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A pesquisa psicológica tem duas metas principais, sendo elas: fornecer uma descrição do comportamento humano e de seus processos psicológicos subjacentes; e oferecer uma explicação para esse comportamento. Um dos métodos utilizados para a realização dessa pesquisa é o experimental, o qual permite focalizar o problema da explicação, ou seja, vai além do problema descritivo a fim de fornecer respostas sobre como e por que este ou aquele comportamento ocorre. No século XIX, com os estudos empíricos de Helmholtz sobre a percepção visual e coma criação do primeiro laboratório de psicologia por Wundt, o uso de experimentos na pesquisa psicológica começou a se difundir. E, no século XX, com o surgimento da estatística e do Behaviorismo, a metodologia do modelo experimental se desenvolveu. Desde então, o uso de experimentos na pesquisa psicológica tornou-se sinônimo de aceitação da Psicologia como uma disciplina cientifica. O método que utiliza experimentos para investigar as causas do comportamento humano supõe a aceitação de uma estrutura determinista e atomista, por meio da qual o comportamento e suas causas são observados como sendo objetivamente especificáveis e divisíveis em unidades discretas. Além disso, a complexidade dos estímulos e das respostas da vida real pode ser simplificada. controlada e quantificada sem perda da significação dos resultados. Um experimento é um teste das relações de causa e efeito a partir da coleta de evidências para demonstrar o efeito de uma variável sobre a outra. Em sua forma mais simples, dois grupos de pessoas são tratados exatamente do mesmo modo, com uma exceção (o tratamento experimental, também chamado de tratamento diferencial) e qualquer diferença observada entre os grupos é, então, atribuída ao tratamento diferente. Os experimentos não são projetados de modo a seguir um conjunto de regras, mas sim, são criados como um meio de responder questões, de testar hipóteses e previsões acerca do mundo psicológico. Com o uso de experimentos é possível descobrir as causas de determinados comportamentos. REFERÊNCIA: BREAKWELL, G. M et al Métodos de pesquisa em psicologia. Porto Alegre: Artmed (Capítulo 04) são os enunciados formais de previsões derivadas da evidência obtida a partir de pesquisa e teorias anteriores, ou simplesmente o resultado de uma intuição. É importante salientar que algumas hipóteses se encontram na esfera da investigação psicológica e, mesmo assim, não satisfazem as condições para o método experimental. É importante que os estudantes de Psicologia estejam sempre em alerta quanto aos perigos de inferir causalidade de uma correlação, pois, por exemplo, uma correlação pode ser causada por uma terceira variável que afeta as duas primeiras. Não há nenhum modo fundamentado de inferir a direção da causalidade a partir da correlação apenas; outros fatores devem ser considerados. A causalidade precisa ser estabelecida para além da descrição de uma relação existente entre duas variáveis. O modo experimental cumpre essa condição manipulando um fator e procurando pela evidência de que isso produz uma mudança em outro fator. Se tal efeito ocorre, sabemos que existe uma relação causal entre o fator manipulado e o fator afetado. Essa técnica é chamada de método da diferença. Usando esse método, aplica-se um teste duplo (digamos, a mesma pessoa duas vezes, ou a dois grupos de pessoas). Essas aplicações de teste são idênticas, exceto em um aspecto, e quaisquer diferenças observadas no desempenho dos participantes pode ser então atribuída à diferença de tratamento. O uso cuidadoso deste método deveria indicar se o tratamento particular que está sendo variado pode ter ou não uma influência causal sobre o comportamento. Variáveis e controle e manipulação de variáveis são centrais para identificar o que constitui um experimento e para distinguir entre um bom e um mau experimento. Existem dois tipos básicos: as independentes e as dependentes. diz respeito àquela em que o experimentador manipula ou controla, sendo a variável cujo efeito o pesquisador está interessado. O método experimental propõe que a variável independente realmente causará a mudança no comportamento que está sendo medido (variável dependente). Algumas variáveis como sexo, idade e tipo de experiências de vida não podem ser manipuladas; porém, o pesquisador pode selecionar grupos que diferem no que diz respeito a essas variáveis. Experimentos verdadeiros requerem pelo menos duas condições para que a manipulação de variável possa ocorrer. Uma variável é qualquer característica que possa