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edson.mello@estacio.br Aula 01 A ciência empírica desenvolve conhecimento a partir da experimentação e observação—coleta e análise de dados, respectivamente. Todo conhecimento científico (empiricamente observado) está associado a uma probabilidade de erro e, portanto, é sempre provisório. A ciência empírica busca o levantamento de conhecimentos gerais que se apliquem a todos os membros—ou a maioria dos membros—de um certo grupo. Esses princípios básicos são o que existem por trás das nossas individualidades. O conhecimento científico é válido dentro das condições em que ele foi desenvolvido. A pesquisa experimental requer a manipulação intencional de variáveis—sem esse controle de variáveis, a pesquisa não pode ser enquadrada como experimental. O método científico é um processo sistemático de desenvolvimento de conhecimento que começa com a formulação de um problema (que nada mais é que uma pergunta), a partir do qual é elaborada uma hipótese (que é ou são as propostas de resolução para essa pergunta). Essa hipótese é então testada, culminando com a decisão de refutar ou corroborá-la baseada na análise das evidências coletadas. Essa é a base da ciência empírica. A Navalha de Occam O Princípio da Parcimônia (também conhecido como o Princípio da Navalha de Occam) dita que quando houver duas ou mais explicações para um fenômeno, devemos escolher a mais simples—ou seja, que consiga explicar esse fenômeno com a menor quantidade de conceitos. Isso não quer dizer que a explicação está correta. Esse é apenas o princípio adotado pela ciência. A pesquisa científica coleta e trabalha em cima de várias formas de dados: motores, fisiológicos (ex.: frequência cardíaca, concentração de cortisol na saliva, exame de urina), dados de autorrelato. Delineamento de Pesquisa Outra característica da pesquisa científica é que ela trabalha com diferentes delineamentos de pesquisa—a maneira como os dados serão coletados e analisados; qual o tamanho da amostragem de participantes, vão usar testes ou entrevistas? Dois dos tipos de delineamento de pesquisa estão o delineamento de grupo e o delineamento de sujeito único. Já a forma como os dados da pesquisa serão tratados pode ser quantitativa ou qualitativa; quantitativa quando a interpretação dos dados baseia-se na análise de valores numéricos estatísticos e qualitativa quando o tratamento dos dados parte da análise dos relatos dos participantes. Aula 02 Falseabilidade Expandindo nos conceitos de refutação e corroboração de hipóteses, introduzidos na aula passada, vale salientar que quando uma ideia é corroborada, o que isso quer dizer é que a análise dos dados coletados concluiu que não há evidências que consigam indicar que a hipótese levantada é falsa. Isso não é o mesmo que dizer que ela é verdadeira, o que contribui para a ideia, também vista na semana passada, de que todo conhecimento científico é provisório. Por conta disso que é muito importante que o conhecimento científico possa ser falseável; a Falseabilidade diz respeito à possibilidade de demonstrar que uma hipótese é falsa—pois caso isso não seja possível, não há como analisar a validade de uma proposição. A astrologia, por exemplo, é uma teoria em que qualquer aspecto que de alguma forma refute suas conclusões é explicado pela própria teoria e utilizado como justificativa que confirma a sua própria existência. Isso torna a astrologia irrefutável não no sentido de que ela é necessariamente verdadeira, mas que, pela forma como ela é estruturada, não há a possibilidade de questionar a sua validade—todo suposto erro ou furo na teoria é explicado pela própria teoria, o que veda esse conhecimento. Resumidamente, se não houver a possibilidade da dúvida, a hipótese não servirá para uma pesquisa. A Contingência de Três Termos Ao realizar a análise de um comportamento, é necessário levar em consideração, além do próprio comportamento, tanto os seus antecedentes quanto as suas consequências. Isso é o que se chama Contingência de Três Termos. A explicação de um fenômeno pelos seus antecedentes é chamada de Explicação por Processo