalidade cromossômica, etc) Agenesia: falta, ausência de órgãos (rim, membros, esôfago) – mais comuns no TGI Atresia: mais comum no esôfago – esôfago forma o tubo muscular com uma falha entre o proximal e distal Causas genéticas: síndrome de Down e outras trissomia, síndrome de Turner, síndrome de Klinefelter, etc Influências Ambientais: vírus, drogas, radiações, rubéola, tabagismo, diabetes, efeitos instrísecos, vírus da zika, etc Polidactilia (um ou mais dedos adicionais) e Sindactilia (fusão de dedos) Fissura palatina ou labial Defeito de fechamento mediano – incompatível com a vida (dismorfogênese) Síndrome de Potter: patogenia da sequência de Oligodrâmnio; anomalia cromossômica, pés equinovaros; alterações cardíacas 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Bandas amnióticas Atresia de esôfago, fístulas com traqueia Infecções perinatais Do feto e do neonato: Ascendentes: microorganismos (bacterianas e virais); ascende pelo canal vaginal e atinge a cavidade uterina, podem causar parto prematuro, corioamnionite, placentite... Pode levar ao óbito intrauterino, retardo de crescimento, etc Transplacentárias: adquiridas pela mãe e levadas pela corrente sanguínea para a placenta. TORCHS – toxoplasmose, rubéola, CMV, herpes, sífilis. Hepatite B, HIV, malária, bactérias o Causa restrição do crescimento, retardo mental, catarata, anomalias cardíacas congênitas (início da gravidez) o Causa lesões teciduais, inflamação: encefalite, coriorretinite, zika, hepatoesplenomegalia, pneumonia e miocardite (final da gravidez) o OU adquire na gravidez OU no parto. Prematuridade 2° causa mais comum de mortalidade, principalmente em bebês < 2,5 kg Menos de 37 semanas Causas: Ruptura prematura das membranas Infecção intrauterina que leva à inflamação das membranas placentárias (corioamnionite) Anormalidades estruturais do útero, do colo uterino e da placenta (implantação baixa, pré-eclâmpsia) Gestações múltiplas (gêmeos, trigêmeos) Relaciona-se com a imaturidade dos órgãos, com destaque para os pulmões. Outras consequências são membrana hialina, enterocolite necrotizante, sepse hemorragia intraventricular e de matriz germinativa e sequelas a longo prazo (atraso de desenvolvimento) Restrição de crescimento Criança que nasce a termo, porem com baixo peso pra IG – várias causas descritas abaixo: Anormalidades Fetais: reduzem crescimento potencial intrínseco dos fetos; distúrbios cromossômicos, anomalias congênitas e infecções congênitas. TORCHS: toxoplasmose, rubéola, CMV, herpes e sífilis Anormalidades Placentárias: é ela quem faz a nutrição, troca gasosa – se há algum problema no desenvolvimento (comprometimento da irrigação sanguínea uteroplacentária) = feto não cresce de maneira adequada Placenta prévia, descolamento de placenta, infartos placentários. Fatores Maternos: pré-eclâmpsia, HAS, trombofilia, narcóticos, álcool, tabaco, desnutrição, teratógenos Síndrome da angústia respiratória do recém nascido O TP deveria induzir a produção de surfactante pelos pneumócitos tipo 2 na primeira respiração, recobrindo os alvéolos, reduzindo a tensão de superfície e mantendo os alvéolos abertos; com 28 semanas, a membrana hialina está apenas 60% formada. Fatores de risco: sexo masculino, diabetes materno e cesárea 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 É a incapacidade do pulmão prematuro de sintetizar surfactante suficiente – sem ele, os alvéolos tendem a colabar (atelectasia, hipóxia) Indução de corticoide em TP prematuro – estimula os pneumócitos tipo 2; a insulina bloqueia a liberação de surfactante, por exemplo. Pulmões de tamanho normal, mais pesados, “sem ar”, arroxeados MICRO: alvéolos mal desenvolvidos e colabados. Desde debris até membrana hialina eosinofílica em alvéolos e bronquíolos (células epiteliais necrosadas e proteínas). Pouca reação inflamatória. Reparo, proliferação pneumócitos tipo 2 e fibrose – na dependência de quantos dias se passaram o A membrana hialina sem surfactante permite a entrada de líquido nos alvéolos, acaba impedindo a troca gasosa – criança entra em insuficiência respiratória Enterocolite necrotizante TGI não é totalmente desenvolvido em prematuros, ou seja, é mais comum nesse grupo A incidência é inversamente proporcional à IG Associado à alimentação enteral na UTI = mais susceptível a ter a enterocolite necrosante Sem bactéria específica associada Mediadores inflamatórios → liberam fatores de ativação plaquetária → aumenta