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Epidemiologia das Doenças Ocupacionais

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EPIDEMIOLOGIA DAS 
DOENÇAS OCUPACIONAIS
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22 
Alessandro Formeton
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2019
Epidemiologia das doenças ocupacionais
1ª edição
33 3
Autoria: Prof. Valéria Aparecida Masson.
Revisão: Prof. Camila Braga de Oliveira Higa.
Como citar este documento: MASSON, Valéria. Epidemiologia das doenças ocupacionais. Valinhos: 2019.
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida 
de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou 
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
mailto:editora.educacional@kroton.com.br
http://www.kroton.com.br/
44 
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 5
Epidemiologia das doenças ocupacionais 6
Principais doenças relacionadas ao trabalho 25
Estudos epidemiológicos 39
Monitoramento clínico-epidemiológico das populações 
humanas expostas a situações de risco 55
EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS 
55 5
Apresentação da disciplina
A disciplina Epidemiologia das Doenças Ocupacionais tem como 
objetivo apresentar uma visão ampla sobre a epidemiologia em seus 
diferentes aspectos e sua aplicação na saúde ocupacional a partir dos 
mais variados métodos de estudos epidemiológicos que permitem a 
geração de informações em saúde do trabalhador, que vão determinar 
as ações de promoção da saúde, controle e prevenção de doenças 
entre os trabalhadores.
Primeiramente, serão apresentados os aspectos gerais da epidemiologia 
com suas definições e conceitos básicos, a evolução histórica da 
epidemiologia e seus principais nomes, a história natural das doenças 
e os diferentes níveis de prevenção. Em seguida, você será conduzido à 
epidemiologia e agravos de doenças não transmissíveis relacionadas ao 
trabalho e vigilância epidemiológica, pelo qual será explorado cada tipo 
de risco ocupacional e os diferentes grupos de doenças ocupacionais.
Na sequência, serão discutidos os principais métodos e tipos de 
estudos epidemiológicos que podem ser aplicados no campo da 
saúde do trabalhador. Finalmente, estudaremos o monitoramento das 
situações de risco, nas quais vamos conhecer as principais estratégias 
de monitoramento clínico em saúde ocupacional utilizando o método 
epidemiológico como ferramenta para geração de informações e 
indicadores na saúde do trabalhador, as quais nortearão os programas 
de promoção à saúde.
Seja bem-vindo!
Bons estudos!
666 
Epidemiologia das 
doenças ocupacionais
Autor: Alessandro Formeton
Objetivos
• Apresentar os aspectos históricos da epidemiologia.
• Compreender o processo saúde-doença e seus 
determinantes.
• Compreender a história natural das doenças.
• Conhecer os conceitos básicos e usos da 
epidemiologia descritiva.
77 7
1. Introdução
Etimologicamente, epidemiologia (epi = sobre; demo = população e 
logos = tratado) significa “ciência do que se abate sobre o povo” ou 
“o estudo que afeta a população”.
Com o avanço e ampliação do campo de aplicação da epidemiologia, 
muitas definições surgiram na tentativa de expressar com maior 
precisão a evolução da disciplina, visto que sua temática é dinâmica 
e seu objeto, complexo. As definições mais antigas estão limitadas à 
preocupação com as doenças transmissíveis, já as mais recentes incluem 
as doenças não infecciosas e outros problemas e agravos à saúde.
Tradicionalmente, a Epidemiologia tem sido definida como a ciência 
que estuda a distribuição das doenças e suas causas em populações 
humanas e pode ser considerada a ciência básica da saúde coletiva. 
Atualmente, pode-se dizer que a Epidemiologia se constitui a principal 
ciência da informação em saúde.
A International Epidemiological Association (IEA, 1973, p. 25) define 
epidemiologia como o estudo dos fatores que determinam a frequência e 
a distribuição das doenças nas coletividades humanas. Enquanto a clínica 
dedica-se ao estudo da doença no indivíduo, analisando caso a caso, a 
Epidemiologia debruça-se sobre os problemas de saúde em grupo de 
pessoas [...] na maioria das vezes envolvendo populações numerosas.
Para Rouquayrol (1993), epidemiologia é a ciência que estuda o processo 
saúde-enfermidade na sociedade, analisando a distribuição populacional 
e fatores determinantes do risco de doenças, agravos e eventos 
associados à saúde, propondo medidas específicas de prevenção, 
controle ou erradicação de enfermidades, danos ou problemas de 
saúde e de proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e 
coletiva, produzindo informação e conhecimento para apoiar a tomada 
de decisão no planejamento, administração e avaliação de sistemas, 
programas, serviços e ações de saúde.
88 
Autores norte-americanos, europeus e latino-americanos definem 
epidemiologia de modo bastante semelhante, tendo como ponto 
comum o estudo da distribuição das doenças nas coletividades humanas 
e dos fatores causais responsáveis por essa distribuição. Esse conceito 
toma por base relações existentes entre os fatores do ambiente, do 
agente e do hospedeiro.
Outros autores, especialmente latino-americanos, avançam em direção 
a uma nova epidemiologia, que dá ênfase ao estudo da estrutura 
socioeconômica a fim de explicar o processo saúde-doença de 
maneira histórica, tornando a epidemiologia um dos instrumentos de 
transformação social.
Entre os principais objetivos da epidemiologia estão o de identificar 
fatores etiológicos na gênese das enfermidades e o de fornecer 
subsídios para a redução dos problemas de saúde na população, e sua 
aplicação pode ser colocada em três grupos:
• Análise das situações de saúde – desenvolve e aplica 
metodologias para a descrição e análise das situações de saúde, 
fornecendo subsídios para o planejamento e organização das 
ações de saúde.
• Estudo dos determinantes de saúde-enfermidades – possibilita 
o avanço do conhecimento sobre os determinantes do processo 
saúde-doença, contribuindo para o avanço no conhecimento 
etiológico-clínico.
• Avaliação de tecnologias e processo no campo da saúde – 
pode ser empregada na avaliação de programas, atividades e 
procedimentos terapêuticos no que se refere tanto a sistemas de 
prestação de serviços quanto ao impacto das medidas de saúde 
na população.
99 9
Essas formas de aplicações podem auxiliar decisões em nível coletivo 
e individual. Em nível coletivo, as decisões em saúde são tomadas a 
partir das evidências epidemiológicas, no sentido de implementar novas 
intervenções, reorientar ou manter as existentes. Em nível individual, o uso 
da epidemiologia pode orientar os profissionais de saúde no sentido de 
fundamentar decisões e condutas como diagnósticos clínicos, solicitação 
de exames e prescrição de vacinas, drogas e regimes alimentares.
2. Evolução histórica da epidemiologia
A história da epidemiologia pode ser traçada desde a Antiguidade 
Clássica, tendo Hipócrates, médico grego que viveu há cerca de 
2500 anos, como seu precursor. Esse sábio dominou o pensamento 
médico de sua época e dos séculos seguintes. Para ele, as doenças 
eram produto da relação entre o indivíduo e o ambiente que o 
cerca, analisando a doença em bases racionais, distanciando-se das 
explicações sobrenaturais até então aceitas. Além disso, estudou 
as doenças epidêmicas e as variações geográficas das condições 
endêmicas e é considerado por alguns o primeiro epidemiologista 
(FILHO e ROUQUAYROL, 2006).
A tradição de Hipócrates foi mantida na Roma Antiga, preservada por 
árabes na Idade Média e retomada, primeiramente por clínicos na Europa 
Ocidental, a partir da Renascença, e depois, por toda a parte. Porém, 
durante séculos,até a metade do século XIX, a teoria que dominou os 
pensamentos médicos em relação às doenças foi a teoria dos miasmas.
No início da Idade Média, o domínio do catolicismo romano e as 
invasões bárbaras determinaram o predomínio de práticas de saúde de 
caráter mágico religioso. Amuletos, orações e cultos a santos protetores 
da saúde materializavam a ideologia religiosa da salvação da alma, 
ficando as ações coletivas em saúde em segundo plano, restritas a 
momentos de pragas e epidemias.
1010 
Somente no século XIX, uma massa crítica de investigações e 
pensamento epidemiológico surge na ciência. Uma sucessão de 
acontecimentos, na Europa, influenciava profundamente as pessoas 
e as ideias. A Revolução Industrial, que produziu um intenso 
deslocamento da população do campo para as cidades, atraída 
pelos empregos nas fábricas recém-criadas, a Revolução Francesa e 
movimentos políticos sociais da metade do século XIX transformam o 
contexto de vida político e social europeu.
Epidemias de cólera, febre tifoide e febre amarela constituíam 
graves problemas nas cidades, levantando preocupações com a 
higiene, aprimoramento da legislação sanitária e criação de estrutura 
administrativa para aplicação das medidas preconizadas.
Franceses e ingleses ocuparam posição de destaque na história 
da medicina e da epidemiologia daquela época. Entre eles, 
podemos destacar:
• Pierre Louis, francês que viveu de 1787 a 1872. Entre suas 
principais obras destacam-se estudos clínico-patológicos 
sobre a tuberculose e a febre tifoide e análises de internações 
hospitalares em Paris, mais especificamente, a letalidade da 
pneumonia em relação à sangria. Sua maior contribuição foi ter 
introduzido e divulgado o método estatístico, utilizando-o na 
investigação clínica das doenças.
• Louis Villermé (1782-1863), um dos pioneiros dos estudos sobre a 
etiologia social das doenças, investigou a pobreza, as condições de 
trabalho e suas repercussões sobre a saúde, realçando as relações 
entre situação socioeconômica e mortalidade.
• William Farr (1807-1883). Entre as suas contribuições podem-
se destacar uma classificação das doenças, uma descrição das 
leis das epidemias e produção de informações epidemiológicas 
sistemáticas que compunham os relatórios do Registro Geral 
da Inglaterra. Essas informações subsidiaram diversas ações 
1111 11
de planejamento, prevenção e controle das doenças, além 
de terem servido de fonte de dados para os trabalhos sobre 
saúde de outras importantes figuras, como Freidrich Engels e 
Edwin Chadwich.
