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DIREITO EMPRESARIAL (1)

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Empresário 
Em nosso segundo encontro, dando continuidade a construção do conhecimento sobre os 
temas empresa, empresário e sociedades empresárias, nos cumpre discorrer sobre tais 
elementos, veja-se: 
“Empresário é a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade econômica de 
produção ou circulação de bens ou serviços.” 
O empresário pode ser pessoa física – emprega seu dinheiro e organiza a empresa 
individualmente, mas também pode ser jurídica – nascida da união de esforços de seus 
integrantes. 
A pessoa jurídica, por sua vez, é criada justamente para destacar o seu patrimônio do seus 
sócios, o que ocorre a partir da regularidade de sua constituição. 
Observe-se que a Lei (código civil e lei de recuperação de empresas e falências), tratam 
sempre a figura do empresário como sendo pessoa física. 
Contudo, na prática, observa-se que as atividades de alguma relevância são desenvolvidas em 
sua maioria por pessoas jurídicas, por sociedades empresárias. 
Importante frisar que em termos técnicos o sócio não é empresário mas sim a própria 
sociedade e que empresa é a atividade. 
“A empresa pode ser explorada por uma pessoa física ou jurídica. No primeiro caso, o 
exercente da atividade econômica se chama empresário individual, no segundo, sociedade 
empresária. Como é a pessoa jurídica que explora a atividade empresarial, não é correto 
chamar de “empresário” o sócio da sociedade empresária.” 
 
SOCIEDADE EMPRESÁRIA 
A Sociedade Empresária tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito 
a registro, inclusive a sociedade por ações, independentemente de seu objeto, devendo 
inscrever-se na Junta Comercial do respectivo Estado (art. 982 e § único). 
Isto é, sociedade empresária é aquela que exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, constituindo elemento de 
empresa. 
Desta forma, podemos dizer que "sociedade empresária" é a reunião de dois empresários ou 
mais, para a exploração, em conjunto, de atividade(s) econômica(s). 
As pessoas jurídicas empresárias adotam a forma de sociedade limitada ou de sociedade 
anônima. 
 
OBRIGAÇÕES BÁSICAS 
registrar-se na Junta Comercial antes de dar início à exploração de sua atividade; 
manter escrituração regular de seus negócios; 
levantar demonstrações contábeis periódicas. 
 
REGISTROS DE EMPRESAS: 
Do ponto de vista histórico, o Código Comercial de 1850 criou os Tribunais de Comércio que 
exerciam tanto a jurisdição em matéria comercial, julgando conflitos que envolviam 
comerciantes como os atos de registros, chamadas de “juntas comercias”, onde o comerciante 
deveria proceder a sua matrícula e o depósito de documentos exigidos em lei. 
Em 1875 os tribunais de comércio foram extintos e suas competências transferidas aos juízes 
de direito, sendo que as atribuições administrativas permaneceram a cargo das Juntas 
Comerciais. 
Hoje, o registro público de interesse para os empresários leva a denominação de “registro de 
empresas mercantis e atividades afins e está disciplinado pela lei 8.934/94 e pelo decreto 
1.800/96, existindo uma junta comercial em cada Estado e no Distrito Federal. 
A mais importante inovação da lei de 1.994 foi a ampliação do âmbito do registro, até então 
somente as Sociedades Anônimas e as Limitadas dedicadas à exploração de atividade 
mercantil, podiam ter seus atos constitutivos registrados na Junta Comercial. (teoria dos atos 
do comércio) 
As limitadas que tinham por objeto outra atividade que não comercial tinham negado o pedido 
de registro e arquivamento na Junta, as quais recorriam aos cartórios de títulos e documentos 
que mantinham registros civis de pessoas jurídicas. Com exemplo temos as agências de 
propaganda e das prestadoras de serviço. 
A partir da citada lei, qualquer atividade passou a poder ser registrada na junta, 
independentemente de seu objeto. 
Com o CC de 2002 o âmbito novamente se restringiu (art. 998). Apenas as sociedades 
empresárias devem ser atualmente registradas. As sociedades simples são registradas no 
Registro Civil de Pessoas Jurídicas e as voltadas aos serviços de advocacia junto a OAB. 
 
ÓRGÃOS DE REGISTRO DE EMPRESAS: 
Encontra-se a cargo do Departamento Nacional do 
Registro no Comércio – DNRC, e das Juntas 
Comerciais. 
O DNRC é um órgão federal e sua competência não 
é de registro, mas sim de normatização. É sua a 
supervisão e fiscalização dos serviços prestados 
pelas Juntas. 
Cabe-lhe também organizar em manter o Cadastro 
Nacional de Empresas Mercantis. 
É interessante frisar que apesar de ser competência 
do DNRC a fiscalização e a normatização, este não 
possui instrumentos de intervenção nas juntas, caso 
não adotem suas diretrizes. 
As juntas comercias por sua vez, têm função executiva. 
 
A ESCRITURAÇÃO 
Parte da necessária organização constante inclusive do conceito de empresa se traduz no 
processo de escrituração que pode ser entendido como registro da sua movimentação. O 
código civil por meio dos Artigos 1.179 até 1.195 do Código Civil traz os contornos legais da 
escrituração. 
O empresário tem o dever de manter a escrituração dos negócios de que participam. Ou seja, o 
exercício regular de atividade empresarial necessita da organização de uma contabilidade, a 
cargo de profissionais habilitados. 
 
Pode-se dividir as funções da escrituração em 03 (três). 
A Gerencial, a fim de registrar e avaliar os resultados de seu comércio. 
A demonstração dos resultados da atividade comercial para outras pessoas, outros sócios por 
exemplo; e 
A escrituração com intuito de controle fiscal, isto é, está relacionada ao controle da incidência e 
pagamento de tributos. 
A escrituração ainda serve de instrumento à tomada de decisões administrativas, financeiras e 
comerciais, por parte dos empresários e dos dirigentes da empresa; funciona também como 
suporte para informações do interesse de terceiros, como sócios, investidores, parceiros 
empresariais, bancos credores ou órgão público licitante; e ainda para o cumprimento de 
obrigações legais, inclusive e principalmente de natureza fiscal. Em resumo, serve ao controle 
interno e externo do exercício da atividade empresarial. 
 
ESPÉCIES DE LIVROS 
Os livros contábeis se classificam, na medida da exigibilidade de tal escrituração, em 
obrigatórios e facultativos. Obrigatórios são os livros cuja escrituração é imposta aos 
empresários; a sua falta implica sanções. Já os facultativos (por vezes chamados auxiliares) 
são os que o empresário escritura para fins gerenciais, ou seja, exclusivamente para extrair 
subsídios às decisões que deve tomar a frente da empresa; por evidente, sua falta não implica 
sanções. 
O primeiro obrigatório é o DIÁRIO. 
O Código Civil de 2002 também prevê a obrigatoriedade apenas do Livro Diário, esclarecendo 
ainda, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. 
Entre os livros simplesmente memoriais, são obrigatórios pela legislação os: 
Livros próprios da S/A. onde se registram as atas das assembléias, dados dos acionistas, atos 
de transferência da titularidade das ações nominativas; 
• As limitadas que realizem assembléia de sócios, devem escriturar o livro de atas 
de assembléia. (CC/2.002, art. 1.075, § 1º) e as que possuem conselho fiscal, o 
livro de atas e pareceres do conselho fiscal (art. 1.069, II). 
Já os facultativos podem ser qualquer tipo de registro ordenado e uniforme que os empresários 
realizam, para controle e andamento de seus negócios, ou memória de decisões, tal prática 
não é comum mas não existe nenhum fato impeditivo. 
 
Regularidade da Escrituração: 
A escrituração é considerada regular quando atende a determinados requisitos que a doutrina 
chama de intrínsecos e extrínsecos. 
Os intrínsecos dizem respeito à técnica apropriada para a sua elaboração. (Art. 1.183 do CC) 
uso do idioma português é obrigatório. 
não podem existir intervalos, entrelinhas, rasuras, emendas, anotaçõesàs margens ou notas 
de rodapé. 
método de contabilidade aceito entre os profissionais da área. 
moeda nacional, individualização, clareza e ordem cronológica de dia, mês, ano. 
 
“Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma 
contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, 
borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. 
Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de 
livro próprio, regularmente autenticado.” 
Os requisitos extrínsecos visam conferir segurança jurídica ao Livro. São formalidades que 
definem a responsabilidade pela escrituração – identificando o empresário e o seu contador, o 
que em tese, poderia dificultar alterações nos lançamentos feitos. 
 
