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SISTEMAS DIGITAIS DE RELATÓRIOS GERENCIAIS POR INDICADORES & BSC W BA 06 34 _v 1. 0 © 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Danielle Leite de Lemos Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Mariana Ricken Barbosa Priscila Pereira Silva Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Francisco Santos Sabbadini Editorial Alessandra Cristina Fahl Daniella Fernandes Haruze Manta Flávia Mello Magrini Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Godoi, Wagner da Costa G588s Sistemas digitais de relatórios gerenciais por indicadores & BSC/ Wagner da Costa Godoi – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2018. 125 p. ISBN 978-85-522-1076-4 1. Sistemas de informação gerencial. 2. Redes digitais de serviços integrados. I. Godoi, Wagner da Costa. Título CDD 330 Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2018 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ SISTEMAS DIGITAIS DE RELATÓRIOS GERENCIAIS POR INDICADORES & BSC SUMÁRIO Apresentação da disciplina .................................................................. ...... 4 Tema 01 ............................................................................................................ 6 Informação é poder Tema 02 .......................................................................................................... 23 Os sistemas de informação no meio empresarial Tema 03 .......................................................................................................... 39 Ferramentas de gestão de informações Tema 04 .......................................................................................................... 54 A importância de relatórios gerenciais Tema 05 .......................................................................................................... 72 Os principais relatórios gerenciais existentes Tema 06 .......................................................................................................... 90 Os principais KPIs e metas de um negócio Tema 07 ........................................................................................................ 107 Balanced Scorecard Tema 08 ........................................................................................................ 126 Ferramentas de gestão de produtividade e feedback Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 3 Apresentação da disciplina O objetivo desta disciplina é apresentar como a utilização correta da in- formação pode impactar a gestão nas mais diversas áreas de uma em- presa. Para isto, você irá estudar sobre a informação, desde seu fluxo de formação e suas características até sua utilização para gestão, por meio de relatórios gerenciais. Será apresentada a teoria de classificação entre os tipos de sistemas de informação, como eles interagem entre si e como podem produzir e ge- renciar informações de relevância para o contexto empresarial. Consonante a estes temas, a disciplina também apresentará as principais ferramentas voltadas para a gestão da informação e do conhecimento. Elucidará sobre quais são os principais relatórios gerenciais, e como es- tes devem ser construídos e utilizados. A partir destes relatórios, serão mostrados quais são os principais indicadores para auxílio à gestão: os chamados Key Performance Indicators (KPI) ou Indicadores Chaves para o melhor desempenho. Serão apresentados quais são os indicadores mais conhecidos, como utilizá-los, e quantos devem ser aplicados, sempre pau- tados na necessidade dos gestores. Será apresentado na disciplina, também, o Balanced Scorecard (BSC), con- siderado a principal ferramenta para análise e construção de estratégias da atualidade. A disciplina discutirá como o BSC alinha-se às metas e indi- cadores de um negócio, além de apresentar alguns outros métodos volta- dos à gestão e tomada de decisão. Assim, o objetivo principal desta disciplina é auxiliar você a compreender a importância dos Sistemas de Informação no contexto empresarial, de forma a conhecer as principais ferramentas voltadas a sistemas de infor- mação e a utilização de métodos que permitam aprimorar o processo de tomada de decisão gerencial. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 4 Vale ressaltar que, quando você estuda sobre informação, está realizan- do uma atividade que envolverá muita interdisciplinaridade, que também será uma característica desta disciplina. A informação atende a todos os setores de uma empresa e independe de sua formação profissional, sen- do criada e gerenciada a partir de vários setores, pessoas e ações que interagem entre si. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 5 TEMA 01 INFORMAÇÃO É PODER Objetivos • Conceituar os termos: dados, informação e conhecimento; • Compreender o processo de formação e utilização da informação; • Apresentar ao aluno as características que tornam a informação útil para fins gerenciais. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 6 Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 7 Introdução Várias expressões relacionadas à importância da informação têm sido re- petidas à exaustão, principalmente no meio empresarial. É certo que você já ouviu, ou mesmo já citou, algumas delas, tais como: “informação é po- der” ou “vivemos na era da informação”. E, de fato, estas expressões são verdadeiras! A informação representa um importante ativo intangível e estratégico para as empresas. Ou seja, trata-se de um bem que é essencial para atingir a melhor forma de gestão, e que pode representar a diferença entre ganhar ou perder em mercados cada vez mais competitivos e muito influencia- dos por fatores como a tecnologia, as decisões de clientes e concorrentes, dentre outras situações. Compreender o significado da informação, suas características e requisi- tos, e saber como utilizá-las, são fatores essenciais. A informação, quando bem utilizada, agregará de forma quantitativa e qualitativa nas empre- sas, pois pode levar a melhorias em processos. Estas melhorias podem impactar na qualidade dos produtos e serviços oferecidos, o que afetará a reputação e a imagem e nos relacionamentos da empresa. Tendo por consequências melhor produção, redução de perdas e, é claro, a obten- ção de melhores resultados econômicos e financeiros. Logo, quando uma mensagem é disponibilizada e chega de forma orde- nada, comunicando algo que agregará valor à empresa, então, é possível afirmar que informação é “poder”. PARA SABER MAIS A informação é um ativo intangível estrutural. Kayo (2002) apresenta uma taxonomia, isto é, uma classificação dos ati- vos intangíveis, sendo classificados em quatro tipos: Ativos Humanos, Ativos de Inovação, Ativos Estruturais e Ativos de Relacionamento. A informação e outros elementos como processos, sistemas de infor- mação, inteligência corporativa e de mercados, etc., são classificados como ativos estruturais, ou seja, essenciais na estrutura, compondo o alicerce das tomadas de decisões em uma empresa. 1. Dados, informação e conhecimento Em nosso dia a dia é comum ouvirmos ou mesmo afirmarmos que a “in- formação é poder”. Mas afinal, o que é informação? Talvez este questio- namento seja o passo essencial para se construir uma informação que seja útil para fins gerenciais. Sordi (2015, p. 9) destaca que a informação está intrinsecamente asso- ciada a outras duas entidades: os dados e o conhecimento. Sordi (2015, p. 9 e 10), Foina (2013, p. 3), Baltzan (2016, p. 8), dentre outros autores, evidenciam o seguinte fluxo: dados, informação e, por fim, conhecimento. 1.1 Os dados Baltzan (2016, p. 8) define dados como “fatos brutos que descrevem as características de um evento ou objeto”. Já Sordi (2015, p. 9) define dados como “coleções de evidências relevantes sobre um fato observado”. Os dados, na prática, representam aqueles elementos que precisam ser trabalhados, analisados, guardados e organizados, tais como os fatos descritos em notas fiscais de compra e venda, nas quais constam dados como a quantidade comprada ou vendida, o valor unitário e o valor total, os tributos incidentes naquela operação, a identificação do cliente ou do fornecedor, dentre outras possíveis observações. São dados, também, o conjunto de elementos necessários para se apurar uma folha de paga- mento: quem são os funcionários, se houve faltas, atrasos ou horas ex- tras; qual o valor a ser pago, qual valor será utilizado como base de cálculo Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 8 dos tributos que incidem sobre o salário, tais como o Imposto de Renda, dentre outras observações também possíveis de ocorrer. Os dados são a base para a construção da informação. ASSIMILE “Dados demais podem dificultar a identificação e a extração de signi- ficados que realmente importam” (DAVENPORT e PRUSAK, 1998, p. 3). Não há dúvidas que os dados são importantes no fluxo para a criação de uma informação de qualidade e útil. No entanto, uma grande quan- tidade de dados pode dificultar a informação por apresentar conjun- tos de dados fora de contexto, com erros ou mesmo erros duplicados, o que pode causar instabilidades nos sistemas de informação, quer em softwares ou nos hardwares. É importante que os dados coletados tenham o propósito de servir à construção da informação, sendo de- vidamente gerenciados. 