enquanto que a explicação pelas suas consequências é considerada uma Explicação Funcional. Comportamentos respondentes, por exemplo, costumam ser alvo de uma explicação por processo, enquanto que comportamentos operantes são abarcados por explicações funcionais. A objetividade e neutralidade científicas são características que dizem respeito à metodologia científica, e não a um determinado cientista; é claro que, a nível individual, nós somos influenciados por opiniões pessoais, motivo pelo qual, sabendo disso, muitos cientistas usam modelos estatísticos para conduzir a análise de seus dados, assim endereçando a sua própria subjetividade como uma possível fonte de erro. A ciência não nos oferece a verdade, mas sim conhecimentos com algum grau de confiança. Os Três Componentes da Análise do Comportamento A análise do comportamento é a ciência responsável por estudar as interações dos organismos com seu ambiente, interações essas possibilitadas pelo comportamento. O comportamento não é a interação em si, mas o que permite a troca entre o organismo e o ambiente. A análise do comportamento possui três componentes: O Behaviorismo Radical enquanto fundamentação filosófica e epistemológica; toda a fundamentação teórica da análise do comportamento pode ser encontrada nessa teoria. A Análise Experimental é o componente interessado para o desenvolvimento e aperfeiçoamento do conhecimento, voltado para a pesquisa básica—o conhecimento pelo próprio conhecimento. Finalmente, temos a Análise do Comportamento Aplicada, que é o componente voltado para o desenvolvimento de aplicações práticas que visem a solução de problemas cotidianos da vida humana. A título de exemplo, Quando nós nos preocupamos em definir o que é comportamento, ou a conceituação de reforço e punição, estamos falando do primeiro componente, que é o Behaviorismo Radical. Quanto testamos se um comportamento muda ou não a partir das suas consequências, as variáveis relevantes nessa relação entre as variáveis e um comportamento, ou entre os antecedentes do comportamento e o próprio comportamento, esse já é o reino do segundo componente, a Análise Experimental do Comportamento. Por outro lado, se o interesse é desenvolver um tratamento para um transtorno psiquiátrico, ou um plano de gestão para uma empresa, estamos aqui falando do terceiro componente, a Análise do Comportamento Aplicada. O contexto da seleção por consequências leva em consideração três níveis de seleção: filogenético, ontogenético e cultural. Periódicos Científicos A seguir, uma lista de revistas que contêm estudos sobre análise do comportamento. Todas elas possuem acesso gratuito. Dentre elas, as mais generalistas são: (1) Psicologia: Teoria e Pesquisa (a principal revista de psicologia do Brasil) (2) Psicologia: Ciência e Profissão (revista do CFP) (3) Psicologia - USP (4) Paidéia Já as que se dedicam mais especificamente à análise do comportamento são: (5) Perspectivas em Análise do Comportamento (6) Revista brasileira de Análise do Comportamento (7) Acta Comportamentalia (uma revista mexicana, mas que contém artigos em português) É indicado, entretanto, fazer a busca por periódicos em inglês, pois a maioria dos estudos em quaisquer áreas da psicologia são publicados nessa língua. Entre eles, temos: (1) Journal of Experimental Analysis of Behavior (2) Journal of Applied Behavior Analysis (JABA) (3) Psychological Record (4) Behavior Analysis in Practice (5) The Analysis of Verbal Behavior (6) European Journal of Behavior Analysis (7) Psychology and Neuroscience (revista generalista do Rio de Janeiro, mas que só publica artigos em inglês!) Variáveis: Definição Uma variável é todo fenômeno que pode assumir mais de um valor. Altura, idade, sexo, intensidade de dor, cor do olho, todos esses parâmetros exemplificam uma variável. Uma constante, por outro lado, é todo fenômeno que assume um único valor. Muitos poucos fenômenossão constantes. A velocidade da luz no vácuo, por exemplo, é uma constante—por mais que a velocidade da luz varie ao atravessar outros meios, no vácuo a sua velocidade é sempre a mesma. Variáveis podem ser definidas de duas