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FUNDAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA KÁSSIA DUTRA BARBOSA LÚDICO E CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA UM ENSINO INOVADOR CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ 2018 LÚDICO E CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA UM ENSINO INOVADOR KÁSSIA DUTRA BARBOSA Monografia apresentada à banca examinadora da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – Campos dos Goytacazes, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia. Orientadora: Profª. Drª. Maria Eugênia Ferreira Totti Coorientadora: Profª. Mª. Luciana da Silva Almeida CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ 2018 LÚDICO E CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA UM ENSINO INOVADOR KÁSSIA DUTRA BARBOSA Monografia apresentada à banca examinadora da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – Campos dos Goytacazes, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia. Orientadora: Profª. Drª. Maria Eugênia Ferreira Totti Coorientadora: Profª. Mª. Luciana da Silva Almeida APROVADA EM: ____/____/______. Comissão examinadora: Profª. Drª. Maria Eugênia Ferreira Totti (Orientadora – D. Sc. Ecologia e Recursos Naturais - UENF) Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) Profª. Mª. Luciana da Silva Almeida (Coorientadora - Mª. em Cognição e Linguagem – UENF) Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) Profª. Drª. Eliana Crispim Franca Luquetti (D.Sc. Linguística - UFRJ) Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) Profª. Drª. Shirlena Campos de Souza Amaral (D.Sc. Sociologia e Direito – UFF) Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) Dedico este trabalho primeiramente a Deus por ser essencial em minha vida, autor de meu destino, meu guia, socorro presente na hora da angústia. A minha intercessora e mãezinha do céu Virgem Maria Santíssima. A minha mãe e grande amiga Maria Francisca, ao meu pai e amigo Ismar, ao meu amado esposo Victor, a minha amada filha Alice e ao meu querido irmão Bruno. AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a DEUS, quem é digno de todo louvor e honra. Que iluminou o meu caminho durante toda esta caminhada. E minha mãe e intercessora do céu Virgem Maria Santíssima. Agradeço meus familiares, em especial minha amada, guerreira e querida amiga de todas as horas, minha mãe Maria Francisca, meu amigo e pai Ismar, meu amigo e amado esposo Victor, minha amada filha Alice, meu querido irmão Bruno. Agradeço as minhas amigas que o CEDERJ me presenteou ajudando minha caminhada acadêmica a ficar menos pesada e mais cheia de vida, Marcelle, Aline Barbosa, Assunta e Aline Maria. Agradeço a toda escola (Jardim de Infância Municipalizado Virgílio Pereira de Freitas) em especial as funcionárias Elaine, Neide, Cláudia, Nádia e Sirlene que contribuíram no desenvolvimento do meu trabalho acadêmico. Agradeço minha orientadora Maria Eugênia e minha coorientadora Luciana Almeida que me deram todo suporte necessário para desenvolver meu trabalho acadêmico. A todos os amigos, colegas e professores do curso de Pedagogia em especial a tutora coordenadora do curso de Pedagogia do pólo CEDERJ de Itaperuna Aurora que tanto contribuiu para nos ajudar durante todo curso. A todos que contribuíram de alguma forma para a realização desse trabalho, muito obrigada!!! LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CF – Constituição Federativa de 1988 LDB (9394/96) – Lei de Diretrizes e Bases da Educação ECA – Estatuto da Criança e Adolescente DCNEI – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil RCNEI – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil CNE – Conselho Nacional de Educação PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais “Para Deus nada é impossível.” Lucas 1: 37 RESUMO O presente trabalho objetivou analisar as concepções da infância na história e, valorizar o ensino de Ciências na modalidade de Educação Infantil de forma lúdica e prazerosa. Foi criada uma sequência didática com caminhos metodológicos que instituíam uma proposta inovadora para o ensino de Ciências. Para a realização desse estudo, fizemos um levantamento bibliográfico para subsidiar teoricamente esse trabalho. Ao final, realizamos um trabalho de campo objetivando mostrar a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes. Desenvolvendo nos alunos o entendimento de quais são os elementos necessários para as plantas crescerem, despertando também nas crianças cuidados com a higiene pessoal. Valemo-nos de alguns autores como Oliveira (2002), Phillipe Ariès(1978), Neil Postman(1999), Kohan(2003), Kishimoto(2002), Cunha(2001) dentre outros. A partir dessa pesquisa, constatamos a importância de se trabalhar de forma lúdica o ensino de Ciências na educação infantil, considerando que é uma atividade coletiva e dinâmica que desenvolve a observação e o questionamento, desta forma, propiciando o desenvolvimento das habilidades de interação social, de senso crítico e consciência ambiental. Palavras-Chave: Lúdico, Ciências, Educação Infantil, Sequência Didática. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 9 1. O processo histórico de escolarização na infancia ............................................. 12 1.1. O processo de civilização da infância e a construção de espaços de aprendizagem. ....................... ................................................................................................................16 1.2. O papel do lúdico na educação infantil.....................................................................18 2. O ensino de Ciências na educação infantil..............................................................22 2.1. Concepções e finalidades do ensino de Ciências.......................................................23 2.2. Parâmetros para a valorização do ensino de Ciências através de vivências lúdicas 24 3. Sequência didática: Uma proposta inovadora para o ensino de Ciências na Educação Infantil..........................................................................................................27 3.1.Caminhos metodológicos ........................................................................................ 27 3.2.Sequência didática: como crescem as plantas ........................................................ 28 3.3.Relatos de avaliação da aprendizagem ................................................................... 34 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 52 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 54 ANEXOS ....................................................................................................................... 60 9 INTRODUÇÃOA presente pesquisa buscou explorar as concepções da infância durante todo processo histórico da escolarização da criança. Bem como, de que forma o lúdico e a proposta do uso de sequência didática no ensino de Ciências na modalidade de ensino da educação infantil, favorecem a aprendizagem da criança, contribuindo para a formação de valores e para o desenvolvimento pessoal, social, motor e cognitivo. De acordo com Lansky (2012) a criança quando entra em proximidade com as formas lúdicas de aprendizagens (brincadeiras diversificadas) cria oportunidades para desenvolver potencialidades oportunizando assim um upgrade nas habilidades físicas e mentais, intensificando sua imaginação, autoexpressão, conduzindo-as a construir relações e buscar respostas para conflitos sociais e pessoais. A ação lúdica executa uma função socializadora, integrando a criança ao contexto da sociedade em que está inserida. Neste cenário essa pesquisa procura esclarecer como a prática lúdica não deve ser entendida somente como uma recreação, mas sim um requisito necessário para estimular o desenvolvimento infantil. Possibilitando a criança o desenvolvimento de habilidades de investigar e pensar sobre a realidade em que estão introduzidas, bem como, a construção de pensamento crítico e uma visão ampliada, contribuindo no desenvolvimento de um cidadão com comportamento para as necessidades de uma sociedade que se encontra em constante transformação. Diante disso, esse estudo buscou responder a seguinte problemática: Questão Problema De que forma o lúdico auxilia na aprendizagem do ensino de Ciências na educação infantil? Hipótese Partimos da hipótese de que o lúdico (jogos e as brincadeiras) cria possibilidades de aproximar a criança do conhecimento científico, levando- a a vivenciar situações de solução de problemas que a aproximem daquelas que o homem enfrenta ou enfrentou. O ato de brincar leva a criança refletir, ordenar, desorganizar, reconstruir o mundo a sua maneira, aprendendo a decidir, ter opinião própria, descobre seu papel e seus limites. 