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1 Luísa Soares TRANSTORNOS DE ANSIEDADE DEPRESSÃO E ANSIEDADE: O QUE SÃO E QUAIS SÃO OS SINTOMAS? • Depressão: transtorno mental no qual a pessoa apresenta por, pelo menos duas semanas, na maior parte do tempo, sintomas profundos de tristeza ou perda do prazer nas atividades que a deixavam bem, acompanhado de sintomas como sentimentos exagerados de culpa, de baixa autoestima, de inutilidade e falta de energia; cansaço, alterações do sono, alterações menstruais, perda ou ganho de peso, perda da libido e outros sintomas físicos são comuns. • Ansiedade: o Transtorno de ansiedade generalizada: sensação difusa de ansiedade, que em geral cursa com preocupações relacionadas a situações cotidianas; pensamentos intrusivos e repetitivos são parte do quadro, que também pode cursar com sintomas físicos (taquicardia, palpitações, falta de ar, alterações gastrointestinais, sudorese, tremores, dentre outros). ▪ Quadro crônico > 6 meses. o Transtorno do pânico: inclui ataques recorrentes de pânico, além de preocupações persistentes com ter novos ataques. ▪ Ataques de pânico: é o início abrupto de um período circunscrito breve de intenso desconforto, ansiedade ou medo, acompanhado por sintomas somáticos e/ou cognitivos. o Transtorno de ansiedade social/ fobia social: envolve o medo de situações sociais, incluindo aquelas que envolvem escrutínio ou contato com estranhos. ▪ Medo de ter seu comportamento reprovado frente às pessoas. o Agorafobia: refere-se a um medo ou uma ansiedade em relação a lugares dos quais a fuga possa ser difícil. ATENÇÃO! Sintomas de ansiedade podem acompanhar quadros depressivos. TRANSTORNOS DE ANSIEDADE: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA • Transtorno crônico que cursa com pensamentos intrusivos e sintomas físicos e emocionais. TRANSTORNO DO PÂNICO • O transtorno de pânico é a ocorrência de ataques de pânico repetidos, normalmente acompanhados de medo sobre futuros ataques ou de mudanças comportamentais para evitar situações que poderiam predispor aos ataques. FOBIA SOCIAL • Transtorno crônico no qual o paciente se sente com muita ansiedade em situações sociais. AGORAFOBIA • Medo de ter ataques de pânico ou passar mal e isso ser humilhante em situações que não conseguiria escapar (lugares abertos/fechados, meios de transporte). FOBIAS ESPECÍFICAS • Situações de bastante ansiedade decorrentes de episódios específicos. 2 Luísa Soares DEFINIÇÕES Ansiedade Medo Pânico Humor negativo; Sintomas físicos; Apreensão em relação ao futuro (impossibilidade de prever e controlar); Reação de alarme imediata ao perigo atual; Ativação do SNC Simpático; Tendência à fuga; Medo intenso e inadequado; Sintomas físicos: palpitação, dor no peito, falta de ar, vertigens; Ataque: esperado (FE) ou inesperado (TP); • A ansiedade é caracterizada por sintomas físicos + humor negativo (desagradável) + apreensão em relação ao futuro (preocupação); “excesso de futuro”. o Medo em relação a um estímulo que não está presente; • O medo é caracterizado por uma reação de alarme com ativação do SN simpático (reações de luta ou fuga); o Medo em relação a um estímulo que está presente; • O pânico é um medo intenso e inadequado; o Fobia específica: ataque esperado; o Transtorno do pânico: ataque inesperado; ANSIEDADE NORMAL • Associada à sobrevivência; • Desempenho social, físico e intelectual: aumenta o nível de vigilância e os estímulos mais importantes não passam batido. Ansiedade (normal) = maior atenção. PATOLÓGICA • Contexto que não faz sentido: ter medo de cachorrinhos que vivem contigo, por exemplo, e passar a evitar todo e qualquer contato com eles por puro medo de que algo possa acontecer. • Fora de controle: não desaparece, mesmo sabendo que não há o que temer: o medo não pode ser contido, apesar do insight do indivíduo. Eixo X: ansiedade | Eixo Y: desempenho. Existe um “ponto ótimo”, em que a ansiedade (normal) está associada a um maior desempenho; passando esse ponto, entretanto, a ansiedade deixa de ser produtiva e passa a ser patológica (desempenho cai devido à tensão). CONCEITO Eles podem ser vistos como uma família de transtornos mentais relacionados, mas distintos, que inclui (1) transtorno de pânico, (2) agorafobia, (3) fobia específica, (4) transtorno de ansiedade social ou fobia e (5) transtorno de ansiedade generalizada. • A ansiedade representa um fenômeno fundamental em torno do qual diversas teorias psiquiátricas foram organizadas. Os transtornos de ansiedade estão associados com morbidade significativa e com frequência são crônicos e resistentes a tratamento. 