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EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS W BA 00 23 _v 2. 0 22 Alessandro Formeton Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019 Epidemiologia das doenças ocupacionais 1ª edição 33 3 Autoria: Prof. Valéria Aparecida Masson. Revisão: Prof. Camila Braga de Oliveira Higa. Como citar este documento: MASSON, Valéria. Epidemiologia das doenças ocupacionais. Valinhos: 2019. © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ mailto:editora.educacional@kroton.com.br http://www.kroton.com.br/ 44 SUMÁRIO Apresentação da disciplina 5 Epidemiologia das doenças ocupacionais 6 Principais doenças relacionadas ao trabalho 25 Estudos epidemiológicos 39 Monitoramento clínico-epidemiológico das populações humanas expostas a situações de risco 55 EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS 55 5 Apresentação da disciplina A disciplina Epidemiologia das Doenças Ocupacionais tem como objetivo apresentar uma visão ampla sobre a epidemiologia em seus diferentes aspectos e sua aplicação na saúde ocupacional a partir dos mais variados métodos de estudos epidemiológicos que permitem a geração de informações em saúde do trabalhador, que vão determinar as ações de promoção da saúde, controle e prevenção de doenças entre os trabalhadores. Primeiramente, serão apresentados os aspectos gerais da epidemiologia com suas definições e conceitos básicos, a evolução histórica da epidemiologia e seus principais nomes, a história natural das doenças e os diferentes níveis de prevenção. Em seguida, você será conduzido à epidemiologia e agravos de doenças não transmissíveis relacionadas ao trabalho e vigilância epidemiológica, pelo qual será explorado cada tipo de risco ocupacional e os diferentes grupos de doenças ocupacionais. Na sequência, serão discutidos os principais métodos e tipos de estudos epidemiológicos que podem ser aplicados no campo da saúde do trabalhador. Finalmente, estudaremos o monitoramento das situações de risco, nas quais vamos conhecer as principais estratégias de monitoramento clínico em saúde ocupacional utilizando o método epidemiológico como ferramenta para geração de informações e indicadores na saúde do trabalhador, as quais nortearão os programas de promoção à saúde. Seja bem-vindo! Bons estudos! 666 Epidemiologia das doenças ocupacionais Autor: Alessandro Formeton Objetivos • Apresentar os aspectos históricos da epidemiologia. • Compreender o processo saúde-doença e seus determinantes. • Compreender a história natural das doenças. • Conhecer os conceitos básicos e usos da epidemiologia descritiva. 77 7 1. Introdução Etimologicamente, epidemiologia (epi = sobre; demo = população e logos = tratado) significa “ciência do que se abate sobre o povo” ou “o estudo que afeta a população”. Com o avanço e ampliação do campo de aplicação da epidemiologia, muitas definições surgiram na tentativa de expressar com maior precisão a evolução da disciplina, visto que sua temática é dinâmica e seu objeto, complexo. As definições mais antigas estão limitadas à preocupação com as doenças transmissíveis, já as mais recentes incluem as doenças não infecciosas e outros problemas e agravos à saúde. Tradicionalmente, a Epidemiologia tem sido definida como a ciência que estuda a distribuição das doenças e suas causas em populações humanas e pode ser considerada a ciência básica da saúde coletiva. Atualmente, pode-se dizer que a Epidemiologia se constitui a principal ciência da informação em saúde. A International Epidemiological Association (IEA, 1973, p. 25) define epidemiologia como o estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas. Enquanto a clínica dedica-se ao estudo da doença no indivíduo, analisando caso a caso, a Epidemiologia debruça-se sobre os problemas de saúde em grupo de pessoas [...] na maioria das vezes envolvendo populações numerosas. Para Rouquayrol (1993), epidemiologia é a ciência que estuda o processo saúde-enfermidade na sociedade, analisando a distribuição populacional e fatores determinantes do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de enfermidades, danos ou problemas de saúde e de proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, administração e avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde. 88 Autores norte-americanos, europeus e latino-americanos definem epidemiologia de modo bastante semelhante, tendo como ponto comum o estudo da distribuição das doenças nas coletividades humanas e dos fatores causais responsáveis por essa distribuição. Esse conceito toma por base relações existentes entre os fatores do ambiente, do agente e do hospedeiro. Outros autores, especialmente latino-americanos, avançam em direção a uma nova epidemiologia, que dá ênfase ao estudo da estrutura socioeconômica a fim de explicar o processo saúde-doença de maneira histórica, tornando a epidemiologia um dos instrumentos de transformação social. Entre os principais objetivos da epidemiologia estão o de identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades e o de fornecer subsídios para a redução dos problemas de saúde na população, e sua aplicação pode ser colocada em três grupos: • Análise das situações de saúde – desenvolve e aplica metodologias para a descrição e análise das situações de saúde, fornecendo subsídios para o planejamento e organização das ações de saúde. • Estudo dos determinantes de saúde-enfermidades – possibilita o avanço do conhecimento sobre os determinantes do processo saúde-doença, contribuindo para o avanço no conhecimento etiológico-clínico. • Avaliação de tecnologias e processo no campo da saúde – pode ser empregada na avaliação de programas, atividades e procedimentos terapêuticos no que se refere tanto a sistemas de prestação de serviços quanto ao impacto das medidas de saúde na população. 99 9 Essas formas de aplicações podem auxiliar decisões em nível coletivo e individual. Em nível coletivo, as decisões em saúde são tomadas a partir das evidências epidemiológicas, no sentido de implementar novas intervenções, reorientar ou manter as existentes. Em nível individual, o uso da epidemiologia pode orientar os profissionais de saúde no sentido de fundamentar decisões e condutas como diagnósticos clínicos, solicitação de exames e prescrição de vacinas, drogas e regimes alimentares. 2. Evolução histórica da epidemiologia A história da epidemiologia pode ser traçada desde a Antiguidade Clássica, tendo Hipócrates, médico grego que viveu há cerca de 2500 anos, como seu precursor. Esse sábio dominou o pensamento médico de sua época e dos séculos seguintes. Para ele, as doenças eram produto da relação entre o indivíduo e o ambiente que o cerca, analisando a doença em bases racionais, distanciando-se das explicações sobrenaturais até então aceitas. Além disso, estudou as doenças epidêmicas e as variações geográficas das condições endêmicas e é considerado por alguns o primeiro epidemiologista (FILHO e ROUQUAYROL, 2006). A tradição de Hipócrates foi mantida na Roma Antiga, preservada por árabes na Idade Média e retomada, primeiramente por clínicos na Europa Ocidental, a partir da Renascença, e depois, por toda a parte. Porém, durante séculos,até a metade do século XIX, a teoria que dominou os pensamentos médicos em relação às doenças foi a teoria dos miasmas. No início da Idade Média, o domínio do catolicismo romano e as invasões bárbaras determinaram o predomínio de práticas de saúde de caráter mágico religioso. Amuletos, orações e cultos a santos protetores da saúde materializavam a ideologia religiosa da salvação da alma, ficando as ações coletivas em saúde em segundo plano, restritas a momentos de pragas e epidemias. 1010 Somente no século XIX, uma massa crítica de investigações e pensamento epidemiológico surge na ciência. Uma sucessão de acontecimentos, na Europa, influenciava profundamente as pessoas e as ideias. A Revolução Industrial, que produziu um intenso deslocamento da população do campo para as cidades, atraída pelos empregos nas fábricas recém-criadas, a Revolução Francesa e movimentos políticos sociais da metade do século XIX transformam o contexto de vida político e social europeu. Epidemias de cólera, febre tifoide e febre amarela constituíam graves problemas nas cidades, levantando preocupações com a higiene, aprimoramento da legislação sanitária e criação de estrutura administrativa para aplicação das medidas preconizadas. Franceses e ingleses ocuparam posição de destaque na história da medicina e da epidemiologia daquela época. Entre eles, podemos destacar: • Pierre Louis, francês que viveu de 1787 a 1872. Entre suas principais obras destacam-se estudos clínico-patológicos sobre a tuberculose e a febre tifoide e análises de internações hospitalares em Paris, mais especificamente, a letalidade da pneumonia em relação à sangria. Sua maior contribuição foi ter introduzido e divulgado o método estatístico, utilizando-o na investigação clínica das doenças. • Louis Villermé (1782-1863), um dos pioneiros dos estudos sobre a etiologia social das doenças, investigou a pobreza, as condições de trabalho e suas repercussões sobre a saúde, realçando as relações entre situação socioeconômica e mortalidade. • William Farr (1807-1883). Entre as suas contribuições podem- se destacar uma classificação das doenças, uma descrição das leis das epidemias e produção de informações epidemiológicas sistemáticas que compunham os relatórios do Registro Geral da Inglaterra. Essas informações subsidiaram diversas ações 1111 11 de planejamento, prevenção e controle das doenças, além de terem servido de fonte de dados para os trabalhos sobre saúde de outras importantes figuras, como Freidrich