10 Justificativa O trabalho sobre o lúdico na educação infantil tem uma enorme relevância, pois ganham espaço na busca do conhecimento físico, desenvolvendo as habilidades manuais, a criatividade, enriquecendo a experiência sensorial, favorece a autonomia e a sociabilidade. A criança terá elementos para estabelecer relações e desenvolver seu raciocínio lógico-matemático, o que é importante para o desenvolvimento da capacidade de calcular, de ler e de escrever. Na psicologia cognitiva, a criança constrói um conceito através de um processo lento e gradual. Portanto a necessidade de iniciá-la informalmente, desde cedo, por meio da ludicidade, em atividades manipuláveis e de exploração espontâneas e intuitivas. Quando a criança brinca livremente com objetos e materiais percebe-se suas diferenças e semelhanças, podendo assim, afirmar que a criança aprende muito enquanto joga e brinca. Um dos grandes benefícios que o estudo do projeto irá proporcionar é compreensão do lúdico no seu verdadeiro sentido. Objetivo Geral: Analisar a importância do lúdico no processo de desenvolvimento da criança na Educação Infantil, visando aplicar sequência didática para a construção do conhecimento de Ciências. Específicos: 1. Reconhecer as concepções da infância ao longo da história, na concepção de alguns autores. 2. Pesquisar o papel do lúdico no desenvolvimento da aprendizagem. 3. Investigar o uso da sequência didática no ensino de Ciências. Para tanto, o presente estudo encontra-se dividido em três seções. Na primeira seção construímos uma breve retrospectiva da história para buscar a compreensão de como foi se construindo as concepções de infância. A segunda seção trata das questões que envolvem o ensino de Ciências aplicado a modalidade de Educação Infantil, possibilitando a ampliação das experiências das crianças na construção de conhecimento diversificado sobre o meio social e natural. Traz um recorte acerca do ensino de ciências e sua relação com a ludicidade. E relata também sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e dos norteadores incluindo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, retratando sobre a 11 nova proposta em torno da criança e da infância, onde este tema abre um o leque de transmutações das rotinas educacionais. A terceira e última seção, apresenta uma sequência didática com duração de sete dias em uma escola Municipal da cidade de Laje do Muriaé, articulada e planejada para a na modalidade de educação infantil. A proposta apresenta caminhos metodológicos que levam a criança a aprender por meio da ludicidade e na prática como crescem as plantas e as relações de cuidados com o meio ambiente e a preservação da vida. Importante salientar, que a construção deste estudo se traduz em uma contribuição no que tange a discussão da ludicidade e o ensino de ciências para o campo acadêmico. 12 1. O PROCESSO HISTÓRICO DE ESCOLARIZAÇÃO NA INFÂNCIA Até meados do século XIX no Brasil, o cuidado e a educação da criança eram incumbências da família, em especial das mulheres. A criança era considerada um adulto em miniatura e logo que superava a fase de dependência de necessidades físicas passava a participar das atividades cotidianas dos adultos e era integrada a esse meio social como um adulto. Embora o contexto doméstico fosse o mais utilizado para a educação das crianças, alguns espaços alternativos surgiram com o advento das modificações do capitalismo, a urbanização em pleno crescimento e a necessidade de aumento da força de trabalho (Revolução Industrial), para amparar as crianças em situações desfavoráveis, como é o caso da “roda1”. A responsabilidade por esse acolhimento era realizada em geral por entidades religiosas e eram sempre permeadas pelas ideias de abandono e pobreza. Essas ideias geraram concepções negativas acerca das instituições de educação infantil, acentuando sempre um favorecimento da família como matriz educativa principal. De acordo com Oliveira (2002), por volta do século XIX passando para o XX, é que a criança e seus comportamentos são cada vez mais objeto de estudo de pesquisadores da Psicologia, Sociologia, Antropologia, Educação e áreas afins, com o intuito de compreender as mudanças que ocorreram na concepção de infância. Nessa perspectiva, Oliveira (2002), aponta que com o passar dos séculos a criança e suas atitudes são cada vez mais foco de estudo de pesquisadores, onde os mesmos buscam entender o processo do desenvolvimento infantil. Devido às diversas concepções da infância, ou seja, as mudanças ocorridas ao longo do tempo. É imprescindível realizar uma retrospectiva no tempo, na história para buscar a compreensão como foi se construindo as concepções de infância na história. E para a compreensão do contexto que cerca a saída das crianças do anonimato e o reconhecimento da infância como categoria, tomamos como fonte os estudos de PhillipeAriès (1978), NeilPostman (1999) e Kohan (2003). 1 Roda era o local que a igreja e as monarquias criaram com práticas de assistência às crianças que eram abandonadas por diversos fatores pelos pais. Dessa forma, no século XIII foi iniciado o recolhimento de crianças abandonadas e estas foram entregues às Casas de Misericórdia, onde ficavam também os doentes, mendigos e loucos. 13 Segundo Kohan (2003) na primeira concepção platônica, para a sociedade da época, a infância não tinha características próprias, centrava-se numa visão futurista, onde se via apenas possibilidades, ou seja, a criança era vista como um ser em potencial, entretanto, essa potencialidade não permite que elaseja em ato o que é. Em defesa de um devir, a criança não é nada no presente. Sua educação é vista como projeção política, por isso é preciso moldar e imprimir-lhe tudo o que é necessário a um bom cidadão. Segundo o autor Kohan (2003), a segunda concepção platônica consiste em entender a criança como um ser insignificante sendo, então, a infância uma fase da vida inferior à vida adulta. [...] entre todas as criaturas selvagens, a criança é a mais intratável; pelo próprio fato dessa fonte de razão que nela existe ainda ser indisciplinada, a criança é uma criatura traiçoeira, astuciosa e sumamente insolente, diante do que tem que ser atada, por assim dizer, por múltiplas rédeas. (PLATÃO, 2010, p. 302). Na citação de Platão nota-se a maneira que a criança era vista como ser indigno. Pode ser percebida tal afirmação, pois o mesmo utiliza de adjetivos como selvagem, intratável, indisciplinada, traiçoeira, astuciosa e insolente, que lhes são atribuídos. Nessa conjuntura a essência infantil deve ser trabalhada para que se volte para a potencialidade e para a harmonia. O entusiasmo pela infância nem sempre foi de muita relevância. Por longas datas as entidades familiares enxergavam a mortalidade infantil como algo simples e corriqueiro, considerando como uma fatalidade. Ariès (1981) afirma que o sentimento de infância não existia na Idade Média, a ela não se dispensava um tratamento específico correspondente à consciência infantil e as suas particularidades que a diferenciasse dos adultos. Tão logo a criança não necessitasse mais da mãe ou da ama, ela já era inserida na sociedade dos adultos e assim participava de jogos, de afazeres domésticos ou trabalhava como aprendizes. Suas roupas eram incômodas e similares à do adulto. Pode ser observada a falta de sentimento pela infância no século XII, perante da referencia de Ariés, o qual certifica que [...] à arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse a incompetência ou a falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo (ARIÉS, 1978, p. 50). 14 Nessa perspectiva, Ariès (1978) aponta que a família não compreendia as verdadeiras necessidades que envolviam as crianças, não as vendo como um ser com especificidades que era necessário um suporte característico a sua faixa etária. Devido a essas condições apresentadas, os menores, não passavam pela fase de brincar, estudar e se divertir como ocorre com crianças da sociedade atual, portanto não se vivenciava o período da infância e juventude. Este período foi marcado pela falta de uma educação formal de ensino, um ensino pela ciência como existem na atualidade. Ainda, em relação à ausência de um tratamento específico Postman (2011) enfatiza que nesse período não havia uma literatura infantil, nem mesmo livros de pediatria, a linguagem também era a mesma tanto para adulto quanto para a criança. Segundo o referido autor, “[...] no mundo medieval não havia nenhuma concepção de desenvolvimento infantil, nenhuma concepção de pré-requisitos de aprendizagem sequencial, nenhuma concepção de escolarização como preparação para o mundo adulto” (p. 29). No período do Renascimento Italiano no século XV, surge um novo modo referente à visão da infância, na qual a criança passa a ser vista como: “Um ser inacabado, vista como um corpo que precisa de outros corpos para sobreviver, desde a satisfação de suas necessidades mais elementares, como alimentar-se. Os primeiros anos de vida são para ela, o tempo das aprendizagens do meio que a cerca. Brinca com outras crianças da sua mesma idade e até maiores do que ela; arrisca-se em busca de saberes que lhe poderão ser úteis para viver em comunidade” (PASSETTI, s/a. p. 1-2). De acordo com a citação do autor Passetti, o período do Renascimento trouxe um novo olhar para a criança. Esta passou a ser vista como um ser incompleto que necessita de novas aprendizagens com o meio social. Que a partir das próprias brincadeiras realizadas por elas se tornaria de enorme valor para se viver dentro da sociedade de uma forma diferenciada positivamente. No período do século XV os responsáveis (pais, adultos), passam a ter uma nova visão sobre a criança, onde a mesma precisa ter momentos de lazer com outros indivíduos da mesma faixa etária deles. A partir de então, durante o período compreendido entre o século XVI e XVII acontece uma nova mudança referente às crianças. Philippe Ariés afirma que: 15 