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Sistema Digestório | Ana Beatriz Rodrigues e Gleysla Silva 1 esôfago e estômago seUs PROCESSOS PATOLÓGICOS SUMÁRIO • Esôfago • Doença do refluxo gastroesofágico • Câncer de esôfago • Esôfago de Barrett • Estômago • Gastrite • Síndrome dispéptica • Câncer gástrico • Helicobacter pylori INTRODUÇÃO O trato gastrointestinal é um tubo oco composto pelo esôfago, estômago, intestino delgado, cólon, reto e anus. Cada região tem funções exclusivas, complementares e altamente integradas, que juntas servem para regular a ingestão, o processamento e a absorção dos nutrientes ingeridos e a eliminação de resíduos. Doenças adquiridas do esôfago variam desde cânceres letais até “azia” com manifestações clínicas que variam de doença crônica e incapacitante até um mero aborrecimento. Os problemas do estômago são causa frequente de doença crônica, lesões inflamatórias e neoplasias sendo particularmente comuns ESÔFAGO O esôfago é um tubo muscular que se encontra posteriormente à traqueia, o qual se inicia na extremidade inferior da parte laríngea da faringe e termina na parte superior do estômago. Para desempenhar sua função, o esôfago apresenta uma parte superior e uma inferior. • A parte superior do esôfago possui um músculo denominado esfíncter esofágico superior, responsável por abrir espaço necessário, afrouxando o esôfago para passagem de alimentos ou líquidos. • A parte inferior do esôfago faz ligação com o estômago e recebe o nome de junção gastroesofágica. Nesta área, existe a presença do esfíncter inferior do esôfago, que auxilia no controle da passagem do alimento até o estômago. Esta ação faz com que o ácido estomacal e as enzimas digestivas não cheguem ao esôfago, impedindo o refluxo do conteúdo gástrico. HISTOLOGIA • A túnica mucosa do esôfago consiste em epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado, resistente à abrasão de alimentos, mas sensível ao ácido, lâmina própria (tecido conjuntivo areolar) e lâmina muscular da mucosa (músculo liso). • A tela submucosa contém tecido conjuntivo areolar, vasos sanguíneos e glândulas mucosas, as quais contribuem para a proteção da mucosa pela secreção de mucina e bicarbonato • A túnica muscular do terço superior do esôfago é de músculo esquelético, o terço intermediário é de músculo esquelético e liso, e o terço inferior é de músculo liso. FISIOLOGIA • O esôfago secreta muco e transporta os alimentos para o estômago. Ele não produz enzimas digestórias nem realiza absorção. 2 DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO O refluxo é um evento fisiológico e assintomático que se caracteriza pelo retorno passivo do conteúdo gástrico para o esôfago. No entanto se o refluxo se tornar um caso crônico e persistente de forma a provocar complicações clínicas e/ou laboratoriais, seja pela frequência aumentada dos episódios e/ou pelo maior tempo de exposição da mucosa esofágica ao material refluído, transforma-se em uma condição anormal, denominada como doença do refluxo gastroesofágico. A DRGE é uma patologia crônica decorrente do fluxo retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes. FISIOPATOGENIA A etiologia é multifatorial sendo causada principalmente pelo desequilíbrio entre fatores agressores e protetores do esôfago associados a alteração dos mecanismos de contenção do refluxo, por exemplo, uma alteração entre o mecanismo valvular/esfíncter (barreira antirrefluxo) e o gradiente de pressão transdiafragmática. As alterações anatômicas da transição esofagogástrica, como a hérnia de hiato, podem comprometer os mecanismos antirrefluxo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS SINTOMAS ESOFÁGICOS TÍPICOS SINTOMAS ESOFÁGICOS ATÍPICOS Pirose retroesternal; Regurgitação. *2 sintomas associados chance de DRGE > 90% Dor