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Empresário Em nosso segundo encontro, dando continuidade a construção do conhecimento sobre os temas empresa, empresário e sociedades empresárias, nos cumpre discorrer sobre tais elementos, veja-se: “Empresário é a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade econômica de produção ou circulação de bens ou serviços.” O empresário pode ser pessoa física – emprega seu dinheiro e organiza a empresa individualmente, mas também pode ser jurídica – nascida da união de esforços de seus integrantes. A pessoa jurídica, por sua vez, é criada justamente para destacar o seu patrimônio do seus sócios, o que ocorre a partir da regularidade de sua constituição. Observe-se que a Lei (código civil e lei de recuperação de empresas e falências), tratam sempre a figura do empresário como sendo pessoa física. Contudo, na prática, observa-se que as atividades de alguma relevância são desenvolvidas em sua maioria por pessoas jurídicas, por sociedades empresárias. Importante frisar que em termos técnicos o sócio não é empresário mas sim a própria sociedade e que empresa é a atividade. “A empresa pode ser explorada por uma pessoa física ou jurídica. No primeiro caso, o exercente da atividade econômica se chama empresário individual, no segundo, sociedade empresária. Como é a pessoa jurídica que explora a atividade empresarial, não é correto chamar de “empresário” o sócio da sociedade empresária.” SOCIEDADE EMPRESÁRIA A Sociedade Empresária tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro, inclusive a sociedade por ações, independentemente de seu objeto, devendo inscrever-se na Junta Comercial do respectivo Estado (art. 982 e § único). Isto é, sociedade empresária é aquela que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, constituindo elemento de empresa. Desta forma, podemos dizer que "sociedade empresária" é a reunião de dois empresários ou mais, para a exploração, em conjunto, de atividade(s) econômica(s). As pessoas jurídicas empresárias adotam a forma de sociedade limitada ou de sociedade anônima. OBRIGAÇÕES BÁSICAS registrar-se na Junta Comercial antes de dar início à exploração de sua atividade; manter escrituração regular de seus negócios; levantar demonstrações contábeis periódicas. REGISTROS DE EMPRESAS: Do ponto de vista histórico, o Código Comercial de 1850 criou os Tribunais de Comércio que exerciam tanto a jurisdição em matéria comercial, julgando conflitos que envolviam comerciantes como os atos de registros, chamadas de “juntas comercias”, onde o comerciante deveria proceder a sua matrícula e o depósito de documentos exigidos em lei. Em 1875 os tribunais de comércio foram extintos e suas competências transferidas aos juízes de direito, sendo que as atribuições administrativas permaneceram a cargo das Juntas Comerciais. Hoje, o registro público de interesse para os empresários leva a denominação de “registro de empresas mercantis e atividades afins e está disciplinado pela lei 8.934/94 e pelo decreto 1.800/96, existindo uma junta comercial em cada Estado e no Distrito Federal. A mais importante inovação da lei de 1.994 foi a ampliação do âmbito do registro, até então somente as Sociedades Anônimas e as Limitadas dedicadas à exploração de atividade mercantil, podiam ter seus atos constitutivos registrados na Junta Comercial. (teoria dos atos do comércio) As limitadas que tinham por objeto outra atividade que não comercial tinham negado o pedido de registro e arquivamento na Junta, as quais recorriam aos cartórios de títulos e documentos que mantinham registros civis de pessoas jurídicas. Com exemplo temos as agências de propaganda e das prestadoras de serviço. A partir da citada lei, qualquer atividade passou a poder ser registrada na junta, independentemente de seu objeto. Com o CC de 2002 o âmbito novamente se restringiu (art. 998). Apenas as sociedades empresárias devem ser atualmente registradas. As sociedades simples são registradas no Registro Civil de Pessoas Jurídicas e as voltadas aos serviços de advocacia junto a OAB. ÓRGÃOS DE REGISTRO DE EMPRESAS: Encontra-se a cargo do Departamento Nacional do Registro no Comércio – DNRC, e das Juntas Comerciais. O DNRC é um órgão federal e sua competência não é de registro, mas sim de normatização. É sua a supervisão e fiscalização dos serviços prestados pelas Juntas. Cabe-lhe também organizar em manter o Cadastro Nacional de Empresas Mercantis. É interessante frisar que apesar de ser competência do DNRC a fiscalização e a normatização, este não possui instrumentos de intervenção nas juntas, caso não adotem suas diretrizes. As juntas comercias por sua vez, têm função executiva. A ESCRITURAÇÃO Parte da necessária organização constante inclusive do conceito de empresa se traduz no processo de escrituração que pode ser entendido como registro da sua movimentação. O código civil por meio dos Artigos 1.179 até 1.195 do Código Civil traz os contornos legais da escrituração. O empresário tem o dever de manter a escrituração dos negócios de que participam. Ou seja, o exercício regular de atividade empresarial necessita da organização de uma contabilidade, a cargo de profissionais habilitados. Pode-se dividir as funções da escrituração em 03 (três). A Gerencial, a fim de registrar e avaliar os resultados de seu comércio. A demonstração dos resultados da atividade comercial para outras pessoas, outros sócios por exemplo; e A escrituração com intuito de controle fiscal, isto é, está relacionada ao controle da incidência e pagamento de tributos. A escrituração ainda serve de instrumento à tomada de decisões administrativas, financeiras e comerciais, por parte dos empresários e dos dirigentes da empresa; funciona também como suporte para informações do interesse de terceiros, como sócios, investidores, parceiros empresariais, bancos credores ou órgão público licitante; e ainda para o cumprimento de obrigações legais, inclusive e principalmente de natureza fiscal. Em resumo, serve ao controle interno e externo do exercício da atividade empresarial. ESPÉCIES DE LIVROS Os livros contábeis se classificam, na medida da exigibilidade de tal escrituração, em obrigatórios e facultativos. Obrigatórios são os livros cuja escrituração é imposta aos empresários; a sua falta implica sanções. Já os facultativos (por vezes chamados auxiliares) são os que o empresário escritura para fins gerenciais, ou seja, exclusivamente para extrair subsídios às decisões que deve tomar a frente da empresa; por evidente, sua falta não implica sanções. O primeiro obrigatório é o DIÁRIO. O Código Civil de 2002 também prevê a obrigatoriedade apenas do Livro Diário, esclarecendo ainda, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Entre os livros simplesmente memoriais, são obrigatórios pela legislação os: Livros próprios da S/A. onde se registram as atas das assembléias, dados dos acionistas, atos de transferência da titularidade das ações nominativas; • As limitadas que realizem assembléia de sócios, devem escriturar o livro de atas de assembléia. (CC/2.002, art. 1.075, § 1º) e as que possuem conselho fiscal, o livro de atas e pareceres do conselho fiscal (art. 1.069, II). Já os facultativos podem ser qualquer tipo de registro ordenado e uniforme que os empresários realizam, para controle e andamento de seus negócios, ou memória de decisões, tal prática não é comum mas não existe nenhum fato impeditivo. Regularidade da Escrituração: A escrituração é considerada regular quando atende a determinados requisitos que a doutrina chama de intrínsecos e extrínsecos. Os intrínsecos dizem respeito à técnica apropriada para a sua elaboração. (Art. 1.183 do CC) uso do idioma português é obrigatório. não podem existir intervalos, entrelinhas, rasuras, emendas, anotaçõesàs margens ou notas de rodapé. método de contabilidade aceito entre os profissionais da área. moeda nacional, individualização, clareza e ordem cronológica de dia, mês, ano. “Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de livro próprio, regularmente autenticado.” Os requisitos extrínsecos visam conferir segurança jurídica ao Livro. São formalidades que definem a responsabilidade pela escrituração – identificando o empresário e o seu contador, o que em tese, poderia dificultar alterações nos lançamentos feitos. Processos de Escrituração: Livros escriturados a mão. 1967 a substituição pelo processo mecanográfico (máquina de escrever) 1972 a disciplina do processo eletrônico (formulário contínuo) 1990 os lançamentos contábeis passaram a ser digitados em programas de cálculos Estabelecimento O Código Civil trouxe em seus artigos 1.142 a 1.149 um regramento específico sobre o estabelecimento empresarial, definindo-o como “todo complexo de bens organizado, para exercício de empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”. Conforme já ressaltado em nosso primeiro encontro, encampamos no Brasil muitos conceitos similares aos utilizados em solo Italiano, de modo que nossa definição é bastante próxima à definição empregada pelo Código Civil italiano que, em seu artigo 2.555 define estabelecimento empresarial como o complexo dos bens organizados pelo empresário para o