Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Economia Social e Cooperativismo Manual do Curso de Licenciatura de Gestão de Recursos Humanos ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO i Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade doInstituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipuladoo infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23 323501 Cel: +258 82 3055839 Fax: 23323501 E-mail:isced@isced.ac.mz Website:www.isced.ac.mz ii Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Pela Coordenação Pelo design Direcção Académica do ISCED Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED Ruth Simoco, Mestrada em Administração. Pela Revisão Elaborado Por: Estrela Eduardo Soda Charles Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) iii Visão geral 1 Benvindo à Disciplina/Módulo de Economia Social e Cooperativismo ............................ 1 Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1 Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 Ícones de actividade ......................................................................................................... 4 Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 8 Avaliação ........................................................................................................................... 8 TEMA – I: INTRODUÇÃO À ECONOMIA. 11 UNIDADE Temática 1.1 Historial da economia e os problemas económicos ................. 12 Introdução ...................................................................................................................... 12 Desenvolvimento ............................................................................................................14 Sumário ........................................................................................................................... 30 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 31 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 33 UNIDADE Temática 1.2 Factores de Produção e a Fronteira de Possibilidades de Produção ......................................................................................................................... 33 Introdução ...................................................................................................................... 33 Desenvolvimento ............................................................................................................ 34 Sumário ........................................................................................................................... 44 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 44 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................44 UNIDADE Temática 1.3 As acções do Estado e os Elementos básicos da procura e oferta de bens ou serviços ......................................................................................................... 45 Introdução ...................................................................................................................... 45 Desenvolvimento ............................................................................................................ 46 Sumário ........................................................................................................................... 64 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 65 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 65 Bibliografia .................................................................................................................... 187 TEMA – II: Economia Social 66 iv UNIDADE Temática 2.1 Origem e evolução da economia social .................................... 67 Introdução ...................................................................................................................... 67 Desenvolvimento ............................................................................................................67 Sumário ........................................................................................................................... 74 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 75 Exercícios de AVALIAÇÃO ................................................................................................ 76 UNIDADE Temática 2.2 Economia social e os diferentes conceitos a ele relacionados . 76 Introdução ...................................................................................................................... 76 Desenvolvimento ............................................................................................................ 77 Sumário .......................................................................................................................... 93 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 94 Exercícios de AVALIAÇÃO ............................................................................................... 95 Bibliografia ......................................................................................................................96 TEMA – III: Organizações da Economia Social 96 UNIDADE Temática 3.1 Organizações da economia social, principais características e fonte de financiamento .................................................................................................. 96 Introdução ...................................................................................................................... 96 Desenvolvimento ............................................................................................................97 Sumário ......................................................................................................................... 105 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 105 Exercícios de AVALIAÇÃO ..............................................................................................107 UNIDADE Temática 3.2 Principais Organizações da economia social .......................... 108 Introdução .................................................................................................................... 108 Desenvolvimento .......................................................................................................... 109 Sumário ......................................................................................................................... 126 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 127 Exercícios de AVALIAÇÃO ............................................................................................. 129 Referências Bibliográficas .............................................................................................129 TEMA IV: COOPERATIVISMO 130 UNIDADE Temática 4.1 Surgimento, princípios e valores do Cooperativismo ............. 132 Introdução .................................................................................................................... 133 Desenvolvimento .......................................................................................................... 134 Sumário ......................................................................................................................... 141 Exercícios de AUTO AVALIAÇÃO ................................................................................... 141 Exercícios de AVALIAÇÃO .............................................................................................. 143 UNIDADE Temática 4.2 Conceito e importância das cooperativas .............................. 144 Introdução .................................................................................................................... 144 Desenvolvimento .......................................................................................................... 145 v Sumário ......................................................................................................................... 