torácica não cardíaca; Disfagia; Asma, tosse crônica e pneumonias; Rouquidão, pigarro e otite média. DIAGNÓSTICO O diagnóstico baseia-se fundamentalmente no quadro clínico e na utilização de exames complementares: • Endoscopia digestivas alta (EDA) • PHmetria • Manometria • Estudo contrastado Esôfago Sistema Digestório | Ana Beatriz Rodrigues e Gleysla Silva 3 Endoscopia digestiva alta • Bastante específica (96%) e pouco sensível (50 - 62%) • Avaliação de presenca e grau de esofagite, complicações e patologias associadas • Descartar gravidade, porém a ausência de achados não exclui o diagnóstico. • Seguimento Manometria • Avaliação das pressões e a oposição dos esfíncteres superiore e inferior do esofago, assim como a função desse esficteres • Identifica distúrbios das ondas peristálticas no corpo esofágico. • Parâmetro de prognóstico de evolução da doença PHmetria • Avalia a presença, intensidade e padrão do refluxo • Caracteriza DRGE e a relação da dor com o refluxo • É considerado padrão ouro Exame REED • Procedimento de RX contrastado simples que visa avaliar a forma e função do esôfago, estômago e duodeno (REED); • Morfologia esofágica e tempo de trânsito. TRATAMENTO O tempo ideal da terapêutica da DRGE é de 6 a 12 semanas. CLASSE SUBSTÂNCIA Antiácidos ou alcalinos Hidróxido de alumínio Hidróxido de magnésio Bloqueadores dos receptores H2 da histamina Cimetidina Ranitidina Famotidina Nizatidina Inibidores da bomba protônica Omeprazol Lansoprazol Pantoprazol Rabeprazol Esomeprazol Procinéticos Cisaprida Domperidona Metoclopramida ESÔFAGO DE BARRETT O esôfago de Barrett é definido como uma substituição do epitélio escamoso estratificado do esôfago por um epitélio colunar. A principal hipótese patogenética baseia-se em alterações na diferenciação de células-tronco da camada basal do epitélio escamoso do esôfago distal, que originam glândulas intestinais metaplásicas. O esôfago de Barrett é uma complicação de DRGE crônica caracterizada por metaplasia intestinal, ou seja, ocorre uma troca de epitélio, o qual está lesionado, por um epitélio mais resistente ao conteúdo estomacal. A maior preocupação no esôfago de Barrett é que ele confere risco aumentado de adenocarcinoma de esôfago. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Disfagia é o sintoma mais frequente; DIAGNÓSTICO • Endoscopia • Biópsia RASTREAMENTO Homens com idade superior a 60 anos, com sinais e sintomas crônicos de DRGE. CÂNCER DE ESÔFAGO CLASSIFICAÇÃO 4 Os tumores do esôfago podem ser classificados em benignos e malignos BENIGNOS MALIGNOS Tumores epiteliais: • Papiloma escamoso • Adenoma Tumores não epiteliais: • Leiomioma • Lipoma • Hemangio ma • Linfangiom a • Rabdomio ma Tumores epiteliais • Carcinoma espinocelular • Adenocarcinoma ■ Carcinoma • adenoesca moso • adenóide cístico ■ Basalóide ■ Indiferenciado Tumores não epiteliais • Leiomiossarcoma • Carcinossarcoma • Pseudossarcoma Melanoma O carcinoma espinocelular (CEC) pode ser classificado quanto a sua histologia em: • Diferenciado; • Moderadamente diferenciado; • Indiferenciado. Já os adenocarcinomas podem ser classificados • Padrão intestinal: túbulo-papilífero, tubular bem diferenciado e moderadamente diferenciado. • Padrão gástrico: túbulo-papilífero (foveolar), microtubular, mucinoso mucocelular (células anel de sinete) e mucinoso muconodular. NEOPLASIA BENIGNA • Papiloma escamoso • Muito frequente • Pólipos por hiperplasia do epitélio escamoso estratificado não queratinizado • Parece uma verruga • Pode malignizar • Diagnóstico por endoscopia • Leiomioma (tumor de musculatura lisa, pode afetar também o útero) - a musculatura lisa auxilia no peristaltismo. • Assintomático • Quando volumoso pode provocar disfagia NEOPLASIA MALIGNA • Carcinoma escamoso • Mais comum em homens; • No início, a lesão apresenta-se