Essa especialização do traje das crianças, e, sobretudo dos meninos pequenos, numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinham uma importância muito grande, é uma prova da mudança ocorrida na atitude com relação às crianças. (ARIÉS, 1978, p. 157). Essa mudança na concepção de crianças e adultos viabiliza uma nova forma de se conceber o sentimento de infância, onde a figura da criança passa a ser enxergada como um ser gentil, carismático e afetuoso. Comprova esse novo modo de sentimento da infância, com a afirmação de Áries (1978, p. 158) quando diz “que a criança, por sua ingenuidade, gentileza e graça se tornava uma fonte de distração e de relaxamento para os adultos, um sentimento que poderíamos chamar de “paparicação”. O autor afirma que o ato denominado “paparicação” era devido a criança durante a Idade Média (XIV, XV) ser considerada como um adulto em miniatura. Isso possibilitava a mesma ser na maioria das vezes utilizadas como uma mera forma de diversão e distração dos adultos. Em meados do século XVII, cria-se um outro sentimento de infância, entre os moralistas e educadores da época, inspirando a educação até o século XX. As distrações, brincadeiras e diversões que as crianças traziam até então, foram deixadas de lado, assim: “O apego à infância e à sua particularidade não se exprimia mais através da distração e da brincadeira, mas através do interesse psicológico e da preocupação moral. A criança não era nem divertida nem agradável: “Todo homem sente dentro de si essa insipidez da infância que repugna à razão sadia; essa aspereza da juventude, que só se sacia com objetos sensíveis e não é mais do que o esboço grosseiro do homem racional” (ARIÉS, 1978, p. 162). Segundo o autor a partir de meados do século XVII, a visão que se tinha da criança como um ser apenas para a distração de adultos em formas de brincadeiras, passa a ser moldada de outra forma. O outro sentimento nasce em oposição ao primeiro no final do século XVII no contexto eclesiástico chamado de moralização. Para Ariès (1978) é na modernidade que se delineia os primeiros passos daquilo que hoje denominamos infância. De acordo com o autor, nos períodos históricos anteriores há poucos registros sobre crianças e os que existem são cheios de ambiguidades, dificultando uma visão precisa da concepção de infância vigente. Em sua 16 pesquisa, Ariès constatou que na sociedade feudal, anteriormente à industrialização e ao aparecimento da família nuclear e da escola, a criança era percebida como um “miniadulto”, não havendo consciência da particularidade infantil. Os autores Ariès(1978) e Neil Postman (1999) fazem estudos sobre o rumo que abrange a construção social da infância. A tese dos autores é de que a categoria infância está em processo de desaparecimento. Para Postman o acesso à informação é o grande responsável pelo esgarçamento da fronteira entre o mundo da criança e dos adultos e, consequentemente, do desaparecimento da infância. Segundo o referido autor o conceito infância ficou adormecido durante a Idade Média, pois a capacidade de ler e escrever desapareceu. Nesse período, todo o delinear da infância ficou ocultado, reaparecendo anos mais tarde, por influencia do advento da imprensa. Segundo Postman (1999), a ausência de domínio da leitura e escrita no período da IdadeMédia colocava as crianças em uma condição de inocência, condição essa fundamental para a existência da infância. O autor destaca ainda que: “onde a instrução foi sempre altamente valorizada, havia escolas, e, onde havia escolas, o conceito de infância desenvolveu-serapidamente.” (Postman, 1999, p. 53) O autor faz a referencia da importância de abrir portas para o conhecimento (leitura e escrita), pois através desse domínio as crianças tornam-se cheias de sabedoria e saem da condição de inocência. Nessa perspectiva é possível constatar que entre o período que compreende a Idade média até o século XX a concepção de criança e de infância sofreu transformações importantes, no entanto, com as mudanças e avanços histórico-culturais, a sociedade foi se redesenhando e, portanto, o modo de conceber a infância também evoluiu. 1.1. O processo de civilização da infância e a construção de espaços de aprendizagem Surgiu uma nova perspectiva de Educação Infantil da pós-modernidade, onde ocorreu uma efetivação e a materialização com a junção entre o cuidar e o educar sendo concretizado sob o suporte do lúdico. Onde o brincar e o lúdico se tornam elementos de importância máxima no desenvolvimento e na formação integral das crianças. Nessa nova roupagem educacional, modificou a forma que era antes utilizada em relação à educação da criança, cujo foco era na paparicação e na moralização, onde a criança era um sujeito ingênuo, inocente e gracioso, necessitando de práticas de 17 paparicação. Nova perspectiva de ensino da pós-modernidade, o trabalho pedagógico busca utilizar dos saberes elaborados e produzidos pela criança em favor da realidade vivenciada. Tendo como pano de fundo o foco dos processos de ensino e de aprendizagem para a formação de sujeitos vinculados ao exercício da cidadania. Na metade do século XIX no Brasil, pouco atendimento existia para crianças pequenas longe do seu lar familiar. A partir do século XX o advento da industrialização favoreceu uma grande modificação no seio familiar. Devido ao considerável número de mulheres inseridas no mercado de trabalho, resultando numa grande demanda de locais especializados para atender o público infantil durante o horário de expediente. Portanto a solução foi à criação de creches na segunda metade do século XIX com o intuito de e amparar as classes populares e possibilitar que a mão de obra pobre feminina fosse liberada. No primeiro momento as creches eram de cunho assistencialista, o higienismo dominava a expectativa de educação de crianças pequenas. De acordo com as circunstâncias desse momento histórico surgiram como consequências as pioneiras legislações sobre o trabalho da mulher e o atendimento de crianças pequenas. Resultando mudanças nas políticas destinadas à infância, que, consequentemente, possibilitou a criação de marcos legais. Dentre eles destacam-se a Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988 (CF/1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), reconhecendo como obrigação do Estado o atendimento de crianças de 0 a 6 anos em instituições educativas – creches e pré- escolas. As crianças passaram a ter seus direitos garantidos e reconhecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Estes documentos são considerados como marcos legal, pois procuram assegurar o direito ao atendimento às crianças em creches e pré-escolas, com a ideologia de atendimento com qualidade e criatividade alterando a concepção assistencialista e compensatória vigente até o momento. As instituições de educação infantil deixam de ser entendidas como instituição assistencialista e se inicia uma nova ideologia, seguindo a linha de pensamento onde o espaço da educação infantil era de um ambiente estimulador, possibilitando bem-estar e condições necessárias para o desenvolvimento infantil. De acordo com os estudos realizados percebe-se que a forma de entender a criança e a infância tem passado por inúmeras e grandiosas evoluções, isto pode ser percebido através da literatura da área produzida nas últimas décadas, bem como nos diversos documentos oficiais elaborados pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC. 18 Essas novas concepções oportunizaram um olhar mais humano para a infância, assegurando assim, a valorização e o respeito por seus direitos e necessidades. A transformação que ocorreu nos últimos 50 anos, possibilita uma nova concepção em relação à criança e a sua aprendizagem. Pois antes as crianças eram vistas como seres incompletos e incapazes. E na contemporaneidade as crianças são vistas como seres capazes de criar teorias, interpretações e perguntas. Sendo valorizadas as diferenças no modo como são selecionados os conhecimentos, a consideração pelas riquezas de experiências socioculturais, as diferenças subjetivas das crianças e suas histórias de vida. 1.2. O papel do lúdico na educação infantil Nesse contexto de surgimento de uma identidade infantil e da preocupação com as especificidades e necessidades da infância, surgem estudos como os de Cordazzo e Vieira (2007), Cunha(2001), Ortiz e Carvalho (2012), Kishimoto(2002), e Delorme (2013) que apontam que é por meio das brincadeiras e das atividades lúdicas que a criança aprende e se desenvolve, tanto no aspecto cognitivo quanto no aspecto físico e psicomotor. Entende-se dessa forma que o lúdico tem efeito positivo no desenvolvimento infantil e devem estar presentes na educação de crianças. Na atualidade reconhece que as brincadeiras têm fundamental importância na educação infantil. No decorrer deste tópico, muitos autores foram citados, onde os mesmos reafirmam princípios e exploram os tipos de brincadeiras existentes no mundo infantil e as muitas conquistas alcançadas por meio do lúdico (LANSKY, 2012; BROUGÈRE, 1998; VYGOTSKY, 1984; WALLON, 1986; LORENZINI, 2002; BOMTEMPO, 1986; BORBA, 2007). O papel do brincar na educação infantil torna possível o desenvolvimento da criança tanto individualmente quanto torna favorável a internalização das normas do meio em que vive. O ato do brincar torna o processo de aprendizagem