154 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 154 Exercícios de AVALIAÇÃO .............................................................................................. 155 UNIDADE Temática 4.3 Ramos e classificação das cooperativas ................................. 156 Introdução .................................................................................................................... 156 Desenvolvimento .......................................................................................................... 157 Sumário ......................................................................................................................... 164 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 164 Exercícios de AVALIAÇÃO .............................................................................................. 165 UNIDADE Temática 4.4 Cooperativas de nova geração ............................................... 165 Introdução .................................................................................................................... 165 Desenvolvimento .......................................................................................................... 166 Sumário ......................................................................................................................... 170 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 171 Exercícios de AVALIAÇÃO ............................................................................................. 171 UNIDADE Temática 4.5 Cooperativismo em Moçambique .......................................... 172 Introdução .................................................................................................................... 172 Desenvolvimento .......................................................................................................... 172 Sumário ......................................................................................................................... 184 Exercícios de AVALIAÇÃO ............................................................................................. 184 Bibliografia ....................................................................................................................185 Exercícios de preparação para o exame ....................................................................... 185 Índice de Figura Figura 1:Economia e os temas abordados .............................................................................. 14 Figura 2: Principais problemas económicos ........................................................................... 22 Figura 3: Factores de produção .............................................................................................. 36 Figura 4: Evolução da economia social ................................................................................... 73 Figura 5: Financiamento das organizações da economia social .......................................... 103 Figura 6: Classificação das cooperativas .............................................................................. 161 Figura 7: Bandeira do cooperativismo ................................................................................. 163 Índice de Gráfico ........................................................................................................................ v Gráfico 1: Fronteira de possibilidades de produção .............................................................. 38 Gráfico 2: principais pontos da FPP ........................................................................................ 39 Gráfico 3: FPP e escolhas ......................................................................................................... 41 Gráfico 4:Deslocação da FPP para a direita ............................................................................ 42 Gráfico 5: Deslocação da FPP para a esquerda ...................................................................... 43 Gráfico 6: FPP e o custo de oportunidade .............................................................................. 44 vi Gráfico 7: Curva da procura .................................................................................................... 53 Gráfico 8: deslocação da curva da procura para a direita ..................................................... 56 Gráfico 9: Deslocação da curva da procura para a esquerda ................................................ 56 Gráfico 10: curva da oferta ..................................................................................................... 58 Gráfico 11: Deslocações da curva da oferta para a direita e para a esquerda ..................... 61 Gráfico 12: Equilíbrio procura e oferta ................................................................................... 62 Gráfico 13: Escassez de bens ................................................................................................... 63 Gráfico 14: Excesso de bens .................................................................................................... 64 Índice de Tabelas Tabela 1: Opções de produção ............................................................................................... 38 Tabela 2: Procura do leite ...................................................................................................... 52 Tabela 3: factores que afectam a curva da procura ............................................................... 56 Tabela 4: Preço e quantidades oferecidas............................................................................. 58 Tabela 5: Diferença entre economia do mercado, economia solidária e economia estatal 87 Tabela 6: Diferença entre empresas e OES ............................................................................. 97 Tabela 7: Organizações da economia social ......................................................................... 110 Tabela 8: Diferença entre associações, cooperativas e Fundações ..................................... 124 Tabela 9: Diferença entre cooperativas, associações e sociedades comerciais .................. 146 Tabela 10: Direito e deveres dos associados ........................................................................ 162 1 Visão geral Bem-vindo à Disciplina/Módulo de Economia Social e Cooperativismo Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Economia Social e Cooperativismo deverá ser capaz de: compreender os principais conceitos económicos e as leis que sustentam o mercado de bens e serviços, identificar e diferenciar os diferentes tipos de organizações sociais, conhecer o seu funcionamento, compreender a importância do cooperativismo num contexto de globalização dos mercados. No final deste modulo esperamos que tenha capacidade de: • Compreender o conceito de economia social, terceiro sector e os outros relacionados; • Diferenciar as principais funções do mercado e do Estado e Objectivos Específicos interprete-as de forma adequada; Diferenciar os diversos tipos de instituições da economia social. Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Gestão de Recursos Humanos do ISCED. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bemvindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. Como está estruturado este módulo Este módulo de Economia Social e Cooperativismo, para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Gestão de Recursos 2 Humanos, à semelhança dos restantes módulos do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias ▪ Um índice completo. ▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades práticas, algumas incluindo estudo de caso. Outros recursos A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso 3 como: Livros e/ou módulos, CD, CDROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didácticoPedagógico, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado. 4 Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existir. 