• John Snow (1813-1858) é considerado um clássico da 
epidemiologia de campo e recebeu esse reconhecimento por 
seu trabalho de investigação no intuito de esclarecer a origem 
das epidemias de cólera ocorridas em Londres de 1849 a 1854. 
Como resultado de uma cuidadosa e planejada coleta de dados 
na comunidade, Snow conseguiu relacionar o consumo de água 
poluída com os episódios de cólera e traçar os princípios da 
prevenção e controle de novos surtos, válidos até hoje.
• Louis Pasteur (1822-1895), considerado o pai da bacteriologia, 
foi figura central da microbiologia, identificou e isolou inúmeras 
bactérias, além de fazer trabalhos pioneiros na imunologia. 
A partir das descobertas de Pasteur, as bases biológicas para 
o estudo das doenças infecciosas foram solidificadas dando a 
impressão de que as doenças poderiam ser explicadas por uma 
única causa, o agente etiológico, e as pesquisas em epidemiologia 
passaram a ter forte componente ambulatorial.
O desenvolvimento da bacteriologia na segunda metade do século XIX 
influenciou profundamente as primeiras décadas do século XX, levando 
a uma reorientação do pensamento médico e ao fortalecimento da 
medicina organicista e científica; o individual suplanta o coletivo na 
abordagem da doença e seus determinantes. O conhecimento básico 
sobre as doenças transmissíveis cresce rapidamente, dirigindo o 
conhecimento epidemiológico para os processos de transmissão ou 
controle de epidemias
Nesse contexto, no Brasil, podemos destacar os trabalhos de Oswaldo 
Cruz, que além de fundar o Instituto Oswaldo Cruz de pesquisa, 
empreendeu vitoriosa campanha contra a febre amarela no Rio de 
1212 
Janeiro e o combate à peste e à varíola. Além dele, podemos destacar 
também Carlos Chagas, Adolfo Lutz e Emílio Ribas, que contribuíram 
em muitas obras públicas com a indicação de medidas de saneamento 
preventivas que deviam ser tomadas no controle das doenças.
Na década de 1930, a medicina científica entra em crise. O avanço 
tecnológico leva a uma fragmentação do cuidado médico que conduz à 
especialização, à ênfase no procedimento, a uma elevação dos custos e 
à capitalização da saúde, o que revela uma incapacidade desse modelo 
de prover condições mínimas de vida e saúde para a totalidade da 
população. Assim, renasce nesse contexto o caráter social e cultural da 
enfermidade e da medicina.
A partir da Segunda Guerra Mundial há o aperfeiçoamento dos grandes 
inquéritos epidemiológicos, principalmente a respeito das doenças não 
infecciosas que se haviam revelado como problemas de saúde durante o 
processo de seleção de recrutas para o exército.
Nos Estados Unidos, a medicina preventiva se consolida como 
movimento ideológico, o que leva à instalação de departamentos 
específicos nas escolas médicas. Na Europa Ocidental, onde o pós-
guerra foi marcado pelo welfare state, a assistência à saúde se integra 
mais claramente às políticas sociais.
O século XX é marcado pela mudança das doenças prevalentes, com 
a crescente importância das doenças crônico-degenerativas como 
causas de morbidade e mortalidade e a epidemiologia progride 
através da pesquisa sobre temas como: a determinação das condições 
de saúde da população; a busca sistemática de fatores antecedentes 
ao aparecimento das doenças; e a avaliação das intervenções 
propostas para alterar a incidência ou a evolução da doença, através 
de estudos controlados.
1313 13
PARA SABER MAIS
O desenvolvimento da epidemiologia fez com que a 
disciplina, antes restrita à saúde pública e aos aspectos 
físicos e biológicos, se expandisse para a área clínica e 
social. Assim, podemos dizer que a epidemiologia moderna 
se vale dos conhecimentos de três áreas básicas: ciências 
sociais, ciências biológicas e estatística.
Das ciências biológicas, a epidemiologia apoia-se em conhecimentos 
da clínica, patologia, microbiologia, parasitologia e imunologia. 
Estas áreas do conhecimento contribuem para melhor descrever 
as doenças e classificá-las.
As ciências sociais conferem à epidemiologia uma visão mais ampla. 
A sociedade como está organizada oferece aos indivíduos tanto proteção 
como também determina muitos riscos de adoecer, com maior ou menor 
acesso das pessoas às técnicas de prevenção de doenças e de promoção 
e recuperação da saúde. Os fatores que produzem as doenças são 
biológicos e ambientais, com significados sociais complexos.
A estatística tem papel fundamental na epidemiologia. Em diversas 
fases da pesquisa epidemiológica, assume papel de realce, como, por 
exemplo, nas fases de planejamento, execução, análise e interpretação 
dos resultados de estudos sobre a saúde de grupos de pessoas.
Após o advento da computação, na década de 1960, a estatística traz 
para a epidemiologia um grande avanço e transformação. À ampliação 
dos bancos de dados é somada a criação de técnicas analíticas com 
múltiplas especificações, se comparadas à analise mecânica dos dados, 
além disso, a computação torna possível a realização de pareamentos 
múltiplos, estratificação de variáveis, entre outros procedimentos mais 
complexos e cada vez mais precisos.
1414 
3. História natural da doença
História natural da doença é o nome dado ao conjunto de processos 
interativos compreendendo as
inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam 
o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que 
criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualqueroutro 
lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações 
que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. (LEAVELL e 
CLARK, 1976, p. 50).
O curso da doença no organismo não é uniforme, podendo apresentar 
grandes variações, porém é possível delinear alguns padrões de 
progressão da doença que podem ser colocados em cinco categorias 
principais (PEREIRA, 2006):
• Evolução aguda, rapidamente fatal.Evolução aguda, clinicamente 
evidente e com rápida recuperação na maioria dos casos.
• Evolução sem alcançar o limiar clínico, de modo que o indivíduo 
não saberá do ocorrido, salvo se for submetido a exames 
laboratoriais.
• Evolução crônica, que se exterioriza e progride para o êxito letal 
após longo período.
• Evolução crônica, com períodos assintomáticos entremeados de 
exacerbações clínicas.
Embora conceitualmente o processo saúde-doença seja contínuo, para 
melhor entendimento, usualmente a história natural da doença pode 
ser dividida em período pré-patológico e período patológico, em quatro 
fases a seguir:
1515 15
• Fase inicial (ou de suscetibilidade): ocorre no período pré-
patológico e nesta fase ainda não há doença propriamente dita, 
embora existam condições que favoreçam o seu aparecimento. 
Vale ressaltar que as pessoas não possuem o mesmo risco de 
adoecer e a ocorrência da doença vai depender da interação do 
indivíduo com o meio.
• Fase patológica pré-clínica: é a primeira fase do período 
patológico e nela a doença ainda está no estágio de ausência 
de sintomatologia, embora o organismo já apresente alterações 
patológicas. O seu curso pode ser subclínico e evoluir para a 
cura, ou progredir para a fase seguinte. Hoje já é possível fazer 
a detecção de diversas doenças ainda nesta fase, como, por 
exemplo, a hipertensão arterial assintomática. Essa detecção 
precoce pode resultar, muitas vezes, em maior êxito no 
tratamento e prevenção de complicações.
• Fase clínica: é a fase de manifestação da doença. Há diferentes 
graus de acometimento do organismo, podendo ser leve, mediana 
ou de grave intensidade, e de evolução aguda ou crônica. Essa 
classificação vai depender da natureza da própria doença e 
das características e suscetibilidade do indivíduo e do meio 
em que vive.
• Fase de incapacidade residual: esta fase caracteriza-se quando 
a doença não progride até a morte ou não há cura completa 
e as alterações anatômicas e fisiológicas se estabilizam. Nesta 
fase há um grande predomínio das medidas de reabilitação que 
visam ao desenvolvimento da pessoa afetada, que, por vezes, 
apresenta sequelas.
1616 
Quadro 1 – Período pré-patológico e patológico 
da história natural da doença 
Período 
pré-patológico Período patológico
Antes de o 
indivíduo adoecer Curso da doença no organismo humano
Interação de 
agentes mórbidos, o 
hospedeiro humano e 
os fatores ambientais
Doença 
precoce 
discernível
Doença
avançada
Convales- 
cença
Morte 
Invalidez 
Cronicidade 
LIMIAR CLÍNICO
Alterações 
Precoces
Fase de suscetibilidade Fase patológica pré-clínica Fase clínica Fase residual Recuperação
Fonte: adaptado de Pereira (2006).
A divisão da história natural das doenças em fases é útil para a 
compreensão do processo saúde-doença e para colocar os indivíduos 
em diferentes categorias de acordo com o risco e danos à saúde que 
apresentam, além de facilitar o planejamento das ações preventivas e 
curativas.
São consideradas medidas preventivas todas aquelas utilizadas 
para evitar a progressão das doenças ou suas consequências. 
Essas medidas podem ser classificadas em medidas inespecíficas e 
específicas; prevenção primária, secundária e terciária; cinco níveis de 
prevenção; e medidas universais, seletivas e individualizadas (PEREIRA, 
2005). Cada um desses níveis pode ser aplicado em fases específicas 
da história natural da doença, conforme descrito a seguir:
• As medidas inespecíficas ou gerais têm o objetivo de promover 
o bem-estar das pessoas e as medidas específicas ou restritas 
incluem as técnicas para lidar com dada doença ou agravo à 
saúde em particular. Elas podem ser aplicadas em todas as fases 
do processo saúde-doença.
1717 17
• A prevenção primária é dirigida para a manutenção da saúde, 
ou seja, para evitar novos casos de doença ou agravo à saúde. 