maneiras: Constitutivas e Operacionais. A definição constitutiva diz respeito às variáveis que são definidas por meio de conceitos. Já a definição operacional refere-se a variáveis definidas através das operações de manipulação e mensuração. “Inteligência é a capacidade de ajustar o comportamento às mudanças no ambiente.” Essa é uma definição constitutiva de inteligência. Já uma definição operacional se daria pela medição do número de acertos de um indivíduo em um teste (de matrizes progressivas, por exemplo.) Para conduzir uma pesquisa, além de definir a variável em que você tem interesse, é necessário defini-la. Essa explicação conceitual da variável é uma definição constitutiva. Um dicionário, por exemplo, é um conjunto de definições constitutivas. A forma como você quantifica essa variável é a definição operacional. No caso do exemplo acima, a inteligência é medida pelo desempenho no teste. A definição operacional é necessária pra que uma variável seja estudada empiricamente, além de auxiliar o pesquisador a comunicar as suas ideias (os parâmetros utilizados pra mensurar uma certa variável). Instruções de formatação pra ABNT e APA: Link Aula 03 Variáveis: Classificação Apesar de existirem vários parâmetros de classificação de variáveis, a pesquisa experimental trabalha (em grande parte) com quatro delas: (1) Classificação quanto ao tratamento (2) Classificação quanto à natureza (3) Classificação quanto à forma (4) Classificação quanto ao nível de medida Essas categorias não são excludentes entre si, são apenas formas diferentes de agrupar e categorizar variáveis. Dentro da primeira categoria de classificação quanto ao tratamento, uma variável pode ser considerada independente (VI), dependente (VD) ou estranha (VE). A variável independente é aquela manipulada propositadamente pelo pesquisador e que exerce influência sobre a variável dependente. A variável dependente é o objeto de estudo da pesquisa. Em outras palavras, o experimento busca analisar como a VD muda em função da manipulação que foi feita na VI. Por último, variáveis estranhas são variáveis que afetam a VD, mas que não são abarcadas pelo escopo da pesquisa (seja intencional ou acidentalmente). Por conta disso, os pesquisadores tentam ao máximo eliminar ou controlar essas variáveis, cuja incidência sobre a VD pode dificultar ou até mesmo impossibilitar que o pesquisador conclua o que de fato afetou o resultado do seu experimento, seja a VI ou a VE. A título de exemplo, http://www.bcrp.prefeiturarp.usp.br/serv5-norma.asp Ao investigar se a temperatura em sala de aula pode influenciar na permanência dos alunos em sala de aula, você tem duas variáveis. A temperatura constitui a variável independente que será manipulada para avaliar a sua influência sobre a permanência dos alunos na sala, que por sua vez é a variável dependente. Sabendo que os alunos podem sair da sala por precisar ir ao banheiro ou beber água, o pesquisador pode encorajar seus alunos a irem ao banheiro antes da aula e trazerem uma garrafa de água pra sala, assim reduzindo a chance deles terem que se ausentar por uma dessas duas razões—ambas enquadrando-se como variáveis estranhas. Por melhor que sejam as suas condições de controle, toda pesquisa parte do pressuposto de que variáveis estranhas estarão presentes ao longo do processo. Quando um pesquisador fala que seu experimento está isento de VEs, o que ele quer dizer é que ele não foi capaz de identificar que variáveis são essas (e não que elas não existem, pois isso é impossível.) Caso estivéssemos trabalhando com o parâmetro de classificação de estímulos quanto à sua natureza, a variável independente seria chamado de variável de estímulo enquanto que a variável dependente receberia o nome de variável de resposta. A última forma de classificação de variáveis quanto ao seu tratamento é a da Variável Interveniente, que trata-se de uma descrição inferencial feita pelo pesquisador para tentar estabelecer causalidade entre a apresentação de uma intervenção (VI) e a exibição de um determinado comportamento (VD) subsequente. Essa teorização hipotética se dá pelo fato de que, na maioria