5 IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando...estudar como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama- se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem.Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em 6 insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou 7 invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo) é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 8 Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es).Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um autor, sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamento de avaliação. 1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 9 Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. 11 TEMA – I: INTRODUÇÃO À ECONOMIA. Introdução O primeiro tema do módulo de Economia Social e Cooperativismo é introdução à economia. É neste tema que o estudante poderá desenvolver ou compreender os diversos conceitos económicos, o surgimento do estudo da economia, a importância do estudo. O estudante terá ainda a oportunidade de analisar as principais funções económicas do mercado, nomeadamente a função da procura e a função da oferta. Neste Tema e não só, o estudante será convidado a efectuar análises gráficas e por meio de exemplos hipotéticos iremos determinar as quantidades de equilíbrio de um determinado produto. Objectivos Específicos: Ao terminar o estudo deste tema, você será capaz de: ▪ Compreender o surgimento da economia e sua importância; ▪ Diferenciar os bens dos serviços; Objectivos Específicos ▪ Identificar e explicar os principais problemas económicos; ▪ Identificar os principais factores de produção; ▪ Compreender a importância do estudo da fronteira de possibilidades de produção; ▪ Determinar o equilíbrio de mercado de determinado bem. 12 Unidade temática 1.1: historial da economia, objecto de estudo e problemas económicos; Unidade temática 1.2: Factores de produção e a Fronteira de possibilidades de produção; Unidade temática 1.3: as acções do estado e os elementos básicos da procura e oferta. UNIDADE Temática 1.1 Historial da economia e os problemas económicos Introdução Na presente unidade temática o estudante irá compreender o historial da economia, o objectode estudos, a importância do estudo da economia e os principais problemas económicos existentes. A partir dos estudos dos conteúdos desta unidade temática, o estudante será capaz de entender e analisar os principais fenómenos económicos da sociedade Ao completar esta unidade, você será capaz de: ▪ Compreender o conceito e importância do estudo da economia; ▪ Identificar o objecto de estudo da economia; Objectivos Específicos ▪ Identificar e compreender a essência dos principais problemas económicos. 13 1.1.1 Porque estudar economia O presente módulo (economia social e cooperativismo) irá iniciar exactamente com o estudo da economia. Para que o estudante compreenda o funcionamento da economia social e as várias instituições a ela associadas deve antes de tudo perceber o que é a economia como surgiu o estudo da economia, o seu objecto de estudo, é neste contexto que preparamos a presente unidade de estudo. Antes de iniciarmos com o estudo ou o historial da economia é necessário ter uma ideia do que é que se estuda em economia, ou melhor porque estudar economia. Se o estudante for a rua e questionar as pessoas o porquê de estudar economia certamente encontraria várias respostas que podemos destacar as seguintes: “Para saber poupar...” “Para saber gerir o salário...” “Para entender a inflação2, o desemprego.” “Para compreender as políticas do Governo...” Podemos assim observar que as respostas a estas perguntas são várias e todas elas correspondem a uma parte dos conteúdos leccionados em economia. Assim, podemos verificar que a economia está presente nas nossas actividades do dia-a-dia, quando acordamos e temos que pensar como vamos a escola, o que vamos comer, como iniciar determinado processo de produção, etc. etc. A importância do estudo da economia pode ser resumida nos principais assuntos ou temas tratados nesta ciência. 2 Inflação é a subida continua e generalizada do nível de preço. Isto é, quando um conjunto de bens e serviços aumenta o preço durante um determinado período este fenómeno chama-se inflação. 14 A economia estuda o comportamento dos mercados de bens e serviços (como produzir, quais os custos de produção, qual o processo de produção usado etc.), explora o mercado financeiro (determinação da taxa de juro, da taxa de câmbio, do nível de notas e moedas a disponibilizar a economia) A economia analisa questões de crescimento e desenvolvimento económico, porquê alguns países ou pessoas tem um nível de rendimento maior que os outros, a economia procuram explicações para o combate a pobreza. A economia estuda o comércio internacional, as trocas comerciais entre países, as formas de estabelecer as relações comerciais sem prejudicar as economias envolvidas. A economia estuda as políticas governamentais para o uso eficiente dos recursos disponíveis, Moçambique dispõe de vários recursos naturais como usa-los de forma eficiente para reduzir a pobreza e as desigualdades sociais. Portanto podemos verificar que a economia é uma ciência abrangente e as áreas de intervenção são tão vastas que dificilmente poderíamos colocar todas nesta unidade. A figura 1 resume os vários temas que são abordados na economia, atenção que estes temas não se esgotam apenas nesses. Podemos observar que a economia estuda a inflação, o desemprego, o crescimento e desenvolvimento económico, o mercado financeiro entre outros. Figura 1:Economia e os temas abordados 15 Fonte: Elaborado pelo autor do manual Agora o estudante deve estar a colocar se a seguinte questão: Como iniciou o estudo da economia? Quando é que o homem começou a preocupar-se com os assuntos económicos? Para responder a esta questão vamos agora avançar para o historial da economia. 1.1.2 Historial e definição da economia O termo economia provém do grego: Oikós (casa) e nomos (norma ou lei), que significa Governo da casa. Antigamente as sociedades estavam organizadas em pequenos grupos (famílias ou casa) que tinham como principal objectivo produzir para a alimentação e proteger-se dos seus inimigos e dos animais. Assim, a economia era tratada como o Governo de cada grupo de sociedade, cada casa. 16 Alguns anos depois, por volta do século XVII, com o desenvolvimento das sociedades, a economia passou a designar-se economia política dada a sua abrangência política e as questões sociais mais importantes nesta altura. Nesta época, (da antiguidade ao renascimento) as questões económicas de maior relevância era uma posse territorial, servidão, arrecadação de tributo, cunhagem de moeda, comércio internacional, etc. E todas as questões económicas eram tratadas no âmbito político, filosófico e do direito. A partir do século XVIII (altura que se verifica a revolução industrial), começou a se verificar níveis desiguais de desenvolvimento nas sociedades, por um lado alguns países apresentavam um nível decrescimento e desenvolvimento muito elevado, dado o aumento da produção devido ao melhoramento das máquinas e as novas inovações realizadas. Por outro lado, existiam países que tinham um nível de crescimento quase inexistente. Esta situação levou ao economista e filósofo escocês Adam Smith a iniciar um estudo com o objectivo de descobrir a origem e a causa da riqueza das nações. Tendo assim publicado em 1776 a obra a riqueza das nações que marcou o início de uma nova época para o estudo da economia: a era dos clássicos. Com os clássicos a economia deixou de ser designada economia política e passou somente à economia. Algum tempo depois Adam Smith teve os seus seguidores e todos fundamentavam as suas definições em quatro pontos: a formação, a acumulação, distribuição e consumo da riqueza. A variedade dos pontos ou assuntos abordados