As medidas são empregadas no período pré-patológico da doença 
e podem ser subdivididas em dois níveis: promoção da saúde 
(destinadas a manter o bem-estar, sem focar nenhuma doença 
em particular, ex.: educação sanitária, habitação adequada, 
empregos e salários adequados) e proteção específica (inclui 
medidas para impedir o aparecimento de uma determinada 
doença, ex.: vacinação, quimioprofilaxia, fluoretação da água).
• A prevenção secundária visa à prevenção da evolução do 
processo patológico na tentativa de fazê-lo regredir. As medidas 
são utilizadas no período patológico, nas fases pré-clínica e clínica 
da doença, e podem ser subdivididas em dois níveis: diagnóstico 
e tratamento precoce (trata-se de identificar a doença em seu 
início, antes do aparecimento dos sintomas, para tentar evitar 
sua progressão, ex.: rastreamento, exames periódicos de saúde, 
autoexame) e limitação do dano (consiste em identificar a doença, 
limitar a extensão das lesões e retardar o aparecimento das 
complicações, se não for possível evitá-las, ex.: acesso ao serviço 
de saúde, tratamento adequado).
• A prevenção terciária visa desenvolver a capacidade funcional 
do indivíduo cujo potencial foi reduzido pela doença, ou seja, 
promover o ajustamento do paciente a condições irreversíveis. 
As medidas são aplicadas na fase residual da doença e coincidem 
com o nível de reabilitação (ex.: terapia ocupacional, próteses e 
órteses, adequação das ações a uma determinada deficiência).
• As medidas universais são aquelas que podem ser aplicadas a 
todas as pessoas já que os benefícios ultrapassam os riscos (ex.: 
higiene oral, dieta balanceada). As medidas seletivas são aquelas 
aconselhadas apenas a um subgrupo da população identificado 
por alguma característica marcante, como sexo, idade, ocupação 
(ex.: uso de proteção no trabalho). As medidas individualizadas 
são aquelas aplicadas unicamente na presença de uma condição 
1818 
que coloca o indivíduo em alto risco para o desenvolvimento da 
doença (ex.: quimioprofilaxia da tuberculose). Essas medidas são 
mais restritas e individualizadas e são utilizadas no período pré-
patológico da doença.
4. Epidemiologia descritiva
A epidemiologia descritiva tem como objetivo principal o conhecimento 
da distribuição de um evento na população e esse conhecimento 
pode ser utilizado para o direcionamento de ações norteadoras e para 
a elaboração de explicações e relações, para mostrar as razões das 
variações de frequências na população.
O processo descritivo consiste da organização de dados de maneira 
a evidenciar as frequências do evento em diversos subgrupos da 
população, de modo a compará-los, por exemplo, entre faixas etárias, 
sexo e tipo de ocupação.
ASSIMILE
Para o conhecimento da distribuição de um evento podemos 
lançar mão de informações sobre a saúde que podem referir-
se globalmente ou parcialmente a uma população.
Quando as informações são globais, ou seja, referem-se a toda a 
população, dizemos que há um coeficiente geral. Exemplo: coeficiente 
geral de natalidade (todos os nascimentos de uma dada população 
em um dado período divididos pela população geral). Quando as 
informações são específicas, ou seja, referem-se a um subgrupo 
populacional, dizemos que há um coeficiente específico. Exemplo: 
mortalidade por sarampo, na faixa etária de 1 a 5 anos, no ano de 2011.
1919 19
Um estudo epidemiológico descritivo é composto por alguns elementos 
essenciais que podem ser resumidos pelos verbetes: “que”, “quem”, 
“onde”, “quando”, “como” e “por quê”. O “que” representa o tipo de 
evento que está sendo estudado. É preciso definir muito bem o evento e 
especificar as suas frequências em relação às seguintes características,que também podemos chamar de variáveis:
• “Quem”, as pessoas que foram atingidas pelo evento.
• “Onde”, os lugares em que se deu o evento.
• “Quando”, o tempo em que ocorreu o evento.
Além disso, é preciso que as informações sejam organizadas de forma 
a mostrar “como” os eventos acontecem e variam na população, 
no caminho de esclarecer “por quê” o evento ocorre com aquelas 
características, naquela população, naquele local e naquele tempo.
A partir dessa detalhada descrição é possível traçar um diagnóstico da 
situação que se pretende estudar e levantar hipóteses para explicar 
a distribuição encontrada, acompanhar a evolução do problema na 
coletividade e atuar em função desse conhecimento, priorizando 
algumas intervenções e avaliando seus efeitos (PEREIRA, 2005).
O estudo descritivo segue as mesmas linhas gerais de qualquer estudo 
científico partindo da definição do problema, identificação e exame das 
fontes de dados, seleção das variáveis que serão utilizadas, discussão 
dos principais achados apontando hipóteses para explicar o evento, 
análise crítica desses achados e conclusão.
Um ponto importante a ser destacado para o entendimento dos estudos 
descritivos são as fontes de dados. As estatísticas que expressam a 
frequência e distribuição de um evento podem ser preparadas a partir 
de três tipos de fontes ou bases de dados:
2020 
Para quem investiga um tema, a busca de informações se dá 
primeiramente a partir de estatísticas que tratem do assunto, que 
geralmente provêm dos sistemas de informação. As estatísticas têm a 
vantagem de permitir o uso imediato da informação sem precisar coletar 
os dados de outra forma.
Na falta de estatísticas são feitos levantamentos dos dados em registros 
já existentes, como fichas e prontuários, e se ainda forem necessários 
dados adicionais que esses últimos registros não fornecem, são 
realizados inquéritos para obtenção dos dados junto às pessoas.
TEORIA EM PRÁTICA
E.C.D, 34 anos, trabalha há dois anos em uma indústria de 
confecção de jeans na área da produção com altas metas 
mensais de produção, há seis meses começou a apresentar 
dores nas costas que irradiam para o braço, formigamento, 
2121 21
choques no membro e perda de força nas mãos, o que 
a impede de cumprir sua jornada de 8 horas de trabalho 
no corte de tecido. Três de suas colegas de trabalho estão 
afastadas devido aos mesmos problemas e uma delas foi 
diagnosticada com tendinite.
Com base na situação apresentada, faça uma análise da 
história natural da doença aplicada ao caso, elenque a sua 
tríade clássica, a fase da história natural da doença e os 
níveis de prevenção primários que devem ser aplicados 
para prevenir novos casos da doença em questão.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Assinale a alternativa que apresenta o objetivo da 
epidemiologia.
a. Identificar fatores etiológicos na gênese das 
enfermidades.
b. Fornecer subsídios para o aumento dos problemas de 
saúde na população.
c. Compreender o processo saúde-doença.
d. Planejar ações preventivas e curativas à saúde.
e. Promover o bem-estar das pessoas.
2. O desenvolvimento da bacteriologia na segunda metade 
do século XIX influenciou profundamente as primeiras 
décadas do século XX, levando à reorientação do 
pensamento médico e ao fortalecimento da medicina 
organicista e científica.
2222 
Assinale a alternativa que indica uma consequência do 
desenvolvimento da bacteriologia:
a. Cresce a importância das doenças crônico-
degenerativas como causas de morbidade e 
mortalidade.
b. A medicina preventiva se consolida como movimento 
ideológico, o que leva à instalação de departamentos 
específicos nas escolas médicas.
c. O estudo das doenças infecciosas foi solidificado, 
dando a impressão de que as doenças poderiam ser 
explicadas por uma única causa, o agente etiológico.
d. Há o aperfeiçoamento dos grandes inquéritos 
epidemiológicos, principalmente a respeito das 
doenças não infecciosas.
e. Renasce o caráter social e cultural da enfermidade e 
da medicina.
3. Assinale a alternativa que contenha fases da história 
natural das doenças.
a. Fase pré-patológica e fase pré-clínica.
b. Fase inicial ou de suscetibilidade e fase clínica.
c. Fase pré-patológica e fase clínica.
d. Fase capacidade residual e fase clínica.
e. Fase residual e fase pré-patológica.
2323 23
Referências bibliográficas
AIE. Associação Internacional de Epidemiologia. Guia de métodos de Enseñanza. 
IEA/OPAS/OMS, Publ. Cient. 266, 1973, 246p.
FILHO, A. N.; ROUQUAYROL, M. Z. Introdução à Epidemiologia. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2006. 281 p.
LEAVEL, H.; CLARK, E. G. Medicina Preventiva. São Paulo: Megraw-Hill, 1976, 744p.
PEREIRA, M. G. Epidemiologia teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2005.
ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia e Saúde. Rio de Janeiro: MEDSI, 1993.
Gabarito
Questão 1 – Resposta A
Entre os principais objetivos da epidemiologia estão: identificar 
fatores etiológicos na gênese das enfermidades e fornecer 
subsídios para a redução dos problemas de saúde na população.
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Questão 2 – Resposta C
O desenvolvimento da bacteriologia na segunda metade do 
século XIX influenciou profundamente as primeiras décadas do 
século XX, levando à reorientação do pensamento médico e ao 
fortalecimento da medicina organicista e científica, e o individual 
suplanta o coletivo na abordagem da doença e seus determinantes. 
As bases biológicas para o estudo das doenças infecciosas foram 
solidificadas, dando a impressão de que as doenças poderiam ser 
explicadas por uma única causa, o agente etiológico, e as pesquisas 
em epidemiologia passaram a ter forte componente ambulatorial. 
O conhecimento básico sobre as doenças transmissíveis cresce 
rapidamente, dirigindo o conhecimento epidemiológico para os 
processos de transmissão ou controle de epidemias.
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2424 
Questão 3 – Resposta B
A história natural da doença pode ser dividida em período 
pré-patológico e período patológico, e em quatro fases: 
inicial ou de suscetibilidade, patológica pré-clínica, clínica e 
incapacidade residual.
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2525 25
Principais doenças 
relacionadas ao trabalho
Autor: Alessandro Formeton
Objetivos
• Conhecer a epidemiologia das principais doenças e 
agravos relacionados ao trabalho.