3 Luísa Soares TRANSTORNO DE PÂNICO CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas: 1 Palpitações, coração acelerado, taquicardia 2. Sudorese. 3. Tremores ou abalos. 4. Sensações de falta de ar ou sufocamento (hiperventilação); 5. Sensações de asfixia. 6. Dor ou desconforto torácico. 7. Náusea ou desconforto abdominal. 8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. 9. Calafrios ou ondas de calor. 10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento). 11. Desreatização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo). 12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer". 13. Medo de morrer. B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou más) de uma ou de ambas as seguintes características; a. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou sobre suas consequências (p. ex., perder o controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer"). b. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada aos ataques (p. ex. comportamentos que tem por finalidade evitar ter ataques de pânico, como a esquiva de exercícios ou situações desconhecidas). C. A perturbação não é consequência dos efeitos psicológicos de uma substância (p. ex.. droga de abuso, medicamento) ou de outra condição medica (p. ex.. hipertireoidismo. doenças cardiopulmonares). D. A perturbação não ê mais bem explicado por outro transtorno mental (p. ex.. os ataques de pânico não ocorrem apenas em resposta a situações sociais temidas, como no transtorno de ansiedade social', em resposta a objetos ou situações fubicas circunscritas. como na fobia especifica; em resposta a obsessoeá como no transtorno obsessivo-compulsivo; em resposta a evocação de eventos traumáticos. como no transtorno de estresse pós-traumático; ou em resposta à separação de figuras de apego, como no transtorno de ansiedade de separação). Esquivas: agorafobia (esquiva grave), drogas e esquiva introceptiva. 4 Luísa Soares ATAQUES DE PÂNICO Ataque de pânico não é um transtorno mental! • Podem ocorrer no contexto de um transtorno de ansiedade, além de outros transtornos mentais (p. ex., transtornos depressivos, TEPT, transtornos por uso de substâbicias) e algumas condições médicas (p. ex., cardíaca, respiratória, vestibular, gastrintestinal). Quando a presença de um ataque de pânico é identificada, ela deve ser anotada como um especificador (p. ex., "TEPT com ataques de pânico"). • Para transtorno de pânico, a presença de ataque de pânico está inclusa nos critérios diagnósticos, e o ataque de pânico não é usado como especificador. O indivíduo pode ter qualquer quadro psiquiátrico e ter um ataque de pânico, uma comorbidade de transtorno de pânico, apenas o transtorno de pânico, etc. PREVALÊNCIA, INÍCIO E DURAÇÃO • Prevalência: o 5% dos que apresentam ataque do pânico desenvolvem o transtorno de pânico; o 4,7% fecha critérios para transtorno de pânico ao longo davida; o 2/3 são mulheres (mais aceitável culturalmente que as mulheres assumam os ataques de pânico; homens + ingesta de álcool); • Início: o A partir do meio da adolescência até 40 anos; o Idade média de inicio: 20-24 anos; • Duração típica: o Se não tratado: crônico com oscilações TRATAMENTO • Primeira opção: psicoterapia: o TCC: exposição interoceptiva (ou provocar sensações corporais ou acompanhar momentos de exposição a essas sensações) + reestruturação cognitiva (técnicas cognitivas e comportamentais); o Melhor resultado que medicação isolada em 6 meses de follow-up; • Segunda opção: tratamento sequencial: o Apenas se resposta ao tratamento isolado não for satisfatória; o ISRS: 60% em remissão completa se tratamento completo, 50% de recaída se interrompe; o Benzodiazepínicos: 90% de recaída em caso de interrupção (prejuízo cognitivo interfere na psicoterapia → como faremos exposição introceptiva se a pessoa simplesmente não vai desencadear a reação corporal? É por isso que a terapia com benzodiazepínico é uma das últimas opções ); AGORAFOBIA • Agorafobia refere-se a um medo ou uma ansiedade em relação a lugares dos quais a fuga possa ser difícil. • É possível que seja a mais incapacitante das fobias: pode interferir de maneira significativa na capacidade de uma pessoa funcionar no trabalho e em situações sociais fora de casa. Acredita-se que o medo de ter um ataque de pânico em um lugar público do qual a fuga seria angustiante e difícil é que cause a agorafobia. 