exercício da empresa. Os estabelecimentos empresariais também são chamados de fundos de comércio (expressão utilizada pelos franceses como fonds de commerce) ou aziendas (para os italianos), não são apenas o local da atividade do comerciante, mas também a forma de organização da atividade econômica desenvolvida e os equipamentos que o empresário utiliza para desenvolver a sua atividade. Compreendem os móveis, utensílios, marca, logotipo e demais direitos de propriedade industrial, etc. Enfim, o estabelecimento comercial, agora chamado de estabelecimento empresarial é todo o complexo dos elementos, o conjunto de bens que o empresário ou a sociedade empresária organizam para o exercício da empresa, entendido empresa como a atividade desenvolvida pelo empresário. Vale dizer: é o instrumental do empresário. Para Waldo Fazzio Júnior (Fundamentos de Direito Comercial, 3ª Edição, Editora Atlas), o estabelecimento comercial é o “conjunto de bens (materiais e imateriais) e serviços, organizados pelo empresário, para a atividade da empresa. É o complexo dos elementos que o comerciante congrega e organiza, tendo em vista obter êxito na sua profissão”. Para Rubens Requião (Curso de Direito Comercial, 1º Volume, Editora Saraiva) o “fundo de comércio ou estabelecimento comercial é o instrumento da atividade do empresário. Com ele o empresário comercial aparelha-se para exercer sua atividade. Forma o fundo de comércio a base física da empresa, constituindo um instrumento da atividade empresarial. O Código italiano o define como o complexo dos bens organizados pelo empresário, para o exercício da empresa”. Neste sentido é correta a afirmação de que estabelecimento empresarial é um instrumento indissociável da empresa, sem o qual não é possível a prática da exploração empresarial. Conjugando-se a Doutrina com os contornos legais delineados pelo Código Civil , pode-se destacar as seguintes características acerca da natureza do estabelecimento empresarial: • (a) é uma universalidade de fato, com individualidade própria, organizada pela vontade de seu titular; • (b) não é sujeito de direito, pois não tem personalidade jurídica; • (c) faz parte do patrimônio do comerciante, mas com ele não se confundindo; • (d) trata-se de instrumento da atividade econômica do empresário; • (e) também é um instrumento da atividade econômica (empresa) do empresário. Elementos do estabelecimento Divide-se em bens de natureza material e imaterial. Os bens materiais (corpóreos) correspondem às coisas físicas tais como mercadorias, utensílios, instalações, veículos, etc. E, os bens imateriais (incorpóreos), são aqueles que não ocupam espaço no mundo físico como as marcas, as criações intelectuais, direito à titularidade sobre os sinais distintivos (por exemplo, título do estabelecimento), ponto comercial, o aviamento e a clientela. Aviamento e clientela Pode-se conceituar o aviamento como o resultado de um conjunto de variados fatores pessoais, materiais e imateriais, que conferem a um dado estabelecimento empresarial a aptidão de produzir riquezas. É uma expectativa de lucros futuros, de mensuração variável, que se acumula lentamente. Pode ser entendido como sobrevalor, na medida em que o aviamento somado aos demais componentes do estabelecimento representa um valor ao negócio. Por estas razões o aviamento possui valor econômico relevante, passível de valoração. A noção de aviamento é ligada à noção de clientela, que vem a ser o grupo de pessoas que mantém com o estabelecimento relações continuadas de procura de bens e de serviços. A clientela representa um objeto de direito, assim como o aviamento, ao qual se atribui um valor econômico de notória relevância. Objeto de negócio jurídico Uma vez objeto de direito, o estabelecimento pode ser objeto de vários negócios jurídicos que tenham por destinação a transferência de titularidade, de uso ou de gozo a outrem. Pode-se citar as seguintes relações: alienação inter vivos a título oneroso (cessão ou trespasse, permuta, conferência em sociedade, dação em pagamento) ou a título gratuito (doação); alienação causa mortis (sucessão legítima ou testamentária); gestão para fim de desfrute (arrendamento, usufruto, comodato) ou de garantia (penhor). Trespasse Trata-se de um contrato de compra e venda do estabelecimento empresarial por meio do qual ocorre a transferência de sua titularidade. Nele o comerciante/trespassante se obriga a transferir o domínio de todos os elementos (universalidade de bens) que servem a atividade empresarial e o adquirente/trespassário se obriga a pagar pela aquisição. Segundo Carvalho de Mendonça citado por Fabio Ulhoa Coelho, a venda do estabelecimento como entidade unitária compreende todos os elementos que o integram principal ou acessoriamente. Abrange o aviamento, a clientela, o material, os utensílios, as máquinas, as mercadorias, as marcas de comércio. Neste sentido, pode-se dizer que o trespasse ocorre quando o estabelecimento deixa de integrar o patrimônio de um empresário e passa a ser objeto de direito de propriedade de outro. O trespassante tem a obrigação de fazer boa a coisa alienada. Para que produza efeitos jurídicos em relação a terceiros, o contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento deverá ser averbado no Registro Público de Empresas Mercantis e publicado na imprensa oficial, de acordo com o artigo 1.144 do Código Civil. Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. Frise-se que transferência do estabelecimento empresarial (trespasse) é diferente da cessão de quotas sociais de uma sociedade, caso em que o estabelecimento não muda de titular, tendo apenas alteração na composição societária. A responsabilidade pelo passivo O Código Civil prescreve expressamente no artigo 1.146 que o passivo faz parte do estabelecimento empresarial e uma vez regularmente contabilizado, transfere-se junto com o estabelecimento, quando da suaalienação. Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. Assim é correto afirmar que o adquirente responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano a partir da data da publicação do contrato de alienação, quanto aos créditos vencidos, ou da data do vencimento dos créditos. O Código Civil também prevê que o próprio estabelecimento servirá de garantia para os credores da empresa, devendo a alienação observar o que se prescreve no artigo 1.145: “Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em 30 (trinta) dias a partir de sua notificação”. Concorrência. Restabelecimento Trata-se da vedação ao alienante de desenvolver concorrência ao adquirente pelo prazo mínimo de 05 anos, para tanto o Código Civil em seu artigo 1.147 aponta limitações ao restabelecimento da atividade empresarial, pelo antigo alienante, com o objetivo de preservar a clientela do estabelecimento empresarial, que é também de interesse do adquirente. “Art. 1.147: “Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos 5 (cinco) anos subseqüentes à transferência”. De acordo com o texto legal, o alienante não pode, salvo autorização expressa, antes do prazo de 05 (cinco) anos, abrir nova empresa, que, pelo objeto, localização ou outras circunstâncias desvie a clientela do estabelecimento transferido. Assim, pode-se afirmar que a lei e clara ao prelecionar o dever do alienante em abster-se de concorrer com o adquirente caso não haja expressa autorização contratual. Julgados: A tese da impossibilidade do restabelecimento do alienante teve aceitação, além da doutrina, também perante o judiciário. Vejamos alguns casos: “CONCORRÊNCIA DESLEAL. CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA. A cláusula de proibição, segundo a qual o alienante de estabelecimento comercial se obriga a não se estabelecer com o mesmo ramo de comércio, impede também que ele se associe a terceiro para exercer a antiga profissão no local. A sociedade comercial, embora diversa, na sua constituição original da que adquiriu o estabelecimento comercial, pode demandar, de quem lhe vendeu o fundo de comércio, qualquer direito decorrente da cláusula proibitiva de estabelecimento com o mesmo ramo, porque a garantia é instituída em favor do negócio comercial, que não se alterou nos seus elementos constitutivos, a despeito de serem outros os sócios componentes da firma. Não há transgressão ao princípio da liberdade de comércio na cláusula proibitiva de concorrência, restrita quanto ao espaço e ao objeto, não obstante a falta de limitação no tempo, pois essa falta não traduz prazo indefinido. É desnecessária a cláusula expressa da não - concorrência, pois tal obrigação decorre do próprio dever que ao vendedor incumbe de não perturbar o uso e gozo do estabelecimento comercial pelo comprador.” (RT 151/2809-1). “CONCORRÊNCIA DESLEAL. PEQUENA INDÚSTRIA. Em regra, quem vende estabelecimento comercial não está proibido de instalar ou adquirir outro. Mas, se se trata de pequena indústria, há concorrência desleal se depois de alienar o estabelecimento, instale outro a pequena distância” (RT 157/190). “CONCORRÊNCIA DESLEAL – VENDA DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL – ABERTURA DE NOVO NEGÓCIO – COMPROMISSO EXPRESSO DO VENDEDOR). Ao vendedor não é lícito, sem