• Compreender os riscos ocupacionais: químico, 
físico, biológico e ergonômico.
• Apresentar as relações entre o adoecimento e os 
riscos do trabalho.
2626 
1. Epidemiologia das doenças e agravos não 
transmissíveis: principais doenças relacionadas 
ao trabalho
Observa-se um aumento significativo na incidência de doenças crônicas 
degenerativas relacionadas ao aumento da exposição a agentes tóxicos 
de origem ambiental ou ocupacional. Tal fenômeno é resultado das 
mudanças do processo produtivo e do uso de novas tecnologias. Neste 
sentido, serão apresentados a seguir alguns aspectos relacionados aos 
riscos químico, biológico, ergonômico e físicos.
1.1 Risco químico
O risco químico é o perigo a que determinado indivíduo está exposto 
ao manipular produtos químicos como solventes, agrotóxicos, metais 
pesados, entre outros.
1.1.1 Mercúrio
A exposição ocupacional ao mercúrio é conhecida desde a antiguidade, 
quando era usado na decoração e pintura de castelos. A industrialização 
diversificou sua aplicação, além de ser utilizado como cosmético em 
ambiente médico hospitalar e em restaurações de amálgama na 
odontologia (FARIA, 2003). O Hidrargirismo é a denominação da doença 
ocupacional decorrente da intoxicação por mercúrio.
Atualmente, a exposição ao mercúrio ocorre em atividades como 
garimpo, manipulação de amálgamas, indústria elétrica, na produção de 
cloro e soda. Inúmeros acidentes ambientais têm levado à contaminação 
das águas, de peixes e crustáceos que são consumidos pela população.
Em seres humanos, a mortalidade devido à contaminação por mercúriovaria de 7% a 11%, sendo que muitos sobreviventes apresentam 
sequelas neurológicas. Em intoxicações agudas, são observados efeitos 
como depressão do sistema respiratório, alterações cardiovasculares 
2727 27
(edema pulmonar) e gastrointestinais (diarreia, vômito, corrosão da 
mucosa gástrica). Já em intoxicações crônicas, observa-se alteração do 
sistema nervoso central, levando a danos cerebrais irreversíveis.
1.1.2 Chumbo
A intoxicação ocupacional por chumbo é denominada Saturnismo 
e o aumento da sua incidência é uma consequência do processo de 
industrialização. Ela ocorre em atividades como mineração, fundição, 
manipulação de baterias elétricas, soldas, manipulação de sucatas, 
indústria de plástico e tinturas.
A absorção do chumbo ocorre por contato com a pele, ingestão 
de alimentos ou água contaminada e, na maioria dos casos, por 
inalação. Ele tem ação tóxica sobre o sistema nervoso, promovendo a 
desmielinização e degeneração dos axônios, o que pode provocar um 
dano ao nervo periférico conhecido como “queda do punho” devido 
à paresia do nervo radial. Observam-se ainda como sintomas gerais: 
cólicas abdominais, anemia e neuropatia.
1.1.3 Agrotóxicos
Os agrotóxicos são utilizados para o controle de pragas na agricultura, 
combate a vetores, tratamento de madeiras, produção de flores e na 
pecuária. Quanto à classificação, temos: inseticidas (organofosforados, 
carbonatos e organoclorados), fungicidas, herbicidas, paraquat e agente 
laranja (utilizado como arma de guerra no Vietnã).
PARA SABER MAIS
A intoxicação por agrotóxicos atinge principalmente 
os trabalhadores rurais, porém, pode atingir outros 
profissionais que atuam na produção, transporte, 
2828 
manipulação e armazenamento. Nos casos de intoxicação 
crônica, os sintomas aparecem de forma tardia e são 
indefinidos, já nos casos de intoxicação aguda, os 
sintomas são severos.
Os sintomas são variáveis, podendo ser classificados como leves (fadiga, 
cefaleia e distúrbios gastrointestinais), moderados (fraqueza, dificuldade 
de fala, mialgia) e intensos (dificuldade respiratória, sudorese intensa, 
náuseas e vômitos).
1.1.4 Solventes
A manipulação de solventes ocorre principalmente em indústrias 
petroquímicas, na produção e manipulação de vernizes, tintas, colas e 
plásticos. Muito frequentemente, a absorção ocorre por inalação, uma 
vez que existe uma alta solubilidade desses elementos na corrente 
sanguínea.
Entre os sintomas temos: irritabilidade, depressão respiratória, agitação 
psíquica, cefaleia severa, fadiga, perda de memória.
1.2 Risco biológico
O risco biológico é o perigo a que determinado indivíduo está exposto 
ao manipular produtos contendo microrganismos, como bactérias, vírus, 
fungos, parasitas, ou secreções, como sangue.
O risco biológico é frequentemente observado em atividades de 
profissionais de saúde, como enfermeiros, fisioterapeutas, médicos 
e dentistas, mas outros profissionais também estão expostos ao 
manipular alimentos, lixo, restos de animais e meios de cultura. 
Os acidentes com material biológico são classificados em: leves 
2929 29
(contato com secreções, urina ou sangue em pele íntegra), moderados 
(contato com secreções ou urina em mucosas; sem sangue visível) 
e graves (contato de líquido orgânico contendo sangue visível com 
mucosas ou exposição percutânea com materiais perfurocortantes).
Estima-se que, após a exposição percutânea com agulha contaminada, 
o risco de contaminação com o vírus da hepatite B (HBV) é de 6 a 30%, 
com o vírus da hepatite C (HCV) é de 0,5 a 2% e com o vírus da AIDS 
(HIV), de 0,3 a 0,4% (BRASIL, 2005).
Profissionais que atuam diretamente em contato com o público 
(recepcionistas, enfermeiros, professores) estão sujeitos a contato com 
pessoas portadoras de enfermidades e podem ser acometidos por 
virose, escabiose e infecções das vias aéreas.
As atividades laborais desenvolvidas por trabalhadores braçais, 
pedreiros, marceneiros, lixeiros, trabalhadores rurais, jardineiros, 
expõem esses profissionais ao risco de adquirir tétano, doença grave 
causada pela toxina do Clostridium tetani – bactéria que penetra no 
organismo via lesões da pele.
1.3 Risco ergonômico
O risco ergonômico é o perigo a que determinado indivíduo está 
exposto ao desenvolver a tarefa, considerando a biomecânica do 
trabalhador relacionada à carga de trabalho, ritmo e movimentos 
desenvolvidos.
A sobrecarga estática ocorre quando o trabalhador desenvolve 
a atividade por longos períodos com limitação de movimentos 
corporais, levando à sobrecarga do sistema osteomuscular; da mesma 
forma, trabalhos de ritmo intenso também podem provocar lesões 
musculoesqueléticas e alterações psíquicas.
3030 
Observa-se, frequentemente, o desrespeito da biomecânica do 
trabalhador na realização de tarefas que impõem movimentos de 
torção, flexão de tronco, braços suspensos, cadeiras sem apoios, 
exigência de força muscular intensa, jornadas prolongadas, controle 
excessivo de produtividade, repetitividade de tarefas, ritmos excessivos 
ou monotonia.
1.4 Risco físico
Os riscos físicos são considerados as diversas formas de energia, tais 
como: ruído, temperaturas extremas, vibração, pressões anormais, 
radiação e umidade.
1.4.1 Ruído
A exposição ao ruído, a curto, médio e longo prazo, pode provocar 
sérios prejuízos à saúde. As alterações podem ser imediatas ou 
graduais dependendo da exposição, nível sonoro e da sensibilidade 
individual. O limite para exposição ao ruído segue a lógica de quanto 
maior o ruído, menor deve ser a exposição. Níveis elevados de ruído 
podem ocasionar fadiga, perda de memória, irritabilidade, dificuldade 
de concentração, hipertensão, alterações cardíacas, gastrointestinais e 
perda temporária ou definitiva da audição.
A exposição máxima ao ruído não pode ultrapassar o limite de tolerância 
para ruído, de acordo com o Quadro 2.1.
Quadro 2.1 – Limites de tolerância para exposição ao ruído
Nível de ruído dB Máxima exposição diária permissível
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4:30 horas
3131 31
90 4 horas
91 3:30 horas
92 3 horas
93 2:40 horas
94 2:40 horas
95 2 horas
96 1:45 horas
98 1:15 horas
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos
 Fonte: Brasil (2011, p. 2).
1.4.2 Vibração
Ao operar máquinas ou manipular equipamentos o trabalhador pode 
ser exposto a vibrações que podem ser localizadas (uso de ferramentas 
manuais) ou generalizadas (operação de tratores). Essa exposição pode 
levar a alterações neurovasculares em membros superiores e inferiores, 
assim como a lesões na coluna.
1.4.3 Radiação
É uma forma de energia transmitida por ondas eletromagnéticas. 
Pode ser classificada em dois grupos: radiações ionizantes (que 
podem afetar o organismo em nível celular), como aparelhos de raios 
X, e radiações não ionizantes (provenientes de operação em fornos, 
radiação ultravioleta), que geram efeitos como perturbações visuais 
(conjuntivites, cataratas), queimaduras, lesões na pele etc.
3232 
1.4.4 Temperaturas extremas
A exposição ao calor excessivo em trabalho a céu aberto, em fornos ou 
próximo de outras fontes de calor intenso pode levar o trabalhador a 
desenvolver desidratação, insolação, fadiga e alterações neurológicas.
Já o trabalho em condições de frio intenso pode acarretar o 
desenvolvimento de congelamento, doenças respiratórias, hipotermia 
fadiga física.
1.4.5 Pressões anormais
O trabalho em altas pressões é aquele desenvolvido com níveis de 
pressão acima da pressão atmosférica normal. Pode ocorrer em 
atividades realizadas em tubulações de ar comprimido, máquinas 
de perfuração, caixões pneumáticos e trabalhos executados por 
mergulhadores. Geralmente são usados na construção de pontes e 
barragens. A variação brusca dos níveis de pressão pode causar 
mal-estar, cefaleia e embolias, podendo levar o trabalhar a óbito.