facilitador do desenvolvimento, pois constrói conhecimento, favorecendo o caráter lúdico. De acordo com Lansky (2012), Brincar é a forma de expressão da criança. Constitui sua primeira forma de aprendizagem, em que intervêm processos de criativi- dade, capacidade de racionalização e domínio da linguagem. Brincar constitui um fim em si mesmo. Se, por um lado, a brincadeira é considerada uma atividade cultural e antropológica, biologicamente herdada, caracterizada como espontânea prazerosa e livre, 19 na qual a aprendizagem acontece, por outro lado, o que se vê na nossa sociedade orientada para a produção é o “racionamento” e o “modelamento” do brincar, desnaturalizando o próprio caráter lúdico e gratuito da brincadeira. Segundo o autor é por meio da brincadeira que a criança desenvolve seu modo de se expressar. Saboreia e aprende por processos da criatividade, desenvolvendo o raciocínio e o domínio da linguagem. A brincadeira de acordo com o autor é uma atividade cultural, antropológica e é ao mesmo tempo algo espontâneo, prazeroso que possibilita que a aprendizagem ocorra. O lúdico e as inúmeras linguagens são explicadas e norteadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, que apresenta entre os fundamentos norteadores a ludicidade e a criatividade. As atividades lúdicas são de uma relevância muito importante na infância, sendo um dos caminhos para a criança entrar em contato com a realidade, além do mais, de apreender o mundo, os objetos e os fenômenos. O jogo infantil é uma atividade física e mental que favorece tanto o desenvolvimento pessoal como a sociabilidade. Abrangendo situações de conflitos, submissão a regras, harmonia, ordem, tensão, entre outras. Ao lançar mão do uso dosbrinquedos em meio das brincadeiras de faz-de-conta, conduz a criança a ter o controle absoluto da situação. Criando um amplo repertorio que é utilizado pela mesma para representar o mundo à sua maneira. Desenvolvendo apenas pontos positivos como o bem-estar, desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social da criança, unindo seus benefícios de saúde, lazer, cultura, educação, socialização e cidadania aos do tempo espontâneo, do riso e do risco. Especialmente o uso do lúdico estimula a iniciativa, a curiosidade e a imaginação da criança, sem determinar ou limitar suas formas de apropriação, permitindo criações e transformações no seu uso. O ato de brincar é uma atividade típica infantil, que obtém status no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei nº 8.069/90). O termo de infância presente no ECA tem delimitado idade, reconhecido a condição especial de desenvolvimento da criança e assegurado direitos, dentre eles, o brincar; dessa forma, é um elemento fundamental na estruturação de infâncias. Segundo o sentido que Brougère (1998) relata em uma cultura lúdica, entendida como um conjunto de procedimentos (regras e significações) que permitem tornar o jogo possível, construída nas interações sociais (permissões ou restrições). De acordo com o referido autor, “dispor de uma cultura lúdica é dispor de um certo número de referências 20 que permitem interpretar como jogo atividades que poderiam não ser vista como tais por outras pessoas”(Brougère,1998, p.24).” O autor Brougère, confirma que ao lançar mão de conhecimentos lúdicos se torna possível interpretar atividades que envolvem o jogo e possibilitando a construção de interações sociais. O ato do brincar é enxergado como uma atividade fundamental no desenvolvimento infantil. Segundo Vygotsky (1984): O brinquedo fornece ampla estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência. A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e motivações volitivas – tudo aparece no brinquedo, que se constitui, assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar. A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo. Somente neste sentido o brinquedo pode ser considerado uma atividade condutora que determina o desenvolvimento da criança. (p.117) O autor afirma que através da brincadeira é possível a ampliação de mudanças da consciência conduzindo de forma determinante o desenvolvimento da criança. A relevância do lúdico se manifesta na possibilidade de realização de desejos que não são possíveis no mundo real. A criança cria um mundo imaginário e ilusório através das brincadeiras, possibilitando regras de conduta vivenciadas na realidade. Wallon (1986) diz que a criança: (...) brinca servindo-se de qualquer objeto: faz de um pedaço de pau entre as pernas um cavalo e, com um chapéu de papel sobre a cabeça, brinca de soldado. Faz de conta que é locomotiva, por meio de gestos mecânicos com os braços e as pernas e de respirações sonoras e ritmadas. (p. 93) Segundo o autor a criança efetua a ação de brincar através de qualquer objeto, não sendo necessário algo grandioso para que a brincadeira ocorra. Assim a mesma amplia o seu repertório servindo para representar o mundo à sua maneira. Trabalhar atividades de caráter lúdico segundo Vygotsky (2001), possibilita que a criança aprenda a colocar em prática sua curiosidade, adquira iniciativa, autoconfiança, desenvolva a linguagem, pensamento e a concentração. Nessa linha a brincadeira é evidenciada por Lorenzini (2002) como um elemento da atividade lúdica que proporciona à criança experiências de ordem sensorial, motora, perceptual, cognitiva e cultural, necessárias ao desenvolvimento. 21 Para Bomtempo (1986), a atividade lúdica envolve um elemento emocional de prazer, sem nenhum compromisso com a realidade, sendo aquela uma atividade agradável. De acordo com a Psicologia da Educação, é através do meio do lúdico, que a criança pode traçar anseios e imaginação, aprendendo a lidar com o ganhar, com a angústia, ansiedade diante dos conflitos, além de proporcionar prazer, motivação e experimentação. Nessa mesma perspectiva, Borba (2007), destaca que o ato de brincar e do jogar possibilita a criação de espaços onde as crianças detêm conhecimentos e das habilidades no âmbito da linguagem, da cognição, dos valores e da sociabilidade. Esses conhecimentos tornam as crianças sujeitos de sua experiência social, organizando com total independência suas ações e interações, elaborando planos e formas de ações conjuntas, criando regras de convivência social e de participação nas brincadeiras. Nesse processo, elas instituem coletivamente uma ordem social que rege as relações entre pares e se afirmam como autoras de suas práticas sociais e culturais. 22 2. O ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL O ensino de Ciências é uma disciplina que deve ser implementada dentro da modalidade da Educação Infantil, trabalhando a crescente conscientização sobre a problemática ambiental, do qual é vitimado todo o planeta, sem distinção entre países ricos ou pobres. A Educação Ambiental é uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente. (LOUREIRO, 2002, p.69) A partir da afirmação, o autor confirma a finalidade de ensinar sobre a Educação Ambiental. Percebe-se, portanto a importância de se ensinar para as futuras gerações a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que prezem o ambiente em que se vive. Guitiérrez (2002) diz que: “Educar-se é impregnar de sentido as práticas da vida cotidiana.” Ou seja, para que ocorra a cidadania ambiental é necessário antes de tudo compreender as obrigações éticas que nos vinculam tanto à sociedade como aos recursos naturais do planeta em conformidade com nosso papel social e na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Ensinar desde a Educação Infantil as crianças se tornarem cidadãos críticos e conscientes é impulsionar para a criação de novos espaços sociais que propiciam o nascimento de uma nova civilidade, com seres humanos que se organizam e participam de mudança coletiva. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1998), conhecer a Ciência é acrescer capacidades de participação social e desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo, conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva. Nessa perspectiva, o Ensino de Ciências pode contribuir para a percepção da integridade pessoal e para a formação da auto-estima, da postura de respeito ao próprio corpo e a dos outros, para o entendimento da saúde como um valor pessoal e social e para a compreensão da sexualidade humana sem preconceitos. 23 É de extrema importância o ensino de Ciências seja inserido desde a Educação Infantil. Pois é nesta fase da vida que o ser humano mostra interesse em explorar e fazer descobertas dos fatos do dia-a-dia, e as crianças podem alcançar objetivos muito além do que observar e a descrever fatos. Pode ser despertado nelas o espírito criativo, interesse, que conseqüentemente irá melhorar na sua aprendizagem de todas as demais disciplinas. Portanto a criança ter contato desde cedo com as Ciências, terá muito mais chances de se desenvolver neste campo e em outros. O ensino de Ciências na Educação Infantil está no início de sua história e não caminha a passos largos. O que se observa é a preocupação e a intenção de algumas professorasde desenvolverem esse Ensino seriamente, tendo por objetivo não apenas a apropriação de conhecimentos construídos ao longo da história do homem, mas também garantir a relação “feliz” entre a criança e a Ciência. A prioridade dada à alfabetização e à aritmética leva os professores a deixar em segundo plano os conteúdos de Ciências Naturais que são muito necessários. (SILVA, 2009 ; TOSCANO & SAITO, 2009) Segundo os autores o ensino de Ciências para a maioria dos educadores não é tratado com seriedade. O trabalho com os conhecimentos derivados das Ciências Humanas e Naturais deve ser voltado para a ampliação das experiências das crianças e para a construção de conhecimentos diversificados sobre o meio social e natural. Não devem ser deixados para segundo plano os conteúdos de Ciências por parte dos educadores, pois através do conhecimento da diversidade criam-se diferentes formas de explicar e representar o mundo, ao contato com as explicações científicas e à possibilidade de conhecer e construir novas formas de pensar sobre os eventos que as cercam. 