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Imputabilidade e Inimputabilidade no Direito Penal

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – DEDC/CAMPUS VIII
COLEGIADO DE DIREITO
FICHAMENTO DE CRIMINOLOGIA.
Autor: João Paulo Machado dos Santos.
PAULO AFONSO – BA
2020
IMPUTABILIDADE E INIMPUTABILIDADE:
Pessoa Imputável: Foi atribuída a esta pessoa alguma culpa/delito/responsabilidade. A imputabilidade diz respeito exclusivamente ao sujeito, sendo dele um atributo, não auto aplicado, mas atribuído por outra pessoa. 
Culpa e dolo: A situação voluntária (volitiva) e involuntária (ou impulsiva, casual) e a sua diferença, levou a criação da distinção jurídica entre dolo e culpa. Para estudar a culpa, procura-se detectar uma causa para uma pretendida culpa. A noção de culpabilidade e imputabilidade só é possível ao utilizar subsídios da ciência médica especializada na função psíquica. 
Culpabilidade: pode ser considerada quando não houver previsão do resultado previsível de uma ação prejudicial no momento em que se manifestou a vontade. A culpabilidade (com ou sem dolo) se refere às relações desse sujeito com a ação ou acontecimento em tais e quais circunstâncias. É através da intencionalidade do ato que se determina esse tipo de relação sujeito-ação.
Dolo: o que caracteriza o dolo são três elementos: consciência do ato (psíquico), a vontade (psíquico) e o conhecimento da ilicitude (normativo). Todos esses elementos são necessários para que o delito seja doloso, a falta de um deles mantém a culpa, porém sem o dolo. A culpa ainda pode existir sem a consciência, mas o dolo não. A inimputabilidade estaria presente quando não possível atribuir culpa (e dolo) ao agente. Enquanto o dolo possui uma conotação subjetiva (intencionalidade consciente), a culpa possui apenas uma conotação objetiva (destituída de intencionalidade consciente). É o caso do atropelamento não intencional. Além da preocupação inicial de saber se a pessoa sabia que estava cometendo um crime (conhecimento de licitude) existe a preocupação em saber qual o nível de intencionalidade (se a vontade de matar era pouca, muita ou nenhuma). 
Noção de imputabilidade e inimputabilidade: é exclusivamente jurídica e não médica. A decretação da imputabilidade é dever da justiça, a psiquiatria irá atestar a qualidade da consciência crítica do indivíduo, o seu discernimento, característica de um indivíduo que possua normalidade psíquica. 
Imputável: possui culpa ou dolo.
Inimputável: não possui culpa ou dolo. 
Semi-imputável: Também conhecida como de responsabilidade diminuída, são os chamados casos fronteiriços, envolvendo pessoas que não tem em sua plenitude, capacidades intelectivas e volitivas. A culpabilidade não é excluída nessa classificação, mas a pena é amenizada. 
Para a psicopatologia, a imputabilidade estaria condicionada a duas funções psíquicas plenas, o juízo da realidade e o controle de vontade (volição). O juízo de realidade é a capacidade de estabelecer valores ou atributos que damos aos objetos através do pensamento. O controle da vontade corresponde a consciência do arbítrio (definida pela escolha e decisão da atitude humana). 
A psicopatologia apenas contesta ou não o prejuízo de consciência ética por ocasião do caso ilícito, ao que se refere ao conhecimento de licitude. 
No Brasil, o Código Penal de 1830, em seu art. 2º dizia o seguinte: São irresponsáveis os loucos que não tiverem intervalos lúcidos. No art. 27, § 3º, do CP de 1890, o seguinte é expresso sobre os inimputáveis: Não dirimem nem excluem a intenção criminosa: Os que por imbecilidade nativa, ou por enfraquecimento senil, forem absolutamente incapazes de imputação. Os que se acharem em estado de completa privação de sentidos e de Inteligência no ato de cometer o crime. 
O atual Código Penal considera três hipótese para inimputabilidade, presentes nos arts. 26 (diz respeito as pessoas com doenças mentais, com desenvolvimento mental incompleto ou os retardados), 27 (diz respeito aos menores de 18 anos, nos termos desse artigo) e 28 (diz respeito aos embriagados fortuitos, aqueles que não são responsáveis diretos de sua embriaguez).
Punibilidade e Impunibilidade: Instituto exclusivo do Estado. Difere da imputabilidade e da inimputabilidade. Acerca de uma pena determinada pelo Estado, a inimputabilidade não nulifica uma condenação, apenas a ameniza (exemplo do parágrafo único do art. 26 do CP - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento). Exemplo do caso do menor, em que a pena prevista no Código Penal não é aplicada, ao invés disso, será aplicada uma medida socioeducativa através do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Além de ser necessário para determinar a imputabilidade de um indivíduo o seu juízo crítico (ou falta de) dos seus atos, também é necessário saber se ele possui uma qualidade ética, estética e moral para com o sistema cultural com a qual ele interage. 
Vontade ou as ações voluntárias requerem possibilidade de escolha, de reflexo e de decisão. Quando esses elementos não se encontram o ato é impulsivo, mera descarga motora, ou será ainda instintivo, sem considerações conscientes, embora tenham finalidade. O processo volitivo é identificado e delimitado em quatro etapas:
1. Intenção ou propósito – inclinações ou tendências de ação;
2. Deliberação – ponderação consciente dos elementos abordados acima;
3. Decisão – momento culminante doo processo volitivo, demarca o começo da ação;
4. Execução – quando surgem as atitudes necessárias à consumação dos propósitos.
Os estados que comprometem a consciência e intelectualidade também podem comprometer à vontade. 