a permeabilidade da mucosa de íleo terminal, ceco e cólon direito → fica distendido, friável e congesto ou gangrenoso (parede fica tão delgada que ocorre pneumatose intestinal) o Bolhas de ar na superfície do intestino: identificadas na radiografia abdominal Pode causar perfuração, abdome agudo, sangramento, distensão abdominal, colapso circulatório Necrose de coagulação transmural ou da mucosa Ulceração, colonização bacteriana Se não descoberto e tratado → necrose de toda a parede → óbito Se descoberto e tratado: altas chances de fibrose Síndrome da morte súbita infantil A morte súbita de um lactente com menos de 1 ano de idade, que permanece sem explicação mesmo após investigação plena, incluindo-se a realização de necropsia completa, exame do local da morte e revisão do histórico clínico Muitos casos de morte súbita infantil são atribuídos a causas anatômicas ou bioquímicas no momento da necropsia: MORTE SÚBITA INFANTIL INESPERADA. A SMSI em um irmão mais velho está associada a um risco relativo de recorrência cinco vezes maior; nestas circunstâncias, é sempre preciso descartar, com cautela, o abuso infantil (homicídio) Fatores Associados à Síndrome da Morte Súbita Infantil Idade materna jovem, < 20 anos Tabagismo materno, uso de drogas por qualquer um dos pais durante a gravidez Assistência pré-natal ausente ou tardia Grupos socioeconômicos baixos Anormalidades troncoencefálicas: atraso no desenvolvimento Prematuridade e baixo peso ao nascer; Sexo masculino Hipertermia ou hipotermia Infecções, miocardite viral, broncopneumonia, estenose aórtica congênita, defeitos genéticos e metabólicos, etc 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Hidropsia Fetal Acúmulo de líquido e edema no feto (durante o crescimento intrauterino) associada à várias doenças, geralmente da mãe Pode ser generalizado (à esquerda) ou localizado (à direita: higroma cístico – cervical) Causas: Cardiovasculares: malformações, taquiarritmias, insuficiência de alto débito Cromossômicas: Síndrome de Turner, trissomia do 21, trissomia do 18 Torácicas: malformação cística adenomatoide, hérnia diafragmática Anemia fetal: alfa talassemias homozigótica, parvovírus B19, hidropsia imune (incompatibilidade de Rh) Gestação de gêmeos:transfusão de gêmeo para gêmeo Infecções, exceto por parvovírus: CMV, sífilis, toxoplasmose Malformações do trato geniturinário Tumores Distúrbios genéticos e metabólicos Etiologia: Imune: hemólise (doença hemolítica) das hemácias fetais (comum em mãe Rh negativo e bebê Rh positivo, deve-se fazer a vacina pra não acontecer) o Feto herda determinantes antigênicos das hemácias do pai estranhos à mãe o Hemólise clinicamente significativa o Grupos sanguíneos Rh e ABO – hemácias fetais podem chegar à circulação materna no último trimestre de gravidez, quando o citotrofoblasto não se encontra mais presente como barreira, ou durante o nascimento (sangramento feto-maternal) o Mãe fica sensibilizada contra antígeno estranho e produz anticorpos que, em gestações futuras, conseguem atravessar livremente a placenta até o feto, onde geram a destruição das hemácias o Anemia progressiva no feto leva à isquemia tecidual, à insuficiência cardíaca intrauterina e ao acúmulo de líquido periférico (edema) Não imune: defeitos cardiovasculares, anomalias estruturais, cromossômicas, funcionais e anemia fetal o Os defeitos cardiovasculares estruturais e anormalidades funcionais (como arritmias): insuficiência cardíaca intrauterina e hidropisia. Cariótipo 45, X (síndrome de Turner) e as trissomias do 21 e do 18 (S. Edwards) estão associados a hidropisias fetais Síndrome de Turner: pregas cervicais, baixa estatura, unhas pequenas, ovários subdesenvolvidos, sem menstruação, etc Síndrome de Edwards: mãos fechadas com dedos sobrepostos, orelhas malformadas, boca e mandíbula pequenas, pescoço curto, etc Anemias fetais com causas que não sejam as incompatibilidades de Rh ou ABO também podem levar à hidropisia: α-talassemia homozigótica. Infecção transplacentária: parvovírus B19. Morfologia: Depende da gravidade e etiologia Coleções líquidas pleurais, peritoneais, região posterior da nuca. Dependendo da situação, os bebês 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 podem ser natimortos, morrer nos primeiros dias de vida ou se recuperar por completo Características dismórficas sugere anormalidades cromossômicas constitucionais subjacentes; o exame post-mortem pode evidenciar uma anomalia