Processos de Escrituração: 
Livros escriturados a mão. 
1967 a substituição pelo processo mecanográfico (máquina de escrever) 
1972 a disciplina do processo eletrônico (formulário contínuo) 
1990 os lançamentos contábeis passaram a ser digitados em programas de cálculos 
Estabelecimento 
O Código Civil trouxe em seus artigos 1.142 a 1.149 um regramento específico sobre o 
estabelecimento empresarial, definindo-o como “todo complexo de bens organizado, para 
exercício de empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”. 
Conforme já ressaltado em nosso primeiro encontro, encampamos no Brasil muitos conceitos 
similares aos utilizados em solo Italiano, de modo que nossa definição é bastante próxima à 
definição empregada pelo Código Civil italiano que, em seu artigo 2.555 define 
estabelecimento empresarial como o complexo dos bens organizados pelo empresário para o 
exercício da empresa. 
Os estabelecimentos empresariais também são chamados de fundos de comércio (expressão 
utilizada pelos franceses como fonds de commerce) ou aziendas (para os italianos), não são 
apenas o local da atividade do comerciante, mas também a forma de organização da atividade 
econômica desenvolvida e os equipamentos que o empresário utiliza para desenvolver a sua 
atividade. 
Compreendem os móveis, utensílios, marca, logotipo e demais direitos de propriedade 
industrial, etc. Enfim, o estabelecimento comercial, agora chamado de estabelecimento 
empresarial é todo o complexo dos elementos, o conjunto de bens que o empresário ou a 
sociedade empresária organizam para o exercício da empresa, entendido empresa como a 
atividade desenvolvida pelo empresário. Vale dizer: é o instrumental do empresário. 
Para Waldo Fazzio Júnior (Fundamentos de Direito Comercial, 3ª Edição, Editora Atlas), o 
estabelecimento comercial é o “conjunto de bens (materiais e imateriais) e serviços, 
organizados pelo empresário, para a atividade da empresa. É o complexo dos elementos que o 
comerciante congrega e organiza, tendo em vista obter êxito na sua profissão”. 
Para Rubens Requião (Curso de Direito Comercial, 1º Volume, Editora Saraiva) o “fundo de 
comércio ou estabelecimento comercial é o instrumento da atividade do empresário. Com ele o 
empresário comercial aparelha-se para exercer sua atividade. Forma o fundo de comércio a 
base física da empresa, constituindo um instrumento da atividade empresarial. O Código 
italiano o define como o complexo dos bens organizados pelo empresário, para o exercício da 
empresa”. 
Neste sentido é correta a afirmação de que estabelecimento empresarial é um instrumento 
indissociável da empresa, sem o qual não é possível a prática da exploração empresarial. 
 
Conjugando-se a Doutrina com os contornos legais delineados pelo Código Civil , pode-se 
destacar as seguintes características acerca da natureza do estabelecimento empresarial: 
• (a) é uma universalidade de fato, com individualidade própria, organizada pela 
vontade de seu titular; 
• (b) não é sujeito de direito, pois não tem personalidade jurídica; 
• (c) faz parte do patrimônio do comerciante, mas com ele não se confundindo; 
• (d) trata-se de instrumento da atividade econômica do empresário; 
• (e) também é um instrumento da atividade econômica (empresa) do empresário. 
 
Elementos do estabelecimento 
Divide-se em bens de natureza material e imaterial. Os bens materiais (corpóreos) 
correspondem às coisas físicas tais como mercadorias, utensílios, instalações, veículos, etc. E, 
os bens imateriais (incorpóreos), são aqueles que não ocupam espaço no mundo físico como 
as marcas, as criações intelectuais, direito à titularidade sobre os sinais distintivos (por 
exemplo, título do estabelecimento), ponto comercial, o aviamento e a clientela. 
 
Aviamento e clientela 
Pode-se conceituar o aviamento como o resultado de um conjunto de variados fatores 
pessoais, materiais e imateriais, que conferem a um dado estabelecimento empresarial a 
aptidão de produzir riquezas. É uma expectativa de lucros futuros, de mensuração variável, que 
se acumula lentamente. 
Pode ser entendido como sobrevalor, na medida em que o aviamento somado aos demais 
componentes do estabelecimento representa um valor ao negócio. 
Por estas razões o aviamento possui valor 
econômico relevante, passível de valoração. 
A noção de aviamento é ligada à noção de clientela, que vem a ser o grupo de pessoas que 
mantém com o estabelecimento relações continuadas de procura de bens e de serviços. 
A clientela representa um objeto de direito, assim como o aviamento, ao qual se atribui um 
valor econômico de notória relevância. 
 
Objeto de negócio jurídico 
Uma vez objeto de direito, o estabelecimento pode ser objeto de vários negócios jurídicos que 
tenham por destinação a transferência de titularidade, de uso ou de gozo a outrem. 
 
Pode-se citar as seguintes relações: 
alienação inter vivos a título oneroso (cessão ou trespasse, permuta, conferência em 
sociedade, dação em pagamento) ou a título gratuito (doação); 
alienação causa mortis (sucessão legítima ou testamentária); 
gestão para fim de desfrute (arrendamento, usufruto, comodato) ou de garantia (penhor). 
 
Trespasse 
Trata-se de um contrato de compra e venda do estabelecimento empresarial por meio do qual 
ocorre a transferência de sua titularidade. Nele o comerciante/trespassante se obriga a 
transferir o domínio de todos os elementos (universalidade de bens) que servem a atividade 
empresarial e o adquirente/trespassário se obriga a pagar pela aquisição. 
Segundo Carvalho de Mendonça citado por Fabio Ulhoa Coelho, a venda do estabelecimento 
como entidade unitária compreende todos os elementos que o integram principal ou 
acessoriamente. Abrange o aviamento, a clientela, o material, os utensílios, as máquinas, as 
mercadorias, as marcas de comércio. 
Neste sentido, pode-se dizer que o trespasse ocorre quando o estabelecimento deixa de 
integrar o patrimônio de um empresário e passa a ser objeto de direito de propriedade de outro. 
 
O trespassante tem a obrigação de fazer boa a coisa alienada. 
Para que produza efeitos jurídicos em relação a terceiros, o contrato que tenha por objeto a 
alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento deverá ser averbado no Registro 
Público de Empresas Mercantis e publicado na imprensa oficial, de acordo com o artigo 1.144 
do Código Civil. 
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do 
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da 
inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas 
Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. 
Frise-se que transferência do estabelecimento empresarial (trespasse) é diferente da cessão 
de quotas sociais de uma sociedade, caso em que o estabelecimento não muda de titular, 
tendo apenas alteração na composição societária. 
 
A responsabilidade pelo passivo 
O Código Civil prescreve expressamente no artigo 1.146 que o passivo faz parte do 
estabelecimento empresarial e uma vez regularmente contabilizado, transfere-se junto com o 
estabelecimento, quando da suaalienação. 
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à 
transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo 
solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da 
publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. 
Assim é correto afirmar que o adquirente responde pelo pagamento dos débitos anteriores à 
transferência, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano a 
partir da data da publicação do contrato de alienação, quanto aos créditos vencidos, ou da data 
do vencimento dos créditos. 
O Código Civil também prevê que o próprio estabelecimento servirá de garantia para os 
credores da empresa, devendo a alienação observar o que se prescreve no artigo 1.145: “Se 
ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação 
do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, 
de modo expresso ou tácito, em 30 (trinta) dias a partir de sua notificação”. 
 
Concorrência. Restabelecimento 
Trata-se da vedação ao alienante de desenvolver concorrência ao adquirente pelo prazo 
mínimo de 05 anos, para tanto o Código Civil em seu artigo 1.147 aponta limitações ao 
restabelecimento da atividade empresarial, pelo antigo alienante, com o objetivo de preservar a 
clientela do estabelecimento empresarial, que é também de interesse do adquirente. 
“Art. 1.147: “Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode 
fazer concorrência ao adquirente, nos 5 (cinco) anos subseqüentes à transferência”. 
De acordo com o texto legal, o alienante não pode, salvo autorização expressa, antes do prazo 
de 05 (cinco) anos, abrir nova empresa, que, pelo objeto, localização ou outras circunstâncias 
desvie a clientela do estabelecimento transferido. 
Assim, pode-se afirmar que a lei e clara ao prelecionar o dever do alienante em abster-se de 
concorrer com o adquirente caso não haja expressa autorização contratual. 
Julgados: 
A tese da impossibilidade do restabelecimento do alienante teve aceitação, além da doutrina, 
também perante o judiciário. Vejamos alguns casos: 
 