Engels e Edwin Chadwich. • John Snow (1813-1858) é considerado um clássico da epidemiologia de campo e recebeu esse reconhecimento por seu trabalho de investigação no intuito de esclarecer a origem das epidemias de cólera ocorridas em Londres de 1849 a 1854. Como resultado de uma cuidadosa e planejada coleta de dados na comunidade, Snow conseguiu relacionar o consumo de água poluída com os episódios de cólera e traçar os princípios da prevenção e controle de novos surtos, válidos até hoje. • Louis Pasteur (1822-1895), considerado o pai da bacteriologia, foi figura central da microbiologia, identificou e isolou inúmeras bactérias, além de fazer trabalhos pioneiros na imunologia. A partir das descobertas de Pasteur, as bases biológicas para o estudo das doenças infecciosas foram solidificadas dando a impressão de que as doenças poderiam ser explicadas por uma única causa, o agente etiológico, e as pesquisas em epidemiologia passaram a ter forte componente ambulatorial. O desenvolvimento da bacteriologia na segunda metade do século XIX influenciou profundamente as primeiras décadas do século XX, levando a uma reorientação do pensamento médico e ao fortalecimento da medicina organicista e científica; o individual suplanta o coletivo na abordagem da doença e seus determinantes. O conhecimento básico sobre as doenças transmissíveis cresce rapidamente, dirigindo o conhecimento epidemiológico para os processos de transmissão ou controle de epidemias Nesse contexto, no Brasil, podemos destacar os trabalhos de Oswaldo Cruz, que além de fundar o Instituto Oswaldo Cruz de pesquisa, empreendeu vitoriosa campanha contra a febre amarela no Rio de 1212 Janeiro e o combate à peste e à varíola. Além dele, podemos destacar também Carlos Chagas, Adolfo Lutz e Emílio Ribas, que contribuíram em muitas obras públicas com a indicação de medidas de saneamento preventivas que deviam ser tomadas no controle das doenças. Na década de 1930, a medicina científica entra em crise. O avanço tecnológico leva a uma fragmentação do cuidado médico que conduz à especialização, à ênfase no procedimento, a uma elevação dos custos e à capitalização da saúde, o que revela uma incapacidade desse modelo de prover condições mínimas de vida e saúde para a totalidade da população. Assim, renasce nesse contexto o caráter social e cultural da enfermidade e da medicina. A partir da Segunda Guerra Mundial há o aperfeiçoamento dos grandes inquéritos epidemiológicos, principalmente a respeito das doenças não infecciosas que se haviam revelado como problemas de saúde durante o processo de seleção de recrutas para o exército. Nos Estados Unidos, a medicina preventiva se consolida como movimento ideológico, o que leva à instalação de departamentos específicos nas escolas médicas. Na Europa Ocidental, onde o pós- guerra foi marcado pelo welfare state, a assistência à saúde se integra mais claramente às políticas sociais. O século XX é marcado pela mudança das doenças prevalentes, com a crescente importância das doenças crônico-degenerativas como causas de morbidade e mortalidade e a epidemiologia progride através da pesquisa sobre temas como: a determinação das condições de saúde da população; a busca sistemática de fatores antecedentes ao aparecimento das doenças; e a avaliação das intervenções propostas para alterar a incidência ou a evolução da doença, através de estudos controlados. 1313 13 PARA SABER MAIS O desenvolvimento da epidemiologia fez com que a disciplina, antes restrita à saúde pública e aos aspectos físicos e biológicos, se expandisse para a área clínica e social. Assim, podemos dizer que a epidemiologia moderna se vale dos conhecimentos de três áreas básicas: ciências sociais, ciências biológicas e estatística. Das ciências biológicas, a epidemiologia apoia-se em conhecimentos da clínica, patologia, microbiologia, parasitologia e imunologia. Estas áreas do conhecimento contribuem para melhor descrever as doenças e classificá-las. As ciências sociais conferem à epidemiologia uma visão mais ampla. A sociedade como está organizada oferece aos indivíduos tanto proteção como também determina muitos riscos de adoecer, com maior ou menor acesso das pessoas às técnicas de prevenção de doenças e de promoção e recuperação da saúde. Os fatores que produzem as doenças são biológicos e ambientais, com significados sociais complexos. A estatística tem papel fundamental na epidemiologia. Em diversas fases da pesquisa epidemiológica, assume papel de realce, como, por exemplo, nas fases de planejamento, execução, análise e interpretação dos resultados de estudos sobre a saúde de grupos de pessoas. Após o advento da computação, na década de 1960, a estatística traz para a epidemiologia um grande avanço e transformação. À ampliação dos bancos de dados é somada a criação de técnicas analíticas com múltiplas especificações, se comparadas à analise mecânica dos dados, além disso, a computação torna possível a realização de pareamentos múltiplos, estratificação de variáveis, entre outros procedimentos mais complexos e cada vez mais precisos. 1414 3. História natural da doença História natural da doença é o nome dado ao conjunto de processos interativos compreendendo as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualqueroutro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. (LEAVELL e CLARK, 1976, p. 50). O curso da doença no organismo não é uniforme, podendo apresentar grandes variações, porém é possível delinear alguns padrões de progressão da doença que podem ser colocados em cinco categorias principais (PEREIRA, 2006): • Evolução aguda, rapidamente fatal.Evolução aguda, clinicamente evidente e com rápida recuperação na maioria dos casos. • Evolução sem alcançar o limiar clínico, de modo que o indivíduo não saberá do ocorrido, salvo se for submetido a exames laboratoriais. • Evolução crônica, que se exterioriza e progride para o êxito letal após longo período. • Evolução crônica, com períodos assintomáticos entremeados de exacerbações clínicas. Embora conceitualmente o processo saúde-doença seja contínuo, para melhor entendimento, usualmente a história natural da doença pode ser dividida em período pré-patológico e período patológico, em quatro fases a seguir: 1515 15 • Fase inicial (ou de suscetibilidade): ocorre no período pré- patológico e nesta fase ainda não há doença propriamente dita, embora existam condições que favoreçam o seu aparecimento. Vale ressaltar que as pessoas não possuem o mesmo risco de adoecer e a ocorrência da doença vai depender da interação do indivíduo com o meio. • Fase patológica pré-clínica: é a primeira fase do período patológico e nela a doença ainda está no estágio de ausência de sintomatologia, embora o organismo já apresente alterações patológicas. O seu curso pode ser subclínico e evoluir para a cura, ou progredir para a fase seguinte. Hoje já é possível fazer a detecção de diversas doenças ainda nesta fase, como, por exemplo, a hipertensão arterial assintomática. Essa detecção precoce pode resultar, muitas vezes, em maior êxito no tratamento e prevenção de complicações. • Fase clínica: é a fase de manifestação da doença. Há diferentes graus de acometimento do organismo, podendo ser leve, mediana ou de grave intensidade, e de evolução aguda ou crônica. Essa classificação vai depender da natureza da própria doença e das características e suscetibilidade do indivíduo e do meio em que vive. • Fase de incapacidade residual: esta fase caracteriza-se quando a doença não progride até a morte ou não há cura completa e as alterações anatômicas e fisiológicas se estabilizam. Nesta fase há um grande predomínio das medidas de reabilitação que visam ao desenvolvimento da pessoa afetada, que, por vezes, apresenta sequelas. 1616 Quadro 1 – Período pré-patológico e patológico da história natural da doença Período pré-patológico Período patológico Antes de o indivíduo adoecer Curso da doença no organismo humano Interação de agentes mórbidos, o hospedeiro humano e os fatores ambientais Doença precoce discernível Doença avançada Convales- cença Morte Invalidez Cronicidade LIMIAR CLÍNICO Alterações Precoces Fase de suscetibilidade Fase patológica pré-clínica Fase clínica Fase residual Recuperação Fonte: adaptado de Pereira (2006). A divisão da história natural das doenças em fases é útil para a compreensão do processo saúde-doença e para colocar os indivíduos em diferentes categorias de acordo com o risco e danos à saúde que apresentam, além de facilitar o planejamento das ações preventivas e curativas. São consideradas medidas preventivas todas aquelas utilizadas para evitar a progressão das doenças ou suas consequências. Essas medidas podem ser classificadas em medidas inespecíficas e específicas; prevenção primária, secundária e terciária; cinco níveis de prevenção; e medidas universais, seletivas e individualizadas (PEREIRA, 2005). Cada um desses níveis pode ser aplicado em fases específicas da história natural da doença, conforme descrito a seguir: • As medidas inespecíficas ou gerais têm o objetivo de promover o bem-estar das pessoas e as medidas específicas ou restritas incluem as técnicas para lidar com dada doença ou agravo à saúde em particular. Elas podem ser aplicadas em todas as fases do processo saúde-doença. 