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꘩ ꘟ O objetivo final da avaliação neurofuncional é conseguir traçar um diagnóstico funcional em fisioterapia neurológica, para ser possível posteriormente encontrar meios de tratamento para independência desse paciente. Diagnóstico fisioterapêutico * Pode ser chamado de diagnóstico cinético funcional ou fisioterapêutico * É uma conclusão sobre a funcionalidade do indivíduo a partir da avaliação geral e específica, da CIF e de escalas - é único para cada paciente, podendo ser diferente para duas pessoas que tenham o mesmo diagnóstico clínico * Serve para direcionar a conduta a ser tomada: - direciona a formulação de objetivos/metas - facilita a seleção de condutas de tratamento * Vem de uma avaliação boa e bem conduzida, considerando que cada paciente e situação são únicos * É diferente do diagnóstico clínico/médico, exemplos : - doença de Parkinson (diagnóstico clínico) X rigidez axial, tremor de repouso e bradicinesia (diagnóstico fisioterapêutico) - tumor de cerebelo (diagnóstico clínico) X ataxia de membros e marcha atáxica (diagnóstico fisioterapêutico) - síndrome vestibular (diagnóstico clínico) X alteração do equilíbrio estático e dinâmico (diagnóstico fisioterapêutico) Tópicos de uma avaliação neurológica * História: é a anamnese e contém a história da moléstia atual (HMA), história da moléstia pregressa (HMP), histórico familiar, queixa principal, hobbies, trabalho, vida funcional (social e fisiológica) - a coleta da história é uma conversa para entender a fundo o paciente e direcionar o tratamento * Inspeção: momento de observação - é o desenvolvimento do olhar clínico crítico, para criar hipóteses - aspectos comportamentais e cognitivos: observado através do entendimento do paciente em relação ao que é pedido durante a avaliação e as tomadas de decisões para realizar * Avaliação sensorial: somatossensorial e de sentidos especiais * Avaliação motora: força, coordenação * Avaliação funcional: é interligada à avaliação motora e às atividades de cada paciente * Avaliação de outros sistemas (respiratório, tegumentar, cardiovascular, etc): essas avaliações são feitas por conta de comorbidades * Interpretação dos achados * Formulação do diagnóstico funcional: nada mais é que um resumo de tudo que foi achado, mas com uma visão funcional * Tomada de decisão clínica: os objetivos e como alcançá-los * Condutas primordiais: são direcionadas pelo que o paciente quer voltar a realizar, seus hobbies e trabalho. - é sempre importante pensar em mais de uma conduta, caso o paciente não queira ou não consiga realizar a primeira opção História * É necessário ser gentil, direcionar o raciocínio em busca de informações necessárias * É o momento de coleta da queixa principal * HMA, é necessário fazer 4 perguntas: - o que o senhor/senhora tem? - desde quando está assim? - como tem evoluído? - quais os tratamentos já foram feitos? * HMP: tudo que o paciente traz em relação a outras doenças que vão poder impactar no tratamento atual * História pessoal: quem era, o que gostava de fazer, com quem gostava de estar * História familiar: com quem vive, relações familiares * História fisiológica/social: em relação aos outros sistemas e como está o social do paciente (trabalha, estuda, é aposentado?) * AVDs: perguntar e observar no decorrer das sessões quais são as atividades diárias e de rotina que é capaz de realizar diante das restrições motoras * Medicamentos: é interessante para se atentar aos efeitos que o medicamento traz, pois pode mascarar ou simular algum sintoma * Questões comportamentais: importante observar para entender melhor o paciente e quais os comportamentos estão alterados Inspeção * Tudo que se consegue observar antes de realizar qualquer teste * Nível de consciência: vigília, sonolência, obnubilação, torpor, coma - a escala de Glasgow é usada para pontuar a consciência * Atitude: passiva ou ativa da parte do paciente * Postura/posicionamento: hemiplegia, escoliótica, parkisoniana, descerebração, decorticação * Face: paralisia facial, face em máscara, miopática * Dismorfias: hidrocefalia, microcefalia, mielomeningocele * Movimentos involuntários: atetose, tremores, coreia, balismo, etc - normalmente está ligado à lesões no núcleo da base ou cerebelo * Exames: mãos/pés para a aparência ou padrões adotados - mão simiesca, mão em gota, pé cavo, pé plano * Trofismo: por problema muscular ou neural * Pele: alguma alteração presente, como neurofibromatose * Analisar se existem acessos, sondas, contenção * Aspectos complementares da inspeção: - fala, linguagem e expressão - cognição e comportamento: agressividade, aversão, ansiedade, euforia, indiferença, apatia, atos obscenos, perda