dos casos, a informação à qual o pesquisador tem acesso é o comportamento externo: apertar um botão, verbalizar uma resposta, selecionar uma opção. O que motiva um organismo a agir dessas maneiras, entretanto, está encoberto, e é a essa faceta que se refere a variável interveniente. O livro Princípios Básicos de Análise do Comportamento, no capítulo 11, ensina como fazer um relatório de pesquisa. O livro Compreender o Behaviorismo também possui informações relevantes pra redação desse trabalho. O professor comenta sobre as especificidades do trabalho na volta do intervalo dessa aula. Às 2h17m, em particular, fala sobre alguns detalhes importantes. Aula 04 Ética para Pesquisa em Humanos Dentre as normas e diretrizes nacionais que regulamentam a condução de pesquisas com seres humanos, o conselho de ética CEP/CONEP segue quatro princípios: (1) Respeito ao participante (2) Ponderação entre riscos e benefícios (3) Evitar danos previsíveis (4) Relevância social Os pesquisadores devem apresentar, assinados por cada participante, o TCLE, Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Esse documento, além de oferecer ao participantes detalhes sobre a pesquisa, concede-lhe a liberdade de desistir da pesquisa a qualquer momento. O termo de consentimento ainda salienta que, diante de uma desistência, o pesquisador não tem direito de perguntar o porquê disso, assim como também não pode tentar dissuadir o participante dessa decisão. Além disso, o TCLE também garante o direito ao anonimato e sigilo dos participantes, permitindo apenas a coleta de informações que não possibilitem a identificação individual de um ou mais participantes. Não é permitido o engodo, que é apenas outra forma de referir-se ao ato de enganar um ou mais participantes (como, por exemplo, dizendo que o experimento não irá envolver dor intencional quando isso, de fato, irá ocorrer.) O ressarcimento também é vedado em todas as suas formas, seja por meio de remuneração pecuniária ou, por exemplo, na forma de créditos extracurriculares oferecidos a estudantes para que se voluntariem a participar de um experimento. A única exceção à essa regra abarca a compensação de gastos associados à viabilização da participação em um experimento (como, por exemplo, com transporte). A participação em pesquisas científicas no Brasil é, segundo a nossa legislação, exclusivamente voluntária. Existe, na Resolução 510 do Conselho Nacional de Saúde, o delineamento de alguns tipos de pesquisa que precisam ser registradas nem avaliadas pelo CEP/CONEP. Vale salientar que o CEP/CONEP não avaliam, e portanto não certificam, pesquisas que já foram conduzidas. Sem esse reconhecimento do comitê de ética, a pesquisa não será aceita por periódicos científicos, o que significa que, para esse fim, mais vale submeter a pesquisa ao conselho antes de dar início à sua condução. O site onde pesquisadores submetem seus projetos para o CEP/CONEP é a Plataforma Brasil, que pode ser acessada por este link. Após a submissão do projeto à plataforma, é nela que o pesquisador verifica o andamento da avaliação do seu projeto de pesquisa. No site do Conselho Nacional de Saúde (CNS) (acessível por este link), é possível realizar um treinamento para aprender a navegar a Plataforma Brasil. Ética para Pesquisa em Animais Não Humanos O CONCEA, Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal, nortea-se pelos seguintes princípios ao instituir suas normas para a condução de experimentos em animais não humanos: (1) Redução do número de animais empregados (2) Refinamento de técnicas analgesia, anestesia e eutanásia (3) Substituição por métodos alternativos sempre que possível(a) Manequins e simuladores mecânicos (b) Autoexperimentação humana (c) Experimentação com plantas (d) Estudos de campo e observacionais (e) Estudos in vitro (f) Animais mortos (g) Simulações em realidade virtual Esses métodos de substituição são particularmente úteis no contexto acadêmico, apesar de que, para a condução de pesquisas científicas, a utilização de animais continua sendo a alternativa mais comum. http://aplicacao.saude.gov.br/localidade/login/login.jsf