1.4.6 Umidade
As atividades ou operações executadasem locais alagados ou 
encharcados, com umidade excessiva, são capazes de produzir danos à 
saúde dos trabalhadores. A exposição do trabalhador à umidade pode 
acarretar doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças de pele, 
doenças circulatórias, entre outras.
2. Doenças Osteomusculares Relacionadas ao 
Trabalho (DORT)
As DORT também são conhecidas como doenças dos tecidos moles 
causadas por esforços repetitivos. São caracterizadas por acometer 
tendões, nervos e músculos de membros superiores, estão presentes 
em diferentes ocupações e ocorrem devido à associação de movimentos 
repetitivos e sobrecarga muscular.
3333 33
A fisiopatologia inclui processo inflamatório, fadiga neuromuscular e 
isquemia de tecidos. O diagnóstico é definido pela história ocupacional e 
exame físico, observa-se: dor, paresia, edema, rigidez matinal, alterações 
de temperatura e formigamento.
O tratamento inclui a avaliação do trabalho buscando eliminar os 
possíveis estressores que estão fatigando o sistema osteomuscular 
do trabalhador. Além de eliminar a fonte, dependendo do grau de 
lesão o tratamento pode envolver fisioterapia, medicamentos (anti-
inflamatórios) ou ato cirúrgico.
2.1 Lesões de coluna
A atividade laboral gera frequentemente lesões de coluna. Os sintomas 
evoluem de forma gradativa e não necessariamente o trabalhador 
apresenta histórico de acidente ou trauma direto sobre a coluna, 
sendo observada relação direta entre insatisfação profissional e 
desconforto motor.
Além dos fatores de risco individuais (idade, sexo, anormalidades 
musculoesqueléticas, força e resistência muscular e condicionamento 
físico), a coluna sofre durante a ocupação profissional com atividades 
de levantamento, torção e encurvamento, com posturas inadequadas e 
tarefas repetitivas.
Dependendo do grau da lesão, além de dor local e limitação de 
movimento, pode ocorrer lesão do disco intervertebral. O grau de lesão, a 
limitação e a dor são parâmetros que devem ser avaliados para indicação 
de afastamento do trabalhador. Orienta-se tratamento conservador, 
sintomatológico, fisioterapia e avaliação do ambiente de trabalho.
2.2 Cardiorrespiratório
O trabalho pode levar tanto ao agravamento de doenças preexistentes 
quanto à ocorrência de muitas patologias. O estresse influencia 
diretamente a ocorrência de patologias do miocárdio, a organização 
3434 
do trabalho tem relação direta sobre a saúde do trabalhador. Fatores 
como: carga de trabalho, insegurança, insatisfação, monotonia, grau 
de responsabilidade e trabalho em turnos são fatores ambientais 
geradores de estresse.
Os nitratos orgânicos têm ação vasodilatadora, influenciando o controle 
da pressão arterial; os solventes são cardiotóxicos e levam à diminuição 
da contractilidade do miocárdio e, dependendo da exposição, podem 
levar à parada cardiorrespiratória.
Gases, partículas suspensas, fumos e aerossóis são absorvidos pelos 
pulmões. As partículas maiores atingem nasofaringe e traqueia, já as 
partículas menores chegam aos brônquios e alvéolos. A gravidade das 
lesões é determinada pela natureza do agente, tempo de exposição, 
concentração do agente e suscetibilidade do indivíduo.
ASSIMILE
Os principais agentes causadores de lesões pulmonares 
são: arsênico, sílica, poeiras de algodão, asbesto, gás cloro, 
flúor e poeiras de resíduos biológicos.
2.3 Rins e fígado
Tanto os rins quanto o fígado são órgãos filtradores que desempenham 
função de desintoxicação do organismo. Quando o trabalhador é 
exposto a uma substância química tóxica, observam-se reflexos 
na atividade devido a lesões agudas ou crônicas que interferem na 
eficiência desses órgãos.
A hepatite aguda pode ocorrer devido à exposição a solventes alifáticos, 
aromáticos e metais, como arsênico, chumbo e fósforo. Já a manifestação 
crônica ocorre de forma tardia e pode ser associada a medicamentos, 
3535 35
álcool e infecções virais. O diagnóstico diferencial buscando identificar 
possível relação com o trabalho é feito com base na história clínica-
ocupacional e análise dos riscos a que o trabalhador está exposto.
TEORIA EM PRÁTICA
A. M.C, 34 anos, trabalha há um ano em uma indústria 
de produção de tinturas, atuando diretamente no 
processo de produção de tintas necessitando manipular 
compostos de chumbo e solventes em seu processo 
de trabalho. Também trabalha exposto ao ruído e altas 
temperaturas pela proximidade de caldeiras. Além disso, 
constantemente apresenta-se em posições de trabalho 
incomodas, ficando grande parte do tempo em pé, porém 
necessitando se agachar e se curvar durante o processo de 
produção, incluindo movimentos repetitivos. Classifique 
os riscos ocupacionais apresentados no processo de 
trabalho de produção de tintas, para cada tipo de risco 
relatado quais as patologias ocupacionais a que o 
trabalhador está exposto?
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. O levantamento de situações de risco é uma estratégia 
que tem como objetivo:
a. Avaliar o indivíduo.
b. Controle estatístico de doenças.
c. Informação em saúde.
3636 
d. Avaliar situações e acontecimentos que podem 
levar a agravos da saúde.
e. Implantar serviços de saúde.
2. Dentre as alternativas, que lesão o trabalhador que sofre 
intoxicação crônica por mercúrio pode apresentar?
a. Varizes.
b. Osteopenia.
c. Lesões no Sistema Nervoso Central.
d. Hipotireoidismo.
e. Hipotensão.
3. Risco ergonômico pode ser definido como:
a. Risco de acidentes ou situações que podem levar 
à ocorrência de acidentes, tais como máquinas 
e equipamentos sem manutenção adequada ou 
com defeito.
b. É o perigo a que determinado indivíduo está exposto 
ao manipular produtos contendo microrganismos, 
como bactérias, vírus, fungos, parasitas, ou secreções, 
como sangue.
c. É o perigo a que determinado indivíduo está exposto 
ao manipular produtos químicos, como solventes, 
agrotóxicos, metais pesados, entre outros.
d. É o perigo a que determinado indivíduo está exposto 
ao desenvolver a tarefa considerando a biomecânica 
do trabalhador relacionada à carga de trabalho, ao 
ritmo e aos movimentos desenvolvidos.
3737 37
e. Intoxicação por agrotóxico, que atinge principalmente 
os trabalhadores rurais, porém pode atingir outros 
profissionais que atuam na produção, transporte, 
manipulação e armazenamento.
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a 
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos 
serviços correspondentes e dá outras providências.
BRASIL, Ministério do Trabalho. NR32. Segurança e segurança no trabalho em 
serviços de saúde. Brasília: Ministério do Trabalho em Emprego, 2005.
BRASIL, Ministério do Trabalho. NR15. Atividades e operações insalubres. Brasília: 
Ministério do Trabalho em Emprego, 2011.
FARIA, M. A. M. (2003). Mercuralismo metálico crônico ocupacional. Revista de 
Saúde Pública. São Paulo, v.37, n.1.
MEDRONHO, A. R. Epidemiologia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2009.
MORAES, Giovanni; BENIT, Juarez (orgs.). Normas Regulamentadoras Comentadas. 
Legislação de segurança e saúde no trabalho. 2ª ed. Rio de Janeiro: GVC, 2000.
ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia e Saúde. Rio de Janeiro: MEDSI, 1993.
Gabarito
Questão 1 – Resposta D
Áreas e situações de risco: o levantamento desses dados tem 
como objetivo avaliar situações e acontecimentos que podem 
levar a agravos de saúde. Exemplos: condições de saneamento, 
abastecimento, qualidade de água, exposição a agentes tóxicos.
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Questão 2 – Resposta C
Em seres humanos, a mortalidade devido à contaminação por 
mercúrio varia de 7% a 11%, sendo que muitos sobreviventes 
3838 
apresentam sequelas neurológicas. Em intoxicações agudas são 
observados efeitos como depressão do sistema respiratório, 
alterações cardiovasculares (edema pulmonar) e gastrointestinais 
(diarreia, vômito, corrosão da mucosa gástrica). Já em intoxicações 
crônicas, observa-se alteração do sistema nervoso central,levando 
a danos cerebrais irreversíveis.
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Questão 3 – Resposta D
Risco ergonômico é o perigo a que determinado indivíduo está 
exposto ao desenvolver a tarefa, considerando a biomecânica 
do trabalhador relacionada à carga de trabalho, ao ritmo e aos 
movimentos desenvolvidos.
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3939 39
Estudos epidemiológicos
Autor: Alessandro Formeton
Objetivos
• Compreender as principais características e 
classificações dos estudos epidemiológicos, 
utilizados para melhor conhecer a saúde da 
população.
• Apresentar os cinco principais estudos empregados 
em epidemiologia: o ensaio clínico randomizado, 
o estudo de coorte, o estudo de caso controle, o 
estudo transversal e o estudo ecológico.
4040 
1. Introdução
Com o objetivo de melhor conhecer a saúde da população, os fatores que a 
determinam, a evolução do processo saúde-doença e o impacto das ações 
de saúde, a ciência desenvolveu métodos de investigação que se adéquam 
a diversas situações, tendo, cada um, suas vantagens e suas limitações.
Na investigação de um tema, três estratégias têm sido utilizadas: o 
estudo de caso, a investigação experimental em laboratório e a pesquisa 
ao nível de população.
Os estudos de casos são utilizados para uma avaliação inicial de 
problemas ainda pouco conhecidos. Trata-se de observar um ou mais 
indivíduos com a mesma doença ou evento e, a partir da descrição 
detalhada, traçar um perfil das suas principais características.