5 Luísa Soares EPIDEMIOLOGIA • A prevalência de agorafobia ao longo da vida é um pouco controversa, variando entre 2 e 6% entre os estudos. Em muitos casos, o início da agorafobia segue-se a um acontecimento traumático. DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS A. Medo ou ansiedade marcantes acerca de duas (ou mais) das cinco situações seguintes: 1. Uso de transporte público (p. ex., automóveis, ônibus, trens, navios, aviões). 2. Permanecer em espaços abertos (p. ex., áreas de estacionamentos, mercados, pontes). 3. Permanecer em locais fechados (p. ex., lojas, teatros, cinemas). 4. Permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão. 5. Sair de casa sozinho. B. O indivíduo tem medo ou evita essas situações devido a pensamentos de que pode ser difícil escapar ou de que o auxílio pode não estar disponível no caso de desenvolver sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores (p. ex., medo de cair nos idosos; medo de incontinência). C. As situações agorafóbicas quase sempre provocam medo ou ansiedade. D. As situações agorafóbicas são ativamente evitadas, requerem a presença de uma companhia ou são suportadas com intenso medo ou ansiedade. E. O medo ou ansiedade é desproporcional ao perigo real apresentado pelas situações agorafóbicas e ao contexto sociocultural. F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de seis meses. G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. H. Se outra condição médica (p. ex. doença inflamatória intestinal, doença de Parkinson) está presente, o medo, ansiedade ou esquiva é claramente excessivo. I. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos sintomas de outro transtorno mental – por exemplo, os sintomas não estão restritos a fobia específica, tipo situacional; não envolvem apenas situações sociais (como no transtorno de ansiedade social); e não estão relacionados exclusivamente a obsessões (como no transtorno obsessivo-compulsivo), percepção de defeitos ou falhas na aparência física (como no transtorno dismórfico corporal) ou medo de separação (como no transtorno de ansiedade de separação). Nota: A agorafobia é diagnosticada independentemente da presença de transtorno de pânico. Se a apresentação de um indivíduo satisfaz os critérios para transtorno de pânico e agorafobia, ambos os diagnósticos devem ser dados. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • O diagnóstico diferencial psiquiátrico inclui transtorno depressivo maior, esquizofrenia, transtorno da personalidade paranoide, transtorno da personalidade esquiva e transtorno da personalidade dependente. CURSO E PROGNÓSTICO • Acredita-se que a maioria dos casos de agorafobia seja causada por transtorno de pânico. • Quando esse transtorno é tratado, a agorafobia muitas vezes melhora com o tempo. • Para uma redução rápida e completa dessa condição, a terapia comportamental é, às vezes, indicada. 6 Luísa Soares TRATAMENTO • Benzodiazepínicos: agentes de ação rápida contra pânico; o Alprazolam e lorazepam: mais frequentemente prescritos; o Clozanepam também se demonstrou eficaz; As maiores reservas entre os médicos em relação à administração de benzodiazepínicos são o potencial para dependência, comprometimento cognitivo e abuso, sobretudo com uso a longo prazo. Entretanto, quando usados de forma apropriada sob supervisão médica, esses medicamentos são eficazes e, em geral, bem tolerados. • Inibidores seletivos da recaptação de serotonina: ajudam a reduzir ou prevenir recaídas de várias formas de ansiedade, incluindo agorafobia. As doses efetivas são essencialmente as mesmas que para o tratamento de depressão, embora seja costumeiro iniciar com doses mais baixas do que na depressão para minimizar um efeito ansiolítico inicial, que é quase sempre de curta duração, e elevá-las de modo gradual até uma dose terapêutica. • Medicamentos tricíclicos e tetracíclicos: os medicamentos tricíclicos clomipramina e imipramina