autorização do comprador, fundar estabelecimento em que lhe fosse retirar toda ou parte da clientela. Essa turbação por parte do vendedor importaria privar o comprador no todo ou em parte da coisa vendida. Não há, em face do que determina o art. 214 do Cód. Comercial, necessidade de estipulação formal, expressa pela qual o vendedor se obrigue a não se estabelecer”. (RT 167/237). Disposições Comuns a Falência e a Recuperação da Sociedade Empresária e do Empresário Individual A partir da nossa aula de hoje estudaremos a Lei 11.101/2005, que regra no País a recuperação judicial, extrajudicial e a falência da sociedade empresária e do empresário individual. Em tempos atuais, onde a crise que assola a Nação acaba por impingir à bancarrota diversos ramos de atividade, a possibilidade de recuperação de empresas ganha importante destaque no cenário das possibilidades que os condutores das atividades têm a disposição no sentido de manter a fonte produtiva, os empregos, o carregamento do próprio erário, dentre outras importantes contribuições que a atividade empresarial empresta ao desenvolvimento. O legislador previu que os destinatários da proteção legal dispensada pela Lei 11.101/2005 são a sociedade empresária e o empresário individual, conforme artigo 1º da citada norma (acrescentando-se aqui o EIRELI). Para deixar claro quem não pode fazer uso da Lei, o artigo 2º estabelece em seus incisos que tanto empresas públicas e de economia mista, mais as seguradoras, as cooperativas, as operadoras de plano de saúde, as instituições financeiras, dentre outros, não estão afetos a Lei. A legislador estabeleceu como juízo competente para processar tanto a recuperação judicial quanto à falência da sociedade empresária o foro do local onde se encontra o principal estabelecimento, o que indica que por vezes o foro da sede da sociedade empresária será desconsiderado, pois a competência é da comarca do juízo onde se encontram a maior parte dos bens. O Artigo 3º da Lei é taxativo neste sentido: Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. (grifo acrescido) Importante frisar que a decisão que defere o processamento da recuperação ou decreta a falência impõe a suspensão da prescrição e de todas as ações e execuções contra o devedor, inclusive as que tramitam em desfavor do sócio solidário. Mas, situações distintas ocorrem a partir da suspensão, pois: Na falência a suspensão deve incidir até que o Administrador Judicial assuma e regularize a representação da Massa Falida. Na recuperação judicial a suspensão não pode ultrapassar o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias e isto para as ações que representem risco a manutenção da atividade, tudo de acordo com o que determina o parágrafo 1º e o 4º do Artigo 6º da Lei de regência. Tais assertivas são embasadas no comando de que terão prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida. O legislador foi bastante perspicaz na medida em que atentou para a grande quantidade de ações judiciais que estão tramitando quando o devedor pugna por sua recuperação judicial ou tem sua falência decretada. Neste aspecto importante frisar que não há um deslocamento de competência para o juízo falimentar, pois as ações que tramitam em outros juízos deveram liquidar-se para que o valor correspondente seja habilitado na recuperação ou na falência. Logo, é correto afirmar, que a recuperação e a falência tratam-se de grandes processos concursais que visam manter a empresa em dificuldade, pagando os credores da melhor forma possível. Enquanto os processos que tramitam em outros juízos não se tornam líquidos, é importante registrar que os credores podem e devem pleitear junto ao administrador judicial a reserva dos valores que entenderem devidos, sob pena de perderem a possibilidade de receber se neste meio tempo a massa falida ou a recuperanda proceder algum pagamento.(§ 2º do artigo 6º) VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DE CRÉDITOS NA RECUPERAÇÃO E NA FALÊNCIA Capítulo importantíssimo em qualquer processo de recuperação ou de falência refere-se a verificação e a habilitação de créditos. o artigo 7º demonstra que é atribuição do administrador judicial proceder deste modo: Art. 7o A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas. Na autofalência e na recuperação judicial o devedor fará anexar ao pedido relação nominal de credores, contendo valor e qualidade do crédito e dados completos do credor. Na decretação o devedor terá 05 (cinco) dias para entregar a lista de credores. Caso o credor não esteja na lista, ou conste com valor ou qualidade equivocados, o credor deverá propor pedido de habilitação diretamente ao administrador judicial, na forma do § 1º do artigo 7º e do artigo 9º da Lei. Se mesmo assim, a crédito continuar com qualidade ou valor errado, o credor terá que interpor uma impugnação ao crédito, na forma do artigo 13 da lei 11.101/2005. Após o processamento, o Juiz da causa proferirá decisão atacável por Agravo de instrumento, conforme dispõe o artigo 17. Por fim, depois do julgamento das impugnações, o Administrador Judicial fará publicar edital contendo todos os créditos homologados, o qual receberá o nome de quadro geral de credores. DO ADMINISTRADOR JUDICIAL Tanto nos processos de falência quanto nos de recuperação judicial a nomeação de um administrador judicial se faz obrigatória, o qual terá basicamente a função de conduzir os processos e salvaguardar os bens da empresa, a saber: Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz. DO COMITÊ DE CREDORES Já o comitê de credores poderá ser instituído com funções precipuamente de fiscalização e será formado pelas seguintes classes: Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das classes de credores na assembléia-geral e terá a seguinte composição: 1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois) suplentes; 1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes; 1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografários e com privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes. 1 (um) representante indicado pela classe de credores representantes de microempresas e empresas de pequeno porte, com 2 (dois) suplentes. ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES Por fim, a assembeia geral de credores tem por principal objetivo na recuperação, deliberar sobre o plano e, eventualmente, inclusive de deliberar pela bancarrota da empresa. Na falência a assembleia não é obrigatória a não ser que os credores queiram realizar o ativo de maneira diferenciada, quando uma assembleia passa a ser obrigatório. Os dispositivos que tratam do tema vão do artigo 35 até o 46 da lei 11.101/2005. A Recuperação da Sociedade Empresária e do Empresário Individual Em tempos atuais, onde a crise que assola a Nação acaba por impingir à bancarrota diversos ramos de atividade, a possibilidade de recuperação de empresas ganha importante destaque no cenário das possibilidades que os condutores das atividades têm a disposição no sentido de manter a fonte produtiva, os empregos, o carregamento do próprio erário, dentre outras importantes contribuições que a atividade empresarial empresta ao desenvolvimento. Evidentemente que o objetivo da recuperação é a manutenção sustentável da atividade empresarial, o que restou evidente no primeiro artigo de lei a tratar da recuperação na Lei 11.101/2005, a saber: Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. A manutenção da fonte produtora, dos empregos e a proteção do interesse dos credores, extrapola a esfera individual privada no sentido de que com a preservação da empresa enquanto atividade, o que se está a promover nada mais é do que a materialização da função social da empresa, pois há tempos se percebeu que a empresa não é importante apenas para a sociedade empresária o para o empresário individual que a conduzem, mas para toda sociedade Requisitos: O artigo 48 da lei de regência é taxativo ao promover exigências a serem cumpridas, de maneira cumulativa, par se requerer a recuperação, a saber: Ser sociedade empresária ou empresário individual; exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos; não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença as responsabilidades; não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial, inclusive a baseada no plano especial; e não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. Segundo o artigo 49 da Lei sob comento, estão sujeitos todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. Neste mesmo artigo fixou-se a determinação de que os credores do devedor conservam os seus direitos contra os coobrigados (fiadores e avalistas). Já o parágrafo 3º dispôs que os credores que possuem garantiam real não se submetem aos efeitos da recuperação, sendo limitados apenas a não retirada dos bens do estabelecimento do devedor dentro do prazo de suspensão de 180 (cento e oitenta) dias trazido pelo § 4º do Artigo 6º da Lei No que se refere aos documentos que precisam ser apresentados pela Autora do pedido de processamento da recuperação, temos: I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise; II – as demonstrações contábeis dos 3 (três) últimos exercícios e as levantadas