Embriaguez Patológica: caracterizado pela dependência do usuário, pode ser caracterizada por impulsos agressivos-destrutivos, mais ou menos automáticos. Este estado, por exemplo, compromete a consciência e a intelectualidade, e, portanto, compromete à vontade. Parece insolúvel à psiquiatria saber o grau exato de submissão da pessoa aos seus impulsos e comportamentos compulsivos. 
Interessa a Psicologia Forense apenas o não-entendimento da ilicitude do ato motivado por razões médicas, excluindo casos com outros tipos de conotação. A Psicologia Forense irá avaliar se o fenômeno é consequente a um, prejuízo funcional cerebral. Cabe a Justiça avaliar outros fatores como a aculturação do índio, se envolve uma criança, um protesto social, ou outras situações que transcendem a esfera médica, para que outros parâmetros sejam utilizados nessas situações especificas. 
A perda severa da racionalidade consensual acontece no estado psicótico, exemplo da esquizofrenia, onde não ocorre qualquer prejuízo da racionalidade programática (racionalidade prática e desempenho social satisfatório), e sim prejuízo na capacidade intelectual (racionalidade abstrata e intelectual que se sustentam em premissas completamente doentias). 
O art. 26 do Código Penal caracteriza a inimputabilidade levando dm conta fatores biológicos e psicológicos. Os fatores biológicos seriam a doença mental, o desenvolvimento mental incompleto e o retardado. Os fatores psicológicos seriam a incapacidade entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com este entendimento. 
Exemplos de indivíduos com desenvolvimento mental incompleto: menores (levando em conta o fator biológico da imaturidade), silvícolas (desse que não sejam civilizados ou aculturados).
Exemplos de indivíduos com desenvolvimento mental retardado: oligofrênicos (retardo mental por distúrbio na evolução cerebral durante a gestação ou nos primeiros anos de vida), surdos-mudos (que não são capazes de entender o caráter ilícito do fato em virtude da excepcionalidade). 
Os principais modificadores da imputabilidade: são a embriaguez (por álcool ou qualquer outra droga de efeito análogo), a forte emoção (que junto com a embriaguez não excluem a imputabilidade penal) e a agonia. A psiquiatria forensepode ser consultada para opinar sobre situações que podem atenuar ou agravar a pena, os chamados modificadores da punibilidade. 
Está previsto o seguinte no art. 28 do CP: 
Não excluem a imputabilidade penal: 
I - a emoção ou a paixão; 
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. 
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Essas duas situações podem ser subsidiadas através da perícia médica. Outros atenuantes previstos no art. 65 do CP fogem o subsidio da esfera médica:
São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; 
II - o desconhecimento da lei; 
III - ter o agente: 
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
Violenta emoção: do ponto de vista jurídico, é caracterizada por um estado emocional de ânimo e de sentimento muito excitado, pode ser uma situação atenuante de alguns delitos. A violenta emoção pode atenuar a imputabilidade e o Código Penal especifica essas situações, a existência de violência emoção decorrente deste mesmo ato, ato injusto da vítima (motivo da causa de um prejuízo temporário da consciência) e que o ato ilícito seja praticado logo em seguida a provocação. 
Forte emoção: durante a forte emoção, existe a suposição de que não esteja em falta a noção do ato cometido, e sim o domínio sobre as próprias decisões, estando prejudicada a possibilidade de agir eticamente. É necessário um olhar objetivo para determinar se o atenuante da violenta emoção possa ser aplicado em um caso concreto, quando não há a possibilidade de recorrer a legitima defesa nessa situação. 
Embriaguez no âmbito do Direito Civil: é a intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool ou outra substancia de efeito análogo, que priva o sujeito de sua capacidade normal de entendimento. 
No âmbito do Direito Penal: a embriaguez pode ser voluntária (subdividida em embriaguez simples e embriaguez preordenada ou qualificada, que é um agravante de pena como previsto no art. 61 do CP), acidental (é o caso da embriaguez fortuita, de acordo com o art. 28, II, §§ 1º e 2º, e a embriaguez forçosa ou por força maior). No âmbito Cível, a embriaguez pode anular o casamento, e no Direito do Trabalho, a embriaguez é passível de punição.
Do ponto de vista jurídico: a embriaguez pode ser dividida em preordenada (é um fator agravante nos termos do art. 61 do CP, e ocorre de maneira deliberada e premeditada), culposa (quando o indivíduo não tem intenção de se embriagar, mas acaba o fazendo, sendo irrelevante ao Direito Penal, pois o indivíduo responde como se estivesse sóbrio), patológica (quando o consumo do álcool ou de substancias de efeitos análogos pode gerar uma doença mental suficiente para a inimputabilidade nos termos do art. 26 do CP) e fortuita total ou parcial (quando a pessoa é embriagada involuntariamente). 
Agonia: corresponde aos últimos momentos de vida, o período de transição entre a vida e a morte. Algumas atitudes que não seriam normalmente tomadas pela pessoa podem ser efetuadas durante esse período, e a perícia nesses casos se procede levando em conta as circunstâncias e antecedentes emocionais do indivíduo. Devido ao fato de o ser o humano ser extremamente emotivo e influenciável, não é raro diante da angustia da agonia, uma pessoa tomar decisões pretensamente salvadoras, redimíveis, extremadas e desesperadas. Esse tipo de atitude pode ser demonstrado através de uma doação, do testamento, pagamentos, etc.