“CONCORRÊNCIA DESLEAL. CLÁUSULA DE NÃO 
CONCORRÊNCIA. 
A cláusula de proibição, segundo a qual o alienante de estabelecimento comercial se obriga a 
não se estabelecer com o mesmo ramo de comércio, impede também que ele se associe a 
terceiro para exercer a antiga profissão no local. 
A sociedade comercial, embora diversa, na sua constituição original da que adquiriu o 
estabelecimento comercial, pode demandar, de quem lhe vendeu o fundo de comércio, 
qualquer direito decorrente da cláusula proibitiva de estabelecimento com o mesmo ramo, 
porque a garantia é instituída em favor do negócio comercial, que não se alterou nos seus 
elementos constitutivos, a despeito de serem outros os sócios componentes da firma. 
Não há transgressão ao princípio da liberdade de comércio na cláusula proibitiva de 
concorrência, restrita quanto ao espaço e ao objeto, não obstante a falta de limitação no tempo, 
pois essa falta não traduz prazo indefinido. 
É desnecessária a cláusula expressa da não - concorrência, pois tal obrigação decorre do 
próprio dever que ao vendedor incumbe de não perturbar o uso e gozo do estabelecimento 
comercial pelo comprador.” (RT 151/2809-1). 
“CONCORRÊNCIA DESLEAL. PEQUENA INDÚSTRIA. 
Em regra, quem vende estabelecimento comercial não está proibido de instalar ou adquirir 
outro. Mas, se se trata de pequena indústria, há concorrência desleal se depois de alienar o 
estabelecimento, instale outro a pequena distância” (RT 157/190). 
“CONCORRÊNCIA DESLEAL – VENDA DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL – ABERTURA 
DE NOVO NEGÓCIO – COMPROMISSO EXPRESSO DO VENDEDOR). 
Ao vendedor não é lícito, sem autorização do comprador, fundar estabelecimento em que lhe 
fosse retirar toda ou parte da clientela. Essa turbação por parte do vendedor importaria privar o 
comprador no todo ou em parte da coisa vendida. 
Não há, em face do que determina o art. 214 do Cód. Comercial, necessidade de estipulação 
formal, expressa pela qual o vendedor se obrigue a não se estabelecer”. (RT 167/237). 
Disposições Comuns a Falência e a Recuperação da Sociedade 
Empresária e do Empresário Individual 
A partir da nossa aula de hoje estudaremos a Lei 11.101/2005, que regra no País a 
recuperação judicial, extrajudicial e a falência da sociedade empresária e do empresário 
individual. 
Em tempos atuais, onde a crise que assola a Nação acaba por impingir à bancarrota diversos 
ramos de atividade, a possibilidade de recuperação de empresas ganha importante destaque 
no cenário das possibilidades que os condutores das atividades têm a disposição no sentido de 
manter a fonte produtiva, os empregos, o carregamento do próprio erário, dentre outras 
importantes contribuições que a atividade empresarial empresta ao desenvolvimento. 
O legislador previu que os destinatários da proteção legal dispensada pela Lei 11.101/2005 são 
a sociedade empresária e o empresário individual, conforme artigo 1º da citada norma 
(acrescentando-se aqui o EIRELI). 
Para deixar claro quem não pode fazer uso da Lei, o artigo 2º estabelece em seus incisos que 
tanto empresas públicas e de economia mista, mais as seguradoras, as cooperativas, as 
operadoras de plano de saúde, as instituições financeiras, dentre outros, não estão afetos a 
Lei. 
A legislador estabeleceu como juízo competente para processar tanto a recuperação judicial 
quanto à falência da sociedade empresária o foro do local onde se encontra o principal 
estabelecimento, o que indica que por vezes o foro da sede da sociedade empresária será 
desconsiderado, pois a competência é da comarca do juízo onde se encontram a maior parte 
dos bens. 
 
O Artigo 3º da Lei é taxativo neste sentido: 
Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a 
recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do 
devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. (grifo acrescido) 
Importante frisar que a decisão que defere o processamento da recuperação ou decreta a 
falência impõe a suspensão da prescrição e de todas as ações e execuções contra o devedor, 
inclusive as que tramitam em desfavor do sócio solidário. 
 
Mas, situações distintas ocorrem a partir da suspensão, pois: 
Na falência a suspensão deve incidir até que o Administrador Judicial assuma e 
regularize a representação da Massa Falida. 
Na recuperação judicial a suspensão não pode ultrapassar o prazo 
improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias e isto para as ações que representem risco a 
manutenção da atividade, tudo de acordo com o que determina o parágrafo 1º e o 4º do Artigo 
6º da Lei de regência. 
Tais assertivas são embasadas no comando de que terão prosseguimento no juízo no qual 
estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida. 
O legislador foi bastante perspicaz na medida em que atentou para a grande quantidade de 
ações judiciais que estão tramitando quando o devedor pugna por sua recuperação judicial ou 
tem sua falência decretada. 
Neste aspecto importante frisar que não há um deslocamento de competência para o juízo 
falimentar, pois as ações que tramitam em outros juízos deveram liquidar-se para que o valor 
correspondente seja habilitado na recuperação ou na falência. 
Logo, é correto afirmar, que a recuperação e a falência tratam-se de grandes processos 
concursais que visam manter a empresa em dificuldade, pagando os credores da melhor forma 
possível. 
Enquanto os processos que tramitam em outros juízos não se tornam líquidos, é importante 
registrar que os credores podem e devem pleitear junto ao administrador judicial a reserva dos 
valores que entenderem devidos, sob pena de perderem a possibilidade de receber se neste 
meio tempo a massa falida ou a recuperanda proceder algum pagamento.(§ 2º do artigo 6º) 
 
VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DE CRÉDITOS NA RECUPERAÇÃO E NA 
FALÊNCIA 
Capítulo importantíssimo em qualquer processo de recuperação ou de falência refere-se a 
verificação e a habilitação de créditos. 
o artigo 7º demonstra que é atribuição do administrador judicial proceder deste modo: 
Art. 7o A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros 
contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem 
apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou empresas 
especializadas. 
Na autofalência e na recuperação judicial o devedor fará anexar ao pedido relação nominal de 
credores, contendo valor e qualidade do crédito e dados completos do credor. 
Na decretação o devedor terá 05 (cinco) dias para entregar a lista de credores. 
Caso o credor não esteja na lista, ou conste com valor ou qualidade equivocados, o credor 
deverá propor pedido de habilitação diretamente ao administrador judicial, na forma do § 1º do 
artigo 7º e do artigo 9º da Lei. 
Se mesmo assim, a crédito continuar com qualidade ou valor errado, o credor terá que interpor 
uma impugnação ao crédito, na forma do artigo 13 da lei 11.101/2005. 
Após o processamento, o Juiz da causa proferirá decisão atacável por Agravo de instrumento, 
conforme dispõe o artigo 17. 
Por fim, depois do julgamento das impugnações, o Administrador Judicial fará publicar edital 
contendo todos os créditos homologados, o qual receberá o nome de quadro geral de credores. 
 
DO ADMINISTRADOR JUDICIAL 
Tanto nos processos de falência quanto nos de recuperação judicial a nomeação de um 
administrador judicial se faz obrigatória, o qual terá basicamente a função de conduzir os 
processos e salvaguardar os bens da empresa, a saber: 
Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, 
economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. 
Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, no 
termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do 
processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem 
autorização do juiz. 
 
DO COMITÊ DE CREDORES 
Já o comitê de credores poderá ser instituído com funções precipuamente de fiscalização e 
será formado pelas seguintes classes: 
Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das classes de 
credores na assembléia-geral e terá a seguinte composição: 
1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois) suplentes; 
 1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou 
privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes; 
1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografários e com privilégios gerais, 
com 2 (dois) suplentes. 
1 (um) representante indicado pela classe de credores representantes de microempresas e 
empresas de pequeno porte, com 2 (dois) suplentes. 
 
ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES 
Por fim, a assembeia geral de credores tem por principal objetivo na recuperação, deliberar 
sobre o plano e, eventualmente, inclusive de deliberar pela bancarrota da empresa. 
Na falência a assembleia não é obrigatória a não ser que os credores queiram realizar o ativo 
de maneira diferenciada, quando uma assembleia passa a ser obrigatório. 
Os dispositivos que tratam do tema vão do artigo 35 até o 46 da lei 11.101/2005. 
A Recuperação da Sociedade Empresária e do Empresário Individual 
Em tempos atuais, onde a crise que assola a Nação acaba por impingir à bancarrota diversos 
ramos de atividade, a possibilidade de recuperação de empresas ganha importante destaque 
no cenário das possibilidades que os condutores das atividades têm a disposição no sentido de 
manter a fonte produtiva, os empregos, o carregamento do próprio erário, dentre outras 
importantes contribuições que a atividade empresarial empresta ao desenvolvimento. 
Evidentemente que o objetivo da recuperação é a manutenção sustentável da atividade 
empresarial, o que restou evidente no primeiro artigo de lei a tratar da recuperação na Lei 
11.101/2005, a saber: 
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise 
econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do 
emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação 
da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. 
A manutenção da fonte produtora, dos empregos e a proteção do interesse dos credores, 
extrapola a esfera individual privada no sentido de que com a preservação da empresa 
enquanto atividade, o que se está a promover nada mais é do que a materialização da função 
social da empresa, pois há tempos se percebeu que a empresa não é importante apenas para 
a sociedade empresária o para o empresário individual que a conduzem, mas para toda 
sociedade 
 
Requisitos: 
O artigo 48 da lei de regência é taxativo ao promover exigências a serem cumpridas, de 
maneira cumulativa, par se requerer a recuperação, a saber: 
Ser sociedade empresária ou empresário individual; 
exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos; 
não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença as responsabilidades; 
não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial, inclusive a 
baseada no plano especial; e 
não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa 
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 
Segundo o artigo 49 da Lei sob comento, estão sujeitos todos os créditos existentes na data do 
pedido, ainda que não vencidos. 
Neste mesmo artigo fixou-se a determinação de que os credores do devedor conservam os 
seus direitos contra os coobrigados (fiadores e avalistas). 
Já o parágrafo 3º dispôs que os credores que possuem garantiam real não se submetem aos 
efeitos da recuperação, sendo limitados apenas a não retirada dos bens do estabelecimento do 
devedor dentro do prazo de suspensão de 180 (cento e oitenta) dias trazido pelo § 4º do Artigo 
6º da Lei 
 No que se refere aos documentos que precisam ser apresentados pela Autora do 
pedido de processamento da recuperação, temos: 
 I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da 
crise; 
II – as demonstrações contábeis dos 3 (três) últimos exercícios e as levantadas especialmente; 
III – a relação nominal completa dos credores; 
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções e salários; 
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas; 
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do 
devedor; 
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor; 
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do 
devedor; 
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como 
parte. 
 