especialmente; III – a relação nominal completa dos credores; IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções e salários; V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas; VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor; VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor; VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor; IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte. DO PLANO DE RECUPERAÇÃO Deverá ser apresentado no prazo máximo de 60 dias da publicação do deferimento do processamento. Deverá conter a discriminação pormenorizada dos meios de recuperação e terá que demonstrar a viabilidade econômica fazendo acompanhar de laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens do ativo da recuperanda, a ser confeccionado e assinado por profissional habilitado DOS MEIOS DE RECUPERAÇÃO O Artigo 50 da lei 11.101/2005 traz 16 incisos com formas possíveis de recuperação, tais como: Prazos maiores, condições especiais, cisão, incorporação, transformação da sociedade empresária , dação em pagamento, venda parcial dos bens; trespasse, dentre outros; E também algumas sugestões polêmicas, como a redução salarial dos empregados; a constituição de sociedade de credores;a constituição de SPE (sociedade de propósito específico DO PLANO DE RECUPERAÇÃO ESPECIAL Destinado para as em micro e pequenas empresas definidas em lei como tal. Frise-se que se trata de uma opção ao micro e pequeno empresário, pois caso entenda pertinente pode fazer uso do plano comum. Se optar pelo plano especial, este deve prever o pagamento dos credores no tempo máximo de 36 meses corrigidos pela taxa SELIC; Os início dos pagamentos deve se dar no prazo máximo de 180 dias da distribuição do pedido. Dispensará a chamada de assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano. DA FASE FINAL Uma vez aprovado o plano de recuperação e cumpridas as exigências de lei, o juiz concederá a recuperação; Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial do devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei ou tenha sido aprovado pela assembléia-geral de credores na forma do art. 45 desta Lei. Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1o do art. 50 desta Lei. 2oContra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que poderá ser interposto por qualquer credor e pelo Ministério Público. DA CONVOLAÇÃO EM FALÊNCIA Em determinadas situações, que envolvem a não aprovação ou o não cumprimento de prazos e a realização das obrigações contidas no plano de recuperação propriamente dito, o Juiz da causa se vê obrigado a decretar a Falência no mesmo processo da recuperação. Para tal ato, o legislador chamou de convolação da recuperação em falência, as principais hipóteses encontram-se no artigo 73 da Lei 11.101/2005 e são elas: por deliberação da assembléia-geral de credores; pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo de 60 dias; quando houver sido rejeitado o plano de recuperação; por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação. A Falência da Sociedade Empresária e do Empresário Individual Nesta aula abordaremos a falência da sociedade empresária e do empresário individual, conforme regrado pela Lei 11.101/2005. Em determinadas situações o afastamento do devedor (sociedade empresária e do empresário individual) da atividade, ou seja, da empresa, é medida drástica mas necessária para a manutenção da própria empresa. Diferentemente do que o senso comum estabelece, a Falência não tem como objetivo o fechamento da empresa enquanto atividade, mas sim o afastamento do devedor (sociedade empresária e empresário individual) para, na medida do possível, promover a manutenção da empresa enquanto atividade, com base na necessidade de se preservar a sua função social. O artigo 75 espelha o entendimento que foi trazido na tela anterior, veja-se: “Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa.” Além da evidente preocupação do legislador com a manutenção da atividade, no campo processual a intenção foi de que os processos de falência sejam céleres e econômicos, conforme preleciona o parágrafo único do artigo acima e no artigo 79 sempre da Lei 11.101/2005 Artigo 75 (...) Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual.” “Art. 79. Os processos de falência e os seus incidentes preferem a todos os outros na ordem dos feitos, em qualquer instância.” DA RESPONSABILIZAÇÃO DOS SÓCIOS Os sócios da sociedade empresária de responsabilidade limitada, a qual representa a grande maioria em solo nacional, pode ser demandado se nas suas atividade acabou por gerar um prejuízo a empresa, ora Falida, tal ação está prevista no artigo 82 da lei de regência. “Art. 82. A responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos controladores e dos administradores da sociedade falida, estabelecida nas respectivas leis, será apurada no próprio juízo da falência, independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo, observado o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil. • 1oPrescreverá em 2 (dois) anos, contados do trânsito em julgado da sentença de encerramento da falência, a ação de responsabilização prevista no caputdeste artigo. • 2oO juiz poderá, de ofício ou mediante requerimento das partes interessadas, ordenar a indisponibilidade de bens particulares dos réus, em quantidade compatível com o dano provocado, até o julgamento da ação de responsabilização.” DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS O Artigo 83 da Lei de Falências é taxativo ao estabelecer a ordem de pagamento que deverá ser religiosamente observada quando do pagamento do passivo da massa falida. Os trabalhadores ficaram com certa preferência e logo após, mesmo antes do fisco, os credores com direito real de garantia foram alocados. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários- mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; créditos com privilégio especial, créditos com privilégio geral; créditos quirografários; as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias; créditos subordinados. DOS CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS Importante esclarecer que existem créditos que são considerados extraconcursais de acordo com o artigo 84 da Lei e que serão pagos antes mesmos daqueles indicados no artigo 83 da mesma Lei, a saber: remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação ou acidente de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência; quantias fornecidas à massa pelos credores; despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência; custas judiciais de ações em que a massa falida tenha sido vencida; obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, DO PROCEDIMENTO PARA DECRETAÇÃO Trata-se das hipóteses em que a falência do devedor pode vir a ser decretada, são elas: sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; Pratica os chamados atos de falência, como liquidação precipitada de seus ativos, transfere ou simula a transferência do seu estabelecimento para furtar-se de adimplir suas obrigações, dentre outros. (vide inciso III do artigo 94 da Lei 11.101/2005) DA REVOGAÇÃO E DA INEFICÁCIA DOS ATOS PRATICADOS ANTES DA FALÊNCIA O Legislador, prevendo a possibilidade de dilapidação patrimonial do devedor, instituiu um sofisticado mecanismo que possibilita que os bens que verteram para outras pessoas, retornem ao patrimônio da Massa para serem arrecadados, alienados e paguem o passivo na ordem da preferência já estudada. Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores. (vide incisos do artigo 129 da Lei 11.101/2005) A ineficácia poderá ser declaradade ofício pelo juiz, alegada em defesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo. Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provando- se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida. Art. 131. Nenhum dos atos referidos nos incisos I a III e VI do art. 129 desta Lei que tenham sido previstos e realizados na forma definida no plano de recuperação judicial será declarado ineficaz ou revogado. Art. 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá ser proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação da falência. DISPOSIÇÕES PENAIS O Legislador inovou ao fixar tipos penais específicos para a Recuperação e para a Falência, tratados na Lei do artigo 168 ao 188. Chama atenção as penas estabelecidas o que denota uma clara intenção de punir o empresário inescrupuloso, como exemplo, o tipo referente à fraude a credor enquanto crime falimentar: “Art. 168. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem. Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa Locação Empresarial – Proteção do Ponto Segundo Fábio Ulhoa Coelho[1] o “ponto – também chamado de “propriedade comercial” – é o local em que o empresário se estabelece. É um dos fatores decisivos para o sucesso de seu empreendimento. Por esta razão, o interesse voltado à permanência no ponto é prestigiado pelo direito. Não apenas porque a mudança do estabelecimento empresarial costuma trazer transtornos, despesas, suspensão da atividade, perda de tempo, mas principalmente porque pode acarretar prejuízos ou redução de faturamento em função da nova localização, o empresário tem interesse em manter o seu negócio no local em que se encontrava.” Desde 1934 o direito brasileiro protege o ponto comercial pela norma conhecida como Lei de luvas. Na ocasião, para o comerciante e o industrial que locasse o ponto por mais de 5 anos sem mudar de atividade nos últimos 3 (três), podia pleitear a renovação compulsória do vínculo locatício. Posteriormente, a lei de locação predial urbana (Lei 8245, art 51)continuou a prever tal instituto. “Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: • o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; • o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; • o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.” Atualmente, com o Código Civil de 2002, Fábio Ulhoa sustenta que se pode dizer que titularizam o direito à renovação compulsória do contrato de locação os empresários (individual ou sociedade empresária e a sociedade simples). REQUISITOS DA LOCAÇÃO EMPRESARIAL Pela Lei de Locações pode-se afirmar que existem dois tipos básicos de locação predial urbana, a residencial e a não residencial, nesta encontram-se os contratos em que o empresário é autorizado a explorar, no prédio locado, uma atividade econômica. Nestes casos não se pode pleitear a renovação compulsória dos contratos, pois por definição de Lei, a renovação somente é dada a locação empresarial, atingindo-se os requisitos, Artigo 51 da Lei de locações. contrato escrito prazo mínimo de 5 anos ou a somatória de sucessivos contratos atinja este tempo. mesmo ramo por no mínimo 3 anos https://dombosco.instructure.com/courses/2918/pages/aula-7#_ftn1 Se o contrato é oral, ou sendo escrito, estabelece prazo de duração indeterminado, a locação por definição não é empresarial, perdendo o direito o empresário, de permanecer no imóvel. AÇÃO RENOVATÓRIA: O direito de manutenção no ponto, chamado por Fábio Ulhoa Coelho de “inerência ao ponto”, é exercido por ação própria denominada AÇÃO RENOVATÓRIA. Esta ação possui 02 requisitos próprios e são eles: A locação deve ser empresarial com o exato cumprimento do contrato (taxas, IPTU, etc.); Propor a Ação entre 01 ano e seis meses antes do término da locação. Importante notar que a locação empresarial, se não renovada via contrato ou mantida através de Ação, não se finda apenas perde a característica e a proteção de locação empresarial, podendo o dono do imóvel requerer a sua desocupação em 30 (trinta) dias. O dono do imóvel em contestação a ação renovatória pode, no mérito alegar três linhas principais de defesa, são elas: desatendimento dos requisitos da locação empresarial; perda do prazo decadencial; exceção de retomada. EXCEÇÃO DE RETOMADA Importante lembrar, que o direito do locatário de “inerência ao ponto” tem fundamento na lei de locação ao passo que o direito do proprietário que loca é inclusive constitucionalmente garantido (CF, art. 5º, XXII). Em virtude disso, novamente Fabio Ulhoa Coelho, “A renovação compulsória do contrato de locação empresarial não pode ser incompatível com o exercício do direito de propriedade, pelo locador. Por essa razão, admite-se a exceção de retomada, na ação renovatória.” A lei ordinária da locação não pode sobrepujar a norma constitucional. A lei de locação previu algumas hipótese onde a exceção de retomada é media que se impõe, veja-se: (artigos 52 e 72, II e III da Lei de Locação) obras no imóvel, que importem sua radical transformação, por exigência do poder público; reformas no imóvel, que o valorizem, pretendidas pelo locador; insuficiência da proposta apresentada pelo locatário, na ação renovatória; melhor proposta de terceiros transferência do estabelecimento existente há mais de um ano, pertencente ao cônjuge, ascendente ou descendente do locador, ou de sociedade por ele controlada; para uso próprio Entretanto, o legislador protegeu o empresário, na medida em que o proprietário não pode retomar o imóvel para uso próprio e desenvolver a mesma atividade desenvolvida. INDENIZAÇÃO DO PONTO: Por vezes, em razão justamente da supremacia do direito de propriedade constitucionalmente garantito, o locatário não consegue sucesso em sua ação renovatória. Assim, quando a exceção de retomada é inevitável e o proprietário pode voltar a livremente dispor da sua propriedade, passou-se a indenizar o ponto, na forma de fundo de empresa ou fundo de comércio. São três, nos dizeres de Fábio Ulhoa Coelho, as hipóteses em que o locatário teria direito à indenização, são eles: locação empresarial; ação renovatória interposta dentro do prazo; e acolhimento da exceção de retomada. Presentes estas três situações, caberá a indenização pela perda do ponto nas seguintes hipóteses: se a exceção de retomada foi à existência de proposta melhor de terceiro; se o locador demorou mais de 3 meses, contados da entrega do imóvel, para dar-lhe o destino alegado na exceção de retomada exploração do imóvel na mesma atividade do locatário; insinceridade da exceção de retomada. A indenização deve acobertar os prejuízos e lucros cessantes em decorrência tanto da mudança como da perda do lugar e desvalorização do fundo. Em suma, tudo que o empresário perdeu e o que razoavelmente deixou de ganhar em virtude da retomada do imóvel (Lei de Locação, art. 52, § 3º) 3º O locatário terá direito a indenização para ressarcimento dos prejuízos e dos lucros cessantes que tiver que arcar com mudança, perda do lugar e desvalorização do fundo de comércio, se a renovação não ocorrer em razão de proposta de terceiro, em melhores condições, ou se o locador, no prazo de três meses da entrega do imóvel, não der o destino alegado ounão iniciar as obras determinadas pelo Poder Público ou que declarou pretender realizar. JULGADOS “LOCAÇÃO - AÇÃO RENOVATÓRIA - 2. Exceção de retomada, para uso de caráter absoluto, gozando apenas de presunção relativa. 3. Análise das provas que leva à conclusão da insinceridade. 4. Novas provas juntadas no recurso, que não podem ser apreciadas, face a preclusão. 5. Procedência da renovatória, rejeitada a exceção de retomada. 6. Improvimento do recurso. (TJRJ - AC 16674/2001 - 4ª C.Cív. - Rel. Des. Mário dos Santos Paulo - J. 06.11.2001)” “AGRAVO DE INSTRUMENTO – CONTRATOS DE LOCAÇÃO COMERCIAL PELO PRAZO DE UM ANO CADA – AÇÃO RENOVATÓRIA PROPOSTA QUATRO DIAS ANTES DO TÉRMINO DO PRIMEIRO CONTRATO E QUATRO MESES E VINTE DIAS DO SEGUNDO – I - Impossibilidade diante do previsto no § 5º, do artigo 51, da Lei 8.245/91, que determina que a renovatória deve ser proposta no mínimo, até seis meses anteriores à data da finalização do contrato em vigor. II - Agravo provido. (TJMA – AI 18831/2003 – (53035/2005) – São Luís – 1ª C.Cív. – Rel. Des. Raymundo Liciano de Carvalho – J. 14.02.2005) JLI.51 JLI.51.5” “COMERCIAL, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS - LOCAÇÃO COMERCIAL - RESCISÃO VOLUNTÁRIA DO CONTRATO PELA LOCATÁRIA - DESVIO DE FINALIDADE E VEDAÇÃO AO EXERCÍCIO DO MESMO RAMO DE COMÉRCIO ANTERIOR - GARANTIAS QUE SÃO OPONÍVEIS APENAS QUANDO AJUIZADA AÇÃO RENOVATÓRIA - RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO - 1) Havendo a entrega voluntária do ponto comercial pela locatária antes do término do contrato, ainda que a locadora tenha manifestado extrajudicialmente a intenção de reavê-lo, não há que se falar indenização pelo desvio de finalidade da retomada, tampouco, pela utilização do mesmo ramo comercial, eis que não ajuizada a competente ação renovatória no prazo legal. 2) Recurso a que se nega provimento. (TJAP - AC 139703 - (6844) - C.Única - Rel. Des. Honildo Amaral de Mello Castro - DOEAP 14.06.2004 - p. 23)” SOCIEDADES EMPRESÁRIAS Neste nosso encontro estudaremos a classificação das sociedades empresárias e a responsabilidade dos sócios. Atividades de vulto na economia ocorrem quase que integralmente por meio de sociedades empresárias, dificilmente ocorrendo na forma individual, justamente pela limitação na responsabilidade que o tipo societário pode imprimir aos seus sócios. Segundo Fábio Ulhoa Coelho[1] são cinco os tipos de sociedades empresárias: • nome coletivo • comandita simples • comandita por ações • anônima • por quotas de responsabilidade limitada. A primeira grande divisão é a de sociedades de pessoa ou de capital. A primeira grande e importante divisão diz respeito as sociedades de pessoa e de capital, segundo Fábio Ulhoa Coelho: “As sociedades de pessoas são aquelas em que a realização do objeto social depende mais dos atributos individuais dos sócios que da contribuição material que eles dão. As de capital são as sociedades em que essa contribuição material é mais importante que as características subjetivas dos sócios. A natureza da sociedade importa diferenças no tocante à alienação da https://dombosco.instructure.com/courses/2918/pages/aula-8#_ftn1 participação societária (quotas e ações), à sua penhorabilidade por dívida particular do sócio e à questão da sucessão por morte.” A distinção em sociedade de pessoas e de capital guarda correlação direta com a afeição entre os sócios nas sociedades de pessoas e o interesse meramente investidor nas de capital. As sociedades em nome coletivo e em comandita simples são de pessoas (CC/2002, art. 1003). A