são os mais eficazes no tratamento desses transtornos. As dosagens devem ser elevadas gradual e lentamente para evitar estimulação excessiva (p. ex., síndrome de “nervosismo”), e o benefício clínico total requer dosagens plenas e pode não ser alcançado por 8 a 12 semanas. • Psicoterapia de apoio: o envolve o uso de conceitos psicodinâmicos e uma aliança terapêutica para promover o enfrentamento adaptativo; • Psicoterapia orientada ao insight: o O objetivo é aumentar o desenvolvimento de insight do paciente a respeito dos conflitos psicológicos, que, se não resolvidos, podem se manifestar como sintomas comportamentais. • Terapia comportamental: o O pressuposto básico é o de que a mudança pode ocorrer sem o desenvolvimento de insight psicológico das causas subjacentes. o As técnicas incluem reforço positivo e negativo, dessensibilização sistemática, inundação, implosão, exposição gradual, prevenção de resposta, interrupção de pensamento, técnicas de relaxamento, terapia de controle do pânico, automonitoração e hipnose. • Terapia cognitiva: o baseada na premissa de que o comportamento mal-adaptativo é secundário a distorções em como as pessoas se percebem e em como os outros as percebem. o O tratamento é de curto prazo e interativo, com atribuição de lição de casa e tarefas a serem realizadas entre as sessões enfocando a correção de suposições e cognições distorcidas. o A ênfase é em confrontar e examinar situações que evocam ansiedade interpessoal e depressão leve associada. • Terapia virtual: o Foram desenvolvidos programas de computador que permitem que os pacientes se vejam como avatares que são, então, colocados em espaços abertos ou superlotados. o À medida que se identificam com os avatares em sessões virtuais repetidas, eles são capazes de dominar sua ansiedade por meio de descondicionamento. 7 Luísa Soares FOBIA ESPECÍFICA CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou situação (p. ex., voar, alturas, animais, tomar uma injeção, ver sangue). B. O objeto ou situação fóbica quase invariavelmente provoca uma resposta imediata de medo ou ansiedade. o Praticamente todas as situações daquele tipo causam resposta imediata(todos os cães, todas as galinhas, todos os aviões); C. O objeto ou situação fóbica é ativamente evitado ou suportado com intensa ansiedade ou sofrimento. o Se o paciente tem fobia específica de galinhas, ou ele evita sempre o contato com galinhas ou suporta a situação com muita ansiedade e sofrimento. D. O medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao perigo real imposto pelo objeto ou situação especifica e ao contexto sociocultural. o Fobia específica de palhaços, por exemplo, não faz muito sentido – não há perigo real envolvido na situação fóbica, mas o sofrimento é imenso. E. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente com duração mínima de seis meses. F. O medo, ansiedade ou esquiva causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. G. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental, incluindo medo, ansiedade e esquiva de situações associadas a sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes (como na agorafobia); objetos ou situações relacionados a obsessões (como no transtorno obsessivo-compulsivo); evocação de eventos traumáticos (como no transtorno de estresse pós-traumático); separação de casa ou de figuras de apego (como no transtorno de ansiedade de separação); ou situações sociais (como no transtorno de ansiedade social). ESPECIFICAR ESTÍMULO FÓBICO ANIMAL • Fobia específica é relacionada a um animal em especial (e não a todos os animais!); os mais comuns são aranhas, cobras e cachorros (e aí, para quem tem fobia específica, não importa se é um pastor alemão ou se é um poodle muito fofo). • Ataque de pânico, se houver, ocorre apenas na presença de estímulo fóbico. ATENÇÃO! Medo é completamente diferente de repulsa; olhar uma foto do estímulo fóbico, para o paciente, pode causar extremo sofrimento. AMBIENTE NATURAL • Estímulos fóbicos: água, chuva, altura, trovão, altura, dentre outros; • Evita viagens de barco, férias nas montanhas, dentre outros. SANGUE-INJEÇÃO-FERIMENTOS • Reação fisiológica diferente dos outros tipos de fobia: é o único que causa desmaio efetivo. • Resposta vaso-vagal: desmaio, provocado pela diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos por ação do nervo vago. 8 Luísa Soares SITUACIONAL • Ataque de pânico, se houver, apenas na presença do estímulo fóbico: o Dirigir, andar de avião, pegar elevador, locais fechados... o Não ocorre em outras situações! É apenas na presença do estímulo fóbico; • 30% dos parentes de 1º grau possuem a mesma fobia ou semelhante; OUTRO • Situações que podem levar a asfixia ou vômitos, personagens vestidos com trajes de fantasia (em crianças); PREVALÊNCIA, INÍCIO E DURAÇÃO • Prevalência: maior prevalência dentre os transtornos de ansiedade; o 12,25% em algum momento na vida; o Mais comum em mulheres: 4:1; • Início: o Animal: 7 anos; o Ambiente natural: 7 anos; o Sangue-injeção-ferimentos: 9 anos; o Situacional: adolescência — 20 anos; • Duração típica: o Crônica se não tratada; Técnica de inundação: a exposição ao estímulo fóbico, de forma não-terapêutica, pode causar dano. Exposição terapêutica pode levar à habituação (estímulo é identificado como não-danoso). CAUSAS • Tipos de condicionamento existentes: o Experiência direta: perigo real ou dor gera resposta de alarme; ▪ Ex. acidente de carro → condicionamento direto. o Alarme falso: ataque de pânico em situação especifica; ▪ Ex. ataque de pânico enquanto dirige → medo de dirigir → condicionamento indireto (associa o pânico à direção – o estímulo neutro torna-se negativo). o Experiência vicária: ver alguém em situação traumática ou com medo intenso; ▪ Ex. clinica odontológica infantil; o Fobia de transmissão da informação: ouvir falar sobre o perigo; ▪ Ex. nunca ter visto uma cobra, mas crescer ouvindo sobre os perigos dela na grama alta e necessidade de usar botas de borracha; TRATAMENTO • Psicoterapia: o Exposição gradual: processo que visa reduzir o medo e ansiedade; na terapia de exposição, uma pessoa é gradual e lentamente exposta a uma situação ou objeto temido, aprendendo a se tornar menos sensível ao longo do tempo o Inundação: é uma modalidade de exposição in vivo em que um indivíduo fóbico é exposto ao objeto ou situação mais temido por um período prolongado sem oportunidade de fugir. 9 Luísa Soares FOBIA SOCIAL CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Para atender os critérios do DSM-5 para o diagnóstico, os pacientes devem ter: A. Medo ou ansiedade acentuado e persistente (≥ 6 meses) ou ansiedade em uma ou mais situações sociais em que podem ser julgadas por outras pessoas. a. Interações sociais (conversar ou encontrar com pessoas desconhecidas); b. Ser observado (comendo, bebendo); c. Situações de desempenho (proferir palestras); B. O indivíduo tende a agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que serão avaliados negativamente (será humilhante ou constrangedor; provocará rejeição ou ofenderá a outros); a. O medo deve envolver uma avaliação negativa por outras pessoas (p. ex., de que os pacientes serão humilhados, envergonhados ou rejeitados ou ofenderão outros). C. As mesmas situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade. D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou ansiedade; a. Pacientes evitam ativamente a situação. O contato com o estímulo fóbico causam intenso sofrimento se não forem evitadas. E. O medo ou a ansiedade é desproporcional à ameaça real apresentada pela situação social e o contexto sociocultural. a. Exemplo: professores amigáveis, em ambientes tranquilos, fazem uma pergunta ao aluno que apresenta o trabalho e isso desencadeia o medo; F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de seis meses. G. O medo, a ansiedade e/ou esquiva causam sofrimento significativo ou prejudicam muito o funcionamento social ou ocupacional. H. O medo, a ansiedade ou a esquiva não é consequência dos efeitos fisiológicos de uma substância (medicamentos ou drogas de abuso) ou de outra condição médica; I. Além disso, o medo e a ansiedade não podem ser caracterizados mais corretamente como um transtorno mental diferente (como agorafobia, transtorno do pânico, transtorno dismórfico corporal). a. Transtorno de pânico: ataques de pânico em situações variadas, não apenas em contextos sociais; dificuldade de identificar o gatilho. b. Transtorno dismórfico corporal: a pessoa identifica algo de errado com seu corpo, e o medo de situações sociais tem a ver com a condição; J. Se outra condição