DO PLANO DE RECUPERAÇÃO 
Deverá ser apresentado no prazo máximo de 60 dias da publicação do deferimento do 
processamento. 
Deverá conter a discriminação pormenorizada dos meios de recuperação e terá que 
demonstrar a viabilidade econômica fazendo acompanhar de laudo econômico-financeiro e de 
avaliação dos bens do ativo da recuperanda, a ser confeccionado e assinado por profissional 
habilitado 
 
DOS MEIOS DE RECUPERAÇÃO 
O Artigo 50 da lei 11.101/2005 traz 16 incisos com formas possíveis de recuperação, tais 
como: 
Prazos maiores, condições especiais, cisão, incorporação, transformação da sociedade 
empresária , dação em pagamento, venda parcial dos bens; trespasse, dentre outros; 
 
E também algumas sugestões polêmicas, como a redução salarial dos empregados; a 
constituição de sociedade de credores;a constituição de SPE (sociedade de propósito 
específico 
 
DO PLANO DE RECUPERAÇÃO ESPECIAL 
Destinado para as em micro e pequenas empresas definidas em lei como tal. 
Frise-se que se trata de uma opção ao micro e pequeno empresário, pois caso entenda 
pertinente pode fazer uso do plano comum. 
Se optar pelo plano especial, este deve prever o pagamento dos credores no tempo máximo de 
36 meses corrigidos pela taxa SELIC; 
Os início dos pagamentos deve se dar no prazo máximo de 180 dias da distribuição do pedido. 
Dispensará a chamada de assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano. 
 
DA FASE FINAL 
Uma vez aprovado o plano de recuperação e cumpridas as exigências de lei, o juiz concederá 
a recuperação; 
Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial do devedor 
cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei ou tenha sido 
aprovado pela assembléia-geral de credores na forma do art. 45 desta Lei. 
Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e 
obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o 
disposto no § 1o do art. 50 desta Lei. 
2oContra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que poderá ser 
interposto por qualquer credor e pelo Ministério Público. 
 
DA CONVOLAÇÃO EM FALÊNCIA 
 Em determinadas situações, que envolvem a não aprovação ou o não cumprimento de 
prazos e a realização das obrigações contidas no plano de recuperação propriamente dito, o 
Juiz da causa se vê obrigado a decretar a Falência no mesmo processo da recuperação. 
 Para tal ato, o legislador chamou de convolação da recuperação em falência, as 
principais hipóteses encontram-se no artigo 73 da Lei 11.101/2005 e são elas: 
 
por deliberação da assembléia-geral de credores; 
pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo de 60 dias; 
quando houver sido rejeitado o plano de recuperação; 
por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação. 
A Falência da Sociedade Empresária e do Empresário 
Individual 
Nesta aula abordaremos a falência da sociedade empresária e do empresário individual, 
conforme regrado pela Lei 11.101/2005. 
Em determinadas situações o afastamento do devedor (sociedade empresária e do empresário 
individual) da atividade, ou seja, da empresa, é medida drástica mas necessária para a 
manutenção da própria empresa. 
Diferentemente do que o senso comum estabelece, a Falência não tem como objetivo o 
fechamento da empresa enquanto atividade, mas sim o afastamento do devedor (sociedade 
empresária e empresário individual) para, na medida do possível, promover a manutenção da 
empresa enquanto atividade, com base na necessidade de se preservar a sua função social. 
O artigo 75 espelha o entendimento que foi trazido na tela anterior, veja-se: 
 “Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a 
preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os 
intangíveis, da empresa.” 
 Além da evidente preocupação do legislador com a manutenção da atividade, no campo 
processual a intenção foi de que os processos de falência sejam céleres e econômicos, 
conforme preleciona o parágrafo único do artigo acima e no artigo 79 sempre da Lei 
11.101/2005 
 Artigo 75 (...) Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e 
da economia processual.” 
 “Art. 79. Os processos de falência e os seus incidentes preferem a todos os outros na ordem 
dos feitos, em qualquer instância.” 
 
DA RESPONSABILIZAÇÃO DOS SÓCIOS 
Os sócios da sociedade empresária de responsabilidade limitada, a qual representa a grande 
maioria em solo nacional, pode ser demandado se nas suas atividade acabou por gerar um 
prejuízo a empresa, ora Falida, tal ação está prevista no artigo 82 da lei de regência. 
 “Art. 82. A responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos 
controladores e dos administradores da sociedade falida, estabelecida nas respectivas leis, 
será apurada no próprio juízo da falência, independentemente da realização do ativo e da 
prova da sua insuficiência para cobrir o passivo, observado o procedimento ordinário previsto 
no Código de Processo Civil. 
• 1oPrescreverá em 2 (dois) anos, contados do trânsito em julgado da sentença de 
encerramento da falência, a ação de responsabilização prevista no caputdeste 
artigo. 
• 2oO juiz poderá, de ofício ou mediante requerimento das partes interessadas, 
ordenar a indisponibilidade de bens particulares dos réus, em quantidade 
compatível com o dano provocado, até o julgamento da ação de 
responsabilização.” 
 
DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS 
O Artigo 83 da Lei de Falências é taxativo ao estabelecer a ordem de pagamento que deverá 
ser religiosamente observada quando do pagamento do passivo da massa falida. 
Os trabalhadores ficaram com certa preferência e logo após, mesmo antes do fisco, os 
credores com direito real de garantia foram alocados. 
 
A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte 
ordem: 
os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-
mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; 
 créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; 
 créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas 
as multas tributárias; 
créditos com privilégio especial, 
créditos com privilégio geral; 
créditos quirografários; 
 as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, 
inclusive as multas tributárias; 
créditos subordinados. 
 
DOS CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS 
Importante esclarecer que existem créditos que são considerados extraconcursais de acordo 
com o artigo 84 da Lei e que serão pagos antes mesmos daqueles indicados no artigo 83 da 
mesma Lei, a saber: 
 
remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da 
legislação ou acidente de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da 
falência; 
quantias fornecidas à massa pelos credores; 
despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, 
bem como custas do processo de falência; 
custas judiciais de ações em que a massa falida tenha sido vencida; 
obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, 
 
DO PROCEDIMENTO PARA DECRETAÇÃO 
Trata-se das hipóteses em que a falência do devedor pode vir a ser decretada, são elas: 
sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em 
título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) 
salários-mínimos na data do pedido de falência; 
 executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens 
suficientes dentro do prazo legal; 
 Pratica os chamados atos de falência, como liquidação precipitada de seus ativos, transfere ou 
simula a transferência do seu estabelecimento para furtar-se de adimplir suas obrigações, 
dentre outros. (vide inciso III do artigo 94 da Lei 11.101/2005) 
 
DA REVOGAÇÃO E DA INEFICÁCIA DOS ATOS PRATICADOS 
ANTES DA FALÊNCIA 
O Legislador, prevendo a possibilidade de dilapidação patrimonial do devedor, instituiu um 
sofisticado mecanismo que possibilita que os bens que verteram para outras pessoas, 
retornem ao patrimônio da Massa para serem arrecadados, alienados e paguem o passivo na 
ordem da preferência já estudada. 
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento 
do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar 
credores. (vide incisos do artigo 129 da Lei 11.101/2005) 
A ineficácia poderá ser declaradade ofício pelo juiz, alegada em defesa ou pleiteada mediante 
ação própria ou incidentalmente no curso do processo. 
Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provando-
se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo 
sofrido pela massa falida. 
 Art. 131. Nenhum dos atos referidos nos incisos I a III e VI do art. 129 desta Lei que tenham 
sido previstos e realizados na forma definida no plano de recuperação judicial será declarado 
ineficaz ou revogado. 
 Art. 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá ser proposta pelo 
administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 (três) anos 
contado da decretação da falência. 
 
DISPOSIÇÕES PENAIS 
O Legislador inovou ao fixar tipos penais específicos para a Recuperação e para a 
Falência, tratados na Lei do artigo 168 ao 188. 
Chama atenção as penas estabelecidas o que denota uma clara intenção de punir o 
empresário inescrupuloso, como exemplo, o tipo referente à fraude a credor enquanto 
crime falimentar: 
“Art. 168. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a 
recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que 
resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar 
vantagem indevida para si ou para outrem. 
 Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa 
Locação Empresarial – Proteção do Ponto 
Segundo Fábio Ulhoa Coelho[1] o “ponto – também chamado de “propriedade comercial” – é o 
local em que o empresário se estabelece. É um dos fatores decisivos para o sucesso de seu 
empreendimento. Por esta razão, o interesse voltado à permanência no ponto é prestigiado 
pelo direito. Não apenas porque a mudança do estabelecimento empresarial costuma trazer 
transtornos, despesas, suspensão da atividade, perda de tempo, mas principalmente porque 
pode acarretar prejuízos ou redução de faturamento em função da nova localização, o 
empresário tem interesse em manter o seu negócio no local em que se encontrava.” 
Desde 1934 o direito brasileiro protege o ponto comercial pela norma conhecida como Lei de 
luvas. Na ocasião, para o comerciante e o industrial que locasse o ponto por mais de 5 anos 
sem mudar de atividade nos últimos 3 (três), podia pleitear a renovação compulsória do vínculo 
locatício. 
Posteriormente, a lei de locação predial urbana (Lei 8245, art 51)continuou a prever tal instituto. 
“Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação 
do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: 
• o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; 
• o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos 
contratos escritos seja de cinco anos; 
• o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e 
ininterrupto de três anos.” 
Atualmente, com o Código Civil de 2002, Fábio Ulhoa sustenta que se pode dizer que 
titularizam o direito à renovação compulsória do contrato de locação os empresários (individual 
ou sociedade empresária e a sociedade simples). 
 