1717 17 • A prevenção primária é dirigida para a manutenção da saúde, ou seja, para evitar novos casos de doença ou agravo à saúde. As medidas são empregadas no período pré-patológico da doença e podem ser subdivididas em dois níveis: promoção da saúde (destinadas a manter o bem-estar, sem focar nenhuma doença em particular, ex.: educação sanitária, habitação adequada, empregos e salários adequados) e proteção específica (inclui medidas para impedir o aparecimento de uma determinada doença, ex.: vacinação, quimioprofilaxia, fluoretação da água). • A prevenção secundária visa à prevenção da evolução do processo patológico na tentativa de fazê-lo regredir. As medidas são utilizadas no período patológico, nas fases pré-clínica e clínica da doença, e podem ser subdivididas em dois níveis: diagnóstico e tratamento precoce (trata-se de identificar a doença em seu início, antes do aparecimento dos sintomas, para tentar evitar sua progressão, ex.: rastreamento, exames periódicos de saúde, autoexame) e limitação do dano (consiste em identificar a doença, limitar a extensão das lesões e retardar o aparecimento das complicações, se não for possível evitá-las, ex.: acesso ao serviço de saúde, tratamento adequado). • A prevenção terciária visa desenvolver a capacidade funcional do indivíduo cujo potencial foi reduzido pela doença, ou seja, promover o ajustamento do paciente a condições irreversíveis. As medidas são aplicadas na fase residual da doença e coincidem com o nível de reabilitação (ex.: terapia ocupacional, próteses e órteses, adequação das ações a uma determinada deficiência). • As medidas universais são aquelas que podem ser aplicadas a todas as pessoas já que os benefícios ultrapassam os riscos (ex.: higiene oral, dieta balanceada). As medidas seletivas são aquelas aconselhadas apenas a um subgrupo da população identificado por alguma característica marcante, como sexo, idade, ocupação (ex.: uso de proteção no trabalho). As medidas individualizadas são aquelas aplicadas unicamente na presença de uma condição 1818 que coloca o indivíduo em alto risco para o desenvolvimento da doença (ex.: quimioprofilaxia da tuberculose). Essas medidas são mais restritas e individualizadas e são utilizadas no período pré- patológico da doença. 4. Epidemiologia descritiva A epidemiologia descritiva tem como objetivo principal o conhecimento da distribuição de um evento na população e esse conhecimento pode ser utilizado para o direcionamento de ações norteadoras e para a elaboração de explicações e relações, para mostrar as razões das variações de frequências na população. O processo descritivo consiste da organização de dados de maneira a evidenciar as frequências do evento em diversos subgrupos da população, de modo a compará-los, por exemplo, entre faixas etárias, sexo e tipo de ocupação. ASSIMILE Para o conhecimento da distribuição de um evento podemos lançar mão de informações sobre a saúde que podem referir- se globalmente ou parcialmente a uma população. Quando as informações são globais, ou seja, referem-se a toda a população, dizemos que há um coeficiente geral. Exemplo: coeficiente geral de natalidade (todos os nascimentos de uma dada população em um dado período divididos pela população geral). Quando as informações são específicas, ou seja, referem-se a um subgrupo populacional, dizemos que há um coeficiente específico. Exemplo: mortalidade por sarampo, na faixa etária de 1 a 5 anos, no ano de 2011. 1919 19 Um estudo epidemiológico descritivo é composto por alguns elementos essenciais que podem ser resumidos pelos verbetes: “que”, “quem”, “onde”, “quando”, “como” e “por quê”. O “que” representa o tipo de evento que está sendo estudado. É preciso definir muito bem o evento e especificar as suas frequências em relação às seguintes características,que também podemos chamar de variáveis: • “Quem”, as pessoas que foram atingidas pelo evento. • “Onde”, os lugares em que se deu o evento. • “Quando”, o tempo em que ocorreu o evento. Além disso, é preciso que as informações sejam organizadas de forma a mostrar “como” os eventos acontecem e variam na população, no caminho de esclarecer “por quê” o evento ocorre com aquelas características, naquela população, naquele local e naquele tempo. A partir dessa detalhada descrição é possível traçar um diagnóstico da situação que se pretende estudar e levantar hipóteses para explicar a distribuição encontrada, acompanhar a evolução do problema na coletividade e atuar em função desse conhecimento, priorizando algumas intervenções e avaliando seus efeitos (PEREIRA, 2005). O estudo descritivo segue as mesmas linhas gerais de qualquer estudo científico partindo da definição do problema, identificação e exame das fontes de dados, seleção das variáveis que serão utilizadas, discussão dos principais achados apontando hipóteses para explicar o evento, análise crítica desses achados e conclusão. Um ponto importante a ser destacado para o entendimento dos estudos descritivos são as fontes de dados. As estatísticas que expressam a frequência e distribuição de um evento podem ser preparadas a partir de três tipos de fontes ou bases de dados: 2020 Para quem investiga um tema, a busca de informações se dá primeiramente a partir de estatísticas que tratem do assunto, que geralmente provêm dos sistemas de informação. As estatísticas têm a vantagem de permitir o uso imediato da informação sem precisar coletar os dados de outra forma. Na falta de estatísticas são feitos levantamentos dos dados em registros já existentes, como fichas e prontuários, e se ainda forem necessários dados adicionais que esses últimos registros não fornecem, são realizados inquéritos para obtenção dos dados junto às pessoas. TEORIA EM PRÁTICA E.C.D, 34 anos, trabalha há dois anos em uma indústria de confecção de jeans na área da produção com altas metas mensais de produção, há seis meses começou a apresentar dores nas costas que irradiam para o braço, formigamento, 2121 21 choques no membro e perda de força nas mãos, o que a impede de cumprir sua jornada de 8 horas de trabalho no corte de tecido. Três de suas colegas de trabalho estão afastadas devido aos mesmos problemas e uma delas foi diagnosticada com tendinite. Com base na situação apresentada, faça uma análise da história natural da doença aplicada ao caso, elenque a sua tríade clássica, a fase da história natural da doença e os níveis de prevenção primários que devem ser aplicados para prevenir novos casos da doença em questão. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Assinale a alternativa que apresenta o objetivo da epidemiologia. a. Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades. b. Fornecer subsídios para o aumento dos problemas de saúde na população. c. Compreender o processo saúde-doença. d. Planejar ações preventivas e curativas à saúde. e. Promover o bem-estar das pessoas. 2. O desenvolvimento da bacteriologia na segunda metade do século XIX influenciou profundamente as primeiras décadas do século XX, levando à reorientação do pensamento médico e ao fortalecimento da medicina organicista e científica. 2222 Assinale a alternativa que indica uma consequência do desenvolvimento da bacteriologia: a. Cresce a importância das doenças crônico- degenerativas como causas de morbidade e mortalidade. b. A medicina preventiva se consolida como movimento ideológico, o que leva à instalação de departamentos específicos nas escolas médicas. c. O estudo das doenças infecciosas foi solidificado, dando a impressão de que as doenças poderiam ser explicadas por uma única causa, o agente etiológico. d. Há o aperfeiçoamento dos grandes inquéritos epidemiológicos, principalmente a respeito das doenças não infecciosas. e. Renasce o caráter social e cultural da enfermidade e da medicina. 3. Assinale a alternativa que contenha fases da história natural das doenças. a. Fase pré-patológica e fase pré-clínica. b. Fase inicial ou de suscetibilidade e fase clínica. c. Fase pré-patológica e fase clínica. d. Fase capacidade residual e fase clínica. e. Fase residual e fase pré-patológica. 2323 23 Referências bibliográficas AIE. Associação Internacional de Epidemiologia. Guia de métodos de Enseñanza. IEA/OPAS/OMS, Publ. Cient. 266, 1973, 246p. FILHO, A. N.; ROUQUAYROL, M. Z. Introdução à Epidemiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 281 p. LEAVEL, H.; CLARK, E. G. Medicina Preventiva. São Paulo: Megraw-Hill, 1976, 744p. PEREIRA, M. G. Epidemiologia teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia e Saúde. Rio de Janeiro: MEDSI, 1993. Gabarito Questão 1 – Resposta A Entre os principais objetivos da epidemiologia estão: identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades e fornecer subsídios para a redução dos problemas de saúde na população. Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente! Questão 2 – Resposta C O desenvolvimento da bacteriologia na segunda metade do século XIX influenciou profundamente as primeiras décadas do século XX, levando à reorientação do pensamento médico e ao fortalecimento da medicina organicista e científica, e o individual suplanta o coletivo na abordagem da doença e seus determinantes. As bases biológicas para o estudo das doenças infecciosas foram solidificadas, dando a impressão de que as doenças poderiam ser explicadas por uma única causa, o agente etiológico, e as pesquisas em epidemiologia passaram a ter forte componente ambulatorial. O conhecimento básico sobre as doenças transmissíveis cresce rapidamente, dirigindo o conhecimento epidemiológico para os processos de transmissão ou controle de epidemias. Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente!. 2424 Questão 3 – Resposta B A história natural da doença pode ser dividida em período pré-patológico e período patológico, e em quatro fases: inicial ou de suscetibilidade, patológica pré-clínica, clínica e incapacidade residual. Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente!. 2525 25 Principais doenças relacionadas ao trabalho Autor: Alessandro Formeton Objetivos • Conhecer a epidemiologia das principais doenças e agravos relacionados ao trabalho. • Compreender os riscos ocupacionais: químico, físico, biológico e ergonômico. • Apresentar as relações entre o adoecimento e os riscos do trabalho. 