2.1 Concepções e finalidades do ensino de Ciências Para Vygotsky (1984), o desenvolvimento de conceitos científicos desde cedo favorece a ampliação das possibilidades do uso destes conceitos e de uma forma de pensar relacional ao longo dos anos escolares. De acordo com o autor trabalhar conceitos que envolva ciências contribui fortemente para alargar variadas possibilidades como o modo de pensar dos alunos. Promover a educação em ciência é também oportunizar as crianças o contato com as temáticas ligadas ao ambiente do seu entrono, envolvendo os atores no processo 24 de construção do conhecimento para o desenvolvimento de suas capacidades e formação de atitudes críticas. (RIBEIRO, 2008; VYGOTSKY, 1984). O autor relata sobre a importância de criar oportunidade das crianças se envolverem com o tema ambiental, tornando-os construtores do conhecimento e formadores de atitudes críticas. O professor que ensina Ciências deve se apropriar do conteúdo a ser ensinado, mesmo que sua formação inicial não tenha lhe oferecido esse suporte ou principalmente por isto. Há certas atitudes do professor que estimulam como o interesse sincero sobre o que está sendo estudado e o interesse verdadeiro pelos relatos e experiências das crianças (SILVA, 2009). O autor afirma sobre a importância do professor ensinar Ciências mesmo não tendo uma formação específica, pois é através do ensino desta disciplina que o aluno cria suporte necessário para vivenciar e relatar experiências. 2.2 Parâmetros para a valorização do ensino de Ciências mediante as vivências lúdicas Neste subitem será apresentado sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) e dos norteadores legais para o trabalho com esta faixa etária, incluindo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI). As Diretrizes Curriculares Nacionais são de caráter obrigatório. Homologada no ano de 1999, pelo intermédio do Conselho Nacional de Educação (CNE), fornecendo orientações às instituições que se dedicam ao atendimento de crianças de zero até seis anos. As Diretrizes determinam, entre outros: orientações quanto ao currículo e aos projetos pedagógicos, os princípios éticos, políticos e estéticos que devem fundamentar as propostas pedagógicas; a adoção da metodologia do planejamento participativo; autonomia das escolas na definição da abordagem curricular. Apontam para uma nova visão da infância, integrando o cuidar e o educar na organização das praticas cotidianas. Os três princípios norteadores contidos na DCNEI que são: Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum; Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática e o Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais. São propostas pedagógicas de fundamental importância para a Educação Infantil. 25 O RCNEI foi fruto de um grande debate nacional, juntamente com os docentes e diversos especialistas que contribuíram com conhecimentos provenientes tanto da experiência prática como da reflexão acadêmica, cientifica ou administrativa. O Referencial foi inicialmente composto por três volumes que pretendem ajudar o planejamento, o desenvolvimento e a avaliação de práticas educativas. Posteriormente foi acrescentado um outro volume abrangendo o trabalho com as crianças portadoras de necessidades especiais. O RCNEI é um conjunto de referências e orientações pedagógicas para a Educação Infantil, respeitando a diversidade da sociedade brasileira. É uma proposta aberta, flexível e não obrigatória. O Referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa, também, contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação, pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural. (RCNEI, 1998, p.7) O RCNEI indica metas para a auxiliar as crianças desenvolverem suas identidades para se tornarem cidadãos cujos o direito da infância é reconhecido. Ampliando os conhecimentos da realidade social e cultural. Está estruturado por idades: zero a três anos e quatro a seis anos, separados em objetivos e conteúdos. Os objetivos abrangem as intenções educativas e estabelecem capacidades que as crianças podem desenvolver como conseqüência de ações do professor, auxiliando na seleção de conteúdos e meios didáticos. Os conteúdos aconselham que as diferentes aprendizagens aconteçam por intermédio de sucessivas reorganizações do conhecimento, destacado o fato de que devem estar ligados ao grau de significado que têm para as crianças e para o professor, ressaltando a integração dos conteúdos. Com relação às orientações didáticas, são explicitadas algumas considerações importantes: organização do tempo, organização do espaço e seleção dos materiais, registro e avaliação formativa. O primeiro volume do RCNEI é a “Introdução” e aborda questões como as concepções da criança, do educar, cuidar, brincar e aprender. Discute também a promoção dos aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais da criança de zero a seis anos. 26 O segundo volume trata da “Formação pessoal e social”, especificamente do desenvolvimento da identidade e da autonomia, e dá orientações sobre a organização do tempo e do ambiente. O terceiro volume discute os aspectos relativos ao conhecimento do mundo de acordo com as faixas etárias: movimento, música, artes, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade, e matemática. O RCNEI ainda apresenta um volume sobre as estratégias e orientações para a educação de crianças com necessidades educacionais especiais, trazendo uma caracterização dos educandos, algumas orientações gerais para creches e pré-escolas e a interface da educação com as áreas de saúde e assistência social. Determinados conteúdos pertinentes às áreas das Ciências Humanas e Naturais sempre estiveram presentes na composição dos currículos e programas de educação infantil. Na maioria das instituições, esses conteúdos estão relacionados à preparação das crianças para os anos posteriores da sua escolaridade, como no caso do trabalho voltado para o desenvolvimento motor e de hábitos e atitudes, no qual é fundamental a aquisição de procedimentos como copiar, repetir e colorir produções prévias (desenhos, exercícios etc.). (RCNEI, 1998, 165) Conforme o RCNEI os conteúdos da área de Ciências sempre estiveram presentes na educação infantil. Sendo trabalhados conteúdospara o desenvolvimento motor, hábitos e atitudes das crianças. O RCNEI tem a preocupação de criar metas que faça a diferença na vida das crianças, onde sejam desenvolvidas as identidades formando verdadeiros cidadãos para atuarem dentro da sociedade. Segundo o RCNEI as diversas discussões sobre a infância possibilitou que a mesma adquirisse um posto de sujeito histórico e social. Pois devido ao fato da criança estar imersa em práticas culturais e sociais, ela carrega consigo marcas e traços individuais. E estes derivam suas singularidades. Tanto o RCNEI e as DCNEI versam sobre a nova perspectiva em torno da criança e da infância, onde esse tema esta abrindo um amplo leque de transmutações nas rotinas educacionais. Uma delas é sobre o cuidar e o educar. 27 3. SEQUÊNCIA DIDÁTICA: UMA PROPOSTA INOVADORA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Por longo período de tempo, de acordo com a pesquisa realizada no desenvolvimento deste trabalho acadêmico, pode ser percebido que os processos de ensino e de aprendizagem durante a infância se deram de forma descontextualizadas e desvinculadas das esferas cotidianas. Este fato resulta a ausência do uso da reflexão sobre a problemática emergente no contexto social, onde os alunos não assumem práticas de cidadania. O ensino de Ciências na educação infantil deve buscar um caminho entre o lúdico, as atividades práticas e a vivência dos alunos. Neste contexto, a sequência didática possibilita um melhor planejamento das atividades a serem desenvolvidas. Assim, neste trabalho desenvolveu-se uma sequência didática para a educação infantil (turma de alunos de faixa etária de três anos) na disciplina de Ciências, com o tema sobre o crescimento das plantas. 3.1. Caminhos metodológicos A opção metodológica deste estudo na primeira parte foi uma pesquisa bibliográfica (compreendida entre os anos de 2017 e 2018), na plataforma Scielo, com as palavras chaves: lúdico, educação infantil e jogos. Na segunda parte foi uma pesquisa bibliográfica, envolvendo o ensino de Ciências na educação infantil. Com esta, recorremos à uma revisão de literatura, utilizando diversas opiniões de autores que argumentam sobre o ensino de Ciências na educação infantil e também um trabalho de campo, no qual se aplicou a sequência didática. A partir desta pesquisa, foi elaborada uma sequência didática, com foco na disciplina de Ciências, cujo tema foi o crescimento das plantas. Buscou desenvolver nos alunos o entendimento de quais elementos (luz, água e ar), são necessários para as plantas se desenvolverem. Despertando nas crianças cuidados com a higiene pessoal, fazendo um “gancho” com crescimento das plantas. Mostrando para as crianças que para crescer bonito e saudável é necessário cuidar do corpo do mesmo modo como se cuida da planta, explorando assim conteúdos voltados para os cuidados pessoais (higiene pessoal). 