médica (doença de Parkinson, obesidade, desfiguração por queimaduras ou ferimentos) está presente, o medo, a ansiedade e a esquiva é claramente não relacionado ou é excessivo. ESPECIFICADOR • Somente desempenho: se o medo está restrito à fala ou ao desempenhar em público (sem dificuldades para interações sociais). o Falar em público; o Comer ou beber; o Escrever ou assinar em público; o Usar mictórios públicos; o Iniciar e manter conversas; o Participar de festas; o Dirigir, estacionar um carro enquanto é observado; o Cantar ou tocar um instrumento social; o Ser fotografado ou filmado; o Dizer não a uma pessoa insistente; o Terminar um relacionamento; 10 Luísa Soares RELEMBRE: SINTOMAS DA ANSIEDADE • Taquicardia; • Tremores; • Sudorese; • Náusea; • Gagueira • Desconforto gastrointestinal; • Diarreia; • Boca seca; • Tensão muscular; • Rubor facial; • Confusão; Fator importante: medo de que os outros notem a ansiedade! CARACTERÍSTICAS DA ANSIEDADE SOCIAL (AS) • Adultos jovens: níveis mais altos de AS para situações específicas; • Adultos mais velhos: AS em níveis mais baixos, mas variedade mais ampla de situações; • Idosos: declínio do funcionamentosensorial (audição, visão), vergonha em relação à própria aparência (tremor como um sintoma da doença de Parkinson) ou funcionamento devido a condições médicas, incontinência ou prejuízo cognitivo (esquecer os nomes das pessoas). o Paciente evita situações para não passar por constrangimento, como o tremor na doença de Parkinson; PREVALÊNCIA, INÍCIO E DURAÇÃO • Prevalência: o 12,1%; o Proporção equivalente entre sexos; Informação da prática clínica: quanto mais as pessoas jogam ou se relacionam on-line, por terem menos relação social real, tem uma ansiedade social aumentada. A baixa habilidade social motiva o comportamento on-line ou o comportamento on-line faz com que o indivíduo se desenvolva com baixa habilidade social? • Início : o Aproximadamente 13 anos; o Início agudo a partir de experiência estressante ou humilhante (bullying, vomitar durante palestra pública) ou insidioso, desenvolvendo-se lentamente; • Duração típica: o 30% experimentam remissão dos sintomas no espaço de um ano; o 50% experimentam remissão em poucos anos; o 60% dos indivíduos sem tratamento permanecem com FS por vários anos; OBSERVAÇÕES IMPORTANTES • Visão de si: o Sou incapaz; o Não sei me relacionar; • Visão dos outros: o Intolerantes; o Rígidos; • Visão do futuro: o Ameaçador; o Serei rejeitado se cometer erros; 11 Luísa Soares TRATAMENTO • Medicações: ISRS (fluoxetina, paroxetina, sertralina e venlafaxina) • Terapia Cognitivo-Comportamental: protocolo enfatizou experiências da vida real para desfazer percepções automáticas de perigo o Beneficiou 84% dos participantes; o Resultados mantidos depois de 1 ano (algumas bibliografias falam em 5 anos); o Melhor resultado até o momento; Intensidade dos sintomas x tempo de tratamento: TCC é top! TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional). B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação; a. A preocupação toma conta, paralisa e incapacita o indivíduo; b. Preocupação catastrofista! C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais sintomas): a. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele; b. Fatigabilidade: cansaço mental; c. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente: dificuldade em prestar atenção e reproduzir informações; d. Irritabilidade: por estar sempre alerta, o indivíduo se irrita com muita facilidade; e. Tensão muscular: sintoma muito comum; dores muito fortes; f. Perturbação do sono (dificuldade em manter o sono ou sono insatisfatório/ inquieto): a ansiedade ativa o SNS, que impede o relaxamento necessário para o sono. D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento. E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo). F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., ansiedade ou preocupação quanto a ter ataques de pânico no transtorno de pânico, avaliação negativa no transtorno de ansiedade social [fobia social], contaminação ou outras obsessões no transtorno obsessivo-compulsivo, separação das figuras de apego no transtorno de ansiedade de separação, lembranças de eventos traumáticos no transtorno de estresse pós- traumático, ganho de peso na anorexia nervosa, queixas físicas no transtorno de sintomas somáticos, percepção de problemas na aparência no transtorno dismórfico corporal, ter uma doença séria no transtorno de ansiedade de doença ou o conteúdo de crenças delirantes na esquizofrenia ou transtorno delirante). 