2626 1. Epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis: principais doenças relacionadas ao trabalho Observa-se um aumento significativo na incidência de doenças crônicas degenerativas relacionadas ao aumento da exposição a agentes tóxicos de origem ambiental ou ocupacional. Tal fenômeno é resultado das mudanças do processo produtivo e do uso de novas tecnologias. Neste sentido, serão apresentados a seguir alguns aspectos relacionados aos riscos químico, biológico, ergonômico e físicos. 1.1 Risco químico O risco químico é o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos como solventes, agrotóxicos, metais pesados, entre outros. 1.1.1 Mercúrio A exposição ocupacional ao mercúrio é conhecida desde a antiguidade, quando era usado na decoração e pintura de castelos. A industrialização diversificou sua aplicação, além de ser utilizado como cosmético em ambiente médico hospitalar e em restaurações de amálgama na odontologia (FARIA, 2003). O Hidrargirismo é a denominação da doença ocupacional decorrente da intoxicação por mercúrio. Atualmente, a exposição ao mercúrio ocorre em atividades como garimpo, manipulação de amálgamas, indústria elétrica, na produção de cloro e soda. Inúmeros acidentes ambientais têm levado à contaminação das águas, de peixes e crustáceos que são consumidos pela população. Em seres humanos, a mortalidade devido à contaminação por mercúriovaria de 7% a 11%, sendo que muitos sobreviventes apresentam sequelas neurológicas. Em intoxicações agudas, são observados efeitos como depressão do sistema respiratório, alterações cardiovasculares 2727 27 (edema pulmonar) e gastrointestinais (diarreia, vômito, corrosão da mucosa gástrica). Já em intoxicações crônicas, observa-se alteração do sistema nervoso central, levando a danos cerebrais irreversíveis. 1.1.2 Chumbo A intoxicação ocupacional por chumbo é denominada Saturnismo e o aumento da sua incidência é uma consequência do processo de industrialização. Ela ocorre em atividades como mineração, fundição, manipulação de baterias elétricas, soldas, manipulação de sucatas, indústria de plástico e tinturas. A absorção do chumbo ocorre por contato com a pele, ingestão de alimentos ou água contaminada e, na maioria dos casos, por inalação. Ele tem ação tóxica sobre o sistema nervoso, promovendo a desmielinização e degeneração dos axônios, o que pode provocar um dano ao nervo periférico conhecido como “queda do punho” devido à paresia do nervo radial. Observam-se ainda como sintomas gerais: cólicas abdominais, anemia e neuropatia. 1.1.3 Agrotóxicos Os agrotóxicos são utilizados para o controle de pragas na agricultura, combate a vetores, tratamento de madeiras, produção de flores e na pecuária. Quanto à classificação, temos: inseticidas (organofosforados, carbonatos e organoclorados), fungicidas, herbicidas, paraquat e agente laranja (utilizado como arma de guerra no Vietnã). PARA SABER MAIS A intoxicação por agrotóxicos atinge principalmente os trabalhadores rurais, porém, pode atingir outros profissionais que atuam na produção, transporte, 2828 manipulação e armazenamento. Nos casos de intoxicação crônica, os sintomas aparecem de forma tardia e são indefinidos, já nos casos de intoxicação aguda, os sintomas são severos. Os sintomas são variáveis, podendo ser classificados como leves (fadiga, cefaleia e distúrbios gastrointestinais), moderados (fraqueza, dificuldade de fala, mialgia) e intensos (dificuldade respiratória, sudorese intensa, náuseas e vômitos). 1.1.4 Solventes A manipulação de solventes ocorre principalmente em indústrias petroquímicas, na produção e manipulação de vernizes, tintas, colas e plásticos. Muito frequentemente, a absorção ocorre por inalação, uma vez que existe uma alta solubilidade desses elementos na corrente sanguínea. Entre os sintomas temos: irritabilidade, depressão respiratória, agitação psíquica, cefaleia severa, fadiga, perda de memória. 1.2 Risco biológico O risco biológico é o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos contendo microrganismos, como bactérias, vírus, fungos, parasitas, ou secreções, como sangue. O risco biológico é frequentemente observado em atividades de profissionais de saúde, como enfermeiros, fisioterapeutas, médicos e dentistas, mas outros profissionais também estão expostos ao manipular alimentos, lixo, restos de animais e meios de cultura. Os acidentes com material biológico são classificados em: leves 2929 29 (contato com secreções, urina ou sangue em pele íntegra), moderados (contato com secreções ou urina em mucosas; sem sangue visível) e graves (contato de líquido orgânico contendo sangue visível com mucosas ou exposição percutânea com materiais perfurocortantes). Estima-se que, após a exposição percutânea com agulha contaminada, o risco de contaminação com o vírus da hepatite B (HBV) é de 6 a 30%, com o vírus da hepatite C (HCV) é de 0,5 a 2% e com o vírus da AIDS (HIV), de 0,3 a 0,4% (BRASIL, 2005). Profissionais que atuam diretamente em contato com o público (recepcionistas, enfermeiros, professores) estão sujeitos a contato com pessoas portadoras de enfermidades e podem ser acometidos por virose, escabiose e infecções das vias aéreas. As atividades laborais desenvolvidas por trabalhadores braçais, pedreiros, marceneiros, lixeiros, trabalhadores rurais, jardineiros, expõem esses profissionais ao risco de adquirir tétano, doença grave causada pela toxina do Clostridium tetani – bactéria que penetra no organismo via lesões da pele. 1.3 Risco ergonômico O risco ergonômico é o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao desenvolver a tarefa, considerando a biomecânica do trabalhador relacionada à carga de trabalho, ritmo e movimentos desenvolvidos. A sobrecarga estática ocorre quando o trabalhador desenvolve a atividade por longos períodos com limitação de movimentos corporais, levando à sobrecarga do sistema osteomuscular; da mesma forma, trabalhos de ritmo intenso também podem provocar lesões musculoesqueléticas e alterações psíquicas. 3030 Observa-se, frequentemente, o desrespeito da biomecânica do trabalhador na realização de tarefas que impõem movimentos de torção, flexão de tronco, braços suspensos, cadeiras sem apoios, exigência de força muscular intensa, jornadas prolongadas, controle excessivo de produtividade, repetitividade de tarefas, ritmos excessivos ou monotonia. 1.4 Risco físico Os riscos físicos são considerados as diversas formas de energia, tais como: ruído, temperaturas extremas, vibração, pressões anormais, radiação e umidade. 1.4.1 Ruído A exposição ao ruído, a curto, médio e longo prazo, pode provocar sérios prejuízos à saúde. As alterações podem ser imediatas ou graduais dependendo da exposição, nível sonoro e da sensibilidade individual. O limite para exposição ao ruído segue a lógica de quanto maior o ruído, menor deve ser a exposição. Níveis elevados de ruído podem ocasionar fadiga, perda de memória, irritabilidade, dificuldade de concentração, hipertensão, alterações cardíacas, gastrointestinais e perda temporária ou definitiva da audição. A exposição máxima ao ruído não pode ultrapassar o limite de tolerância para ruído, de acordo com o Quadro 2.1. Quadro 2.1 – Limites de tolerância para exposição ao ruído Nível de ruído dB Máxima exposição diária permissível 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4:30 horas 3131 31 90 4 horas 91 3:30 horas 92 3 horas 93 2:40 horas 94 2:40 horas 95 2 horas 96 1:45 horas 98 1:15 horas 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos Fonte: Brasil (2011, p. 2). 1.4.2 Vibração Ao operar máquinas ou manipular equipamentos o trabalhador pode ser exposto a vibrações que podem ser localizadas (uso de ferramentas manuais) ou generalizadas (operação de tratores). Essa exposição pode levar a alterações neurovasculares em membros superiores e inferiores, assim como a lesões na coluna. 1.4.3 Radiação É uma forma de energia transmitida por ondas eletromagnéticas. Pode ser classificada em dois grupos: radiações ionizantes (que podem afetar o organismo em nível celular), como aparelhos de raios X, e radiações não ionizantes (provenientes de operação em fornos, radiação ultravioleta), que geram efeitos como perturbações visuais (conjuntivites, cataratas), queimaduras, lesões na pele etc. 3232 1.4.4 Temperaturas extremas A exposição ao calor excessivo em trabalho a céu aberto, em fornos ou próximo de outras fontes de calor intenso pode levar o trabalhador a desenvolver desidratação, insolação, fadiga e alterações neurológicas. Já o trabalho em condições de frio intenso pode acarretar o desenvolvimento de congelamento, doenças respiratórias, hipotermia fadiga física. 1.4.5 Pressões anormais O trabalho em altas pressões é aquele desenvolvido com níveis de pressão acima da pressão atmosférica normal. Pode ocorrer em atividades realizadas em tubulações de ar comprimido, máquinas de perfuração, caixões pneumáticos e trabalhos executados por mergulhadores. Geralmente são usados na construção de pontes e barragens. A variação brusca dos níveis de pressão pode causar mal-estar, cefaleia e embolias, podendo levar o trabalhar a óbito. 1.4.6 Umidade As atividades ou operações executadasem locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, são capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores. A exposição do trabalhador à umidade pode acarretar doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças de pele, doenças circulatórias, entre outras. 2. Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) As DORT também são conhecidas como doenças dos tecidos moles causadas por esforços repetitivos. São caracterizadas por acometer tendões, nervos e músculos de membros superiores, estão presentes em diferentes ocupações e ocorrem devido à associação de movimentos repetitivos e sobrecarga muscular. 3333 33 A fisiopatologia inclui processo inflamatório, fadiga neuromuscular e isquemia de tecidos. O diagnóstico é definido pela história ocupacional e exame físico, observa-se: dor, paresia, edema, rigidez matinal, alterações de temperatura e formigamento. O tratamento inclui a avaliação do trabalho buscando eliminar os possíveis estressores que estão fatigando o sistema osteomuscular do trabalhador. Além de eliminar a fonte, dependendo do grau de lesão o tratamento pode envolver fisioterapia, medicamentos (anti- inflamatórios) ou ato cirúrgico. 2.1 Lesões de coluna A atividade laboral gera frequentemente lesões de coluna. Os sintomas evoluem de forma gradativa e não necessariamente o trabalhador apresenta histórico de acidente ou trauma direto sobre a coluna, sendo observada relação direta entre insatisfação profissional e desconforto motor. Além dos fatores de risco individuais (idade, sexo, anormalidades musculoesqueléticas, força e resistência muscular e condicionamento físico), a coluna sofre durante a ocupação profissional com atividades de levantamento, torção e encurvamento, com posturas inadequadas e tarefas repetitivas. Dependendo do grau da lesão, além de dor local e limitação de movimento, pode ocorrer lesão do disco intervertebral. O grau de lesão, a limitação e a dor são parâmetros que devem ser avaliados para indicação de afastamento do trabalhador. Orienta-se tratamento conservador, sintomatológico, fisioterapia e avaliação do ambiente de trabalho. 2.2 Cardiorrespiratório O trabalho pode levar tanto ao agravamento de doenças preexistentes quanto à ocorrência de muitas patologias. O estresse influencia diretamente a ocorrência de patologias do miocárdio, a organização 3434 do trabalho tem relação direta sobre a saúde do trabalhador. Fatores como: carga de trabalho, insegurança, insatisfação, monotonia, grau de responsabilidade e trabalho em turnos são fatores ambientais geradores de estresse. Os nitratos orgânicos têm ação vasodilatadora, influenciando o controle da pressão arterial; os solventes são cardiotóxicos e levam à diminuição da contractilidade do miocárdio e, dependendo da exposição, podem levar à parada cardiorrespiratória. Gases, partículas suspensas, fumos e aerossóis são absorvidos pelos pulmões. As partículas maiores atingem nasofaringe e traqueia, já as partículas menores chegam aos brônquios e alvéolos. A gravidade das lesões é determinada pela natureza do agente, tempo de exposição, concentração do agente e suscetibilidade do indivíduo. ASSIMILE Os principais agentes causadores de lesões pulmonares são: arsênico, sílica, poeiras de algodão, asbesto, gás cloro, flúor e poeiras de resíduos biológicos. 2.3 Rins e fígado Tanto os rins quanto o fígado são órgãos filtradores que desempenham função de desintoxicação do organismo. Quando o trabalhador é exposto a uma substância química tóxica, observam-se reflexos na atividade devido a lesões agudas ou crônicas que interferem na eficiência desses órgãos. A hepatite aguda pode ocorrer devido à exposição a solventes alifáticos, aromáticos e metais, como arsênico, chumbo e fósforo. Já a manifestação crônica ocorre de forma tardia e pode ser associada a medicamentos, 3535 35 álcool e infecções virais. O diagnóstico diferencial buscando identificar possível relação com o trabalho é feito com base na história clínica- ocupacional e análise dos riscos a que o trabalhador está exposto. TEORIA EM PRÁTICA A. M.C, 34 anos, trabalha há um ano em uma indústria de produção de tinturas, atuando diretamente no processo de produção de tintas necessitando manipular compostos de chumbo e solventes em seu processo de trabalho. Também trabalha exposto ao ruído e altas temperaturas pela proximidade de caldeiras. Além disso, constantemente apresenta-se em posições de trabalho incomodas, ficando grande parte do tempo em pé, porém necessitando se agachar e se curvar durante o processo de produção, incluindo movimentos repetitivos. Classifique os riscos ocupacionais apresentados no processo de trabalho de produção de tintas, para cada tipo de risco relatado quais as patologias ocupacionais a que o trabalhador está exposto? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. O levantamento de situações de risco é uma estratégia que tem como objetivo: a. Avaliar o indivíduo. b. Controle estatístico de doenças. c. Informação em saúde. 3636 d. Avaliar situações e acontecimentos que podem levar a agravos da saúde. e. Implantar serviços de saúde. 2. Dentre as alternativas, que lesão o trabalhador que sofre intoxicação crônica por mercúrio pode apresentar? a. Varizes. b. Osteopenia. c. Lesões no Sistema Nervoso Central. d. Hipotireoidismo. e. Hipotensão. 3. Risco ergonômico pode ser definido como: a. Risco de acidentes ou situações que podem levar à ocorrência de acidentes, tais como máquinas e equipamentos sem manutenção adequada ou com defeito. b. É o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos contendo microrganismos, como bactérias, vírus, fungos, parasitas, ou secreções, como sangue. c. É o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos, como solventes, agrotóxicos, metais pesados, entre outros. d. É o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao desenvolver a tarefa considerando a biomecânica do trabalhador relacionada à carga de trabalho, ao ritmo e aos movimentos desenvolvidos. 3737 37 e. Intoxicação por agrotóxico, que atinge principalmente os trabalhadores rurais, porém pode atingir outros profissionais que atuam na produção, transporte, manipulação e armazenamento. Referências bibliográficas BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. BRASIL, Ministério do Trabalho. NR32. Segurança e segurança no trabalho em serviços de saúde. Brasília: Ministério do Trabalho em Emprego, 2005. BRASIL, Ministério do Trabalho. NR15. Atividades e operações insalubres. Brasília: Ministério do Trabalho em Emprego, 2011. FARIA, M. A. M. (2003). Mercuralismo metálico crônico ocupacional. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v.37, n.1. MEDRONHO, A. R. Epidemiologia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2009. MORAES, Giovanni; BENIT, Juarez (orgs.). Normas Regulamentadoras Comentadas. Legislação de segurança e saúde no trabalho. 2ª ed. Rio de Janeiro: GVC, 2000. ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia e Saúde. Rio de Janeiro: MEDSI, 1993. Gabarito Questão 1 – Resposta D Áreas e situações de risco: o levantamento desses dados tem como objetivo avaliar situações e acontecimentos que podem levar a agravos de saúde. Exemplos: condições de saneamento, abastecimento, qualidade de água, exposição a agentes tóxicos. Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente! Questão 2 – Resposta C Em seres humanos, a mortalidade devido à contaminação por mercúrio varia de 7% a 11%, sendo que muitos sobreviventes 3838 apresentam sequelas neurológicas. Em intoxicações agudas são observados efeitos como depressão do sistema respiratório, alterações cardiovasculares (edema pulmonar) e gastrointestinais (diarreia, vômito, corrosão da mucosa gástrica). Já em intoxicações crônicas, observa-se alteração do sistema nervoso central,levando a danos cerebrais irreversíveis. Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente! Questão 3 – Resposta D Risco ergonômico é o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao desenvolver a tarefa, considerando a biomecânica do trabalhador relacionada à carga de trabalho, ao ritmo e aos movimentos desenvolvidos. Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente! 3939 39 Estudos epidemiológicos Autor: Alessandro Formeton Objetivos • Compreender as principais características e classificações dos estudos epidemiológicos, utilizados para melhor conhecer a saúde da população. • Apresentar os cinco principais estudos empregados em epidemiologia: o ensaio clínico randomizado, o estudo de coorte, o estudo de caso controle, o estudo transversal e o estudo ecológico. 4040 1. Introdução Com o objetivo de melhor conhecer a saúde da população, os fatores que a determinam, a evolução do processo saúde-doença e o impacto das ações de saúde, a ciência desenvolveu métodos de investigação que se adéquam a diversas situações, tendo, cada um, suas vantagens e suas limitações. Na investigação de um tema, três estratégias têm sido utilizadas: o estudo de caso, a investigação experimental em laboratório e a pesquisa ao nível de população. Os estudos de casos são utilizados para uma avaliação inicial de problemas ainda pouco conhecidos. Trata-se de observar um ou mais indivíduos com a mesma doença ou evento e, a partir da descrição detalhada, traçar um perfil das suas principais características. Na investigação experimental de laboratório é possível imprimir maior precisão às etapas da investigação. O grau de subjetividade é reduzido pela adoção de rigorosos controles, que servem também de parâmetro para a comparação dos resultados. A pesquisa populacional é a abordagem central dos estudos epidemiológicos e, a partir desse momento, será estudada mais profundamente. 2. Classificação dos métodos utilizados em epidemiologia Muitos são os critérios para classificar os métodos utilizados na epidemiologia, dependendo do ângulo a partir do qual os métodos são enfocados. A seguir, conheça alguns desses critérios e classificações. 