1.2 A informação A informação é o resultado da organização dos dados, a partir de determi- nados parâmetros que permitem o processamento dos dados de forma a ordená-los. Ou como cita Baltzan (2016, p. 9), “informações são dados convertidos em um contexto significativo e útil”. A informação é apresentada, geralmente, em forma de um relatório no qual os dados que são significativos serão listados e processados, isto quer dizer que esses dados podem estar organizados segundo algum padrão ou mesmo apresentados de forma consolidada, isto é, resumidos, tam- bém segundo algum padrão determinado pela empresa. São informações, por exemplo, qual a quantidade de matéria-prima é comprada com mais frequência, ou qual é o tipo de cliente que mais consome a principal mer- cadoria vendida, o padrão de qualidade do seu fornecedor, qual a filial que apresenta a melhor relação entre custos e volume de vendas, etc. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 9 1.3 O conhecimento O conhecimento é a etapa seguinte à construção da informação. Várias são as definições encontradas na literatura, tais como a de Davenport e Prusak (1998): “conhecimento é a mistura fluida de experiência con- densada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para a avaliação e incorporação de novas ex- periências e informações”. Já Sordi (2015, p. 15) define o conhecimento como “o novo saber, resultante de análises e reflexões sobre informações segundo os valores e o modelo mental daquele que o desenvolve, propor- cionando-lhe melhor capacidade adaptativa às circunstâncias do mundo real”. E, também, Baltzan (2016, p. 11) destaca que: “conhecimento inclui habilidades, experiência e expertise, além de dados e informações, crian- do assim os recursos intelectuais de uma pessoa”. O conhecimento representa o uso das informações, e está atrelado ao aprendizado, ao uso da experiência pessoal e de equipe. Pode-se pensar também que, conforme a informação é utilizada, poderá ser realizada a criação de conhecimento. Ou seja, o surgimento de algo novo a partir de vários fatores envolvidos no processo de análise da informação. Em suma, o conhecimento também pode ser entendido como a interpretação da informação. LINK O artigo “Aplicabilidade da Competência em Informação e da Organização do Conhecimento no processo de Gestão da Informação”, de Ottonicar, Santos e Moraes (2017), apresenta um estudo que trata da gestão da informação e do conhecimento nas empresas, sua inter- disciplinaridade e iteração com as tecnologias, processos e etapas de organização da informação e do conhecimento. Disponível em: <http:// doi.org/10.20396/rdbci.v15i3.8649647>. Acesso em: 10 jun. 2018. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 10 [~--º- ª_d_o_s __ ~]---- - J..___'n_f_o_rm_a_ça_-º ___ L __ -•,.___ln_•_e_li-ge-~n_c_i_ª _ _,- - - - - - - - -+ Conhecimento _ . 1 r _ de negócios • Fatos brutos que descrevem as características de um evento ou objeto • Data do pedido • Quantidade vendida • Código do cl iente • Quantidade encomendada • Dados conver tidos em um contexto signi ficativo e útil • Produto mais vendido • Melhor cliente • Produto menos vendido • Pior cliente • Informações recolhidas a partir de várias fontes que analisam padrões, tendências e relaciona mentos para a tomada de decisão estratégica • Menor índice de vendas por semana em compa ração com as taxas de juros econômicos • Produto mais vendido por mês em relação à temporada esportiva e a vitórias e derrotas da equipe da cidade • Habilidades, experiência e conhecimento juntam -se à informação e inteli gência, o que cria os recursos intelectuais de uma pessoa • Optar por não demitir um representante de vendas cujo desempenho está abaixo da média por saber que a pessoa está passando por problemas familiares • Listar produtos que estão prestes a expirar primeiro no cardápio ou usá-los no prato especial do dia para girar os produtos 1.4 A tecnologia no fluxo da informação – a Inteligência de Negócios É um fato que hoje em dia grande parte dos dados estão contidos em meios digitais. São o que conhecemos como banco de dados. A tecnolo- gia, quando bem utilizada no contexto empresarial, pode auxiliar a me- lhorar a utilização das informações, o que pode implicar em um melhor uso e gestão do conhecimento e das decisões tomadas por uma empre- sa. O uso de tecnologia para auxiliar na tomada de decisões é denomi- nado de Business Intelligence (BI) ou Inteligência de Negócios. Segundo a autora Paige Baltzan (2016, p. 10), a “Inteligência de negócios ou Business Intelligence é a informação obtida a partir de múltiplas fontes, como for- necedores, clientes, concorrentes, parceiros e indústrias, que analisa pa- drões, tendências e relacionamentos para a tomada de decisão estratégi- ca”. A referida autora propõe o fluxo apresentado na Figura 1, no qual o uso da Inteligência de Negócios é o passo que faz a intermediação entre a informação e o conhecimento. Figura 1: Fluxo e diferença entre dados, informação, BI e conhecimento Fonte: Adaptado de Baltzan (2016, p. 8). Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 11 A figura evidencia como a tecnologia impacta na gestão da informação. O fluxo entre dados, informação e conhecimento, em conjunto com a Inteligência de Negócios, permite um melhor uso de métodos e ferramen- tas de gestão que auxiliam nas decisões. A Inteligência de Negócios, atrelada à tecnologia, representa o uso de sof- twares que auxiliam na leitura de indicadores e buscas de soluções e na evidenciação das principais características úteis para a informação que a empresa utiliza. 2. Características da informação Vários autores destacam aspectos e dimensões que devem estar presen- tes em uma informação de qualidade. De modo geral, estas característi- cas são consideradas por todos os autores citados, tendo, por vezes, ape- nas a denominação diferenciada. Por exemplo, temos a proposição de Davenport e Prusak (1998) que citam os requisitos essenciais da informa- ção: Disponibilidade, Integridade, Precisão, Rapidez, Formato apropriado, Flexibilidade e Excepcionalidade. Huang, Lee e Wang (1999) apresentam outras quinze dimensões, alinhadas em quatro categorias, sendo estas: Intrínseca, Acessibilidade, Contextual e Representacional. Já Baltzan (2016, p. 86) nos apresenta quatro características principais, sendo estas: Tipo de Informação, Atualidade da Informação, Qualidade da Informação e Governança da Informação. No Brasil, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis estabeleceu a nor- ma CPC 00 (R1) – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-financeiro, que estabelece as características quantitati- vas e qualitativas da informação contábil, que é uma importante fonte de informações gerenciais. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 12 2.1 Tipo de informação A informação pode ser classificada em dois tipos: transacional e analítica. A informação transacional é a informação presente em processos, que podem representar atividades específicas, ou mesmo um setor ou filial de uma empresa. Apoia e concede recursos para operações transacionais do dia a dia das empresas, tais como controles de estoque, vendas para determinados clientes, etc. A informação analítica visa auxiliar as atividades gerenciais, quer no nível intermediário ou no alto escalão da empresa. São informações oriundas de fontes internas e externas e, na maioria das vezes, apresentadas de forma consolidada e alinhada a métodos de planejamento tático e estratégico. PARA SABER MAIS A boa informação influencia em todos os níveis de planejamento de uma empresa. Temos o nível estratégico, no qual toda a empresa é envolvida. As de- cisões e planejamentos tomados pela alta gerência, em geral, geram impacto de longo prazo. No nível do planejamento tático, áreas específicas são atingidas. São decisões e planejamentos tomados pela média gerência, como os su- pervisores e chefes de departamentos. Geram impacto no médio prazo. Já o planejamento operacional envolve atividade ou função, ou mesmo equipamento. São decisões e planejamentos tomados pelo supervisor imediato ou mesmo pelo próprio funcionário, e apresentam impacto no curto prazo. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 13 2.2 Atualidade da informação Uma informação útil é aquela que chega em tempo hábil. Ou seja, é a informação que possui tempestividade, que é atual para se embasar de- cisões e operações. Com o advento do avanço das tecnologias da infor- mação, é cada vez mais comum que algumas informações sejam obtidas em tempo real. Essa é uma importante característica, mas que pode apre- sentar várias limitações, tais como erros nos dados, limitações de acesso à tecnologia, ou mesmo restrições que tornam a sua tempestividade ajus- tável conforme a necessidade da empresa. Portanto, o tempo adequado para se utilizar uma informação pode variar conforme as necessidades da empresa. Talvez informações relacionadas a compras possam ser analisadas de forma mensal para uma empresa, porém outra precisa analisar e tomar decisões em períodos semanais. A necessidade temporal precisa nortear esta importante característica. 