cardíaca. Nas hidropisias associadas à anemia fetal, tanto o feto quanto a placenta encontram-se caracteristicamente pálidos; na maioria dos casos, o fígado e o baço encontram-se aumentados como consequência da insuficiência cardíaca e da congestão. Além disso, a medula óssea apresenta hiperplasia compensatória dos precursores eritroides (a anemia aplásica associada ao parvovírus é a principal exceção) e ocorre hematopoese extramedular no fígado, no baço e, possivelmente, em outros tecidos, como rins, pulmões, linfonodos e até coração. Tumores e lesões semelhantes a tumores da infância Lesões semelhantes a tumores, mas não são tumores: As neoplasias malignas são a segunda causa mais comum de morte de crianças entre as idades de 4 e 14 anos Heterotopia ou coristoma: células normais em locais anormais (exemplo: tecido pancreático em estômago, tecido gástrico no duodeno, pâncreas heterotópicos no duodeno, adrenais no fígado, etc) – PODEM malignizar! Hamartomas: tecidos próprios do órgão porém de forma errada ou excessiva, sem a arquitetura normal. Exemplo: fígado (hepatócito se desenvolve e forma um nódulo sem espaço porta, mas com todas as outras estruturas) – tecido NORMAL e PODE ser funcionante. Só não está ORGANIZADO da forma normalmente encontrada Doenças Ambientais e Nutricionais Álcool Apesar de toda a atenção direcionada às drogas ilícitas, o consumo abusivo do álcool é um perigo mais disseminado e afeta muito mais vidas. A maior parte do álcool no sangue é metabolizada em acetaldeído no fígado por três sistemas enzimáticos: 1. Álcool desidrogenase (principal, localizada no citosol dos hepatócitos), diminui NAD+ e aumenta NADH 2. Isoenzimas do citocromo P-450 e 3. Catalase. A toxicidade do acetaldeído pode ser responsável por alguns dos efeitos agudos do consumo de álcool: lesões gástricas reversíveis (gastrite aguda e erosão) e depressão do SNC (afeta estruturas subcorticais, estimulação e disfunção cortical, motora e do comportamento intelectual) A oxidação do álcool pela álcool desidrogenase causa diminuição dos níveis de nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+) e aumento de NADH (a forma reduzida de NAD+). A coenzima NAD+ é necessária para a oxidação dos ácidos graxos no fígado. Sua deficiência é a principal causa de acúmulo de lipídeos no fígado de etilistas. o Acumulo de lipídeos nos hepatócitos pode ser reversível: Degeneração gordurosa ou Esteatose (acúmulo de gotículas de gordura no citoplasma dos hepatócitos) o Ou seja: oxidação do álcool → diminui NAD+ → acúmulo de lipídeos nos hepatócitos → esteatose hepática ESTEATOSE HEPÁTICA: gotículas de gordura no epitélio. Podem ser micro ou macro Existem outras causas além do álcool: sobrepeso, diabetes, síndromes metabólicas, alimentação, sedentarismo 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Lesões gástricas – gastrite aguda pelo uso excessivo de álcool, há dispepsia, azia, má digestão. Melhora em alguns dias Efeitos crônicos: afeta principalmente o fígado. Além das alterações gordurosas: hepatite alcoólica e cirrose, gastrite, úlceras, hemorragia (varizes esofágicas), deficiência de vitamina B1 (neuropatias periféricas e encefalopatia + amnésia), efeitos cardiovasculares (miocardiopatia alcoólica – miocardiopatias congestiva dilatada), pancreatite aguda e crônica, aumento de cânceres na cavidade oral, esôfago, fígado, mama) Cirrose aumenta chance de carcinoma hepatocelular e outros cânceres hepáticos Cirrose: formação de nódulos fibrosos. Em fase final é muito difícil de saber a causa (hepatite viral, álcool, etc) Doença hepática alcóolica Espectro de evolução: Doença gordurosa → hepatite alcoólica → Fibrose → Cirrose → Carcinoma Hepatocelular 90-95% dos etilistas pesados desenvolvem esteatose, 35% doenças avançadas Causas complicadoras: Sexo feminino, obesidade, consumo diário, início precoce, outras comorbidades hepáticas (hepatite viral por exemplo), doenças genéticas Evolução: esteatose + fibrose discreta → até se tornar cirrose (meses/anos) Pancreatite crônica: células todas alteradas, muito tecido fibroso (cicatriz – rosa), infiltrado mononuclear (crônico), distorção da arquitetura Síndrome alcoólica fetal: mãe fez uso de álcool na gestação, alterações principalmente faciais + microcefalia, retardo no crescimento Osso do nariz mais raso Prega da pálpebra cobre o olho Pequena abertura dos olhos Cabeça mais pequena Ausência da depressão entre o nariz e o lábio