2.1 Experimentação x Observação As informações científicas podem ser geradas por experimentação ou por observação. Os estudos experimentais destinam-se a testar uma associação entre eventos, buscando verificar se há relação causal entre eles, e as condições de estudo estão sob controle direto do pesquisador. 4141 41 Já nos estudos observacionais não há intervenção e a investigação acontece a partir da observação de situações que ocorrem naturalmente. Os objetivos deste tipo de estudo são descrever a distribuição de um parâmetro na população ou testar uma hipótese sobre associação entre dois eventos, sem usar experimentação. 2.2 Estudo descritivo x Analítico Esta é uma das classificações mais utilizadas na epidemiologia. Os estudos descritivos têm o objetivo de informar sobre a distribuição de um evento na população em termos quantitativos e podem ser de incidência ou prevalência. Não há formação de grupo controle e por isso são considerados estudos não controlados. Exemplo: a prevalência de hepatite B entre voluntários à doação de sangue; as principais causas de óbitos da população de um dado município. Os estudos analíticos estão subordinados a uma questão científica – a hipótese, que relaciona eventos: uma suposta causa e um dado efeito. O intuito deste tipo de estudo é explorar em profundidade essa relação causa-efeito. Há presença de um grupo de controle formado simultaneamente com o grupo de estudo que serve para a comparação dos resultados. Exemplo: a exposição de um indivíduo a um fator de risco e a ocorrência do diabetes. O modo como os grupos de estudo e controle são formados gera os diferentes tipos de estudos analíticos (estudo experimental randomizado, estudo de coorte, estudo de caso controle e estudo transversal). As principais características desses estudos serão apresentadas mais à frente, nesta aula. 2.3 Estudo de caso x Série de casos O que diferencia um tipo de estudo do outro é a quantidade de indivíduos investigados. A inclusão de um ou poucos indivíduos caracteriza o estudo de caso. Um número maior de pessoas incluídas na investigação constitui a série de casos. Nesses estudos, não há grupo de controle e por isso também são considerados estudos não controlados. 4242 2.4 Estudo controlado x Estudo não controlado O termo “estudo controlado” está relacionado a dois aspectos dos estudos – neutralização de fatores que confundem a interpretação dos resultados e existência de grupo de controle –, embora o segundo critério tenha sido o mais utilizado para diferenciar esses tipos de estudo. Em epidemiologia, existe um consenso entre os especialistas de que, para melhor testar as hipóteses, é conveniente dispor de grupo de controle, de modo a possibilitar um referencial adequado de comparação (PEREIRA, 2005). 2.5 Estudo transversal x Longitudinal Transversal, seccional e prevalência são termos utilizados como sinônimo e quando os dados relativos aos indivíduos que compõem a amostra do estudo referem-se a um determinado momento na vida das pessoas. Exemplo: renda familiar, estado imunitário das crianças naquele dia. Em investigações desse tipo, não há seguimento das pessoas para saber efeitos decorridos depois de passado certo tempo. Longitudinal refere-se à pesquisa em que cada indivíduo é observado em mais de uma ocasião. Este tipo de investigação tem o sentido de detectar mudanças no indivíduo com o passar do tempo. Exemplo: investigação do crescimento e desenvolvimento de crianças. 2.6 Estudo prospectivo x Retrospectivo O termo prospectivo tem a conotação de “seguimento” do presente ao futuro, ou seja, de ligação de um evento atual com um evento futuro. A condição para que uma pesquisa seja considerada prospectiva é a circunstância de o efeito ainda não ter ocorrido quando os participantes iniciarem o estudo. Exemplo: em pesquisa sobre o tabagismo, os fumantes são acompanhados para verificar os resultados clínicos que possam estar relacionados ao hábito de fumar. 4343 43 O termo retrospectivo tem a conotação de utilização de dados do passado sobre a exposição ou doença. Exemplo: manutenção de um arquivo sobre a evolução de uma doença. 2.7 Estudo paralelo x Cruzado Em investigações comparativas, quando os indivíduos participantes do estudo são mantidos no grupo em que foram colocados desde o início até o final da pesquisa, caracteriza-se um estudo paralelo. Em contrapartida, quando há mudança de um grupo para outro após um certo tempo de observação, temos um estudo cruzado. 2.8 Estudo experimental x Quase experimental A palavra experimental caracteriza qualquer investigação na qual o pesquisador decide quais pessoas ou grupos serão expostas ou não ao fator cujo efeito está sob pesquisa, ou seja, há o controle do pesquisador sobre as variáveis pesquisadas. As investigações quase experimentais são definidas como experimentos em que o investigador não tem completo controle sobre a alocação ou o momento da intervenção (LAST, 1988). Além disso, esses estudos implicam uma intervenção e não há emprego da alocação aleatória na formação dos grupos de comparação. 2.9 Estudo randomizado x Não randomizado Estes termos são utilizados em relação ao controle da composição dos grupos pertencentes ao estudo. Diz-se que um estudo é randomizado quando os grupos são alocados a partir de processos aleatórios de seleção de casos, buscando uma distribuição equilibrada de variáveis de confundimento. Já nos estudos não randomizados, os grupos experimental e de controle são escolhidos a partir de critérios de disponibilidade ou conveniência (FILHO e ROUQUAYROL, 2006). 4444 3. Principais tipos de estudos epidemiológicos Nesta seção serão apresentadas as principais características, vantagens e limitações dos principais estudos epidemiológicos.3.1 Estudo experimental: o ensaio clínico randomizado O ensaio clínico randomizado é um tipo de experimento no qual os indivíduos são alocados aleatoriamente nos grupos de estudo (ou experimental) e controle (ou testemunha), de modo a serem submetidos a uma intervenção e terem seus efeitos avaliados. Através desse tipo de pesquisa, visa-se responder uma questão central: quais os efeitos da intervenção? O ensaio clínico randomizado é considerado o padrão de excelência de todos os métodos de investigação em epidemiologia, pois é o que produz evidências mais diretas para esclarecer uma relação de causa e efeito entre dois eventos. O delineamento desse tipo de estudo pode ser esquematizado em etapas. Primeiramente, escolhe-se a população para a realização da pesquisa em função de ser portadora de características específicas, que interessam para a hipótese em estudo. Cada indivíduo que aceita participar do estudo é colocado aleatoriamente em um dos grupos. O intuito é formar dois grupos semelhantes a fim de diminuir os efeitos dos fatores que poderiam causar confusão na interpretação dos resultados. O grupo experimental recebe o tratamento que está sendo testado e o grupo de controle recebe o alternativo. Os grupos são acompanhados, observados ou examinados de maneira semelhante. 4545 45 PARA SABER MAIS O objetivo do estudo experimental consiste em introduzir um fator de diferença entre os grupos e verificar o impacto do tratamento diferencial, através da comparação dos resultados. Entre as principais vantagens desse método podemos citar: • Alta credibilidade como produtor de evidências científicas. • A qualidade dos dados sobre a intervenção e os efeitos pode ser de excelente nível, já que é possível proceder à sua coleta no momento que os fatos ocorrem. • A interpretação dos resultados é simples, pois estão relativamente livres de fatores de confundimento. Entre as limitações, podemos apontar: • Por questões éticas, muitas situações não podem ser experimentalmente investigadas, como os efeitos de virose na gravidez sobre o recém-nascido. • Requer estrutura administrativa e técnica de porte razoável, estável e bem preparada. • Exigência de população estável e cooperativa. 3.2 Estudo de coorte Trata-se de uma pesquisa em que um grupo de pessoas é identificado, a informação sobre a exposição de interesse é coletada e o grupo é seguido no tempo com o objetivo de determinar quais de seus membros desenvolveram a doença e se essa exposição prévia está relacionada à doença. 4646 Formam-se dois grupos, os “expostos” e os “não expostos”, de modo que os resultados sejam comparados. Vale ressaltar que a exposição, neste caso, não é aleatória. A questão a ser esclarecida por um estudo de coorte é: quais os efeitos da exposição? Em relação ao delineamento do estudo, uma população ou amostra é selecionada em função de apresentar características que possibilitem a investigação. Por observação determina-se o nível de exposição a que a população está ou esteve submetida, então, a incidência dos desfechos clínicos nos dois grupos é determinada por acompanhamento. Entre as vantagens desse tipo de estudo, podemos destacar: • Não há problemas éticos quanto às decisões de expor as pessoas a fatores de risco ou tratamentos. • A qualidade dos dados sobre a exposição pode ser de excelente nível, já que é possível coletar os dados no momento que os fatos ocorrem. • Os dados referentes à exposição são conhecidos antes da ocorrência da doença. Quanto às limitações, pode-se destacar: • O número de pessoas a ser acompanhado costuma ser grande. • Mudança de categoria de exposição pode levar a erros de classificação de indivíduos quanto à exposição. • Em muitas situações os resultados somente são obtidos após longo prazo de seguimento. Os estudos de coorte podem ser classificados em prospectivo e histórico, e o critério para diferenciá-los é a exposição do investigador frente aos acontecimentos. 