2.3 Qualidade da informação A qualidade de uma informação também é dependente das necessida- des que esta deve prover. Ou seja, que tipo de apoio a gerência precisa obter com a informação que lhe é transmitida. Esta condição confere um elemento subjetivo ao conceito de qualidade, já que um determinado re- latório pode ser adequado para a produção do produto X, e não tão boa assim para o produto Y. Apesar desta condição, a qualidade da informação apresenta ao menos cinco elementos, ou características, que lhe conferem qualidade, qualquer que seja seu objetivo: a informação deve ser precisa, completa, consistente, atual e única. A Figura 2 elenca estes cinco elementos, ou características, da qualidade da informação. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 14 1 Completa 1 Con imnte Única • Existe um valor incorreto na informação? ·• Exemplo: O nome foi digita do corretamente? O valor ~m dólares foi registrado • Algum valor está faltando na informação? • Exemplo: O endereço está completo, incluindo rua, cidade, estado e CEP? • A informação agregada ou resumida está de acordo com a informação detalhada? • Exemplo: O total de todas as colunas é equivalente ao total real do item individual? • A informação é atual no que diz respeito às necessidades de negócios? • Exemplo: As informações são atualizadas semanalmente, diariamente ou a cada hora? • Cada transação e evento estão representados apenas uma vez na informação? • Exemplo: Existem clientes duplicados? Figura 2: Elementos da qualidade da informação Fonte: Adaptado de Baltzan (2016, p. 88). Portanto, a informação é precisa: quando os dados são registrados de forma correta; completa: não faltam dados, e a informação é disponibili- zada de forma completa. Completa não quer dizer exageradamente deta- lhada, mas que é objetiva e comunica de forma adequada. Consistente: está alinhada à informação detalhada, de modo a refleti-la, tem mate- rialidade; atual: fornecida com a tempestividade adequada. E, por fim, única, sendo apresentada de forma correta, sem eventuais ausências ou duplicações nos dados ou nas informações. 2.4 Governança da informação “A informação é um recurso vital e os usuários precisam aprender o que po- dem e o que não podem fazer com ela” (BALTZAN, 2016, p. 90). A informação, como citado na introdução do capítulo, representa um importante patrimônio das empresas. São ativos intangíveis de alto valor e importante para muitas Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 15 ações e decisões. São necessários procedimentos para salvaguardar muitas destas informações, bem como outras normas sobre como elas podem ser utilizadas e divulgadas pelos diversos níveis e setores de uma empresa. 3. Preditividade – uma importante função Preditividade significa a capacidade de prever, ou antever, algum fato. No meio empresarial e alinhada ao uso da informação, podemos dizer que uma informação gerencial poderá ser aplicada de forma a prever situa- ções, o que auxilia nos planejamentos. Não se trata de um exercício de “futurologia” ou suposições, mas sim do uso da informação atrelada a téc- nicas e métodos gerenciais para buscar prever ações e reações de merca- do, e assim tomar a melhor decisão. Por exemplo, uma informação bem estruturada e alicerçada em dados de qualidade permite prever qual o comportamento da demanda em si- tuações de sazonalidade. Ou qual preço será adequado para promoções em que se realize o uso da elasticidade cruzada da demanda, ou se será adequado investir recursos na ampliação ou instalação de uma nova loja em uma determinada cidade, dentre outras possíveis ações. EXEMPLIFICANDO Dos dados para a informação útil, para o conhecimento e toma- da de decisão. Imagine-se como responsável pelo controle de estoques de uma em- presa. Sabemos que o fornecedor descarrega as matérias-primas, que foram adquiridas e entregues com todas as suas descrições contidas em uma Nota Fiscal. São dados aspectos como o tipo de matéria-prima ad- quirido, qual o fornecedor, qual a quantidade adquirida, dentre outros. Estes dados são lançados em seu sistema de controle de estoques. Por sua vez, o sistema fornece ao planejamento e controle de produção a Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 16 quantidade de materiais existentes e, com estas informações consoli- dadas, é possível planejar a produção. O sistema também informa ao setor de compras sobre como anda o consumo da matéria-prima, des- sa forma podendo realizar novos pedidos de compras em um ritmo que não leve a falta de material estocado. As gerências de compras e produção utilizam a informação para tomar decisões. Estas informações podem ainda alimentar relatórios maiores e mais consolidados, que cruzem outras informações internas (como os cus- tos, tempo de produção, etc.) com informações externas, como a de- manda daquele produto, assim os gestores de nível estratégico podem tomar decisões envolvendo expectativas de mercado, como produzir em maior ou menor quantidade e tentar abranger novos mercados com a instalação de uma nova filial ou planta industrial. QUESTÃO PARA REFLEXÃO O avanço da internet é comumente referenciado como algo que trouxe “muito mais informações à nossa disposição”. Considerando o que você estudou nesta aula, será mesmo que podemos afirmar que a internet nos dá informação? Pense nas suas necessidades de informação como aluno de pós-graduação e em como você obtém informação realmente útil da internet. Será que basta apenas uma pesquisa simples para se obter uma informação de qualidade? Ou será necessário filtrar melhor seus termos de busca ou mesmo sites de pesquisas? Imagine a mesma situação no âmbito empresarial e pense na co- locação feita por Davenport e Prusak (1998, p. 3): “dados demais podem dificultar a identificação e a extração de significados que realmente importam”. Será que um número gigantesco de dados realmente garantirá a qualidade, tempestividade e governança da informação? Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 17 4. Considerações finais • A informação segue um fluxo, que começa com a coleta dos dados. Os dados organizados, norteados por um padrão, tornam-se infor- mação. O uso adequado da informação é o conhecimento. • São quatro as características da informação útil: quanto ao tipo (transacional ou analítica), atualizada (ter tempestividade), ter qua- lidade (Precisa, Completa, Consistente, Atual e Única) e apresentar Governabilidade (como é gerenciada, o modo como é utilizada segundo determinações da empresa). • A Preditividade é uma importante função da informação. Utiliza-se de dados históricos que, aplicado a técnicas e métodos de gestão, auxiliam a predizer ações e traçar planos táticos e estratégicos. • A tecnologia da informação deve auxiliar na tomada de decisões. É a denominada Business Intelligence ou Inteligência de Negócios. • Portanto, informação útil representa valor, sendo reconhecida como um importante ativo intangível das empresas. Glossário • Ativo Intangível: são bens (patrimônio) sem forma física que uma empresa possui. Em geral estão associados ao uso e criação do conhecimento, tais como marcas, patentes, dentre outras origens como os de relacionamento (carteira de clientes), dentre outros. Apesar de não possuírem forma física, podem apresentar valor econômico, por vezes, muito maior que a soma dos ativos físicos. • Consolidado: que está representado em uma estrutura sólida. No âmbito empresarial ganha sentido de informação que está Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 18 resumida, no entanto formada a partir de uma base de dados sóli- da, portanto, de qualidade. • Materialidade: quando a informação é obtida por meios consis- tentes e representa a veracidade de um fato. Mesmo apresentada de forma resumida ou consolidada, não há a perda de aspectos importantes para o uso da informação. VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 01 1. Analise as afirmativas a seguir que se relacionam aos da- dos, informação, inteligência de negócios e conhecimento. I. Fatos brutos que descrevem características; II. Habilidades, experiências, decisão; III. Dados convertidos em um contexto útil e significativo; IV. Informações de várias fontes para analisar padrões e relacionamentos. Considerando as afirmativas apresentadas, aponte aquela que corresponde às definições e usos corretos: a) I – Dados; II – Informação; III – Conhecimento; IV – Inteligência de Negócios. b) I – Dados; II – Conhecimento; III – Informação; IV – Inteligência de Negócios. c) I – Dados; II – Informação; III – Inteligência de Negócios; IV – Conhecimento. d) I – Informação; II – Dados; III – Conhecimento; IV – Inteligência de Negócios. e) I – Informação; II – Dados; III – Inteligência de Negócios; Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 19 IV - Conhecimento. 2. Para que uma informação seja de qualidade, são necessá- rios os seguintes elementos: a) Precisa; Completa; Consistente; Atual e Única. b) Ser classificada como transacional ou analítica. c) Formada pela consolidação de dados. d) Precisa; Tempestiva; Transacional e Analítica. e) Que existam procedimentos para salvaguardar a sua utilização. 3. Quando uma informação é disponibilizada em tempo há- bil, podemos afirmar que esta possui: a) Informação única. b) Informação consistente. c) Tempestividade. d) Elasticidade. e) Informação completa. Referências Bibliográficas BALTZAN, Paige. Tecnologia Orientada para Gestão. 