http://conselho.saude.gov.br/plataforma-brasil-conep?view=default Esses princípios podem ser lembrados pela sua sigla em inglês RRR (Reduction, Refinement, Replacement). Bioética é o termo que descreve os princípios éticos discutidos e formulados em relação às pesquisas biológicas e suas aplicações, ou quando dizem respeito à tomada de decisão sobre a vida humana ou animal. Aula 05 Delineamento (ou Método) Experimental e Quasi-Experimental O delineamento experimental caracteriza-se pelo controle rigoroso das condições em que o experimento será conduzido, o que inclui a ampla capacidade de manipulação da variável independente, assim como a mitigação de variáveis estranhas. Quando esse nível de controle é limitado, seja pela falta de disponibilidade de recursos, ou pela estrutura do próprio experimento, temos o que se chama de delineamento quasi-experimental. Esse método, apesar de seguir o modelo experimental, não possui as mesmas condições precisas de controle de variáveis. Pode-se dizer, de maneira rudimentar, que o delineamento experimental é típico do laboratório, ao passo que sua contraparte tende a acontecer em ambientes naturais. Constantes: O Controle de Variáveis Durante a condução de um experimento, o pesquisador costuma manipular as variáveis estranhas conhecidas para que elas não incidam sobre e influenciem a variável dependente. Além de controlar a variável independente, portanto, o pesquisador também realiza o controle das VEs. Isso pode acontecer de duas maneiras. Ou essa variável é eliminada, ou é apresentada de maneira uniforme durante toda a duração do experimento, fazendo com que ela deixe de ser considerada como uma variável estranha e torne-se uma constante. Essa é uma característica de um Delineamento Experimental. Randomização: Distribuição Aleatória de Participantes/Sujeitos Dizer que a distribuição de sujeitos é feita de maneira aleatória não é o mesmo que dizer que foi feita de qualquer maneira; a distribuição é feita respeitando um conjunto de parâmetros, chamada distribuição de probabilidades. A título de exemplo, isso significaria dizer que, para uma pesquisa conduzida com três grupos de participantes, em cada grupo seria alocado a mesma quantidade de sujeitos que se enquadrem no mesmo demográfico. Ao mesmo tempo, por mais que cada grupo venha a ter, por exemplo, um homem branco de 40 a 60 anos, não se pode saber de antemão qual desses sujeitos cairá em qual grupo. A alocação de sujeitos é feita de maneira aleatória, porém feita dentro dos parâmetros de distribuição pré-estabelecidos: todo grupo terá a mesma quantidade de homens e mulheres. Quais homens e quais mulheres irão pra cada grupo, essa é a parte definida de maneira aleatória. Essa é uma característica de um Delineamento Experimental. Validade Interna vs. Validade Externa A validade dos resultados adquiridos em um estudo pode ser medida por dois parâmetros. Quando os resultados obtidos podem ser atribuídos à manipulação das variáveis independentes e não a outros fatores, diz-se que esse experimento possui validade interna. Quando os resultados de um estudo podem ser generalizados de modo que seus resultados consigam ser replicados por outros pesquisadores e com novos participantes, podemos dizer que a pesquisa adquiriu uma validade externa. Delineamentos Experimentais costumam possuir um grau maior de validade interna, ao passo que Delineamentos Quasi-Experimentais tendem a deter mais validade externa. A relação entre essas duas medidas tende a ser inversamente proporcional: quanto maior o grau de validade interna, menor o grau de validade externa. Isso acontece porque, no caso de delineamentos experimentais, em que a pesquisa é conduzida em condições laboratoriais, o ambiente é tão artificial que é difícil de replicá-lo em circunstâncias diferentes (cotidianas). Já os quasi-experimentos, por mais que seus resultados possam ser replicados, não será possível isolar uma ou mais variáveis como responsáveis pelo resultado devido ao fato de incidirem sobre a VD diversas variáveis estranhas não controladas e mesmo previstas. Estudo Correlacional Esse é um tipo de estudo que busca estabelecer