da autocrítica, labilidade emocional, ilusões/alucinações, orientação, atenção, concentração, raciocínio lógico, julgamento e crítica, memória declarativa - memória - dados do prontuário (diagnóstico clínico) - resultados/laudos de exames complementares - conversar com a equipe Avaliação sensorial * Sistema somatosensorial - superficial: verifica o tato, temperatura e dor ⤷ lesão nervosa periférico: há o comprometimento de nervos periféricos em geral que passam as sensações, por isso é necessário usar um mapa de inervação periférica para testar toda seu trajeto e modalidades ou usar o estesiômetro ⤷ lesão medular: há o sistema anterolateral (tato grosso, dor e temperatura) e anteroposterior (propriocepção e trato fino), com isso testando apenas a dor e a propriocepção seguindo o mapa de dermátomos, pode ser usado a escala ASIA ⤷ lesão acima da medula: é mais confuso, o que tem se usado é testar todas as modalidades nos segmentos dividindo em partes - profundo: avalia a propriocepção, uma das maneiras usadas é avaliar todas as articulações no espaço pedindo para o paciente, de olhos fechados, informar se está sentindo mais no limite de flexão ou extensão; outra maneira é usando espelhos * Sistemas: - visual - auditivo - outros - auditivo - vestibular Avaliação motora - Reflexos - reflexos: não tratamos diretamente, mas podemos trabalhar o controle * Testes clássicos nos ponto tendíneos : arreflexia, hiporreflexia, normorreflexia e hiperreflexia - reflexos cutâneos: são pontos medulares que são ativados em casos de lesões e paralisia cerebral = teste de Babinski (lesão do trato piramidal) - reflexos tônicos: são de origem superior, muito comum em neuropediatria (como o reflexo do esgrimista), mas com desenvolvimento da criança eles são substituídos/reintegrados por reações de endireitamento (óptico, corpo sobre cabeça, cervical, corpo sobre corpo e labiríntico) em busca de equilíbrio e proteção ( integração da visão, s. vestibular e somatossensorial) para alcançar o movimento voluntário habilidoso ⤷ qualquer lesão que aconteça após os 2/3 anos de idade podem fazer com que reapareçam os reflexos tônicos que tinham sidos integrados, acabando com a capacidade de endireitamento do paciente e também de equilíbrio e proteção - por isso a intervenção precoce em casos de lesões SNC são fundamentais Avaliação motora - automáticos * Equilíbrio é a capacidade de ir até uma determinada posição, ficar/permanecer nessa posição, conseguir ter liberdade de movimento na posição e sair da posição * Avaliação de posturas e mudanças: pedir ao paciente fazer as trocas de decúbito e depois analisar - observar equilíbrio - reações de endireitamento - precisou de apoio ou não - dissociação - movimentos involuntários - reflexos tônicos que já deveriam estar inibidos - tem estratégias normais? * Ordem de estratégias de equilíbrio e proteção: tornozelo, quadril, passo e tronco/cabeça Avaliação motora - voluntários* Para avaliar os movimentos voluntários os tópicos avaliados envolvem: tônus, adm/excursão muscular, força/função muscular, transferências e funcionalidades/AVDs - tônus muscular: é resultado da ação de dos neurônios alfa e gama, todos nós temos um tônus basal e tônus de movimento, dividido em atonia, hipotonia, normotonia, hipertonia elástica e hipertonia plástica * Teste de tônus: é feito um movimento passivo rápido (por isso que para o tratamento é necessário um movimento passivo lento) - hipertonia elástica: causa uma resistência articular na extensão, travando o movimento; é classificado usando a escala de Ashworth modificada - hipertonia plástica: é muscular, gera resistência nos dois sentidos de movimento por conta da ação de agonista e antagonista (muito comum no Parkinson) * Teste de ADM: em neuro (casos globais) não é muito usado o goniômetro, mas sim observando se o grau de movimento é suficiente para ser funcional - o mais importante na neuro não é saber se o grau de ADM está completo ou não, mas sim a causa disso para direcionar a avaliação e tratamento em busca de melhora na função * Teste de força: faz os testes de força normalmente, mas ficando atento ao determinar o grau de força - o grau 3 de força é o que vence a gravidade, mas em caso de pacientes espásticos o músculo já age de modo antigravitacional - em pacientes hipertônicos pode não ser a força e sim a hipertonia que está fazendo alcançar um movimento grau 5 * Testes de transferências: são essenciais para a funcionalidade do paciente e é importante avaliar na realidade do paciente, por isso pacientes cadeirantes devem ser avaliados com sua transferência em relação à cadeira * Teste de AVDs: o mais utilizado e completo é a CIF * Testes coordenação: index - index, prono-supino