6. ed. Curitiba: AMGH, 2016. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento conceitual básico (R1) para elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2016. DAVENPORT, Thomas H.; PRUSAK, Laurence. Conhecimento Empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998. FOINA, Paulo Rogerio. Tecnologia de Informação: planejamento e gestão. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 20 HUANG, KuanTsae; LEE, Yang W.; WANG, Richard Y. Quality Information and Knowledge. New Jersey: Prentice-Hall, 1999. KAYO, Eduardo Kazuo. A estrutura de capital e o risco das empresas tangível e intangível-intensivas: uma contribuição ao estudo da valoração de empresas. 110 p. Tese (Doutorado em Administração). Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. OTTONICAR, Selma Leticia Capinzaiki; SANTOS, Beatriz Rosa Pinheiro dos; MORAES, Isabela Santana de. Aplicabilidade da Competência em Informação e da Organização do Conhecimento no processo de Gestão da Informação. RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, SP, v. 15, n. 3, p. 629- 646, jul. 2017. ISSN 1678-765X. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ ojs/index.php/rdbci/article/view/8649647>. Acesso em: 10 jun. 2018. doi: https://doi. org/10.20396/rdbci.v15i3.8649647. SORDI, José Osvaldo D. Administração da Informação - Fundamentos e práticas para uma nova gestão do conhecimento. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. Gabarito – Tema 01 Questão 1 – Resposta: B Resolução: as quatro afirmativas apresentadas, pela ordem, corres- pondem à definição de: I. Fatos brutos que descrevem características: Dados; II. Habilidades, experiências, decisão: Conhecimento; III. Dados convertidos em um contexto útil e significativo: Informação; IV. Informações de várias fontes para analisar padrões e relaciona- mentos: Inteligência de Negócios. Questão 2 – Resposta: A Resolução: Precisa: Quando os dados são registrados de forma cor- reta; Completa: Não faltam dados, e a informação é disponibiliza- da de forma completa. Completa não quer dizer, exageradamente Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 21 detalhada; Consistente: Está alinhada à informação detalhada, de modo a refleti-la, tem materialidade a informação; Atual: Fornecida com a tempestividade adequada; e Única: Aponta que os dados es- tão registrados de forma correta, sem duplicações ou ausências. Questão 3 – Resposta: C Resolução: Uma informação que chega ao gestor em tempo adequa- do para se analisar e embasar decisões é uma informação que apre- senta tempestividade. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 22 TEMA 02 OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO MEIO EMPRESARIAL Objetivos • Apresentar a definição de sistemas, a partir da Teoria Geral dos Sistemas; • Apresentar as partes componentes e a categorização dos sistemas de informação computacional; • Apresentar os tipos de Sistemas de Informação (SI) e sua relação com os níveis gerenciais e organizacio- nais de uma empresa. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 23 Introdução Os Sistemas de Informação (SI) são vitais para o meio empresarial. E a in- formação, como você viu na unidade anterior, é um importante patrimô- nio para a empresa que representa, inclusive, valor e poder para tomada de decisões. Nesse sentido, um SI deve auxiliar os gestores a, justamente, criar, ge- renciar e tomar decisões. De outro modo, os SI devem permitir o proces- samento dos dados, a criação e gestão da informação, e sua utilização através da interação entre a inteligência de negócios e a gestão do conhe- cimento, que é a interpretação e utilização prática da informação para tomada de decisões. Nesta unidade você irá estudar o conceito de sistema, e verá que quando aplicamos o termo “sistema de informação” no meio empresarial não fa- lamos somente do uso de softwares ou hardwares, mas de um conjunto de elementos que inclui, também, as pessoas e os procedimentos que são necessários para se trabalhar os dados e utilizar a informação. Você aprenderá que existem premissas básicas que todo e qualquer sis- tema atende. Serão apresentados as categorias e os tipos de sistemas de informações utilizados no meio empresarial. Isto é, como são classifica- dos pela literatura, suas funções e apoio nos níveis organizacionais; como trabalham o armazenamento e organização dos dados; como filtram, consolidam e produzem informação e conhecimento; e, como os tipos de sistemas interagem entre si no uso dos dados e informações. 1. Definição de sistemas Um sistema, segundo Resende (2013, p. 1), é o “conjunto de partes que interagem entre si, integrando-se para atingir um objetivo ou resultado; Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 24 partes interagentes e interdependentes que formam um todo unitário com determinados objetivos e efetuam determinadas funções”. A definição anteriormente apresentada é bastante abrangente. Portanto, vários “conjuntos de partes” que estão a nossa volta, e muitos com os quais interagimos, são sistemas. Podemos listar como exemplos de siste- mas muitas funções realizadas por nosso corpo, como o sistema respira- tório, sistema nervoso e sistema circulatório. O trânsito também representa um sistema coordenado. Há sinalizações de vários tipos que indicam aspectos como o fluxo de veículos, permissão ou não para estacionar, alternância de movimento, etc. O próprio auto- móvel representa um conjunto de sistemas (elétrico, hidráulico, mecâni- co) e, é claro, há os sistemas computacionais que envolvem softwares, hardwares e pessoas para operá-los. Outros vários exemplos podem ser lembrados, sempre relacionados a toda e qualquer atividade que possamos pensar. Perceba com isto que os sistemas possuem vários conjuntos e partes, como citado na definição apresentada. É interessante observar que todo e qualquer sistema apre- senta três premissas básicas: • Premissa um: Os sistemas existem dentro de sistemas. Ou seja, há a existência de subsistemas. Pense no automóvel. O motorista é parte desse sistema. Os recursos de segurança são um subsistema do veículo, assim como o motor, as partes e funções elétricas. E perceba que o veículo, sendo um sistema, é parte de um conjunto ainda maior, que é o trânsito de toda a cidade. • Premissa dois: Os sistemas são abertos. Isto quer dizer que todo e qualquer sistema interage com o meio ambiente em que se situa. Seus sistemas vitais, por exemplo, in- teragem com o oxigênio da atmosfera, com a água e outros Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 25 alimentos consumidos. E por sua vez, você, como pessoa, pode in- terferir na natureza. • Premissa três: As funções de um sistema dependem de sua estrutura. Ou seja, o que o sistema irá produzir, dependerá de qual seja o seu objetivo. Portanto, pensando em sistemas de informação, fica nítido que toda sua estrutura será montada para que as funções que reali- zem possam produzir a informação que é desejada ou determinada. PARA SABER MAIS A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) é uma teoria da ciência da admi- nistração (RESENDE, 2013, p. 3). Porém, surge a partir dos trabalhos publicados por Ludwig Von Bertalanffy, que era biólogo. Conforme Chiavenato (2014, p. 469), “a TGS não busca solucionar problemas ou tentar soluções práticas, mas produzir teorias e formulações concei- tuais para aplicações na realidade empírica”. Recomenda-se a leitura do capítulo 17 do livro Introdução à Teoria Geral da Administração, de Chiavenato, citado nas referências bibliográficas desta unidade, e que trata da Teoria dos Sistemas na Administração. 1.1 As Partes de um Sistema de Informação (SI) Vimos que, por definição, sistemas são formados por conjuntos de partes que interagem. Quanto aos sistemas computacionais, as partes que com- põem um Sistema de Informação, são: • Software; • Hardware; • Pessoas; e, • Procedimentos. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 26 Perceba que a interação ocorre quando o software (intangível) está ins- talado em um hardware (físico). Ambos, físico e intangível, podem até ser considerados de grande qualidade quando analisados de forma isolada, mas é somente quando interagem (software instalado no hardware ade- quado) que tornam-se úteis. Do mesmo modo, as pessoas são essenciais e fazem parte do SI. Observe que mesmo com o avanço das tecnologias, nem todos os procedimentos são totalmente automáticos. E mesmo que muitos o sejam, é necessário que uma pessoa (ou várias) atue de forma a parametrizar o sistema, além de alimentá-lo com dados e também utilizá-lo para interpretar a informa- ção gerada. Por sua vez, as pessoas precisam seguir determinados proce- dimentos para operar de forma adequada o SI. Além da operação, os procedimentos também serão necessários para ga- rantir uma importante característica da informação, que estudamos na unidade anterior: A Governança da Informação. Ou seja, os procedimen- tos são necessários tanto para operar como para salvaguardar as infor- mações contidas em um sistema. 