4747 47 No estudo de coorte prospectivo, o investigador acompanha de corpo presente o desenrolar da investigação e é em direção ao futuro. O pesquisador toma conhecimento da exposição nas pessoas antes de ocorridos os desfechos clínicos. No estudo de coorte histórico ou retrospectivo, o investigador tem a consciência de que tanto a exposição quanto a doença já ocorreram e que os dados de interesse podem ser recolhidos por pesquisas em arquivos ou por anamnese. 3.3 Estudo de caso controle Esse tipo de estudo parte do efeito de elucidar a causa. As pessoas são escolhidas porque têm a doença (os casos) e pessoas comparáveis que não possuem a doença (os controles) são investigadas para saber se foram expostas a fatores de risco, de modo a determinar se esses fatores de risco são causas da doença. É uma pesquisa retrospectiva – parte do doente. A questão de pesquisa a ser respondida é: quais as causas da doença? Em linhas gerais, o delineamento da pesquisa se inicia com a escolha de uma população para o estudo, em função de apresentar características de interesse. Especificam-se com objetividade os critérios de inclusão e exclusão para definir o que seja um caso da doença. A cada caso são escolhidos controles adequados que devem ter tido a mesma probabilidade de serem expostos ao fator de risco em investigação, mas que não devem ter a doença. Em seguida, verifica-se o nível de exposição ao fator de risco dos grupos de caso e controle. A coleta de dados, nesse tipo de estudo, pode ser feita através de entrevista ou pesquisa em prontuários, atestados e resultados de exames laboratoriais. O importante é a coleta ser feita com o mesmo rigor para os dois grupos a fim de evitar um viés de aferição. 4848 Quanto às vantagens desse tipo de estudo, cita-se: • Os resultados são obtidos rapidamente. • Baixo custo. • Muitos fatores de risco podem ser investigados simultaneamente. • Não há necessidade de acompanhamento dos participantes. Entre as limitações temos: • A seleção do grupo de controle é uma grande dificuldade. • Os dados de exposição no passado podem ser inadequados, incompletos nos prontuários ou falhos quando baseados na memória das pessoas. • Se a exposição é rara, pode ser difícil realizar o estudo ou interpretar os resultados. 3.4 Estudo transversal Este tipo de investigação, também chamado de seccional, corte ou corte transversal, representa a forma mais simples de pesquisa populacional. É uma pesquisa em que a relação exposição-doença é examinada em uma dada população, em um dado momento. A população em um estudo transversal é reunida em momento definido pelo investigador que, em geral, refere-se à coleta de dados. Uma população é selecionada para o estudo em função de apresentar características que possibilitem a investigação, são coletados os dados de cada indivíduo e somente na análise é que os grupos de expostos e não expostos são formados, pois é apenas nessa fase que essas informações são conhecidas. 4949 49 ASSIMILE As questões científicas que um estudo transversal visa responder são: quais as frequências do fator de risco e da doença? A exposição ao fator de risco e a doença estão associadas? Os resultados informam sobre a situação existente em um momento particular, característica muito útil para o planejamento em saúde. Entre as principais vantagens desse tipo de estudo, destacam-se: • Simplicidade e baixo custo. • Rapidez – os dados referem-se a um único momento e podem ser coletados em um curto período. • Objetividade na coleta de dados. • Não há necessidade de seguimento das pessoas. • Boa opção para descrever as características dos eventos na população. Quanto às limitações, pode-se citar: • Dados da exposição atual não podem representar a exposição passada. • A relação cronológica entre os eventos pode não ser facilmente detectada. • Não determina risco absoluto, é possível uma estimativa direta. • Possibilidade de erros de classificação, os casos podem não sermais casos no memento da coleta. 5050 3.5 Estudos ecológicos Também conhecidos como estudos de grupos, de agregados, de conglomerados, estatísticos ou comunitários, trata-se de uma pesquisa realizada com estatísticas e a unidade de análise é constituída de grupos de indivíduos, não se sabe se um particular indivíduo da população investigada é exposto ou doente, apenas as informações globais estão disponíveis, por exemplo, a proporção de expostos e doentes naquela população. Entre as vantagens dos estudos ecológicos estão: • Simplicidade e baixo custo, não há fase de coleta de dados caso a caso. • Rapidez. • As conclusões são generalizáveis com mais facilidade do que em estudos em base individual. Entre as limitações estão: • Não há acesso a dados individuais, somente a informações estatísticas. • Nem sempre o que se aplica ao todo é aplicável a cada parte desse todo. • Possibilidade de efetuar muitas comparações, o que facilita encontrar correlações apenas ao acaso. • Dados de fontes diferentes podem significar qualidade variável da informação. Os estudos ecológicos são muito utilizados para levantar as possíveis relações causais, para testar hipóteses etiológicas e avaliar o efeito das intervenções. É possível também planejar um estudo desse tipo, incluindo no planejamento a randomização de áreas e outros agregados. 5151 51 Depois da alocação aleatória, faz-se a intervenção de modo que certas áreas ou grupos sejam expostos a uma forma de tratamento, caracterizando o grupo experimental, enquanto as demais sirvam de controle, visto que não recebem o tratamento em foco. TEORIA EM PRÁTICA Você, como enfermeiro do trabalho de uma metalúrgica, deverá realizar um estudo para levantar incialmente o perfil sociodemográfico, o estilo de vida e perfil de saúde de todos os trabalhadores do setor de produção. Após o estudo, os dados serão analisados e você terá que propor uma intervenção com enfoque no estilo de vida e perfil de saúde desses trabalhadores. Depois da intervenção, a próxima etapa será avaliar novamente os dados de estilo de vida e perfil de saúde para verificar a efetividade de sua intervenção. Considerando os principais tipos de estudos observados, quais os melhores métodos de estudo epidemiológico para conduzir as etapas dessa pesquisa? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Os estudos experimentais destinam-se a: a. Descrever a distribuição de um parâmetro na população ou testar uma hipótese sobre associação entre dois eventos, sem usar experimentação. b. Testar uma associação entre eventos, buscando verificar se há relação causal entre eles. 5252 c. Informar sobre a distribuição de um evento na população em termos quantitativos. d. Detectar mudanças no indivíduo com o passar do tempo. e. Explorar em profundidade a relação causa-efeito. 2. Assinale a alternativa que descreve o objetivo dos estudos analíticos. a. Explorar em profundidade a relação causa-efeito de uma hipótese. b. Informar sobre a distribuição de um evento na população em termos quantitativos. c. Determinar quais membros desenvolveram a doença e se a exposição prévia está relacionada à doença. d. Verificar o nível de exposição ao fator de risco dos grupos de caso e controle. e. Examinar a relação exposição-doença, em uma dada população, em um dado momento. 3. Assinale a alternativa que descreve um estudo randomizado. a. Quando os grupos experimentais e de controle são escolhidos a partir de critérios de disponibilidade ou conveniência. b. Quando os indivíduos participantes do estudo são mantidos no grupo em que foram colocados desde o início até o final da pesquisa. 5353 53 c. Quando há mudança de um grupo para outro após certo tempo de observação. d. Quando os grupos são alocados a partir de processos aleatórios de seleção de casos. e. Quando os dados relativos aos indivíduos que compõem a amostra do estudo referem-se a um determinado momento na vida das pessoas. Referências bibliográficas FILHO, A. N.; ROUQUAYROL, M. Z. Introdução à Epidemiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 281p. LAST, J. M. A dictionary of epidemiology. New York, Oxford University Press, 1988. PEREIRA, M. G. Epidemiologia teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Gabarito Questão 1 – Resposta B Os estudos experimentais destinam-se a testar uma associação entre eventos, buscando verificar se há relação causal entre eles, e as condições de estudo estão sob controle direto do pesquisador. Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente! Questão 2 – Resposta A Os estudos analíticos estão subordinados a uma questão científica – a hipótese, que relaciona eventos: uma suposta causa e um dado efeito. O intuito desse tipo de estudo é explorar em profundidade a relação causa-efeito. Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente! 5454 Questão 3 – Resposta D Diz-se que um estudo é randomizado quando os grupos são alocados a partir de processos aleatórios de seleção de casos, buscando uma distribuição equilibrada de variáveis de confundimento. Feedback de reforço: Retome a leitura e tente novamente! 5555 55 Monitoramento clínico- epidemiológico das populações humanas expostas a situações de risco Autor: Alessandro Formeton Objetivos • Conhecer as principais estratégias de monitoramento clínico em saúde ocupacional. • Utilizar o método epidemiológico como ferramenta de avaliação e promoção da saúde, tendo como enfoque as populações humanas expostas à situação de risco. 5656 1. Introdução O sucesso dos programas de prevenção depende do diálogo claro e objetivo com a diretoria da empresa a fim de nortear quais estratégias serão adotadas. Três situações prevalecem: I. Cumprimento Básico de Normas, neste caso a empresa adota somente o mínimo exigido pela legislação. II. Programas Específicos de Saúde do Trabalhador, quando o empregador entende que o investimento em ações além do exigido pela legislação confere melhor saúde ao trabalhador e, com isso, maior produtividade. III. Situação Intermediária, quando se tem o cumprimento das normas mínimas e ações mais específicas em situações pontuais, como em atividades de maior risco. 