28 Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004,p.82) definem sequência didática como um “conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito.” Para os referidos autores as sequências didáticas têm o objetivo de aperfeiçoar práticas de escrita e de produção oral, através de aquisição de determinados procedimentos e práticas. E também esse recurso possibilita o trabalho pedagógico de maneira organizada, uma série de conteúdos, seguindo etapas, para que a criança adquira uma visão mais integrada dos conceitos básicos sobre o crescimento das plantas. O referente trabalho acadêmico desenvolve uma sequência didática se apropriando da terminologia e parcialmente da concepção apresentada por Dolz, Noverraz e Schneuwly. Pois a sequência didática é sistematizada, porém não se trabalha gêneros textuais, mas Ciências. Em pensamento similar, Zabala (1998,p.18) explica que as sequências didáticas são “um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais(...)”. Portanto de acordo com o autor o ato de planejar uma sequência didática tem como meta abordar um determinado conteúdo curricular por intermédio de etapas e passos. Na formulação da referida sequência didática, foi elaborada atividades com duração de sete dias, com o foco na temática em questão, mas em uma perspectiva de ludicidade, envolvendo o brincar. Cujo o objetivo não é apenas contextualizar as informações, mas sim transmitir os conteúdos propostos de forma atrativa e prazerosa. 3.2 Sequência didática: como crescem as plantas A sequência didática tem duração de sete dias, sendo desenvolvida nos dias 14/05 à 22/05. Realizada em uma escola Municipal da cidade de Laje do Muriaé/RJ, no primeiro período, cuja a faixa etária das crianças é de três anos de idade. O tema desenvolvido na sequência didática na disciplina de ciências foi: como as plantas crescem. Justificativa: Durante a educação infantil se deve plantar a “sementinha da consciência ambiental”, para que se desenvolvam seres humanos verdadeiramente conscientes e preocupados com o ambiente e com os desafios problemáticos que estão envolvidos, para que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para 29 trabalhar individual e coletivamente na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção de novos. A sequência didática busca trabalhar assuntos referentes à disciplina de Ciências, levando a criança a entender a importância da natureza, estabelecendo relações entre o meio ambiente e suas formas de vida. Portanto desde pequenas, as crianças devem fazer parte do ambiente, como um organismo vivo, sabendo como tudo ocorre e a importância de cada ser vivo. Garantir a preservação do meio ambiente como condição necessária para a sobrevivência humana. Objetivo geral: Compreender o desenvolvimento das plantas (germinação) e o uso das plantas na vida dos seres vivos de forma lúdica e concreta, despertando o espírito científico através da observação da natureza. Objetivos específicos: Diagnosticar o conhecimento prévio das crianças sobre as plantas por meio da linguagem oral (roda de conversa). Reconhecer as partes das plantas e suas funções. Despertar o interesse pela preservação do meio ambiente, assim como as formas de vida e sua sobrevivência; Observar o desenvolvimento de um ser vivo; Despertar o espírito científico através da observação da natureza. Mostrar para as crianças a importância de se ter cuidados (higiene pessoal) para crescer bonito e forte como as plantas. Apontar os elementos que as plantas necessitam para crescer (ar, luz e água). Identificar diferentes tipos de sementes. Reconhecer quantidades (1 a 5), por meio de árvores confeccionadas com rolo de papel higiênico. Desenvolvimento do tema: 30 Primeiro dia 14/05/2018 1º momento: Iniciar a aula com uma “rodinha da conversa”, onde a professora irá explorar dos saberes prévios das crianças sobre planta, semente, natureza. Depois dessa conversa as crianças irão ouvir a música “A árvore” de Patati Patatá. Letra da música: “Pegue uma sementinha E faça um buraquinho no jardim Pegue um regador com água E molhe a sementinha assim, chuá, chuá Todo dia, de manhã Vá lá no jardim para ver Uma plantinha bonita e verdinha Vai começar a nascer Rega, rega Prá sua plantinha, uma árvore ser Rega, rega E o nosso planeta proteger Árvore também tem vida E ajuda a gente a viver Ela dá flôres e frutas gostosas É só colher e comer, nhám, nhám Regue sempre sua árvore Prá ela ser forte e cada vez maior Árvore acaba com a poluição E a gente respira melhor.” 2º momento – Depois da música as crianças serão levadas ao pátio da escola, para colocarem “a mão na massa”, ir semear. Serão usados vasinhos de plástico e sementes31 de alpistes. E cada criança irá plantar o seu próprio vasinho. E a professora irá fazer mais dois vasinhos para a observação. Um será semeado a semente e o vaso ficará em um ambiente totalmente sem luz (dentro de uma caixa) e o outro será semeado a semente e o vaso ficará dentro de uma caixa com apenas com um orifício por onde entrará a luz. 2º dia – 15/05/2018 1º momento – As crianças serão levadas ao pátio para observarem as plantinhas e as aguarem. 2º momento – As crianças serão colocadas na “roda de conversa”, onde serão abordados pela professora todos os conteúdos abordados nas aulas anteriores. Conversando sobre as atitudes que podem ser tomadas a fim de preservar as árvores. E será confeccionado um cartaz sensorial coletivo, feito de sementes. Onde os alunos irão identificar formatos, cores e espessura de diferentes tipos de sementes. 3º dia – 16/05/2018 1º momento – As crianças serão levadas ao pátio para aguar e observar seus potinhos de planta. 2º momento – A turma com o auxilio da professora irá confeccionar uma árvore feita com as próprias mãos das crianças com tinta. E será explicado as partes das plantas (flor, caule, raiz, flores e frutos). E serão explicados os elementos (água, luz e ar), que as plantas necessitam para sobreviver. Mostrando para as crianças que a planta é um ser vivo que necessita de cuidados iguais a todos os seres humanos. Que é necessário termos cuidados com nossa higiene pessoal para crescermos bonitos e fortes. 4º dia – 17/05/2018 1º momento- 1º momento – As crianças serão levadas ao pátio para aguar as plantinhas. Cada criança irá aguar o seu vasinho. 2º momento – As crianças dentro de sala irão decorar pintando a cor marrom o tronco e colocando papel picado na cor verde nas folhas e em um desenho de uma árvore em folha de Xerox. 32 5º dia – 18/05/2018 1º momento – As crianças serão levadas ao pátio para aguar as plantinhas. Cada criança irá aguar o seu vasinho. 2º momento – Será trabalhado com as crianças quantidade e número (um a até cinco) através de árvore feitas de rolo de papel higiênico. Onde as crianças irão identificar o numeral no rolo de papel higiênico e relacionar com a copa da árvore correspondente a quantidade. A professora nesta aula revisará através das mini árvores confeccionadas, as partes das plantas (folha, fruto, caule) 6º dia – 21/05/2018 1º momento – A professora irá dramatizar com as crianças o poema “A Sementinha”. Poema: A Sementinha. Era uma vez Uma sementinha, Tão pequenininha... Tão simplesinha... Que com carinho Foi bem plantada E com amor Era bem cuidada. E de repente. O que aconteceu? Uma plantinha De lá nasceu. Uma bela árvore Vai se tornar. Junto conosco, Há de crescer. E bons amigos Nós vamos ser! 33 2º momento – As crianças serão levadas ao pátio para analisarem as plantinhas. Se as plantinhas germinaram. Como ficou a plantinha totalmente sem luz (dentro da caixa) e como ficou a plantinha com apenas um orifício. No final cada criança levará para casa seu vasinho de planta para casa. 7º dia – 22/05/2108 1º momento – As crianças serão levadas ao pátio para aguar as plantinhas. Cada criança irá aguar o seu vasinho. 2º momento – As crianças com o auxílio da professora irá confeccionar o potinho de planta, inserindo olhinhos, boca e adereços. Recursos didáticos: Sementes Cartaz Cola Eva Pote de plástico Poema Terra Adubo Água Caixa Tinta Música Som Rolo de papel higiênico Papel Color set Avaliação: O processo avaliativo ocorrerá através da abservação do conhecimento desenvolvido, verificando o interesse e o entrosamento com o tema proposto através das 34 conversas, assim como será observada a participação dos alunos e suas posturas diante da temática estudada. 