como discreta elevaçãoda mucosa, irregular, às vezes ulcerada, que corresponde a displasia ou a carcinoma inicial do esôfago; • O aspecto histológico do tumor é de carcinoma de células escamosas ou carcinoma epidermóide, geralmente bem ou moderadamente diferenciados. • Adenocarcinoma • Surge do esôfago de Barret associado a esofagite de refluxo • Fatores de risco envolvidos: tabagismo e obesidade. • Evolução silenciosa • Quando diagnosticado, apresenta-se em fase avançada com dor, disfagia progressiva, vômitos, hemorragia digestiva e perda de peso. MANIFESTAÇÕES CLÍNICA • Disfagia (ocorre no nível da localização do tumor) • Rápida progressão, perda rápida de peso, odinofagia e regurgitação. • Hematêmese, melena ou anemia decorrentes do sangramento da lesão são raras no CEA, porem é mais comum no adenocarcinoma É importante ressaltar que, nos estágios iniciais da doença, pode já existir manifestações clínicas. Fases mais avançadas da doença podem propiciar manifestações decorrentes do comprometimento de estrutura adjacentes, como tosse com expectoração produtiva (fístula esôfago-brônquica e/ou aspiração), dor torácica e rouquidão (invasão do nervo laríngeo recorrente com paralisia de pregas vocais). DIAGNÓSTICO O diagnóstico do câncer de esôfago só é possível por meio de uma biópsia que, geralmente, é feita durante uma endoscopia, exame o qual irá examinar a parede do esôfago e colher uma pequena amostra de tecido para ser examinada com microscópio. Se o diagnóstico do câncer de esôfago for Sistema Digestório | Ana Beatriz Rodrigues e Gleysla Silva 5 confirmado, outros exames podem ser solicitados, como tomografia e ressonância magnética, para verificar se o câncer se espalhou para outros órgãos. Muitas vezes o diagnóstico é tardio, porque os sintomas costumam surgir quando o tumor já atingiu um tamanho maior. Tomografia computadorizada Principal método de estadiamento de forma que seu objetivo é avaliar a lesão e suas correlações com estruturas adjacentes - invasão Ultrassonografia endoscópica Método eficaz para definir a profundidade da lesão e é utilizado para as lesões restritas à parede do órgão. Permite também a avaliação dos linfonodos periesofágicos ESTADIAMENTO Os métodos empregados para o estadiamento buscam verificar • A profundidade de invasão do tumor na parede esofágica; • A disseminação linfonodal; • A ocorrência de metástases à distância. ESTÔMAGO O estômago tem quatro regiões: a cárdia, o fundo gástrico, o corpo gástrico e a parte pilórica. HISTOLOGIA • Epitélio superficial: cilíndrico (colunar) simples, forma numerosas invaginações minúsculas, ou fovéolas gástricas - secreção de mucinas neutras; • Corpo/fundo • Células parietais: HCl e fator intrínseco; • Células mucinosas: secreção de muco (efeito protetor da mucosa); • Células principais pepsinogênios. • Antro/piloro • Glândula; • Células G: gastrina; • Células D: somatostatina. FISIOLOGIA • Mistura a saliva, os alimentos e o suco gástrico para formar o quimo. • Serve como reservatório para o alimento antes da liberação para o intestino delgado. • Secreta suco gástrico, que contém HCl (mata bactérias e desnatura proteínas), pepsina (começa a digestão de proteínas), fator intrínseco (auxilia na absorção de vitamina B12) e lipase gástrica (auxilia na digestão de triglicerídios). • Secreta gastrina no sangue. 