superior Maxilar pouco desenvolvido Face plana e nariz curto Lábio superior fino 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Lesão por fármacos Reações adversas a drogas: efeitos indesejáveis após a administração de um medicamento em situação terapêutica convencional, cerca de 8% dos pacientes internados Antibióticos: reações cutâneas como urticária, máculas, pápulas, vesículas e petéquias, bem como renais como necrose tubular aguda o Utilizados de forma desnecessária e causam muitos efeitos colaterais Reações sanguíneas: agentes antineoplásicos, imunossupressores, penicilina, metildopa Reações cutâneas: agentes antineoplásicos, antibióticos, sulfonamidas Reações cardíacas: teofilina, doxorrubicina, daunorrubicina Reações renais: penicilamina, antibióticos, ciclosporina, fenacetina Reações pulmonares: salicilatos, Nitrofurantoína, bussulfano, bleomicina Reações hepáticas: tetraciclina, halotano, acetaminofeno, clorpromazina, estrógenos, agentes contraceptivos Reações sistêmicas: penicilina, hidralazina procainamida ReaçõesSNC: salicilatos, antipsicóticos de fenotiazina, sedativos Farmacodermia: reação cutânea à droga As manifestações cutâneas são as mais comuns reações a fármacos Estima-se que 5-15% dos pacientes em uso de medicamentos desenvolvem alguma reação cutânea Podem assumir diferentes aspectos clínicos: exantema, urticária, necrótica, bolhosa, lesões únicas ou generalizadas, angioedema, úlceras, etc o Diagnóstico diferencial importante Pode exibir quadros leves até graves (necrólise epidérmica tóxica) A retirada da droga suspeita é a ação mais importante para reduzir morbidade (pode ser a única opção terapêutica muitas vezes) Drogas mais associadas: antibióticos, anticonvulsivantes, analgésicos e anti inflamatórios, mas qualquer medicação pode causar uma reação Pode se manifestar de maneiras muito variadas, tanto na clínica como na histopatologia. Grande simuladora de outras doenças! Histologia: infiltração de eosinófilos é um indício que favorece o diagnóstico; infiltrado de células inflamatórias em derme-epiderme + degeneração da camada basal Síndrome de Stevens Johnson – forma mais grave de farmacdermia (necrólise epidérmica tóxica). A epiderme necrosa e se desprende, formando bolhas extensas e áreas de ulceração/necrose. Pode causar desidratação, febre, infecções secundárias. Urgência clínica, pode ser fatal 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Síndrome de Stevens-Johnson: desprendimento da epiderme, necrose (observa-se apenas a derme) Terapia hormonal na menopausa: efeitos dependem do tipo de hormônio utilizado, da idade do início, fatores de risco prévios de cada paciente, da duração do tratamento, da dose e da via de administração (ou seja: avaliar caso a caso) De forma geral, a terapia de estrógeno + progesterona pode elevar o risco de câncer de mama em 5-6 anos de uso, AVE e tromboembolismo. Pode ter um efeito protetor contra doença coronariana em < 60 anos. Anticoncepcionais hormonais: também se deve avaliar caso a caso. As medicações de última geração parecem apresentar menor risco. De forma geral, parece haver efeito protetor contra CA de endométrio e aumento do risco de tromboembolismo (3 a 6 vezes maior). Associação bem definida com adenoma hepático. Outros Paracetamol (acetaminofeno): pode fazer necrose hepática centrolobular se administrado em doses elevadas. Aspirina (ácido acetilsalicílico): em superdosagens agudas, pode ter consequência metabólica (alcalose respiratória, acidose metabólica). O uso crônica de altas doses relaciona-se com tontura, zumbido, cefaleia, sonolência, etc Lesões por drogas Cocaína: taquicardia, vasoconstrição periférica, HAS, efeitos no SNC, óbito fetal, perfuração de septo nasal e isquemia miocárdica. o Altas doses: overdose o SNC: hiperpirexia o Gestação: hipóxia fetal e aborto espontâneo o Outras causas de perfuração de septo: trauma nasal, abuso de sprays, tumores, etc Granuloma tipo corpo estranho em pulmão de paciente em uso de cocaína Opioides/heroína: morte súbita, overdose (pureza desconhecida), embolia séptica, abscesso pulmonar, granuloma de corpo estranho, etc. o Causados por adulterantes que usam pra “rendem mais” o S aureus: mais em drogas injetáveis (patógeno cutâneo na corrente sanguínea causa endocardite e infecções valvares) por punção errada, agulha contaminada o Doenças pelo compartilhamento de agudas (hepatite viral, HIV) o Lesões na pele quando aplicação venosa o