sociedade limitada pode ser de pessoas ou de capital, de acordo com o previsto no contrato social (Cap. 27, item 5). Por fim, as sociedades anônima e em comandita por ações são predominantemente de capital. Sociedades Contratuais e Institucionais A segunda hipótese de classificação das sociedades empresárias diz respeito ao regime de constituição e dissolução do vínculo societário. Por ele, as sociedades podem ser contratuais ou institucionais. As sociedades contratuais são constituídas por um contrato entre os sócios, comumente conhecido e chamado de contrato social, sendo que para dirimir discussões utilizam-se os princípios de direito contratual. As institucionais também se revestem de vontade dos sócios, porém o vínculo não é contratual. São exemplos de contratuais às sociedades em nome coletivo, em comandita simples e limitada e institucionais as sociedades anônimas e em comandita por ações. Por fim, segundo Fábio Ulhoa, “A sociedade empresária é contratual se constituída por um contrato entre os sócios; e é institucional se constituída por um ato de vontade não contratual. A diferença diz respeito à aplicação, ou não, do regime do direito contratual às relações entre os sócios.” Assim o instrumento que rege as contratuais é o “contrato social” e o que regula as institucionais é o “estatuto”. A Lei aplicável também é diversa, o Código Civil para as contratuais e a Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/76 – LSA) para as institucionais. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS: Uma das grandes vantagens da personificação das sociedades empresárias é justamente a responsabilidade subsidiária pelas obrigações sociais. Em termos práticos pode-se afirmar que enquanto não acabar o patrimônio social, não pode haver o comprometimento do patrimônio do sócio para a satisfação da dívida da sociedade. Tal regra já se encontrava esculpida no finado Código Comercial de 1850 permanecendo no Código Civil de 2.002, no seu Artigo 1.024. Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais. Fabio Ulhoa sustenta não haver no Brasil nenhuma regra geral de solidariedade entre os sócios e sociedade (simples ou empresária), podendo os sócios sempre se valerem dos benefícios de ordem, pela indicação de bens sociais livres e desembaraçados. Quando solidário não pode invocar o benefício de ordem devendo arar com o total da dívida, e posteriormente, se desejar, demandar contra a outra parte visando buscar o pagamento da sua cota parte da obrigação. “A regra, no direito societário brasileiro, é da subsidiariedade da responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais. Apenas na sociedade em comum o sócio que atuar como representante legal responde diretamente.” As responsabilidades dos sócios pelas obrigações da sociedade podem ser limitadas ou ilimitadas. Há situações em que o sócio responde sem limitação e em outras com limitação. Não fosse a limitação de responsabilidade aos investimentos realizados, se dificultaria à abertura de novas atividades, na medida em que o patrimônio do sócio sempre estaria à beira do comprometimento. Segundo Fábio Ulhoa, pelo critério de classificação das sociedades, estas podem ser de três categorias: Sociedades com responsabilidade ilimitada, quando todos os sócios respondem pelas obrigações sociais ilimitadamente (sociedade em nome coletivo); Sociedades de responsabilidade mista, quando apenas parte dos sócios responde de forma ilimitada (sociedades em comandita simples ou por ações); e Sociedades de responsabilidade limitada, em que todos os sócios respondem de forma limitada pelas obrigações sociais (sociedades por quotas de responsabilidade limitada e anônima). Importante ressaltar que quando se trata da tutela de consumidores, estado e trabalhadores, observa-se cada vez mais o movimento de comprometer-se o patrimônio do sócio, não se observando a regra do direito empresarial de autonomia da sociedade empresária. Mais recentemente, importante destacar também que o código de processo civil de 2015 impôs um incidente para que possa haver a desconsideração da personalidade jurídica e o conseqüente atingimento dos bens dos sócios. Tal incidente regrado entre os artigos 133 a 137 do Código de ProcessoCivil visam justamente regrar a desconsideração e privilegiar o contraditório e a ampla defesa. Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. 1o O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei. 2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. Por fim as sociedades podem ser alocadas num esquema quanto a sua personificação, obedecendo a seguinte ordem: Pessoa jurídica (personalizada): - Associações (sem fins econômicos) - Sociedade (com fins econômicos) 1- Não personalizadas: A - Sociedade em comum (irregular) B - Sociedade em conta de participação (oculta) 2- Personalizadas: A - Nome coletivo B - Comandita simples C - Sociedade anônima D - Comandita por ações E - Responsabilidade limitada (Julgados de responsabilização de sócio e subsidiariedade) AGRAVO DE INSTRUMENTO - TRIBUTÁRIO - RESPONSABILIDADE DO SÓCIO GERENTE - EXCESSO DE PODERES OU INFRAÇÃO À LEI - INEXISTÊNCIA - REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO À PESSOA DO SÓCIO - IMPOSSIBILIDADE - 1. A legislação tributária é provida de normas específicas sobre a responsabilização dos sócios gerentes da empresa, só podendo estes assumir a responsabilidade pelas obrigações da empresa no caso de praticarem atos dotados de excesso de poder, ou que infrinjam a Lei, contrato social ou estatuto. 2. Se fosse acatado o entendimento de que o simples inadimplemento caracteriza a responsabilidade do sócio gerente, como pretende a Agravante, os sócios passariam a ser sempre responsáveis pelas dívidas da sociedade, o que extinguiria a autonomia e individualidade da pessoa jurídica. 3. Quem deve responder pelas dívidas da empresa é o seu patrimônio social, e não o patrimônio pessoal do sócio gerente. A responsabilidade do sócio gerente é subsidiária, e não solidária. 4. No caso em questão, não há prova de ato eivado de excesso de poder ou de infração legal praticada pelo sócio gerente, apenas a Empresa não foi encontrada, não existindo nada nos autos a respeito de seus bens. 5. Agravo de Instrumento improvido. (TRF 5ª R. - AGTR 2004.05.00.042562-6 - 3ª T. - SE - Rel. Des. Fed. Geraldo Apoliano - DJU 21.11.2005 - p. 687) RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DE SÓCIO - Independe de comprovação de abuso da personalidade jurídica ou desvio de finalidade da empresa a responsabilização subsidiária dos sócios da reclamada, haja vista que a fraude ou excesso de mandato poderão inclusive ser verificados quando do curso do processo executório, momento no qual a empresa deverá adimplir as obrigações decorrentes do contrato de trabalho, sob pena de caracterizar má gestão do ente empresarial. (TRT 5ª R.-RO 00183-2004-011-05-00-1-(12.474/05) - 3ª T.-Red. Des. Fed. Alcino Felizola - J. 14.06.2005) APELAÇÃO CÍVEL – EMBARGOS DE TERCEIRO – DISCUSSÃO NO FEITO EXECUTIVO ACERCA DE FRAUDE À EXECUÇÃO QUE NÃO IMPEDE POSTERIOR REDISCUSSÃO EM SEDE DE EMBARGOS DE TERCEIRO – INOPONIBILIDADE DE EVENTUAL COISA JULGADA FRENTE A TERCEIROS NÃO INTEGRANTES DA RELAÇÃO PROCESSUAL EXECUTIVA – EXISTÊNCIA DE TERCEIRO PREJUDICADO – BEM PENHORADO PERTENCENTE AO PATRIMÔNIO DA SÓCIA DA EMPRESA QUE O REVENDEU A TERCEIRO – INCONFUNDIBILIDADE DE PATRIMÔNIOS DA PESSOA JURÍDICA COM A DE SUA REPRESENTANTE LEGAL – AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE FRAUDE À LEI OU EXCESSO DE MANDATO – PENHORA INSUBSISTENTE – RECURSO PROVIDO – - Nos termos do art. 472, do CPC, " a sentença faz coisa julgada às partes entre às quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando a terceiros ". Assim, acaso alguém, como titular de relação jurídica de direito material apreciada pelo juízo, não tenha integrado a relação jurídica de ordem processual decorrente de eventual conflito, não estará sujeito à eficácia da sentença que normou a relação e muito menos à autoridade da coisa julgada que porventura venha se formar por decorrência da decisão, eis que esta restringe-se às partes, pois presente tão- somente o efeito inter omnes. "Os bens particulares dos sócios, uma vez integralizado o capital da sociedade por quotas não respondem pelas dívidas desta, nem comuns, nem fiscais, salvo se o sócio praticou ato com excesso de poderes ou infração da Lei, do contrato social ou estatutos. - A pessoa jurídica tem, por Lei, existência distinta daqueles que integram sua composição social, distinção essa que se estende aos respectivos patrimônios. De regra, os bens particulares dos sócios não podem ser vinculados às obrigações contraídas exclusivamente pela pessoa jurídica e de responsabilidade desta. Excepcionalmente, utilizada a personalidade jurídica para propósitos fraudulentos, admite-se a aplicação da teoria da desconsideração da personalização jurídica, tornando-se-a ineficaz para determinados atos. " (AC nº 99.020298-4, de São José, deste subscritor). - Inquestionável que para a aceitação da teoria da descaracterização da pessoa jurídica, fique evidenciada a culpa do sócio gerente no ato ilegal praticado, não podendo