REQUISITOS DA LOCAÇÃO EMPRESARIAL 
Pela Lei de Locações pode-se afirmar que existem dois tipos básicos de locação predial 
urbana, a residencial e a não residencial, nesta encontram-se os contratos em que o 
empresário é autorizado a explorar, no prédio locado, uma atividade econômica. 
Nestes casos não se pode pleitear a renovação compulsória dos contratos, pois por definição 
de Lei, a renovação somente é dada a locação empresarial, atingindo-se os requisitos, Artigo 
51 da Lei de locações. 
 
contrato escrito 
prazo mínimo de 5 anos ou a somatória de sucessivos contratos atinja este tempo. 
mesmo ramo por no mínimo 3 anos 
https://dombosco.instructure.com/courses/2918/pages/aula-7#_ftn1
Se o contrato é oral, ou sendo escrito, estabelece prazo de duração indeterminado, a locação 
por definição não é empresarial, perdendo o direito o empresário, de permanecer no imóvel. 
 
AÇÃO RENOVATÓRIA: 
O direito de manutenção no ponto, chamado por Fábio Ulhoa Coelho de “inerência ao ponto”, é 
exercido por ação própria denominada AÇÃO RENOVATÓRIA. 
 
Esta ação possui 02 requisitos próprios e são eles: 
A locação deve ser empresarial com o exato cumprimento do contrato (taxas, IPTU, etc.); 
Propor a Ação entre 01 ano e seis meses antes do término da locação. 
Importante notar que a locação empresarial, se não renovada via contrato ou mantida através 
de Ação, não se finda apenas perde a característica e a proteção de locação empresarial, 
podendo o dono do imóvel requerer a sua desocupação em 30 (trinta) dias. 
O dono do imóvel em contestação a ação renovatória pode, no mérito alegar três linhas 
principais de defesa, são elas: 
desatendimento dos requisitos da locação empresarial; 
perda do prazo decadencial; 
exceção de retomada. 
 
EXCEÇÃO DE RETOMADA 
Importante lembrar, que o direito do locatário de “inerência ao ponto” tem fundamento na lei de 
locação ao passo que o direito do proprietário que loca é inclusive constitucionalmente 
garantido (CF, art. 5º, XXII). Em virtude disso, novamente Fabio Ulhoa Coelho, “A renovação 
compulsória do contrato de locação empresarial não pode ser incompatível com o exercício do 
direito de propriedade, pelo locador. Por essa razão, admite-se a exceção de retomada, na 
ação renovatória.” 
A lei ordinária da locação não pode sobrepujar a norma constitucional. 
A lei de locação previu algumas hipótese onde a exceção de retomada é media que se impõe, 
veja-se: (artigos 52 e 72, II e III da Lei de Locação) 
obras no imóvel, que importem sua radical transformação, por exigência do poder público; 
reformas no imóvel, que o valorizem, pretendidas pelo locador; 
insuficiência da proposta apresentada pelo locatário, na ação renovatória; 
melhor proposta de terceiros 
transferência do estabelecimento existente há mais de um ano, pertencente ao cônjuge, 
ascendente ou descendente do locador, ou de sociedade por ele controlada; 
para uso próprio 
Entretanto, o legislador protegeu o empresário, na medida em que o proprietário não pode 
retomar o imóvel para uso próprio e desenvolver a mesma atividade desenvolvida. 
 
INDENIZAÇÃO DO PONTO: 
Por vezes, em razão justamente da supremacia do direito de propriedade constitucionalmente 
garantito, o locatário não consegue sucesso em sua ação renovatória. 
Assim, quando a exceção de retomada é inevitável e o proprietário pode voltar a livremente 
dispor da sua propriedade, passou-se a indenizar o ponto, na forma de fundo de empresa ou 
fundo de comércio. 
São três, nos dizeres de Fábio Ulhoa Coelho, as hipóteses em que o locatário teria direito à 
indenização, são eles: 
locação empresarial; 
ação renovatória interposta dentro do prazo; e 
acolhimento da exceção de retomada. 
Presentes estas três situações, caberá a indenização pela perda do ponto nas seguintes 
hipóteses: 
se a exceção de retomada foi à existência de proposta melhor de terceiro; 
se o locador demorou mais de 3 meses, contados da entrega do imóvel, para dar-lhe o destino 
alegado na exceção de retomada 
exploração do imóvel na mesma atividade do locatário; 
insinceridade da exceção de retomada. 
A indenização deve acobertar os prejuízos e lucros cessantes em decorrência tanto da 
mudança como da perda do lugar e desvalorização do fundo. Em suma, tudo que o empresário 
perdeu e o que razoavelmente deixou de ganhar em virtude da retomada do imóvel (Lei de 
Locação, art. 52, § 3º) 
3º O locatário terá direito a indenização para ressarcimento dos prejuízos e dos lucros 
cessantes que tiver que arcar com mudança, perda do lugar e desvalorização do fundo de 
comércio, se a renovação não ocorrer em razão de proposta de terceiro, em melhores 
condições, ou se o locador, no prazo de três meses da entrega do imóvel, não der o destino 
alegado ounão iniciar as obras determinadas pelo Poder Público ou que declarou pretender 
realizar. 
 
JULGADOS 
“LOCAÇÃO - AÇÃO RENOVATÓRIA - 2. Exceção de retomada, para uso de caráter absoluto, 
gozando apenas de presunção relativa. 3. Análise das provas que leva à conclusão da 
insinceridade. 4. Novas provas juntadas no recurso, que não podem ser apreciadas, face a 
preclusão. 5. Procedência da renovatória, rejeitada a exceção de retomada. 6. Improvimento do 
recurso. (TJRJ - AC 16674/2001 - 4ª C.Cív. - Rel. Des. Mário dos Santos Paulo - J. 
06.11.2001)” 
 
“AGRAVO DE INSTRUMENTO – CONTRATOS DE LOCAÇÃO COMERCIAL PELO PRAZO 
DE UM ANO CADA – AÇÃO RENOVATÓRIA PROPOSTA QUATRO DIAS ANTES DO 
TÉRMINO DO PRIMEIRO CONTRATO E QUATRO MESES E VINTE DIAS DO SEGUNDO – I 
- Impossibilidade diante do previsto no § 5º, do artigo 51, da Lei 8.245/91, que determina que a 
renovatória deve ser proposta no mínimo, até seis meses anteriores à data da finalização do 
contrato em vigor. II - Agravo provido. (TJMA – AI 18831/2003 – (53035/2005) – São Luís – 1ª 
C.Cív. – Rel. Des. Raymundo Liciano de Carvalho – J. 14.02.2005) JLI.51 JLI.51.5” 
“COMERCIAL, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS E 
DANOS - LOCAÇÃO COMERCIAL - RESCISÃO VOLUNTÁRIA DO CONTRATO PELA 
LOCATÁRIA - DESVIO DE FINALIDADE E VEDAÇÃO AO EXERCÍCIO DO MESMO RAMO 
DE COMÉRCIO ANTERIOR - GARANTIAS QUE SÃO OPONÍVEIS APENAS QUANDO 
AJUIZADA AÇÃO RENOVATÓRIA - RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO - 1) 
Havendo a entrega voluntária do ponto comercial pela locatária antes do término do contrato, 
ainda que a locadora tenha manifestado extrajudicialmente a intenção de reavê-lo, não há que 
se falar indenização pelo desvio de finalidade da retomada, tampouco, pela utilização do 
mesmo ramo comercial, eis que não ajuizada a competente ação renovatória no prazo legal. 2) 
Recurso a que se nega provimento. (TJAP - AC 139703 - (6844) - C.Única - Rel. Des. Honildo 
Amaral de Mello Castro - DOEAP 14.06.2004 - p. 23)” 
SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 
Neste nosso encontro estudaremos a classificação 
das sociedades empresárias e a responsabilidade 
dos sócios. 
Atividades de vulto na economia ocorrem quase que 
integralmente por meio de sociedades empresárias, 
dificilmente ocorrendo na forma individual, 
justamente pela limitação na responsabilidade que o 
tipo societário pode imprimir aos seus sócios. 
Segundo Fábio Ulhoa Coelho[1] são cinco os tipos 
de sociedades empresárias: 
• nome coletivo 
• comandita simples 
• comandita por ações 
• anônima 
• por quotas de responsabilidade limitada. 
 
 
A primeira grande divisão é a de sociedades de pessoa ou de 
capital. 
A primeira grande e importante divisão diz respeito as sociedades de pessoa e de capital, 
segundo Fábio Ulhoa Coelho: 
“As sociedades de pessoas são aquelas em que a realização do objeto social depende mais 
dos atributos individuais dos sócios que da contribuição material que eles dão. As de capital 
são as sociedades em que essa contribuição material é mais importante que as características 
subjetivas dos sócios. A natureza da sociedade importa diferenças no tocante à alienação da 
https://dombosco.instructure.com/courses/2918/pages/aula-8#_ftn1
participação societária (quotas e ações), à sua penhorabilidade por dívida particular do sócio e 
à questão da sucessão por morte.” 
A distinção em sociedade de pessoas e de capital guarda correlação direta com a afeição entre 
os sócios nas sociedades de pessoas e o interesse meramente investidor nas de capital. 
As sociedades em nome coletivo e em comandita simples são de pessoas (CC/2002, art. 
1003). A sociedade limitada pode ser de pessoas ou de capital, de acordo com o previsto no 
contrato social (Cap. 27, item 5). Por fim, as sociedades anônima e em comandita por ações 
são predominantemente de capital. 
 