Na investigação experimental de laboratório é possível imprimir 
maior precisão às etapas da investigação. O grau de subjetividade é 
reduzido pela adoção de rigorosos controles, que servem também de 
parâmetro para a comparação dos resultados. A pesquisa populacional 
é a abordagem central dos estudos epidemiológicos e, a partir desse 
momento, será estudada mais profundamente.
2. Classificação dos métodos utilizados em 
epidemiologia
Muitos são os critérios para classificar os métodos utilizados na 
epidemiologia, dependendo do ângulo a partir do qual os métodos são 
enfocados. A seguir, conheça alguns desses critérios e classificações.
2.1 Experimentação x Observação
As informações científicas podem ser geradas por experimentação ou 
por observação. Os estudos experimentais destinam-se a testar uma 
associação entre eventos, buscando verificar se há relação causal entre 
eles, e as condições de estudo estão sob controle direto do pesquisador.
4141 41
Já nos estudos observacionais não há intervenção e a investigação 
acontece a partir da observação de situações que ocorrem 
naturalmente. Os objetivos deste tipo de estudo são descrever a 
distribuição de um parâmetro na população ou testar uma hipótese 
sobre associação entre dois eventos, sem usar experimentação.
2.2 Estudo descritivo x Analítico
Esta é uma das classificações mais utilizadas na epidemiologia. 
Os estudos descritivos têm o objetivo de informar sobre a distribuição 
de um evento na população em termos quantitativos e podem ser de 
incidência ou prevalência. Não há formação de grupo controle e por isso 
são considerados estudos não controlados. Exemplo: a prevalência de 
hepatite B entre voluntários à doação de sangue; as principais causas de 
óbitos da população de um dado município.
Os estudos analíticos estão subordinados a uma questão científica 
– a hipótese, que relaciona eventos: uma suposta causa e um dado 
efeito. O intuito deste tipo de estudo é explorar em profundidade essa 
relação causa-efeito. Há presença de um grupo de controle formado 
simultaneamente com o grupo de estudo que serve para a comparação 
dos resultados. Exemplo: a exposição de um indivíduo a um fator de 
risco e a ocorrência do diabetes.
O modo como os grupos de estudo e controle são formados gera 
os diferentes tipos de estudos analíticos (estudo experimental 
randomizado, estudo de coorte, estudo de caso controle e estudo 
transversal). As principais características desses estudos serão 
apresentadas mais à frente, nesta aula.
2.3 Estudo de caso x Série de casos
O que diferencia um tipo de estudo do outro é a quantidade de 
indivíduos investigados. A inclusão de um ou poucos indivíduos 
caracteriza o estudo de caso. Um número maior de pessoas incluídas na 
investigação constitui a série de casos. Nesses estudos, não há grupo de 
controle e por isso também são considerados estudos não controlados.
4242 
2.4 Estudo controlado x Estudo não controlado
O termo “estudo controlado” está relacionado a dois aspectos dos estudos 
– neutralização de fatores que confundem a interpretação dos resultados 
e existência de grupo de controle –, embora o segundo critério tenha sido 
o mais utilizado para diferenciar esses tipos de estudo.
Em epidemiologia, existe um consenso entre os especialistas de 
que, para melhor testar as hipóteses, é conveniente dispor de grupo 
de controle, de modo a possibilitar um referencial adequado de 
comparação (PEREIRA, 2005).
2.5 Estudo transversal x Longitudinal
Transversal, seccional e prevalência são termos utilizados como 
sinônimo e quando os dados relativos aos indivíduos que compõem 
a amostra do estudo referem-se a um determinado momento na vida 
das pessoas. Exemplo: renda familiar, estado imunitário das crianças 
naquele dia. Em investigações desse tipo, não há seguimento das 
pessoas para saber efeitos decorridos depois de passado certo tempo.
Longitudinal refere-se à pesquisa em que cada indivíduo é observado 
em mais de uma ocasião. Este tipo de investigação tem o sentido de 
detectar mudanças no indivíduo com o passar do tempo. Exemplo: 
investigação do crescimento e desenvolvimento de crianças.
2.6 Estudo prospectivo x Retrospectivo
O termo prospectivo tem a conotação de “seguimento” do presente ao 
futuro, ou seja, de ligação de um evento atual com um evento futuro. 
A condição para que uma pesquisa seja considerada prospectiva é a 
circunstância de o efeito ainda não ter ocorrido quando os participantes 
iniciarem o estudo. Exemplo: em pesquisa sobre o tabagismo, os 
fumantes são acompanhados para verificar os resultados clínicos que 
possam estar relacionados ao hábito de fumar.
4343 43
O termo retrospectivo tem a conotação de utilização de dados do 
passado sobre a exposição ou doença. Exemplo: manutenção de um 
arquivo sobre a evolução de uma doença.
2.7 Estudo paralelo x Cruzado
Em investigações comparativas, quando os indivíduos participantes 
do estudo são mantidos no grupo em que foram colocados desde o 
início até o final da pesquisa, caracteriza-se um estudo paralelo. 
Em contrapartida, quando há mudança de um grupo para outro 
após um certo tempo de observação, temos um estudo cruzado.
2.8 Estudo experimental x Quase experimental
A palavra experimental caracteriza qualquer investigação na qual o 
pesquisador decide quais pessoas ou grupos serão expostas ou não ao 
fator cujo efeito está sob pesquisa, ou seja, há o controle do pesquisador 
sobre as variáveis pesquisadas.
As investigações quase experimentais são definidas como experimentos 
em que o investigador não tem completo controle sobre a alocação 
ou o momento da intervenção (LAST, 1988). Além disso, esses estudos 
implicam uma intervenção e não há emprego da alocação aleatória na 
formação dos grupos de comparação.
2.9 Estudo randomizado x Não randomizado
Estes termos são utilizados em relação ao controle da composição dos 
grupos pertencentes ao estudo. Diz-se que um estudo é randomizado 
quando os grupos são alocados a partir de processos aleatórios de 
seleção de casos, buscando uma distribuição equilibrada de variáveis 
de confundimento.
Já nos estudos não randomizados, os grupos experimental e de controle 
são escolhidos a partir de critérios de disponibilidade ou conveniência 
(FILHO e ROUQUAYROL, 2006).
4444 
3. Principais tipos de estudos epidemiológicos
Nesta seção serão apresentadas as principais características, vantagens 
e limitações dos principais estudos epidemiológicos.3.1 Estudo experimental: o ensaio clínico randomizado
O ensaio clínico randomizado é um tipo de experimento no qual 
os indivíduos são alocados aleatoriamente nos grupos de estudo 
(ou experimental) e controle (ou testemunha), de modo a serem 
submetidos a uma intervenção e terem seus efeitos avaliados.
Através desse tipo de pesquisa, visa-se responder uma questão central: 
quais os efeitos da intervenção?
O ensaio clínico randomizado é considerado o padrão de excelência 
de todos os métodos de investigação em epidemiologia, pois é o que 
produz evidências mais diretas para esclarecer uma relação de causa e 
efeito entre dois eventos.
O delineamento desse tipo de estudo pode ser esquematizado em 
etapas. Primeiramente, escolhe-se a população para a realização da 
pesquisa em função de ser portadora de características específicas, que 
interessam para a hipótese em estudo.
Cada indivíduo que aceita participar do estudo é colocado 
aleatoriamente em um dos grupos. O intuito é formar dois grupos 
semelhantes a fim de diminuir os efeitos dos fatores que poderiam 
causar confusão na interpretação dos resultados. O grupo experimental 
recebe o tratamento que está sendo testado e o grupo de controle 
recebe o alternativo. Os grupos são acompanhados, observados ou 
examinados de maneira semelhante.
4545 45
PARA SABER MAIS
O objetivo do estudo experimental consiste em 
introduzir um fator de diferença entre os grupos e 
verificar o impacto do tratamento diferencial, através da 
comparação dos resultados.
Entre as principais vantagens desse método podemos citar:
• Alta credibilidade como produtor de evidências científicas.
• A qualidade dos dados sobre a intervenção e os efeitos pode 
ser de excelente nível, já que é possível proceder à sua coleta no 
momento que os fatos ocorrem.
• A interpretação dos resultados é simples, pois estão relativamente 
livres de fatores de confundimento.
Entre as limitações, podemos apontar:
• Por questões éticas, muitas situações não podem ser 
experimentalmente investigadas, como os efeitos de virose na 
gravidez sobre o recém-nascido.
• Requer estrutura administrativa e técnica de porte razoável, 
estável e bem preparada.
• Exigência de população estável e cooperativa.
3.2 Estudo de coorte
Trata-se de uma pesquisa em que um grupo de pessoas é identificado, 
a informação sobre a exposição de interesse é coletada e o grupo 
é seguido no tempo com o objetivo de determinar quais de seus 
membros desenvolveram a doença e se essa exposição prévia está 
relacionada à doença.
4646 
Formam-se dois grupos, os “expostos” e os “não expostos”, de modo que 
os resultados sejam comparados. Vale ressaltar que a exposição, neste 
caso, não é aleatória.
A questão a ser esclarecida por um estudo de coorte é: quais os efeitos 
da exposição?
Em relação ao delineamento do estudo, uma população ou amostra é 
selecionada em função de apresentar características que possibilitem a 
investigação. Por observação determina-se o nível de exposição a que a 
população está ou esteve submetida, então, a incidência dos desfechos 
clínicos nos dois grupos é determinada por acompanhamento.
Entre as vantagens desse tipo de estudo, podemos destacar:
• Não há problemas éticos quanto às decisões de expor as pessoas 
a fatores de risco ou tratamentos.
• A qualidade dos dados sobre a exposição pode ser de excelente 
nível, já que é possível coletar os dados no momento que os 
fatos ocorrem.
• Os dados referentes à exposição são conhecidos antes da 
ocorrência da doença.
Quanto às limitações, pode-se destacar:
• O número de pessoas a ser acompanhado costuma ser grande.