dita responsabilidade ser imputada caso presentes, tão somente, indícios de prática de abuso de mandato; necessária, por certo, a prova de suas existências e comprovação de sua prática. (TJSC – AC 02.013502-5 – Chapecó – 2ª CDCom. – Rel. Des. Sérgio Roberto Baasch Luz – J. 02.09.2004) EXCLUSÃO DE SÓCIO O sócio da sociedade empresária é detentor de uma parcela do capital social representada pelas cotas ou (quotas) que o mesmo tem na sociedade. Na prática o sócio despende parte do capital próprio, subscrevendo (prometendo) a integralização na sociedade empresária que se tornará sócio. O sócio da sociedade contratual pode ser excluído quando ocorrer uma das hipóteses estabelecidas em lei: Demora ou não integralização – quando o sócio deixa de cumprir o que subscreveu, nos prazos, com a sua obrigação de integralizar a cota por ele subscrita, os demais sócios poderão optar pela exclusão do sócio do quadro associativo. (a segunda opção é a sociedade executar o sócio remisso); e Justa causa – caracterizada pela violação ou falta de cumprimento das obrigações sociais como, por exemplo, no caso de o sócio concorrer com a sociedade empresária, explorando (individualmente ou em outra sociedade) a mesma atividade. Para a exclusão de um dos sócios, é necessária a ocorrência de alguma destas causas. Não é a sociedade que expulsa os seus sócios, são os demais sócios, à vista de ocorrência de fato que a lei define como verdadeiras molas propulsoras da exclusão. Em alguns casos a exclusão pode ser administrativa (extrajudicial), devendo constar tal possibilidade do contrato social. Segundo Fábio Ulhoa Coelho a exclusão do sócios minoritários é distinta de acordo com o tipo societário. Nas sociedades em nome coletivo e em comandita simples, a expulsão do sócio (minoritário ou majoritário) só pode ser extrajudicial, quando fundada em mora do remisso, se o fundamento é diverso deve ser judicial. Nas Limitadas a exclusão do minoritário pode ser por simples alteração, sobrando a este o requerimento do que entende devido junto ao judiciário para comprovar que não houve causa para a exclusão, o contrato social deve possibilitar esta modalidade de exclusão e o sócio minoritário deve ser intimado. Se a hipótese é a de exclusão de sócio majoritário da sociedade limitada, deverão os demais sócios postulá-la perante o Poder Judiciário, cabendo-lhes o ônus da prova da causa da exclusão. Expulso da sociedade, o sócio terá direito ao valor patrimonial de sua participação societária. Opera-se, em decorrência da expulsão, a dissolução parcial da sociedade, com diminuição do capital social, os sócios poderão evitá-la, subscrevendo e integralizando novas cotas. SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LTDA.[1] Responsabilidade dos sócios: É sempre limitada à integralizaçãototal do capital social. https://dombosco.instructure.com/courses/2918/pages/aula-9#_ftn1 Enquanto todos os sócios não integralizam totalmente as quotas subscritas, todos respondem solidariamente perante terceiros contratantes. Exceções à responsabilidade dos sócios: Algumas situações permitem a responsabilização do sócio da sociedade empresária por responsabilidade limitada, são elas: Dívidas fiscais e previdenciárias Desobediência ao contrato social e a lei, nos termos do artigo 50 do código civil. Dívidas oriundas da legislação do trabalho. Abuso de direito ou excesso de poder (meio ambiente, consumidor, ordem econômica), nos termos do artigo 50 do código civil. Sócio remisso É o sócio que não integralização das cotas subscritas As alternativas são a Execução (contrato com 02 assinaturas) e a Exclusão. A partir da exclusão a sociedade pode diminuir o capital social ou admitir outro sócio Aumento e redução do Capital social: O capital social não é fixo, podendo ser alterado de acordo com os permissivos dispostos em Lei. O aumento pode-se dar pelo ingresso de novos fundos; pela subscrição de novas cotas e por meio da Incorporação ao capital social de lucros acumulados. Já a redução do capital social pode ocorrer por perdas irreparáveis ou ainda pelo excesso de capital. Legislação aplicável: Artigos 1.052 a 1.087 do CC Normas da sociedade simples ou Lei 6.404/76, quando compatível com a natureza da sociedade limitada, desde que não contrarie o contrato social e haja previsão contratual para tanto. [1] BERTOLDI, Marcelo M. Curso avançado de direito comercial. Editora RT Revista dos Tribunais. 10ª edição. 2016. São Paulo. Títulos de Crédito Nesta aula iniciaremos o estudo dos títulos de crédito, que se afiguram importantes instrumentos para a circulação de valores, criação de crédito e por conseguinte fomentadores da própria atividade empresarial. Os títulos de crédito são entendidos como documentos representativos de obrigações pecuniárias. https://dombosco.instructure.com/courses/2918/pages/aula-9#_ftnref1 O conceito de título de crédito mais utilizado foi elaborado por Cesare Vivante como sendo o: “documento necessário para exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado”. Características Gerais do Direito Cambiário São três as principais características dos títulos de crédito, que faz com que eles gozem da segurança necessária para sua utilização e circulação, são eles: a cartularidade, a literalidade e autonomia. Para o exercício dos direitos estampados no título é indispensável que se encontre na posse da cártula. A pessoa (física ou jurídica) pode até ser credora, mas somente conseguirá usufruir de todos os direitos inerentes ao título se estiver na sua efetiva posse. Aliás, torna-se fácil a visualização da importância da cártula quando se entende que a prova do pagamento é o próprio título, sendo desnecessária Este é o princípio da cartularidade. Frise-se que o direito tem criado algumas exceções ao princípio da cartularidade, como por exemplo a Duplicata que pode ser inclusive executada, ainda que sem a sua existência física, desde que se comprove a relação causal havida, com a nota fiscal, o canhoto de recebimento da mercadoria e o protesto por indicações. Outra característica importante é a literalidade. Segundo ela somente vale no mondo jurídico aquilo que está ou foi aposto no título, não tendo eficácia para as relações jurídico-cambiais os atos jurídicos não instrumentalizados pela própria cártula a que se referem. O que não está expressamente consignado no título de crédito não produz conseqüências. Como exemplo, um aval constituído em instrumento apartado do cheque não produzirá os efeitos de aval. Quanto à característica da autonomia, esta pode ser entendida como o isolamento das obrigações, pois cada obrigação gerada no título é independente ente si. Se uma dessas obrigações for nula ou anulável, tal situação não compromete a validade e eficácia das demais obrigações constantes do mesmo título de crédito. O seguinte exemplo espelha bem esta situação: Se um adquirente de um veículo emite nota promissória em favor do vendedor e este paga outra obrigação sua perante uma terceira pessoa, transferindo por endosso o crédito trazido na nota promissória, ainda que a venda original seja desfeita por algum vício, o emitente não se livrará de honrar o título no seu vencimento junto ao terceiro portador. O princípio da autonomia se desdobra em dois sub-princípios: O da abstração e o da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé. A abstração é uma formulação derivada da autonomia e impera a partir da circulação do título por endosso desligando a obrigação de todo e qualquer motivo pelo qual ele tenha sido criado. Já a inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé, tem sua ocorrência também incidente a partir da circulação do título e do mesmo modo que a abstração, faz com que as possíveis e eventuais exceções pessoais não atinjam os endossatários que recebem o título. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO A classificação se opera por quatro principais critérios: 1) quanto ao modelo; 2) quanto à estrutura; 3) quanto às hipóteses de emissão; 4) quanto à circulação. Quanto ao modelo Quanto ao modelo, os títulos podem ser vinculados ou livres, os vinculados somente produzem efeitos cambiais dos documentos que atendem ao padrão exigido. É o caso do cheque e da duplicata. Neles o emitente não é livre para escolher a disposição formal dos elementos essenciais à criação do título. Já os de modelo livre são aqueles em que o emitente pode dispor à vontade os elementos essenciais do título, como exemplo a letra de câmbio e a nota promissória. Deste modo, independentemente da forma adotada, qualquer papel, desde que com os requisitos essenciais, será uma nota promissória. Quanto à estrutura: Classificam-se em ordem de pagamento e promessa de pagamento. As ordens de pagamento tem como característica a geração de três situações jurídicas distintas: um sacador, que ordenou a realização do pagamento; um sacado, para quem a ordem foi dirigida e que irá cumpri-la, e um tomador, que é a pessoa em favor de quem ela foi passada. O cheque, a duplicata e a letra de câmbio são títulos dotados dessa estrutura. Quando se assina um cheque, dá-se a ordem ao banco (sacado), para que proceda ao pagamento de determinada importância à pessoa