1.2 Categorias de sistemas de informação Os sistemas de informação podem ser categorizados em dois grupos: Sistemas Técnicos e Sistemas Sócio-Técnicos. Sistemas técnicos são sistemas computacionais que operam apenas com as partes software e hardware. Ou seja, executam alguma função sem a necessidade ou com pouca intervenção humana, portanto, podem funcio- nar de forma automática. Exemplos comuns destes tipos de sistemas são os aplicativos de smartphones, tais como os aplicativos destinados à exe- cução de músicas, por exemplo. Após um primeiro comando, as músicas são executadas em modo automático. Os aparelhos de TV digital também apresentam sistemas técnicos para a execução de suas programações. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 27 Já os sistemas sócio-técnicos são aqueles em que todas as partes de um sistema de informação estão envolvidas: software, hardware, pessoas e procedimentos. Os sistemas de informação destinados a funções empre- sariais serão sempre sistemas sócio-técnicos. Esta categoria de sistemas depende da interação entre as partes envolvidas e apresentam um obje- tivo definido. 2. Tipos de sistemas de informação Yu (2011, p. 224) destaca que “os sistemas de informação são comu- mente classificados em termos dos vários objetivos e finalidades a que se prestam”. Os sistemas de informação computacionais são apresentados em quatro classificações: • Sistemas de Processamento de Transações (SPT), também denomi- nados de Transaction Processing System (TPS); • Sistemas de Informações Gerenciais (SIG), também denominados por Management Information System (MIS); • Sistemas de Apoio à Decisão (SAD), também denominados por Decision Support Systems (DSS); e, • Sistemas de Apoio aos Executivos (SAE), também denominados por Executive Support System (ESS). 2.1 Os Sistemas de Processamento de Transações (SPT) Os SPT são a base para a construção da informação. Como seu nome su- gere, são sistemas destinados a processar e armazenar os dados. São sis- temas que auxiliam na realização das atividades operacionais do dia a dia das empresas. Realizam funções gerais de cadastro dos dados tais como valores, nomes, códigos, etc. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 28 São exemplos de SPT: sistemas de folha de pagamento, de cadastro de clientes, de registro de fatos contábeis, dentre outros. 2.2 Os Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) OS SIG são sistemas, ou subsistemas, destinados à produção de informa- ções. Ou seja, são capazes de filtrar, consolidar ou calcular aspectos a par- tir dos dados registrados nos SPT. São normalmente classificados como sistemas que atendem ao nível gerencial tático, ou seja, auxilia na decisão dos gestores de departamentos ou gerentes intermediários. Na prática, eles podem atuar nos três níveis gerenciais (estratégico, tático e operacional), como forma de apoiar outros relatórios e decisões. Em geral apresentam-se como relatórios com uma formatação pré-definida, ou seja, há uma estrutura padrão a ser seguida, que auxilia a entender aspectos e desempenhos atuais e passados da empresa, como por exem- plo: indicadores contábeis e de vendas podem conter informações textu- ais ou gráficas. São exemplos de SIG: gestão de pessoal, análise de fluxo de caixa, contro- les de produção, etc. PARA SABER MAIS Os ERP, sigla que significa Enterprise Resource Planning, que em por- tuguês significa Sistemas de Gestão Empresarial ou Integrada, são sof- twares que integram vários subsistemas do tipo SPT. E por sua vez, também possuem recursos de criação de relatórios e interações ge- renciais dos níveis SIG e SAD, podendo atender também os SAE. 2.3 Os Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) Os SAD são destinados a apoiar as gerências de nível tático, podendo também ser utilizados no nível estratégico. Além dos dados colhidos dos Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 29 SPT internos (banco de dados), podem interagir com informações e da- dos externos. Os SAD podem trabalhar na criação de modelos, cálculos e análise de in- dicadores. Apresentam relatórios consolidados, textuais e gráficos. Aqui podem ser utilizadas ferramentas e métodos de apoio à decisão e cria- ção de estratégias, tais como métodos de análise estatística, como os de planejamento de experimentos, de decisões multicritério, matriz SWOT, dentre outras. São exemplos de informações geradas pelo SAD: determinação de pre- ço e demanda da análise de alocação de recursos (financeiros, humanos, equipamentos, etc.), dentre outras situações. 2.4 Os Sistemas de Apoio aos Executivos (SAE) Os SAE representam sistemas que devem apoiar as decisões em nível es- tratégico da empresa, aquelas que geram impactos em longo prazo e to- madas pela alta gerência. Criam informações a partir do banco de dados internos (criado no SPT) e informações externas, tais como dados extra- ídos do mercado, além de poder considerar outras possíveis variáveis, a partir das análises e determinações feitas pelos gestores. Em geral, possuem interface de fácil utilização e geram informações con- solidadas e de forma gráfica, podendo ser complementadas por texto, tais como indicadores, informações externas e relatos de outros gestores. Assim como no SAD, várias ferramentas de apoio à decisão e criação de es- tratégias podem ser entendidas como SAE, tais como o Balanced Scorecard (BSC), Planejamento de Experimentos, análise de indicadores, dentro ou- tros métodos gerenciais. São exemplos de SAE: análise e decisão sobre orçamentos institucionais, análises de investimentos, decisão sobre a implantação de novas filiais, etc. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 30 Sstemasde \ apoio a decisõe (Sà.D}/ Processamento de dadose modelagem Tático ou Gerencial Operacional Pmd,çao D !>< D Ma~ell,g f ""'ª' D Veoda, LINK O artigo “O Uso do Business Intelligence (BI) em Sistemas de Apoio à Tomada de Decisão Estratégica”, de Silva, Silva e Gomes (2016), apre- senta um estudo sobre como o BI, ou inteligência de negócios, auxilia na tomada de decisão nos níveis tático e estratégico (SAD e SAE). O es- tudo mostra que as pesquisas em BI têm crescido ao longo dos anos. Disponível em: <http://www.revistageintec.net/index.php/revista/arti- cle/view/726/630>. Acesso em: 11 jun. 2018. 2.5 A integração entre os tipos de SI e os níveis hierárquicos e divisões de uma empresa A Figura 1 demonstra a integração entre os Sistemas de Informação e como se correlacionam com os níveis gerenciais (estratégico, tático e ope- racional) e divisões de atividades de uma empresa. Figura 1 – Sistemas de Informação e a Estrutura Organizacional Fonte: Adaptado de YU (2013, p.227). Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 31 Note que a Figura 1 apresenta, em sua base, cinco divisões: Produção, RH, Marketing, Finanças e Vendas. Esta é a estrutura clássica em que as em- presas se dividem. Na prática essas divisões estruturais podem estar ou não bem definidas, pois podemos ter maiores divisões (finanças e conta- bilidade, por exemplo, podem representar departamentos diferentes) ou situações em que algumas destas áreas sejam conjuntas. Ao lado direito da pirâmide temos as divisões em níveis gerenciais: Estratégico, representando a alta gerência. Nível Tático, que é o nível da gestão intermediária e departamental, e o nível Operacional, onde o tra- balho propriamente dito acontece, e as decisões são mais próximas às operações e transações diárias. Dentro da pirâmide temos a correlação entre SI e níveis gerenciais. Como já comentado anteriormente: SPT para atividades operacionais; SIG e SAD no nível tático e SAE para atender ao nível estratégico. Na prática as divisões e atribuições dos sistemas também não são tão definidas ou limitadas como na figura. Por exemplo: em geral um sistema SPT já vem equipado com recursos que permitem gerar relatórios con- solidados, textuais ou gráficos, que atendam ao nível SIG, ou mesmo os níveis maiores. Portanto, um SPT pode possuir recursos que atendam aos demais níveis gerenciais. Da mesma forma, os relatos gerados em níveis SIG ou SAD podem apoiar ações no nível estratégico, ao informar detalhes essenciais para um proje- to, ou mesmo auxiliar nas tarefas operacionais, já que os relatórios destes níveis podem auxiliar no trabalho de conferência e consequente gestão da qualidade dos dados trabalhados no nível SPT. Os SAE, assim como os demais, são alimentados por informações inter- nas e externas, e visa auxiliar o alto escalão em suas decisões. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 32 ASSIMILE Na prática, os sistemas SPT, SIG, SAD e mesmo o SAE podem represen- tar subsistemas de um SI maior, no qual o SPT representa as funções de registro e lançamento de dados. E SIG, SAD e SAE são integrados como funções que geram telas, relatórios a serem impressos e cálcu- los e avaliação de indicadores. Ou então, pode-se realizar a integração de informações através de métodos voltados para a análise de gestão tais como a análise SWOT ou o método AHP, tendo informações im- portadas ou lançadas em outros softwares. EXEMPLIFICANDO Considere o setor de contabilidade de sua empresa: neste departa- mento os dados contidos em documentos como as notas fiscais (de compra e vendas), as informações financeiras relacionadas à folha de pagamento (salários, encargos, etc.), os controles de fornecedores a pagar e de clientes a receber, uso de bens patrimoniais, entre outros, são classificados e lançados dentro de um sistema ou subsistema. Este é o SPT contábil. As informações extraídas dos dados contábeis geram as demonstra- ções contábeis ou financeiras, que atendem às necessidades dos exe- cutivos em nível tático, pois podem controlar informações como o flu- xo de caixa, os valores existentes em estoques, as receitas e custos. São relatórios (SIG e SAD) os balancetes, gráficos sobre lucros, etc. E ao serem trabalhados e consolidados em indicadores e métodos es- tratégicos, as informações oriundas da contabilidade podem embasar questões como previsões orçamentárias e decisões de investimentos, aquisições, entre outras, como um sistema SAE, apoiando as decisões dos altos executivos. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 33 QUESTÃO PARA REFLEXÃO Vimos que os SI, sendo sistemas sócio-técnicos, são compostos por quatro partes: software, hardware, pessoas e procedimentos. Imagine-se como gestor de informações uma empresa na qual as par- tes de software e hardware são considerados de qualidade e aten- dem às necessidades diárias de todos os departamentos, e que os procedimentos também estão bem montados, claros, de fácil acesso e interpretação e assumem bem a função de governança das infor- mações. Pense agora na importância das pessoas e como elas atuam no Sistema de Informação. Várias questões podem ser levantadas a partir desta interação, tais como a qualidade do treinamento que estas pessoas possuem para operar de modo adequado os sistemas, quer nos SPT ou no uso das informações nos demais níveis gerenciais. Pois bem, considere quais seriam as formações e conhecimentos necessários para cada depar- tamento da empresa. Pense, também, na questão da ética e como ela deve ser trabalhada na empresa para que as informações sejam devidamente protegidas. Caso já tenha vivência com SI, use sua experiência para pensar em como as pessoas podem ser vistas como protagonistas no uso dos SI propriamente ditos e como podem interferir de modo positivo ou negativo nas informações gerenciais. 3. Considerações finais • Sistemas representam o conjunto de partes que interagem entre si e que apresentam três premissas básicas: existem sis- temas dentro de sistemas – são os subsistemas; os sistemas são Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 34 abertos: interagem com o meio em que se encontram; e suas fun- ções são determinadas por sua estrutura: logo, um sistema irá produzir aquilo para o qual foi estruturado ou planejado. Tudo o que está a nossa volta representa sistemas e subsistemas que interagem com o meio e realizam as funções para as quais foram estruturados. • Quanto aos Sistemas de Informações (SI) que são computacionais, estes são compostos por quatro partes que interagem: Software, Hardware, Pessoas e Procedimentos. Com isto podemos afirmar que os SI empresariais são sistemas sócio-técnicos. • Os SI empresariais são apresentados em quatro tipos: Sistemas de Processamento de Transações (SPT), Sistemas de Informações Gerenciais (SIG), Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) e Sistemas de Apoio aos Executivos (SAE). • Todos os tipos de SI empresariais interagem com todos os níveis gerenciais (estratégico, tático e operacional), pois se utilizam de informações geradas e trabalhadas entre si. Em geral os SPT realizam atividades operacionais quanto ao armazenamento de dados, SIG e SAD já representam relatórios que consolidam informações extraídas do banco de dados, podendo utilizar ele- mentos externos. E os SAE trabalham as informações oriundas do SIG e SAD em modelos e métodos que auxiliam a criação e execução de estratégias. • Métodos e ferramentas gerenciais, como matriz SWOT, métodos estatísticos, como o planejamento de experimentos, métodos mul- ticritérios, dentre outros, podem atender às necessidades dos níveis tático e estratégico, e representar, com a integração entre as infor- mações, sistemas ou subsistemas SIG, SAD e SAE. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 35 Glossário • Indicadores: representam algum tipo de métrica (em geral quanti- tativa) que se utiliza para medir e comparar determinadas situações. • Parametrizar:definir parâmetros, determinar valores ou condições que devem ser seguidas e que irão pautar algum procedimento. • Premissa: representa uma proposição. É uma condição que fun- damenta algo. VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 02 1. Das afirmativas abaixo, quais podemos compreender como sistemas? I. Sistema solar. II. Sistema respiratório. III. Linhas de metrô e trens. IV. Software de controle de contas a pagar e a receber. Assinale a alternativa correta: a) I e II estão corretas. b) II e IV estão corretas. c) I, II e IV estão corretas. d) I e III estão corretas. e) Todas estão corretas. 2. Por que “pessoas” e “procedimentos” são partes de um Sistema de Informação? a) Apenas nos níveis SPT é necessária a atuação de pes- soas e estabelecimento de procedimentos. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 36 b) Pessoas e procedimentos não representam partes essenciais de um SI, podendo ser substituídos pela Inteligência de Negócios. c) Sendo sistemas técnicos, os SI não precisam ser ope- rados por pessoas, salvo pequenas interações para iniciar a execução de procedimentos automáticos. d) Sendo sistemas sócio-técnicos, os SI não precisam ser operados ou parametrizados por pessoas. Sendo desnecessários procedimentos específicos tais como manuais ou regras para proteger a informação. e) Sendo sistemas sócio-técnicos, os SI precisam ser operados ou parametrizados por pessoas, que devem seguir determinadas normas para realizarem a correta operação do sistema, bem como para pro- teger os dados e informações armazenados. 3. Com relação aos tipos de SI, podemos afirmar que: a) SIG e SAD atuam no registro de dados, SAE no nível de decisões intermediárias e o SPT apoia as decisões na alta gerência das empresas. b) SAE atua no registro de dados, SIG e SAD no nível de decisões intermediárias e SPT apoia as decisões na alta gerência das empresas. c) SPT atua no registro de dados, SIG e SAD no nível de decisões intermediárias e o SAE apoia as decisões na alta gerência das empresas. d) SPT atua no registro de dados, SAE no nível de deci- sões intermediárias e o SPT apoia as decisões na alta gerência das empresas. e) SIG e SAD atuam no registro de dados, SPT no nível de decisões intermediárias e o SAE apoia as decisões na alta gerência das empresas. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 37 Referências Bibliográficas CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 9. ed. Cidade: Manole, 2014. RESENDE, Denis Alcides. Sistemas de Informações Organizacionais: guia prático para projetos em cursos de administração, contabilidade e informática. 5. ed. Cidade: Atlas, 2013. SILVA, Rafaela Alexandre da; SILVA, Fernando Cesar Almeida; GOMES, Carlos Francisco Simões. O Uso do Business Intelligence (BI) em Sistema de Apoio à Tomada de Decisão Estratégica. Revista Gestão Inovação e Tecnologias, [s.l.], v. 6, n. 1, p. 2780-2798, 27 mar. 2016. YU, Abraham Sin O. Tomada de Decisão nas Organizações. São Paulo: Saraiva, 2011. Gabarito – Tema 02 Questão 1 – Resposta: E Resolução: Todas as quatro afirmativas estão corretas. Todas aten- dem as três premissas básicas dos sistemas. Questão 2 - Resposta: E Resolução: As pessoas e os procedimentos são partes de um Sistema de Informação, pois atuam em várias partes do processo, desde o tratamento e registro dos dados até as análises das informações em nível estratégico. Os procedimentos são necessários como forma de garantir qualidade, veracidade e a segurança das informações. Questão 3 – Resposta: C Resolução: Conforme as classificações teóricas sobre os sistemas de informações empresariais, temos o SPT para registrar os dados (ní- vel operacional), SIG e SAD apresentam informações que tendem a apoiar as gerências intermediárias (nível tático), e o SAE como recur- so que auxilia na tomada de decisões no nível estratégico. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 38 TEMA 03 FERRAMENTAS DE GESTÃO DE INFORMAÇÕES Objetivos • Conceituar gestão da informação; • Demonstrar o uso da informação e a infraestrutu- ra necessária para a Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC); • Apresentar o framework COBIT. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 39 Introdução A gerência da informação, assim como outros departamentos e patrimô- nios de uma empresa, pode ser apoiada em métodos e ferramentas que auxiliam no controle da gestão e da governança da informação. Na unidade que inicia você verá o conceito de gestão da informação e sua integração com os Sistemas de Informação e como é utilizada neste con- texto, no qual se classifica como sistema sócio-técnico. Conhecerá sobre a posição de Gestor da Informação, função ocupada por profissional que é o responsável por integrar e organizar as formas de informação, como usar a inteligência de negócios e garantir a segurança e governança. E verá, também, sobre a integração entre gestão da informação e a gestão do conhecimento. Você estudará sobre a importância, utilização e a infraestrutura da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), na qual os sistemas de informação que estudou anteriormente (SPT, SIG, SAD e SAE) interagem. E será apresentado ao framework Control OBjectives for Information and rela- ted Technology, conhecido pela sigla COBIT, que é um modelo para auxiliar na governança e gestão das tecnologias voltadas para a informação. O COBIT está estruturado em princípios e habilitadores voltados para a gestão e governança dos recursos tecnológicos que apoiam o gerencia- mento da informação e também sobre o modelo de maturidade de uso da TIC, destinado a entender em que nível se encontra o uso da tecnolo- gia para informação. 