Sociedades Contratuais e Institucionais 
A segunda hipótese de classificação das sociedades empresárias diz respeito ao regime de 
constituição e dissolução do vínculo societário. Por ele, as sociedades podem ser contratuais 
ou institucionais. As sociedades contratuais são constituídas por um contrato entre os sócios, 
comumente conhecido e chamado de contrato social, sendo que para dirimir discussões 
utilizam-se os princípios de direito contratual. 
As institucionais também se revestem de vontade dos sócios, porém o vínculo não é contratual. 
São exemplos de contratuais às sociedades em nome coletivo, em comandita simples e 
limitada e institucionais as sociedades anônimas e em comandita por ações. 
Por fim, segundo Fábio Ulhoa, “A sociedade empresária é contratual se constituída por um 
contrato entre os sócios; e é institucional se constituída por um ato de vontade não contratual. 
A diferença diz respeito à aplicação, ou não, do regime do direito contratual às relações entre 
os sócios.” 
Assim o instrumento que rege as contratuais é o “contrato social” e o que regula as 
institucionais é o “estatuto”. A Lei aplicável também é diversa, o Código Civil para as 
contratuais e a Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/76 – LSA) para as institucionais. 
 
RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS: 
Uma das grandes vantagens da personificação das sociedades empresárias é justamente a 
responsabilidade subsidiária pelas obrigações sociais. 
Em termos práticos pode-se afirmar que enquanto não acabar o patrimônio social, não pode 
haver o comprometimento do patrimônio do sócio para a satisfação da dívida da sociedade. 
Tal regra já se encontrava esculpida no finado Código Comercial de 1850 permanecendo no 
Código Civil de 2.002, no seu Artigo 1.024. 
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da 
sociedade, senão depois de executados os bens sociais. 
Fabio Ulhoa sustenta não haver no Brasil nenhuma regra geral de solidariedade entre os 
sócios e sociedade (simples ou empresária), podendo os sócios sempre se valerem dos 
benefícios de ordem, pela indicação de bens sociais livres e desembaraçados. 
Quando solidário não pode invocar o benefício de ordem devendo arar com o total da dívida, e 
posteriormente, se desejar, demandar contra a outra parte visando buscar o pagamento da sua 
cota parte da obrigação. 
“A regra, no direito societário brasileiro, é da subsidiariedade da responsabilidade dos sócios 
pelas obrigações sociais. Apenas na sociedade em comum o sócio que atuar como 
representante legal responde diretamente.” 
As responsabilidades dos sócios pelas obrigações da sociedade podem ser limitadas ou 
ilimitadas. 
Há situações em que o sócio responde sem limitação e em outras com limitação. Não fosse a 
limitação de responsabilidade aos investimentos realizados, se dificultaria à abertura de novas 
atividades, na medida em que o patrimônio do sócio sempre estaria à beira do 
comprometimento. 
 
Segundo Fábio Ulhoa, pelo critério de classificação das sociedades, estas podem ser de três 
categorias: 
Sociedades com responsabilidade ilimitada, quando todos os sócios respondem pelas 
obrigações sociais ilimitadamente (sociedade em nome coletivo); 
Sociedades de responsabilidade mista, quando apenas parte dos sócios responde de forma 
ilimitada (sociedades em comandita simples ou por ações); e 
Sociedades de responsabilidade limitada, em que todos os sócios respondem de forma limitada 
pelas obrigações sociais (sociedades por quotas de responsabilidade limitada e anônima). 
Importante ressaltar que quando se trata da tutela de consumidores, estado e trabalhadores, 
observa-se cada vez mais o movimento de comprometer-se o patrimônio do sócio, não se 
observando a regra do direito empresarial de autonomia da sociedade empresária. 
Mais recentemente, importante destacar também que o código de processo civil de 2015 impôs 
um incidente para que possa haver a desconsideração da personalidade jurídica e o 
conseqüente atingimento dos bens dos sócios. 
Tal incidente regrado entre os artigos 133 a 137 do Código de ProcessoCivil visam justamente 
regrar a desconsideração e privilegiar o contraditório e a ampla defesa. 
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido 
da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. 
1o O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos 
previstos em lei. 
 
2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da 
personalidade jurídica. 
 
Por fim as sociedades podem ser alocadas num esquema quanto a sua personificação, 
obedecendo a seguinte ordem: 
Pessoa jurídica (personalizada): - Associações (sem fins econômicos) 
 - Sociedade (com fins econômicos) 
1- Não personalizadas: 
A - Sociedade em comum (irregular) 
B - Sociedade em conta de participação (oculta) 
 
2- Personalizadas: 
A - Nome coletivo 
B - Comandita simples 
C - Sociedade anônima 
D - Comandita por ações 
E - Responsabilidade limitada 
 
(Julgados de responsabilização de sócio e subsidiariedade) 
AGRAVO DE INSTRUMENTO - TRIBUTÁRIO - RESPONSABILIDADE DO SÓCIO GERENTE - 
EXCESSO DE PODERES OU INFRAÇÃO À LEI - INEXISTÊNCIA - REDIRECIONAMENTO 
DA EXECUÇÃO À PESSOA DO SÓCIO - IMPOSSIBILIDADE - 1. A legislação tributária é 
provida de normas específicas sobre a responsabilização dos sócios gerentes da empresa, só 
podendo estes assumir a responsabilidade pelas obrigações da empresa no caso de 
praticarem atos dotados de excesso de poder, ou que infrinjam a Lei, contrato social ou 
estatuto. 2. Se fosse acatado o entendimento de que o simples inadimplemento caracteriza a 
responsabilidade do sócio gerente, como pretende a Agravante, os sócios passariam a ser 
sempre responsáveis pelas dívidas da sociedade, o que extinguiria a autonomia e 
individualidade da pessoa jurídica. 3. Quem deve responder pelas dívidas da empresa é o seu 
patrimônio social, e não o patrimônio pessoal do sócio gerente. A responsabilidade do sócio 
gerente é subsidiária, e não solidária. 4. No caso em questão, não há prova de ato eivado de 
excesso de poder ou de infração legal praticada pelo sócio gerente, apenas a Empresa não foi 
encontrada, não existindo nada nos autos a respeito de seus bens. 5. Agravo de Instrumento 
improvido. (TRF 5ª R. - AGTR 2004.05.00.042562-6 - 3ª T. - SE - Rel. Des. Fed. Geraldo 
Apoliano - DJU 21.11.2005 - p. 687) 
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DE SÓCIO - Independe de comprovação de abuso da 
personalidade jurídica ou desvio de finalidade da empresa a responsabilização subsidiária dos 
sócios da reclamada, haja vista que a fraude ou excesso de mandato poderão inclusive ser 
verificados quando do curso do processo executório, momento no qual a empresa deverá 
adimplir as obrigações decorrentes do contrato de trabalho, sob pena de caracterizar má 
gestão do ente empresarial. (TRT 5ª R.-RO 00183-2004-011-05-00-1-(12.474/05) - 3ª T.-Red. 
Des. Fed. Alcino Felizola - J. 14.06.2005) 
APELAÇÃO CÍVEL – EMBARGOS DE TERCEIRO – DISCUSSÃO NO FEITO EXECUTIVO 
ACERCA DE FRAUDE À EXECUÇÃO QUE NÃO IMPEDE POSTERIOR REDISCUSSÃO EM 
SEDE DE EMBARGOS DE TERCEIRO – INOPONIBILIDADE DE EVENTUAL COISA 
JULGADA FRENTE A TERCEIROS NÃO INTEGRANTES DA RELAÇÃO PROCESSUAL 
EXECUTIVA – EXISTÊNCIA DE TERCEIRO PREJUDICADO – BEM PENHORADO 
PERTENCENTE AO PATRIMÔNIO DA SÓCIA DA EMPRESA QUE O REVENDEU A 
TERCEIRO – INCONFUNDIBILIDADE DE PATRIMÔNIOS DA PESSOA JURÍDICA COM A DE 
SUA REPRESENTANTE LEGAL – AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE FRAUDE À LEI OU 
EXCESSO DE MANDATO – PENHORA INSUBSISTENTE – RECURSO PROVIDO – - Nos 
termos do art. 472, do CPC, " a sentença faz coisa julgada às partes entre às quais é dada, não 
beneficiando, nem prejudicando a terceiros ". Assim, acaso alguém, como titular de relação 
jurídica de direito material apreciada pelo juízo, não tenha integrado a relação jurídica de 
ordem processual decorrente de eventual conflito, não estará sujeito à eficácia da sentença 
que normou a relação e muito menos à autoridade da coisa julgada que porventura venha se 
formar por decorrência da decisão, eis que esta restringe-se às partes, pois presente tão-
somente o efeito inter omnes. "Os bens particulares dos sócios, uma vez integralizado o capital 
da sociedade por quotas não respondem pelas dívidas desta, nem comuns, nem fiscais, salvo 
se o sócio praticou ato com excesso de poderes ou infração da Lei, do contrato social ou 
estatutos. - A pessoa jurídica tem, por Lei, existência distinta daqueles que integram sua 
composição social, distinção essa que se estende aos respectivos patrimônios. De regra, os 
bens particulares dos sócios não podem ser vinculados às obrigações contraídas 
exclusivamente pela pessoa jurídica e de responsabilidade desta. Excepcionalmente, utilizada 
a personalidade jurídica para propósitos fraudulentos, admite-se a aplicação da teoria da 
desconsideração da personalização jurídica, tornando-se-a ineficaz para determinados atos. " 
(AC nº 99.020298-4, de São José, deste subscritor). - Inquestionável que para a aceitação da 
teoria da descaracterização da pessoa jurídica, fique evidenciada a culpa do sócio gerente no 
ato ilegal praticado, não podendo dita responsabilidade ser imputada caso presentes, tão 
somente, indícios de prática de abuso de mandato; necessária, por certo, a prova de suas 
existências e comprovação de sua prática. (TJSC – AC 02.013502-5 – Chapecó – 2ª CDCom. – 
Rel. Des. Sérgio Roberto Baasch Luz – J. 02.09.2004) 
EXCLUSÃO DE SÓCIO 
O sócio da sociedade empresária é detentor de uma parcela do capital social representada 
pelas cotas ou (quotas) que o mesmo tem na sociedade. 
Na prática o sócio despende parte do capital próprio, subscrevendo (prometendo) a 
integralização na sociedade empresária que se tornará sócio. 
O sócio da sociedade contratual pode ser excluído quando ocorrer uma das hipóteses 
estabelecidas em lei: 
Demora ou não integralização – quando o sócio deixa de cumprir o que subscreveu, nos 
prazos, com a sua obrigação de integralizar a cota por ele subscrita, os demais sócios poderão 
optar pela exclusão do sócio do quadro associativo. (a segunda opção é a sociedade executar 
o sócio remisso); e 
Justa causa – caracterizada pela violação ou falta de cumprimento das obrigações sociais 
como, por exemplo, no caso de o sócio concorrer com a sociedade empresária, explorando 
(individualmente ou em outra sociedade) a mesma atividade. 
Para a exclusão de um dos sócios, é necessária a ocorrência de alguma destas causas. Não é 
a sociedade que expulsa os seus sócios, são os demais sócios, à vista de ocorrência de fato 
que a lei define como verdadeiras molas propulsoras da exclusão. 
Em alguns casos a exclusão pode ser administrativa (extrajudicial), devendo constar tal 
possibilidade do contrato social. 
Segundo Fábio Ulhoa Coelho a exclusão do sócios minoritários é distinta de acordo com o tipo 
societário. 
Nas sociedades em nome coletivo e em comandita simples, a expulsão do sócio (minoritário ou 
majoritário) só pode ser extrajudicial, quando fundada em mora do remisso, se o fundamento é 
diverso deve ser judicial. 
Nas Limitadas a exclusão do minoritário pode ser por simples alteração, sobrando a este o 
requerimento do que entende devido junto ao judiciário para comprovar que não houve causa 
para a exclusão, o contrato social deve possibilitar esta modalidade de exclusão e o sócio 
minoritário deve ser intimado. 
 