6 SÍNDROME DISPÉPTICA Dispepsia é definida como um distúrbio da digestão caracterizado por um conjunto de sintomas relacionados ao trato gastrointestinal superior. O aparecimento da dispepsia ou sintomas dispépticos pode estar associado a vários distúrbios do trato gastrointestinal superior, como, por exemplo, doença ulcerosa péptica, doença do refluxo gastrointestinal, gastrites, neoplasias do trato gastrointestinal superior, doença do trato biliar e dispepsia funcional. O consenso de Roma III propõe ainda diferentes tipos de dispepsia • Dispepsia funcional, em que os sintomas não estão relacionados a doenças de base orgânica e os achados de endoscopia são normais ou menores (gastrite); • Dispepsia orgânica, em que os sintomas dispépticos estão relacionados a uma doença orgânica, como a úlcera péptica; • Dispepsia não diagnosticada, quando os sintomas dispépticos ainda não foram investigados e para a qual o consenso propõe apenas algumas regras gerais de abordagem. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Dor, queimação ou desconforto na região superior do abdômen, que pode estar associado à saciedade precoce, empachamento pós-prandial, náuseas, vômitos, timpanismo, sensação de distensão abdominal, cujo aparecimento ou piora pode ou não estar relacionado à alimentação ou ao estresse. DIAGNÓSTICO • Exames Endoscópicos • Pesquisa de H. Pylori Indicações diagnósticas para endoscopia digestiva alta (EDA): • Desconforto abdominal alto que persiste após terapêutica apropriada. • Desconforto abdominal alto associado com sintomas ou sinais sugestivos de doença orgânica séria (anemia, história de hemorragia digestiva, disfagia, perda de peso). • Sintomas de refluxo gastroesofágico persistentes ou recorrentes após o tratamento. VANTAGENS INDICAÇÕES Visualização morfológica Idade acima de 40 anos Biópsia tecidual Sintomas constitucionais Controle clínico de cicatrização História familiar Falha no tratamento clínico GASTRITE Gastrite define-se como uma reação inflamatória na parede do estômago. Quando primária, a inflamação limita-se à mucosa; quando associada a doenças inflamatórias sistêmicas, infecciosas ou não, o processo pode estender-se às demais camadas do órgão (p. ex., doença de Crohn). Quando usada sem outras especificações, gastrite refere-se a processo inflamatório primário da mucosa gástrica. Na linguagem comum, o termo gastrite costuma ser usado de modo amplo para indicar estados clínicos acompanhados de queimação ou dor epigástrica e desconforto abdominal, sintomas esses que nem sempre estão associados a inflamação na mucosa gástrica ou outro tipo de lesão anatômica. Na prática médica, esses casos devem ser rotulados de forma mais correta como dispepsia funcional, que constitui uma entidade clínica; gastrite é uma condição histopatológica sem quadro clínico específico e, em grande número de indivíduos, assintomática. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Dispepsia AGUDA • Processo inflamatório agudo, geralmente transitório da mucosa gástrica, pouco diagnostico • Etiologia: anti-inflamatórios não esteroides (AINE), álcool, tabagismo, ingestão de ácidos e álcalis forte, intoxicação alimentar, uremia, stress severo (grandes cirurgias, queimaduras, Sistema Digestório | Ana Beatriz Rodrigues e Gleysla Silva 7 trauma ou choque), infecção aguda pelo H. pylori • Inflamação mais intensa na mucosa antral, onde geralmente se inicia, podendo alcançar a mucosa do corpo e do fundo após alguns dias – infiltrado polinuclear. CRÔNICA • Caracteriza-se por reação inflamatória na mucosa com infiltrado de leucócitos mononuclear, em proporções e intensidade variáveis. • Associada principalmente ao H. pylori • Histologia: infiltrado inflamatório mononuclear o Ativa e erosiva: destruição glandular • Diagnóstico: clínico e exames complementares (endoscopia e biópsia) GASTRITE CRÔNICA ASSOCIADA AO H. PYLORI A infecção é adquirida geralmente na infância e associa-se a baixa condição socioeconômica; a grande maioria das pessoas permanece infectada por toda a vida. As lesões caracterizam-se por graus variáveis de inflamação, atividade (e formação de folículos linfoides – 50% dos casos), aumento da proliferação celular (que volta ao normal após erradicação do microrganismo), alterações