3.3. Relatos de avaliação da aprendizagem A sequência didática foi realizada em uma escola Municipal da cidade de Laje do Muriaé/RJ. Ela atende crianças de três anos a cinco anos, oferecendo as seguintes etapas da Educação Infantil: 1º período, 2º período e 3º período (horário parcial), nos turnos da manhã e da tarde. A referida sequência didática teve por objetivo trabalhar a temática ambiental com a finalidade levar as crianças compreenderem o desenvolvimento das plantas (germinação) e o uso das plantas na vida dos seres vivos de forma lúdica e concreta. Para efetivação dessa faceta, elaboramos uma sequência de atividades didáticas ancoradas na contextualização, no brincar e na ludicidade. As atividades aqui apresentadas foram desenvolvidas em sete manhãs, envolvendo a turma do 1º período do turno da manhã. No primeiro dia (14/05/2018), realizamos inicialmente uma roda de conversa com o fim de explorar os saberes prévios das crianças sobre o conceito de natureza, plantas, regar, semear. Para tal, foi levada para sala de aula uma caixa de som onde as crianças ouviram com muita atenção a música “Árvore” de Patati Patatá. Neste momento os alunos se envolveram com o tema, captando a mensagem da música, e a professora explorou o significado de regar e semear com diversas indagações às crianças. A partir das respostas das crianças, a educadora trazia novas informações. As crianças dançaram com a música fazendo gestos com as mãos. 35 Figura 1 - Crianças ouvindo a música de Patati e Patatá (A árvore) Fonte 1 - Acervo da pesquisadora Em seguida as crianças com o auxilio da professora formaram uma fila para irem ao pátio para a observação e a plantação, onde o objetivo é que as crianças aprendam a pensar e a agir considerando diferentes perspectivas. Figura 2 - Crianças na fila para ir ao pátio da escola. Fonte 2- Acervo da pesquisadora 36 Chegando ao pátio, a professora colocou os alunos em uma roda em volta de uma árvore (pé de acerola), e foi mostrando para os alunos as partes da planta, (caule, raiz, folhas, flores e frutos). Abordando diversos novos conceitos de Ciências para o repertorio das crianças. Ampliando assim o vocabulário com a ampliação da riqueza conceitual, que se caracteriza por uma ampliação do entendimento do mundo e de si mesmo. Figura 3 - Professora apresentando uma árvore e suas partes. Fonte 3 - Acervo da pesquisadora Em seguida a professora apresentou para as crianças uma pequena planta mostrando para eles a raiz e sua função para a planta. Levando os alunos a conhecerem de forma concreta a parte da planta que faz sua sustentação e a função de retirar os nutrientes da terra para sua sobrevivência. Figura 4 - Professora mostrando uma raiz de uma plantinha. Fonte 4 - Acervo da pesquisadora 37 Após todo o diálogo e as explicações todos os alunos com o auxilio da professora, plantaram sua plantinha no pote com semente de alpiste. As crianças quando realiza a ação de plantar as sementes elas ao mesmo tempo brincam. De acordo com Kishimoto (2002) a inclusão do lúdico nas propostas pedagógicas é de importância fundamental nesta modalidade de ensino, pois através das brincadeiras se faz a aquisição de símbolos. Ou seja, as crianças ao realizarem esta atividade criam assim novos significados que se desenvolve a função simbólica, o elemento que garante a racionalidade ao ser humano. Figura 5 - Criança com o auxílio da professora colocando terra em seu pote. Fonte 5 - Acervo da pesquisadora Figura 6 - A criança semeando alpiste no pote. Fonte 6 - Acervo da pesquisadora 38 Quando todos terminaram de plantar suas plantinhas elas ficaram expostas no pátio e todos também aguaram as mesmas. Neste momento as crianças participam do processo inicial do crescimento da planta, fornecendo um dos alimentos que ela necessita que é a água. De acordo com as leis e diretrizes é necessárioencarar as crianças não como objetos de ação, mas como sujeitos, com direito à participação, possibilitando a concretização de uma infância cidadã. Figura 7 - Potes de plantas que foram plantados pelas crianças. Figura 7 - Acervo da pesquisadora E em seguida a professora pegou e plantou mais dois potes de sementes e colocou um pote dentro de uma local totalmente sem luz. E o outro colocou em um pote com apenas um orifício. Figura 8 - Pote de planta sem luz. Figura 8 - Acervo da pesquisadora 39 Esse momento que retrata na figura 8 e 9, teve o objetivo de levar os alunos a identificarem que a planta que não receber a luz solar não irá crescer, pois faltará um dos seus alimentos(luz solar). E a Planta que tem apenas um pequeno foco de luz (orifício) só irá crescer na direção da luz, pois o sol é o alimento da planta. De acordo com as DCNEI (1999) as Propostas Pedagógicas das Instituições de Educação Infantil, devem buscar a partir de atividades intencionais,como esta desenvolvida através da sequência didática, criando momentos de ações, ora estruturadas, ora espontâneas e livres, a interação entre as diversas áreas de conhecimento e aspectos da vida cidadã, contribuindo assim com o provimento de conteúdos básicos para a constituição de conhecimentos e valores. Figura 9 - Pote de planta com apenas um pequeno foco de luz. Fonte 9 - Acervo da pesquisadora Ao longo do desenvolvimento das atividades, as crianças demonstraram bastante interesse. No decorrer das atividades, elas estavam bastante participativas. As atividades aguçaram o interesse das crianças, fazendo com que elas participassem ativamente e levaram elas a curiosidade do crescimento das plantas. Varias indagações por parte das crianças surgiram. Dentre elas; “Tia será que a plantinha já cresceu?”, “Será que minha plantinha vai morrer?”. 40 No segundo dia 15/05/2018, a curiosidade tomou conta das crianças para saber se as plantas tinham crescido. A professora no primeiro momento levou todos em fila para a observação das plantinhas no pátio. Figura 10 - Fila para observação das plantas no pátio. Fonte 10 - Acervo da pesquisadora Chegando ao pátio eles logo foram ao encontro das plantinhas para observação, e verificaram que a plantinha ainda não tinha brotado. E Começou diversos questionamentos. “Porque minha plantinha não cresceu tia?”, “Será que o sol não apareceu tia, e por isso ela não cresceu?”, “Tia a plantinha não cresceu porque demora né! Até o bebê na barriga da mamãe demora para crescer.” “Nesse processo, as crianças vão gradativamente percebendo relações, desenvolvendo capacidades ligadas à identificação de atributos dos objetos e seres, à percepção de processos de transformação, como nas experiências com plantas, animais ou materiais. Valendo-se das diferentes linguagens (oral, desenho, canto etc.), nomeiam e representam o mundo, comunicando ao outro seus sentimentos, desejos e conhecimentos sobre o meio que observam e vivem.” (RCNEI, 1989, p.171) De acordo com RCNEI(1998), esse momento retratado nas figuras 11 e 12 foram de observação da sequência didática, as crianças por meio da experiência com plantas, conseguem analisar que o processo de germinação ainda não tinha acontecido. Ou seja, 41 as crianças gradativamente vão percebendo as relações, desenvolvendo suas capacidades sobre o meio que observam e vivem. Figura 11 - Alunos observando as plantas. Fonte 11 - Acervo da Pesquisadora Depois de observarem todos os alunos aguaram suas plantas. Figura 12 - Aluna aguando sua plantinha. Fonte 12 - Acervo da pesquisadora No segundo momento, os alunos foram encaminhados para a sala de aula, e fizeram com o auxilio da professora um cartaz sensorial de sementes. Esse momento foi muito rico cheio de aprendizagens que envolvia brincadeiras. As crianças puderam observar outros tipos de sementes como: arroz, abacate, feijão, Abil, graviola, milho, mamão, azeitona e acerola. Este momento lúdico permitiu que as crianças pudessem sentir diferentes aspectos das sementes, compreendendo valores e noções como sensibilidade, imaginação, alegria de viver etc. Como Defende Winnicott(1998), apenas 42 pela brincadeira as crianças têm a possibilidade de ampliar o “mundo supostamente real”. (p.118). Figura 13 - Professoras e os alunos na observação do cartaz sensorial de sementes. Fonte 13 - Acervo da pesquisadora Figura 14 - Cartaz sensorial de sementes confeccionado. Fonte 14 - Acervo da Pesquisadora Logo após os alunos observarem e levantarem diferentes questionamentos sobre as sementes, a professora partiu um abacate ao meio, mostrando aos alunos, a semente do fruto. Explicou sobre as partes das plantas (raiz, caule, flores, frutos, folhas), e deu aos alunos para degustarem o sabor da referida fruta analisada. E também abordou que para a plantinha crescer ela precisa de cuidados, como aguar todos os dias, a luz do sol e o ar, e aproveitou esse momento e explorou que nós também temos que ter cuidados com nosso corpo para podermos crescer e ficar bonitos e fortes igual a planta. E no final da aula a professora distribuiu sementes de abacate para cada criança levar para casa e os motivou a plantar em suas casas. “A ação educativa deve se organizar para que as crianças, ao final dos três anos, tenham desenvolvido as seguintes capacidades: explorar o ambiente, para que possa se relacionar com pessoas, estabelecer contato com pequenos animais, com plantas e com objetos diversos, manifestando curiosidade e interesse.” (RCNEI, 1998, p. 175) 43 De acordo com o RCNEI (1989), o momento da sequência didática retratada nas figuras 13,14 e 15 têm o objetivo de explorar com as crianças até os três anos, diferentes tipos de sementes, despertando nos alunos a curiosidade e despertando nos alunos o interesse de plantar a semente em casa. Figura 15 - Professora mostrando aos alunos o fruto de abacate e a semente. Fonte 15 - Acervo da pesquisadora Ao longo de todo desenvolvimento da aula as criança mostraram bastante curiosidade e motivação em relação ao crescimento das plantas. Sendo uma experiência rica com observação e exploração de diversos outros tipos de sementes. Muitas crianças conheciam o milho. Onde até um aluno disse: “Eu conheço essa semente Tia, minha mãe faz pipoca para mim”. No terceiro dia (16/05/2018), de início foi realizada uma roda de conversa com a pretensão de retomar os conteúdos abordados nas aulas anteriores. Após isso, realizou- se a montagem de uma árvore construída através da pintura das próprias mãos das crianças. Inicialmente, realizou uma sondagem, a fim de verificar os saberes prévios das crianças sobre a árvore. Em seguida, realizamos a montagem da árvore, reforçando as partes das árvores (caule, folhas e frutos), em especial, a relevância da preservação da natureza. 