na economia leva-nos a uma dificuldade na definição da própria economia, por serem vastos os 17 assuntos abordados na economia torna-se difícil ter uma única definição de economia. Adam Smith definiu a economia como a ciência que estuda a origem e causa da riqueza das nações. Paschoal Rossetti define Economia como a ciência que estuda a acção económica do homem como envolvendo essencialmente o processo de produção, geração e apropriação da renda, o dispêndio e a acumulação. Lionel Robbins define economia como a ciência que estuda as formas de comportamento humano, resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que embora escassos se prestam a usos alternativos. Samuelson e Nordhaus definem a economia como o estudo da forma como as sociedades utilizam recursos escassos para produzir bens e serviços com valor e para os distribuir entre indivíduos diferentes. Todas as definições dadas acima são válidas. Contudo, como forma de uniformizarmos as definições a usar no presente módulo, consideremos a seguinte definição mais abrangente: Economia é uma ciência social que estuda a forma como as sociedades utilizam recursos escassos para produzir deforma eficiente diversos bens e serviços e distribui-los entre os vários membros da sociedade. Na definição dada acima é importante frisar alguns pontos ou palavras nomeadamente: ciência social, recursos escassos, produção eficiente. Bens e serviços. A economia é uma ciência social – pois estuda e analisa o comportamento do homem inserido na sociedade. 18 Recursos escassos – são os diversos recursos disponíveis na economia mas que não estão disponíveis livremente para o seu uso, isto é, para que o homem use este bem é necessário que este disponha de algum valor monetário para os obter. São bens que por outro lado são finitos isto é, não estão disponíveis de forma infinitana natureza. Produção eficiente – para compreender o significado de produção eficiente tem que distinguir a palavra eficiência e eficácia. Eficiência refere-se ao acto de atingir os objectivos minimizando os custos e recursos e eficácia é apenas o alcance dos objectivos sem ter em conta os custos e outros danos que pode se causar a natureza e não só. Assim, podemos agora perceber que produção eficiente, é aquela que atinge o objectivo (produz o bem ou serviço), reduz os custos e preocupa-se acima de tudo com a sustentabilidade da produção e com aspectos ligados a natureza e ao mio ambiente. Bens e serviços – os bens diferenciam-se dos serviços por serem palpáveis ou tangíveis enquanto os serviços não são tangíveis. Podemos dar exemplo do caderno escolar, é um bem e a consulta médica é um serviço. 1.1.3 Objecto de estudo da economia e os principais problemas económicos Conforme referimos na secção 1.1.2 a economia preocupa-se essencialmente com a forma como a sociedade utiliza os recursos escassos para a produção de diversos bens e serviços. Assim sendo, podemos afirmar que a economia existe porque existe a escassez de bens. Suponha que os bens existentes na economia não fossem escassos que estes existissem na economia de forma abundante e que o homem poderia usa-los sem se procurar com o seu término, isto significaria que cada um poderia ter e fazer o que quisesse, nesta ordem de ideia o estudante não precisaria estudar pois não precisaria comprar bens e serviços, não precisaria comprar carros etc., e não haveria a necessidade de estudar a economia. 19 As pessoas preocupam-se com o estudo da economia pois os bens são escassos e necessitam de formas eficientes de uso dos recursos, neste caso, a economia existe porque existe a escassez. A escassez é a essência da existência da ciência económica, constitui o objecto de estudo da economia. Tendo em conta que o homem necessita de bens é necessário que este saiba como deverá produzir esses bens, quando deverá produzir, onde e para quem estará a produzir. Estas questões o que, como, quando, onde e para quem produzir são as principais questões que a economia tenta responder e são considerados principais problemas económicos que todos (empresas, pessoas individuais e os Governos) devem responder. Vamos de seguida analisar cada um destes problemas: 1. O que produzir Esta é a primeira questão e a mais importante, pois pode condicionar as respostas às outras questões. Para responder a esta questão temos que ter em conta não só os factores financeiros que dispomos mas também a questão cultural, demográfica, geográfica de cada país. Um país ou uma empresa não pode optar por produzir um bem que é totalmente incompatível com as questões culturais ou demográficas deste país, pois os custos serão muito maiores. Por exemplo Moçambique tem condições climáticas e naturais que favorecem a produção de camarão, em relação à Zimbabwe, logo, se Moçambique optar pela produção do camarão terá custos de produção relativamente menores que o Zimbabwe. A questão o que produzir está relacionada com a escolha que deve-se fazer entre a produção de bens de consumo (bens finais prontos para o consumo exemplo: camisolas, arroz, mesa, etc.) ou bens de capital (bens que são usados para a produção de outros bens, exemplo: a maquina de costura é usada para a produção de vestuários, o computador é usado para produzir manuais de ensino etc. etc.). Cada 20 país deverá escolher o que irá produzir pois esta perante o mesmo lote de recursos e não podemos produzir todos os bens simultaneamente e nas quantidades que desejamos. 2. Como produzir Como já vimos os recursos que dispomos para a produção de bens e serviços são limitados (temos pouca mão-de-obra qualificada, temos recursos financeiros limitados e as maquinarias também são limitadas), assim sendo, ao decidir como produzir temos que ter em conta a combinação de recursos que não tornam os custos muito elevados para o país ou empresa. Neste caso temos que escolher quais os meios a usar na produção? Usaremos tractores para a produção de milho ou usaremos homens? 3. Onde produzir A localização do sector de produção depende muito das necessidades do país ou da empresa. A fábrica pode estar localizada próximo a matéria-prima, próximo a mão-de-obra, próximo aos clientes ou ainda em um local que facilita o escoamento do produto (próximo de estradas, portos, caminhos de ferro etc.). Neste caso, para a tomada de decisões sobre onde produzir deve ter em conta os custos que a empresa irá suportar em todo ciclo produtivo. 4. Para quem produzir Para melhor responder esta questão temos que ter em conta que as pessoas que compõem uma sociedade tem rendimentos diferentes, tem hábitos e costumes diferentes assim sendo, é necessário saber para que público estamos a produzir determinado bem, para as pessoas de alta renda (logo os padrões de produção devem ser bastante criteriosos em termos de qualidade dos factores usados), para a população de baixa renda? Para uso doméstico ou para uso industrial? Para o consumo interno ou para exportação? A 21 resposta a estas perguntas irá ditar os factores a usar a qualidade da matéria-prima etc. 5. Quando produzir Esta questão está relacionada com o factor tempo. É necessário que a empresa tenha em conta o tempo em que irá produzir. No verão ou no inverno? No tempo chuvoso ou no tempo seco? A resposta desta questão depende do tipo de produto a ser produzido e dos custos que estão envolvidos em cada sessão. Existem determinados bens que torna-se mais rentável e de menor custo produzir no verão para provavelmente vender no inverno, como é o caso das camisolas, dos casacos etc. 1.1.4 Relação entre os principais problemas económicos As questões vistas no ponto 1.1.3 não podem ser analisadas de forma isolada, estas estão relacionadas entre si. No dia-a-dia todos necessitam de diversos bens e serviços desde o simples pão que comemos até a construção de grandes infraestruturas como pontes estradas, escolas etc. para a implementação de qualquer actividade económica é necessário em primeiro lugar que o país decida o que irá produzir tendo em conta que os factores que usamos para a produção dos bens são escassos a primeira questão que se coloca é o que produzir, produzimos computadores ou milho? Depois de decidir o que iremos produzir devemos nos preocupar em saber como iremos produzir? Para o caso do milho poderemos usar a enxada ou poderemos usar o tractor, neste caso, temos que decidir como produzir. A seguir a esta questão surgem outras questões onde produzir? Será que produzimos próximo à matéria-prima ou próximo ao consumidor para evitarmos custos elevados de transportes? 