Dependência, insuficiência respiratória, óbito 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Maconha: droga ilícita mais utilizada; uso recreativo X uso medicinal; pode causar deficiência cognitiva e psicomotora, aumentar FC e PA, laringite, bronquite, tosse o Medicinal: náuseas, anorexia, pacientes em quimioterapia, dor crônica, convulsões, neurodegenerativas, etc o Alergias podem ser decorrentes dos produtos utilizados no preparo/adulterantes Vaper: cigarros eletrônicos e vaporizadores – fluídos contém substâncias tóxicas. Achados pulmonares leves até severos. Lesão aguda de vias aéreas, bronquiolite, desprendimento do epitélio bronquiolar Acúmulo de macrófagos peribronquiolares Dano alveolar difuso Lesões por agentes físicos Trauma mecânico Lesão térmica Lesão elétrica Lesão por radiação ionizante Trauma mecânico O tipo de lesão depende do formato do objeto de colisão, da quantidade de energia descarregada no momento do impacto e dos tecidos ou órgãos que suportam o impacto Tecidos moles reagem de forma similar Abrasão: raspagem ou fricção da superfície da pele, removendo a epiderme Contusões: (equimose/hematoma), trauma contundente, dano vascular com extravasamento de sangue (geralmente fechada, pode ter ruptura) Feridas cortantes: ruptura ou estiramento do tecido (objeto com gume afiado, ação de deslizamento). Geralmente formato linear (predomina o comprimento) Exemplos: navalha, bisturi (pode ser chamada também incisa) Feridas puntiformes: instrumento longo e estreito (exemplos: pregos, agulha, picador de gelo) - profundidade predomina sobre o diâmetro. Pode ser penetrante, perfurante ou transfixante Lesões mistas: corto-contundente, perfuro-cortante, etcl 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Lesão por arma de fogo (FAFs): feridas puntiformes especiais, importante para a medicina forense. Deve-se observar o orifício de entrada, de saída e o trajeto (balística dos efeitos) Tiro encostado: forma irregular ou denteada (ação dos gases de explosão), marca do cano do revólver Tiro à curta distância ou à queima-roupa: forma arredondada, orla de escoriação, halo ou zona de tatuagem (resíduos de pólvora) Tiro à distância: sem tatuagem de pólvora, arredondado, bordas viradas para dentro Lesões térmicas Queimaduras: comuns, gravidade depende de: profundidade, porcentagem da superfície corporal, lesões internas/de inalação, rapidez na implementação do tratamento Espessura parcial (parte mais profunda poupada) – 1° e 2° graus – possibilidade de regeneração Espessura total (destruição de toda a derme e epiderme) – 3° e 4° graus Pode haver eritema, bolhas, aspecto carbonizado ou exposição óssea MICRO: necrose coagulativa do tecido epitelial com exsudato, células inflamatórias Hipertermia: exposição prolongada a ambientes com temperatura elevada pode resultar em: Câimbras por calor (perda de eletrólitos pela sudorese) Exaustão pelo calor (hipovolemia, pela perda de líquidos) Insolação (altas temperaturas e alta umidade, vasodilatação periférica generalizada) Hipertermia maligna não é decorrente de exposição à altas temperaturas. Síndrome genética (mutações gene RYR1 – controle dos níveis de cálcio nas células esqueléticas) o Pode ser desencadeada após exposição a alguns anestésicos → rápido aumento dos níveis de Ca no músculo esquelético → rigidez muscular e maior produção de calor (elevação da taxa metabólica) Hipotermia: moradores de rua alcoólatras (roupa molhada ou inadequada e a dilatação dos vasos sanguíneos superficiais, que ocorre como resultado da ingestão de álcool, aceleram a redução da temperatura corporal) Perda da consciência, bradicardia, fibrilação atrial Efeitos diretos: ruptura física das células Efeitos indiretos: vasoconstrição, aumento da permeabilidade – edema Gangrena Lesão Elétrica: Queimaduras ou Insuficiência respiratória/cardíaca. O tipo de lesão, a gravidade e a extensão da queimadura dependem da amperagem e do trajeto da corrente elétrica no corpo; 120/220V já é suficiente para causar tanto insuficiência (principalmente se superfície molhada), e se tempo suficiente pode produzir queimaduras (lesões de entrada e de saída) 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Correntes de alta voltagem causam mais facilmente insuficiência doscentros medulares e queimaduras extensas (ex: raio) 120V – fibrilação, morte cardíaca 120 a 1200V – morte por asfixia, tetanização dos músculos respiratórios Acima de 1200V – morte