44 Figura 16 - Roda de conversa com as crianças. Fonte 16 - Acervo da pesquisadora Figura 17 - Pintura das mãos das crianças na confecção do cartaz 45 Fonte 17 - Acervo da pesquisadora Figura 18 - Cartaz pronto com a escrita das partes da planta (raiz, caule, flores, folhas e fruto). Fonte 18 - Acervo da pesquisadora No segundo momento as crianças foram direcionadas ao pátio para a observação das plantas e aguarem as mesmas. E foi verificado que não cresceram nenhum verdinho. A ansiedade das crianças para ver as plantinhas crescer é muito grande. 46 Figura 19 - Aluna aguando a plantinha no 3º dia da sequência didática. Fonte 19 - Acervo da pesquisadora No quarto dia da sequência didática 17/05, no primeiro momento as crianças foram levadas para a observação das plantinhas no pátio e para aguar. E Para a grande surpresa algo diferente tinha acontecido. Começou a dar pequenos brotinhosna terra, cheio de pontinhos brancos dentro do pote. E a professora semeou neste quarto dia, alpiste dentro da meia calça com pó de serra. Foi realizado apenas um experimento na meia calça para as crianças visualizarem como ficaria os “cabelinhos” do bonequinho feito em um novo local. “Cuidar de plantas e acompanhar seu crescimento podem se constituir em experiências bastante interessantes para as crianças. O professor pode cultivar algumas plantas em pequenos vasos ou floreiras, propiciando às crianças acompanhar suas transformações e participar dos cuidados que exigem, como regar, verificar a presença de pragas etc. Se houver possibilidade, as crianças poderão, com o auxílio do professor, participar de partes do processo de preparação e plantio de uma horta coletiva no espaço externo.” (RECNEI, 1998, p. 179). As figuras 19 e 20 da sequência didática de acordo com RCNEI (1998), possibilita as crianças acompanharem o crescimento das plantas através da experiência, sendo de grande relevância para as crianças onde eles são motivados pelo interesse, acompanhando todo processo de transformação e cuidados que não necessários para o crescimento da mesma. Figura 20 - Aluna aguando a sua plantinha. 47 Fonte 10 - Acervo da pesquisadora No segundo momento as crianças foram levadas para a sala de aula e desenvolveram a atividade de colagem de papel verde na copa da árvore e pintura (tinta e pincel) da cor marrom no caule. Nesta atividade as crianças reforçaram a cor das folhas(verde) e do caule(marrom) trabalhando o controle motor com recorte de papel picadinho verde e colagem. Figura 21 - Atividade realizada pelas crianças. Fonte 11 - Acervo da pesquisadora No quinto dia de sequência didática 18/05/2018 as crianças não continham tamanha ansiedade para a observação das plantinhas. O primeiro momento foi para observação e aguar as plantinhas. E uma novidade as crianças puderam observar; que foi encontrar em grandes quantidades brotos dentro do pote. E pontinhos vermelhos na terra (inicio da germinação). Figura 22 - Brotos dentro da terra (cor branca). 48 Fonte 12 - Acervo da Pesquisadora Figura 23 - Pontinhos vermelhos em cima da terra. Fonte 13 - Acervo da Pesquisadora No segundo momento as crianças dentro de sala, assistiram um filme da sementinha. Explicando através de imagens todo processo da germinação que as crianças vivenciam nas figuras 22 e 23 na parte da observação das plantas. Eles ficaram 49 super entusiasmados em ver o filme sendo a mesma realidade das plantinhas que eles plantaram. Figura 24 - Crianças assistindo o filme: “A sementinha”. Fonte 14 - Acervo da pesquisadora No sexto dia da sequência didática (21/05/2018) logo após o final de semana, as crianças se encontravam muito motivadas e curiosas com o crescimento das plantas. E foram levadas ao pátio para a observação para aguarem as mesmas. Chegando no pátio ficaram imensamente felizes pois viram como a plantinha tinha se desenvolvido. Estava com bastante verdinho dentro do potinho. Figura 25 - Pote com a plantinha. Fonte 15 - Acervo da pesquisadora 50 No segundo momento as crianças dentro de sala foram estimuladas a identificar a quantidade de frutos que tinha em cada copa de árvore e relacionar com o caule o numeral correspondente. E a professora reforçou as partes das plantas através das mini árvores confeccionadas (caule, folha e fruto). A aula foi muito proveitosa onde os alunos conseguiram de forma concreta analisar e reconhecer a quantidade e as partes das plantas. Figura 26 - As crianças fazendo o reconhecimento da parte das plantas e da quantidade. Fonte 16 - Acervo da Pesquisadora No sétimo dia da sequência didática (22/05/2018) as crianças foram ao pátio da escola para observação das plantas e para aguarem. E foi muita alegria, eles observaram que as plantinhas que eles todos os dias aguavam já estavam crescidas, cheia de verdes. E a plantinha que foi colocada dentro do pote sem luz e sem aguar estava sem brotar nenhum verde. E a plantinha que estava apenas com um orifício estava com alguns pontos verdes apenas em direção do orifício. A professora explicou para os alunos que as plantinhas são iguais a todos os seres humanos, precisam de alimentos (água, luz e ar), para sobreviver. Uma aluna disse: “Tia nossas plantinhas cresceram porque agente jogou água.” E outro aluno disse: “Tia essa plantinha não teve papa por isso não nasceu.”. E o outra aluna disse: “ Tia a plantinha do buraquinho só cresceu pouquinho onde estava furado.” E a professora nesse momento explicou que essa plantinha só cresceu onde estava o orifício porque é onde o sol penetrava, e o sol é alimento das plantas, como a água e o ar. 51 As crianças realmente aprenderam de forma concreta, lúdica e prazerosa todo o aprendizado. No segundo momento para finalizar toda a sequência didática, as crianças dentro de sala confeccionaram os potinhos com adereços da sua preferência. Enfeitando os potinhos e os verdinhos das plantas ficaram sendo o cabelo do boneco. E cada criança no final da aula levou seu potinho de planta (bonequinho) para casa. Figura 27 – Potinho confeccionado pelas crianças. Fonte 27 - Acervo da Pesquisadora A sequência didática conseguiu alcançar os objetivos propostos. Os alunos se envolveram em todo o processo de aprendizagem. E para a constatação do progresso positivo da sequência didática, foi um responsável de uma aluna do primeiro período, relatar para a professora a grande empolgação e motivação da aluna quando recebeu sua semente de abacate em querer plantar sua sementinha em casa. Mandando registro fotográfico para a professora. E Comentando que a aluna (criança), dizia que para o crescimento da planta sempre tinha dar alimento para plantinha como a água, o sol e o ar. Figura 28 - Aluna plantando a semente de abacate em sua casa. 52 Fonte 28 - Acervo da Pesquisadora As crianças através da sequência didáticas proposta construíram conhecimentos significativos através da experiência com as plantas, despertando dentro deles o espírito investigativo. “O mundo onde as crianças vivem se constitui em um conjunto de fenômenos naturais e sociais indissociáveis diante do qual elas se mostram curiosas e investigativas. Desde muito pequenas, pela interação com o meio natural e social no qual vivem, as crianças aprendem sobre o mundo, fazendo perguntas e procurando respostas às suas indagações e questões. Como integrantes de grupos socioculturais singulares, vivenciam experiências e interagem num contexto de conceitos, valores, idéias, objetos e representações sobre os mais diversos temas a que têm acesso na vida cotidiana, construindo um conjunto de conhecimentos sobre o mundo que as cerca.” (RCNEI,1998, p.163) De acordo com RCNEI (1989), a sequência didática proposta levou as crianças a viver um conjunto de experiências (naturais e sociais), que aguçou a curiosidade e a investigação. Despertando nelas desde pequenas a interação com o meio natural e social na qual estão inseridas. Onde puderam realizar questionamentos e através da própria experiência procuravam suas respostas. Essa interação com o meio despertou nos alunos valores, construção de conceitos, idéias, sendo construído um conjunto de conhecimentos sobre o mundo que os cercam. 53 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo desse trabalho foi de analisar a importância do lúdico no processo de desenvolvimento da criança na Educação Infantil, visando aplicar sequência didática para a construção do conhecimento de Ciências, reconhecer as concepções da infância ao longo da história na concepção de alguns autores, pesquisar o papel do lúdico
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