22 Temos ainda outras questões por responder durante o processo de transformação dos bens e serviços, como é o caso de quanto produzir? Para quem produzir? Será que produzimos 1.000 toneladas ou é melhor produzir 500 toneladas e alocar a mão-de-obra para a produção de outros bens? Será que produzimos para a população de baixa renda (onde procuramos usar factores de produção também acessíveis e mais baratos para que o preço por sua vez seja também mais baixo) ou produzimos para a população de renda alta investindo mais na qualidade? Antes de iniciarmos um processo de produção é necessário que as principais questões estejam respondidas facilitando assim o processo de produção dos bens. A figura 2 a seguir mostra a relação entre as cinco principais questões económicas. Figura 2: Principais problemas económicos 23 1.1.5 A Relação da Economia Com as Demais Ciências Com a Biologia: quem exerce a actividade económica gera serviço, objecto das ciências biológicas.O trabalho gera recursos económicos para a alimentação e sobrevivência humana. Com a Moral: a moral tem por objectivo o honesto, a economia tem por objectivo útil, isto é, a actividade humana em busca de prosperidade material. A honestidade com o crescimento económico. Com o Direito: o direito e a economia são ciências sociais, tendo como objectivo o homem. Com a Contabilidade: essa traz luz à economia, sobre inúmeros problemas que se interferem; ambas tratam de juros, empréstimos, bancos, bolsas. A contabilidade age sobre o ponto de vista técnico e a economia mostra as razões teóricas para as suas conclusões sobre determinado fato. Com a Geografia: essa se utiliza de matemática, física e biologia, as quais fornecem a economia inúmeros elementos. Com a História: a história também é uma ciência social. A história económica é o prefácio da economia política. Fonte: Elaborado pelo autor do manual 24 Com a Sociologia: mostra os fenómenos económicos interdependentes com os sociais. Muitos autores consideram a economia política como um ramo da sociologia. Com a Matemática: cálculos gráficos Com a Lógica: uso da razão, raciocínio. Com a Estatística: classifica, analisa, critica e interpreta dados relativos aos fatos económicos. Com a Administração: a administração é o processo de tomar e colocar em prática decisões sobre objectivos e utilização de recursos. 1.1.6. Sistemas económicos O sistema económico é o que caracteriza o espírito, a forma e a substância da actividade económica localizada no espaço e no tempo. Existe uma lógica geral pela qual a economia funciona e conjunto de princípios que regem o seu funcionamento. Os três tipos de sistemas económicos são: Sistema de Economia de Mercado ou descentralizado – é o sistema baseado no mecanismo de mercado que tem como objectivo principal alcançar o lucro máximo. Tem o seu fundamento na liberdade individual dos agentes económicos não sujeita a orientação ou o mero controlo estatal. Apesar da existência da política económica governamental o centro das decisões é a nível das empresas privada que decidem sobre as formas de concorrência, administra as quantidades e os preços dos bens produzidos. Os consumidores é que escolhem os produtos que são colocados a sua disposição no 7 mercado. Este sistema carece de qualquer mecanismo central, os preços são livres e há liberdades de escolha. 25 Sistema de Direcção Central e Planificada – distingue-se pela propriedade estatal dos meios de produção e pela planificação centralizada da economia, tendo como objectivo fundamental a satisfação das necessidades da população, defendendo por isso uma política de redistribuição de rendimentos que reduzem as diferenças entre os indivíduos na sociedade. O estado através dos órgãos especializados administram a produção geral, determina os objectivos e prazos dentro dos quais elas devem concretizar, organizar os processos e métodos de produção controlando os mecanismos de distribuição e dimensionando o consumo. A planificação global tem em princípio o objectivo de racionalização máxima dos recursos disponíveis na economia. Sistemas Mistos – este sistema é uma combinação dos dois sistemas, com elementos de mercados e dirigismo. Nenhuma das sociedades contemporâneas encaixa a um dos sistemas extremos. Nunca houve uma economia 100% de mercado (embora a Inglaterra no século XIX se aproximasse). 1.1.7. Agentes Económicos Os agentes económicos são pessoas de natureza física ou jurídica que, através de suas acções, contribuem para o funcionamento do sistema económico, tanto capitalista quanto socialista. Podem ser: Empresas: agentes encarregados de produzir e comercializar bens e serviços, ligados por sistemas de informação e influenciados por um ambiente externo. A produção se dá pela combinação dos factores produtivos adquiridos junto às famílias. As decisões da empresa são todas guiadas para o objectivo de conseguir o máximo de lucro e mais investimentos; Família: inclui todos os indivíduos e unidades familiares da economia e que, no papel de consumidores, adquirem os mais diversos tipos de 26 bens e serviços, objectivando o atendimento de suas necessidades. Por outro lado, são as famílias os proprietários dos recursos produtivos e que fornecem às empresas os diversos factores de produção, tais como: trabalho, terra, capital e capacidade empresarial. Recebem em troca, como pagamento, salários, alugueis, juros e lucros, e é com essa renda que compram os bens e serviços produzidos pelas empresas. O que sempre as famílias buscam é a maximização da satisfação de suas necessidades; Governo: inclui todas as organizações que, directa ou indirectamente, estão sob o controle do Estado, nas suas esferas estaduais ou municipais. Por outra, o governo actua no sistema económico, produzindo bens e serviços, através, por exemplo, da EDM, Electricidade de Moçambique, etc. 1.1.8. Tipos de Economia A economia pode ser classificada quanto aos resultados, Economia Positiva e Economia Normativa. 27 Tipos de economia Economia positiva parte da ciência económica que se interessa pela descrição, usando metodologia da teoria de certos aspectos como elas são e como se apresentam e ela divide-se: Economia Descritiva: trata da identificação do fato económico. É a partir dos levantamentos descritivos sobre a conduta dos agentes económicos que se inicia o complexo de conhecimento sistematizado da realidade no campo da economia positiva. È a tarefa de levantamento e descrição dos fatos que se dedica a economia descritiva; é através dela que a realidade começa a ser submetida a um criterioso tratamento no sentido de que possam se analisados as relações básicas que se estabelecem entre os diversos agentes que compõem o quadro da actividade económica. Teoria Económica: a teoria económica é o compartimento central da economia, compete-lhe dar ordenamento lógico aos levantamentos sistematizados fornecidos pela economia descritiva, produzindo generalizações que sejam capazes de ligar aos fatos entre si, desvendar cadeias de acções manifestadas e estabelecer relações que identifiquem os graus de dependência de um fenómeno em relação a outro. Surgiram então em decorrência conjunto de princípios, de teorias, de modelos e de leis fundamentadas nas descrições apresentadas. 