portadora do título. De outra parte, na promessa de pagamento ocorre apenas duas situações jurídicas, a do promitente, que se obriga a pagar, e a do tomador (beneficiário) da promessa. Ex. nota promissória. Quanto às hipóteses de emissão: Podem ser causais e não causais. São causais os títulos que somente podem ser emitidos nas hipóteses autorizadas por lei, com uma causa específica para existir, como exemplo a duplicata mercantil, que só existe para compra e venda mercantil e prestação de serviços. Os títulos não causais, ou também chamados de abstratos, por sua vez, podem ser criados por qualquer motivo. São dessa categoria o cheque e a nota promissória. Quanto à circulação: Divide-se em três categorias, a) ao portador, b) nominativos à ordem, c) nominativos não à ordem. Os títulos ao portador não trazem o nome do credor circulando por mera tradição sendo a entrega do documento o ato que legitima o seu portador a exercer os direitos inerentes a cártula. Os nominativos à ordem identificam o titular do crédito (credor) e se transferem por endosso, que é o ato típico da circulação cambiária. Os nominativos não à ordem também identificam o credor, mas ante a limitação de circulação por endosso, circulam apenas por cessão civil de crédito. Letra de Câmbio Nesta aula estudaremos a letra de câmbio enquanto título de crédito, abordando suas características, seus atores, a sua circulação e os requisitos essenciais.por endosso, circulam apenas por cessão civil de crédito. É um título na forma de ordem de pagamento. O sacador (criador da letra) ordena que um terceiro (sacado) pague a soma cambial a um tomador. Lembre-se que o sacador é coobrigado ao pagamento, se não cumprida a ordem de pagamento dada ao sacado. A letra de câmbio e a nota promissória são tratadas pela Lei Uniforme de Genebra - Decreto n° 57.663 de 24 de janeiro de 1966. Aceite da letra de câmbio O Aceite é o ato segundo o qual o sacado se obriga a efetuar, no vencimento, o pagamento da ordem que lhe é dada. Na letra de câmbio o aceite é sempre facultativo. Contudo, a apresentação da letra para aceite pode ser obrigatória ou facultativa. A apresentação para aceite é obrigatória quando o vencimento da letra de câmbio depender do aceite do sacado para saber quando a letra é dada por vencida, tal modalidade de vencimento recebe o nome de “a tempo certo da vista”. São facultativas as apresentações das letras que tiverem data certa de vencimento. A Letra de câmbio também pode ser não aceitável e ocorre quando o sacador proibe, no próprio título, a apresentação para aceite do sacado. Nesse caso o portador somente poderá apresentar a letra de câmbio para o sacado para o pagamento. O sacador pode ter interesse na limitação do aceite (cláusula não aceitável) para não se antecipar o vencimento por eventual falta de aceite do sacado. Falta, Recusa, Limitação ou Modificação do Aceite a) Falta de aceite ocorre quando, por qualquer motivo o sacado não puder ter manifestado o aceite. Nesse caso o portador terá que comprovar legalmente a falta de aceite protestando o título por falta de aceite. b) Recusa de aceite o sacado deixa de colocar a sua assinatura na letra (recusa de modo tácito). Se escrever uma declaração que expresse sua intenção de não aceitar (de modo expresso). c) Limitação do aceite, o sacado aceita pagar apenas parte do título. Nesse caso, ele se obriga com essa parte, como por exemplo a metade do valor. Cancelamento e Retirada do Aceite O aceite pode ser cancelado em determinada situação: quando o aceite foi dado mas ainda não restituiu a letra ao credor. Prova da Falta ou Recusa do Aceite Somente pode ser provada a recusa do aceite através do protesto por falta de aceite. Efeitos do Aceite A partir do ato do aceite, o sacado fica obrigado com o sacador e respectivos avalistas, tornando-se o obrigado principal do título. Frise-se que os demais obrigados (sacador e endossante) continuarão com responsabilidade subsidiária ou indireta, ainda que, através do aceite, o obrigado principal é o sacado. Assim, o aceitante fica cambialmente obrigado para com o sacador, que pode acioná-lo para receber o valor do título. ENDOSSO DA LETRA DE CÂMBIO O título de crédito basicamente é um documento que facilita a circulação do crédito nele representado. Tal transferência, enquanto ato tipicamente cambiário é o endosso, pelo qual o credor de um título do crédito com a cláusula à ordem transmite os seus direitos a outra pessoa. O endosso traz duas novas situações jurídicas: um endossante e um endossatário. Os títulos de crédito têm implicitamente a clausula “a ordem”, em virtude da qual se admite a circulação sujeita à disciplina do direito cambiário. A cláusula “não à ordem”, que deve ser expressa, não impede a circulação do crédito, apenas altera o regime jurídico aplicável que será o de cessão civil de crédito. O endosso produz dois efeitos: transfere o título ao endossatário e vincula o endossante ao seu pagamento. Isto é, enquanto o endossatário se torna o credor da letra de câmbio, o endossante passa a ser um de seus co-devedores. Endossos impróprios. O “endosso impróprio” legitima a posse de certa pessoa sobre um título de crédito, mas não lhe transfere o direito creditício. Admite-se duas modalidades: o endosso-mandato e o endosso- caução. Endosso mandato Endosso caução O endossatário, no endosso impróprio, pode exercer todos os direito emergentes do título, exceto o de transferir a titularidade do crédito, que remanesce nas mãos do endossante- mandante ou caucionário. AVAL O aval é o ato cambiário pelo qual uma pessoa (avalista) s compromete a pagar título de crédito, nas mesmas condições que um devedor desse título (avalizado). Duas são as características principais do aval: a autonomia e a equivalência. O avalista assume perante o credor do título uma obrigação autônoma, mas que é equivalente à do avalizado. Da autonomia do aval surgem importantes conseqüências. A validade e eficácia não estão condicionadas à da obrigação avalizada. Desse modo, se o credor não puder exercer, por qualquer razão, o direito contra o avalizado, isto não compromete a obrigação do avalista. Da mesma forma em decorrência da autonomia do aval, não pode o avalista quando executado em virtude do título de crédito, utilizar das exceções pessoais do avalizado. Exemplo prático de letra de câmbio Duplicata Nesta aula estudaremos a duplicata enquanto título de crédito, abordando suas características, seus atores, a sua circulação e os requisitos essenciais. Neste encontro entendermos a razão pela qual a duplicata é um título causal, pois tem motivo próprio para existir, a prestação de serviços ou a compra e venda mercantil. A duplicata é um título de crédito que sua emissão depende de uma causa anterior (título causal). Este título é regrado por Lei própria (Lei 5474/1968 – Lei das Duplicatas). A duplicata é um título de crédito causal vinculado a operações de compra e venda de mercadorias (envolvendo um empresário como sacador) ou de prestação de serviços (envolvendo um prestador de serviços — empresário ou não — como sacador) com pagamento à vista ou a prazo, e representativo do crédito originado a partir de referidas operações. Fabio Ulhoa defende que a duplicata de prestação de serviços pode ser emitida tanto por pessoa jurídica quanto física. Nas operações envolvendo a emissão de duplicatas temos as seguintes partes: o sacador ou emitente que é o titular (empresário, sociedade empresária ou não) do crédito originado contra o adquirente de produtos ou contratante de serviços. o sacado que é a pessoa contra quem a ordem é emitida, seja um adquirente de produtos, seja um contratante de serviços, consumidor ou não. A duplicata difere dos demais títulos porque necessita de uma causa de natureza prévia para sua emissão, qual seja, a venda de mercadoria ou a prestação de serviços, não existindo uma destas causas, sua emissão é proibida. Os requisitos essenciais para a emissão da duplicata estão relacionados no artigo da Lei de Duplicatas (2º., § 1º.) São eles: a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem; o número da fatura; a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; o nome e domicílio do vendedor e do comprador; a importância a pagar, em algarismos e por extenso; a praça de pagamento; a cláusula à ordem; a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite cambial; a assinatura do emitente. No que diz respeito a operacionalização, o prazo para remessa da duplicata será de 30 (trinta) dias da data de sua emissão. Se a remessa for feita por intermédio de representantes, instituições financeiras, procuradores ou correspondentes, estes deverão apresentar o título ao comprador dentro de 10 (dez) dias, contados da data de seu recebimento na praça de pagamento. No que se refere ao aceite quando o título não for à vista, deverá ser devolvido pelo comprador ao apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias, contados da data de sua apresentação, devidamente assinada ou acompanhada de declaração, por escrito, contendo as razões da falta do aceite. O Aceite poderá ser o ordinário (quando o comprador assina
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