Se a hipótese é a de exclusão de sócio majoritário da sociedade limitada, deverão os demais 
sócios postulá-la perante o Poder Judiciário, cabendo-lhes o ônus da prova da causa da 
exclusão. 
Expulso da sociedade, o sócio terá direito ao valor patrimonial de sua participação societária. 
Opera-se, em decorrência da expulsão, a dissolução parcial da sociedade, com diminuição do 
capital social, os sócios poderão evitá-la, subscrevendo e integralizando novas cotas. 
 SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LTDA.[1] 
 
Responsabilidade dos sócios: 
É sempre limitada à integralizaçãototal do capital social. 
https://dombosco.instructure.com/courses/2918/pages/aula-9#_ftn1
Enquanto todos os sócios não integralizam totalmente as quotas subscritas, todos respondem 
solidariamente perante terceiros contratantes. 
 
Exceções à responsabilidade dos sócios: 
Algumas situações permitem a responsabilização do sócio da sociedade empresária por 
responsabilidade limitada, são elas: 
Dívidas fiscais e previdenciárias 
Desobediência ao contrato social e a lei, nos termos do artigo 50 do código civil. 
Dívidas oriundas da legislação do trabalho. 
Abuso de direito ou excesso de poder (meio ambiente, consumidor, ordem econômica), nos 
termos do artigo 50 do código civil. 
 
Sócio remisso 
É o sócio que não integralização das cotas subscritas 
As alternativas são a Execução (contrato com 02 assinaturas) e a Exclusão. 
A partir da exclusão a sociedade pode diminuir o capital social ou admitir outro sócio 
 
Aumento e redução do Capital social: 
O capital social não é fixo, podendo ser alterado de acordo com os permissivos dispostos em 
Lei. O aumento pode-se dar pelo ingresso de novos fundos; pela subscrição de novas cotas e 
por meio da Incorporação ao capital social de lucros acumulados. 
Já a redução do capital social pode ocorrer por perdas irreparáveis ou ainda pelo excesso de 
capital. 
 
Legislação aplicável: 
Artigos 1.052 a 1.087 do CC 
Normas da sociedade simples ou Lei 6.404/76, quando compatível com a natureza da 
sociedade limitada, desde que não contrarie o contrato social e haja previsão contratual para 
tanto. 
[1] BERTOLDI, Marcelo M. Curso avançado de direito comercial. Editora RT Revista dos 
Tribunais. 10ª edição. 2016. São Paulo. 
 
Títulos de Crédito 
Nesta aula iniciaremos o estudo dos títulos de crédito, que se afiguram importantes 
instrumentos para a circulação de valores, criação de crédito e por conseguinte fomentadores 
da própria atividade empresarial. 
Os títulos de crédito são entendidos como documentos representativos de obrigações 
pecuniárias. 
https://dombosco.instructure.com/courses/2918/pages/aula-9#_ftnref1
O conceito de título de crédito mais utilizado foi elaborado por Cesare Vivante como sendo o: 
“documento necessário para exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado”. 
 
Características Gerais do Direito Cambiário 
São três as principais características dos títulos de crédito, que faz com que eles gozem da 
segurança necessária para sua utilização e circulação, são eles: a cartularidade, a literalidade 
e autonomia. 
Para o exercício dos direitos estampados no título é indispensável que se encontre na posse 
da cártula. A pessoa (física ou jurídica) pode até ser credora, mas somente conseguirá usufruir 
de todos os direitos inerentes ao título se estiver na sua efetiva posse. 
Aliás, torna-se fácil a visualização da importância da cártula quando se entende que a prova do 
pagamento é o próprio título, sendo desnecessária 
Este é o princípio da cartularidade. 
Frise-se que o direito tem criado algumas exceções ao princípio da cartularidade, como por 
exemplo a Duplicata que pode ser inclusive executada, ainda que sem a sua existência física, 
desde que se comprove a relação causal havida, com a nota fiscal, o canhoto de recebimento 
da mercadoria e o protesto por indicações. 
Outra característica importante é a literalidade. 
Segundo ela somente vale no mondo jurídico aquilo que está ou foi aposto no título, não tendo 
eficácia para as relações jurídico-cambiais os atos jurídicos não instrumentalizados pela própria 
cártula a que se referem. O que não está expressamente consignado no título de crédito não 
produz conseqüências. 
Como exemplo, um aval constituído em instrumento apartado do cheque não produzirá os 
efeitos de aval. 
Quanto à característica da autonomia, esta pode ser entendida como o isolamento das 
obrigações, pois cada obrigação gerada no título é independente ente si. Se uma dessas 
obrigações for nula ou anulável, tal situação não compromete a validade e eficácia das demais 
obrigações constantes do mesmo título de crédito. 
O seguinte exemplo espelha bem esta situação: Se um adquirente de um veículo emite nota 
promissória em favor do vendedor e este paga outra obrigação sua perante uma terceira 
pessoa, transferindo por endosso o crédito trazido na nota promissória, ainda que a venda 
original seja desfeita por algum vício, o emitente não se livrará de honrar o título no seu 
vencimento junto ao terceiro portador. 
O princípio da autonomia se desdobra em dois sub-princípios: 
O da abstração e o da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé. 
A abstração é uma formulação derivada da autonomia e impera a partir da circulação do título 
por endosso desligando a obrigação de todo e qualquer motivo pelo qual ele tenha sido criado. 
Já a inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé, tem sua ocorrência 
também incidente a partir da circulação do título e do mesmo modo que a abstração, faz com 
que as possíveis e eventuais exceções pessoais não atinjam os endossatários que recebem o 
título. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
A classificação se opera por quatro principais critérios: 
1) quanto ao modelo; 
 2) quanto à estrutura; 
 3) quanto às hipóteses de emissão; 
4) quanto à circulação. 
 
Quanto ao modelo 
Quanto ao modelo, os títulos podem ser vinculados ou livres, os vinculados somente produzem 
efeitos cambiais dos documentos que atendem ao padrão exigido. É o caso do cheque e da 
duplicata. Neles o emitente não é livre para escolher a disposição formal dos elementos 
essenciais à criação do título. 
Já os de modelo livre são aqueles em que o emitente pode dispor à vontade os elementos 
essenciais do título, como exemplo a letra de câmbio e a nota promissória. 
Deste modo, independentemente da forma adotada, qualquer papel, desde que com os 
requisitos essenciais, será uma nota promissória. 
 
Quanto à estrutura: 
Classificam-se em ordem de pagamento e promessa de pagamento. 
As ordens de pagamento tem como característica a geração de três situações jurídicas 
distintas: um sacador, que ordenou a realização do pagamento; um sacado, para quem a 
ordem foi dirigida e que irá cumpri-la, e um tomador, que é a pessoa em favor de quem ela foi 
passada. O cheque, a duplicata e a letra de câmbio são títulos dotados dessa estrutura. 
Quando se assina um cheque, dá-se a ordem ao banco (sacado), para que proceda ao 
pagamento de determinada importância à pessoa portadora do título. 
De outra parte, na promessa de pagamento ocorre apenas duas situações jurídicas, a do 
promitente, que se obriga a pagar, e a do tomador (beneficiário) da promessa. Ex. nota 
promissória. 
 