28 A teoria económica adopta duas posições distintas na apresentação e análise do fenómeno económico, estas posições são conhecidas como microeconómica e macroeconomia. A microeconómica é aquela parte da teoria económica que estuda o comportamento das unidades, tais como os consumidores, as indústrias e empresas, e suas inter-relações. A macroeconomia estuda o funcionamento da economia em seu conjunto. Seu propósito é obter uma visão simplificada da economia que, porém, ao mesmo tempo, permita conhecer e actuar sobre o nível da actividade económica de um determinado país ou de um conjunto de países. Economia Normativa não se preocupa com a realidade mas sim com as formas consideradas óptimas de servir. A preocupação é emitir o juízo de valor, propor novas situações de organização. Política Económica: os desenvolvimentos elaborados no compartimento da teoria económica, tem a finalidade de servir a política económica. Nesse terceiro compartimento é que serão utilizados os princípios, as teorias, os modelos e as leis. A utilização terá a finalidade de conduzir adequadamente a acção económica com vistas a objectivos pré-determinados. Quando empregamos a expressão política económica governamental estamos nos referindo as acções práticas desenvolvidas pelo governo com a finalidade de condicionar,balizar e conduzir o sistema económico no sentido de que sejam alcançados um ou mais objectivos politicamente estabelecidos. 1.1.9. Bens e Serviços Podemos dizer, de forma global, que bem é tudo aquilo que permite satisfazer às necessidades humanas. Os bens podem ser: 29 Bens livres: aqueles cuja quantidade é ilimitada e podem ser obtidos sem nenhum esforço na natureza. Por exemplo: a luz solar, o ar, o mar. Esses bens não possuem preços. Bens económicos: são relativamente escassos, têm valor no mercado, e supõem a ocorrência de esforço humano para obtê-lo. Por exemplo: um carro, um computador etc. Os bens económicos são classificados em dois grupos: Bens materiais: como o próprio nome já diz são todos aqueles de natureza material, que podem ser armazenados e são tangíveis, tais como roupas, alimentos, livros, televisão etc. Bens imateriais ou serviços: consideramos aqui tudo que é intangível. Por exemplo, serviço de um médico, consultoria de um economista ou serviço de um advogado, que acabam no mesmo momento de produção e não podem ser armazenados. Os bens materiais classificam-se em: Bens de consumo: são aqueles usados directamente para a satisfação das necessidades humanas. Estes bens podem ser: de consumo durável, tais como: carros, móveis, electrodomésticos; e de consumo não durável, como, por exemplo, gasolina, alimentos, cigarro. Bens de capital: são todos os bens utilizados no processo produtivo, ou seja, bens de capital, que permitem produzir outros bens. Por exemplo: equipamentos, computadores, edifícios, instalações etc. Tanto os bens de consumo quanto os bens de capital são classificados como: Bens finais: são bens acabados, pois já passaram por todas as etapas de transformação possíveis. 30 Bens intermediários: consistem nos bens que ainda estão inacabados, que precisam ser transformados para atingir a sua finalidade principal. Por exemplo: aço, vidro e borracha usados na produção de carros. Os bens podem ser classificados, ainda, em: Bens públicos: são bens não exclusivos e não disputáveis. Referem-se ao conjunto de bens fornecidos pelo sector público, tais como: transporte, segurança e justiça. Bens privados: são bens exclusivos e disputáveis. São produzidos e possuídos privadamente, como, por exemplo: televisão, carro, computador etc. Podemos dizer então que bem é tudo o que tem utilidade para satisfazer uma necessidade ou suprir uma carência, enquanto o serviço implica numa actividade intangível que proporciona um benefício sem resultar na posse de algo. Sumário Nesta Unidade temática vimos o surgimento da economia, primeiramente era tida como o Governo de uma casa, pois as sociedades assim estavam organizadas entretanto, a medida que o homem se desenvolvia, desenvolvia-se também a economia e os vários temas abordados nesta ciência. Vimos ainda que a economia esta presente nas nossas vidas e em todas as actividades que exercemos. A economia é importante não só para os governos mas também para cada cidadão, na resolução dos problemas de cada indivíduo. Ainda nesta unidade temática o estudante analisou o objecto de estudo da economia e os vários problemas que devem ser resolvidos ou respondidos. 31 A unidade termina com o estudo da relação entre os vários problemas económicos o que produzir, quando, onde, como e para quem e a forma como a sociedade se organiza para resolver estes problemas. Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1. Explique qual a importância do estudo da economia. 2. Qual o significado etimológico da palavra economia e porque foi designada Governo da casa. 3. Explique o que aconteceu para a economia passar de economia política à economia quando é que ocorreu essa mudança. 4. Quem foi Adam Smith e qual foi a contribuição dada por ela à economia? 5. Dê 5 definições de economia de autores diferentes. 6. Defina os seguintes conceitos: a) Ciência social, b) Recursos escassos, c) Eficiência, d) Eficácia, e) Bens, f) Serviços. 7. Identifique os principais problemas económicos e explique cada um deles de forma detalhada. 8. Os principais problemas económicos estão relacionados entre si? Justifique a sua resposta. 9. Explique como as sociedades podem organizar se para resolver os principais problemas económicos. 10. Diferencie bens dos serviços. 32 Respostas indicativas 1. Nesta questão o estudante deverá explicar a importância do estudo da economia. Para tal poderá analisar os vários pontos, temas ou assuntos abordados na economia. Deverá consultar a secção 1.1.1 2. Para melhor responder esta questão reveja o ponto 1.1.2 da presente unidade temática. 3. Para melhor responder esta questão reveja o ponto 1.1.2 da presente unidade temática. Reveja o parágrafo relacionado a Adam Smith. 4. Para melhor responder esta questão reveja o ponto 1.1.2 da presente unidade temática. 5. Para melhor responder a esta questão o estudante deverá não só ler e perceber as definições que estão no ponto 1.1.2 da presente unidade temática como também poderá consultar qualquer bibliografia relacionada. Nota: procure dar outras definições que não constam no módulo. 6. Para melhor responder esta questão reveja o ponto 1.1.2 da presente unidade temática. 7. Para melhor responder esta questão reveja o ponto 1.1.3 da presente unidade temática. 8. Nesta questão o estudante deverá explicar qual a consequência de iniciar um processo produtivo sem o estudo exaustivo dos principais problemas económicos. Deverá ainda explicar se é possível respondermos a questão onde quando como sem responder a castão o quê? Reveja o ponto 1.1.4 para melhor responder. 9. Para melhor responder esta questão reveja o ponto 1.1.5 da presente unidade temática. 10. Para melhor responder esta questão reveja o ponto 1.1.1 da presente unidade temática. 33 Exercícios de AVALIAÇÃO 1. Na secção 1.1.3 vimos que a escassez é o objecto de estudo da economia. O que entende por escassez. Se a escassez não existisse será que a economia existiria? 2. Suponha que o estudante é o presidente do País e pretende decidir sobre a produção do país. As opções existentes são de produção de dois bens (arroz e tractores), explique de forma detalhada como responderia a cada uma das principais questões económicas. Atenção: não responda apenas a escolha mas também justifique. Por exemplo ao escolher o local de produção deverá justificar porquê da escolha, estará próximo a matéria- prima? Próximo ao consumidor? Deverá ainda comparar a sua escolha com as outras opções existentes. 3. Analise as formas existentes de resolução dos problemas económicos. Identifique duas vantagens e duas desvantagens na implementação de cada um destes sistemas. Tendo em conta que Moçambique já implementou os dois sistemas. 4. Explique porque a economia é uma ciência que não tem um conceito único e unânime. 