degenerativas, edema, hiperemia e erosões. Após décadas de infecção, a mucosa gástrica apresenta hipotrofia de intensidadevariada e surgem focos de metaplasia intestinal. Tais alterações correlacionam-se fortemente com a idade dos pacientes, indicando evolução do processo, embora sua intensidade e sua topografia dependam também da cepa infectante e das características do hospedeiro. CÂNCER GÁSTRICO A causa é multivariada e os componentes de risco conhecidos podem ter como origem: • Infecções como por H. pylori ou vírus Epstein-Barr (EBV); • Idade avançada e gênero masculino; • Hábitos de vida como dieta rica em sal e alimentos conservados, e obesidade; • Tabagismo; • Associação com gastrite crônica atrófica, metaplasia intestinal da mucosa gástrica, anemia perniciosa, pólipo adenomatoso do estômago e gastrite hipertrófica gigante; • História pessoal ou familiar de condições hereditárias, como o próprio câncer gástrico e a polipose adenomatosa familiar. O tipo histológico mais comum é o adenocarcinoma (90% dos casos), dividido em dois tipos segundo a classificação de Lauren: • Tipo intestinal: maior parte bem ou moderadamente diferenciados, formando estruturas glandulares remanescentes do adenocarcinoma colorretal, o que explica a sua nomenclatura; • Tipo difuso: pouco diferenciados, caracterizados por infiltração celular sem caracterização de formação glandular. Células com presença de mucina intracelular em grande quantidade são definidas com carcinoma em anel de sinete – fator preditivo independente de pior prognóstico. DIAGNÓSTICO A endoscopia é considerada como padrão-ouro quando associada a múltiplas biópsias e são retirados pelo menos 10 fragmentos. HELICOBACTER PYLORI A infecção pelo H. pylori é muito comum e aumenta com a idade. Até os 60 anos de idade, cerca de 50% das pessoas são infectadas. Contudo, estudos recentes demonstram que a bactéria H. pylori vem infectando um número cada vez menor de pessoas jovens. 8 Apresenta o papel etiológico na gastrite, na úlcera péptica e no câncer gástrico. A bactéria H. pylori desenvolve-se na camada mucosa protetora do revestimento gástrico dos seres humanos e produz amônia que ajuda a protegê-lo do ácido gástrico e lhe permite romper e penetrar a camada mucosa, além de auxiliar como marcador para o diagnostico. O microrganismo tem sido cultivado em fezes, saliva e placa dentária, sugerindo transmissão oral-oral ou fecal-oral. Úlcera péptica Pesquisa de H. pylori Métodos Diretos (Invasivos) Método indireto (não invasivo) Pesquisa histológica (biópsia) Cultura Atividade da urease Teste respiratório com ureia Sorologia Teste do antígeno fecal TESTE RESPIRATÓRIO COM UREIA Tem como fundamento a ingestão de uréia marcada. Se o H. pylori estiver presente no estômago, produz urease, quebrando a ureia em amônia e bicarbonato. O bicarbonato entra na corrente sanguínea e é expirado sob forma de CO2 marcado. É um método não invasivo específico para bactérias produtoras de urease e caso a ureia seja apresentada em cápsula o teste não sofre influência das bactérias presentes na orofaringe. Esse teste é considerado padrão-ouro para diagnosticar infecção pelo H. pylori inicial ou para controlar a erradicação. É indicada para pacientes com menos de 35 anos de idade sem sinais de alarme: sangramento, anemia, saciedade precoce, perda de peso inexplicável, disfagia progressiva, odinofagia, vômito recorrentes, história de malignidade prévia esofagogástrica. Indicada, também, para pacientes em uso prolongado de inibidores de bomba protônica, porque a presença de infecção por H. pylori nesta condição acelera o desenvolvimento de lesões pré-neoplásicas. 1. Inicialmente, é feita assepsia da cavidade oral com solução dentifrício e água. 2. Paciente bebe ureia marcada com carbono 13 diluída em suco 3. Na presença de H. pylori, esta produz HCO3 com carbono 13 marcado 4. O pulmão transforma o HCO3 em CO2 com carbono marcado 5. Paciente expira CO2 em um recipiente. 