se há uma ligação, uma covariação, entre as variáveis, sem poder, entretanto, comprovar uma relação de causalidade entre a presença e propriedades de uma variável com o efeito que ela desencadeia. Por exemplo, ao fazer um levantamento do nível de ansiedade de alunos antes de uma prova e seu desempenho, por mais que seja observada uma relação entre altas taxas de ansiedade com desempenhos prejudicados, não é possível dizer que é esse fator que causa a redução na performance dos alunos. Tipos de Delineamentos Quasi-Experimentais 1. Delineamentos de grupo não equivalente Em um delineamento experimental, a alocação de participantes nos grupos de pesquisa acontece de maneira que haja uma equivalência na distribuição de características. Esse é um procedimento que busca eliminar o efeito de variáveis estranhas visto que, para cada demográfico presente no estudo, existe a mesma quantidade de participantes que se enquadrem nesse demográfico em cada grupo. Assim, espera-se que, ao analisar os resultados obtidos por cada grupo—tanto os de controle, quanto os experimentais—, a diferença entre eles será diretamente proporcional. Entretanto, quando essa distribuição de características não é feita de maneira equivalente E os resultados entre grupos mantêm-se proporcionais, isso indica que a variável independente não é o que exerce influência sobre o resultado, visto que, apesar das configurações de grupo não equivalentes, todos eles obtiveram resultados semelhantes. 2. Delineamento de série temporal Nesse tipo de pesquisa, o comportamento dos participantes (variável dependente) é medido diversas vezes antes do início do experimento e, subsequentemente, da introdução da variável independente. A finalidade desse procedimento é de verificar não só o efeito que a introdução da VI causa na VD, mas se ele persiste após a intervenção experimental—pois poderia haver uma tendência de mudança na variável dependente antes da condução do experimento. 3. Delineamento de série temporal com grupo não equivalente Esse delineamento une as características dos seus antecessores: nesse caso, o comportamento de ambos os grupos, separados de maneira não equivalente, é testado antes e depois da intervenção experimental a fim de medir a influência da variável independente sobre ambos os grupos. Inferência Causal Quando dizemos que a manipulação de uma VI causa mudanças na VD, estamos fazendo uma inferência. Pra fazer essa inferência causal, são necessárias certas condições: (1) Covariação das variáveis: quando os valores da VI mudam, os valores da VD também mudam. À medida que a covariação acontece, verificamos uma correlação. (2) Contingência: a relação de dependência entre a mudança na VD com a introdução da VI. (3) Exclusão de causas alternativas plausíveis Verificadas essas condições, é possível fazer a inferência causal—o que não exclui a probabilidade de erro, mas que oferece uma ampla margem de segurança. Essa é a natureza da atividade científica. Correlação A correlação, ou covariância, é uma medida que identifica o grau de associação entre as variáveis. Essas relações podem ser lineares ou curvilineares, determinadas de acordo com a forma de distribuição de dados em um gráfico. Quanto maior o índice de relação entre as variáveis, maior o seu grau de associação—não é possível estabelecer uma relação causal. Esse índice, representando pela variável“r” (do inglês relation) varia de -1 a +1. Quanto mais próximo dos extremos, mais forte o grau de associação entre as variáveis. Os sinais de positivo e negativo indicam apenas a direção da relação: no espectro positivo, indica uma relação direta de proporcionalidade, enquanto que no negativo, mostra que a relação é inversamente proporcional. No final desta aula, o professor solicitou que assistíssemos aos conteúdos digitais das aulas cinco e seis, no SAVA. Aulas 06, 07 e 08 O conteúdo abordado nesses encontros—o condicionamento operante e o condicionamento respondente—está resumido nas minhas anotações de TCC. “Sou livre à medida que controlo as condições que me controlam.” - Skinner, B.F.
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