2. Vigilância epidemiológica Muitos são os critérios para classificar os métodos utilizados na epidemiologia, dependendo do ângulo a partir do qual os métodos são enfocados. A seguir, conheça alguns desses critérios e classificações. Ações de vigilância epidemiológica são praticadas desde a antiguidade. Já nos tempos de Maomé, pessoas eram aconselhadas a evitar locais com epidemias, da mesma forma as que já fossem acometidas não deveriam sair. É no século XVII que se inicia a sistematização da coleta de dados e o acompanhamento de doenças, buscando a proteção à saúde. Somente no final do século XIX, com a política de controle de pestes, tem-se a implantação da vigilância epidemiológica como ação dos serviços de saúde. 5757 57 Na primeira metade do século XX, os Estados Unidos da América (EUA) criam o CDC (Communicable Diseases Center) com o programa de controle de malária para as regiões de guerra. Porém, somente em 1965 a Organização Mundial de Saúde (OMS) cria uma unidade de vigilância epidemiológica. Conhecida como polícia médica, as ações iniciais de vigilância epidemiológica eram limitadas a pessoas, utilizavam-se medidas como isolamento e quarentena de forma individual. Com a intensificação das relações comerciais entre países, acentuam-se as ações de caráter coletivo, como controle de vetores, saneamento e campanhas de vacinação. Atualmente, por definição, entende-se vigilância epidemiológica como: um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de doenças ou agravos. (BRASIL, 1990). 2.1 Conceitos fundamentais em vigilância epidemiológicaVigilância epidemiológica é definida como o conjunto de atividades que proporciona a informação indispensável para conhecer, detectar ou prever qualquer mudança que possa ocorrer nos fatores condicionantes do processo saúde-doença, tendo por finalidade a prevenção e controle de doenças (ROUQUAYROL,1994). Dados são divididos em: demográficos, morbidade, mortalidade e áreas e situações de risco. Veja a seguir mais detalhadamente: • Demográficos São dados utilizados na estimativa de taxas e coeficientes, possibilitam comparação entre grupos populacionais. As fontes mais utilizadas para obtenção desses dados são o Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC) e o censo demográfico. Exemplos: número de habitantes, sexo e idade. 5858 • Morbidade Refere-se à ocorrência sintomática ou assintomática de surtos e epidemias, sendo que as doenças já são conhecidas ou endêmicas. Exemplos: casos de HIV e dengue. Algumas doenças necessitam de um monitoramento especial, sendo assim, existe uma lista de doenças de notificação compulsória, e a ocorrência desses agravos necessariamente deve ser informada à vigilância epidemiológica. • Mortalidade Diz respeito aos dados referentes ao número de mortes, obtidos através das declarações de óbito. Observa-se a distribuição de óbitos por idade, sexo, causa e local. A causa de morte é registrada segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID) com o objetivo de padronizar as denominações podendo, assim, utilizar esses dados para comparações e compreender a distribuição de agravos por período, região, sexo. • Áreas e situações de risco O levantamento desses dados tem como objetivo avaliar situações e acontecimentos que podem levar a agravos de saúde. Exemplos: condições de saneamento, abastecimento, qualidade de água e exposição a agentes tóxicos. 3. Controle do absenteísmo Absenteísmo é a expressão utilizada para designar a falta do empregado ao trabalho, ou seja, é a soma dos períodos em que o trabalhador de determinada empresa se encontra ausente do trabalho (CHIAVENATO, 1994). Historicamente, absenteísmo era o termo utilizado para nomear os produtores rurais que abandonavam o campo para viver nas cidades. Com a revolução industrial, absenteísmo tornou-se termo utilizado para se referir aos trabalhadores que faltavam ao trabalho. 5959 59 Absenteísmo, também denominado ausentismo, é definido como hábito de não comparecer, de estar ausente, não comparecer ao trabalho, a uma reunião, às aulas, ausência do emprego (FERREIRA, 2004). Para Couto (1987), o absenteísmo é definido por: • Falta injustificada, cujo requerimento não foi deferido pela chefia e não justificada, ficando o trabalhador sujeito a descontos salariais e sanções disciplinares. • Falta justificada, quando o motivo alegado é considerado justo. • Licença saúde, comprovada por atestado médico, podendo o trabalhador gozar da licença para tratamentos de saúde. • Nojo, quando do falecimento de parentes. • Gala, quando contrair matrimônio. • Licença gestante, para trabalhadoras que dão à luz. Dos diversos tipos de absenteísmo, o mais importante é o absenteísmo por doença, visto o volume de ausências e, acima de tudo, por ser imprevisível. O absenteísmo pode levar ao aumento da carga de trabalho da equipe, a problemas na organização do trabalho, gerando riscos à saúde do trabalhador que prejudicam o desenvolvimento das tarefas e indicam a existência de problemas preocupantes quando relacionados às condições de saúde (OLIVEIRA e MUROFUSE, 2001; SILVA e MARZIALE, 2003; SILVA; MARZIALE, 2000; BARBOSA e SOLER, 2003). PARA SABER MAIS Os riscos à saúde relacionados ao trabalho dependem do tipo de atividade profissional e das condições em que é desempenhada. Nos serviços de saúde, os hospitais 6060 proporcionam aos seus trabalhadores condições de trabalho reconhecidamente piores em relação aos demais serviços de saúde (GASPAR, 1997). Os trabalhadores podem se ausentar do trabalho sem prejuízos financeiros de acordo com artigo 473 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho): I – até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendentes, irmão ou pessoa que, declarada em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, viva sob sua dependência econômica; II – até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento; III – por 1 (um) dia em caso de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana; IV – por 1 (um) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada; V – até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para fins de se alistar eleitor, nos termos da lei respectiva; VI – no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do serviço Militar referidas na letra c do art. 65 da Lei n.º 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar); VII – nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior; VII – Pelo tempo necessário quando tiver que comparecer a juízo. 3.1 Atestados O controle dos atestados tem por objetivo verificar as condições de saúde dos trabalhadores, identificar os agentes causadores de afastamentos. Os atestados podem ser emitidos por médicos e dentistas. Os profissionais devem ser considerar: 6161 61 • O tempo necessário para a completa recuperação do paciente. • Descrever o diagnóstico, mediante autorização do paciente. • Registrar de maneira legível. • Identificar-se (assinatura, número do conselho profissional, nome e carimbo). O estudo do absenteísmo deve verificar a ocorrência e distribuição dos agravos à saúde do trabalhador. Devemos conhecer as frequências totais e as específicas, como ocorrências por função, sexo, idade, tempo de serviço, local de trabalho, riscos. A situação da empresa é diagnosticada com o estudo e acompanhamento dos atestados recebidos, em seguida são traçadas estratégias de enfrentamento. O controle periódico (mensal, semestral e anual) permite avaliar as intervenções implantadas e reforça a necessidade de medidas para prevenção contra doenças. 3.2 Presenteísmo No absenteísmo o trabalhador não comparece ao trabalho, já o presenteísmo é definido como a presença do trabalhador na empresa, porém doente, não conseguindo produzir. Entre os casos mais comuns observa-se: cefaleia, dores musculares, alergias, irritação. O presenteísmo é de difícil identificação, a empresa deve investir em estratégias de saúde e prevenção, desenvolver ações pensando na saúde do trabalhador e de sua família. 4. Programas de Promoção à Saúde Os Programas de Promoção à Saúde são atividades previstas no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), que é definido pela Norma Regulamentadora 7 (NR 7). O enfermeiro do 6262 trabalho atua ativamente no planejamento, elaboração, execução e avaliação do PCMSO. O planejamento ocorre com base nos dados coletados pela equipe de Segurança e Saúde do Trabalhador e a elaboração deve contemplar as exigências legais e as medidas adotadas devido à filosofia da empresa. A execução envolve ações de saúde e segurança do trabalho como exames, treinamentos e controle de uso e equipamentos de proteção, e a avaliação fortalece o programa fornecendo informações que permitem aprimorar e aperfeiçoar as práticas de saúde e segurança do trabalho. Ao propor um programa de promoção à saúde temos que: 6363 63 4.1 Propostas de programas de prevenção 4.1.1 Programas de prevenção a distúrbios metabólicos e nutricionais A obesidade é definida como o acúmulo excessivo de gordura corporal em extensão, acarreta prejuízos à saúde dos indivíduos, tais como dificuldades respiratórias, problemas dermatológicos e distúrbios do aparelho locomotor, além de favorecer o surgimento de enfermidades potencialmente letais como dislipidemias, doenças cardiovasculares, diabetes não insulinodependente (diabetes tipo II) e certos tipos de câncer (MONTEIRO e CONDE,
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