5. Os bens são escassos porque os homens desejam muito mais do que os homens podem produzir. Comente a afirmação. UNIDADE Temática 1.2 Factores de Produção e a Fronteira de Possibilidades de Produção Introdução Depois de termos analisado o historial da economia, a definição e as principais questões económicas vamos nesta secção estudar os factores de produção a fronteira de possibilidades de produção. 34 Toda a economia dispõe de determinados factores de produção e é com base nestes que cada economia e sociedade conseguem determinar o seu nível de produção. Esta secção é importante pois o estudante verá as questões relacionadas com as escolhas e o custo de oportunidade de uma determinada economia. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: ▪ Identificar os factores necessários para a produçãode determinados bens e serviços; ▪ Definir a Fronteira de possibilidades de produção e os seus Objectivos Específicos determinantes, Definir custo de oportunidade relacionar com a Fronteira de possibilidades de produção; Identificar os factores que fazem com que a Fronteira de Possibilidade de produção desloque para cima ou para baixo; Desenvolvimento 1.2.1 Factores de produção Para a produção dos bens e serviços é necessário que as economias disponham de recursos de produção ou factores de produção. Factores de produção são todos os recursos usados durante o processo produtivo. São todos os instrumentos quer da natureza, quer humanos ou materiais que usamos para poder transformar determinadas matérias em bens úteis para a satisfação das nossas necessidades. 35 Os factores de produção podem ser resumidos em quatro a saber: 1. Terra 2. Trabalho; 3. Capital e; 4. Tecnologia Terra O factor terra refere-se as reservas naturais renováveis ou não usadas com o objectivo de produzir bens e serviços. Por exemplo para a produção do milho usamos a terra para a sementeira neste casos, a terra é um dos factores de produção. A terra refere-se ao recurso natural da sociedade que inclui não só o subsolo como todos os seus minerais, os rios, as florestas, lagos, fauna e outros. Trabalho O factor trabalho refere-se a força humana apta para o trabalho. Isto é, o factor trabalho corresponde ao número de pessoas que se dedicam a produção de determinado bem. Por exemplo se para a produção de 200 hectares de milho precisamos de 50 trabalhadores significa que os 50 trabalhadores constituem a foça laboral e é o factor trabalho. Capital O factor capital refere-se ao conjunto de riqueza acumulado pela sociedade. São todos os instrumentos usados pelo homem com o objectivo de melhorar a sua produção. Rossetti (2003) indica que o factor capital sempre foi usado pelas economias por mais rudimentares que fossem. O exemplo dado por este autor foi a existência ou a criação de instrumentos como arco 36 flechas, barcos, e outros instrumentos usados com o objectivo de melhorar a exploração económica do meio ambiente. O desenvolvimento de instrumentos e meios de produção associado as primeiras manifestações de construção de infra-estruturas mostram o processo de desenvolvimento do capital (acumulação de riquezas com o objectivo de fazer mais riqueza). De forma resumida podemos dizer que o factor capital refere-se as máquinas, equipamentos, ferramentas, infra-estruturas económicas (energia, telecomunicações, transportes), infra-estruturas sociais (educação, cultura, segurança, etc.) e todos outros instrumentos ou objectos que destinam-se a produção de novas riquezas. Tecnologia A capacidade tecnológica é definida como o conjunto de conhecimentos e habilidades usados no processo de produção. (Rossetti, 2003). Os conhecimentos tecnológicos incluem todos os conhecimentos adquiridos relacionados com o factor terra (conhecimento sobre as fontes de energia renováveis, sobre o solo, os conhecimentos sobre o próprio processo produtivo, a combinação dos materiais até a produção final. Assim sendo, a capacidade tecnológica constitui um dos principais factores de produção por estabelecer a ligação entre todos os factores de produção (ligação inter-factores). Figura 3: Factores de produção 37 Fonte: Elaborado pelo autor do manual Para obtermos o produto final necessitamos de misturar ou usar conjuntamente os factores de produção terra, trabalho e capital. 1.2.2. Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP), ou Curva de Possibilidades de Produção (CPP) A curva de possibilidade de produção é um gráfico que mostra as quantidades máximas de produto que podem ser produzidas por uma economia dados os factores de produção disponíveis. A CPP mostra as quantidades que podemos produzir tendo em conta os factores disponíveis, isto é, se tivermos 10 trabalhadores, 5 máquinas e 15 hectares de terra qual é a quantidade máxima de tomate e de arroz que podemos produzir? A CPP dá-nos a resposta a esta questão. De forma resumida podemos dizer que a CPP mostra as várias combinações alternativas entre dois bens X e Y que um país pode produzir admitindo que todos recursos estão a ser usados para a produção (não há recursos que não estão em uso, isto é, há pleno uso dos factores de produção). Exemplo: Sabe-se que Moçambique dispõe de 10 trabalhadores, 5 máquinas e 10 hectares de terra. Supondo que o país esteja a usar plenamente todos estes recursos as quantidades 38 máximas de cada produto que pode ser produzida esta resumida na tabela que se segue. Tabela 1: Opções de produção Opções de produção Açúcar Máquinas calcular de A 250 0 B 200 250 C 150 450 D 100 600 E 50 700 F 0 750 Fonte: Elaborado pelo autor do manual O gráfico 1 a seguir correspondente a estas opções está representada abaixo e corresponde a FPP. Gráfico 1: Fronteira de possibilidades de produção Tendo em conta que este país produz apenas dois bens, se o país aloca todos os seus recursos para a produção de açúcar este irá obter 250 toneladas do mesmo e 0 máquinas de calcular representado pelo ponto A no gráfico. 39 Por outro, se o país aloca todos os seus recursos para a produção de máquinas de calcular este terá um nível de produção de 750 máquinas, representado pelo ponto F no gráfico. Estes pontos (A e F) designam- se pontos de especialização, pois o país especializa-se na produção de apenas um bem e com base nesta produção poderá trocar com outros bens produzidos por outros países. Note que todos os pontos ao longo da recta da FPP (ponto A, B, C, D, E, F) são pontos onde a combinação de bens é feita de modo a usar ao máximo todos os factores de produção. A questão que coloca-se logo a seguir é: o que acontece com os factores de produção e os níveis de produção quando se o país estivesse a produzir fora da recta da FPP? Nos pontos B e C representados no gráfico abaixo. Gráfico 2: principais pontos da FPP O ponto A e o ponto D mostram pontos de especialização. No ponto A o país especializa se na produção do açúcar (só irá produzir açúcar, todos os factores de produção estarão alocados para a produção do açúcar) e no ponto D o país especializa se na produção de máquinas de calcular (só irá produzir máquinas, todos os factores de produção estarão alocados para a produção do máquinas). 40 O ponto B mostra uma situação em que o país não utiliza plenamente os seus factores de produção chama-se ponto de ineficiência (pode por exemplo não estar a usar a terra na sua totalidade, se tiver 100 hactares pode estar a usar por exemplo apenas 50, no caso das maquinas podemos estar perante maquinas obsoletas ou ainda podemos estar a produzir com um número menor de trabalhadores. Neste ponto, podemos verificar que a produção de açúcar é de 150toneladas e a produção de máquinas é de 250, enquanto que poderíamos aumentar a produção de máquinas para 450 se estivéssemos a usar plenamente os recursos disponíveis ou ainda aumentar a produção do açúcar para 200 toneladas. Conforme mostra o gráfico acima. O ponto C mostra um ponto inatingível, um ponto que dificilmente alcançaríamos usando os factores de produção que temos. Para alcançarmos este ponto teríamos que aumentar os factores de produção disponíveis. 