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Ciência Política - 2 Professor Hector Luiz – Mestre em Direito Unidade 2 Principais linhas teóricas sobre a origem do Estado A) teorias naturalistas; B) teorias contratualistas. Teoria de Criação do Estado Teoria naturalista – Aristóteles São Tomás de Aquino Teoria contratualista – Hobbes, Locke, Rosseau A teoria naturalista Por esta teoria o homem seria naturalmente gregário (pertencente a uma grei – ou seja, a um rebanho, bando ou grupo). A associação com os outros seres humanos, de maneira organizada ou não é que estaria na origem da ideia contemporânea de Estado. Ser humano – animal político – pertencente pólis. A ética a Nicômaco Para Aristóteles as cidade é o fim e a causa final para a associação humana. - O homem é por natureza uma animal social – é sua natureza que o leva a política. Assim para Aristóteles o ESTADO é uma instituição natural, necessária e que decorre da natureza humana. Finalidades da construção do Estado: -Segurança da vida social; -Regulamentação da convivência; -Promoção do bem estar coletivo. Influência da teoria naturalista Santo Tomás de Aquino – também entendeu que a sociabilidade natural do homem é a regra. Dalmo Dallari - a teoria naturalista de Aristóteles possui na atualidade o maio número de adeptos e é ela que exerce a maior influência na vida concreta do estado. Aristóteles observa que o homem é um ser que necessita de coisas e dos outros, sendo, por isso, um ser carente e imperfeito, buscando a comunidade para alcançar a completude. E a partir disso, ele deduz que o homem é naturalmente político. Além disso, para Aristóteles, quem vive fora da comunidade organizada (cidade ou Pólis) ou é um ser degradado ou um ser sobre-humano (divino). Para Aristóteles a sociedade é um fato natural, um organismo vivo; As teorias contratualistas Estas teorias se demonstram com características diversas, embora unidas todas elas pela ideia central de que o Estado é fruto de um contrato (ou pacto) entre humanos. O contratualismo, como uma linha teórica abrangente, tem por pretensão analisar os fundamentos que explicam o surgimento da sociedade, do Estado, bem como aqueles que justificam a autoridade política. O contratualismo em sua forma mais conhecida e estudada é aquele produzido na Modernidade, entre os séculos XVII e XVIII, principalmente a partir das teorizações elaboradas por Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau. 1. Thomas Hobbes O homem é movido por inclinações inatas: O orgulho e a vaidade querem a glória. Desejo de conservar-se vivo e por isso teme a morte. Desdobra-se na vontade perpétua de adquirir mais poder e de entrar em conflito com seu semelhante, logo se tem uma apetite desenfreado pela paixão à glória. Na natureza do homem encontramos três causas principais de discórdia: 1. A competição; - lucro - violência 2. A desconfiança; - a segurança A glória. – a reputação. Estado de natureza em Hobbes No estado de natureza, segundo Hobbes, os homens podem todas as coisas e, para tanto, utilizam-se de todos os meios para atingi-las. Conforme o autor, os homens são maus por natureza (o homem é o lobo do próprio homem), pois possuem um poder de violência ilimitado. No estado de natureza não há presença de Estado ou leis que regulem as ações humanas. Há portanto um estado de guerra – onde todos tem direito a tudo. O contrato hobbesiano O homem além de sua inata maldade e egoísmo, é por excelência um ser RACIONAL. Racionalidade esta que se caracteriza por ser consequencialista (mede a relação custo benefício) – RACIONALIDADE CALCULADA. Assim, o homem substitui o “estado de natureza” por uma “lei natural ou direito natural” - que busca em síntese manter a paz. Momento este que surge o CONTRATO SOCIAL Fundador da sociedade civil e do Estado O contrato social Entrega do poder a um SOBERANO – DELEGAÇÃO DO PODER; Um indivíduo ou (assembleia) que exercia o poder político e este não é signatário do poder; O poder político é criação humana – uma pessoa artificial – O Leviatã; A ordem política e uma construção artificial, fruto da racionalidade humana. O autor de Leviatã defende a criação de um ESTADO a ser governado pela via ABSOLUTISTA, ou seja por um governo fortemente centralizado e com monopólio do uso da força. Finalidade do estado em Hobbes Tripla finalidade: > Representar os cidadãos, pois, personificando aqueles que a ele (Estado) livremente delegaram todos os seus direitos e poderes, encontra legitimada a submissão de todos à sua autoridade soberana; > Assegurar a ordem, ou seja, garantir a segurança de todos, monopolizando o uso da força estatal (este ponto será retomado por Max Weber, no Século XX, que reafirmará este poder monopolístico do Estado de usar legitimamente, em seu território, a força física e a coerção, a fim de garantir a ordem legal); > Ser a única fonte da lei, porque a soberania, sendo absoluta, dita o que é justo e o que é injusto. Locke e o Estado Liberal Ideólogo do liberalismo; Um dos principais teóricos do contrato social. Para ele a FAMÍLIA e a PROPRIEDADE caracterizam o estado natural. Para Locke o estado de natureza não pressupõe a violência como em Hobbes. LIBERDADE +PROPRIEDADE = ESTADO LIBERAL O que realmente se almeja com a criação do estado civil (político) por meio de um contrato social é obter maior garantia e respeito aos direitos naturais, aperfeiçoando o sistema de sanção aos que os violassem. Estado civil em Locke A criação do Estado civil por intermédio do pacto (Contrato Social), concomitantemente cria o direito positivo. Desta forma, as condições da coexistência harmoniosa dos indivíduos iguais e livres acabam por ser, em Locke: a) uma lei positiva, clara para todos; b) um juiz reconhecido como tal por todos, imparcial e competente; c) um poder para fazer respeitar a lei. O contrato em John Locke tem sua origem apenas no conjunto dos indivíduos que preferiram