1. Conceito de gestão da informação A partir da análise de trabalhos de outros autores, e pautados na exe- quibilidade das ações e decisões tomadas em todos os níveis gerenciais Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 40 - tais como contratações, aquisições e decisões de investimentos -, Araújo, Inomata e Rados (2014) apresentam a seguinte definição para Gestão da Informação (GI): Processo que engloba as ações e estratégias para a obtenção e utilização de recursos humanos, tecnológicos, financeiros, físicos e suas correlações que são utilizados para o processo de gerir as informações internas e externas em formatos diversos e para posteriormente ser oferecida como um insu- mo de grande utilidade e com valor agregado para pessoas, grupos e orga- nizações objetivando atender suas necessidades informacionais. (ARAÚJO; INOMATA; RADOS, 2014, p. 123) Com esta definição você perceberá que para obter a melhor gestão da informação, muito do que foi estudado até aqui precisa ser aplicado. Ou seja, precisamos da melhor interação possível entre as partes que com- põem um sistema de informação computacional (Software, Hardware, Pessoas e Processos). É necessário que o fluxo da informação seja realizado de forma a atender as características da informação, como por exemplo a atualidade, quali- dade e governança. Com isto, os tipos sistemas de informação (SPT, SIG, SAD e SAE) tornam-se ferramentas importantes no processo de gestão da informação. A GI envolve, portanto, ações, decisões e recursos para ge- renciar este importante ativo das empresas, que é a informação. 1.1 GI e Gestão do Conhecimento Um importante aspecto a ser levantado quando se pensa em gestão da in- formação é também considerar a importância da Gestão do Conhecimento (GC). Afinal, como estudado até aqui, vimos que o fluxo da informação se converte em conhecimento: no fluxo, dados (fatos brutos), informação (dados úteis e organizados) e conhecimento (como o uso e interpretação da informação). Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 41 A gestão do conhecimento é um tema mais abrangente, que também envolve informações e considera aspectos da pessoa e dos cenários em que a empresa se insere. PARA SABER MAIS Para aprender mais sobre a Gestão do Conhecimento, recomenda-se o estudo do livro Gestão do Conhecimento. Escrito pelos professores japoneses Hirotaka Takeuchi e Ikujiro Nonaka. 1.2 Gestores da Informação Muitas das grandes empresas, por entenderem seu valor e importância estratégicos, possuem uma posição gerencial destinada ao gestor da in- formação. Este é o profissional responsável por integrar e organizar as formas de informação, usar a inteligência de negócios e garantir a segu- rança e governança. E, naturalmente, atua em conjunto com os profissio- nais da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC). Cabe ressaltar que todos os profissionais que ocupem funções de ge- rência, em especial nos níveis tático e estratégico, também são gesto- res de informação. Portanto, também precisam desenvolver habilidades como capacidade de análise e exercerem gestão decisiva para o suces- so da empresa. Como atribuições de um gestor da informação destaca-se que este deve gerenciar o fluxo da informação, realizar análises de mercado, tornar as informações acessíveis aos executivos, em especial no nível SAE (estraté- gico), além de buscar fomentar o desenvolvimento e melhor uso de tec- nologias da informação. 1.3 Uso da informação Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 42 • Formular a estratégia empresarial • Monitorar as vendas de ingressos • Montar uma spin-o{{ de Internet • Expandir canais de vendas ■ Formar comu nidades on-li ne de torcedores ■ Imp lantar si te s da MLB ■ Imp lantar emissão de ingressos por celu lar • Utilizar o software da SAS para analisar a cliente la • Utilizar ferrame ntas de rastreamento no site Pessoas Organização Tecnologia Probl emas organizacionais • Queda na receita dos canais de vendas tradic ionais • Queda na base de clientes ■ Aumento nos custos Sis temas de informação • Vender ingressos eletronicamente Sol ução organizacional • Identificar boas oportunidades de vendas • Fornecer informações on-li ne para os torcedores • Oferecer jogos on-line ■ Aumentar as ve ndas Como já exposto nas unidades anteriores, a informação deve ser utilizada de modo a agregar valor e determinar ações e decisões da empresa. A Figura 1 exibe a integração entre as partes e elementos de uma organiza- ção, como sistema de informação e a busca por soluções organizacionais. Figura 1 – Uso da informação, com apoio das TICs Fonte: Adaptado de Laudon e Laudon (2011, p. 3). A figura 1 destaca a integração entre as partes de um sistema de informa- ção, incluindo sua categoria como sistema sócio-técnico. O uso da tecno- logia e o fluxo da informação, bem como as possibilidades de ações que endereçam resultados. 2. Ferramentas de Gestão da Informação 2.1 Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) Entre as ferramentas de gestão da informação você também deve relem- brar dos tipos de Sistema de Informação (SI) que você estudou na Unidade Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 43 Hardwar Servi1ços Redes Softw r Gerenciamento de dados 2: SPT, SIG, SAD e SAE. Estes sistemas também devem atuar de forma a gerenciar a informação. Relembrando o que foi estudado na Unidade 1, os tipos de SI atuam no fluxo entre Dados, Informação e Conhecimento, sempre com o auxílio da Inteligência de Negócios ou Business Intelligence. Os SI integram também as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). A Figura 2 destaca os elementos que integram a TIC. Figura 2 – Infraestrutura de TIC Fonte: Adaptado de Laudon e Laudon (2011, p. 105). No departamento, ou equipe, de tecnologia de informação e comunica- ção, temos os elementos de um sistema integrados a uma rede que per- mite a atuação dos sistemas de informação, formando assim a infraestru- tura necessária para gerenciar dados e informações em redes. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 44 2.2 COBIT na Governança de TIC COBIT é o acrônimo de Control OBjectives for Information and related Technology. Akabane (2012, p. 82) destaca que na gestão da informação e de processos de operação em Tecnologia de Informação, os recursos po- dem ser avaliados com base nos principais critérios do COBIT. Akabane (2012, p. 82) considera, ainda, que o COBIT “é um guia para a gestão da TI recomendado pela ISACF (information systems audit and con- trol foundation) e também um modelo de maturidade que fornece infor- mações detalhadas para gerenciar processos baseado em objetivos do negócio”. Enquanto Fantinato (2017), por sua vez, destaca o COBIT como um framework completo para gestão da governança em TIC. LINK ISACA é o acrônimo de Information Systems Audit and Control Association (Associação de Auditoria e Controle de Sistemas de Informação), sendo a entidade responsável pelo COBIT. Várias de suas páginas na internet estão em português, disponível em: <http://www. isaca.org/portuguese/Pages/default.aspx>. Acesso em: 15 jun. 2018. 2.2.1 Os cinco princípios do COBIT Conforme a ISACA (2012) e Pereira e Ferreira (2015), o COBIT é suportado em cinco princípios fundamentais: I. Atender às necessidades dos stakeholders; II. Abranger toda a organização; III. Aplicar um modelo único e integrado de governança (das TICs); IV. Permitir uma abordagem holística; V. Distinguir a governança da gestão. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 45 Governança Dirigir Gestão Planejar (APO) -- 1 Necessidades do Negocio + Avaliar f'eedback da Gestão Monitorar Construir (BAI) Entregar (DSS) Monitorar (MEA) Dos princípios do COBIT, pode-se notar que eles são bastante autoexpli- cativos. Pode-se incluir alguns rápidos comentários para reforçar o senti- do de cada princípio, como segue: quanto a “atender às necessidades dos stakeholders”, fica nítido que o COBIT, na Governança de TIC, deve priori- zar a criação de informações úteis para a empresa; quanto a “abranger toda a organização”, deve permitir a maior e melhor integração entre as divisões e departamentos; quanto a “aplicar um modelo único e integrado de governança”, deve estabelecer uma estrutura única e integrada; quan- to a “permitir uma abordagem holística”, refere-se a garantir uma visão e capacidade de ação completa, que atue no todo; e, quanto a “distinguir a governança da gestão”, temos a busca por uma distinção entre as ativida- des operacionais, táticas e estratégicas pela TIC. A Figura 3 apresenta mais detalhes sobre este importante princípio. Figura 3 – Distinção entre governança e gestão Fonte: adaptado de ISACA (2012). Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 46 2. Processos 3. Estruturas organ izacionais 4. Cu ltura, ética e comportamento PARA SABER MAIS Segundo Gaea (2018), na gestão, o gerenciamento é definido por quatro domínios, as siglas da Figura 3 denotam estes domínios: Planejar (Align, Plan and Organize – APO); Construir (Build, Acquire and Implement – BAI); Entregar (Deliver, Service and Support – DSS); e Monitorar (Monitor, Evaluate and Assess – MEA). Ainda segundo Gaea (2018), “o domínio APO (Alinhar, Planejar e Organizar) diz respeito à identificação de como a TIC pode contribuir melhor com os objetivos de negócio. Processos específicos do domí- nio APO estão relacionados com a estratégia e táticas de TI, arquitetu- ra empresarial, inovação e gerenciamento de portfólio”. A proposta de distinção entre governança e gestão que é apresentada está centrada na ideia de que a gestão se refere ao gerenciamento de atividades mais corriqueiras e diárias, sendo a base da Figura 3. Já gover- nança é o estágio que se preocupa com ações no âmbito tático e estraté- gico, no qual realizam as funções ligadas a orientar, monitorar e avaliar as necessidades de um empreendimento. 2.2.2 Os sete habilitadores do COBIT Além dos princípios, o COBIT conta com sete habilitadores, que estão lis- tados na Figura 4. Note que a figura estabelece dois subgrupos: Figura 4 – Habilitadores do COBIT Fonte: adaptado de ISACA (2012). Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 47 l'rO<ftJC dt, gtt-n10 l'.lo tmpla tado ri O~N~ 1 1.------;Au;:; .. ;::tomoç:;;;;;"° dM ptõ<HS<>l ~hotti pr l!C~• r LI __ OOH'li_ M __ :_o4_LI ___ I co 1Md.MI empr • r1~, po,uu,111:1 1 ÍVUJ r L. __ 0E_n_N1_ÇÂ. ·_o __ ivtt2 ((=> 1NTUmvo LI'-- r IL ___ ~_iv_:.,,.._L_, __ _ Nivn ,o r .__ __ 1N_nc __ 1$TI_-_-N __ _ Os habilitadores são os definidores de como a governança da TIC será feita. Os habilitadores 1, 2, 3 e 4 atuam em aspectos gerais e culturais da empresa. Já o subgrupo formado pelos habilitadores 5, 6 e 7 representam a parte tecnológica, note que neles integram as partes dos sistemas e a infraestrutura de TIC. ASSIMILE Os habilitadores devem ser entendidos como fatores que influenciam a gestão e governança, tanto a partir de ações individuais (em cada área relacionada há um habilitador) como também de forma coletiva (quando vários setores se alinham ou sofrem influência ou influen- ciam alguns dos habilitadores). 2.2.3 Modelo de maturidade da TIC A implantação do COBIT permite que seja verificada a maturidade do uso da tecnologia. Deve-se definir qual o nível atual e qual o desejado pela empresa. A Figura 5 elenca os níveis de maturidade. Figura 5 – Modelo de maturidade da TIC Fonte: Akabane (2012, p. 85). Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 48 Segundo Akabane (2012, p. 85 e 86), os níveis podem ser assim entendidos: • Nível 0 – inexistente – nesse nível, o processo de gerenciamento ain- da não foi implantado; • Nível 1 – inicial/ad hoc – o processo de gerenciamento está sendo realizado, porém não existe nenhuma organizaçã̃o ou planejamento; • Nível 2 – repetitivo, mas intuitivo – nesse nível, o processo de geren- ciamento é repetido de modo intuitivo, por essa razão depende mais das pessoas do que de um método propriamente estabelecido; • Nível 3 – processos definidos – nessa etapa, o processo de geren- ciamento é realizado, documentado e disseminado na organização; • Nível 4 – processos gerenciáveis e medidos – nesse nível de matu- ridade, há métricas de avaliação do desempenho das atividades realizadas e o processo de gerenciamento é monitorado e constan- temente avaliado; • Nível 5 – processos otimizados – nesse nível do modelo de maturida- de, as melhores práticas de mercado e de automação de processos são utilizadas pela organização, visando à melhoria contínua dos processos. EXEMPLIFICANDO O COBIT, sendo um framework para governança, atua em vários pro- cessos para auxiliar a gestão da informação. Podemos citar, dentre outros processos: a gerência de armazenamento de dados; gerência de atendimento ao cliente; gerência de conteúdo; gerência de desem- penho e falhas; gerência de problemas e gerência de segurança, entre vários outros processos na Gestão de Informação. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 49 QUESTÃO PARA REFLEXÃO As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) devem ser vistas como parceiras estratégicas de uma empresa, em especial pela sua importância na gestão de todo fluxo da informação, principalmente nas grandes empresas. No entanto, é muito provável que várias pe- quenas e mesmo as médias empresas apresentem dificuldade em possuir e gerenciar um setor ou departamento de TIC. Tendo em vis- ta o avanço das tecnologias e a importância da informação, como as pequenas, médias, e mesmo as microempresas, podem empregar um bom uso e gestão da informação? 3. Considerações finais • A Gestão da Informação (GI) envolve ações que integrem os recur- sos da empresa, de forma a permitir gerar e gerir a informação. • Diante da importância da informação, muitas empresas possuem um gestor específico: o gestor de informação. • Entre as ferramentas para gestão de informação, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) são primordiais, e integram em si todas as partes de um sistema de informação sócio-técnico. • O COBIT é um framework bastante completo para auxiliar a gover- nança da TIC e da GI. Glossário • Exequibilidade: algo que é possível ser executado. • Framework: palavra em inglês que pode ser traduzida como Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 50 estrutura ou arcabouço. Pode ser visto como um conjunto de mo- delos ou de conceitos. • Stakeholders: o termo também é traduzido como “partes interes- sadas”. Representam grupos de pessoas que têm interesse e/ou influência em uma empresa, tais como acionistas e investidores, diretores, etc. VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 03 1. A Gestão da Informação pode ser considerada importante porque: I. Envolve ações e decisões no nível estratégico. II. Possui valor agregado e pode ser considerado um ativo da empresa. III. É preciso garantir a qualidade no fluxo entre dados, informação e conhecimento. Agora, selecione a alternativa que contém as afirma- ções corretas: a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I, II e III estão corretas. e) I e III apenas. 2. Qual das alternativas lista a infraestrutura das TICs? a) Pessoas, Serviços, Procedimentos. b) Hardware; Software, Pessoas e Procedimentos. c) Serviços, Gerenciamento de dados e Redes e Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 51 Procedimentos. d) Hardware; Software, Serviços, Gerenciamento de dados e Redes. e) Hardware; Software, Pessoas, Gerenciamento de dados e Procedimentos. 3. O Control Objectives for Information and related Technology (COBIT), pode ser entendido como? a) Princípios, políticas e estruturas da TIC. b) Um framework de princípios de gestão de dados. c) Um framework completo para gestão da Governança em TIC. d) Um sistema sócio-técnico voltado para gestão dos habilitadores tecnológicos. e) Um conjunto de regras fixas que determinam a diver- gência entre governança e gestão de TIC. Referências Bibliográficas AKABANE, Getulio K. Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação: conceitos, metodologias, planejamento e avaliações. São Paulo: Atlas, 2012. ARAÚJO, Wánderson Cássio Oliveira; INOMATA, Danielly; RADOS, Gregório Jean Varvakis. Desenvolvimento sustentável empresarial: o uso da gestão da infor- mação. RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, SP, v. 12, n. 3, p. 119-135, set. 2014. ISSN 1678-765X. Disponível em: <ht- tps://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/1597>. Acesso em: 15 jun. 2018. doi:https://doi.org/10.20396/rdbci.v12i3.1597. FANTINATO, Marcelo. Gestão da Informação - Governança de TI. Realização de Universidade Virtual do Estado de São Paulo. São Paulo, 2017. Son., color. Sistemas Digitais de Relatórios Gerenciais por Indicadores & BSC 52 GAEA (Org.). Compreendendo os Principais Conceitos do COBIT 5: Parte V. 2018. Disponível em: <https://gaea.com.br/conceitos-do-cobit-5-parte-v/>. Acesso em: 22 jun. 2018. ISACA. COBIT 5: A Business Framework for the Governance and Management of Enterprise IT. Rolling Meadows, 2012, 94 p. LAUDON, Kenneth; LAUDON, Jane. Sistemas de Informação Gerenciais. 9. ed. São Paulo, Pearson. 2011. PEREIRA, Cristiano; FERREIRA, Carlos. Identificação de Práticas e Recursos de Gestão do Valor das TI no COBIT 5. RISTI, Porto, n. 15, p. 17-33, jun. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S1646-98952015000200003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22 jun. 2018. http:// dx.doi.org/10.17013/risti.15.17-33. SORDI, José Osvaldo D. Administração da Informação - Fundamentos e práticas para uma nova gestão do conhecimento. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. TAKEUCHI, Hirotaka; NONAKA, Ikujiro. Gestão do Conhecimento. SaBookman, Tokio, 2008. Gabarito – Tema 03 Questão 1 – Resposta: D Resolução: todas as três afirmativas estão corretas. Todas demons- tram aspectos que tornam a Gestão da Informação uma atividade
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