cerebral Lesões elétricas: marcas de Jellineck Radiação ionizante: energia que viaja sob a forma de ondas ou partículas de alta velocidade, sendo suficiente para remover elétrons firmemente ligados. A colisão desses elétrons livres com outros átomos libera elétrons adicionais em reação em cascata (“ionização”) Raios X e Gama (frequência alta) – dissipam energia em curso longo e profundo) Alfa e beta (dano intenso em área mais restrita) Indispensável na prática médica – tratamento de neoplasias, diagnóstico por imagem, radioisótopos para diagnóstico e tratamento. Porém, é mutagênica, carcinogênica e teratogênica Determinantes dos efeitos biológicos da radiação Tamanho da área Taxa de distribuição (distribuição em doses menores pode permitir reparo celular → radioterapia - células normais reparam-se mais rápido que células tumorais) Proliferação celular - dano ao DNA (células em divisão rápida são mais vulneráveis) Hipóxia (radicais livres pela radiólise da água) Dano vascular (células endoteliais são sensíveis à radiação) Dano ao DNA e a radiação O alvo celular mais importante da radiação ionizante é o DNA Mutações podem se manifestar após anos ou décadas (neoplasias) - danos às bases nitrogenadas, quebras na fita simples e dupla, e ligações cruzadas entre o DNA e as proteínas Sistemas de reparo do DNA - ATM (ataxia- telangiectasia mutada), e p53 (parada transitória do ciclo celular para permitir o reparo) Erros podem persistir sem reparos, ou reparos insuficientes → tumores Fibrose Consequência comum da radioterapia Semanas ou meses após a irradiação, no campo irradiado Substituição das células mortas por tecido conjuntivo (cicatriz) Estão envolvidos neste processo: lesão vascular, destruição de células tronco teciduais e reação inflamatória local Células sobreviventes - alterações estruturais nos cromossomos → Aumento do volume nuclear, condensação da cromatina, Apoptoses, picnose nuclear. Células com núcleos anormais podem persistir por anos 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Semelhança entre as células lesionadas pela radiação e as células malignas Lesão por radiação em exame preventivo de colo uterino - núcleos volumosos, multinucleação, hipercromasia Alterações morfológicas pela radiação: dilatação, edema endotelial, necrose de vasos, tromboses Fibrose intersticial Próstata após braquiterapia – atipias citológicas em glândulas benignas Efeitos sobre sistemas e órgãos: gônadas, sistema hematopoiético e linfático, pele, revestimento do TGI (mais susceptíveis – tecido com maior divisão celular). Hematopoético e linfático: citopenias (linfopenia, neutropenia, trombocitopenia) Aplasia da medula, dependendo da dose (ausência de células tronco da medula, que pode ser transitória ou permanente) Exposição ambiental e desenvolvimento de câncer: Aumento documentado do risco de neoplasia em qualquer órgão (células acumulam mutações e dividem-se) Nível de exposição é difícil determinar (doses altas/exposição prolongada) Evidências: aumento de casos de câncer de tireoide, pulmão, mama e Leucemias em sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki Aumento de câncer de tireoide em sobreviventes da explosão de Chernobyl Desenvolvimento de “segundo câncer” em pacientes tratados com radioterapia Risco maior em crianças Inclusive se submetidas a Tomografias cranianas esse risco já aumenta (risco pequeno) Radioterapia torácica em crianças - risco de câncer de mama ou outras neoplasias torácicas no futuro Doenças nutricionais Tanto a falta quanto o excesso de nutrientes/calorias e vitaminas pode causar doenças (desnutrição x obesidade, hipervitaminoses x hipovitaminoses) Uma dieta adequada deve fornecer energia, carboidratos, proteínas e gorduras – necessidades metabólicas (aminoácidos, ácidos graxos, vitaminais e minerais) Desnutrição: Primária: 1 ou todos os componentes estão ausentes na dieta. Secundária a outras causas: doenças TGI, síndromes consumptivas, doenças críticas agudas 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Desnutrição aguda severa – OMS: diminuição da razão peso/altura abaixo de 3 desvios padrões do padrão estabelecido para a idade o Marasmo: dieta deficiente em calorias, retardo do crescimento, perda de massa muscular, níveis de albumina séricos normais ou diminuídos. Membros delgados, aspecto de cabeça grande, corpo emagrecido, anemia, deficiências de vitaminas o Kwashiorkor: privação de proteínas porém muitas