variar através das pessoas ou das situações e que pode ser de diferentes níveis ou tipos. REFERÊNCIA: BREAKWELL, G. M et al Métodos de pesquisa em psicologia. Porto Alegre: Artmed (Capítulo 04) também conhecida como variável de resposta, corresponde à medida comportamental determinada pelo experimentador. Ou seja, é o resultado que pode, ou não (dependendo da hipótese), ser previsto e que depende da variável independente. A variável dependente deve ser selecionada de modo que ela possa ser medida significativamente. Ela não deve apenas ser mensurável com sensibilidade suficiente para detectar efeito algum que suporte o teste estatístico, mas, também, deve ser potencialmente sensível a alterações no nível da variável independente. • Medida operacional da variável dependente: diz respeito a uma formulação de um enunciado explícito acerca do modo preciso no qual o comportamento observado será escorizado ou categorizado como a variável dependente. Isso porque algumas coisas, como a aprendizagem, não podem ser diretamente observadas e, portanto, mesmo o mais claramente especificável dos problemas requer grande cuidado na seleção da medida de desfecho. ocorre quando um resultado nulo emerge porque a maioria dos participantes obtém escore no ponto mais baixo da escala. constitui o oposto dos efeitos de piso e ocorre quando as pessoas obtêm escores muito próximo ao ponto mais alto da escala. Efeitos de piso e de teto podem ocorrer em qualquer tarefa na qual uma variável dependente não possa acompanhar a variação total da variável independente. Nos experimentos, como em toda pesquisa sistemática, os riscos são muito altos. Alegar causalidade psicológica com base em estudos precariamente planejados resulta em experimentos inúteis, no melhor dos casos, e potencialmente danosos, no pior. refere-se à consistência ou à estabilidade de qualquer efeito experimental. A técnica mais comum para estabelecer a confiabilidade é a replicação. Se o mesmo modelo experimental conduz aos mesmos resultados em ocasiões seguidas e utilizando amostras diferentes, então o experimento é considerado confiável. Infelizmente, a evidência que sugere que um experimento é confiável não é garantia de sua validade. VIÉS DO PARTICIPANTE: As instruções dadas aos participantes de uma pesquisa em geral omitem a verdadeira razão de fazer o experimento, porque, se os participantes a conhecem, eles adaptam seu desempenho a condutas que consideram apropriadas aos objetivos do pesquisador, em vez de apenas se comportar de modo como normalmente fariam. REFERÊNCIA: BREAKWELL, G. M et al Métodos de pesquisa em psicologia. Porto Alegre: Artmed (Capítulo 04) refere-se ao fato de um experimento explicar ou não o que por meio dele se pretende explicar. Ou seja, a verdade da causalidade que está sendo inferida. O poder da técnica experimental reside em sua capacidade de assegurar que apenas a variável independente possa variar sistematicamente através das situações do experimento. Se uma ou mais das outras variáveis variam sem razão juntamente com a variável manipulada, isso resulta em confusão. A confusão de variáveis pode inutilizar um experimento, pois torna impossível a interpretação dos resultados.Algumas confusões são óbvias, enquanto outras são muito mais sutis, ainda que igualmente danosas para a força do experimento. Os pesquisadores têm que estar sempre atentos para verificar possíveis confusões antes de executar o experimento, pois reconhecê-las depois de os dados terem sido coletados acaba arruinando o experimento. Existem dois delineamentos experimentais fundamentais, os quais formam a base de todos os modelos mais complexos e que diferem de acordo com o modo no qual lidam o controle da variação do objeto. Tais modelos são os de delineamentos intersujeitos (denominados também de delineamentos de grupos independentes ou separados) e os delineamentos intrassujeito (chamados também de grupos relacionados ou repetidos ou modelos de medidas repetidas), sendo que ambos os métodos trazem vantagens e desvantagens. se dois ou mais grupos totalmente separados recebem cada um diferentes níveis de variável independente. Alocar pessoas em diferentes condições dentro de um experimento em vez de apresentar as pessoas com todas as condições experimentais consecutivamente é o paradigma experimental mais comum usado na psicologia experimental. Assim, esse método coloca uma ameaça ao poder do experimento porque existem diferentes pessoas em cada grupo e esses grupos podem compartilhar diferentes características desde o início do experimento, o que influenciará o seu desempenho. REFERÊNCIA: BREAKWELL, G. M et al Métodos de pesquisa em psicologia. Porto Alegre: Artmed (Capítulo 04) Para superar esse problema deve-se adrir a um princípio do método experimental chamado de randomização. se o mesmo grupo de pessoas recebe todas as várias condições ou níveis de variável independente. Alguns tipos de experimento resolvem o problema das diferenças entre as pessoas e necessidades de combinar utilizando as mesmas pessoas em cada uma das condições experimentais. Esse tipo de delineamento tem vantagem, pois cada indivíduo é testado em ambas ou todas as condições de estudo. Assim, quando a mesma pessoa tem desempenhos muito diferentes em cada um dos tratamentos, então o efeito da variável é muito claro, porque a diferença não pode ser causada ou diluída por diferenças individuais. Entretanto, as vezes esse método é inapropriado. Randomização é uma técnica que garante que haja o menor número possível de distinções entre diferentes grupos de sujeitos, dando a todo sujeito uma chance igual de ser alocado em cada uma das condições experimentais. são atribuídos números arbitrários a cada sujeito e, literalmente, esses números são tirados de dentro um chapéu. Em um modelo de dois grupos contendo 10 pessoas cada um, as pessoas que correspondem aos 10 primeiros números selecionados constituirão um grupo e as outras 10 constituirão o outro grupo. Os mecanismos desse procedimento são simplificados pelo uso de tabelas de números aleatórios, encontradas na maior parte dos livros-texto de estatística ou geradas em computador. Outros métodos de obter alocação aleatória para grupos podem ser usados, tais como lançar uma moeda. O método preciso é irrelevante, contanto que o procedimento assegure que cada indivíduo tenha uma chance igual de aparecer em cada um dos grupos experimentais. É importante observar que tal procedimento não elimina ou mesmo reduz as diferenças individuais: ele simplesmente distribui essas diferenças aleatoriamente entre os grupos. Na medida em que o número de pessoas em um experimento aumenta, aumenta a probabilidade de obter-se uma distribuição igual daquelas variáveis que podem interferir na relação causal que está sendo testada. Por essa razão, os psicólogos geralmente consideram um experimento como mais confiável se existe muitas pessoas envolvidas. A sensibilidade de um experimento consiste em sua capacidade de descobrir qualquer efeito da variável independente. Efeitos experimentais podem ser eventualmente muito discretos e, contudo, ter REFERÊNCIA: BREAKWELL, G. M et al Métodos de pesquisa em psicologia. Porto Alegre: Artmed (Capítulo 04) grande significação psicológica. Um exemplo clássico dessa situação é o caso das diferenças entre sexos. De acordo com a maior parte das medidas, homens e mulheres não respondem diferencialmente: as similaridades superam de longe as diferenças. Contudo, as áreas psicológicas em que um sexo supera o desempenho do outro são de grande interesse psicológico, muito embora o tamanho real dos efeitos possa ser muito pequeno. Por isso, os pesquisadores interessados nessa área devem assegurar-se de que o experimento seja planejado de modo a ser maximamente sensível. A randomização dos participantes em grupos experimentais prevenirá contra certo erro, mas não aumentara a sensibilidade. No entanto, há passos que podem ser dados para que isso seja alcançado, pois existem diversos modos de combinar os participantes (emparelhamento). Quando se executa experimentos com criança, por exemplo, a idade é uma variável difícil de tratar, porque o desenvolvimento é tão rápido na primeira infância que mesmo uma diferença de seis meses entre duas crianças pode exercer um efeito significativo sobre seu desempenho. Por isso, é preciso assegurar-se de que as crianças alocadas em cada condição sejam de uma idade similar. A randomização de nossa classe de crianças pode ajudar a garantir que a média de idade dos grupos seja similar, mas pode ser necessário fazer mais do que isso. Onde existe razão para crer que alguma variável que não é manipulada pelo experimento pode exercer um efeito, então é necessário dar o passe adicional de realmente combinar as crianças. No caso da idade, poderíamos garantir que para cada sujeito no grupo A houvesse uma criança exatamente da mesma idade cronológica (em anos e meses) em cada um dos grupos B e C. A importância de emparelhar toma-se mais evidente quando o experimento compreende grupos muito diferentes de participantes. REFERÊNCIA: BREAKWELL, G. M et al Métodos de pesquisa em psicologia. Porto Alegre: Artmed (Capítulo 04)
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