6. O ar desta bolsa e testado em um aparelho para ver se contém CO2 com carbono 13 marcado Preparo e interferentes • Deve-se adotar jejum de pelo menos 6 horas. • Suspender os inibidores de bomba de próton por pelo menos cinco dias • Parar o uso por pelo um mês para evitar os falsa-negativo • Para controle de erradicação, o ideal é realizar o teste após três meses do término do tratamento. • Contraindicações: gestantes, lactantes e criança Resultado • Positivo: quando a bactéria possui a enzima urease, a qual degrada a ureia dando origem a amônia e bicarbonato. Essa reação é percebida por meio da alteração da cor do meio, de modo que passa de amarelo para rosa/vermelho. Sistema Digestório | Ana Beatriz Rodrigues e Gleysla Silva 9 • Negativo: quando não há mudança do meio, indicando que a bactéria não possui a enzima. SOROLOGIA PARA H. PYLORI A pesquisa de anticorpo IgG anti-H. pylori está indicada para pacientes que nunca fizeram tratamento para a erradicação desta bactéria e nos estudos epidemiológicos. As principais vantagens do método são sua simplicidade e não ser afetado pelo uso recente de medicações, o que também torna o método pouco confiável para controle de tratamento. É o método não invasivo menos acurado e de baixo custo. PESQUISA HISTOLÓGICA O exame histológico permitiu a identificação da bactéria quando de sua descrição inicial. O exame possui necessidade de endoscopia para a sua realização, além de ser considerado um exame de alto custo. Por outro lado, permite o diagnóstico diferencial com outras causas de gastrite, assim como a identificação de complicações da infecção (atrofia gástrica ou metaplasia intestinal). Duas colorações são empregadas: a coloração a base de prata (Warthin-Starry) e o método de Giemsa modificado, método mais barato, amplamente disponível e que permite fácil identificação da bactéria, com sensibilidade de 88%-93% e especificidade 98% a 100%, enquanto a coloração hematoxilina-eosina é empregada para a avaliação da gastrite. A principal limitação do exame histológico, quanto a sua acurácia, é que ele pode ser afetado pelo uso recente de medicações, como sais de bismuto, antibióticos (até um mês), inibidores de bomba de prótons (até 14 dias) e bloqueadores H2 (7 dias). Estas drogas podem levar a falsos negativos, pela diminuição da densidade e indução de formas de resistência mais dificilmente detectáveis. Normalmente encontram-se no lúmen das fossetas gástricas, junto às células mucosas, e têm uma forma espiral. TESTE RÁPIDO DA UREASE. Este exame é geralmente realizado pelo endoscopista, e consiste em uma solução de ureia com um marcador de pH. Na presença de um fragmento de mucosa com H. pylori, o marcador de pH modifica a cor da solução de amarelo para rosa/vermelho, devido a sua alcalinização pela uréase bacteriana. O exame possui baixo custo e é amplamente disponível. Assim como ocorre com a histologia, o teste rápido da urease também tem sua sensibilidade comprometida pelo uso prévio de medicações. Além disso, em pacientes com hemorragia digestiva alta há mais resultados falsos positivos. Ureia ➝ amônia ➝ ↑ pH ➝ mudança da cor da solução ➝ amarelo para rosa/vermelho TRATAMENTO • Omeprazol 20 mg, 12/12h; • Lansoprazol 30 mg,12/12h; • Pantoprazol 40 mg, 12/12h; • Rabeprazol 20 mg, 12/12h; • Tríplice: IBP + claritromicina 500 mg + amoxicilina 1.000 mg, todos 2 vezes ao dia (1) durante 7 dias (mais comumente na úlcera péptica) ou 14 dias na dispepsia funcional. Quando necessário, a amoxicilina pode ser substituída por outro antibiótico, nos pacientes alérgicos a penicilina. GASTRITE CRÔNICA ASSOCIADA AO H. PYLORI
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