calorias; comum em crianças com desmame precoce e alimentação apenas a base de carboidratos. Algumas patologias com perdas de proteínas. Hipoalbunemia causa edema + alterações cutâneas, cabelo, esteatose hepática e apatia Vitaminas: Vitamina A: retinoides; problemas de visão (cegueira noturna) – componente dos pigmentos visuais dos bastonetes; diferenciação das células epiteliais – xeroftalmia, xerose conjuntival; Metaplasia escamosa do trato respiratório e urinário, Hiperceratinização da epiderme; Imunodeficiência; o Retinoides sintéticos → teratogênicos, função hepática (isotretinoína) Vitamina D: Manutenção dos níveis de Cálcio e fósforo. Deficiência: raquitismo em crianças, osteomalácia em adultos (matriz óssea desmineralizada – nas crianças alterações nas epífises de crescimento, nos adultos defeitos de remodelação) A: junção costocondral normal; B: junção costocondral raquítica Obesidade: esteatose hepática, cálculos biliares, resistência à insulina, osteoartrite, etc. Aumento do risco de desenvolvimento de neoplasias → esôfago, tireoide, cólon... Dieta e câncer 1. Carcinógenos exógenos (ex: aflatoxina – produzida por fungos – CA hepático, bexiga) 2. Síntese endógena de substâncias carcinogênicas a partir de componentes da dieta (ex: nitrosaminas – CA gástrico), alta ingestão de gordura animal e baixa ingestão de fibras – CA de cólon 3. Falta de fatores protetores: ex vit C, vit E, B- caroteno – antioxidantes NÃO EXISTE UMA DIETA ANTI-ONCOGÊNICA Neoplasias da Infância Neoplasias malignas são a 2° causa mais comum de morte de crianças entre as idades de 4 e 14 anos (atrás apenas dos acidentes) Tumores benignos são mais comuns que os malignos Pode ser difícil diferenciar tumor benigno de lesão semelhante a tumor Comumente chamados de tumores de células pequenas, redondas e azuis – aspecto histológico similar em quase todos esses tumores Exemplos: Coristoma/Heterotopia: células ou tecidos normais, em órgãos/locais anormais (ex: pâncreas ectópico; adrenal ectópica) Hamartomas: massa de tecido maduro, normal do órgão, porém com arquitetura anormal. É um crescimento excessivo, porém localizado 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Os 3 tumores benignos mais frequentes na infância são os hemangiomas, os linfangiomas e os teratomas Hemangiomas Neoplasia mais comum da infância Benigno Maioria na pele (massas planas/elevadas, vermelho- azuladas) Podem aumentar ou regredir com o crescimento da criança Maioria sem nenhuma implicação clínica, com exceção dos hemangiomas perto de órgãos vitais Hemangiomas de pele: estética Hemangioma vinho do porto: arroxeado, violácea, plano, não forma massas Granuloma piogênico ou Hemangioma capilar congênito: parecem pólipos na histologia; úlceras, pode regredir sozinho com o crescimento ou crescer junto com a criança Nevos rubis: Hemangioma com proliferação de vasos sanguíneos acumulados, sem atipias (benigno), muitas vezes cheio de sangue 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Hemangiomacavernoso: Linfangiomas Tumores benignos de vasos linfáticos Pele: bolinhas, mancha, granulosa, etc No corte: vasos linfáticos de diferentes tamanhos ectásicos (espaços vazios), irregulares, parede delgada, endotélio sem atipias. Pode ter linfa (estrutura rosa/eosinofílica amorfa, homogênea) Infiltrado linfoide associado Podem ocorrer também em tecidos profundos (pescoço – higroma cístico, axila, mediastino e retroperitôneo Higroma cístico: Abdome: Teratomas Podem ser maduros ou imaturos, benignos ou malignos (minoria) Na infância são mais comuns na região sacrococcígea (40%), sendo que 10% estão associados a anomalias congênitas, como exponha bífida 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Neoplasias na infância: órgãos mais envolvidos são sistema hematopoiético, tecido neural e tecidos moles. Há associação frequente de teratogênese com oncogênese, mostrando defeito comum nas células- tronco. Prevalência de anormalidades genéticas/síndromes familiares. Tendência à regressão espontânea ou amadurecimento da neoplasia. Maiores taxas de sobrevida ou cura Neoplasias nos adultos: principalmente pulmão, mama, próstata e cólon. Mais esporádicos Os tumores de células pequenas, redondas e azuis são muito similares histologicamente, uma vez que todos têm aspecto imaturo/primitivo, lembrando tecido embrionário. Em quase todos os casos faz-se necessário o estudo complementar com imuno-histoquímica (melhor diagnóstico e