1.2.4 A CPP e as escolhas de uma sociedade Conforme vimos na secção anterior a CPP mostra as combinações de bens que podem ser produzidos tendo em conta os recursos produtivos de que dispomos. A questão da escolha está patente na CPP pois não será possível produzir mais dosdois bens usando os mesmos recursos produtivos. 41 Gráfico 3: FPP e escolhas Para melhor entender a questão das escolhas voltemos ao gráfico Para podermos produzir 250 de açúcar não podemos produzir nada de máquinas e se quisermos produzir 250 de máquinas de calcular significa que apenas produziremos 200 de açúcar. Assim podemos observar que a CPP é um menu de escolhas de produção e esse menu é limitado pelos recursos de que dispomos para a produção e quanto mais recursos forem alocados na produção de um bem menos serão alocados para a produção do outro bem. 1.2.5 Deslocações Da FPP As possibilidades de produção de um país podem alterar de acordo com a alteração de alguns fenómenos que condicionam a produção. Esta alteração pode ser de forma positiva (aumentar as quantidades produzidas) ou de forma negativa (reduzindo as quantidades produzidas de cada bem). A FPP pode-se deslocar para cima ou para a direita quando aumenta um dos factores de produção (terra, trabalho, capital e tecnologia), isto é, se o pais tem maior nível de trabalhadores ou se tem um maior nível de maquinarias as possibilidades de produção irão aumentar e a FPP irá se deslocar para cima conforme mostra o gráfico abaixo. 42 Gráfico 4:Deslocação da FPP para a direita A deslocação para cima da CPP mostra um crescimento económico para o país. A FPP pode-se deslocar para baixo ou para a esquerda quando os factores de produção reduzem isto é, quando ocorre um fenómeno que implique a redução de um dos factores de produção como por exemplo cheias, incêndios que podem danificar as máquinas usadas na produção e reduzir o número de trabalhadores, deslocando assim a FPP para a esquerda conforme mostra o gráfico abaixo. 43 Gráfico 5: Deslocação da FPP para a esquerda 1.2.4 CPP e o custo de oportunidade O conceito de custo de oportunidade é provavelmente um dos conceitos mais usados em economia. Este conceito surge pelo facto dos recursos serem escassos e as necessidades ilimitadas. Dada a limitação dos recursos é necessário que cada pessoa tome decisões de como aplicar o seu tempo e dinheiro. Quando o estudante decide estudar, ir ao ISCED estará de certa forma a prescindir alguma actividade, haverá sempre uma oportunidade perdida. Dentre o vasto leque de coisas perdidas podemos escolher a melhor delas e esta é que representará o custo de oportunidade. Custo de oportunidade é definido como o custo da melhor alternativa sacrificada. O conceito de custo de oportunidade pode ser ilustrado usando a CPP conforme veremos a seguir. 44 Gráfico 6: FPP e o custo de oportunidade Esta CPP mostra a produção do açúcar e de maquinas de calcular. Sendo o custo de oportunidade o valor perdido ou o valor sacrificado para aumentar a produção do outro bem podemos calcular o custo de oportunidade de aumentar a produção do açúcar de 150 para 200, isto é, aumentar a produção do ponto C para o ponto C. Neste caso, podemos verificar que quando aumentamos a produção do açúcar de 150 para 200 toneladas perdemos (reduzimos) a quantidade produzida de maquinas de calcular de 450 para 250, o que significa que o custo de oportunidade de aumentar a produção de açúcar em 50toneladas é a perda de 200ton de maquinas de calcular. Sumário Nesta Unidade temática 1.2 estudamos e discutimos fundamentalmente os factores de produção, a Fronteira de possibilidades de produção e o custo de oportunidade. Vimos que para produção de qualquer bem é necessário que o país possua determinados factores de produção. Precisamos da terra, do trabalho, do capital e da tecnologia para a produção dos bens e serviços. Estes factores devem ser alocados aos bens que se pretende produzir e obter assim as quantidades produzidas, que serão representadas pela FPP. 45 A medida que forem alterados os factores de produção a FPP pode se deslocar para a direita ou para a esquerda. Para a direita quando aumentam os factores de produção, isto é, quando temos maiores quantidades produzidas, diz se neste caso que a economia esta em crescimento e quando as quantidades dos factores reduzem a FPP desloca se para a esquerda. Vimos ainda o custo de oportunidade e relacionamos a FPP, quando prescindimos da produção de um bem em benefício do outro bem. Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1. Defina o que é microeconómica; 2. Identifique os principais conceitos empregues na microeconómica e o conceito de mercado; 3. Explique o conceito de equilíbrio da oferta e da demanda. 4. A partir dos conceitos estudados explique os vazios de mercado que existem em Moçambique. UNIDADE Temática 1.3 As acções do Estado e os Elementos básicos da procura e oferta de bens ou serviços Introdução A presente unidade temática estará dividida em dois grupos no primeiro grupo o estudante irá compreenderas acções e funções do estado e por outro lado analisaremos as principais funções do mercado. Nas unidades temáticas anteriores analisamos as principais questões económicas o que, como quando onde e porque produzir e vimos também que o mercado é responsável pela determinação dos bens e da quantidade a produzir. Nesta unidade temática o estudante irá compreender as principais funções do estado e como funciona o sistema de o processo da procura e oferta de bens e serviços. 46 Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: ▪ Compreender as funções do estado; ▪ Analisar o mecanismo de mercado; Objectivos Específicos ▪ Compreender o conceito de mão invisível; ▪ Definir e representar graficamente a função da procura e oferta de um bem ou serviço; ▪ Compreender o funcionamento da lei da procura e da oferta; ▪ Determinar o preço e as quantidades de equilíbrio de um bem; ▪ Identificar situações de excesso e de escassez dos bens e serviços a partir da função da procura e da oferta 1.3.1 Introdução Certamente o estudante já esteve envolvido num processo de compra de um bem ou serviço. Quando saímos para comprar pão, quando compramos um bilhete de avião quando subimos um táxi etc. Vejamos o exemplo da compra do pão, ate a fase da compra do pão o estudante provavelmente não tenha reparado mas este processo envolveu uma serie de fases e determinado numero de equipamentos envolvidos para a sua produção. Para a produção do pão a padaria teve que adquirir amassadeiras, fornos, lenhas, padeiros, vendedora etc. etc. Ao mesmo tempo podemos observar que o Governo desempenha também um papel fundamental neste sector pois este cria as normas de higiene e segurança que devem ser seguidas pelos padeiros, cria outros regulamentos para esta área de actuação, cria incentivos às padarias e cria mecanismos de aumentar a produção de trigo etc. etc. Podemos assim observar que tanto o mercado (os produtores dos bens e serviços) assim como o estado desempenham cada um dos papéis fundamentais 47 todos com o objectivo de melhorar e facilitar as transacções no mercado. A presente unidade temática ira analisar o mecanismo de mercado e as acções do Estado, o papel do Estado na vida económica e as funções básicas da procura e da oferta. Desenvolvimento 1.3.2 O mecanismo de mercado Para que o estudante perceba o mecanismo de mercado deverá lembrar as definições dadas na unidade temática 1 sobre a economia de mercado e a economia centralizada ou dirigida. Lembre-se que foi dito que actualmente os países não funcionam de forma extrema em cada um dos sistemas de mercado, neste sentido para lembrar que as economias são mistas e para a actuação na actividade económica todos são actores fundamentais isto é, nenhum indivíduo, organização ou Estado isoladamente é responsável pela resolução dos problemas
Compartilhar