12 Luísa Soares CARACTERÍSTICAS DO TRANSTORNO Preocupação patológica: difícil de controlar; diferente de pequenas preocupações cotidianas, causa sofrimento intenso e clinicamente significativo. • Preocupações comuns: eventos cotidianos menores (diferente de outros transtornos de ansiedade), tais como possível infelicidade dos filhos, saúde da família, responsabilidades com o trabalho, tarefas domésticas, chegar a tempo nos compromissos, etc. • Diferenças importantes: os sintomas, em outros transtornos de ansiedade, são mais relacionados a excitação autonômica do que alterações físicas; Tensão muscular e agitação mental são exclusivos do transtorno de ansiedade generalizada! PREVALÊNCIA, INÍCIO E DURAÇÃO • Prevalência: o 5,7% em algum momento da vida; o 2/3 são mulheres; • Início: o Início da vida adulta em resposta a um estressor; o Início precoce e mais gradual do que outros transtornos de ansiedade; o Idade média: 31 anos; • Duração típica: o Crônico → tendência à ansiedade → faz “parte da personalidade”; o Probabilidade de remissão dos sintomas em 2 anos de tratamento: 8%; o 45% dos indivíduos que se recuperam apresentam recaída. CAUSAS • Herda-se a tendência para se tornar ansioso, e não o TAG em si; • Em termos fisiológicos, diferem-se de indivíduos saudáveis pela tensão muscular crônica; • Restritores autônomicos: o Respostas autonômicas menos intensas frente a estressores; ▪ Diferentes pessoas, sem transtorno, quando frente a estressores, terão resposta autonômica com ativação do sistema nervoso simpático; pacientes com TAG, quando expostos aos estressores, terão menor ativação do SNS. o Processo cognitivo: ▪ O processamento da informação é mais intenso! o Processo cognitivo intenso no lobo frontal esquerdo (preocupações s/ criação de imagens); ▪ Ocorre preocupação com o conteúdo, sem a formação de imagem; a preocupação intensa, sem a formação de imagem, é semelhante à evitação nos transtornos de ansiedade, mas não é direcionada a um objeto específico (pois não forma imagem!!!!!). Não existe objeto específico: tudo é motivo de preocupação. 13 Luísa Soares o Preocupação intensa = evitação em quadros de fobia: impede que a pessoa encare situação ameaçadora e, por consequência, adaptação/habituação a ela; o Resultado: preocupação crônica + inflexibilidade autonômica + tensão muscular grave → como não há um objeto específico para a TAG, não há uma dessenssibilização ao estímulo. • "Mundo perigoso e fora de controle" moldam viés atencional: pacientes estão mais atentos a estímulos que não são importantes, pois tudo pode ser perigoso. o Resposta mais lenta ao stroop test: teste com palavras diferentes, em cores diferentes – ao invés de ler a palavra no quadro, dizer a cor dela. ▪ Pessoas com TAG demoram mais tempo a dizer a cor da palavra, pois o conteúdo gera mais medo! MODELO INTEGRADO Vulnerabilidade biológica generalizada (temperamento) + vulnerabilidade psicológica generalizada: (entendimento de que o mundo é um local perigoso) = o paciente vive momentos estressores na vida, pode sofrer condicionamentos (alarmes falsos) e pode desencadear o TAG. TRATAMENTO • Medicação: o Benzodiazepínicos: alívio da ansiedade em curto prazo; atentar para prejuízos funcionais e dependência. ▪ Dificulta a formação de novas memórias e a recuperação de memórias antigas = pior desempenho; ▪ Dependência; o Antidepressivos: sertralina, paroxetina, venlafaxina; demoram mais para fazer efeito, mas são úteis para tratamento a longo prazo; • Psicoterapia: o Curto prazo: tem o mesmo benefício que as medicações; o Longo prazo: mais efetiva que as medicações! o TCC: resultados superiores a ausência de tratamento e alternativos (psicodinâmica); o Mindfulness:TCC de terceira geração; • Tratamento combinado: o TCC + sertralina: 80% dos pacientes apresentaram melhora substancial contra 24% do grupo controle. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAula: profº Vitor Calegaro e profª Clarissa Tochetto. DSM-5, American Psychiatric Association, 2014.
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