• Mudança de categoria de exposição pode levar a erros de 
classificação de indivíduos quanto à exposição.
• Em muitas situações os resultados somente são obtidos após 
longo prazo de seguimento.
Os estudos de coorte podem ser classificados em prospectivo e 
histórico, e o critério para diferenciá-los é a exposição do investigador 
frente aos acontecimentos.
4747 47
No estudo de coorte prospectivo, o investigador acompanha de 
corpo presente o desenrolar da investigação e é em direção ao futuro. 
O pesquisador toma conhecimento da exposição nas pessoas antes de 
ocorridos os desfechos clínicos.
No estudo de coorte histórico ou retrospectivo, o investigador tem a 
consciência de que tanto a exposição quanto a doença já ocorreram 
e que os dados de interesse podem ser recolhidos por pesquisas em 
arquivos ou por anamnese.
3.3 Estudo de caso controle
Esse tipo de estudo parte do efeito de elucidar a causa. As pessoas 
são escolhidas porque têm a doença (os casos) e pessoas comparáveis 
que não possuem a doença (os controles) são investigadas para saber 
se foram expostas a fatores de risco, de modo a determinar se esses 
fatores de risco são causas da doença.
É uma pesquisa retrospectiva – parte do doente. A questão de pesquisa 
a ser respondida é: quais as causas da doença? Em linhas gerais, o 
delineamento da pesquisa se inicia com a escolha de uma população 
para o estudo, em função de apresentar características de interesse. 
Especificam-se com objetividade os critérios de inclusão e exclusão para 
definir o que seja um caso da doença.
A cada caso são escolhidos controles adequados que devem ter tido 
a mesma probabilidade de serem expostos ao fator de risco em 
investigação, mas que não devem ter a doença.
Em seguida, verifica-se o nível de exposição ao fator de risco dos grupos 
de caso e controle. A coleta de dados, nesse tipo de estudo, pode ser feita 
através de entrevista ou pesquisa em prontuários, atestados e resultados 
de exames laboratoriais. O importante é a coleta ser feita com o mesmo 
rigor para os dois grupos a fim de evitar um viés de aferição.
4848 
Quanto às vantagens desse tipo de estudo, cita-se:
• Os resultados são obtidos rapidamente.
• Baixo custo.
• Muitos fatores de risco podem ser investigados simultaneamente.
• Não há necessidade de acompanhamento dos participantes.
Entre as limitações temos:
• A seleção do grupo de controle é uma grande dificuldade.
• Os dados de exposição no passado podem ser inadequados, 
incompletos nos prontuários ou falhos quando baseados na 
memória das pessoas.
• Se a exposição é rara, pode ser difícil realizar o estudo ou 
interpretar os resultados.
3.4 Estudo transversal
Este tipo de investigação, também chamado de seccional, corte ou corte 
transversal, representa a forma mais simples de pesquisa populacional. 
É uma pesquisa em que a relação exposição-doença é examinada em 
uma dada população, em um dado momento.
A população em um estudo transversal é reunida em momento definido 
pelo investigador que, em geral, refere-se à coleta de dados.
Uma população é selecionada para o estudo em função de apresentar 
características que possibilitem a investigação, são coletados os dados 
de cada indivíduo e somente na análise é que os grupos de expostos 
e não expostos são formados, pois é apenas nessa fase que essas 
informações são conhecidas.
4949 49
ASSIMILE
As questões científicas que um estudo transversal visa 
responder são: quais as frequências do fator de risco e da 
doença? A exposição ao fator de risco e a doença estão 
associadas? Os resultados informam sobre a situação 
existente em um momento particular, característica muito 
útil para o planejamento em saúde.
Entre as principais vantagens desse tipo de estudo, destacam-se:
• Simplicidade e baixo custo.
• Rapidez – os dados referem-se a um único momento e podem ser 
coletados em um curto período.
• Objetividade na coleta de dados.
• Não há necessidade de seguimento das pessoas.
• Boa opção para descrever as características dos eventos 
na população.
Quanto às limitações, pode-se citar:
• Dados da exposição atual não podem representar a 
exposição passada.
• A relação cronológica entre os eventos pode não ser facilmente 
detectada.
• Não determina risco absoluto, é possível uma estimativa direta.
• Possibilidade de erros de classificação, os casos podem não sermais casos no memento da coleta.
5050 
3.5 Estudos ecológicos
Também conhecidos como estudos de grupos, de agregados, de 
conglomerados, estatísticos ou comunitários, trata-se de uma pesquisa 
realizada com estatísticas e a unidade de análise é constituída de grupos de 
indivíduos, não se sabe se um particular indivíduo da população investigada 
é exposto ou doente, apenas as informações globais estão disponíveis, por 
exemplo, a proporção de expostos e doentes naquela população.
Entre as vantagens dos estudos ecológicos estão:
• Simplicidade e baixo custo, não há fase de coleta de dados 
caso a caso.
• Rapidez.
• As conclusões são generalizáveis com mais facilidade do que em 
estudos em base individual.
Entre as limitações estão:
• Não há acesso a dados individuais, somente a informações 
estatísticas.
• Nem sempre o que se aplica ao todo é aplicável a cada parte 
desse todo.
• Possibilidade de efetuar muitas comparações, o que facilita 
encontrar correlações apenas ao acaso.
• Dados de fontes diferentes podem significar qualidade 
variável da informação.
Os estudos ecológicos são muito utilizados para levantar as possíveis 
relações causais, para testar hipóteses etiológicas e avaliar o efeito 
das intervenções. É possível também planejar um estudo desse tipo, 
incluindo no planejamento a randomização de áreas e outros agregados.
5151 51
Depois da alocação aleatória, faz-se a intervenção de modo que 
certas áreas ou grupos sejam expostos a uma forma de tratamento, 
caracterizando o grupo experimental, enquanto as demais sirvam de 
controle, visto que não recebem o tratamento em foco.
TEORIA EM PRÁTICA
Você, como enfermeiro do trabalho de uma metalúrgica, 
deverá realizar um estudo para levantar incialmente o 
perfil sociodemográfico, o estilo de vida e perfil de saúde 
de todos os trabalhadores do setor de produção. Após o 
estudo, os dados serão analisados e você terá que propor 
uma intervenção com enfoque no estilo de vida e perfil 
de saúde desses trabalhadores. Depois da intervenção, 
a próxima etapa será avaliar novamente os dados de 
estilo de vida e perfil de saúde para verificar a efetividade 
de sua intervenção. Considerando os principais tipos de 
estudos observados, quais os melhores métodos de estudo 
epidemiológico para conduzir as etapas dessa pesquisa?
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Os estudos experimentais destinam-se a:
a. Descrever a distribuição de um parâmetro na 
população ou testar uma hipótese sobre associação 
entre dois eventos, sem usar experimentação.
b. Testar uma associação entre eventos, buscando 
verificar se há relação causal entre eles.
5252 
c. Informar sobre a distribuição de um evento na 
população em termos quantitativos.
d. Detectar mudanças no indivíduo com o 
passar do tempo.
e. Explorar em profundidade a relação causa-efeito.
2. Assinale a alternativa que descreve o objetivo dos 
estudos analíticos.
a. Explorar em profundidade a relação causa-efeito de 
uma hipótese.
b. Informar sobre a distribuição de um evento na 
população em termos quantitativos.
c. Determinar quais membros desenvolveram a doença 
e se a exposição prévia está relacionada à doença.
d. Verificar o nível de exposição ao fator de risco dos 
grupos de caso e controle.
e. Examinar a relação exposição-doença, em uma dada 
população, em um dado momento.
3. Assinale a alternativa que descreve um estudo 
randomizado.
a. Quando os grupos experimentais e de controle 
são escolhidos a partir de critérios de disponibilidade 
ou conveniência.
b. Quando os indivíduos participantes do estudo são 
mantidos no grupo em que foram colocados desde o 
início até o final da pesquisa.
5353 53
c. Quando há mudança de um grupo para outro 
após certo tempo de observação.
d. Quando os grupos são alocados a partir de processos 
aleatórios de seleção de casos.
e. Quando os dados relativos aos indivíduos que 
compõem a amostra do estudo referem-se a um 
determinado momento na vida das pessoas.
Referências bibliográficas
FILHO, A. N.; ROUQUAYROL, M. Z. Introdução à Epidemiologia. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2006. 281p.
LAST, J. M. A dictionary of epidemiology. New York, Oxford University Press, 1988.
PEREIRA, M. G. Epidemiologia teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2005.
Gabarito
Questão 1 – Resposta B
Os estudos experimentais destinam-se a testar uma associação 
entre eventos, buscando verificar se há relação causal entre eles, e 
as condições de estudo estão sob controle direto do pesquisador.
Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente!
Questão 2 – Resposta A
Os estudos analíticos estão subordinados a uma questão científica 
– a hipótese, que relaciona eventos: uma suposta causa e um dado 
efeito. O intuito desse tipo de estudo é explorar em profundidade a 
relação causa-efeito.
Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente!
5454 
Questão 3 – Resposta D
Diz-se que um estudo é randomizado quando os grupos 
são alocados a partir de processos aleatórios de seleção de 
casos, buscando uma distribuição equilibrada de variáveis de 
confundimento.
Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente!
5555 55
Monitoramento clínico-
epidemiológico das 
populações humanas 
expostas a situações de risco
Autor: Alessandro Formeton
Objetivos
• Conhecer as principais estratégias de 
monitoramento clínico em saúde ocupacional.
• Utilizar o método epidemiológico como 
ferramenta de avaliação e promoção da saúde, 
tendo como enfoque as populações humanas 
expostas à situação de risco.
5656 
1. Introdução
O sucesso dos programas de prevenção depende do diálogo claro e 
objetivo com a diretoria da empresa a fim de nortear quais estratégias 
serão adotadas. Três situações prevalecem:
I. Cumprimento Básico de Normas, neste caso a empresa adota 
somente o mínimo exigido pela legislação.