prognóstico) Neuroblastoma Origem de células primordiais da crista neural; Medula Adrenal (40%) ou gânglios simpáticos Segunda neoplasia maligna sólida mais comum da infância, atrás somente dos tumores cerebrais 50% das neoplasias malignas diagnosticadas na infância Pico em crianças de 0-4 anos, idade tem relação prognóstica Característica: regressão espontânea ou maturação induzida pelo tratamento Maioria esporádica, 1-2% familiar Sinais e sintomas: Crianças pequenas (<2 anos), com massas abdominais, febre e perda de peso Metástases para osso, fígado, pulmões → hepatomegalia, ascite, dor óssea Metástases cutâneas - “bebê bolinho de mirtilo - blueberry muffin baby” (mas pode ocorrer em outras neoplasias hematológicas) Células pequenas, núcleos hipercromáticos, citoplasma escasso. Mitoses, cariorrexis e pleomorfismo podem estar presentes. Pseudo-rosetas de Homer-Wright Pseudo-rosetas: não possuem “furinhos” no meio da célula, material neural (prolongamentos celulares concênctricos) Células ganglionares e células de Schwann (tecido neural maduro) – ganglioneuroblastoma: O prognóstico depende de: o Estadiamento o Idade (favorável em menores de 18 meses) o Histologia (componente maduro + favorável) o Amplificação do oncogene N-MYC (presente em 25-30%) – alto risco o Tumores hiperploides (ganhos de cromossomos) – melhor prognóstico A sobrevida de 3 anos livre de doença dos bebês cujos tumores não possuíam a amplificação do MYCN foi de 93%, ao passo que aqueles com tumores que apresentavam amplificação do MYCN tiveram taxa de sobrevida livre de doença de somente 10% 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Retinoblastoma Manifestações Clínicas: defeitos visuais, estrabismo, tonalidade esbranquiçada da pupila (reflexo do olho de gato), dor ou sensibilidade nos olhos Neoplasia maligna intraocular mais comum da infância Média de idade: 2 anos Pode estar presente no nascimento 40% associados a mutação na linhagem germinativa no gene RB (hereditários), os quais geralmente são tumores múltiplos/bilaterais 60% esporádicos (mutações somáticas no gene RB); unilaterais, localizados Se não tratados podem ser fatais Alguns podem regredir espontaneamente Tratamento envolve quimioterapia, radioterapia, enucleação (dependendo do estadiamento) Massas na Retina posterior; Células pequenas, redondas/ovaladas, nucleos hipercromáticos; Pode haver estruturas diferenciadas → Rosetas de Flexner- Wintersteiner (rosetas verdadeiras) Tumor de Wilms ou Nefroblastoma Tumor renal primário mais comum das crianças 2-5 anos 90% são esporádicos (não relacionado à síndromes); exemplos: mutações de B-catenina, mutações de TP53. Clínica: massa abdominal, febre, dor abdominal, hematúria Prognóstico geralmente é bom (quimioterapia/ nefrectomia) 3 grupos de malformações congênitas associadas ao aumento do risco de desenvolvimento de tumor de Wilms: Síndrome de WAGR (Wilms + aniridia + anormalidades genitais + retardo mental) o Anormalidades do gene do tumor de Wilms 1 (WT1) Síndrome de Denys-Drash (90% de risco de desenvolver Wilms + disgenesia gonadal e nefropatia precoce – insuficiência renal) o Anormalidades do gene do tumor de Wilms 1 (WT1) Síndrome de Beckwith-Wiedemann: (risco para tumor de Wilms + aumento de órgãos individuais ou segmentos inteiros + hemihipetrofia + citomegalia adrenal o O locus genético envolvido nestes pacientes é a banda p15.5 do cromossomo 11, distal ao locus do WT1 o Hemihipertrofia: segmentos corporais aumentados Achados histológicos: Tentativa de nefrogênese; Combinação trifásica de 3 componentes: Blastema: “células azuis, pequenas, indiferenciadas” Epitelial: túbulos ou glomérulos Estroma: fibroso ou mixoide o Porcentagens entre cada um varia 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 5% podem exibir ANAPLASIA (células com núcleos grandes, hipercromáticos, atipias, mitoses, células bizarras) → mutação TP53 ou resistência à quimioterapia; pior prognóstico se difusa Sarcoma de Ewing/PNET Tumor neuroectodermico primitivo (periférico): PNET Tumores que fazem parte da família dos tumores “Sarcoma de Ewing” (mesmo espectro) Segundo tumor ósseo maligno mais comum em crianças (sendo o 1° o osteossarcoma) Comum em parede torácica, para-espinhal, pelve, extremidades Clínica: dor, febre, perda de peso Crianças e adultos 5-25 anos Células pequenas, redondas e azuis. Pode ter células claras e escuras e rosetas.
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