a vida civil à condição natural, aceitando abrir mão do seu direito natural de fazer justiça pelas próprias mãos, para confiar tal direito a uma organização estatal (estado civil) O direito de resistência em Locke QUESTIONA-SE (?) E se o governo não for capaz, através das leis, de garantir os direitos à vida, à liberdade e à propriedade? Com a finalidade de atingir o bem público, a tarefa deste governo civil é a de produzir leis, executá-las, bem como de utilizar-se da força e das sanções penais, caso sejam descumpridas. Um governo que não esteja habilitado a garantir a vida, a liberdade e a propriedade do povo é ilegítimo, configurando-se, neste caso, a legitimidade da rebelião. Em circunstâncias como esta, a comunidade política como um todo poderia vir a ser dissolvida e uma nova poderia ser formada. Organização e limites do poder político em Locke Características essenciais do chamado Estado de Direito: Executivo e o Legislativo devem ter suas atribuições separadas para a constituição de um povo livre, pois este último (legislativo), como “poder supremo do Estado”, teria o condão de emanar da vontade do povo. A SEPARAÇÃO DOS PODERES. – Art. 2º da CF Art. 1º § Ú da CF/88 - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição . Rousseau e a fundamentação do Estado democrático plebiscitário Obras: Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens de 1755 O contrato social, publicada em 1762. É na sua primeira obra que ele explica os fundamentos sobre as quais se firma o processo gerador das desigualdades sociais e morais entre os seres humanos. O estado de natureza em Rousseau Para ele o “homem nasce naturalmente bom” – estado de natureza. Não existe perversidade original no coração humano e os primeiros movimentos da natureza são sempre bons. De toda forma, o importante é que entendamos que, para Rousseau, o estado de natureza é o reino da liberdade, da espontaneidade, da moralidade (natural) e também da felicidade do homem. O fatode que ao homem natural é atribuída a perfectibilidade, ou seja, a faculdade de se aperfeiçoar O homem em sociedade: a corrupção do estado natural A formação de grupos sociais acaba por corromper o homem Como puderam os homens dar origem a uma sociedade má? Obstáculos externos Alterações climáticas; Necessidade de trabalho, alimentar-se etc. DUPLA DESIGUALDADE: Natural ou física: idade, saúde, vigor, habilidade física, aptidões intelectuais. Moral ou política: instituição do homem – exploração do homem pelo homem. Desigualdade em Rosseau Daí ele afirmar que aquele que, cercando um terreno, por primeiro teve a brilhante ideia de dizer “isto é meu”, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Começava aí a mais assustadora forma de desordem, pois os homens tornaram-se avaros, ambiciosos e maus. A sociedade nascente daria lugar ao mais terrível estado de guerra. A guerra permanente é a insegurança generalizada, fruto da apropriação abusiva dos bens Institucionalizando, por isso, a desigualdade. O contrato social e o governo do povo soberano pelas leis Rousseau, em sua obra maior, “O Contrato Social”, procura demarcar as linhas gerais de “uma forma de associação que defenda e proteja com toda a força a pessoa e os bens de qualquer associado, e pela qual qualquer um, unindo-se a todos, não obedeça outro que não a si mesmo, permanecendo tão livre como antes.” Propõe conciliar a liberdade natural do homem e a necessidade de uma ordem política, definindo as condições de uma ordem social justa, nas quais a liberdade e a igualdade sejam salvaguardadas de qualquer forma de opressão, Da renúncia de cada um à sua vontade particular nasce a vontade geral... Este é o sentido da autonomia (uma autonomia pública): cada um obedece apenas a si próprio ao obedecer a todos. Outras teorias sobre o surgimento do Estado. TEORIAS COLETIVISTAS Concepção moral do Estado Concepção sociológica do Estado Concepção jurídica do Estado Concepção moral do Estado É uma linha doutrinária que tem por pressuposto o poder totalizante do Estado em face do indivíduo; É o Estado que tem direitos perante o indivíduo/cidadão, pois a identidade real do ser humano, nestas circunstâncias, inibe-se diante do caráter universal do Estado. Friedrich Hegel – é principal apoiador desta teoria. O Estado é “a mais alta realização do espírito absoluto”. Para ele o Estado é um todo ético organizado, tanto a família, como a sociedade civil são abstrações que praticamente inexistem em face da única realidade materializada, ou seja, o Estado. Crítica: O estado com toda essa autoridade poderia dar origem ao fenômeno do totalitarismo Formatação política que explica o aparecimento do Estado; A finalidade do Estado, neste caso, não seria a de proporcionar o bem-viver de todos os membros do grupo, mas somente para uma minoria que detém o poder. Concepção sociológica de Estado Em Marx, o Estado somente poderia ser explicado historicamente à luz do desenvolvimento do corpo social, em um ambiente de antagonismo entre as classes que coabitam o espaço social. Para ele o Estado não seria o reino da razão e/ou do bem-comum, como muitos afirmam, mas da força e do interesse de uma parte específica da sociedade. Assim, o surgimento do Estado é um imperativo para que os interesses de uma dada classe se façam valer no mundo dos fatos. A concepção jurídica do Estado Todo Estado em seu caráter substancial é poder; Teoria amparada por Hans Kelsen; É considerado o maior jurista desse século. Sua obra máxima é Teoria pura do Direito. o Estado vai se configurar como um organismo de caráter político, mas que depende do Direito para regular as relações sociais, bem como a correta aplicação da força. O Estado de Direito é um gênero que comporta algumas espécies como o Estado liberal, Estado social e mesmo o Estado socialista - tais espécies compartilham entre si a vinculação à lei
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