II. Programas Específicos de Saúde do Trabalhador, quando o 
empregador entende que o investimento em ações além do 
exigido pela legislação confere melhor saúde ao trabalhador e, 
com isso, maior produtividade.
III. Situação Intermediária, quando se tem o cumprimento das 
normas mínimas e ações mais específicas em situações pontuais, 
como em atividades de maior risco.
2. Vigilância epidemiológica
Muitos são os critérios para classificar os métodos utilizados na 
epidemiologia, dependendo do ângulo a partir do qual os métodos são 
enfocados. A seguir, conheça alguns desses critérios e classificações.
Ações de vigilância epidemiológica são praticadas desde a antiguidade. 
Já nos tempos de Maomé, pessoas eram aconselhadas a evitar locais 
com epidemias, da mesma forma as que já fossem acometidas não 
deveriam sair.
É no século XVII que se inicia a sistematização da coleta de dados 
e o acompanhamento de doenças, buscando a proteção à saúde. 
Somente no final do século XIX, com a política de controle de pestes, 
tem-se a implantação da vigilância epidemiológica como ação dos 
serviços de saúde.
5757 57
Na primeira metade do século XX, os Estados Unidos da América (EUA) 
criam o CDC (Communicable Diseases Center) com o programa de controle de 
malária para as regiões de guerra. Porém, somente em 1965 a Organização 
Mundial de Saúde (OMS) cria uma unidade de vigilância epidemiológica.
Conhecida como polícia médica, as ações iniciais de vigilância 
epidemiológica eram limitadas a pessoas, utilizavam-se medidas como 
isolamento e quarentena de forma individual. Com a intensificação das 
relações comerciais entre países, acentuam-se as ações de caráter coletivo, 
como controle de vetores, saneamento e campanhas de vacinação.
Atualmente, por definição, entende-se vigilância epidemiológica como:
um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção 
ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e 
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de 
recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de doenças ou 
agravos. (BRASIL, 1990).
2.1 Conceitos fundamentais em vigilância epidemiológicaVigilância epidemiológica é definida como o conjunto de atividades que 
proporciona a informação indispensável para conhecer, detectar ou 
prever qualquer mudança que possa ocorrer nos fatores condicionantes 
do processo saúde-doença, tendo por finalidade a prevenção e controle 
de doenças (ROUQUAYROL,1994).
Dados são divididos em: demográficos, morbidade, mortalidade e áreas 
e situações de risco. Veja a seguir mais detalhadamente:
• Demográficos
São dados utilizados na estimativa de taxas e coeficientes, 
possibilitam comparação entre grupos populacionais. As fontes mais 
utilizadas para obtenção desses dados são o Sistema de Informações 
de Nascidos Vivos (SINASC) e o censo demográfico. Exemplos: número 
de habitantes, sexo e idade.
5858 
• Morbidade
Refere-se à ocorrência sintomática ou assintomática de surtos e 
epidemias, sendo que as doenças já são conhecidas ou endêmicas. 
Exemplos: casos de HIV e dengue. Algumas doenças necessitam de um 
monitoramento especial, sendo assim, existe uma lista de doenças de 
notificação compulsória, e a ocorrência desses agravos necessariamente 
deve ser informada à vigilância epidemiológica.
• Mortalidade
Diz respeito aos dados referentes ao número de mortes, obtidos através 
das declarações de óbito. Observa-se a distribuição de óbitos por idade, 
sexo, causa e local. A causa de morte é registrada segundo a Classificação 
Internacional de Doenças (CID) com o objetivo de padronizar as 
denominações podendo, assim, utilizar esses dados para comparações e 
compreender a distribuição de agravos por período, região, sexo.
• Áreas e situações de risco
O levantamento desses dados tem como objetivo avaliar situações 
e acontecimentos que podem levar a agravos de saúde. Exemplos: 
condições de saneamento, abastecimento, qualidade de água e 
exposição a agentes tóxicos.
3. Controle do absenteísmo
Absenteísmo é a expressão utilizada para designar a falta do 
empregado ao trabalho, ou seja, é a soma dos períodos em que o 
trabalhador de determinada empresa se encontra ausente do trabalho 
(CHIAVENATO, 1994).
Historicamente, absenteísmo era o termo utilizado para nomear os 
produtores rurais que abandonavam o campo para viver nas cidades. 
Com a revolução industrial, absenteísmo tornou-se termo utilizado para 
se referir aos trabalhadores que faltavam ao trabalho.
5959 59
Absenteísmo, também denominado ausentismo, é definido como hábito 
de não comparecer, de estar ausente, não comparecer ao trabalho, a 
uma reunião, às aulas, ausência do emprego (FERREIRA, 2004).
Para Couto (1987), o absenteísmo é definido por:
• Falta injustificada, cujo requerimento não foi deferido pela chefia e 
não justificada, ficando o trabalhador sujeito a descontos salariais 
e sanções disciplinares.
• Falta justificada, quando o motivo alegado é considerado justo.
• Licença saúde, comprovada por atestado médico, podendo o 
trabalhador gozar da licença para tratamentos de saúde.
• Nojo, quando do falecimento de parentes.
• Gala, quando contrair matrimônio.
• Licença gestante, para trabalhadoras que dão à luz.
Dos diversos tipos de absenteísmo, o mais importante é o absenteísmo 
por doença, visto o volume de ausências e, acima de tudo, por ser 
imprevisível.
O absenteísmo pode levar ao aumento da carga de trabalho da equipe, 
a problemas na organização do trabalho, gerando riscos à saúde do 
trabalhador que prejudicam o desenvolvimento das tarefas e indicam 
a existência de problemas preocupantes quando relacionados às 
condições de saúde (OLIVEIRA e MUROFUSE, 2001; SILVA e MARZIALE, 
2003; SILVA; MARZIALE, 2000; BARBOSA e SOLER, 2003).
PARA SABER MAIS
Os riscos à saúde relacionados ao trabalho dependem 
do tipo de atividade profissional e das condições em que 
é desempenhada. Nos serviços de saúde, os hospitais 
6060 
proporcionam aos seus trabalhadores condições de 
trabalho reconhecidamente piores em relação aos demais 
serviços de saúde (GASPAR, 1997).
Os trabalhadores podem se ausentar do trabalho sem prejuízos financeiros 
de acordo com artigo 473 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho):
I – até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, 
ascendente, descendentes, irmão ou pessoa que, declarada em sua 
Carteira de Trabalho e Previdência Social, viva sob sua dependência 
econômica;
II – até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento;
III – por 1 (um) dia em caso de nascimento de filho, no decorrer da 
primeira semana;
IV – por 1 (um) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de 
doação voluntária de sangue devidamente comprovada;
V – até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para fins de se alistar eleitor, nos 
termos da lei respectiva;
VI – no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do serviço 
Militar referidas na letra c do art. 65 da Lei n.º 4.375, de 17 de agosto de 
1964 (Lei do Serviço Militar);
VII – nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de 
exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior;
VII – Pelo tempo necessário quando tiver que comparecer a juízo.
3.1 Atestados
O controle dos atestados tem por objetivo verificar as condições 
de saúde dos trabalhadores, identificar os agentes causadores de 
afastamentos. Os atestados podem ser emitidos por médicos e 
dentistas. Os profissionais devem ser considerar:
6161 61
• O tempo necessário para a completa recuperação do paciente.
• Descrever o diagnóstico, mediante autorização do paciente.
• Registrar de maneira legível.
• Identificar-se (assinatura, número do conselho profissional, 
nome e carimbo).
O estudo do absenteísmo deve verificar a ocorrência e distribuição dos 
agravos à saúde do trabalhador. Devemos conhecer as frequências 
totais e as específicas, como ocorrências por função, sexo, idade, tempo 
de serviço, local de trabalho, riscos.
A situação da empresa é diagnosticada com o estudo e 
acompanhamento dos atestados recebidos, em seguida são traçadas 
estratégias de enfrentamento. O controle periódico (mensal, semestral 
e anual) permite avaliar as intervenções implantadas e reforça a 
necessidade de medidas para prevenção contra doenças.
3.2 Presenteísmo
No absenteísmo o trabalhador não comparece ao trabalho, já o 
presenteísmo é definido como a presença do trabalhador na empresa, 
porém doente, não conseguindo produzir. Entre os casos mais comuns 
observa-se: cefaleia, dores musculares, alergias, irritação.
O presenteísmo é de difícil identificação, a empresa deve investir em 
estratégias de saúde e prevenção, desenvolver ações pensando na 
saúde do trabalhador e de sua família.
4. Programas de Promoção à Saúde
Os Programas de Promoção à Saúde são atividades previstas no 
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), que 
é definido pela Norma Regulamentadora 7 (NR 7). O enfermeiro do 
6262 
trabalho atua ativamente no planejamento, elaboração, execução e 
avaliação do PCMSO. O planejamento ocorre com base nos dados 
coletados pela equipe de Segurança e Saúde do Trabalhador e a 
elaboração deve contemplar as exigências legais e as medidas adotadas 
devido à filosofia da empresa.
A execução envolve ações de saúde e segurança do trabalho como 
exames, treinamentos e controle de uso e equipamentos de proteção, e 
a avaliação fortalece o programa fornecendo informações que permitem 
aprimorar e aperfeiçoar as práticas de saúde e segurança do trabalho. 
Ao propor um programa de promoção à saúde temos que:
6363 63
4.1 Propostas de programas de prevenção
4.1.1 Programas de prevenção a distúrbios metabólicos e nutricionais
A obesidade é definida como o acúmulo excessivo de gordura corporal 
em extensão, acarreta prejuízos à saúde dos indivíduos, tais como 
dificuldades respiratórias, problemas dermatológicos e distúrbios do 
aparelho locomotor, além de favorecer o surgimento de enfermidades 
potencialmente letais como dislipidemias, doenças cardiovasculares, 
diabetes não insulinodependente (diabetes tipo II) e certos tipos de 
câncer (MONTEIRO e CONDE,

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