Quanto às hipóteses de emissão: 
Podem ser causais e não causais. 
São causais os títulos que somente podem ser emitidos nas hipóteses autorizadas por lei, com 
uma causa específica para existir, como exemplo a duplicata mercantil, que só existe para 
compra e venda mercantil e prestação de serviços. 
Os títulos não causais, ou também chamados de abstratos, por sua vez, podem ser criados por 
qualquer motivo. São dessa categoria o cheque e a nota promissória. 
 
Quanto à circulação: 
Divide-se em três categorias, a) ao portador, b) nominativos à ordem, c) nominativos não à 
ordem. 
Os títulos ao portador não trazem o nome do credor circulando por mera tradição sendo a 
entrega do documento o ato que legitima o seu portador a exercer os direitos inerentes a 
cártula. 
Os nominativos à ordem identificam o titular do crédito (credor) e se transferem por endosso, 
que é o ato típico da circulação cambiária. 
Os nominativos não à ordem também identificam o credor, mas ante a limitação de circulação 
por endosso, circulam apenas por cessão civil de crédito. 
 
Letra de Câmbio 
Nesta aula estudaremos a letra de câmbio enquanto título de crédito, abordando suas 
características, seus atores, a sua circulação e os requisitos essenciais.por endosso, circulam apenas por cessão civil de crédito. 
É um título na forma de ordem de pagamento. O sacador (criador da letra) ordena que um 
terceiro (sacado) pague a soma cambial a um tomador. 
Lembre-se que o sacador é coobrigado ao pagamento, se não cumprida a ordem de 
pagamento dada ao sacado. 
 A letra de câmbio e a nota promissória são tratadas pela Lei Uniforme de Genebra - 
Decreto n° 57.663 de 24 de janeiro de 1966. 
 
Aceite da letra de câmbio 
O Aceite é o ato segundo o qual o sacado se obriga a efetuar, no vencimento, o pagamento da 
ordem que lhe é dada. 
Na letra de câmbio o aceite é sempre facultativo. 
Contudo, a apresentação da letra para aceite pode ser obrigatória ou facultativa. 
A apresentação para aceite é obrigatória quando o vencimento da letra de câmbio depender do 
aceite do sacado para saber quando a letra é dada por vencida, tal modalidade de vencimento 
recebe o nome de “a tempo certo da vista”. 
São facultativas as apresentações das letras que tiverem data certa de vencimento. 
A Letra de câmbio também pode ser não aceitável e ocorre quando o sacador proibe, no 
próprio título, a apresentação para aceite do sacado. 
Nesse caso o portador somente poderá apresentar a letra de câmbio para o sacado para o 
pagamento. 
O sacador pode ter interesse na limitação do aceite (cláusula não aceitável) para não se 
antecipar o vencimento por eventual falta de aceite do sacado. 
 
Falta, Recusa, Limitação ou Modificação do Aceite 
a) Falta de aceite ocorre quando, por qualquer motivo o sacado não puder ter manifestado o 
aceite. Nesse caso o portador terá que comprovar legalmente a falta de aceite protestando o 
título por falta de aceite. 
 
b) Recusa de aceite o sacado deixa de colocar a sua assinatura na letra (recusa de modo 
tácito). Se escrever uma declaração que expresse sua intenção de não aceitar (de modo 
expresso). 
 
c) Limitação do aceite, o sacado aceita pagar apenas parte do título. Nesse caso, ele se obriga 
com essa parte, como por exemplo a metade do valor. 
 
Cancelamento e Retirada do Aceite 
O aceite pode ser cancelado em determinada situação: quando o aceite foi dado mas ainda 
não restituiu a letra ao credor. 
 
Prova da Falta ou Recusa do Aceite 
Somente pode ser provada a recusa do aceite através do protesto por falta de aceite. 
 
Efeitos do Aceite 
A partir do ato do aceite, o sacado fica obrigado com o sacador e respectivos avalistas, 
tornando-se o obrigado principal do título. 
Frise-se que os demais obrigados (sacador e endossante) continuarão com responsabilidade 
subsidiária ou indireta, ainda que, através do aceite, o obrigado principal é o sacado. Assim, o 
aceitante fica cambialmente obrigado para com o sacador, que pode acioná-lo para receber o 
valor do título. 
 
ENDOSSO DA LETRA DE CÂMBIO 
O título de crédito basicamente é um documento que facilita a circulação do crédito nele 
representado. Tal transferência, enquanto ato tipicamente cambiário é o endosso, pelo qual o 
credor de um título do crédito com a cláusula à ordem transmite os seus direitos a outra 
pessoa. 
O endosso traz duas novas situações jurídicas: um endossante e um endossatário. 
Os títulos de crédito têm implicitamente a clausula “a ordem”, em virtude da qual se admite a 
circulação sujeita à disciplina do direito cambiário. A cláusula “não à ordem”, que deve ser 
expressa, não impede a circulação do crédito, apenas altera o regime jurídico aplicável que 
será o de cessão civil de crédito. 
O endosso produz dois efeitos: transfere o título ao endossatário e vincula o endossante ao seu 
pagamento. 
Isto é, enquanto o endossatário se torna o credor da letra de câmbio, o endossante passa a ser 
um de seus co-devedores. 
 
Endossos impróprios. 
O “endosso impróprio” legitima a posse de certa pessoa sobre um título de crédito, mas não lhe 
transfere o direito creditício. Admite-se duas modalidades: o endosso-mandato e o endosso-
caução. 
 
Endosso mandato 
Endosso caução 
O endossatário, no endosso impróprio, pode exercer todos os direito emergentes do título, 
exceto o de transferir a titularidade do crédito, que remanesce nas mãos do endossante-
mandante ou caucionário. 
 
AVAL 
O aval é o ato cambiário pelo qual uma pessoa (avalista) s compromete a pagar título de 
crédito, nas mesmas condições que um devedor desse título (avalizado). 
Duas são as características principais do aval: a autonomia e a equivalência. O avalista 
assume perante o credor do título uma obrigação autônoma, mas que é equivalente à do 
avalizado. 
Da autonomia do aval surgem importantes conseqüências. A validade e eficácia não estão 
condicionadas à da obrigação avalizada. Desse modo, se o credor não puder exercer, por 
qualquer razão, o direito contra o avalizado, isto não compromete a obrigação do avalista. Da 
mesma forma em decorrência da autonomia do aval, não pode o avalista quando executado 
em virtude do título de crédito, utilizar das exceções pessoais do avalizado. 
Exemplo prático de letra de câmbio 
 
 
 
Duplicata 
Nesta aula estudaremos a duplicata enquanto título de crédito, abordando suas características, 
seus atores, a sua circulação e os requisitos essenciais. 
Neste encontro entendermos a razão pela qual a duplicata é um título causal, pois tem motivo 
próprio para existir, a prestação de serviços ou a compra e venda mercantil. 
A duplicata é um título de crédito que sua emissão depende de uma causa anterior (título 
causal). 
 Este título é regrado por Lei própria (Lei 5474/1968 – Lei das Duplicatas). 
A duplicata é um título de crédito causal vinculado a operações de compra e venda de 
mercadorias (envolvendo um empresário como sacador) ou de prestação de serviços 
(envolvendo um prestador de serviços — empresário ou não — como sacador) com pagamento 
à vista ou a prazo, e representativo do crédito originado a partir de referidas operações. 
Fabio Ulhoa defende que a duplicata de prestação de serviços pode ser emitida tanto por 
pessoa jurídica quanto física. 
Nas operações envolvendo a emissão de duplicatas temos as seguintes partes: 
o sacador ou emitente que é o titular (empresário, sociedade empresária ou não) do crédito 
originado contra o adquirente de produtos ou contratante de serviços. 
o sacado que é a pessoa contra quem a ordem é emitida, seja um adquirente de produtos, seja 
um contratante de serviços, consumidor ou não. 
A duplicata difere dos demais títulos porque necessita de uma causa de natureza prévia para 
sua emissão, qual seja, a venda de mercadoria ou a prestação de serviços, não existindo uma 
destas causas, sua emissão é proibida. 
 
Os requisitos essenciais para a emissão da duplicata estão relacionados no artigo da Lei de 
Duplicatas (2º., § 1º.) São eles: 
a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem; 
o número da fatura; 
a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; 
o nome e domicílio do vendedor e do comprador; 
a importância a pagar, em algarismos e por extenso; 
a praça de pagamento; 
a cláusula à ordem; 
a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada 
pelo comprador, como aceite cambial; 
a assinatura do emitente. 
 
No que diz respeito a operacionalização, o prazo para remessa da duplicata será de 30 (trinta) 
dias da data de sua emissão. Se a remessa for feita por intermédio de representantes, 
instituições financeiras, procuradores ou correspondentes, estes deverão apresentar o título ao 
comprador dentro de 10 (dez) dias, contados da data de seu recebimento na praça de 
pagamento. 
No que se refere ao aceite quando o título não for à vista, deverá ser devolvido pelo comprador 
ao apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias, contados da data de sua apresentação, 
devidamente assinada ou acompanhada de declaração, por escrito, contendo as razões da 
falta do aceite. 
O Aceite poderá ser o ordinário (quando o comprador assina

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